UNIVERSIDADE POTIGUAR – UNP PRÓ-REITORIA DE PESQUISA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO - PPGA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO - MPA MÁRCIA VIEIRA DE ALENCAR CALDAS PRÁTICAS DE MAQUIAGEM VERDE EM ESTRATÉGIA DE MARKETING AMBIENTAL NO MERCADO MOVELEIRO NATAL 2015 MÁRCIA VIEIRA DE ALENCAR CALDAS PRÁTICAS DE MAQUIAGEM VERDE EM ESTRATÉGIA DE MARKETING AMBIENTAL NO MERCADO MOVELEIRO Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Mestrado Profissional em Administração da Universidade Potiguar – UnP como requisito para obtenção do título de Mestre em Administração. Área de concentração: Gestão Estratégica de Negócio. Linha de pesquisa: estratégia e competitividade. Orientador: Prof. Alípio Ramos Veiga Neto, Dr. NATAL 2015 Caldas, Márcia Vieira de Alencar . Práticas de Maquiagem Verde em Estratégia de Marketing Ambiental no Mercado Moveleiro/ Márcia Vieira de Alencar Caldas. – Natal, 2015. 98)f. Orientador: Prof. Alípio Ramos Veiga Neto, Dr. Dissertação (Mestrado em Administração). – Universidade Potiguar. Pró-Reitoria Acadêmica – Núcleo de Pós-Graduação. Bibliografia: 86 - 90f. 1. Administração – Dissertação. 2. Marketing ambiental. 3.Maquiagem verde. 4. Mercado moveleiro. I. Título. MÁRCIA VIEIRA DE ALENCAR CALDAS PRÁTICAS DE MAQUIAGEM VERDE EM ESTRATÉGIA DE MARKETING AMBIENTALNO MERCADO MOVELEIRO Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Mestrado Profissional em Administração da Universidade Potiguar – UnP como requisito para obtenção do título de Mestre em Administração. Área de concentração: Gestão Estratégica de Negócios. Linha de pesquisa: estratégia e competitividade. Orientador: Prof. Alípio Ramos Veiga Neto, Dr. Aprovada em: ____/____/____ BANCA EXAMINADORA _____________________________________ Prof. Alípio Ramos Veiga Neto, Dr. Orientador – UnP _____________________________________ Prof.ª Laís Barreto, Dra. Examinadora Interna – UnP _____________________________________ Prof.ª Fernanda Fernandes Gurgel, Dra. Examinadora Externa – UFRN Dedico este trabalho a minha mãe, ao meu marido Eduardo e aos meus filhos Felipe e Mateus. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus as inúmeras oportunidades de crescimento, principalmente neste momento de conquista. A minha linda família, meu marido Eduardo e meus filhos Felipe e Mateus, hoje eu agradeço a paciência que tiveram comigo, sem eles nada disso faria sentido. Aos meus pais Fátima e Antônio pelo exemplo, esforço e dedicação. Especialmente, a minha mãe pelo incentivo em relação a esta conquista, devo isso a ela. Aos meus irmãos Vescia e Vinicius pelo constante apoio e inspiração pela determinação e disciplina nos estudos. Aos familiares e amigos que me encorajaram nesta tarefa e souberam entender meu afastamento em diversos encontros. Em especial, a minha amada avó Vescia, sempre presente no meu pensamento, mesmo eu estando tão ausente da sua convivência nesse período. Agradeço aos incentivadores desta empreitada, em especial ao professor Francisco e à professora Valéria, sem o entusiasmo deles e as palavras de força e apoio eu não chegaria até aqui. Aos colegas de trabalho da Escola de Comunicação e Artes (todos lindos e gente boa) pelo nosso convívio diário que me faz tão bem e a nossa equipe maravilhosa, incluo aqui também a turma da Escola de Educação. Aos professores do mestrado pelo exemplo de profissionalismo e empenho, cada um deixou parte do seu melhor, após passar pelo mestrado seremos novos professores e certamente essa foi a maior contribuição do corpo docente excelente e comprometido com o que faz. Em especial, aos professores Dr. Wallid e Dra. Laís pela importante contribuição e dedicação. Ao meu orientador, Prof. Dr. Alípio, que acolheu minhas inquietações e angústias, pela firmeza e paciência com sua orientanda. Sua postura me fez mais autônoma e ciente da minha responsabilidade enquanto mestranda, obrigada por isso. A Glícia pela presteza, sempre disposta a ajudar, sua participação faz a diferença no mestrado, parabéns pelo engajamento. Aos colegas de mestrado, pelos momentos de troca e construção, criamos laços de afeto neste convívio. Em especial, “às meninas” Aline, Murielle, Regina e Thereza, a afinidade nos aproximou e sempre me recordarei saudosamente dos intervalos, bons momentos em que todos os assuntos aconteciam... era muita energia boa junta! A UnP, instituição que faz parte da minha vida acadêmica e profissional, pelo apoio e oportunidade. Aos colaboradores voluntários do estudo, que contribuíram para a realização das etapas quali e quanti, meus sinceros agradecimentos. RESUMO O marketing ambiental impulsiona atitudes na causa verde como estratégia competitiva. A adoção de ações ambientais superficiais e mensagens que não condizem com a realidade das empresas é conhecida como maquiagem verde. Com isso, objetivou-se nesta pesquisa descrever variáveis de marketing ambiental que denotam a prática de maquiagem verde como estratégia empresarial, na percepção de consumidores do mercado moveleiro. A pesquisa exploratória se desenvolveu em duas fases: uma qualitativa e outra quantitativa. Para o estudo qualitativo, foram realizadas entrevistas em profundidade com profissionais da área de gestão, proprietários e empresários que possuem ligação com o tema na sua atuação profissional no município de Natal-RN. Na análise do estudo qualitativo, os profissionais apontam que muitos consumidores ainda não estão atentos à questão ambiental; a falta de educação nessa área e a indiferença ao apelo verde utilizado pelas empresas são itens abordados. O estudo quantitativo foi desenvolvido com a aplicação de questionário online que continha 30 afirmativas extraídas a partir das variáveis do estudo, extraídas da literatura e a partir do estudo qualitativo, que sinalizou outras perspectivas. Os respondentes selecionaram a concordância ou não das questões através da escala Likert de 01 a 05. Este questionário foi aberto nas redes sociais e captou respondentes do Brasil e alguns residentes de fora do país, totalizando 231 participantes. Variáveis destacaram-se sinalizando consciência em relação à causa ambiental com o reconhecimento do marketing ambiental, demonstrando preferência por produtos ambientais e valorizando a informação verde. No entanto, o envolvimento ativo e a participação em ações ambientais ainda não são adotados pelos consumidores. Nas variáveis relacionadas com a maquiagem verde, destaca-se significativamente a “falsidade ecológica”, quando a palavra sustentabilidade é utilizada com o ocultamento de procedimentos internos que possam comprometer o meio ambiente. Por fim, observa-se que a prática de maquiagem verde pode ocorrer se o consumidor não participar ativamente da relação de consumo consciente, engajado e interessado na veracidade das informações no momento da compra. Estratégias de marketing ambiental na área moveleira podem ser desenvolvidas ou aperfeiçoadas a partir deste estudo, por entender que o produto pode ter uma valorização maior em virtude das práticas já adotadas no mercado de móveis, desse modo, o interesse do consumidor quanto às necessidades ambientais poderá ser despertado, possibilitando novas posturas e contribuindo positivamente para o meio ambiente. Palavras-chave: Marketing ambiental. Maquiagem verde. Mercado moveleiro. ABSTRACT The environmental marketing encourages attitudes towards the green cause as a competitive strategy. The adoption of superficial environmental actions and messages that are not consistent with the reality of companies is known as greenwashing. With that in mind, this research was aimed at describing environmental marketing variables that denote the practice of greenwashing as entrepreneurial strategy, under the perception of consumers of the furniture market. The exploratory research was developed in two phases: One qualitative and other quantitative. For the qualitative study, we performed in-depth interviews with management professionals, owners and entrepreneurs who have connection with this theme within their professional exercise in the city of Natal-RN. When analyzing the quantitative study, the professionals have highlighted that many consumers are not aware of the environmental issue; the lack of education in this field and the indifference to the green call used by companies are items addressed. The quantitative study was developed with the online application of a questionnaire containing 30 statements extracted from the study variables, extracted from literature and from the qualitative study, which has indicated other perspectives. Respondents selected the agreement or not of the questions through the Likert scale from 01 to 05. This questionnaire was open on social networks and caught respondents from Brazil and some non-Brazilian residents, totaling 231 participants. Variables have been highlighted by indicating awareness of the environmental cause with the recognition of the environmental marketing, demonstrating preference for environmental products and appreciating the green information. Nevertheless, the active involvement and participation in environmental actions are not yet adopted by consumers. Regarding the variables related to greenwashing, one should significantly highlight “ecological falsehood”, when the word sustainability is used with the concealment of internal procedures that may undermine the local environment. Finally, one should observe that the practice of greenwashing may occur if the consumer does not actively participate in the relationship of conscious consumption, engaged and interested in the veracity of the information at the time of purchase. Environmental marketing strategies in the furniture area may be developed or enhanced from this study, due to the understanding that the product may have a greater appreciation because of practices already adopted in the furniture market. Thus, the consumer’s interest with regard to environmental needs may be awakened, thereby enabling new stances and contributing to the environment in a positive way. Keywords: Environmental Marketing. Greenwashing. Furniture market. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Fluxograma 1 - Método ............................................................................................. 46 Quadro 1 - Dificuldades em reconhecer o Greenwashing ......................................... 35 Quadro 2 - Dimensões para medir o Greenwashing..................................................36 Quadro 3 - Variáveis da literatura – maquiagem verde ............................................. 51 Quadro 4 - Variável da literatura – marketing ambiental ........................................... 52 Quadro 5 - Variáveis de marketing ambiental extraídas da pesquisa qualitativa ...... 62 Quadro 6 - Variável do estudo, pesquisa qualitativa – maquiagem verde ................. 72 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Quantidade de participantes por sexo ...................................................... 48 Tabela 2 - Faixa etária dos respondentes da pesquisa quantitativa.......................... 49 Tabela 3 - Escolaridade dos respondentes da pesquisa quantitativa ........................ 49 Tabela 4 - Renda dos respondentes da pesquisa quantitativa .................................. 49 Tabela 5 - Região da moradia dos respondentes da pesquisa quantitativa .............. 50 Tabela 6 - Maior frequência das afirmativas concordo totalmente – marketing ambiental .................................................................................................. 63 Tabela 7 - Maior frequência das afirmativas discordo totalmente – marketing ambiental .................................................................................................. 65 Tabela 8 - Dados: médias e desvio padrão – variáveis marketing ambiental ............ 66 Tabela 9 - Maior frequência das afirmativas concordo totalmente – maquiagem verde .................................................................................................................................. 73 Tabela 10 - Maior frequência das afirmativas discordo totalmente – maquiagem verde ...................................................................................................... 75 Tabela 11 - Dados: média e desvio padrão – variáveis maquiagem verde ............... 76 LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES ABIMOVEL Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário ABIPA Associação Brasileira da Indústria de Painéis de Madeira ONU Organização das Nações Unidas ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas CERFLOR Certificação de Florestas FCS Conselho de Manejo Florestal (Forest StewardshipCouncil) SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas ISO International Organization for Standardization ou Organização Internacional para Padronização IMAFLORA Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola OSCIP Organização da Sociedade Civil de Interesse Público SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 13 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO .................................................................................... 15 1.2 QUESTÃO DE PESQUISA............................................................................... 20 1.3 OBJETIVOS ..................................................................................................... 21 1.3.1 Geral ................................................................................................................ 21 1.3.2 Específicos ..................................................................................................... 21 1.4 JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 21 1.5 APRESENTAÇÃO ............................................................................................ 24 2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................... 25 2.1 RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL .................................................... 25 2.2 MARKETING SOCIAL E O MARKETING AMBIENTAL ................................... 27 2.3 MAQUIAGEM VERDE ...................................................................................... 32 2.4 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR VERDE .......................................... 37 2.5 O MERCADO DE MÓVEIS .............................................................................. 41 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS......................................................... 46 3.1 TIPO DE PESQUISA ........................................................................................ 47 3.2 UNIVERSO E AMOSTRA................................................................................. 47 3.3 PLANO DE COLETA DE DADOS .................................................................... 50 3.4 VARIÁVEIS DA LITERATURA ......................................................................... 51 3.5. TRATAMENTOS DOS DADOS ........................................................................ 53 3.5.1 Instrumento e coleta de dados da pesquisa qualitativa ............................. 53 3.5.2 Análise das entrevistas.................................................................................. 54 3.5.3 Instrumento e coleta de dados da pesquisa quantitativa ........................... 55 3.5.4 Análise da pesquisa quantitativa .................................................................. 56 4 RESULTADOS ................................................................................................. 57 4.1 VARIÁVEIS DE MARKETING AMBIENTAL ..................................................... 57 4.2 VARIÁVEIS DE MARKETING AMBIENTAL PERCEBIDAS COMO MAQUIAGEM VERDE ...................................................................................... 70 4.3 PRÁTICAS DE MAQUIAGEM VERDE ............................................................. 79 5 CONCLUSÃO .................................................................................................. 83 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 86 APÊNDICE A - Roteiro da entrevista em profundidade .................................... 91 APÊNDICE B -Termo de apresentação do instrumento de coleta ................... 92 APÊNDICE C - Instrumento de coleta – variáveis das práticas de maquiagem verde como estratégias de marketing ambiental............................................... 93 APÊNDICE D - Imagem davisualização do questionário digital a partir do link encaminhado através do Google docs.............................................................. 98 13 1 INTRODUÇÃO O apelo à causa ambiental é apresentado no contexto global cotidianamente através do marketing ambiental. Sabe-se que boas atitudes em relação ao meio ambiente são direcionadas para o consumo consciente e coerente com a ideia de sustentabilidade. O marketing ambiental desenvolve crescentemente ações nesse sentido a fim de atender às necessidades de um consumidor que não seria mais alheio às catástrofes ecológicas e à escassez de recursos naturais e que tende a um comportamento de valorização das empresas preocupadas com as questões ambientais nos seus processos (BARBIERI, 2011). As instituições buscam aliados na construção de uma imagem adequada através de condutas coerentes quanto à escassez de recursos naturais e a relação produzida socialmente com o meio ambiente. O consumidor pode constituir um parceiro na busca por organizações sérias, que integram em sua missão a responsabilidade socioambiental e respondem positivamente às questões ambientais (DONAIRE, 2010). É observado que as empresas preocupam-se com os aspectos ambientais e sociais constantemente na atualidade. Para tanto, surge um modo diferenciado de lidar com os recursos acessíveis. O marketing ambiental direciona esses recursos expondo atitudes ambientalmente positivas, fortificando a imagem empresarial e promovendo produtos e serviços diferenciados no mercado estabelecendo marcas com apelo ambiental (LOPES; PACAGNAN, 2014). Para atender às expectativas favoráveis ao meio ambiente, organizações tomam novos caminhos para atender consumidores mais atentos e imposições ambientais inseridas nas legislações vigentes. A postura ética e o cumprimento de ações positivas ambientalmente, desde a produção até o descarte, possibilitam utilizar o marketing ambiental como estratégia, inserindo as atitudes adotadas como atrativos de consumo equilibrado na relação com meio ambiente (BARBIERI, 2011). Segundo Ottman (2012), vantagens competitivas são estabelecidas com a adoção de posturas diferenciadas em relação ao meio ambiente, e a respectiva interação das empresas e o modo como administram os processos refletem crescente compromisso e envolvimento que tende a evoluir na medida em que os 14 consumidores cobram novas atitudes e tornam-se participativos na etapa de escolha. Nesse sentido, o marketing ambiental desenvolve papel fundamental na condução de escolhas, orientação a partir de valores adotados e objetivos traçados que valorizam o fator ecológico, destacando atitudes ambientais em detrimento de outras características (DIAS, 2011). O marketing deve trabalhar a comunicação em relação à sustentabilidade e às ações adotadas por organizações preocupadas com o meio ambiente gerando oportunidades de mercado. Atualmente, além dos consumidores, os investidores também apostam em organizações socialmente responsáveis. Com isso, os negócios tendem a adotar produtos e processos verdes, sensíveis às posturas conscientes e socialmente relacionadas ao meio ambiente. Fazer diferente impulsiona oportunidades atrativas que geram lucro e aumentam a credibilidade das organizações. O mercado verde é positivo ao estímulo às ações ambientais e torna-se competitivo ao investir e adotar estratégias nesse segmento. Dessa forma, o marketing ambiental deve expor para um mercado mais consciente que anseia por soluções aliadas ao equilíbrio ambiental e social, que exponha sinceramente os benefícios, tornando o consumidor engajado na causa ambiental (OTTMAN, 2012). A tendência às práticas sustentáveis repercute bem no mercado que articula o desenvolvimento mais equilibrado ambientalmente e com métodos econômicos mais justos. Os consumidores se interessam por produtos e serviços decorrentes de ações ambientais mais saudáveis e as organizações que tiverem maior habilidade em formular e programar estratégias para atingir as questões ambientais estarão à frente. As novas posturas empresariais diante do mercado competitivo e o aumento das informações nos meios digitais promovem relacionamentos diferenciados entre organizações e consumidores. Para atender às necessidades dos consumidores, as organizações encontram disponibilidade nas mídias sociais que podem viabilizar um posicionamento da organização diferenciado em relação ao consumidor podendo agregar valor à imagem da organização (VEIGA NETO; GAMBERONI, 2012). Com isso, vários fatores estimulam mudanças e atitudes, entender o contexto e como acontece pode contribuir para compreender os fenômenos estudados na pesquisa. 