FORMAÇÃO DOCENTE: SABERES E TECNOLOGIA NA DINÂMICA DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM Alexandre Nicolette Sodré Oliveira 1 - IFAM Rosa Oliveira Marins Azevedo 2 - IFAM Grupo de Trabalho - Formação de Professores e Profissionalização Docente Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo A História do homem é dinâmica. Somos fazedores de cultura e construtores de novos processos de interação, trabalho e comunicação. A educação escolar não pode estar alheia a isso, o que demanda do professor novas práticas, que por sua vez exigem preparo, constante atualização, criatividade e uma visão inovadora em seu processo formativo. Nessa perspectiva, este trabalho aborda a formação docente e o desenvolvimento de saberes necessários ao fazer pedagógico frente aos desafios que se apresentam em uma sociedade imersa em tecnologias, visando proporcionar reflexões e discussões sobre como os professores estão sendo formados para lidar com a dinâmica do processo ensinoaprendizagem mediado pelas tecnologias da informação e comunicação. Para tanto, o trabalho foi organizado em três partes: a primeira diz respeito ao uso da tecnologia no processo ensinoaprendizagem, tratando tecnologia como um conceito amplo e com diferentes acepções, dentro de um processo em que a implantação de tecnologias no processo de ensino aprendizagem não deve desassociar o técnico do pedagógico; a segunda, trata o conceito de saberes docentes como necessários à prática pedagógica; a terceira, discute a formação do professor diante do cenário que emerge de uma sociedade imersa em tecnologias. Os resultados das reflexões e discussões permitem inferir em dois aspectos principais relativos à formação de professores: 1) necessidade urgente de criar mecanismos para superação da dicotomia entre teoria e prática, visando ao conhecimento docente da interdependência entre esses saberes; 2) busca de uma revisão curricular para a construção de um saber que alie tecnologia e educação para uma ação pedagógica que promova a autonomia, a criticidade e o agir ativo e responsável, preparando docente para o enfrentamento das incertezas e da complexidade do mundo atual. Palavras-chave: Formação docente. Tecnologia. Processo ensino-aprendizagem. 1 Mestrando do Mestrado Profissional em Ensino Tecnológico do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas - IFAM. Professor da Rede Municipal de Ensino Público de Manaus - SEMED. Email: [email protected] 2 Doutora em Educação em Ciências e Matemática. Professora do Mestrado Profissional em Ensino Tecnológico do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas. E-mail: [email protected]. ISSN 2176-1396 24043 Introdução Na chamada sociedade da informação, onde o conhecimento se dissemina rapidamente e se transforma, o uso das tecnologias da informação e comunicação (TICs) está para a Educação como uma exigência e necessidade que não pode ser ignorada. Uma escola conservadora e tradicional já não mais atende as atuais demandas da sociedade, do mercado de trabalho e do processo ensino-aprendizagem. Vivemos uma era onde a internet demoliu fronteiras e conectou pessoas das mais diversas origens. Logo, as mudanças de paradigmas que vivenciamos na sociedade contemporânea se refletem no ambiente escolar, impondo novas responsabilidades e exigindo novos encaminhamentos. Nesse contexto, educar tornou-se mais complexo e desafiador. É consenso geral que a escola não pode estar alheia às inovações de uma sociedade dinâmica e em constante transformação. Apesar disso, muitas vezes suas práticas continuam a ser operadas sob a plataforma de um ensino-aprendizagem tradicional e conservador, estático às mudanças aceleradas de um mundo globalizado. Em vista disso, emerge a necessidade de um processo de formação inicial e continuada de qualidade que possibilite aos professores não apenas o uso das TICs, como também a construção de saberes para planejar, organizar, avaliar pedagogicamente seu uso para alcançar os objetivos propostos para um processo ensino-aprendizagem ativo. Isto requer mudanças na estrutura curricular dos cursos de formação e da própria dinâmica de ensino-aprendizagem. O dinamismo que as mídias trouxeram precisam ser incorporados na prática docente, pois uma escola conservadora e resistente às inovações não apenas trata com indiferença o hoje como suprime e restringe as possibilidades do amanhã. O mundo atual tem cada vez mais permeado por tecnologias. Sendo assim, o