Sobre a falta de liderança ética

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ID: 59523362
01-06-2015 | Emprego & Universidades
Tiragem: 14617
Pág: 3
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Semanal
Área: 8,61 x 28,40 cm²
Âmbito: Economia, Negócios e.
Corte: 1 de 1
OPINIÃO
Sobre a falta
de liderança ética
PEDRO NEVES
Membro do leadership Knowledge Center da Nova SBE
O
papel do líder é sempre um elemento central nas discussões sobre boas práticas de gestão, e com
razão, pois o líder proporciona visão, dá sentido ao trabalho, motiva e inspira
com o seu exemplo e ajuda a desenvolver o potencial dos seus colaboradores. No entanto, e
apesar de ser clara a importância da liderança,
e em particular a liderança ética, para a sustentabilidade das organizações a longo prazo, os
escândalos em torno de comportamentos pouco éticos não se têm vindo a reduzir. De realçar
ainda que apesar dos esforços para contratar,
treinar e promover líderes que demonstrem e
promovam comportamentos éticos, continuam a persistir casos de líderes que escapam
ao escrutínio apertado das organizações. Tal
fenómeno levanta uma questão importante: o
quepodemasorganizaçõesfazerparatentarlimitar o impacto das potenciais falhas éticas
dos seus líderes? No final dos anos 70, Steven
Kerr e John Jermier desenvolveram o modelo
dos ‘substitutos de liderança’, que postula que
existem diversas variáveis que podem ajudar a
anular este efeito negativo dos líderes no funcionamento das organizações. Estas variáveis
operam a três níveis: indivíduo (características
dos colaboradores tais como competência e
auto-estima), tarefa (características do trabalho tais como autonomia e significado/relevância) e organização (características da empresa tais como valores e reputação). Alguns
estudos recentes realizados em empresas a
operar em Portugal têm mostrado como estes
princípios podem ser aplicados no actual contexto (...). Num desses estudos apenas os colaboradores com reduzidos níveis de proactividade reagiam de forma negativa à falta de liderança ética das suas chefias. Ao promover a
proactividade,asorganizaçõesestãoasinalizar
que valorizam indivíduos com espírito de iniciativa e perseverança, que identificam oportunidades e agem sobre os problemas, mesmo
quando na presença de um líder que não age de
acordo com os valores da organização. Isto significa que, para além de desenvolver esforços
para contratar e desenvolver bons líderes, as
organizações podem simultaneamente criar
um sistema de checks and balances em que todos os intervenientes, da base ao topo da pirâmide, contribuem para o seu equilíbrio e funcionamentoético(...).Asboasorganizaçõessão
aquelas que estimulam o potencial dos seus líderes, reconhecendo no entanto que estes não
sãoinfalíveiseporvezesfalham. ■
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