15 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO O aumento da escala de produção e o consumo excessivo geraram parte do desequilíbrio ambiental que está presente no mundo hoje, tais como poluição, redução da camada de ozônio, perda da biodiversidade, mudanças climáticas, entre outros. A globalização proporcionou um olhar diferenciado na dimensão social, o que alterou a estratégia do marketing, que se desenvolverá a partir das novas alterações e necessidades do individuo e sua relação com o meio ambiente. Desde a década de 50, as questões ambientais permearam os meios científicos como foco de abordagem, ampliando na década seguinte com o movimento consumerismo, que apresentou um comportamento diferenciado entre os consumidores, através de reivindicação de seus direitos nas relações de trocas entre as organizações. Na década de 70, o envolvimento efetivo do meio político, na década de 80, através dos meios econômicos, e, nos anos 90, a participação das empresas, acrescidos das contribuições que os movimentos sociais desenvolvem através das ONGs, fortalecendo o papel social das empresas (ROMEIRO, 2006). A forma de exploração dos recursos naturais e os resíduos gerados por diversas atividades vêm determinando novas atitudes nas organizações, governos, sociedade e nos meios de comunicação no intuito de reverter as atitudes nocivas ao meio ambiente. Inicialmente, as ações voltadas ao meio ambiente foram ocorrendo de forma particular. Os problemas pontuais determinavam acordos para atender à necessidade específica de uma região ou cidade, vislumbrando questões econômicas no contexto das ocorrências ambientais locais. O desenvolvimento global e o tratamento diferenciado das questões ambientais são consolidados a partir do envolvimento da ONU e a criação de entidades para controlar ações ambientais (FAO; PNUMA). A emergência relacionada à instabilidade ambiental e a forma de subsistência dos indivíduos é trazida à reflexão a partir da primeira Conferência da ONU, ocorrida em Estocolmo, em 1972. A segurança global e o desenvolvimento sustentável são tratados juntamente e os acordos passam a ser multilaterais observando o contexto mundial. Desde então, discutir o desenvolvimento relacionado ao meio ambiente e a busca de direcionamento para novas atitudes sustentáveis são fixados e acordados a cada encontro. Em 1992, 178 países se reúnem no Rio de Janeiro para a Conferência das Nações Unidas para o 16 Meio Ambiente e Desenvolvimento, com isso, uma nova etapa é consolidada no ambiente global através da gestão ambiental, que aprofunda a relação dos acordos multilaterais e amadurece as ações, desde a consolidação de diversos tratados, acordos e documentos até a elaboração da Agenda 21, que orienta por meio de recomendações desde a organização até níveis de intervenções internacionais (BARBIERI,2011). Devido aos diversos desmatamentos ocorridos no meio ambiente, o setor florestal impôs condições para conter práticas dessa natureza. Assim, diversas ações para evitar a exploração desenfreada das florestas tropicais foram adotadas, inclusive a rejeição de produtos no exterior, por exigência do mercado internacional e como forma de evitar a exploração, promover a boa prática ambiental socialmente equilibrada e economicamente atrativa. Essa prática ambiental adequada foi primeiramente premiada como estímulo voluntário dos empresários envolvidos na área, logo, optou-se por um procedimento formal atestando as boas práticas e através de órgãos independentes na concessão da certificação florestal. O setor moveleiro utiliza a certificação para garantir processos, adoção de práticas coerentes e matéria-prima de procedência. Desse modo, para atender ao mercado externo, o uso da certificação como estratégia está cada vez mais presente no mercado atual, pois atendem à exigência mundial e garantem procedências que geram credibilidade às organizações que adotam a certificação (ALVES et al., 2009). A participação do Brasil em encontros internacionais inclui compromissos nacionais na contribuição mundial pela causa ambiental. Em 1992, a agenda 21 determinou diretrizes para a questão do meio ambiente, desde então a determinação do padrão de consumo começa a ser discutido em todo o mundo. A Eco-92 iniciou um movimento internacional impulsionando diretrizes apoiadas no contexto da sustentabilidade nos âmbitos: econômico, social e ambiental. A partir daí, outros encontros deram continuidade a fim de estabelecer novas ações e acompanhar as determinações realizadas. A Conferência de Johanesburgo ou a Rio+10, ocorrida dez anos após o primeiro encontro, trouxe a oportunidade de uma revisão da agenda 21 e aprofundou orientações de cunho social relacionadas ao meio ambiente. Na sequência, vinte anos depois, a Rio+20 confirma a contemporaneidade dos conteúdos tratados desde a primeira conferência, dos paradigmas enfrentados 17 por diversas realidades e atribuem ações a partir dos contextos mundiais na atualidade (BARBIERE, 2011). As ações governamentais no Brasil mobilizam novas atitudes das organizações na tomada de decisão, além de leis, foi incluído um plano de ações que fomenta a contribuição de diversos setores para o crescimento do desenvolvimento sustentável. Dentre elas, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, criada em 2010, e a Política Nacional de Mudanças Climáticas que inclui estratégias para trabalhar nacionalmente a redução da emissão de carbono. Desde 2007, a adesão brasileira no Processo de Marrakesh direciona perspectivas e incremento nas ações políticas, o resultado desse encontro foi o desenho de novos planos de ações. O Plano de Ação para a Produção e Consumo Sustentável é desenvolvido com diretrizes a partir da primeira versão em 2008. O objetivo principal do plano é contribuir para o desenvolvimento sustentável fomentando ações, a médio e longo prazo, que reverta o atual modelo de produção e consumo. O PPCS orienta as ações governamentais, parcerias, iniciativas voluntárias, pactos setoriais e força-tarefa. A origem do marketing ambiental surge nas organizações como estratégia, na intenção de responder às necessidades dos consumidores vislumbrando o contexto ambiental e as mudanças sociais. Associado ao marketing social e a responsabilidade social, o marketing ambiental envolve ação ambientalmente responsável, explorando a preservação ambiental e atitudes positivas das organizações (ALVES, 2011). O marketing ambiental é impulsionado por uma parcela de consumidores que se preocupam com o consumo consciente, os mesmos acabam buscando escolhas tendenciosas aos produtos ditos “verdes” por entenderem que os problemas ambientais podem estar relacionados ao tipo do consumo (AFONSO, 2010). O comportamento ético das empresas é alvo de especulações constantes nas mídias. O amparo a grupos minoritários, a qualidade do produto, a segurança, a proteção e defesa ao consumidor são preocupações que compõem o aspecto social, sendo assim, as organizações devem responder a esse novo olhar e às cobranças que geram pressões de diversos setores da sociedade na incorporação de valores e 18 atitudes éticas na conduta administrativa e operacional das organizações. A legislação impôs novo perfil de atuação para as empresas e os veículos de comunicação contribuem na divulgação da falta de ética das corporações, seja ela pública ou privada, reforçando a responsabilidade social e a forte influência que o fator externo determina para a tomada de decisão preservando os valores éticos que tendem à promoção da credibilidade (DONAIRE, 2010). O Instituto AKATU, entidade não governamental sem fins lucrativos que desenvolve atividades de conscientização e mobilização para o consumo consciente da sociedade, desenvolveu uma pesquisa para investigar o comportamento do consumidor. Dentre vários aspectos analisados, o entendimento da palavra sustentabilidade foi alvo inicial da pesquisa. Neste estudo, houve uma abordagem por sexo, idade, classe social, escolaridade e região. Os resultados apresentados sinalizam o aumento nos que ouviram falar na palavra sustentabilidade, no ano de 2010 compreendeu 44%, passando para 60% em 2012. Deste grupo analisado, 12% sabem o significado do conceito sustentabilidade relacionados à escassez dos recursos naturais, envolvendo as necessidades sociais e ambientais. Os demais não sabem o significado do termo ou atribuem significado equivocado. A comunicação e a forma como as empresas devem se engajar é um alerta para a importância da Responsabilidade Social e Ambiental das empresas, que devem ser comprometidas com a exposição correta das ações adotadas como sustentáveis ou com as aspirações sustentáveis. O uso da internet e mídias sociais permitem um maior acesso a informações que devem expor de fato o verdadeiro caminho adotado pelas empresas, fragilizar a credibilidade com o uso de discurso duvidoso ou sem clareza das atitudes adotadas pode gerar danos irreversíveis na reputação da empresa. A preocupação das pessoas com a causa ambiental direcionou um consumidor a assumir uma postura diferenciada quanto à questão do meio ambiente, associada a novos valores e atitudes de consumo que revelam uma preocupação em proteger, beneficiar e minimizar os impactos negativos ao meio ambiente. O consumo excessivo causa desequilíbrio ambiental na exploração dos recursos naturais que exige das organizações, governos, sociedade e os meios de comunicação novas atitudes no intuito de reverter as atitudes nocivas ao meio ambiente (DIAS, 2009). Desde a década de 90, pesquisas expõem uma tendência 19 que sugere o comportamento dos brasileiros favoráveis às questões ambientais, para isso, a disponibilidade no mercado de produtos verdadeiramente verdes, juntamente com maiores informações, pode potencializar essa tendência demonstrada em estudos e trazer como consequência consumo comprometido com bem-estar coletivo em longo prazo (ROMEIRO, 2006). Segundo Ottman (2012), 83% dos norte-americanos adultos adotam algum tipo de atitude verde no cotidiano, gerando crescentes esforços do marketing ambiental para atender a uma população cada vez mais consciente da importância de escolhas verdes, bem como minimizando impactos ao meio ambiente e consumo de produtos mais adequados à realidade ambiental. A tendência mundial retrata uma corrente que apoia as ações sustentáveis, fortalecendo regras de comprometimento com os envolvidos no mercado verde. Os avanços tecnológicos, o design e a mídia trabalham para os interesses verdes disseminando práticas e produtos coerentes com a realidade sustentável e comprometida com a causa verde. A oportunidade gerada por uma crescente demanda de consumidores ambientalmente ativos e exigentes possibilita a melhora contínua na qualidade e, consequentemente, na imagem das empresas que adotam como estratégia competitiva utilizar o marketing ambiental. Desenvolver algo diferente acaba agregando valor aos negócios e aos envolvidos nas organizações. Segundo a autora, a informação deverá ser adequada e de fácil leitura abordando de forma honesta e coerente, pois os consumidores buscam informações através de sites de Ongs, de ambientalistas, além de consultar rapidamente a veracidade da referência exposta no produto ou no serviço. As informações disponibilizadas para os consumidores podem influenciar a decisão de escolha de um determinado produto ou serviço. Para tanto, a empresa deve ter responsabilidade na propaganda vinculada ao produto ou serviço, assim como determinar ações transparentes no processo de implantação do marketing ambiental. As empresas envolvidas com a causa ambiental carecem de boa reputação, principalmente o reconhecimento por parte dos consumidores. A disponibilização de informações transparentes e suficientes para a promoção do bom entendimento dos processos adotados gera a credibilidade das empresas envolvidas na causa verde (MARTINI JUNIOR; SILVA; MATTOS, 2012). Ao adotar o marketing ambiental como estratégia competitiva, potencializa ferramentas de 20 divulgação na causa verde, porém adotar ações superficiais nas questões ambientais, sem fundamentação adequada, pode mascarar ações equivocadas e fragilizar a empresa, podendo ser percebida pelos consumidores como atuações enganosas. Essas afirmações foram apresentadas por Polonsky (1994) e se mantêm confirmadas nos estudos de Santos et al. (2009). Para os autores Lins e Silva (2009), a preocupação das organizações em transmitir uma imagem socioambiental que na realidade não são de fato pode propositalmente aderir à “pincelada verde” como elemento que mascara as reais atitudes adotadas em relação à sustentabilidade. Internacionalmente, o termo greenwashing é apresentado pela instituição ambientalista presente nos EUA a Terra Choise, que define como o ato de enganar os consumidores sobre as práticas ambientais de uma empresa ou os benefícios ambientais de um produto ou serviço. A atitude verde divulgada equivocadamente através da informação imprecisa pode prejudicar a reputação da empresa e fragilizar a atuação do marketing. Segundo Barbiere (2011), o discurso ambiental que se preocupa mais com a imagem da empresa e age de forma paliativa nas ações ambientais constitui práticas presentes no mercado denominado de lavagem verde ou maquiagem verde. A adoção indevida do discurso verde, a estratégia de mercado, fragiliza a reputação da marca e da imagem, podendo ser irreversível para os consumidores atentos. É alvo de pesquisa investigar a percepção dos consumidores em relação a essa prática no presente trabalho. 1.2 QUESTÃO DE PESQUISA As organizações percebem que atribuir apelo verde pode motivar e atrair novos consumidores, com isso, para atingir mais espaço no mercado, deve-se utilizar o marketing ambiental como estratégia competitiva empresarial. O apelo ambiental retrata um cenário global de alterações nas organizações que incentivam uma postura responsável, pois os recursos naturais ameaçam a escassez e as catástrofes ecológicas devem ser impedidas. O consumidor terá do marketing estímulo para a aquisição de produtos que sensibilizem e informem os processos adotados e os benefícios ambientais realizados. No mercado moveleiro, vários direcionamentos e exigências mundiais ditam posturas ambientalmente adequadas adotadas por diversas empresas, sendo assim, 21 muitas empresas se enquadram na utilização de processos e produtos ambientalmente adequados. A madeira maciça foi substituída por laminados compostos com madeira de reflorestamento, visto que o desmatamento de modo predatório impossibilita a extração dessa matéria-prima a curto tempo gerando catástrofes irreversíveis ao meio ambiente. A certificação é frequentemente exigida e realizada expondo a procedência da matéria-prima, assim como o processo produtivo adotado. No entanto, a maneira como está sendo divulgadas e expostas as características ao consumidor e como ele percebe as ações praticadas pelas organizações gerou as diretrizes para o desenvolvimento deste trabalho. A partir desse contexto, surgiu a necessidade de conhecer a percepção dos consumidores de móveis em relação ao tema estudado e buscar através da presente pesquisa responder à questão do estudo: Quais variáveis de marketing ambiental, identificadas por consumidores, denotam a prática de maquiagem verde como estratégia empresarial no mercado moveleiro? 1.3 OBJETIVOS 1.3.1 Geral Descrever variáveis de marketing ambiental que denotam a prática de maquiagem verde como estratégia empresarial, na percepção de consumidores do mercado moveleiro. 1.3.2 Específicos Mapear variáveis de marketing ambiental mais utilizadas como estratégia empresarial no contexto moveleiro; Identificar as variáveis de marketing ambiental percebidas como prática de maquiagem verde pelo consumidor de movelaria; Verificar práticas de maquiagem verde mais utilizadas a partir da perspectiva dos consumidores de móveis. 1.4 JUSTIFICATIVA O interesse por produtos com apelo ambiental tem despertado a aceitação de consumidores atentos no momento da aquisição de um serviço ou mercadoria. Com 22 isso, as estratégias de marketing ambiental investem em ações por compreender que a relação equilibrada com o meio ambiente é importante e que atitudes sustentáveis refletirão positivamente no futuro. Para tanto, cresce a obrigação de clareza das informações apresentadas pelas empresas que trabalham com produtos ditos ambientalmente corretos. A estratégia de marketing ambiental deve considerar a relação do consumidor com o produto nas fases do ciclo de vida do mesmo: o préuso, o uso e o pós-uso, ou seja, envolver desde a matéria-prima, o processo produtivo, a utilização do produto, o seu descarte ou a sua reutilização (RIVERACAMINO, 2007; DIAS, 2009; OTTMAN, 2012). No estudo realizado através da Pesquisa Nacional de Opinião, edição 2012, no período de 2001 a 2012, observou-se que os brasileiros reagem positivamente diante de um produto cujo rótulo indique apelo ao meio ambiente. Em 2001, 81% dos respondentes afirmaram se sentir mais motivados diante de tal informação; em 2006, o percentual foi para 76% e voltou a subir em 2012, quando alcançou o equivalente a 85%. O mesmo ocorre com relação à disposição por parte do consumidor brasileiro para comprar produtos orgânicos: 73%, em 2001; 81%, em 2012 (BRASIL, 2012). O envolvimento consciente do consumidor com a causa ambiental é fundamental na evolução da responsabilidade ambiental, proporcionando maior engajamento nas ações verdes. É sabido que buscar fontes renováveis, redução de resíduo, o uso de energias limpas é exigido no contexto dessa responsabilidade ambiental, por uma questão de sobrevivência futura, por isso, as ações diferenciadas de contribuição empresarial na evolução da sociedade e na preservação do meio ambiente devem envolver o consumidor, que será um importante colaborador na exigência do compromisso social e pressionador de ações governamentais coerentes com a causa ambiental (ALVES et al., 2009). Na medida em que o consumidor tornar-se ativo no papel ambiental, adotando novos valores, as ações concretas e conscientes no momento da compra tendem a crescer, impulsionando escolhas que levam em consideração a preocupação com o meio ambiente e seu futuro (DIAS, 2009). Nesse sentido, tem-se a importância do marketing ambiental no papel de inserir o consumidor menos consciente no assunto 23 informando de modo direcionado e impulsionando ações concretas (OTTMAN, 2012). No contexto ambiental a partir dos anos 90, o mercado brasileiro atenta para a otimização dos recursos madeireiros, vislumbrando um melhor aproveitamento da matéria-prima dominante e a busca de um equilíbrio na extração da madeira como recurso natural. Os sistemas de certificação surgem para contribuir com as práticas ambientalmente sustentáveis, o manejo florestal atribui uma nova responsabilidade para os envolvidos. Evitar a escassez florestal direcionou ações sustentáveis com a prática de manejo florestal permitindo avaliar quantitativamente e qualitativamente a matéria-prima disponível e analisar antecipadamente as ações (ULIANA, 2005). Os principais sistemas de certificações adotadas no Brasil são o Conselho de Manejo Florestal (Forest StewardshipCouncil– FSC) internacional e o CERFLOR, bem como reúnem a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), o Instituto Nacional de Metrologia (INMETRO) e a Sociedade Brasileira de Silvicultura (SBS), atuação nacional. A certificação ambiental surge como instrumento de demonstração de compromisso com a conservação ambiental e gera um elemento diferenciado que pode atrair consumidores no momento da compra (ALVES et al., 2009). Segundo Ottman (2012), nenhum produto pode ser 100% verde, com isso, as empresas devem atentar para os riscos gerados por aplicação equivocada do marketing ambiental, produzindo a maquiagem verde. As oportunidades de mercado para corporações que prezam pelas questões ambientais são crescentes, no entanto o direcionamento da prática ambientalmente sustentável pedirá um posicionamento ético e profissional das organizações envolvidas. Desenvolver estudos relacionados à área de marketing ambiental contribuirá para empresas e seus gestores aplicarem os fundamentos da abordagem do marketing com maior credibilidade gerando ações fundamentadas em estudos recentes sobre essas estratégias. Desta forma, estudar o marketing ambiental e as práticas adotadas pelas empresas que enfatizam a causa verde torna-se relevante no contexto acadêmico e corporativo, assim como a visão do consumidor diante das informações apresentadas pelas empresas que trabalham as estratégias de marketing ambiental. 24 1.5 APRESENTAÇÃO Conhecer outros estudos e entender como a comunidade científica aborda o tema sugerido direcionou a organização desta pesquisa, considerando a realização de etapas, a fim de sistematizar o estudo e estruturar o desenvolvimento do estudo proposto. Primeiramente, apresenta-se o referencial teórico que expõe estudos e autores da área em questão antecedendo os procedimentos metodológicos, tratamento dos dados e análise dos resultados. Os conteúdos expostos a seguir, no referencial teórico, incluem: responsabilidade socioambiental, marketing social e o marketing ambiental, maquiagem verde, o comportamento do consumidor e o mercado moveleiro. Sendo assim, o referencial teórico permitiu a partir da literatura, tais como publicações nacionais e internacionais em revistas científicas, dissertações e teses, o embasamento do tema explorado, bem como identificou parte das variáveis trabalhadas nas etapas seguintes da pesquisa. Os procedimentos metodológicos realizados no estudo indicam o tipo de pesquisa adotada, a técnica trabalhada e os respectivos instrumentos utilizados para a coleta de dados. A apresentação do tipo de pesquisa, o universo e a amostra da pesquisa, assim como o plano de coleta de dados, sistematizam a realização dos estudos apresentados direcionando as etapas subsequentes. Em seguida, o tratamento dos dados expõe as informações coletadas nas abordagens, qualitativa e quantitativa, a análise dos resultados direciona os apontamentos para a conclusão evidenciando pontos relevantes e respectivos desdobramentos para pesquisas futuras. 25 2 REFERENCIAL TEÓRICO O desenvolvimento desta etapa expõe o referencial teórico. Neste caso, a literatura pesquisada aponta autores, conceitos e estudos na área que permitem uma compreensão do contexto abordado. Foram abordados os seguintes assuntos: Responsabilidade Socioambiental, Marketing Social e o Marketing Ambiental, Maquiagem Verde e Mercado Moveleiro. 2.1 RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL A responsabilidade socioambiental integra ações empresariais a fim de superar o cumprimento da legislação vigente e avançar socialmente através de práticas que atendam às demandas em equilíbrio com o meio ambiente, gerando, com isso, possibilidades articuladas para o mercado como estratégia. As organizações assumem novos papéis que ultrapassam os interesses estreitamente econômicos. O sistema empresarial e suas relações internas ganham visibilidade, a produção como ponto central divide atenções com as interações para atingir objetivos comuns, respondendo a expectativas diversas, além das econômicas. A atuação empresarial passa a perceber a responsabilidade social envolvida nas determinações que vão além da produção, distribuição de produtos e serviços que atendem às necessidades, mas como propulsor de melhoria de qualidade de vida, incluindo o meio ambiente das comunidades envolvidas, repercutindo para a sociedade e as diversas relações (DIAS, 2011). O investimento empresarial em ações de responsabilidade social pode evidenciar a imagem positiva atendendo aos aspectos mercadológicos. Neste contexto, as empresas podem escolher dois tipos de investimentos para evidenciar as ações corporativas: participativo em relação às demandas previamente analisadas e discutidas para determinados grupos, trazendo resultados a médio e longo prazo, com ênfase no social; ou com valorização da corporação, desempenho do produto, evidenciação da marca e pouco envolvimento com o processo e os respectivos participantes, destacando a imagem corporativa em detrimento do real benefício. Neste sentido, observa-se que a visibilidade pode ser um impulsionador para ações no âmbito empresarial e o marketing desempenhar papel fundamental, 26 pois pode conduzir a divulgação e incentivar a disseminação social das atitudes corporativas internamente (GONÇALVES; DESIDERIO; GUTIERREZ, 2006). Para atestar o desempenho empresarial e consequentemente o aumento da visibilidade no mercado, o uso de selos e certificações contribuem nesse processo. Comprovar a utilização de procedimentos adequados, coerentes e éticos requer a utilização de guias e parâmetros. Para isso, apontar condições adequadas no desempenho social envolve legislação e questões sociais locais. Os indicadores para a certificação são desenvolvidos por institutos, ONGs, entidades não governamentais, consultorias do terceiro setor e fundações (GONÇALVES; DESIDERIO; GUTIERREZ, 2006). O Instituto ETHOS de Empresas e Responsabilidade Social é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público ou OSCIP, fundada em 1998, que desenvolve um trabalho de divulgação e orientação às empresas associadas, de modo a integrar a responsabilidade social nas organizações promovendo a construção sustentável e justa no modo de gerir os negócios integrados com a sociedade. Segundo o levantamento disponível no site do instituto, 562 empresas nacionais são associadas em todo o Brasil. Os indicadores ETHOS disseminam e orientam novas ações e estratégias para negócios sustentáveis e responsáveis. A construção desses indicadores prioriza o melhoramento contínuo de acordo com as novas necessidades. A 3ª geração dos indicadores incorpora ações de acordo com as expectativas da sociedade e os diversos atores envolvidos na construção de iniciativas empresariais integrando os interessados. Desde 2000, esses indicativos surgem desenvolvendo estudos, novos direcionamentos e obtiveram um pouco mais de 3700 empresas utilizando suas recomendações ao longo desse período. Com isso, observa-se que a participação de organizações pode contribuir na orientação de negócios potencializando os aspectos da sustentabilidade e responsabilidade social nas empresas. Assim, novas realidades são conduzidas e podem trazer um diferencial competitivo no mercado a partir de princípios e comportamento socialmente responsáveis. 