uso das TICs na educação longe um modismo, torna-se uma poderosa ferramenta de apoio para o professor dinamizar suas aulas, integrar a turma e melhorar a qualidade do processo ensinoaprendizagem. Com essa visão, este texto organizado em três partes: a primeira diz respeito ao uso da tecnologia no processo ensino-aprendizagem, onde encontramos em Vieira Pinto (2005) a definição de tecnologia como um conceito amplo e com diferentes acepções, em Valente (2005), que salienta que a implantação de tecnologias no processo de ensino aprendizagem não deve desassociar o técnico do pedagógico com o risco de se tornar mero ato instrucional que não possibilita a construção do conhecimento; a segunda, trata o conceito de saberes 24044 docentes como necessários à prática pedagógica, fundamentadas, principalmente em Tardif (2006); a terceira, discute a formação do professor diante do cenário que emerge das novas tecnologias, tendo como fundamentados, principalmente em Demo (2008) e Nóvoa (2009). A tecnologia no ensino aprendizagem A tecnologia encurtou distâncias, aboliu fronteiras e possibilita a conexão de pessoas e informações de maneira muito mais veloz e eficiente, ficamos deslumbrados e depositamos na tecnologia a confiança de que ela será a salvadora de nossas mazelas e agruras. Até que ponto isto é verdade? Segundo Vieira Pinto (2005), toda tecnologia por mais sofisticada que seja em um determinado momento, guarda em si o anúncio de sua superação por outra que a sucederá e deixará a todos igualmente fascinados, ou seja, toda tecnologia defasada um dia já foi surpreendente e aquela que nos encanta por agora será obsoleta amanhã. É preciso, portanto, superar a ideia dos pessimistas que apenas destacam os efeitos negativos da tecnologia no cotidiano, quanto a dos otimistas ingênuos que a supervalorizam desconsiderando fatores outros que também contribuem para a eficácia da prática docente. Colombo e Bazzo (2001) nos dizem que a tecnologia é parte inerente da vida do ser humano, interferindo em seu modo de ver e estar no mundo, porém questionam a neutralidade das ciências e tecnologias evidenciando que a noção delas como progresso que trará ganhos na qualidade de vida das pessoas nem sempre corresponde à realidade, por isso, situam-nas dentro de um contexto social e político onde as mesmas podem servir para mascarar finalidades de controle e ajustamento. Tal visão está alinhada ao enfoque evolucionista, apresentado por Dias e Dagnino (2007), que se preocupa tão somente com o desenvolvimento do sistema capitalista que tem como reflexo na escola o preparo de mão de obra competente para o mercado de trabalho e não a formação integral do educando. Assim, por uma necessidade imposta, a tecnologia no contexto educacional apenas informatizaria modelos de ensinar e aprender descontextualizados e que não provocaria reflexão e a autonomia para o desenvolvimento dos saberes necessários à uma formação integral. Por isso, a tecnologia no ensino deve ser vista como um meio e não um fim em si mesma, essencialmente não é boa nem ruim, o uso dela pelo homem é que pode servir a um saber alienado e exclusão social ou à integração e bem-estar coletivo. Vieira Pinto (2005) nos diz que o conceito de tecnologia é amplo e de difícil definição uma vez que é utilizado por profissionais das mais diversas áreas do conhecimento em 24045 diferentes contextos. Afirma ainda, que o conceito de tecnologia se confunde no senso comum e para o universo dos técnicos com o de técnica, mas para ele são distintos, pois a tecnologia precede à técnica, portanto, tecnologia é a ciência da técnica, ou seja, a técnica é vista aqui como produto e a tecnologia como processo de reflexão sobre o ato produtivo útil do homem. Em matéria de formação docente, o que se espera é a superação dessa dicotomia entre teoria e prática. Daí a importância de um fazer pedagógico que deixe de ser mera aplicação repetitiva e maçante de técnicas mecânicas e acríticas para um agir ativo, preparado para lidar com incertezas, imprevistos e toda a complexidade da dinâmica educativa. Para Valente (2005) existem dois aspectos que devem ser observados na implantação das novas tecnologias na educação. Primeiro, o domínio do técnico e do pedagógico não podendo acontecer separado um do outro, ou seja, o professor deve ter domínio sobre a ferramenta e a didática. Segundo, diz respeito à habilidade em saber como por meio de uma tecnologia específica se pode atingir um fim