TESTE DE ESTABILIDADE EM SUSPENSÕES DE NANOPARTÍCULAS LIPIDICAS CONTENDO CLOREXIDINA GRACIELA SCHNEIDER VITALIS ([email protected]) / mestrado nanociências / UNIFRA, Santa Maria RS RENATA PLATCHECK RAFFIN ([email protected]) / mestrado nanociências / UNIFRA, Santa Maria - RS MICHELLI BARCELOS ANTONOW ([email protected]) / mestrado nanociências / UNIFRA, Santa Maria - RS RICARDO LORENZONI ([email protected]) / mestrado nanociências / UNIFRA, Santa Maria RS Palavras-Chave: ESTABILIDADE; NANOPARTÍCULAS LIPÍDICAS; CLOREXIDINA A clorexidina é um fármaco que vem sendo amplamente pesquisado devido a inúmeras propriedades, dentre elas sua ação antimicrobiana imediata e amplo espectro antimicrobiano (LENET et al., 2000). Para potencializar os benefícios da clorexidina, podemos buscar auxílio na nanociência através de sistemas de liberação controlada de fármacos, que apresentam diversas vantagens sobre o sistema de dosagem convencional, como a maior eficácia terapêutica, proporcionada pela liberação progressiva e controlada do fármaco a partir da nanopartícula e a diminuição significativa da toxicidade por utilizar menor concentração de fármaco e possuir maior tempo de ação. Além disso, esse sistema evita a instabilidade e decomposição do fármaco (bio-inativação prematura), além de possibilitar a penetração mais profunda nos tecidos em decorrência do seu reduzido tamanho (NHUNG et al., 2007). Foram desenvolvidas nanopartículas lipídicas contendo clorexidina. Estes sistemas se derivam a partir de emulsões óleo/água mediante a substituição de lipídio líquido por um lipídio sólido à temperatura ambiente. Os lipídios sólidos ou mistura de lipídios são fundidos e posteriormente dispersos utilizando altas taxas de cisalhamento. Após o resfriamento da emulsão, gotículas se cristalizam, ocorrendo a formação de nanopartículas lipídicas (NHUNG et al., 2007). Neste estudo, o lipídeo utilizado foi a manteiga de karité. Após o desenvolvimento da formulação, a determinação da estabilidade é de extrema importância para predizer o comportamento que o fármaco irá apresentar em determinado intervalo de tempo, frente a condições ambientais que visam acelerar as alterações a que possa ser submetido, desde a fabricação até o término do prazo de validade (ANVISA, 2004). Apesar das nanopartículas normalmente não possuírem a tendência à separação de fases, durante o tempo de armazenamento elas podem sofrer agregação, resultando na formação de precipitados. Além disso, problemas de estabilidade química as demais matériasprimas também podem ocorrer. A conseqüência de uma estabilidade físico-química limitada em função do tempo constitui um obstáculo para a aplicabilidade industrial das suspensões aquosas de nanopartículas (SCHAFFAZICK et al., 2003). As nanopartículas contendo clorexidina foram obtidas pelo método de altas taxas de cisalhamento onde misturou-se uma fase aquosa contendo Tween 80® e água à uma fase oleosa que continha o fármaco, o tensoativo (Span 80®) e o manteiga de karité. A mistura foi levada ao Utraturrax a uma velocidade de 24.000 rpm. As suspensões contendo nanopartículas lipídicas nas concentrações de 0,2; 0,5 e 1 % de clorexidina foram submetidas ao estudo de estabilidade e armazenadas em geladeira (-4 ± 2 °C) e estufa (40 ± 2 °C). Os parâmetros analisados foram: pH, diâmetro médio das nanopartículas, índice de polidispersão e doseamento. As leituras foram realizadas nos tempos 0, 30, 60 e 90 dias após o preparo das formulações. A determinação do diâmetro médio e da polidispersão das nanopartículas foi realizada através de espalhamento de luz dinâmico. Para tanto, as amostras de suspensão contendo as nanopartículas de clorexidina foram diluídas 500 vezes (m/v) em água ultra pura. Para efeito comparativo analisou-se também as formulações contendo nanocápsulas sem o fármaco. Para a determinação do pH das suspensões, foi utilizado um potenciômetro calibrado com solução tampão pH 4,0 e 7,0. As leituras foram realizadas em triplicata. O tamanho médio das partículas das amostras armazenadas em geladeira apresentou-se mais estável durante os noventa dias que as amostras armazenadas em estufa, sendo a maior variação apresentada pelas suspensões na concentração de 1 %. Nas concentrações de 0,2%, houve variação de 152,2 +1,56 nm para 166+0,26 nm em geladeira, e para 246,1+3,46 nm em estufa. Na concentração de 0,5 %, de 209+1,56 nm para 227,2+2,34 nm em geladeira e 231,3+3,82 nm em estufa. Já para a concentração de 1 % de 149,3+0,11 nm para 149+1,17 em geladeira e 768,8+61,02 em estufa. Houve uma redução gradual do pH (pH inicial nas concentrações 0,2%; 0,5 e 1%, respectivamente, 9,33+0,02; 8,21+0,02 e 9,94+0,01) nas diferentes concentrações tanto nas amostras armazenadas em geladeira (pH final nas concentrações de 0,2; 0,5 e 1 %, respectivamente, 7,72+0,01; 7,6+0,01 e 7,52+0,02) quanto nas armazenadas em estufa (pH final nas concentrações de 0,2; 0,5 e 1 %, respectivamente 6,45±0,11; 6,59+0,04 e 6,48+0,04). Os valores de doseamento (nas concentrações de 0,2; 0,5 e 1 %, respectivamente, 78%, 77% e 75%) apresentaram uma leve diminuição no valor de doseamento nas concentrações de 0,2 e 0,5 % em ambas as condições. Através dos resultados, pode-se concluir que suspensões contendo nanopartículas lipídicas contendo clorexidina apresentaram-se mais estável quando armazenada em geladeira e nas concentrações de 0,2 e 0,5 %. REFERÊNCIAS: SCHAFFAZICK, R.; GUTERRES, S.; Freitas, L.; POHLMANN, A.; Caracterização e estabilidade físicoquímica de sistemas poliméricos nanoparticulados para administração de fármacos.; Química Nova; 26; 726737; 2003. LENET, B.J; KOMOROWSKI, R.; WU, X.Y.; HUANG, J.; GRAD, H.; LAWRENCE, H.P.; FRIEDMAN, S; Antimicrobial substantivity of bovine root dentin exposed to different chlorhexidine delivery vehicles. ; Journal of Endodontics; 26; 652-655; 2000. ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Bula do paciente; consulta pública n° 43, de 7 de julho de 2004; http://www4.anvisa.gov.br/base/visadoc/CP/CP%5B7760-1-0%5D.PDF; agosto-2011. NHUNG, D. T. T.; Freydiere, A. M.; Constant, H.; Falson, F.; Pirot, F. ; Sustained antibacterial effect of a hand rub gel incorporating chlorhexidine-loaded nanocápsulas (Nanoclhorex®).; International Journal of Pharmaceutics; 334; 166-172; 2007.