27 2.2 MARKETING SOCIAL E O MARKETING AMBIENTAL O marketing social surge como incentivador de ideias que buscam mobilizar e envolver o comportamento de pessoas ou grupos sociais, em relação a determinadas causas, que podem promover a melhoria individual ou coletiva da sociedade. A partir desse direcionamento, o papel do marketing aponta para intervenções que influenciem em diversas esferas da sociedade, desde o setor público até o privado, contribuindo positivamente nos comportamentos relativos às causas e interferindo na adoção de ideias, crenças, valores e atitudes em benefício individual ou coletivo (DIAS, 2009). Para Ottman (2012), seus estudos desenvolvidos na década de 90 já apontavam que o marketing ambiental tem como objetivo projetar no mercado produtos e serviços com apelo ambiental, desde a concepção até a produção, trabalhando a responsabilidade ambiental dos fabricantes. A conveniência com compatibilidade ambiental trabalhada equilibradamente reflete a influência dos formadores de opinião na prática do consumo ambiental. Os potenciais formadores de opinião (governo, educadores, ambientalistas, varejistas, as mídias e as crianças) são relevantes na disseminação da causa verde. Trabalhar as questões ambientais com interesses distintos fragiliza a perspectiva da causa “verde”, fortalecer as ações ambientais com a interação dos agentes formadores de opinião influencia desde as indústrias, os poluidores primários, até o comportamento do consumidor consciente na compra. Pode-se dizer que os itens influenciadores na decisão de compra são o conhecimento e a disponibilidade de informação. Com isso, irão potencializar ações de marketing em educação quanto às questões ambientais para fortalecer a adesão do público a este segmento. O marketing ambiental entra como motivador no papel social de divulgação, promoção, indução de ações ecologicamente sustentáveis servindo como instrumento de mudanças, quando bem conduzido (DIAS, 2009). As atividades desenvolvidas para satisfazer as necessidades e desejos dos indivíduos permitindo a facilidade na troca e promovendo menos impactos ao meio ambiente compõem o conceito de marketing ambiental (POLONSKY,1994). Boa parte da sociedade considera o marketing ambiental associado tão somente à publicidade e promoção de produtos verde. Todavia, a aplicação conceitual adequada resulta na 28 busca em atender às necessidades humanas causando menor abalo ao meio ambiente (XAVIER; CHICONATTO, 2014). Desenvolver a sensibilização do usuário, agregar novos clientes no segmento de mercado ecologicamente sustentável e influenciar o consumidor no momento da compra pode ser um desafio nos dias atuais. Observa-se o crescente apelo às questões ambientais, para tanto o marketing ambiental pretende atingir este segmento que vislumbra o desfrute dos bens naturais e a proteção dos recursos ambientais pensando nas gerações futuras. Entender o comportamento do consumidor e suas atitudes no momento da escolha de produtos socialmente envolvidos com a causa “verde” requer preparo por parte dos empresários, oferecedores de produtos e serviços, pois envolve inúmeros aspectos subjetivos, e quando abordamos o conceito de marketing relacionado à sustentabilidade, percebe-se que o entendimento de variáveis que constroem esse conceito influencia ou não o fator compra (TERRES; BRANCHI, 2012). O comportamento do consumidor ecologicamente consciente estrutura novas perspectivas do mercado, aspectos demográficos e psicográficos podem também caracterizar os grupos que possuem interesse pela causa verde determinando aspectos desse consumidor no momento de decisão de compra de produtos verdes (STRAUGHAN; ROBERTS, 1999). A tendência comportamental com relação à atitude ambientalmente adequada acontece em conjunto. As ações que podem ser vistas como normais a partir de comportamentos de grupos sociais relevantes influenciam os demais do grupo quanto aos aspectos ambientais (RETTIE; BURCHELL; RILEY, 2012). No marketing ambiental, a abordagem motivacional deve direcionar incentivos de acordo com o público-alvo, frequentemente um produto dito “verde” incentiva ações individuais visando estabelecer economia de tempo, esforço e dinheiro. O comportamento “verde” muitas vezes não revela a real intenção da ação. Por isso, a subjetividade sobre esse comportamento, capaz de mascarar uma atitude de economia financeira individual ou o consumidor, pode adotar alguma ação sustentável, porém descartar outra. As escolhas são classificadas como normais ou não normais dentro da perspectiva “verde”, vislumbrando a normalidade de comportamento para determinados grupos. E essa normalidade vai alterar ao longo do tempo, 29 relacionados a perfis demográficos específicos, como consequência as ações do marketing devem ser monitoradas para alterar conforme necessidades específicas sinalizadas (RETTIE; BURCHELL; RILEY, 2012). O apelo individual acarreta atitudes pontuais utilizadas como forma de tornar pessoal, o que deveria ser incentivado sempre (OTTMAN, 2012). Contudo, as atitudes deveriam ocorrer principalmente de forma governamental e estrutural, mobilizar as ações coletivas, acima dos pontos individuais. Na realidade, não existe a ausência de conhecimento “verde”, mas ações globais envolvendo a participação da sociedade. Os atos pontuais reforçam os valores e atitudes coerentes com a preocupação ambiental, faz bem e servem de exemplos ao próximo (ASSADOURIAN; PRUGH, 2013). Os produtos verdes e os ditos convencionais possuem como características comuns as funções básicas, embora os produtos verdes trabalhem soluções para atenuar os impactos gerados ao meio ambiente em relação ao ciclo de vida do produto. Essa relação destaca o benefício para o consumidor individualmente, envolvendo os adeptos a esse tipo de produto, porém os benefícios inserem o meio ambiente expandindo para o coletivo (MICHAUD; LLERENA, 2011). De modo similar, Ottman (2012) aponta o ciclo de vida como ferramenta de avaliação contínua das etapas de produção deste tipo de produto, para a autora, não existe um produto puramente verde, no entanto ações contínuas em diversas etapas aproximam do recomendável que podem constantemente desenvolver ações mais verdes no processo. Todos os produtos geram lixo e utilizam recursos, por isso, em seus estudos, a importância dada ao ciclo de vida na contribuição em cada etapa, desde a aquisição e transformação da matéria-prima, a fabricação, distribuição, o produto, a embalagem, o uso até o descarte. Pode-se perceber que a análise das características do produto verde envolve um processo, que é contínuo, e pode alterar de acordo com as circunstâncias. Corroborando com os estudos, Afonso (2010) expõe que as performances social e ambiental dos produtos verdes destacam-se em comparação aos demais produtos ditos convencionais. O produto verde desenvolve o mesmo papel dos outros tipos de produtos cumprindo com as funções semelhantes, embora as ações relacionadas ao ciclo de vida do produto danifiquem menos o meio ambiente (DIAS, 2009). 30 A prática do marketing adepta às questões ambientais gera vantagem tanto para consumidores e sociedade em geral quanto para os gestores da organização. Fortalece a relação entre consumidores e organizações quando adequadamente utilizada, favorecendo o crescimento e a lucratividade, além de agregar imagem otimista em relação à marca do produto adepta à causa verde (MONTEIRO et al., 2014). O marketing ambiental desenvolve esforço na causa verde desde a produção, distribuição, promoção, embalagem, consumo até o retorno do produto pósconsumo. Vários atores envolvidos com os processos citados podem contribuir de forma integrada com o marketing ambiental, são eles: os produtores, atacadistas, varejistas e prestadores de serviços. Por esse motivo são crescentes as ações de planejamento na área de gestão do marketing ambiental a fim de estabelecer estratégias adequadas para o mercado competitivo (DAHLSTROM, 2011). Os autores Veiga Neto et al. (2014) reforçam em seus estudos que na visão dos empreendedores o marketing ambiental tem relevância como estratégia. As variáveis mais evidenciadas reforçam que o comportamento dos funcionários, a propaganda e o envolvimento em campanhas direcionam para o caminho verde. As questões ambientais internas devem estar alinhadas, a propaganda deve valorizar a questão ambiental expondo a informação dos benefícios para a sociedade e a participação da organização em campanhas vinculadas à causa verde reforçando a imagem e a relação do consumidor com a marca. Com isso, o incentivo e a interação são exemplos práticos que podem disseminar atitudes engajadas na causa verde. As estratégias adotadas por empresas que incorporaram a questão ambiental como uma variável competitiva, não somente para atender a uma determinação da legislação vigente, mas para obter em longo prazo de referência, sendo utilizadas no planejamento estratégico envolvendo, por vezes, patamares avançados de planejamento (LINS; SILVA, 2009). O posicionamento competitivo é consolidado quando o marketing verde for direcionado para trabalhar na promoção de estratégias e políticas designadas a alcançar vantagem comparativa entre concorrentes, levando em consideração que os atributos verdes serão desenvolvidos a partir de uma gestão integral, identificação, antecipação e satisfação das necessidades do cliente. Para tanto, agregar a responsabilidade no processo produtivo não reduzindo o marketing à 31 promoção do produto, envolvendo o processo como um todo. O marketing assumirá um papel importante como ferramenta de gestão e as suas variáveis que compõem o seu mix, como o produto, o preço, a distribuição e promoção, serão composições que devem ser coerentes com a causa verde, divulgando as informações necessárias para justificar cada um desses elementos e poder assim passar uma imagem de credibilidade organizacional (DIAS, 2011). As empresas adotam estratégias impulsionadas pelo mercado que apontam novas posturas relacionadas à causa ambiental, apreensivas em atingir mais espaço diante dos concorrentes, traçam estratégias na procura de conhecimentos e ações que realizem os anseios e as necessidades do consumidor de modo diferenciado. Adotar a estratégia ambiental traz resultados, em médio e longo prazo, importantes para a organização. A adequação às normas e legislação também pressionam esse novo cenário e o marketing direcionado para a sustentabilidade gera vantagem competitiva e influencia positivamente o consumidor cada vez mais adepto à causa verde (VEIGA NETO et al., 2014). A postura adotada por organizações perante a responsabilidade social e ambiental produz uma imagem institucional diante do mercado e sociedade em geral. O compromisso exposto como um diferencial deve atribuir à divulgação retratando ações que realmente são executadas. A prática parcial de atribuições divulgadas como posturas adequadas pode comprometer a construção dessa imagem. Os consumidores e o mercado estão mais atentos e tendem a gerar temor aos possíveis adeptos a essa prática (LINS; SILVA, 2009). Para Boff (2012), as questões ambientais estão vinculadas à sustentabilidade praticada efetivamente nas atividades desenvolvidas cotidianamente nas organizações. As atividades citadas pelo autor incluem oito princípios que envolvem desde a relação harmônica com os ecossistemas ambientais, a preservação da espécie, as interações sociais do homem até o processo de mudança de paradigmas sociais para a efetivação de práticas coerentes aos novos desafios, incluindo as organizações nas relações. Diante do exposto, a adoção do marketing ambiental agrega valores organizacionais vinculados à missão empresarial. Uma filosofia que concebe interações sociais de proteção ao meio ambiente ultrapassando as necessidades dos consumidores como propostas de atuação. A organização que aderir ao 32 marketing verde deverá compreender que as atividades desenvolvidas irão além de adoção de processos técnicos, o comportamento corporativo fará a diferença na aplicação das estratégias. Com isso, a organização como um todo tem importância na adoção das estratégias adotadas e precisa entender que o valor atribuído ao produto está relacionado com a imagem positiva ambientalmente (CHAMORRO; BAÑEGIL, 2006). 2.3 MAQUIAGEM VERDE O uso do termo “maquiagem verde” refere-se a algo que recebe atributos ecológicos e utiliza a aparência adequada aos princípios ambientais, quando na realidade camufla parte das ações, evidenciando aspectos positivos em relação ao meio ambiente e mascarando os demais, que podem ser nocivos. A prática da maquiagem verde traz uma imagem empresarial adequada no discurso ambiental, porém omitem etapas, processos ou contribuem minimamente com o meio ambiente, valorizando atitudes pontuais em prol da imagem adequada ambientalmente (BARBIERI, 2011). A Conferência das Nações Unidas trouxe o termo greenwasing no ano de 1992. A partir desse encontro houve um direcionamento de ações em diversos países no sentido de verificar e combater a propaganda apelativa falsa e o uso do marketing ambiental com práticas enganosas. A organização global, o Greenpeace, dissemina, mobiliza e denuncia atividades que podem ser realizadas com o intuito de camuflar as reais ações nesse sentido. Neste contexto, organizações governamentais como a FTC (federal trade comission), a entidade americana trouxe através de guias verdes o apoio para as boas práticas, atuando em defesa do consumidor a partir das primeiras Conferencias das Nações Unidas. O Canadá e Reino Unido foram pioneiros no desenvolvimento de ferramentas e mecanismos de regulamentação de atitudes que expressam mensagens apelativas. Destacam-se no desenvolvimento de guias de apoio duas entidades que produziram um material de orientação de boas práticas e que auxiliam a identificação de atitudes que caracterizam a maquiagem verde. A consultoria americana Terrachoice (2010) produziu um guia de orientações destinado às empresas, na intenção de evitar equívocos na divulgação de seus produtos, para isso nomeou como “pecados” relacionados à maquiagem verde, renovado anualmente. A agência inglesa Futerra 33 (2009) disponibiliza critérios de identificação e termos empregados que caracterizam o uso de maquiagem verde. Com base no exposto, fica evidenciado que o tema é trabalhado em diversos locais, potencializa a relevância e sinaliza a repercussão de práticas de maquiagem verde. As organizações cada vez mais lançam produtos ou serviços vinculados às questões ambientais. O que dizem sobre o produto ou serviço podem, intencionalmente ou não, expor de forma equivocada ou superficial a real composição ou característica verde. A prática desse equívoco é apresentada como greenwashing (OTTMAN, 2012). Adotado como um mecanismo de promoção de “atributos limpos”, a maquiagem verde pode ser utilizada como uma oportunidade de lucro aplicada por microempreendedores e grandes organizações (GREER; BRUNO, 1996). Segundo Ottman (2012), a credibilidade é o elemento de destaque na divulgação das organizações que buscam o diferencial na causa verde. A ênfase dos seus estudos em maquiagem verde reforça que os consumidores do mundo todo já adotam posturas diferenciadas na análise das ofertas verdes para adquirir produtos; com isso, a boa intenção das organizações em parecer adequada ou certa deve expor inúmeros fatores que compõem o discurso verde. O ciclo de vida do produto deverá ser explorado a fim de demonstrar todo o processo que envolve as atividades até chegar à venda, ser parcialmente verde e adotar a sustentabilidade como discurso de marketing verde, sem transparência nesta exposição e omitindo o que ainda não é adequado, gera descrença ou o termo fadiga verde. O uso de jargões apelando para a causa verde aumenta o risco da prática da maquiagem verde comprometendo o marketing ambiental como estratégia. A construção da credibilidade aos olhos do consumidor é o novo desafio imposto ao gerenciamento do marketing ambiental, que exige cada vez mais a atuação de forma integrada. A construção da imagem organizacional deve valorizar os atributos verdes e evitar o uso da maquiagem verde. O compromisso ambiental distorcido da real prática adotada pode contribui para uma reputação fragilizada, interferindo na credibilidade da organização (DAHLSTROM, 2011). Corroborando com as ideias apresentadas, os autores Diffenderfer e Baker (2011) sinalizam em seus estudos a evidência da maquiagem verde como o “eco 34 exagero”; argumentam que a crescente rotulação de produtos ditos bons para o meio ambiente e com poucos atributos verdes consolida a prática de enganar consumidores. A utilização de guias verdes pode conduzir organizações que desejam expor suas atribuições ambientais de modo claro e necessários para não gerar a prática da maquiagem verde. Para os autores, a forma exagerada de apresentar atributos ambientais equivocados já é percebida e combatida por órgãos governamentais em diversas esferas, com isso, a transparência e argumentação concreta documentada são princípios para evitar apelo ambiental sem fundamentação. Diante de um cenário em que, a prática da maquiagem verde, torna-se evidente e uma possível aliada nas vantagens competitivas, a apropriação indevida do discurso ambiental por parte das organizações pode de maneira equivocada ser conduzida através de relatórios ambientais e adoção de normas para gerar a impressão de atuação ambiental, quando na realidade as ações aplicadas são paliativas ou superficiais, mascarando a realidade e caracterizando a prática da maquiagem verde. A imagem transmitida pode ser um diferencial estratégico, no entanto, a atuação deve ser legítima e verdadeira quando aplicada ao ambiente dos negócios, oferecer assim, exposição de ações planejadas e realizadas efetivamente, usar programas ambientais de fachada e peças publicitárias que camuflem a realidade, pode não agregar valor ao produto de fato e gerar o ceticismo (BARBIERI, 2011). Segundo Brito Júnior (2013), a maquiagem verde expõe o conflito da falta de alinhamento entre o que as organizações fazem de fato sobre ações verdes e o que expõem como prática ambientalmente adequada. Através da comunicação organizacional, a transparência do que a empresa de fato realiza deve refletir para a sociedade, os órgãos reguladores e as leis ambientais ações coerentes, pois os mesmos já pressionam e fiscalizam posturas ambientais concretas. O engajamento das organizações deve refletir a missão e a cultura da empresa expondo coerência nas atitudes ambientais e na comunicação apresentada. A ausência dessa definição pode gerar conflitos resultantes do desalinhamento das ações, culminando no greenwashing (maquiagem verde). A aplicação de certificações ambientais, entidades internacionais, sistemas reguladores e legislações governamentais 35 representam o amadurecimento da sociedade sobre as questões ambientais, por isso observa-se postura mais rigorosa contra o uso da maquiagem verde. O autor Brito Júnior (2013) propôs uma Matriz de Greenwashing que lista ações e comportamentos autoavaliativos relacionados às ações ambientais e comunicação interna nas organizações. Possui 03 colunas: práticas ambientais, stakeholders impactados e atividades ou canais de comunicação. Logo, sistematizar as informações internas das organizações viabiliza o monitoramento para evitar a prática equivocada de maquiagem verde. Nessa matriz, pode-se inserir novos dados e possui flexibilidade de acordo com o perfil da empresa. Estudos desenvolvidos por Chen e Chang (2012) identificam que os consumidores ficam incapacitados de decidir a realização da compra quando as empresas não transmitem confiança nas ações verdes. A interpretação e o grau de confiabilidade das informações podem dificultar o entendimento e confundir a percepção do apelo verde, fragilizando o que irá determinar a compra e tornando céticas as ações organizacionais. Diante do exposto, os autores desenvolveram uma teoria que determina a percepção sobre o greenwashing (maquiagem verde) em duas classes: risco verde percebido e confiança verde. As descrições das categorias determinadas a partir de estudos revelam que a percepção de riscos ambientais interfere no comportamento do consumidor e na decisão de compra rejeitando o produto ou serviço a partir da identificação do risco. O termo confiança verde é utilizado quando o consumidor cria dependência ao produto, serviço ou determinada marca resultante do desempenho ambiental associado à credibilidade exposta. A prática da maquiagem verde foi investigada por Walsh e Mitchell (2010) e seis itens foram apontados nos estudos que expõem as dificuldades no reconhecimento da maquiagem verde como o Quadro1 expõe. Quadro 1 - Dificuldades em reconhecer o Greenwashing (continua) A PRÁTICA DA MAQUIAGEM VERDE – DIFICULDADES EM RECONHECER (1) similaridade de produtos com qualificação dita ambiental, dificultando se determinado produto está praticando maquiagem verde; (2) dificuldade no reconhecimento de produtos sobre os recursos ambientais utilizados; (3) excesso de características ambientais que dificultam a real identificação no produto apresentado; (4) crescente disponibilidade de produtos ofertados, o que dificulta a escolha em relação ao meio ambiente; 36 Quadro 2 - Variável da literatura – marketing ambiental (conclusão) (5) mesmo após adquirir o produto, o consumidor raramente encontra as informações suficientes sobre o produto comprado; (6) insegurança quanto aos reais benefícios e características ambientais. Fonte: Adaptado de autores Walsh e Michell (2010). A partir dos estudos de Laufer (2003), a prática da maquiagem verde é designada quando a gestão da empresa potencializa ações ambientais estruturadas para maximizar a propagação do apelo verde omitindo atitudes nocivas e valorizando as de relevância parcialmente verdes. O Quadro 2 expõe as dimensões relacionadas às práticas de maquiagem verde. Os cinco itens aparecem na aplicação das variáveis de estudo desenvolvidas na pesquisa. Quadro 3 - Dimensões para medir o Greenwashing DIMENSÕES DO GREENWASHING (1) se o artigo mascara com descrição as suas características ambientais; (2) se o objeto utiliza artifícios gráficos e visuais que enganam quanto as suas características ambientais; (3) se existe apelo verde não demonstrável e vago; (4) se possui uma ênfase exagerada na funcionalidade verde do que é realmente; (5) se na apresentação do produto é omitida alguma informação o tornando mais verde do que de fato é. Fonte: Adaptado de Laufer (2003). Para o autor, as dimensões apresentadas no Quadro 2 podem ser sintetizadas em três elementos que constituem a prática da maquiagem verde: ser algo confuso, camuflar uma aparência e adotar uma conduta duvidosa. Para Laufer (2003), a prática da maquiagem verde é fraudulenta. A organização comunica as informações de forma controlada, disponibilizando o exigido por órgãos reguladores, dificultando a verificação da prática alinhada com as documentações, não deixa claro, transparente. Gerencia ações para adequar a legislação de maneira mais permissiva ao meio ambiente nas atividades industriais, camuflando ações nocivas. A adoção de uma imagem diferente das atitudes éticas, a cultura comprometida, acaba distorcendo a real intenção, caracterizando o uso da maquiagem verde, o que pode fragilizar o marketing ambiental como estratégia. Adotar estratégias equivocadas nesta prática pode refletir na credibilidade e confiança relacionada à empresa que aplica esse tipo de ação. O uso de diversos jargões associados à 37 causa verde gera uma nova expressão chamada fadiga verde, pode gerar dúvida ao consumidor sobre a real intenção e trabalho desenvolvido pelas organizações. 