pedagogicamente eficaz, do contrário, corre-se o risco de apenas informatizar velhos paradigmas que não se traduzem em mudanças efetivas. O autor destaca ainda que o computador oferece um leque ilimitado de possibilidades de ações pedagógicas, mas se faz necessário indagar se o uso do mesmo está ou não contribuindo para a construção de conhecimento. Dentro dessa perspectiva, Neto (2005) ressalta que apenas instalar equipamentos tecnológicos na escola não significa inovação, uma vez que o professor pode fazer uso das novas tecnologias em sala de aula sem, contudo, transformar a essência de sua prática pedagógica, pois uma escola verdadeiramente inovadora é a que mais do que promover mudanças de métodos, espaços e recursos tecnológicos por outros, transforma suas práticas de ação e muda a realidade adversa encontrada. Isso implica discutir a construção de saberes na formação docente. Saberes docente Azevedo (2008) diz que a discussão sobre saberes foi introduzida por Tardif (2006), que afirma - ser o saber docente um conceito amplo que envolve conhecimentos, competências e habilidades fundamentais para o trabalho docente. O autor menciona quatro tipos de saberes: 1) saberes científicos da formação profissional adquiridos na instituição de formação dos professores que aplicados na prática pedagógica podem desenvolver uma tecnologia de aprendizagem; 2) saberes disciplinares que contemplam os conhecimentos socialmente construídos e ensinados em formato de disciplina; 3) saberes curriculares que 24046 perpassam os objetivos, conteúdos e técnicas que orienta os trabalhos da instituição a qual o docente pertence; 4) saber experiencial, aqueles resultantes da própria prática cotidiana do professor. Afirma ainda o autor que, os saberes docentes são construídos por seis fios condutores que evidenciam a interação entre o individual e o social, saber: saber e trabalho; a diversidade do saber; a temporalidade do saber; a experiência de trabalho que fundamenta o saber; saberes humanos que se relacionam com outros saberes humanos e saberes e formação profissional Em seu artigo Tendências e Dimensões da formação de professores na contemporaneidade, Ghedin (2009) discorre sobre as tendências que norteiam a formação pedagógica, buscando compreender o tipo de filosofia subjacente a elas que orientam o fazer docente. Apresenta quatro tendências: saber docente, reflexão sobre a prática, pesquisa no ensino e competências da formação. Sobre o conceito de saberes diz que possui um caráter mais epistemológico com ênfase em conteúdos e métodos do processo formativo. Define saber com sinônimo de conhecimento e experiência sistemática e refletida, ou seja, conhecimento reelaborado a partir da prática e na prática de formar-se permanentemente que habilitaria o docente a ser profissional. Portanto, afirma que o professor é aquele sujeito que detém um conjunto de saberes que lhe possibilita atuar profissionalmente na área do ensino. Pimenta (2002) compreende os saberes em três perspectivas: 1) saber da experiência que diz respeito aos saberes que os docentes em formação já trazem incorporados por conta de sua vivência observando e interagindo com os professores de sua formação escolar e suas percepções sobre o fazer docente; 2) saber do conhecimento que diferente da informação se manifesta em um saber construído, resignificado, permeado de intencionalidade, útil e contextualizado; 3) saber pedagógico que para além da didática encontra sua razão de ser na própria prática docente e emerge dela para confrontar e reelaborar os conhecimentos da formação inicial e continuada. A formação docente e o uso das tecnologias Discutir a formação docente e os saberes que permeiam a essa formação, remete-nos às discussões a respeito das habilidades requeridas pelo século XXI. Dentro dessas habilidades, Demo (2008) destaca cinco como horizontes que emergem nesse cenário das novas tecnologias: 1) o desafio da autoria que busca superar a passividade do aprendizado e conduzir ao papel ativo do alunado na construção do próprio conhecimento; 2) a autoria crítica e autocrítica, ou seja, saber que o conhecimento é um caminho contínuo de (re) 24047 construção podendo, portanto, ser revisado, ampliado e redefinido por si e por outros; 3) a descentralização da informação criando uma rede de colaboração onde grupos de pessoas com interesses em comum a alimentam; 4) a mudança no estilo de pensar e criar, agora mais focado em valorizar o desenvolvimento coletivo do conhecimento do que destacar a genialidade individual; 5) o novo ambiente da teoria crítica que nada mais é que a humildade em aceitar a despeito das ideologias e desinformação que se encontra na web, os desafios que as novas tecnologias impõem a nossa sociedade e as potencialidades que podemos usufruir delas. De outro modo, pesquisas como as de Marinho, Lobato e Gazire (2008) evidenciam que a escola adotou e tem implantado uma infraestrutura que integra as novas tecnologias, porém conservando velhas práticas que enfatizam o ensino por meio das máquinas, mas não compreende como se dá a aprendizagem através delas. Dessa forma, as pretensas vantagens das TICs para a formação integral dos alunos vão se configurando apena a nível teórico, pois na prática os recursos tecnológicos não são utilizados ou assumem papel reprodutor do mesmo ensino mecânico e acrítico tão já questionado e denunciado. Buscando superar os modismos que permeiam a educação e que servem apenas para reproduzir velhas práticas, ideias e propostas, Nóvoa (2009) salienta que há necessidade de uma formação de professores construída dentro da profissão docente que contemplariam cinco aspectos: práticas, profissão, pessoa, partilha e público. Afirma ainda o autor, que no momento atual volta-se a questionar o que seria o “bom professor”, quase sempre fazendo referência ao desenvolvimento de competências que critica por sua matriz técnica e instrumentalista. Por isso, sugere o termo disposições que une as dimensões pessoal e profissional na construção de uma identidade docente. Nesse ponto, Nóvoa (2009) diz que uma formação de professores nesse molde é construída, considerando cinco disposições: 1) quando se pensa e compreende o conhecimento; 2) quando se forma uma cultura profissional colaborativa e reflexiva sobre a prática onde os professores dialogam entre si e se ajudam mutuamente em direção à inovação; 3) quando se desenvolve uma sensibilidade pedagógica que faz conquistar o respeito e guia o educando a continuamente ir além do seu nível de desenvolvimento atual; 4) quando o trabalho em equipe se faz presente de maneira real; 5) quando o compromisso social orienta cada ação. Sobre essas cinco disposições, Nóvoa (2009) argumenta que a formação de professores deveria ser centrada na aprendizagem dos alunos e em estudos de casos concretos, 24048 ou seja, nas práxis docentes. Sobre a profissão, defende que os professores mais experientes formem os mais jovens para que burocratas e especialistas distantes da vivência de sala de aula não sejam os responsáveis pela formação que caberia aos próprios professores realizarem. A dimensão pessoal também deve ser levada em consideração no delinear da formação, pois o professor enquanto pessoa ensina outras pessoas e esse ensino está permeado daquilo que o docente é. Outra questão salientada é a da partilha onde deve ocorrer nas formações a valorização do ato coletivo, tanto no âmbito do conhecimento quanto da ética. Por fim, destaca que na formação docente os professores sejam estimulados a terem uma voz pública que comunica eficazmente e conquista a comunidade do entorno escolar para uma parceria profícua. Para Ghedin (2009) é necessário discutir a diferença entre a forma como o professor ensina e a maneira como ele aprendeu. Diz que no geral, o educador vai ensinar da mesma maneira como ele aprendeu na universidade. Assim, propõe cinco princípios básicos que devem nortear a formação docente: 1) a dimensão ética que trata do reconhecimento do outro como igual e incentiva os valores de justiça, respeito, fraternidade, combatendo as injustiças e a corrupção, por exemplo; 2) o compromisso político que considera seu trabalho como atividade social que ajuda a fazer uma leitura crítica da realidade, construtor de sujeitos conscientes de seus direitos e deveres; 3) a dimensão epistemológica que proporciona dominar os conceitos da área de saber em que atua o professor; 4) o aspecto das técnicas que para além da ideia tecnicista e mecânica, significa o domínio de métodos e procedimentos de ensino e aprendizagem; 5) a estética, pois o espaço escolar não pode ser reservado para as questões apenas conceituais e teóricas, já que o ser humano é carregado de emoções e afetividade. Morin (2004) tratando dos saberes necessários a educação do futuro salienta a necessidade de um ensino que possibilite o educando a perceber o erro como oportunidade de desenvolvimento; a enfrentar