2.4 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR VERDE Os consumidores verdes emergem a partir da preocupação com a escassez de recursos, as catástrofes ambientais e as questões ligadas à sustentabilidade. O comportamento desses indivíduos no momento da compra acrescenta critérios diferenciados na escolha e análise de produtos verdes. A questão ambiental agrega valor no ato da compra e justifica um maior investimento financeiro em produtos ambientalmente ditos responsáveis. Com isso, satisfazer as necessidades atuais observando o que pode acarretar em gerações futuras exige das empresas uma postura cada vez mais ética na utilização do marketing direcionado para as questões ambientais. O sentimento do consumidor verde deverá ser estimulado através de informações promovendo a educação e o marketing deve direcionar as atividades nesse sentido. Estimular ações favoráveis ao meio ambiente que influenciem o comportamento positivo, permutando as atitudes nocivas por outras posturas que valorizem os aspectos da sustentabilidade (CHAMORRO; BAÑEGIL, 2006). Nesse contexto, aspectos positivos relacionados à marca potencializam mudança de atitude e despertam inclinações a aderir à causa ambiental através de anúncios de apelo verde. Pessoas que já possuem incorporado atitudes a favor do meio ambiente facilmente identificam a mensagem verde, mesmo quando o apelo é individual, essa contribuição individual acaba influenciando outros sujeitos. Assim sendo, um modo de promover a mudança de atitude é incentivar ações pontuais e para os anúncios o desenvolvimento dessa estratégia indica um caminho para motivar os indivíduos à causa verde (TUCKER et al., 2012). Os estudos realizados por Roberts (1996) apresentam a postura dos consumidores dos Estados Unidos através de uma escala ECCB (EcologicallyConsciousConsumerBehavior) desenvolvida para detectar a predileção por uma variedade de comportamentos ecologicamente adequados. Parte significativa dos consumidores aderiu à realização de compra ou contratação de serviço que provoque menos impactos negativos ao meio ambiente, representados por 27,5% dos entrevistados. Nesta pesquisa, o autor constata um número 38 representativo de adeptos ao comportamento de proteção do meio ambiente e de simpatia à causa ambiental, 72,5% dos pesquisados. No entanto, não disposto a pagar mais por esse tipo de produto, classificados como pró-ambientais. O estudo sinalizou um valor significativo, 42% das pessoas entrevistadas ainda eram alheias às questões ambientais que poderiam ser alvo de um marketing diferenciado a ser trabalhado, conquistando, com isso, novos adeptos. Posteriormente, novos estudos foram desenvolvidos utilizando a escala anteriormente exposta no intuito de compreender a predisposição dos consumidores em assumir perfis diferenciados em relação aos aspectos ambientais. Porém, a sustentabilidade direcionará novas variáveis para identificar a percepção e o comportamento do consumidor. No Brasil, outros autores desenvolveram trabalhos utilizando a escala para dimensionar a consciência ambiental do consumidor brasileiro relacionada a aspectos demográficos visando validar e verificar a confiabilidade do instrumento proposto aqui no Brasil. Os autores Ribeiro e Veiga (2011) descrevem em seus estudos que o consumo sustentável, o comportamento de compra, os costumes no uso e atitudes pós-consumo reforçam uma maior abrangência inserindo economia de recursos, utilização de bens até o término da vida útil, reutilização quando disponível e a reciclagem conforme o tipo de material. Pesquisa realizada pelo Natural Marketing Institute (NMI), em 2009, aplicada nos Estados Unidos, expõe uma segmentação do consumidor verde. O estudo revela que 83% dos norte-americanos apresentam envolvimento com ações, atividades e compras ambientalmente sustentáveis, preocupadas com o meio ambiente. A segmentação por comprometimento com o meio ambiente revela novos caminhos para atender aos anseios de preservar e atuar de forma ativa nas questões ambientais. Complementando a pesquisa a J. OttmanConsuting apresenta o segmento de consumidores por interesse verde, que possuem um provável comportamento ambiental. Os poupadores de recursos, fanáticos por saúde, amantes dos animais e entusiastas da natureza foram identificados por atitudes relacionadas a estas temáticas que compõem consumidores de produtos verdes. Os consumidores estão mais conscientes quanto às questões ambientais, todavia, cada segmento dará ênfase diferenciada às questões ambientais de acordo com interesses individuais (OTTMAN, 2012). 39 O comportamento do consumidor auxilia em novas práticas favoráveis às questões ambientais. Em estudo realizado com a geração Z, dez fatores decisórios expõem o que determina o comportamento desse grupo. Compreender os fatores que definem o comportamento verde desses grupos que estarão atuantes no mercado nos próximos anos pode demonstrar para as organizações caminhos mais assertivos na prática de marketing ambiental com maior foco no público-alvo de determinado produto (VEIGA NETO; OLIVEIRA JÚNIOR, 2012). O estudo do Comportamento do Consumidor envolve sujeitos e grupos de sujeitos no processo de escolha, na compra e no uso de produtos ou serviços. O papel do marketing compreende atender aos anseios do público-alvo, entender o comportamento de compra dos consumidores, o que, por que, onde e com que frequência realizam compras ajuda nesse diagnóstico. Associado a uma predisposição ao consumo de produtos e serviços que tenham a preocupação ambiental, o marketing deve atuar na relação entre consumo e consumidor. A comunicação utilizada também pode influenciar a tomada de decisão no momento da compra, pois o processo de decisão de compra está ligado a aspectos culturais, valores e crenças, atrelado às mensagens das campanhas em vários meios de comunicação. Antes do ato de comprar um processo anterior já influenciam a decisão de consumo de determinado produto ou serviço (SOLOMON, 2008). Segundo Blackwell, Engel e Miniard (2005) existem três categorias que agrupam fatores e motivadores que influenciam a tomada de decisão: a) elementos ambientais relacionados a influênciais culturais, familiar e situacional; b) características pessoais inerentes ao próprio indivíduo, como condições financeiras, cultura e estilo de vida; c) desenvolvimento psicológico, processo de aprendizagem e mudanças de atitude, comportamento. Assim, a complexidade envolvida no processo de compra irá variar de indivíduo para indivíduo de acordo com as influências que as categorias apresentadas determinam. O conhecimento será um impulsionador nas decisões relacionadas às causas ambientais. Desse modo, Solomon (2008) colabora evidenciando que a teoria dos impulsos relacionada (necessidades biológicas), no contexto ambiental, é menos evidente que a teoria das expectativas, pertencente à possibilidade de adoção de determinado comportamento a fim de atingir um alvo na melhor oportunidade. Diante do exposto, acrescenta-se ainda três conflitos que podem influenciar a ação no momento da compra e devem 40 ser solucionados com o desenvolvimento do trabalho de marketing visando atender às necessidades dos indivíduos apresentadas a seguir: a) conflito aceitação – rejeição; b) conflito aceitação-aceitação; c) conflito rejeição – rejeição; ambas as situações distinguem a forma como o consumidor reage a estímulos e impulsos motivadores na decisão de compra. O marketing explora os fatores que determinam as potencialidades existentes no momento de oferecer um produto, adequado ao contexto atual, visando ao aspecto ambiental vinculado com os fatores comportamentais do consumidor a fim de gerar melhores resultados no momento da compra. O convencimento é a oportunidade que o marketing ambiental tem para influenciar a decisão do consumidor. Modelos teóricos em diversas áreas podem ser combinados no estudo do comportamento do consumidor, contudo será notório que o consumidor é motivado por estímulos, que podem ser ambientais ou de marketing, e os respectivos aspectos intrínsecos, inerentes de complexos elementos que percorrem a definição da compra relacionada de acordo com o envolvimento com o objeto (BLACKWELL; ENGEL; MINIARD, 2005). Segundo Dahlstrom (2011), o consumidor passa por um processo antes, durante e após o consumo, a chamada tomada de decisão. O consumidor antecede sua decisão, reconhecendo sua necessidade, diferencia o estado ideal e o estado real, realiza a pesquisa, busca informações com o objetivo de identificar se o produto atende às necessidades atuais, avalia as opções e percebe as opções selecionadas, esta etapa do processo seria a pré-compra. Passado esse momento, a próxima etapa é a decisão e a forma como comprará, definindo o estágio de compra. A utilização do produto e a forma como o consumidor vai usá-lo. E por fim, o pósconsumo que avalia o produto após utilizá-lo ou a não, causando o descarte do produto. Sendo assim, o marketing ambiental deverá trabalhar para influenciar a compra e seu respectivo uso de maneira sustentável. O momento de consumo, seu local e a forma de consumir formam as fases do consumo que devem ser direcionadas para atingir a sustentabilidade no processo de utilização de determinado produto. Não basta o direcionamento para a compra, além disso, o seu uso evitando o desperdício e/ou a perda por vencimento do produto. 41 Considerando as questões que envolvem as escolhas do consumidor na busca do consumo consciente, o Instituto Akatu, criado desde 2000 e inicialmente vinculado às ações do Instituto Ethos, desenvolve um trabalho que visa compreender e informar o consumidor sobre a responsabilidade socioambiental e o poder de transformação ao aderir novas posturas relacionadas ao consumo. A missão do instituto é mobilizar os indivíduos para atitudes transformadoras vislumbrando a sustentabilidade, para isso, relatórios, pesquisas e parcerias são realizadas para fomentar a conscientização e práticas saudáveis para ambos. O Instituto Akatu, em 2012, apresentou em pesquisa que muitos consumidores brasileiros atribuem duas crenças que apontam problemas do meio ambiente relacionados ao consumo excessivo e aos valores mais caros dos produtos ambientalmente adequados. Com isso, o discurso a ser trabalhado pelo marketing ambiental deverá atentar para trabalhar juntos com as organizações atributos relacionados ao produto e sua efetiva participação na contribuição com o meio ambiente e a responsabilidade adotada pela empresa, como também expor que a quantidade relacionada ao consumo de um determinado produto não caracteriza somente o problema, mas todo o processo que envolve desde a fabricação até a duração e retorno do material desenvolvido. A qualidade do que será consumido deverá ser inserida no contexto como ponto de destaque, como comprar melhor, de forma duradora e menos agressiva ao meio ambiente. O direcionamento nas ações expostas na pesquisa poderá influenciar positivamente a tomada de decisão do consumidor e explorar a informação como ponto focal para o desenvolvimento de novas atitudes que não mais buscam um culpado, mas orientam e informam trabalhando de maneira ética. 2.5 O MERCADO DE MÓVEIS Segundo o Panorama Setorial Madeira e Móveis, elaborado em 2009 pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, o mercado na área de móveis possui o incremento de uma indústria nacional com o domínio de organizações de micro e pequeno porte, apresenta também característica fragmentada com nichos diferentes de atuação. No setor moveleiro, o desafio trabalhado é a inserção de novas tecnologias para agregar maior valor à produção, equipamentos eletrônicos e computadorizados são inovações que as empresas de médio e grande porte utilizam 42 para se manter competitivos ao mercado local e exterior. A partir dos anos 90, outro ponto sinaliza a transformação no setor, a utilização de novos tipos de matéria-prima e combinações de insumos, o uso de painéis de madeiras reconstituídas ou laminadas utilizando a madeira eucalipto e pinus na constituição. A substituição gradativa da madeira maciça por estes elementos apontam novos rumos na indústria moveleira. No cenário internacional, a Itália, até 2004, liderava o mercado de exportação através do design diferenciado ditando tendências mundiais. Encontra-se agora a China liderando com números significativos de produção, alterando o contexto mundial na área industrial e influenciando novos caminhos mercadológicos, assim como trazendo para o Brasil novos desafios para o cenário local. A indústria moveleira possui a diversidade e utilização de novas tecnologias como características. O maquinário e o processo utilizado equiparam-se às indústrias internacionais nas empresas líderes no ramo. Com isso, tornam-se competitivos para atingir o mercado exterior e a exigência quanto à procedência da matéria-prima é relevante. Os móveis podem ser de dois tipos: retilíneos ou torneados, a matéria-prima e a forma de produção são diferenciadas. Os móveis retilíneos são lisos e executados a partir de painéis compensados e chapas de fibras comprimidas. Enquanto os móveis torneados são mais detalhados mesclando formas retas e curvas, a matéria-prima utilizada é a madeira de reflorestamento e chapas de fibras comprimidas. Nos dois tipos de móveis, a produção pode ser seriada ou sob encomenda. Na produção seriada, os móveis modulados apresentam-se como um grande diferencial, pois são móveis retilíneos seriados que flexibilizam seu dimensionamento em módulos, adaptando as dimensões ao espaço do projeto. Deste modo, atende a um mercado crescente unindo a fabricação em série com personalização na escolha desses módulos. O polo industrial para atender a essa demanda se concentrou no sul do país. Por influência de imigrantes alemãs e italianos, grandes indústrias moveleiras se estabeleceram em Bento Gonçalves, região serrana do Rio Grande do Sul, e também em várias regiões do Paraná (FOLZ, 2003). A certificação foi uma ferramenta desenvolvida para direcionar novas condutas relacionadas à adoção de métodos de conservação e manejo de floresta nativa no mundo todo. O acontecimento da Conferência das Nações Unidas sobre 43 Ambiente e Desenvolvimento, na década de 90, determinou acordos firmados mundialmente para atender a demandas relacionadas à sustentabilidade. A certificação florestal surge como ferramenta de apoio, proveniente de pressões, como alternativa para atender a um mercado e à gestão das florestas direcionando práticas adequadas na utilização da matéria-prima. Atualmente, a certificação FSC determina princípios e critérios para a certificação, assim como credencia órgãos certificadores e monitora essas atividades (ULIANA, 2005). Fica demonstrado que o uso da certificação ambiental tem como característica trazer informações positivas de produtos específicos e sua origem. Atribuem garantias que direcionam as escolhas dos consumidores por expor itens de valor agregado, que podem fazer a diferença, tais como eficiência energética, o uso de material reciclado, entre outros (BARBIERE, 2011). O Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) desenvolve, há 20 anos, no Brasil, o trabalho de certificação socioambiental, nos setores agrícolas e ambientais. Em relatórios anuais expõem conquista e avanços nas boas práticas e esclarece a utilização das certificações. Acontecem de modo voluntário, por iniciativa de organizações que busquem empresas certificadoras, a auditoria e acompanhamento das ações e processos para adquirir o selo. No caso das florestas, a certificação é relacionada ao manejo e a indústria processadora da matéria-prima solicita a certificação. A cadeia de custódia rastreia a madeira desde a origem, transformação e produto final. Nesse processo, a certificação garante que o insumo extraído da floresta é originado de florestas reflorestadas ou nativas. Diferente da certificação do manejo florestal. Por isso, a cadeia de custódia identifica a matéria-prima (se é ou não certificada através do manejo florestal), faz a separação destes itens documentando, acompanha as fases de produção garantindo a origem, cuida do registro dessas informações, exerce as regras determinadas pelo certificador (FSC). Enquanto que a certificação do manejo florestal envolve a gestão respeitando a sustentabilidade, visando alcançar serviços e produtos com benefícios sociais e econômicos, e acompanha a etapa da cadeia de custódia dos insumos. A sustentabilidade e a qualidade são os objetivos da ABIPA - Associação Brasileira da Indústria de Madeira que desde 2011 vem implantando o Programa 44 Setorial da Qualidade de Painéis de Madeira comercializados no Brasil. Dessa forma, garante procedimentos e sistema de controle que atestam a responsabilidade dessas ações. Desse modo, a Certificação e o Selo Verde concedido por órgãos ligados ao FSC - Conselho Mundial de Florestas atestam que os painéis atendem que o modo de industrialização é socialmente mais justo, ambientalmente adequado, viável economicamente, produzido a partir do pinus e eucaliptos, madeiras de reflorestamento. Outros programas que atestam excelência na atividade de produção dos painéis são as certificações ISO 14.001, relacionada ao controle ambiental adotado na empresa, e a ISO 9001, elencada ao programa de gestão da qualidade, integralizando a busca por constante melhoramento e produção de matéria-prima coerente com a sustentabilidade, causadores de menor impacto. O desmatamento florestal disseminou um novo olhar na área de extração da madeira. A cobrança por novas atitudes tornou necessário um cuidado maior na extração dessa matéria-prima. E as organizações internacionais impulsionaram atitudes concretas com rejeição a produtos das florestas tropicais. Porém, não foram suficientes, adotaram-se outras medidas, como o bom manejo da matéria-prima, adequações na produção e no uso de matéria-prima, o envolvimento da população do entorno, assim como a produção responsável, atestando boas práticas. A certificação verifica ações que incluem desde o rastreamento da matéria-prima até o consumidor final. O acompanhamento garantirá ao consumidor a origem, trajeto e controle da matéria-prima, reforçando a credibilidade na certificação na cadeia de custódia, que desenvolve um trabalho de rastreamento das ações, que devem ser cumpridas para receber a indicação. Esses critérios podem ser um diferencial para o mercado, no entanto, no panorama brasileiro, a concentração de indústrias que utilizam a certificação ainda é direcionada na região sudeste e sul, polos de maior representatividade de indústrias do ramo e que atende clientes internacionais que tê9m a certificação como exigência dos negócios (ALVES et al., 2009). A questão da preservação do meio ambiente transcende a escolha de matéria- prima. Na indústria moveleira, ainda são necessários estudos que colaborem com a divulgação para aproveitamento de resíduos produzidos pelos processos adotados na fabricação. A prática representa ações pouco representativas em relação a números, mas sinaliza atitudes positivas para resolver 45 a questão da produção de resíduos de empresas engajadas à causa verde, transformando problema em solução. O planejamento empresarial também compõe atitudes que podem viabilizar a preservação do ambiente inserindo além da matériaprima adequada processos de reciclagem e reuso de componentes descartados no processo. Por isso, segundo estudo, acoplar ao processo de fabricação atividades que direcionem o uso desses elementos potencializa o aproveitamento dos produtos em relação à preservação do meio ambiente e sustentabilidade (CASSILHA et al., 2004). Estudos de Alves (2010) apontam que a certificação está crescendo, alcançando maior número de indústrias moveleiras devido às exigências do mercado externo. O mercado interno não propulsiona a certificação da matéria-prima, direcionando a indústria a tomar uma atitude voltada para atender às demandas externas e atestando a baixa exigência local de atitudes que poderiam contribuir com a sustentabilidade. 46 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O desenvolvimento deste estudo foi planejado em etapas a fim de ilustrar os procedimentos realizados para atingir o objetivo desejado da pesquisa. Sistematizar as informações faz parte do planejamento da pesquisa, por isso a importância em organizar as fases do estudo (MARCONI; LAKATOS, 2010). As partes apresentadas determinaram a sistematização adotada para a realização desta pesquisa. O Fluxograma 1 ilustra esquematicamente as etapas executadas para atingir os objetivos propostos. Fluxograma 1 - Método Fonte: Elaborado pela autora. O trabalho iniciou-se na fundamentação teórica, identificação das variáveis na literatura, definição do instrumento da pesquisa qualitativa e da quantitativa, definição da amostra qualitativa, definição da amostra quantitativa, um teste piloto 47 para qualitativa e um pré-teste quantitativo, coleta de dados (qualitativa), coleta de dados (quantitativa), análise da pesquisa qualitativa, análise da pesquisa qualitativa, resultados e discussão e conclusão. 3.1 TIPO DE PESQUISA A abordagem da pesquisa exploratória foi desenvolvida em duas fases: a primeira utilizando a abordagem qualitativa; e a segunda, a abordagem quantitativa. No estudo qualitativo, a intenção foi a identificação de novas variáveis que complementem a revisão da literatura. A segunda fase utilizou as variáveis identificadas para mensurar e confirmar as variáveis encontradas na abordagem quantitativa. A finalidade exploratória caracteriza esta pesquisa, entendendo que existe a necessidade de averiguar novas variáveis para complementar o estudo verificado na literatura, juntamente com a análise descritiva que avalia a frequência que o fenômeno pesquisado ocorre (GIL, 2006). 3.2 UNIVERSO E AMOSTRA Neste item, expõe-se o universo trabalhado e os critérios adotados na escolha dos sujeitos para a realização da pesquisa qualitativa e quantitativa. A pesquisa utilizou, na primeira etapa, abordagem qualitativa, a amostragem por conveniência e não probabilística. Por entender que os sujeitos da pesquisa possuíam representatividade na área, foram escolhidos profissionais de administração, gestores e empresários do município de Natal que tivessem algum tipo de relação com o tema proposto a fim de realizar um aprofundamento do conteúdo estudado na tentativa de identificar novas variáveis (MATTAR, 2012). Por não seguir nenhum dimensionamento amostral, o princípio da saturação teórica foi utilizado objetivando encerrar a quantidade de participantes desta etapa. Estudos apontam que a segurança empírica do pesquisador cresce na medida em que é observada uma similaridade nas respostas, com isso a vivência exposta dos sujeitos contribui até o momento em que se apresente diversidade dos dados. A contribuição finaliza quando é vista a sobreposição de ideias que não acrescentam informações novas ao estudo proposto (GODOI; MELO; SILVA, 2006). 48 Foram entrevistados cinco profissionais, sendo quatro do sexo feminino e um do sexo masculino, dos quais duas desenvolvem trabalhos na área de consultoria empresarial realizando projetos de apoio a pequeno e microempresário, no setor de produtos orgânicos e marketing. A terceira é gerente de uma empresa de fabricação de implementos para caminhões que utiliza parte da matéria-prima a madeira. A quarta entrevistada é gerente geral de um hotel local que é administrado por um grupo internacional que determina ações na área ambiental. E o último é proprietário e gestor de uma loja de móveis planejados que é integrante de uma rede nacional. A faixa etária foi a partir dos 32 anos, com média calculada de 41 anos. Na abordagem quantitativa, os sujeitos pesquisados foram os consumidores de móveis que sinalizassem interesse pelo tema através das redes sociais (Facebook). A pesquisa quantitativa foi realizada e aplicada através de ferramentas eletrônicas de comunicação, como e-mail, aplicativo (Whatsapp) e redes sociais. A participação dos usuários destes instrumentos foi voluntária. Foram trabalhadas 30 variáveis com afirmativas relacionadas à maquiagem verde como estratégia de marketing ambiental. A quantidade de indivíduos mínima calculada da amostra é de 5 (cinco) a 10(dez) vezes o número de variáveis utilizadas no estudo, a partir disso o número de 150 a 300 respondentes atenderia à indicação mínima de Hair Junior et al. (2005). Neste estudo, houve a participação de 231 sujeitos, representando quase oito vezes o número de participantes em relação às variáveis do estudo. Para identificar o perfil sociodemográfico dos sujeitos participantes dessa etapa, foram inseridas na introdução do questionário 05 perguntas objetivas a fim de registrar as informações sobre sexo, faixa etária, escolaridade, renda e região que reside. Totalizaram 231 respondentes do questionário elaborado para a coleta de dados, dos quais 66,7% do total são do sexo feminino (154 mulheres). A Tabela 1 expõe os dados. Tabela 1 - Quantidade de participantes por sexo Sexo Quantidade Feminino 154 Masculino 77 Fonte: Elaborada pela autora. 49 Na identificação da faixa etária, conforme Tabela 2, predominantemente ficaram à frente pessoas entre 25 e 35 anos de idade, com 38,1%, seguidas de faixa etária entre 36 e 45 anos, com 28,1%, acima de 46 anos 19,9% e abaixo de 25 anos, 13,9%. Tabela 2 - Faixa etária dos respondentes da pesquisa quantitativa Faixa etária Percentual Abaixo de 25 anos 13,9% 25 a 35 anos 38,1% 36 a 45 anos 28,1% Acima de 46 anos 19,9% Fonte: Elaborada pela autora. Quanto à escolaridade, 115 pessoas possuem pós-graduação, 49,8%, 85 com superior completo, 36,8%, 28 pessoas com ensino superior incompleto, 12,1%, e 3 respondentes, representando 1,3%, têm ensino médio. Tabela 3 - Escolaridade dos respondentes da pesquisa quantitativa Escolaridade Quantidade Pós-graduação 115 Superior Completo 85 Superior Incompleto 28 Ensino Médio 03 Fonte: Elaborada pela autora. Na questão da renda, Tabela 4, 36,8% apresentam o intervalo entre 03 e 05 salários mínimos, 27,2% no intervalo acima de 09 salários mínimos, 25,9% entre 06 e 08 salários mínimos e os demais, 10,1%, abaixo de 02 salários mínimos. Tabela 4 - Renda dos respondentes da pesquisa quantitativa Renda Percentual Abaixo de 02 salários mínimos 10,1% 03 a 05 salários mínimos 36,8% 06 a 08 salários mínimos 25,9% Acima de 09 salários mínimos 27,2% Fonte: Elaborada pela autora. 50 Outra informação direcionada para os respondentes selecionar foi em relação à região do país que reside ou se está fora do país. A Tabela 5 aponta que a região Nordeste teve 204 participantes. Os demais distribuídos da seguinte forma: 16 pessoas da região Sudeste, 03 de cada região Norte e Centro-Oeste, 03 residentes fora do país e 02 pessoas da região Sul. Tabela 5 - Região da moradia dos respondentes da pesquisa quantitativa Região Quantidade Nordeste 204 Sudeste 16 Norte 03 Oeste 03 Sul 02 Fora do Brasil 03 Fonte: Elaborada pela autora. A partir da tabela, registra-se o predomínio dos respondentes na região Nordeste, este fato pode sinalizar facilidade de acesso às redes e grupos sociais que se disponibilizaram a participar. 3.3 PLANO DE COLETA DE DADOS Inicialmente, através do referencial teórico, foi possível a extração das variáveis de estudo que permitiram a elaboração de um roteiro que conduziu as etapas a seguir. Neste momento da pesquisa, a aplicação de entrevista em profundidade possibilitou trabalhar a abordagem qualitativa na identificação de novas variáveis, sendo aplicada pessoalmente e individualmente através de roteiro semiestruturado (MALHOTRA, 2012; MATTAR, 2012). A partir da pesquisa qualitativa, as variáveis de estudo foram complementadas conduzindo a um questionário estruturado, administrado pelo pesquisador, através de meios digitais disponibilizados aos sujeitos da pesquisa a fim de contribuir para os estudos quantitativos. Nesse questionário, uma listagem de afirmações foi organizada em sequência com a determinação de uma escala, conhecida como Likert, para a concordância ou não de tal afirmativa ou negativa. A 51 escala geralmente com cinco níveis vai desde discordo totalmente até concordo totalmente. Permite fácil elaboração e entendimento do entrevistado (MALHOTRA, 2012). 3.4 VARIÁVEIS DA LITERATURA As variáveis extraídas da literatura possibilitaram a montagem do instrumento contendo 23 variáveis com as respectivas explicações utilizadas no questionário da abordagem quantitativa. Nos Quadros 3 e 4, observa-se variáveis relacionadas à maquiagem verde e marketing ambiental, ambas identificadas nesta etapa em quadros distintos. Para a montagem do questionário, as variáveis foram inseridas aleatoriamente sobre os dois constructos visando evitar a indução dos respondentes marcarem uma única resposta, sem a leitura completa. No entanto, para o tratamento dos resultados, a análise estatística foi invertida no intuito de identificar a percepção da maquiagem verde na concordância ou discordância das estratégias de marketing ambiental. Desse modo, esta etapa foi realizada para verificar práticas de maquiagem verde mais utilizadas a partir da perspectiva dos consumidores de móveis, realizando parte dos objetivos propostos. Quadro 4 - Variáveis da literatura – maquiagem verde (continua) Nº V 05 Título Verde do produto V 06 Ações verdes camufladas Fragilidade nas ações verdes Questão Evito produtos rotulados com expressões vagas sobre a prática ambiental, como “amigos da natureza” ou “ecologicamente correto”. Associo à empresa uma imagem ecológica quando a comunicação gráfica tem imagens de paisagens ou florestas. Acredito em empresas quando apresentam em suas propagandas termos como sustentabilidade, reflorestamento, reciclável, biodegradável e reutilizável. É falso o uso da palavra sustentabilidade quando a empresa oculta procedimentos internos que podem comprometer o meio ambiente. Considero verdes os produtos que utilizam identificação verde “amigos da natureza” ou “ecologicamente correto”. Desconfio de produtos que não apresentam claramente as reais atitudes verdes. Fico indeciso da compra quando desconfio de algo incorreto na apresentação do discurso das ações verdes. Rótulo verde apelativo Desconfio da credibilidade de rótulos que apresentam algo exagerado no discurso das ações ambientais. V 01 V02 V03 V04 V07 V 10 Variável Informação vaga no rótulo Apelo midiático verde Crença na propaganda verde Falsidade Ecológica Autores Laufer (2003) Laufer (2003) Laufer (2003) Boff (2012) Boff (2012) Ottman (2012) Dahlstrom, (2011) Dahlstrom, (2011) Chen; Chang (2012) Walsh; Michell (2010) Diffenderfer e Baker (2011) 52 Quadro 5 - Variáveis da literatura – maquiagem verde V12 V14 V 16 V 19 V 20 V 21 V 22 Responsabilidade ambiental parcial Atributos verdes parciais Consciência da maquiagem verde Falta de evidência Evidência da marca dita verde Discurso verde distorcido Camuflagem verde na comunicação Substituir madeira maciça por painéis reconstituídos de MDF não atesta responsabilidade ambiental. Anunciar o uso de madeira de reflorestamento como Pinus e Eucalipto em móveis atribui à empresa responsabilidade ambiental. Tenho consciência do prejuízo ao ambiente causado por produtos que não são totalmente verdes. (conclusão) Cassilha et al. (2004) Cassilha et al. (2004) Chen e Chang (2012) Fico desmotivado a comprar quando percebo a falta de valorização de ações ecológicas nas empresas de móveis. Ignoro campanhas de apelo ambiental que exploram a marca utilizando o discurso verde. Dias (2009) Utilizo as redes sociais para denunciar quando adquiro produtos que não retratam o real discurso verde. Lyon e Montgomery (2012) Lyon e Montgomery (2012) Desconfio de “camuflagem verde” quando empresas apelam na comunicação para vender a ideia de ambientalmente correta. Dias (2009) Fonte: Elaborado pela autora. As variáveis apresentadas no Quadro3 sinalizam práticas de maquiagem verde utilizadas por organizações segundo estudos apresentados pelos autores citados. No Quadro 4, foram inseridas as variáveis da literatura com relevância no marketing ambiental e as respectivas estratégias. Identificar a percepção dos consumidores quanto à prática do constructo mencionado busca observar a maior incidência de concordância ou não nos itens abordados. Quadro 6 - Variável da literatura – marketing ambiental V 08 V 09 V 11 V13 V 15 Interesse pela informação verde Preferência por produtos ambientais Guia Verde gera credibilidade ambiental. Interesse pela origem do produto Exposição clara de ações sustentáveis Tenho interesse pela veracidade de informações sustentáveis. Prefiro empresas que apresentam claramente os objetivos ambientais. Acredito em produtos que expõem claramente as ações ambientais orientadas por algum Guia Verde, identificando os processos. Busco informação sobre a procedência “verde” da matéria-prima dos móveis que compro. Volto a comprar de empresas que expõem claramente ações sustentáveis. (continua) Walsh e Mitchell (2010) Barbiere (2011) Dias (2009) Diffenderfer e Baker (2011) Cassilha et al. (2004) Chen e Chang (2012) 53 Quadro 7 - Variável da literatura – marketing ambiental V 17 V 18 V 23 Imagem consumidor preservada Valorização Informação ambiental do Rejeito produtos que prejudiquem imagem de consumidor consciente. da Valorizo a disponibilidade da informação sobre o processo de fabricação e a causa ambiental adotada pela empresa no momento da compra de um móvel. Acompanho práticas de ativistas ambientais como Greenpeace na busca de ações ambientais inadequadas das empresas. Interesse por ações ambientais minha (conclusão) Chen e Chang (2012) Ottman (2012) Lyon e Montgomery (2012) Fonte: Elaborado pela autora. As variáveis relacionadas ao marketing ambiental, anteriormente expostas através do Quadro 4, contribuíram para a construção das questões que permitiram complementar os conteúdos apresentados aos instrumentos da pesquisa, tanto qualitativa quanto quantitativa. 3.5.TRATAMENTOS DOS DADOS A realização desta etapa teve como objetivo alcançar maior familiaridade com o estudo proposto a fim de detectar variáveis que complementem as informações levantadas na literatura. Compreender o fenômeno através de agentes e suas atitudes cotidianas, utilizando como técnica a entrevista em profundidade, permitiu identificar novas variáveis e confirmar o que foi estudado na literatura. 3.5.1 Instrumento e coleta de dados da pesquisa qualitativa A escolha da pesquisa qualitativa exploratória foi a mais adequada para este estudo. Segundo Vergara (2008), quando se dedica a relatar causa ainda pouco investigada através de instrumentos que aprofundarão a busca por conhecimento através da análise das entrevistas em profundidade. Com base no objetivo geral da entrevista, o roteiro das perguntas permitiu uma informalidade para que o entrevistado trouxesse espontaneamente as ideias sobre o assunto, neste momento, o entrevistador teve papel de estimulador, permitindo a partir da oportunidade concebida no momento da entrevista uma pergunta fora do roteiro, assim como a ordem das perguntas possa ser invertida a fim de explorar a vivência e experiência sobre o assunto do entrevistado. 54 O instrumento utilizado para realização da entrevista compreende um roteiro de entrevista com 06 perguntas (APÊNDICE A), contendo questões abertas, com o objetivo de extrair a percepção e os elementos que puderam acrescentar na elaboração da próxima etapa, confirmando variáveis da literatura e extraindo novas variáveis para a sequência do estudo. A realização aconteceu pessoalmente com agendamento prévio com os participantes. Foram apresentados os objetivos do estudo, assim como esclarecidas as questões de preservação da identidade e o nome das respectivas empresas. Após a confirmação voluntária na participação, foram realizadas as entrevistas e gravado o áudio para registro do relato dos profissionais. A identificação dos profissionais entrevistados ao longo do estudo aparece com a letra P acompanhada do número estabelecido a partir da ordem das entrevistas, P1, P2, P3... P5. 3.5.2 Análise das entrevistas Para a análise de dados coletados, observaram-se alguns requisitos relevantes, tais como validade, relevância, especificidade, clareza, profundidade e extensão. Avaliando esses elementos, comparara-se as respostas com o conteúdo estudado ao relato dos entrevistados, podendo convergir ou divergir, como também conduzir a novos dados do assunto (MARKONI; LAKATOS, 2010). Primeiramente, as entrevistas foram gravadas, com a autorização dos respondentes, e transcritas em um segundo momento, registrando os pontos importantes de contribuição. Nesse momento, a clareza das informações e os recortes se fizeram necessários direcionando ao objetivo da pesquisa e compondo os resultados alcançados. A análise do conteúdo adotada como técnica interpretativa para realização dessa etapa de coleta de informações através das entrevistas, para Bardin (2011), permite inferir o conhecimento das variáveis trabalhadas através da comunicação verbal analisada registrada na íntegra dos participantes sistematicamente e depois de confrontado com a literatura trabalhada no estudo. Uma das vantagens do uso da entrevista é estabelecer um diálogo que pode a partir dessa interação permitir uma troca de informações que possa acrescentar nos estudos. A entrevista-conversação, para fins de pesquisa, deve estabelecer essas condições para uma entrevista qualitativa, que para este estudo destinou entrevista em profundidade (GODOI; MELLO; SILVA, 2006). 55 3.5.3 Instrumento e coleta de dados da pesquisa quantitativa O desenvolvimento da pesquisa quantitativa acrescenta o estudo através da análise estatística dos dados coletados. Segundo Malhotra (2012), o uso da pesquisa qualitativa auxilia na observação de um novo problema, integra a pesquisa quantitativa promovendo a complementação do estudo. Com isso, utilizar dados para quantificar algo e a aplicação de algum tipo de análise estatística colabora para a identificação e a percepção do pesquisado sobre o tema proposto. Nesta etapa, houve a possibilidade de confirmar, ou não, as variáveis pesquisadas na literatura e as variáveis identificadas na entrevista em profundidade realizada anteriormente no estudo qualitativo. Nesse contexto, a execução dessa fase possibilitou uma maior credibilidade ao exame dos resultados. Um questionário com as afirmativas relacionadas às variáveis de estudo foi desenvolvido para aplicação online. Antes da aplicação, um pré-teste foi realizado com o objetivo de detectar alguma incompreensão na formulação do texto. Após disponibilizar para docentes da área, alguns ajustes foram realizados a fim de viabilizar melhor compreensão. Para as afirmativas expostas, foram disponibilizadas escalas Likert de cinco pontos, variando de discordo totalmente a concordo totalmente. Para Malhotra (2012), esta escala exige que os entrevistados indiquem um grau de concordância ou discordância amplamente utilizada para estudos deste fim. A vantagem apontada pelo autor é a facilidade de construção e aplicação, principalmente sendo utilizadas em entrevistas pessoais, por telefone ou postais. No entanto, apresenta como desvantagem o tempo maior para ser completada. O entrevistado utiliza mais tempo de leitura das afirmativas quando apresenta uma afirmação desfavorável que requer atenção do participante para a indicação do grau de concordância ou discordância. O questionário foi respondido através da ferramenta Google Docs. Ficou disponível online durante sete dias. Para o envio do questionário preenchido, o respondente teria que completar todas as afirmativas descritas, para isso, foi sinalizada a obrigatoriedade por um asterisco ao longo das questões, assim todos os instrumentos recebidos estavam completamente preenchidos. Por essa, razão não foi descartado nenhum questionário. Outro item inserido na construção do instrumento foi a barra de progresso, visualizada na parte inferior do questionário. 56 Com isso, o respondente acompanhava a sua evolução e o tempo estimado para finalizar a etapa e enviar. A abordagem aos usuários foi realizada através de endereços eletrônicos e redes sociais. A coleta de dados por intermédio destes meios digitais permitiu uma maior interação e participação espontânea de usuários, que se disponibilizaram, individualmente ou interagindo através de grupos sociais, a contribuir na composição desta etapa voluntariamente. Nos APÊNDICES B, C e D encontra-se a explicação do instrumento utilizado para apresentação introdutória aos respondentes. O modelo utilizado do questionário e a visualização do modelo online visto pelos respondentes a partir do link disponibilizado nas redes sociais compreendem os apêndices citados. 3.5.4 Análise da pesquisa quantitativa A utilização da ferramenta Google Docs permitiu que os dados dos respondentes fossem registrados, bem como a análise e agrupamento das informações e conclusões finais. A tabulação aconteceu a partir da transferência das informações para o software Excel com aplicação dos cálculos estatísticos e montagens dos quadros e tabelas. Para identificar a frequência distributiva de cada variável, observou-se o número de repostas associadas a diferentes valores atribuídos a cada variável e o percentual a partir dessa distribuição matemática, torna-se conveniente utilizar a frequência associada a cada variável (MALHOTRA, 2012). Com a aplicação da frequência, observa-se as variáveis com maior número de concordância ou não e identifica respostas ilegítimas. A média de cada variável e o desvio padrão também compõe a análise dos dados coletados. 57 4 RESULTADOS Neste item, estão expostos os resultados e a realização da análise dos dados coletados na pesquisa. Com isso, utilizou-se o referencial teórico desenvolvido anteriormente e as informações coletadas para responder aos objetivos propostos neste trabalho. 