a incerteza, lidando com a complexidade onde o conhecimento deixa de ser fragmentado e contribui para uma visão global e multidimensional da realidade; que ajude no reconhecimento da singularidade de cada indivíduo e no despertar de suas potencialidades que se constrói na interação com a cultura na qual está inserido; que propicie o sentimento de pertencimento e cuidado com a sustentabilidade do planeta e o exercício da ética e da compreensão. Por tudo isso, vemos que formar professores no mundo contemporâneo abarca uma série de dimensões que superam a mera transmissão de conteúdos pedagógicos e se alinham 24049 as necessidades de uma sociedade em rede que impõe novos desafios e demandas. Tal conjuntura abre a possibilidade de outros campos de saberes, implica na redefinição do currículo e contribui para um fazer docente multidisciplinar, crítico e contextualizado, porém sem perder a noção do todo. O professor do novo milênio é aquele que não domina apenas a matéria de ensino, sabe utilizar as ferramentas tecnológicas ou possui um bom arcabouço pedagógico, mas que integra os saberes necessários à sua prática preparando o educando para os desafios de seu tempo, para aprender como destaca Delors (2001), a conhecer, fazer, ser e conviver junto. Considerações Finais A História do homem é dinâmica, somos fazedores de cultura e construtores de novos processos de interação, trabalho e comunicação. A educação não pode estar alheia a isto e demanda do professor novas práticas, que por sua vez exigem preparo, constante atualização, criatividade e uma visão inovadora do ensino-aprendizagem. Superar as resistências ao uso das TICs em sala de aula é fundamental para criarmos um ambiente de ensino dinâmico, interessante, participativo, integrador de novas culturas e construtor de novos conhecimentos. Esse é um trabalho que exige tempo, diálogo, comprometimento e parceria. Por isso, formar docentes para uma prática inovadora é uma tarefa árdua e complexa, pois toda mudança gera novas posturas, quebra de paradigmas e uma estrutura de apoio. Mas práticas inovadoras, podem ser construídas com uma formação inicial de qualidade que satisfaça de fato as exigências do trabalho docente. Portanto, a formação docente precisa criar redes de informações, com troca de experiências e simulação de situações concretas, apoiados por projetos que deem subsídios para que o futuro docente se sinta seguro e confiante de realizar sua prática. Diante disso, o que fazer a respeito daqueles profissionais da educação que receberam uma formação inicial aligeirada, permeada de conteúdos aparentemente desvirtuados da realidade escolar e que parece não ter lhes dado o suporte necessário para a efetivação da prática docente? E o que dizer sobre a difusão ampla e descentralizada de informações que tornam obsoletos conhecimentos num curto espaço de tempo? A formação do professor surge como resposta, pois segundo Bettega (2004) tem por objetivo colaborar na formação e também contribuir para uma reflexão relativas as mudanças educacionais. Nesse aspecto, Cebrían (1999) aponta que o desenvolvimento de prática inovadoras na escola precisa ser realizada colaborativamente, onde todos os sujeitos do processo 24050 educacional devem estar mobilizados. A atualização de conhecimentos se dá a partir da realidade vivida e de reflexões sobre a própria prática num processo dialético de (re) construção do conhecimento. Assim, a formação docente para o uso das tecnologias na dinâmica do processo ensino-aprendizagem exige a construção de saberes dentro de um espaço de partilha, ou seja, de um ambiente favorável para o seu crescimento profissional em uma formação que atenda aos interesses do docente, que lhe instigue a curiosidade, que desperte o gosto pela pesquisa, que tenha significado para ele. REFERÊNCIAS AZEVEDO, Rosa Oliveira Marins. Ensino de Ciências e formação de professores: diagnóstico, análise e proposta. UEA, 2008. BETTEGA, Maria Helena Silva. A educação na Era Digital. São Paulo: Cortez, 2004. CEBRÍAN, MANUEL (1999). La formación del profesorado en el uso del médios y recursos didácticos. p. 131-148. In Tecnologia educativa. Cabero, Julio (editor). COLOMBO, C. R; BAZZO, W. A.. Educação tecnológica contextualizada: ferramenta essencial para o desenvolvimento social brasileiro. Revista de Ensino de Engenharia, Florianópolis, v. 20, n. 1, p. 9-16, 2001. DIAS, Rafael; DAGNINO, Renato. 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