4.1 VARIÁVEIS DE MARKETING AMBIENTAL Na realização da entrevista em profundidade, a primeira questão do roteiro de entrevista solicita ao profissional expor a percepção em relação às estratégias empresariais utilizadas para a divulgação ambiental e o que pode distorcer ou prejudicar a mensagem ambiental. Neste sentido, a intenção foi iniciar de forma aberta e livre um diálogo para o profissional expor seu entendimento sobre como o marketing ambiental vem sendo explorado e como a mensagem verde é exposta. Nos relatos trazidos a partir da primeira questão do roteiro de entrevista, percebe-se que os entrevistados possuem, no próprio cotidiano, experiências relacionadas ao tema proposto. [...] o que eu vejo mais é isso, as pessoas usam de forma errada a divulgação de suas certificações ou às vezes abusam na utilização, por exemplo, afirma: meu produto é orgânico, a empresa não pode dizer que o produto é orgânico, quem tem que atestar se é orgânico é o instituto que fez a auditoria, que fez a certificação daquele produto, então a empresa deve divulgar como foi que conseguiu aquela certificação. (P1) [...] algumas empresas sabem usar bem essa ferramenta, comunicando, outros não. Isso me chamou atenção, às vezes o cliente nem sabe se foi feito de madeira de demolição ou de algum reflorestamento, ou alguma coisa que teve algum tratamento ou preocupação com o meio ambiente, não soube dizer isso ao cliente ao visitante da loja ou o cliente do mobiliário, apenas quer demonstrar isso com certificado. (P2) [...] as estratégias usadas hoje, nesta questão ambiental e a sustentabilidade, no nosso ramo de atividade, elas estão muito mal apresentadas, mas por culpa do próprio consumidor, eu julgo mais pelo próprio consumidor, que não valoriza o trabalho que foi desenvolvido, a certificação, eles muitas vezes não querem ouvir a argumentação que aquela matéria prima ali está legalmente aprovada. (P3) [...] os papeis de notas fiscais que um dos nossos fornecedores emite para nossos clientes são recicláveis, eu achei essa preocupação 58 deles legal, mas não vejo isso em toda empresa, até porque alguns selos requer muita exigência e nem toda empresa está querendo pagar esse preço, custoso. [...] poucas pessoas percebem isso, a nossa cultura em si no dia-a-dia não está nem aí para isso, a gente que vem de fora percebe a preocupação maior, as pessoas estão focadas nisso o tempo todo. [...] a propaganda vai ser feita, mas acho que a percepção da gente é muito pouco em relação a isso a gente não tem educação para isso, acho que o problema é muito mais profundo, na minha visão. (P4) [...] a empresa X tem o dia do amigo do planeta que tem que desligar as luzes por um tempo determinado, eles divulgam, mas não sei o quanto atingem, porque ainda está na questão de conscientização das pessoas de fazerem [...] a divulgação muitas vezes ela é feita, mas prejudica por que o pessoal não está engajado realmente para fazer. (P5) É apresentado nos relatos acima o apelo ao verde em situações distintas, constata-se que as estratégias empresariais podem ser conduzidas de variadas formas. No entanto, como as informações são trabalhadas pelas empresas, podem sinalizar o quanto estão envolvidos na causa. Outro item observado, a mensagem ambiental, contribui para o entendimento e o engajamento dos consumidores e os demais envolvidos no tema, podendo distorcer ou prejudicar as estratégias empresariais. Ao analisar os relatos dos profissionais P1 e P5, as ações pontuais são atitudes realizadas por grandes empresas na área ambiental. Os entrevistados têm percepções diferentes, ao mesmo tempo em que essa ação é valorizada por P1, o profissional P5 se questiona sobre como a atitude pontual afetará, sensibilizará o consumidor se não houver um processo contínuo para incentivar ao engajamento. Os entrevistados apontam que nem todos consumidores conseguem de fato se apropriar da divulgação adotada pelas empresas por falta de conscientização na causa ambiental. O uso da divulgação verde parece ser indiferente para os exemplos mencionados pelos profissionais entrevistados, talvez a falta de conhecimento potencialize a falta de engajamento das pessoas em relação ao cunho ambiental. Assim sendo, corrobora com as afirmações apresentadas por Dahlstrom (2011) sobre o produto dito verde a partir das expressões utilizadas, potencializando possível maquiagem verde nas ações de marketing ambiental (V5 – Identificação Verde). Estudos apresentados por Laufer (2003) indicam que as informações vagas no rótulo de produtos distanciam da real causa ambiental, camuflando parte das 59 ações não ambientais adotadas nas empresas, banalizando com expressões e não informando com profundidade a real ação, evidenciando o apelo verde de maneira vaga (V1 – Informação vaga no rótulo). Segundo Ottman (2012), os apelos à causa verde mesmo que individuais devem ser incentivados, para isso, o marketing ambiental irá direcionar ações motivacionais de acordo com o público-alvo. O produto verde deve estabelecer estímulos individuais relacionados a tempo, esforço e dinheiro, assim, repercute localmente, podendo potencializar ações maiores influenciando outros a aderir à causa. Neste sentido, a participação da sociedade estimulada a partir do governo na mobilização coletiva deveria prevalecer em relação aos aspectos individuais. No entanto, os valores e atitudes individuais acabam servindo de exemplo para a causa ambiental. Não é a falta de conhecimento que prejudica o engajamento, seria a ausência de ações globais que poderiam atingir uma repercussão significativa, gerando maiores resultados em prol da causa (ASSADOURIAN; PRUGH, 2013). Seguindo o roteiro de entrevistas, outra questão aborda o uso da certificação ambiental como impulsionador e motivador na escolha de produtos a fim de entender a importância atribuída às certificações referentes à promoção de vendas. A seguir, é possível observar as percepções dos respondentes a partir dos relatos registrados. [...] o selo verde ele induz mais as pessoas que estão sensibilizadas. A empresa pode até ter o selo verde, mas enquanto as pessoas não souberem o que aquilo pode significar, acaba não induzindo a nada. (P1) [...] importante como forma de comunicar, às vezes o produto é, ou você faz alguma ação, mas não informa para o cliente isso, então o selo é uma maneira de comunicar, [...] é uma forma de garantir ao cliente que aquele produto está cumprindo com todos os critérios exigidos e que alguém certificou e verificou que realmente no processo produtivo ele utiliza todos os conceitos e prática para a sustentabilidade. (P2) [...] era para ser um diferencial na venda, mas infelizmente cai no descrédito. (P3) [...] vai depender da cultura, se estiver voltada para isso, consumidores conscientes, mas a gente não tem isso é uma minoria que vai perceber, você, eu, alguns do nosso meio, mas a grande 60 maioria não, a não ser que trabalhasse muito forte em termo de mídia. (P4) [...] eu acho que não é um ponto decisivo na hora da venda. (P5) O uso da certificação ambiental, principalmente no setor moveleiro, garantirá a credibilidade da matéria-prima desde sua origem, manejo, trajeto e controle, através de rastreamento das condições, até o destino final. Dessa forma, a avaliação desse critério se torna um diferencial a ser considerado para o mercado (ALVES, 2010). A importância da certificação ambiental como incentivadora no momento da compra deveria ser um impulsionador de vendas. No entanto, quando essa pergunta foi realizada, as respostas apontadas não sinalizaram a certificação ambiental como um diferencial para venda, pois a maioria dos consumidores ainda não percebe a importância atribuída à certificação. Os respondentes P1 e P4 associam aspectos positivos ao uso do selo verde e apontam que as pessoas que já possuem algum conhecimento relacionado à causa ambiental, a certificação atingirá esse público, que tenham conhecimento prévio da importância do selo. Esses consumidores valorizam os critérios utilizados para a certificação, facilmente a escolha por produtos certificados acontecerá para esses indivíduos. O profissional P4 expõe que poderia haver uma divulgação maior sobre a certificação na mídia, assim atingiria um volume maior de possíveis consumidores. Para isso, um trabalho de exposição e educação seria relevante para captar adeptos e haver uma crescente valorização da certificação. A respondente P2 atribui ao selo uma forma de divulgação, ou seja, o selo comunica que aquele produto tem algo diferenciado em relação ao meio ambiente. Já as profissionais P3 e P5 não atribuem a promoção de venda aos selos. Para P3, apesar de concordar que deveria ser um diferencial, acaba não influenciando na venda, uma vez que existe um descrédito que prejudica essa característica que poderia ser um impulsionador de venda e agregar positivamente as ações ambientais adotadas, tal como a certificação. Diante do exposto, trabalhar vantagem competitiva com clareza de informações nos produtos de apelo ambiental é papel do marketing ambiental. 61 Assim, a adoção da certificação é um importante instrumento para resguardar a responsabilidade e compromisso da organização com aquela causa verde (ALVES, 2011). Portanto, é relevante o uso da certificação, porém deverá ser bem articulada com o marketing ambiental. A autora Ottman (2012) em seus estudos aponta que os consumidores do mundo inteiro possuem postura diferenciada em relação à causa verde. Por isso, o destaque na divulgação que busca a causa verde é a credibilidade. O discurso verde deve ser transparente e claro, evitando o apelo através de jargões que camuflam a real atitude e ação. A imagem das organizações quanto à causa ambiental deve se afastar do apelo sem profundidade na exposição das atividades desenvolvidas pela empresa. Foi questionado aos entrevistados como é percebida a exploração do apelo ambiental do mercado de móveis no momento da compra. A divulgação no setor moveleiro para os respondentes ainda não é clara, a utilização de chapas de reflorestamento para a utilização em móveis é destacada, ao mesmo tempo em que é comunicado para quem exige essa comprovação, por exemplo, o mercado internacional. No dia a dia esse apelo ainda não está sendo explorado adequadamente, conforme relatos abaixo registrados. [...] Eu tive uma experiência, na verdade uma curiosidade de perguntar ao marceneiro aonde ele adquiria a madeira, se era proveniente de reflorestamento, mas ele não sabia a origem. (P1) [...] Recentemente, eu ví [...] mobiliário que tem madeira reciclada, impressa no móvel, ficou bem jovial, com aqueles carimbos no próprio móvel, parece até que o mobiliário foi carimbado, fez parte da decoração, então comunicou bem ao cliente que aquele mobiliário é reciclado, entendeu. Então alguns conseguem sim comunicar bem, já outros não tem essa percepção. (P2) [...] a empresa de móveis ela migrou, ela migrou 100%, ela hoje não utiliza de madeira de lei, como a gente chama, madeira original, ela é praticamente em cima de madeira de reflorestamento. (P3) [...] a preocupação dos grandes empresários é atender o mercado externo, porque lá é cobrada a certificação, talvez por isso eles estejam mais atentos, para ganhar visibilidade externa. (P4) [...] eu não vejo isso na mídia, não vem sendo percebido por mim, mas eu fico pensando se eu for comprar uma cadeira reciclada eu vou pagar muito mais caro, em relação a outro que é normal. (P5) 62 Para a profissional P2, o exemplo citado alerta para o modo como a comunicação pode expor e salientar uma característica de um determinado produto. A exposição do selo ou da etiqueta pode tornar um atrativo do produto direcionando a compra. Outro ponto observado foi o atributo preço, citado pela entrevistada P5, que o produto reciclado ainda pode ter preço diferenciado, afastando a possibilidade de aderir ao produto alternativo mesmo com apelo ambiental. Nesse sentido, o mercado internacional exigiu uma nova postura em relação ao uso de madeira nativa. A partir dessa determinação, as grandes empresas nacionais adotaram, por questão de espaço internacional, materiais adequados à exigência externa, o que potencializou o uso e disseminação das chapas com madeira reflorestava de pinus e eucalipto. Segundo os autores Cassilha et al. (2004), outras questões estão envolvidas no processo produtivo, a geração de resíduos e utilização de recursos que ainda são tratados isoladamente, por isso a adoção da matéria-prima ajustada seria um ponto do processo de sustentabilidade. A responsabilidade ambiental nessas etapas mobilizaria a cadeia produtiva como um todo. As variáveis de marketing ambiental coletadas na abordagem qualitativa que compuseram o instrumento na abordagem quantitativa foram os itens descritos abaixo. Quadro 8 - Variáveis de marketing ambiental extraídas da pesquisa qualitativa Nº variá vel V25 V26 V30 Variáveis Explicação das Variáveis Selo verde como atrativo de compra Confiança associada à marca Divulgação incentiva compra consciente. A exposição de etiqueta ou selo verde nos produtos atrai o consumidor na compra de produtos sustentáveis. Atribuo confiança à marca quando o processo utilizado para atingir a sustentabilidade é claro. A divulgação na mídia de ações verdes incentiva a compra consciente. Fonte – Elaborado pela autora. A partir das informações expostas, as novas variáveis trazidas pelos entrevistados, conforme Quadro 5 da etapa qualitativa, foram confrontadas a fim de constatar a representatividade dessas variáveis para os consumidores de móveis na etapa quantitativa, colaborando assim na proposição do objetivo proposto. 63 Na análise descritiva das variáveis, a tabela a seguir (Tabela 1) expõe a frequência distributiva de respostas dos sujeitos da pesquisa. Ao analisar cada variável, é possível verificar a porcentagem de respostas dadas àquelas afirmativas individualmente. Com isso, percebe-se a contagem da frequência associada a um valor a partir das variáveis apresentadas (MALHOTRA, 2012). As variáveis de marketing ambiental utilizadas neste estudo evidenciam a percepção de apelo ambiental para o mercado de móveis. A frequência distributiva de respostas sinaliza na escala de mensuração (variando de discordo totalmente a concordo totalmente) as variáveis que indicam a maior representatividade na visão dos respondentes, logo, algumas estratégias de marketing ambiental são mais evidentes na divulgação utilizada no setor moveleiro. A seguir Tabela 6 apresenta dados do estudo relacionado à frequência distributiva das afirmativas propostas. Concordo um pouco Concordo Totalmente F 9 13 5 % 3,9 5,6 2,2 F 36 38 32 % 15,6 16,5 13,9 F % 57 24,7 53 22,9 77 33,3 F 121 121 112 % 52,4 52,4 48,5 7 3 5 2,2 34 14,7 77 33,3 108 46,8 3 1,3 7 3 36 15,6 80 34,6 105 45,5 11 3 8 4,8 1,3 3,5 15 10 15 6,5 4,3 6,5 44 52 45 19 22,5 19,5 69 29,9 77 33,3 86 37,2 92 89 77 39,8 38,5 33,3 VARIÁVEIS V9* Preferência por produtos ambientais V8* Interesse pela informação verde V26* Confiança associada à marca Divulgação incentiva compra V30* consciente Guia Verde gera credibilidade V11* ambiental V18* Valorização da informação ambiental V15* Exposição clara de ações sustentáveis V25* Selo verde como atrativo de compra Nem um nem outro % 3,5 2,6 2,2 Discordo um pouco F 8 6 5 Discordo Totalmente Variáveis Tabela 6 - Maior frequência das afirmativas concordo totalmente – marketing ambiental Fonte: elaborada pela autora. A frequência distributiva das afirmativas em maior número exposto na Tabela 1 acima aponta as variáveis mais escolhidas e associadas às estratégias de marketing ambiental para o mercado moveleiro. A maior frequência de respostas está na V9, preferência por produtos ambientais. O segundo ponto menciona o interesse pela V8, a informação verde, com 52,4%, representando um número significativo de escolhas em ambas variáveis. Com isso, sinaliza que as pessoas tendem a preferir produtos com características ambientais e têm interesse pela 64 informação. Corroborando com os estudos apresentados anteriormente, reforça o papel do marketing ambiental como indutor de ações verdes e, se bem direcionado, podem servir como instrumento de mudança (DIAS, 2009). A terceira variável destacada, “confiança associado à marca”, a V26, com uma frequência significativa, concordando um pouco 33,3% e totalmente 48,5%, expõe confiança atribuída à marca quando o processo utilizado pela empresa moveleira para atingir a sustentabilidade é claro, assim a importância da associação à marca no despertar e potencializar as mudanças de atitudes reforçando a imagem otimista para o caminho verde (TUCKER et al., 2012; MONTEIRO et al., 2014; VEIGA NETO et al., 2014). A variável 30, “divulgação incentiva compra consciente”, aparece em quarta posição com frequência alta de respostas concordando com a afirmativa, desse modo confirma a relevância do trabalho desenvolvido pelo marketing ambiental, se direcionado à divulgação na mídia de ações verdes. Neste contexto, corrobora com estudos aqui apontados do papel do marketing ambiental na responsabilidade em divulgar práticas positivas em relação às questões ambientais, como também direcionar a mídia na disseminação de boas práticas (DIAS, 2009). O uso de guia verde referenciando ações sustentáveis e direcionando práticas ambientais coerentes com a realidade reforça o quinto item sinalizado com forte frequência distributiva, 45,5% de concordância. Diffenderfer e Baker (2011) trazem a utilização de guias verdes como referência na exposição de atribuições ambientais evitando a prática da maquiagem verde e gerando certa credibilidade. É crescente essa prática internacionalmente como modo de garantir um direcionamento a favor do consumidor em relação à credibilidade das ações expostas, com isso produtos que se orientam por guias facilmente buscam os caminhos para as certificações utilizando como pré-requisito essa prática. O uso do selo verde como estratégia de marketing ambiental aparece em oitava posição, apresentando 37,2% concordando um pouco e 33,3% concordando totalmente. O uso do selo verde garante processos adotados que certificam ações adequadas e realizadas com critérios preestabelecidos, assim a percepção dos consumidores sobre a relevância é significativa. No mercado moveleiro, a busca por 65 certificação é crescente, principalmente por uma demanda internacional, que exige critérios rígidos sobre várias etapas (ALVES, 2010). Isso permite afirmar que todas as variáveis trabalhadas confirmam atitudes relacionadas ao marketing ambiental utilizado no modo recomendado pelos autores: Boff (2012); Dahlstrom (2011); Barbiere (2011); Cassilha et al. (2004); Chen e Chang (2012); Ottman (2012). A discordância dessas variáveis caracterizaria a prática de maquiagem verde, possibilitando posturas equivocadas por quem executa como para quem adere, possibilitando a continuidade errônea da estratégia empresarial. A Tabela 7 mostra as variáveis com maior frequência nos itens discordo totalmente e nem um nem outro, sinalizando que quando as questões envolvem a ação mais ativa do consumidor a concordância reduz em relação aos itens apontados com maior frequência. Com isso, o marketing ambiental pode desenvolver ações que possibilitem a escolha de produtos envolvendo ativamente o consumidor atendo às causas ambientais. V23* Interesse por ações ambientais V13* Interesse pela origem do produto F 60 44 % 26 19 F F F % % 43 18,6 64 27,7 36 51 22,1 64 27,7 38 % 15,6 16,5 Concordo Totalmente Concordo um pouco Nem um nem outro Discordo um pouco VARIÁVEIS Discordo Totalmente Variáveis Tabela 7 - Maior frequência das afirmativas discordo totalmente – marketing ambiental F 28 34 % 12,1 14,7 Fonte: elaborada pela autora. A Tabela 2 expõe a frequência de discordância com números significativos, assim como na escala, a opção nem um nem outro aponta que a busca por veracidade das informações ainda não representa uma relevância para os entrevistados. Sendo assim, o marketing pode investir no incentivo as ações mais profundas de engajamento fortalecendo o interesse. A Tabela 8 expõe a média e o desvio padrão atribuído a cada variável do estudo relacionada ao marketing ambiental. Prosseguindo a análise descritiva das variáveis, pode-se obter maiores informações sobre as escolhas realizadas pelos entrevistados. A média realizada a partir dos dados coletados permite obter uma medida de tendência central das afirmativas propostas, assim como o desvio padrão 66 encontrado após o cálculo da variância em relação à média do desvio quadrático médio de todos os valores. padrão N Média NOME DA VARIÁVEL Desvio Tabela 8 - Dados: médias e desvio padrão – variáveis marketing ambiental V26 - Confiança associada à marca 231 4,24 0,923 V11 - Guia verde gera credibilidade ambiental 231 4,20 0,901 V9 - Preferência por produtos ambientais 231 4,19 1,064 V30 - Divulgação incentiva compra consciente 231 4,19 0,971 V8 - Interesse pela informação verde 231 4,17 1,060 V15 – Exposição clara de ações sustentáveis 231 4,03 0,950 V18 - Valorização da Informação ambiental 231 3,95 1,116 V25 - Selo verde como atrativo de compra 231 3,90 1,047 231 3,33 1,222 V13 - Interesse pela origem do produto 231 2,86 1,313 V23 – Interesse por ações ambientais 231 2,69 1,334 Continuação Tabela 3 V17- Imagem do consumidor preservada Fonte: elaborada pela autora. Apresentando 4,24 de média e desvio 0,923, a V26, “atribuir confiança à marca associada à informação exposta”, sinaliza que houve uma menor variação de respostas nessa variável de acordo com o desvio. Esta variável foi inserida a partir das entrevistas em profundidade, vislumbrando a concordância, no estudo quantitativo. A percepção dos respondentes confirma a afirmativa exposta nos relatos da entrevistada P2 ao expor que a informação aparecendo de modo claro para os consumidores, acaba passando credibilidade nos processos adotados. [...] é uma forma de garantir ao cliente que aquele produto te dá a garantia de que está cumprindo com todos os critérios exigidos e que alguém certificou e verificou que realmente no processo produtivo ele utiliza todos os conceitos e prática para a sustentabilidade. (P2) A terceira maior média calculada aparece atribuída à variável (V11), com 4,20, a “crença em apresentação de atribuições ambientais que utiliza um guia 67 verde”, na afirmativa exposta na pesquisa: Acredito em produtos que expõem claramente as ações ambientais orientadas por algum Guia Verde. Identificando os processos, o grau de concordância atribuído pelos respondentes confirma os estudos de Diffenderfer e Baker (2011) que relacionam valor atribuído a empresas que buscam guias verdes na comercialização e apresentação de produtos verdes. A contribuição de entidades ligadas à causa verde reforça e dá veracidade às ações adotadas pelas empresas que expõem de modo coerente as reais ações praticadas. A percepção dos pesquisados confere convicção a produtos que utilizam de modo transparente ações ambientais com o respaldo de alguma instituição através de um guia que aponte as melhores práticas adotadas. O desvio padrão da V11 foi o menor apresentado em relação a todas as variáveis, 0,901, sinalizando uma menor variação de respostas. Na frequência distributiva, 105 respondentes selecionaram o grau de importância maior, contra 03 respondentes que discordaram totalmente. A variável V9, “preferência por produtos ambientais”, aparece na quarta posição, atribuída 4,19 de média, muito próxima da variável anterior, porém o desvio padrão de 1,064 sinaliza uma variação maior de respostas para essa afirmativa. O autor Barbiere (2011) expõe em seus estudos a preferência de consumidores por empresas que sinalizam claramente os seus objetivos ambientais. Para o autor, isso se dá através da gestão ambiental e a integração do marketing ambiental direcionado para valorizar as ações adotadas na organização através da causa ambiental. Nesse contexto, Dias (2009) descreve que os consumidores conscientes podem aderir à predileção diante estímulos ambientais que devem incentivar as causas ou produtos verdes através do marketing ambiental. Para um trabalho efetivo, um estudo mais aprofundado de público-alvo deverá ocorrer para direcionar e promover maiores resultados adeptos à causa ambiental. A variável “preferência por produtos ambientais” não expressa o quanto é o envolvimento, só informa uma tendência que deverá ser trabalhada adequadamente pelo marketing para obter melhor resultado, tanto organizacional quanto ambiental. Apresentando a mesma média da variável anterior, 4,19, porém com um desvio padrão menor 0,971, confirmando a importância desta variável para os consumidores de móveis, a V30 variável foi observada na realização das entrevistas em profundidade por parte dos entrevistados. Para confrontar com a pesquisa 68 qualitativa, pode-se averiguar a percepção favorável para a “divulgação como motivador de compra”, ou seja, para os entrevistados a ação da mídia é favorável para o incentivo à compra consciente, sendo confirmado pelos respondentes. No entanto, demonstra que esta variável é tendenciosa à ação de marketing ambiental nas empresas para trabalhar a divulgação do produto. A maquiagem verde não foi considerada no tipo de ação, mas, sim, como incentivadora à compra de modo mais consciente. [...] se a mídia batesse muito forte nisso, que a mídia tem esse poder de pegar as grandes massas [...] pra ter um impacto positivo e ter esse retorno real, a mídia tinha que bater muito forte nisso. (P4) As campanhas publicitárias vinculadas à divulgação da causa verde devem reforçar a imagem e a relação estabelecida nas organizações com as ações estabelecidas. Os benefícios e os resultados direcionados através do marketing ambiental podem potencializar escolhas e um maior envolvimento dos consumidores e até mesmo dos funcionários das empresas. O marketing deve ser trabalhado nesse sentido para atingir melhores resultados e fortalecer a marca (VEIGA NETO et al., 2014). A questão da V8 surge na sexta posição com média 4,17 e desvio padrão 1,060. A variável “interesse pela informação verde” sinaliza um indicador positivo referente às informações lançadas sobre a sustentabilidade, assim pode-se perceber que a veracidade das informações é um ponto positivo atribuído a empresa, que combater atitudes equivocadas no marketing ambiental que possam gerar maquiagem verde, camuflando ações inadequadas para o meio ambiente, dificulta a identificação por parte dos consumidores (WALSH; MITCHELL,2010). Sobre a variável V15, “confiança em empresas que geram credibilidade”, atesta-se a preferência dos respondentes em ações sustentáveis expostas de maneira clara. A afirmativa exposta na pesquisa “Volto a comprar de empresas que expõem claramente ações sustentáveis” retrata a importância na percepção dos consumidores. A média calculada foi de 4,03, com desvio médio de 0,950, a média diminuiu um pouco em relação aos primeiros itens, mas o desvio sinaliza uma variância menor. Os pesquisadores Chen e Chang (2012) apontam que o apelo verde é percebido de maneira cética quando não transparece credibilidade. A 69 confiança seria uma premissa organizacional para conquistar consumidores atentos à causa ambiental, gerando o retorno atribuído a essa clareza nas informações. A variável V18, “valorização da disponibilidade da Informação ambiental”, apresenta média 3,95 com desvio padrão 1,116, a afirmativa “Valorizo a disponibilidade da informação sobre o processo de fabricação e a causa ambiental adotada pela empresa no momento da compra de um móvel” ocupa a nona posição entre as variáveis de maior concordância entre os respondentes. Mostra uma opinião que contraria o estudo qualitativo, em discurso com os entrevistados na primeira etapa, que expõem que a valorização da informação ambiental no momento da compra de um móvel é ignorada, a partir da percepção dos profissionais P3, P4 e P5. A seguir os relatos que demonstram o comportamento dos respectivos consumidores. [...] para o cliente não faz diferença nenhuma, ele quer saber quantos reais será reduzido no bolso, economizar, deseja desconto. [...] Alguns clientes ainda tem dúvida, ele não sabe a área de reflorestamento e área de preservação, eles se confundem muito. (P3) [...] Eu ter selo verde não sei se seria um argumento de venda aqui na loja, o consumidor não está nem aí, nunca perguntou, ele não está atento a isso, a gente que às vezes fala [...] ele quer saber de dinheiro, quanto custa. (P4) [...] mas ele não deixa de ir ao hotel x para vir aqui porque eu tenho um programa de água, da lavagem da toalha, porque eu tenho um coletor de energia solar, ele não vem para cá porque eu estou fazendo isso, e muitas vezes o que a gente faz, ele não sabe, não é perceptível [...] (P5) Confrontando com o que a autora Ottman (2012) aponta em seus estudos, ao indicar que a informação ambiental deverá ser coerente e de fácil leitura abordando de forma honesta, pois os consumidores buscam orientações através de sites de Ongs, de ambientalistas e consulta rapidamente à veracidade da referência exposta no produto ou no serviço. Essa realidade ainda não faz parte da realidade da maioria dos entrevistados, mas aparece consideravelmente importante nas ações dos respondentes do estudo quantitativo. Ocupando a oitava colocação das maiores médias confirmadas positivamente, a V25, “Uso de selo verde como atrativo de compra”, apresenta 70 média 3,90 com desvio padrão 1,047 de amplitude de respostas. A afirmativa “A exposição de etiqueta ou selo verde nos produtos atrai o consumidor na compra produtos sustentável” é defendida como diferencial para a entrevistada P2, pois através do selo a empresa expressa características pertinentes ao produto, comunicando as ações e atendendo às normas e padrões da certificação ambiental, expor essa informação para ela é um atrativo de venda. Enquanto que os demais entrevistados não percebem o selo como incentivador no momento da compra. Esta relação divergente de percepções trouxe a variável para checar no estudo quantitativo visando atestar a percepção de um grupo maior de pessoas que percebem e tiveram experiências na compra de móveis. 4.2 VARIÁVEIS DE MARKETING AMBIENTAL PERCEBIDAS COMO MAQUIAGEM VERDE Na segunda pergunta, os profissionais foram questionados sobre o que poderia afastar a credibilidade dos consumidores, caracterizando maquiagem verde das ações pró-ambientais realizadas pelas organizações. Cada um dos entrevistados expôs espontaneamente as vivências nas respectivas áreas de atuação. [...] eu observo bem é na questão de alimento, os supermercados que a gente costuma ir, eles colocam os produtos hidropônicos, vizinhos aos orgânicos, induzindo, fazendo chegar à cabeça do consumidor que ele comprando um produto hidropônico é produto orgânico, longe disso [...] na realidade tem muito mais química do que um produto convencional, que não possui nenhum apelo de orgânico nem hidropônico, induz o consumidor a achar que irá fazer bem a saúde, dessa forma acaba interferindo na credibilidade do produto orgânico. (P1) [...] a nossa madeira é certificada, [...] a empresa está dentro dos padrões, outra questão que incomoda um pouco é a concorrência, nós estamos legalmente enquadrados atendendo as exigências e também preocupados com o reflorestamento, enquanto que nosso concorrente não está nem aí e “por debaixo do pano” consegue comprar matéria-prima que não tem origem confiável, e nós sabemos que não é de reflorestamento é desmatamento mesmo, e acaba ficando por isso mesmo. (P3) [...] influenciam pessoas com o nível intelectual, mas de uma forma geral não afetam, a não ser que a mídia batesse muito forte nisso, a mídia tem esse poder de pegar as grandes massas, na verdade infelizmente, tem um povo que é massa de manobra, [...] pra ter um 71 impacto positivo e ter esse retorno real, a mídia tinha que bater muito forte nisso, mas não há interesse. (P4) [...] trabalhar a conscientização, com um programa, com processo, para que ele se concretize que seja articulado com várias frentes, e não só falar assim: nós temos que fazer isso, para começar a educação na escola seja na escola pública, estadual, numa escola paga, mas estejam todos engajados num programa de conscientização, tem que ser na linha toda, não adianta o médio da classe média alta está consciente e querendo realizar se o pobrezinho lá, acha porque ele é pobre não precisa. Então a conscientização tem que ser global. (P5) A entrevistada P3 associa a credibilidade das organizações à postura ética e adoção de matéria-prima certificada. Segundo Barbiere (2011), a preferência por produtos ambientais de empresas que apresentam claramente os objetivos ambientais é uma das condições para evitar a maquiagem verde. Os consumidores atentos e sensíveis à causa ambiental participam ativamente, pois podem inibir a concorrência desleal entre produto certificado com não certificado, não usa como critério de desempate o fator preço, mas, sim, o valor atribuído à origem do produto e ao respectivo interesse. Neste caso, a variável V13, Interesse pela origem do produto, estudada anteriormente no referencial teórico através de Cassilha et al. (2004) sobre a procedência “verde” da matéria prima dos móveis, pode gerar interesse no consumidor atento às causas ambientais, fortalecendo assim o marketing ambiental. Dessa forma, percebe-se que a credibilidade das organizações, segundo os profissionais, tem maior relação com os consumidores conscientes das questões ambientais por possuírem condições de indagar e analisar sobre as ações próambientais promovidas pelas organizações. Por isso, o trabalho do marketing ambiental na divulgação das ações pró-ambientais deverá conduzir de modo a valorizar as atitudes positivas expondo o processo e trazendo informações para atingir um maior número de adeptos à causa ambiental, com veracidade e profundidade das ações adotadas. Para a profissional entrevistada P2, a partir da educação das novas gerações, que para ela acontece atualmente de modo diferenciado, será promovida uma percepção dos futuros consumidores cada vez mais criteriosos em relação à escolha e a busca por empresas e produtos com o cunho ambiental será mais forte. Com 72 isso, percebe-se uma visão otimista em relação às futuras gerações sobre a causa verde e seu interesse. Os demais profissionais apontam em seus relatos atitudes equivocadas dos consumidores por falta de conhecimento e de interesse referente à causa ambiental. A entrevistada P1 aponta a indução à compra associada a produtos verdes. Para ela, alguns consumidores não estão atentos às informações e isso pode conduzir a uma escolha sem observar de fato o que está comprando e consumindo. Para esses consumidores, o uso da palavra verde pode induzir para a compra sem análise prévia. Dessa forma, a prática de maquiagem verde pode ser adotada facilmente, visto que algumas pessoas podem adotar o verde sem de fato conhecêlo ou investigá-lo. As variáveis destacadas como possíveis práticas de maquiagem verde observadas pelos entrevistados na abordagem qualitativa destacam 04 pontos de relevância na utilização do marketing ambiental percebido como maquiagem verde, conforme o Quadro 6. Quadro 9 - Variável do estudo, pesquisa qualitativa – maquiagem verde Nº variável V24 V27 V28 V29 Variáveis Explicação das Variáveis Compra por indução ao verde Engajamento em causas ambientais Atitude verde em pequenas ações Sinalização gráfica verde como atrativo Sou induzido a comprar produtos quando estão associados a outros produtos verdes. O não engajamento a causas ambientais acontece quando não entendo o processo utilizado. Associo pequenas ações, como usar papel reciclado, à atitude verde nas empresas. Sou atraído por produtos que apresentam sinalização gráfica que exploram paisagens, água e folhagem remetendo a natureza. Fonte: elaborada pela autora. O Quadro 6 descreve quatro variáveis inseridas no instrumento da pesquisa quantitativa a fim de complementar as variáveis extraídas da literatura. A partir daí, pode-se perceber a percepção dos entrevistados. A partir da abordagem quantitativa, observa-se as variáveis com maior representatividade na percepção dos entrevistados quanto à maquiagem verde na área de móveis. Sendo assim, os dados apresentados sinalizam os mais significativos pontos que podem ser observados por empresários da área em estudo 73 objetivando expor novos caminhos e estratégias. Na Tabela 9, são apresentados os dados relevantes a serem comentados. F % F % F % Falsidade Ecológica 9 3,9 11 4,8 25 10,8 42 18,2 144 62,3 Consciência da maquiagem verde 5 2,2 20 8,7 31 13,4 60 V6 Ações verdes camufladas 12 5,2 26 11,3 45 19,5 63 27,3 85 36,8 V12 Responsabilidade ambiental parcial 28 12,1 13 5,6 60 26 47 20,3 83 35,9 V28 Atitude verde em pequenas ações 10 4,3 17 7,4 41 17,7 83 35,9 80 34,6 V3 Crença na propaganda verde 8 3,5 24 10,4 41 17,7 87 37,7 71 30,7 V4 V16 F Concordo Totalmente Concordo um pouco VARIÁVEIS Nem um nem outro Discordo um pouco Discordo Totalmente Variáveis Tabela 9 - Maior frequência das afirmativas concordo totalmente – maquiagem verde % 26 F % 115 49,8 Fonte: elaborada pela autora. Os dados apresentados na Tabela 9 sinalizam uma concordância nas variáveis V4, Falsidade Ecológica, V16, Consciência da maquiagem verde, V6, Ações verdes camufladas, V12, Responsabilidade ambiental parcial, V28, Atitude verde em pequenas ações, e V3, Crença na propaganda verde. Utilizar falsamente atributos verdes interfere na credibilidade da empresa que pretende apresentar um diferencial em relação às questões ambientais (OTTMAN, 2012). Por isso, utilizar termos que remetem à causa verde sem expor os procedimentos internos pode caracterizar maquiagem verde, aqui identificado como a variável em destaque com maior frequência na afirmativa, 62,3% concordando totalmente. A variável 16, “Consciência da maquiagem verde”, aparece em segunda posição, 49,8% dos entrevistados percebem a maquiagem verde quando a escolha realizada afeta o meio ambiente por aderir a práticas que não são totalmente verdes, 74 conforme o anunciado. Desse modo, a percepção sobre a maquiagem verde é notada pelos entrevistados. A identificação da maquiagem verde está atribuída à falta de informação detalhada, com isso o compromisso ambiental parcialmente exposto gera desconfiança e pode contribuir para a falta de credibilidade por camuflar ações que podem fragilizaras ações ambientais das empresas (DAHLSTROM, 2011). As ações verdes camufladas, V6, também representam a prática de maquiagem verde, 36,8% dos respondentes identificam essa prática. A variável V12, “Responsabilidade ambiental parcial”, atribui característica verde à parte dos elementos de um móvel, assim, uma etapa do processo atende ao quesito ambiental, no entanto não se pode generalizar essa prática à organização como um todo. Os atributos devem ser analisados e identificados conforme certificação, parcialmente ou totalmente, e expostos adequadamente. A garantia das características ambientais de um produto encontra-se na certificação ambiental. As informações sobre o produto pode garantir o processo adequado gerando credibilidade e evitando generalizações sobre o produto, enfatizando de fato quais características e processos adotados que garantem a responsabilidade adotada (BARBIERE, 2011). A variável V28, “Atitude verde em pequenas ações”, foi inserida a partir da etapa qualitativa, com isso, observa-se que associar pequenas ações, como usar papel reciclado, à atitude verde nas empresas pode gerar oportunidade da prática da maquiagem verde por empresas que aderem parcialmente ao verde e expõem de modo enfático tal ação, limitando-se a essa prática, pontual. A variável V3, “Crença na propaganda verde”, apresenta frequência maior em concorda pouco, com 37,7%, e 30,7% concordam muito. Desse modo, o uso de expressões que induzem ao verde pode facilitar a prática da maquiagem verde. Portanto, é relevante entender que a concordância com essa variável potencializa consumidores a entender que palavras sugerindo sustentabilidade, reflorestamento, reciclável, biodegradável e reutilizável retratam o verde, no entanto podem não representar a realidade completa. A prática da maquiagem verde como estratégia de 75 marketing ambiental influencia a credibilidade empresarial (CHEN; CHANG, 2012; WALSH; MICHELL, 2010). A seguir estão expostas as variáveis que sinalizam uma frequência maior em discordo totalmente, logo, pode-se observar as variáveis menos relevantes na identificação da maquiagem verde, na Tabela 10. F V21 Discurso verde distorcido V2 Apelo midiático verde % F % 72 31,2 46 19,9 65 28,1 30 13 18 7,8 27 11,7 % F Concordo Totalmente F % F Concordo um pouco VARIÁVEIS Nem um nem outro Discordo um pouco Discordo Totalmente Variáveis Tabela 10 - Maior frequência das afirmativas discordo totalmente – maquiagem verde % 65 28,1 35 15,2 52 22,5 52 22,5 Fonte: elaborada pela autora. As variáveis expostas na Tabela 10 tal como “discurso verde distorcido” e “apelo midiático verde” expõem informações relevantes para a pesquisa. Os entrevistados identificam diversas variáveis que enfatizam a consciência ambiental e a percepção da maquiagem verde. Porém, a participação ativa utilizando as redes sociais para denunciar práticas enganosas e discursos incoerentes ao produto dito verde sinalizam falta de engajamento com a atitude verde. O consumidor conhece e identifica ações inadequadas, mas não se mobiliza em expor e compartilhar. A opção das redes sociais como facilitador nos dias atuais através da rede de comunicação e divulgação não é um atrativo de uso para os entrevistados. Ottman (2012) expõe em seus estudos que é crescente o uso da internet para pesquisa e compartilhamento de informações, sem falar na facilidade de acesso. Portanto, a rede pode ser uma ferramenta relevante para atender um público mais crítico e consciente das ações verdes compatíveis à realidade e coerente com a proposta exposta. A variável V2, “Apelo midiático verde”, salienta e expõe que a representação gráfica com imagens remetendo natureza não é um atrativo de associação dos 76 produtos à imagem ecológica. Com isso, fica registrado que o investimento em apelos verdes na comunicação visual do produto não necessariamente induz à compra ou a adesão à causa verde. padrão N Média NOME DAS VARIÁVEIS Desvio Tabela 11 - Dados: média e desvio padrão – variáveis maquiagem verde V4 - Falsidade Ecológica 231 4,30 1,089 V16 - Consciência da maquiagem verde 231 4,13 1,078 V28 - Atitude verde em pequenas ações 231 3,89 1,096 V3 - Crença na propaganda verde 231 3,82 1,088 V6 - Desconfiança da clareza das informações 231 3,79 1,201 V27 - Engajamento em causas ambientais 231 3,63 1,095 V12- Responsabilidade ambiental parcial 231 3,62 1,342 V10 – Rótulo verde apelativo 231 3,55 1,152 V14 – Atributos verdes parciais 231 3,54 1,160 V7 – Fragilidade nas ações verdes 231 3,46 1,274 V22 - Camuflagem verde na comunicação 231 3,42 1,173 V19 – Falta de Evidência 231 3,37 1,175 V5 – Título verde do produto 231 3,29 1,237 V29 - Sinalização gráfica verde como atrativo 231 3,02 1,256 V24 – Compra por indução verde 231 2,93 1,207 V20 – Evidência da marca dita verde 231 2,77 1,255 V2- Apelo midiático verde 231 2,74 1,383 V1- Informação vaga no rótulo 231 2,49 1,194 V21 – Discurso verde distorcido 231 2,46 1,267 Fonte: elaborada pela autora. 77 Na Tabela 11 exposta, a indicação obtida da média e do desvio padrão apresenta-se organizada de forma decrescente. Assim sendo, verificaram-se as variáveis que obtiveram as maiores médias e os seus respectivos desvios, sinalizando a variância de respostas para aquela afirmativa. A seguir as dez variáveis com médias maiores são analisadas: V4 – “Falsidade Ecológica”; V16 – “Consciência da maquiagem verde”; V28 – “Atitude verde em pequenas ações”; V3 – “Crença na propaganda verde”; V6 – “Desconfiança da clareza das informações”; V27 – “Engajamento em causas ambientais”; V12- “Responsabilidade ambiental parcial”; V10 – “Rótulo verde apelativo”; V14 – “Atributos verdes parciais”; V7 – “Fragilidade nas ações verdes”. A variável “falsidade ecológica” (V4) aparece à frente com média 4,30 e desvio padrão 1,08, descrevendo assim a afirmativa: “É falso o uso da palavra sustentabilidade quando a empresa oculta procedimentos internos que podem comprometer o meio ambiente”. Neste sentido, para os pesquisados, o grau de concordância atribuído à percepção de sustentabilidade com ocultamento de processos internos é perceptível como equivocado por concordar com a afirmativa. Para Boff (2012), a palavra sustentabilidade utilizada por algumas organizações é atribuída como falsidade ecológica em anúncios, pois mascara de verde para iludir os consumidores e muitas vezes pode ocultar problemas relacionados à agressão à natureza, por exemplo. Para o autor, essa variável pode aparecer em empresas para camuflar ações ambientais incompletas sobre a sustentabilidade praticada de fato, ocultando para os consumidores processos internos não sustentáveis. Neste contexto, a prática de maquiagem verde é percebida pela maioria dos respondentes quando analisamos além da média a frequência de respostas concordando totalmente com a afirmativa 62,3%, 71 dos respondentes. A V16 apresentou como média 4,13 e o desvio de 1,078. A variável “Consciência da maquiagem verde” exposta na afirmativa na pesquisa: Tenho consciência do prejuízo ao ambiente causado por produtos que não são totalmente verdes. Os autores Chen e Chang (2012), em seus estudos, revelam a percepção de que riscos ambientais interferem no comportamento do consumidor e na decisão de compra, rejeitando o produto ou serviço a partir da identificação do risco. É positivo o consumidor identificar que suas ações podem interferir negativamente em relação ao 78 meio ambiente, porém somente possuir essa consciência não garante atitudes adequadas, por isso a prática de maquiagem verde muitas vezes é utilizada, pois em detrimento de ações piores contra o meio ambiente, o consumidor escolhe e aceita condições e divulgações superficiais que potencializem o uso equivocado da estratégia (BARBIERE, 2011). O maior desvio padrão (amplitude de respostas) identificado nas 30 (trinta) variáveis pesquisadas foi na variável V2 que menciona o apelo midiático verde, apresentando 1,383 e a média de 2,74. Com isso, observa-se que o grau adotado (nem um nem outro) possui uma variância de resposta maior. A associação de material de divulgação a elementos que remetessem à natureza, que poderia induzir a escolha verde, não atinge a atenção dos respondentes da pesquisa quantitativa. A afirmativa “Associo à empresa uma imagem ecológica quando a comunicação gráfica tem imagens de paisagens ou florestas” poderia indicar indícios da prática de maquiagem verde apelando para atitudes ambientais sem profundidade. As afirmativas das variáveis V21 e V1 foram selecionadas, respectivamente nesta ordem, por apontarem um resultado significativo, pois suas médias menores representam uma discordância das afirmativas por parte dos respondentes. Acompanhar práticas ambientais, informação vaga no rótulo e denúncia quando se sente enganado demonstram nessas 2 variáveis que o comportamento dos consumidores na fiscalização de ações inadequadas ainda não é efetivo, mesmo as redes sociais estando acessíveis ao um número cada vez maior, os respondentes não as utilizam para mobilizar ações de denúncia e a ausência de atitude neste sentido pode potencializar a maquiagem verde, mesmo sem intenção nas organizações. A afirmativa exposta no questionário (V1): Evito produtos rotulados com expressões vagas sobre a prática ambiental, como “amigos da natureza” ou “ecologicamente correto” é indiferente para a maioria dos respondentes. O uso dessas frases pode não chamar atenção, por isso evitar esses produtos por desconfiar de uma maquiagem verde adotada pela empresa ainda não compreende a atitude dos respondentes, ou seja, a empresa pode adotar para parecer adequada, mas na realidade não atrai pela frase de impacto nem informa o porquê de apresentar tais títulos atrelados ao produto dito verde. 79 4.3 PRÁTICAS DE MAQUIAGEM VERDE A quarta pergunta do roteiro é sobre as expressões verdes que podem fragilizar o discurso ambiental. A partir dos registros a seguir, percebem-se as diversas opiniões que corroboram para o presente estudo. A divulgação vai muito do que o consumidor pode absorver, o consumidor por ver aquele nome verde, já acha que aquilo é muito adequado, se ele não for totalmente orientado, se ele não tiver sensibilizado para o que é aquilo na verdade [...] As vezes observo alguns selos verdes que busco informação está associado somente o nome, verdura sempre verde, é hidropônico associado a cor da verdura e isso ainda é muito forte. [...] A falta de educação das pessoas, as vezes a própria mídia, induz que aquele produto é correto e as pessoas vão na onda mesmo, independente de classe social ou ter poder aquisitivo melhor, muitas vezes está induzido aquilo ali. (P1) [...] se a empresa coloca que aquele produto é realmente ecologicamente correto, está sendo justo e honesto e dizer que realmente a empresa atua dentro daquelas práticas. Mas outros que só mentem é crime. Mesma coisa se a pessoa atua com comércio justo, se a empresa atua com produção escrava, crianças trabalhando, não são de comércio justo, você estará mentindo. (P2) O próprio selo verde é um descrédito, demais, não tem muito impacto. É muito bonito você botar no rodapé do e - mail, no seu site está lá o selo, mas a expressão é muito insignificante hoje, na prática, entendeu. Eu creio que o próprio selo verde, ou produto produzido com a matéria prima de reflorestamento, é uma frase que eu poderia usar isso fortemente nas vendas, mas não vai ter impacto, não vai ter diferença, essa expressão e o próprio formato do selo, a leitura visual não destaca mais. Diferente quando eu uso o selo do IMETRO. (P3) [...] pode ser que esteja um pouco banalizado, exatamente eu acho porque a pessoa vai prestar a atenção quando ela está realmente focada no assunto, [...] ele vai se engajar numa ideia mesmo que seja um jargão, ou uma expressão repetitiva, ele pode até se engajar nela, mas se ele estiver efetivamente fazendo isso em casa, se ele tiver experimentando aquilo e fizer parte da realidade dele [...]. (P5) Observa-se na resposta da profissional P1 que o consumidor pode aderir ao produto com nome verde atribuído à marca, sem observar a profundidade ou buscar informação sobre aquele produto. O fato de apresentar algo relacionado ao verde ou ao uso indiscriminado do termo verde induz, apela e acaba levando a aderir à causa verde sem analisar detalhadamente a que se refere e como é trabalhado. A prática da maquiagem verde adota como artifício o estímulo ao consumo, geralmente são 80 empresas que buscam oportunidades de lucratividade, sem aprofundamento da causa e indução estimulada pela expressão (GREER; BRUNO, 1996). Para a profissional P2, o uso do discurso falso sobre as ações ambientais é grave, pois a prática de mentira pode gerar penalidades para os praticantes por usar um aparente discurso na divulgação de ações que não são reais, induzindo o consumidor a acreditar em algo que não é verdadeiro. A respondente P3 relata que existem outros selos que podem sobressair em relação às certificações ambientais. Com isso, pode acontecer de existir a evidência dos selos mais cobrados, tanto pelo mercado e até mesmo pelos consumidores. Assim, observa-se que o investimento e valorização vão ocorrer principalmente se isso for cobrado. De forma geral, os consumidores podem possuir outras exigências e necessidades, ao mesmo tempo em que devem ser ativos na participação ambiental, propiciando uma valorização de ações pró-ambientais. Cabe às empresas atentar para os aspectos mercadológicos enfatizando a responsabilidade dos envolvidos, impulsionar ações através do marketing ambiental direcionando práticas que contemplem o social e o mercado. A legislação e as certificações já conduzem a novas práticas, evidenciar uma ação em detrimento de outra pode fragilizar as atitudes corporativas internamente e refletir externamente, o que pode prejudicar a credibilidade organizacional (GONÇALVES; DESIDERIO; GUTIERREZ, 2006). Na explanação da entrevistada P5 sobre as expressões verdes que podem fragilizar o discurso ambiental, a mesma direciona que essa percepção só acontecerá se houver o engajamento do consumidor atento às questões ambientais. Se ele estiver de fato envolvido com a causa, pode perceber o discurso e analisar a organização através comunicação utilizada. A partir dos estudos do autor Brito Júnior (2013), a coerência nas atitudes e comunicação das empresas reflete a cultura organizacional e a missão da empresa. Desta forma, os consumidores atentos à mensagem e às atitudes verdes facilmente poderão detectar fragilidades no discurso ambiental quando essa coerência na comunicação não existir. 81 A sexta questão é sobre o que desfavorece o desenvolvimento de ações próambientais, os entrevistados sinalizam abaixo alguns pontos que expõem a percepção dos profissionais entrevistados sobre o assunto. [...] às vezes as pessoas extrapolam na questão do preço, colocam um preço muito alto em função de ter tal certificado, [...] as empresas ao invés de educar o consumidor, querer levar ele no “cabresto” para induzir a compra de um produto que muitas vezes não está levando em consideração todas as questões do que um produto ambientalmente correto, do que é um produto certo, com selo, com certificado [...] faltam também a fiscalização, a gente vê certos abusos... as empresas que tem um poder maior ficam vendendo aquele produto, daquela forma sem ter nenhuma instituição, nenhum órgão de controle, dessa forma, usam e abusam do ambiente que está favorecido pra aquilo. (P1) [...] Eu vejo assim, muitos empresários ainda não despertaram para isso [...] responsabilidade ambiental, ainda é muito baixa, pelo conhecimento das micro e pequenas empresas [...] ele está muito ligado ao processo da empresa dele, ele não tem muita dedicação, não separa um tempo para se dedicar para essas ações, planejar bem a sua marca, para comunicar isso com o cliente, [...] às vezes a gente percebe que a empresa faz coisas bacanas, mas ele não demonstra isso, e ele precisa comunicar hoje em dia tudo que você comunica e que conta uma história àquilo dali vale muito mais, o consumidor se sensibiliza muito mais pela história de como aquilo foi produzido do que pelo objeto, se você trabalha um mobiliário, que você conta como ele foi produzido com todo o cuidado, com certeza suas vendas vão aumentar [...] (P2) [...] a política da sustentabilidade ela deve ser muito bem explorada, deve existir e acontecer sim, questão de sobrevivência, o nosso ambiente e o planeta está aí, se acabando, entendeu, eu não sou desfavorável que tenha fiscalização, que tenha cobrança de taxas, não, mas que isso seja coerente para todo mundo. Que seja um diferencial competitivo, que todo mundo que vá competir com aquela venda ou com aquele produto no mercado, que ele passe pelas mesmas condições, seria mais justo, eu acredito num trabalho mais bem feito com fiscalização, não só a do produto mas a fiscalização da aplicação disso no consumidor final [...] Alguns clientes ainda tem dúvida, ele não sabe a área de reflorestamento e área de preservação, eles se confundem muito, achando que comprando produto de madeira que não existe nem certificação, já destruiu mesmo tinha muito essa ideia errada a falta de esclarecimento mesmo [...] (P3) Os entrevistados apesar de estarem relacionados ao tema proposto e exercerem cargos executivos ligados diretamente a grandes empresas, concordam que existe uma lacuna na educação para ações ambientais que favorecem a falta de consciência ambiental dos consumidores. Foi identificada espontaneamente, no 82 decorrer das respostas, a falta de conhecimento por parte dos consumidores como ponto principal, no entendimento comum desses profissionais, o que prejudica o engajamento em ações ambientais. Com isso, a prática da maquiagem verde como estratégia de marketing ambiental não é destacada pelos entrevistados na análise das respostas, por mais que as perguntas fossem direcionadas ao tema, outras questões ainda se sobressaem na visão desses profissionais. Um fator decisivo de escolha do consumidor é o preço, que foi abordado como ponto forte em relação à preocupação com o “bolso”, ignorando ou desprezando as características sustentáveis ou ambientais dos produtos. Neste sentido, é importante a atuação no marketing como ferramenta de gestão na composição do mix (produto, preço, distribuição promoção) para desenvolver uma estratégia coerente que possa gerar credibilidade das ações e que se aproxime da realidade do consumidor, bem como desenvolver um trabalho que valorize a causa verde alcançando adeptos ao equilibrar a composição das variáveis desse mix para atrair consumidores (DIAS, 2011). A respondente P1 acrescenta ainda um ponto sobre a atuação de órgãos fiscalizadores que devem atuar na cobrança da legislação, assim como a respondente P3 que também cita o consumidor no processo de fiscalização, o que pode potencializar novas atitudes empresariais. É unânime a percepção dos entrevistados de que os consumidores ainda não possuem uma visão crítica na escolha dos móveis relacionada ao apelo ambiental. Nas próprias empresas onde eles desenvolvem suas respectivas atividades e que possuem ações ambientais ainda é timidamente explorado como estratégia competitiva entre os próprios funcionários. É pertinente dizer que o marketing ambiental deve sensibilizar o consumidor informando e orientando para incentivar escolhas favoráveis ao meio ambiente. Gerar ações positivas requer um trabalho direcionado nesse sentido. A indução deve ocorrer de modo consciente estimulando o consumidor a promover atitudes positivas e não induzidas sem as informações necessárias e valorizando a sustentabilidade e o contexto ambiental (CHAMORRO; BAÑEGIL, 2006). 83 5 CONCLUSÃO A prática de ações de cunho ambiental vem crescendo cotidianamente nas organizações, a adoção de uma boa conduta é impulsionada por diversos fatores, tais como legislação, o mercado interno e externo, as necessidades e desejos dos consumidores que direcionam as estratégias desde o desempenho de processos, a busca de matéria-prima até o pós-consumo das organizações. Neste contexto, o uso do marketing ambiental traz ferramentas de aplicação e acompanhamento de atividades relacionadas à imagem e o modo como a mensagem ambiental será conduzida e explorada. O referencial teórico trouxe um panorama que permitiu compreender as estratégias competitivas relacionadas a essa temática e a experiência de estudos que apontam posturas diferenciadas em relação à adoção de práticas como a maquiagem verde em outros países. No Brasil, esse panorama ainda é apresentado timidamente no meio acadêmico, porém, mencionado por estudiosos o quanto a prática de maquiagem verde pode comprometer as estratégias de marketing ambiental, afetando a credibilidade e a imagem da organização. A certificação de produtos na área ambiental é um mecanismo de exposição de atitude pró-ambiental, por esse motivo o direcionamento deste estudo trouxe o mercado moveleiro para compreender a percepção dos consumidores. Com isso, através da abordagem qualitativa do presente estudo, observou-se que, nas atividades adotadas como marketing ambiental na área moveleira, surge nos relatos dos entrevistados uma inquietação em relação ao comportamento dos consumidores, pois o mercado de móveis adota vários procedimentos para atender a demandas e exigências do mercado externo, por exemplo, a certificação da matéria-prima. Para eles, esse fator que deveria agregar valor passa despercebido pelos consumidores. A partir desse ponto, percebe-se que a divulgação e o trabalho desenvolvido para expor essa característica que é positiva acontecem de maneira retraída e pouco valorizada. Para os entrevistados, esse reforço da pouca divulgação da certificação está vinculado ao pouco conhecimento e comprometimento com a causa ambiental. Observou-se que os consumidores adotam outros atributos quando buscam móveis, por exemplo, o preço. Com isso, a certificação e ações realizadas por lojas e empresas do ramo atendem a requisitos e obrigações externas, de legislação e de estratégia para conquistar mercados 84 externos. Parece claro afirmar que existe uma falta de alinhamento por parte das empresas e como o marketing está sendo explorado. Assim sendo, o produto poderia ter uma valorização maior em virtude das práticas adotadas, coerentes ao meio ambiente, no entanto não são apresentadas adequadamente ao consumidor. Na etapa quantitativa, a participação dos consumidores de móveis permitiu explorar as variáveis trabalhadas no referencial teórico e extraídas na etapa qualitativa a fim de perceber quais as afirmativas escolhidas que expõem a percepção sobre o tema e quais delas são destacadas e percebidas como maquiagem verde e marketing ambiental. Dessa forma, as variáveis de marketing ambiental direcionam para aspectos positivos que devem ser praticados visando evitar a prática de maquiagem verde. Através das etapas qualitativa e quantitativa, foi possível identificar os objetivos propostos nesta pesquisa. A identificação das variáveis representativas sobre marketing ambiental, destacadas: V9 – preferência por produtos ambientais; V8 – interesse pela informação verde; V26 – confiança associada à marca; V30 – divulgação incentivada compra verde; V11 – guia verde gera credibilidade ambiental. As variáveis da maquiagem verde que foram representativas para os entrevistados: V4 – falsidade ecológica; V16 – consciência da maquiagem verde; V6 – ações verdes camufladas; V12 – responsabilidade ambiental parcial; V28 – atitude verde em pequenas ações; V3 – crença na propaganda verde. A preferência por produtos ambientais existe, o consumidor tem consciência sobre a maquiagem verde, porém não se mobiliza ativamente e não utiliza ferramentas como as redes sociais para denunciar ou trabalhar em conjunto com o governo e instituições na fiscalização em prol do meio ambiente. A dificuldade encontrada na pesquisa aconteceu em relação à aplicação do questionário online, em um curto tempo, mesmo sendo uma ferramenta prática para o pesquisador ainda intimida os participantes voluntários devido ao número de vírus e “correntes” disseminadas nas redes sociais, o que acaba banalizando conteúdos que podem ser significativos e colaborativos, com isso houve uma dificuldade em atingir um maior número de respondentes na etapa qualitativa. 85 Este estudo não se esgota por aqui, uma vez que várias nuances podem ser aprofundadas a partir das evidências constatadas, novos questionários podem ser retrabalhados a fim de aproximar as questões ambientais de marketing ambiental para a realidade das empresas que trabalham com móveis, visto que este mercado já se volta para as exigências de exportação através de certificação. A aplicação em outras regiões do país pode gerar novos resultados para o estudo, tendo em vista a forte concentração de respondentes na região nordeste, o que pode diferenciar se outras regiões sobressaírem, podendo surgir outras realidades. O papel do marketing ambiental é também cuidar das questões de conscientização e educação desenvolvendo ações para dar suporte às instituições de ensino desde fundamental ao superior. Os resultados alcançados podem superar as expectativas se houver um engajamento coletivo em detrimento das ações pontuais, como já foram mencionadas anteriormente neste estudo. 86 REFERÊNCIAS AFONSO, Ana Carolina Baptista. O consumidor verde: perfil e comportamento de compra. 2010. 117 f. Dissertação (Mestrado em Marketing) - Instituto Superior de Economia e Gestão, Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa, 2010. ALVES, Maria Valéria Pareja Credidio Freire. 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O QUE DESFAVORECE O DESENVOLVIMENTO DE AÇÕES PRÓAMBIENTAIS? 92 APÊNDICE B -Termo de apresentação do instrumento de coleta Prezado(a) senhor(a), este instrumento é parte de uma pesquisa que visa estudar a percepção dos consumidores sobre o apelo realizado na divulgação de produtos e serviços relacionados as causas ambientais no setor moveleiro. A maquiagem verde é um termo utilizado por estudiosos da área quando empresas apresentam no discurso ações corretas em relação a questão ambiental, mas são parcialmente adequados ou camuflam a verdadeira atitude. O objetivo principal é investigar as variáveis de maquiagem verde utilizadas como estratégia de marketing ambiental e a percepção do consumidor e seu comportamento diante das afirmativas pesquisadas. A partir destes resultados poderei confrontar com os estudos realizados no âmbito do marketing ambiental e sustentabilidade, que é uma das áreas de estudos realizada no programa de Mestrado Profissional em Administração da Universidade Potiguar – Natal/RN. Contamos com a sua colaboração ao responder esse instrumento de coleta de dados. A participação é voluntária e anônima. Não será divulgada nenhuma informação ou referência sobre os participantes desse exercício, por isso não é necessária a sua identificação. Agradecemos a sua colaboração, Pesquisadora responsável: Márcia Caldas – [email protected] Mestranda do Programa de Mestrado Profissional em Administração UnP – Universidade Potiguar Orientador: Prof. Dr. Alípio Veiga - [email protected] 93 APÊNDICE C – Instrumento de coleta – variáveis das práticas de maquiagem verde como estratégias de marketing ambiental O instrumento descreve afirmativas em relação às práticas de maquiagem verde adotadas nas organizações como estratégias de marketing ambiental. Reflita como você se comporta no momento da escolha de móveis e compra. Para isso, em cada situação abaixo escolha indicando se concorda ou discorda das afirmativas. Legenda: 1 Discordo totalmente / 2 Discordo um pouco / 3 Nem um nem outro / 4 Concordo um pouco / 5 Concordo totalmente *Obrigatório Sexo * o feminino o masculino Idade * o abaixo de 25 anos o entre 26 a 35 anos o entre 36 a 45 anos o acima de 46 anos Escolaridade * o Ensino Médio o Superior Incompleto o Superior Completo Pós Graduação Região que reside * o o Norte o Nordeste o Sul o Centro oeste o Sudeste o outro país Renda * o abaixo de 02 salários mínimos o de 03 a 05 salários mínimos o de 06 a 08 salários mínimos 94 acima de 09 salários mínimos Evito produtos rotulados com expressões vagas sobre a prática ambiental, como “amigos da natureza” ou “ecologicamente correto”. * 1 2 3 4 5 o Discordo Totalmente Concordo Totalmente Associo à empresa uma imagem ecológica quando a comunicação gráfica tem imagens de paisagens ou florestas. * 1 2 3 4 5 Discordo Totalmente Concordo Totalmente Acredito em empresas quando apresentam em suas propagandas termos como sustentabilidade, reflorestamento, reciclável, biodegradável e reutilizável. * 1 2 3 4 5 DiscordoTotalmente Concordo Totalmente É falso o uso da palavra sustentabilidade quando a empresa oculta procedimentos internos que podem comprometer o meio ambiente. * 1 2 3 4 5 Discordo Totalmente Concordo Totalmente Considero verdes os produtos que utilizam identificação verde “amigos da natureza” ou “ecologicamente correto”. * 1 2 3 4 5 Discordo Totalmente Concordo Totalmente Desconfio de produtos que não apresentam claramente as reais atitudes verdes. * 1 2 3 4 5 Discordo Totalmente Concordo Totalmente Fico indeciso da compra quando desconfio de algo incorreto na apresentação do discurso das ações verdes. * 1 2 3 4 5 Discordo Totalmente Concordo Totalmente Tenho interesse à veracidade de informações sustentáveis. * 1 2 3 4 5 Discordo Totalmente Concordo Totalmente Prefiro empresas que apresentam claramente os objetivos ambientais. * 1 2 3 4 5 95 Discordo Totalmente Concordo Totalmente Desconfio da credibilidade de rótulos que apresentam algo exagerado no discurso das ações ambientais.* 1 2 3 4 5 Discordo Totalmente Concordo Totalmente Acredito em produtos que expõe claramente as ações ambientais orientados por algum Guia Verde, identificando os processos * 1 2 3 4 5 Discordo Totalmente Concordo Totalmente Substituir madeira maciça por painéis reconstituídos de MDF não atesta responsabilidade ambiental. * 1 2 3 4 5 Discordo Totalmente Concordo Totalmente Busco informação sobre a procedência “verde” da matéria-prima dos móveis que compro. * 1 2 3 4 5 Discordo Totalmente Concordo Totalmente Anunciar o uso de madeira de reflorestamento como Pinus e Eucalipto em móveis atribui à empresa responsabilidade ambiental. * 1 2 3 4 5 Discordo Totalmente Concordo Totalmente Volto a comprar de empresas que expõem claramente ações sustentáveis. * 1 2 3 4 5 Discordo Totalmente Concordo Totalmente Tenho consciência do prejuízo ao ambiente causado por produtos que não são totalmente verdes. * 1 2 3 4 5 Discordo Totalmente Concordo Totalmente Rejeito produtos que prejudiquem minha imagem de consumidor consciente. * 1 2 3 4 5 Discordo Totalmente Concordo Totalmente Valorizo a disponibilidade da informação sobre o processo de fabricação e a causa ambiental adotada pela empresa no momento da compra de um móvel. * 1 2 3 4 5 96 Discordo Totalmente Concordo Totalmente Fico desmotivado a comprar quando percebo a falta de valorização de ações ecológicas nas empresas de móveis. * 1 2 3 4 5 Discordo Totalmente Concordo Totalmente Ignoro campanhas de apelo ambiental que exploram a marca utilizando o discurso verde. * 1 2 3 4 5 Discordo Totalmente Concordo Totalmente Utilizo as redes sociais para denunciar quando adquiro produtos que não retratam o real discurso verde. * 1 2 3 4 5 Discordo Totalmente Concordo Totalmente Desconfio de “camuflagem verde” quando empresas apelam na comunicação para vender a ideia de ambientalmente correta. * 1 2 3 4 5 Discordo Totalmente Concordo Totalmente Acompanho práticas de ativistas ambientais como Greenpeace na busca de ações ambientais inadequadas das empresas. * 1 2 3 4 5 Discordo Totalmente Concordo Totalmente Sou induzido a comprar produtos quando estão associados a outros produtos verdes. * 1 2 3 4 5 Discordo Totalmente Concordo Totalmente A exposição de etiqueta ou selo verde nos produtos atrai o consumidor na compra produtos sustentável. * 1 2 3 4 5 Discordo Totalmente Concordo Totalmente Atribuo confiança a marca quando o processo sustentabilidade é claro. * 1 2 3 4 5 Discordo Totalmente utilizado para Concordo Totalmente atingir a 97 O não engajamento a causas ambientais acontece quando não entendo o processo utilizado. * 1 2 3 4 5 Discordo Totalmente Concordo Totalmente Associo pequenas ações, como usar papel reciclado, a atitude verde nas empresas. * 1 2 3 4 5 Discordo Totalmente Concordo Totalmente Sou atraído por produtos que apresentam sinalização gráfica que exploram paisagens, água e folhagem remetendo a natureza. * 1 2 3 4 5 Discordo Totalmente Concordo Totalmente A divulgação na mídia de ações verdes incentiva a compra consciente. * 1 2 3 4 5 Discordo Totalmente Concordo Totalmente 98 APÊNDICE D - Imagem da visualização do questionário digital a partir do link encaminhado através do Google docs