1 Acidente Vascular Encefálico – AVE • Termo genérico que se refere a qualquer anormalidade funcional do SNC em decorrência da interrupção prolongada do fluxo sanguíneo através de uma das artérias que suprem o cérebro; • É o principal distúrbio vascular cerebral nos EUA; • No Brasil, o AVE ainda é a primeira causa principal de óbito; • 500.000 pessoas experimentam AVE inicial; • 100.000 sofrem AVC recorrente; • 160.000 morrem por acidente vascular cerebral a cada ano; • 2,2 milhões O AVE é a causa principal de incapacidade grave e em longo prazo. • O cérebro e as células cerebrais são extremamente sensíveis à falta de oxigênio, quando o cérebro é privado de sangue oxigenado de 3 a 7 minutos, tanto as células cerebrais quanto as nervosas começam a morrer; 2 • Esta perda é irreversível !!!! • Embora o local da lesão celular esteja situado no cérebro, as consequências são disseminadas.de homens e 2,3 milhões de mulheres sobrevivem ao AVE; Fatores de Risco – são divididos em controláveis e incontroláveis. Incontroláveis: • Idade - a partir de 55 anos o risco aumenta 55% a cada década; • Sexo – Os homens apresentam mais risco que as mulheres; • Raça – A incidência de AVE é maior em negros do que em outros grupos étnicos; • Genética - Pessoas com familiares que sofreram AVE apresentam risco maior. Controláveis: • Hipertensão arterial Hipertensão Arterial; • Fibrilação Arterial - 15% das pessoas com fibrilação atrial (doença associada a doenças tromboembolíticas), desenvolvem AVE; • Hiperlipidemia - Os níveis séricos elevados de colesterol e lipoproteina de baixa densidade (LDL) aumentam o risco de aterosclerose e de AVE; • Diabetes – O n´vel elevado de glicose no sangue aumenta os triglicerídeos e acelera sua conversão em LDL; • Histórico de AVE – 35% de pacientes que já sofreram um AVE, terão outro; • Tabagismo – a nicotina é vasoconstritora; • Obesidade - Contribui para a pressão arterial elevada, hiperlipidemia e diabetes; • Valvulopatias – podem ocasionar a formação de trombos e embolos que serão oportunamente liberados. de 40 a 90% dos pacientes com AVE tem Classificação do AVE Os acidentes vasculares cerebrais podem ser divididos 3 em duas categorias principais: • Acidente Vascular Encefálico Isquêmicos (AVEI) Correspondem a 85%, caracterizado pela oclusão e pela hipoperfusão significativa; • Acidente Vascular Encefálico Hemorrágico (AVEH) Correspondem a 15%, caracteriza-se pelo extravasamento de sangue para dentro do cérebro. Acidente Vascular Encefálico Isquêmico - Definição: Atualmente denominado de derrame cerebral, é a perda súbita da função decorrente da interrupção do suprimento sangüíneo para uma região do cérebro, decorrente de um trombo ou êmbolo que obstrui uma artéria que transporta sangue para o cérebro. - Etiologia: • Trombose de artéria de grosso calibre (20%); • Trombose de artéria de pequeno calibre (25%); • Acidente vascular cerebral embólico cardiogênico (20%); • Outros (35%). • Os AVE’s isquêmicos podem ser divididos em trombóticos ou embólicos. • Eles são chamados de trombóticos quando ocorre oclusão progressiva de um vaso cerebral por um trombo de aterosclerose. Os pacientes que têm um ou mais riscos de aterosclerose são os mais propensos a ter AVE’s trombóticos. • E são chamados de embólicos, quando se soltam deste trombo (através da força do fluxo sanguíneo), cai na corrente sanguínea, percorrendo os tecidos supridos pelos vasos sanguíneos. O embolo então, é empurrado até um vaso terminal pequeno e o oclui completamente, produzindo anóxia no tecido adjacente. 4 Locais mais freqüentes de anormalidades arteriais e cardíacas que causam AVI Evolução de um AVE trombótico 5 - Fatores de Risco: • Idade avançada, sexo; • Raça; • Hipertensão; • Doença cardiovascular; • Colesterol alto; • Obesidade; • Tabagismo; • Diabetes; • Uso de drogas; • Consumo excessivo de álcool • Uso de contraceptivo oral - Manifestações Clínicas: Pode causar ampla variedade de déficits neurológicos e depende da área de perfusão inadequada, quantidade de fluxo sangüíneo colateral e quais os vasos que estão obstruídos. Pode apresentar-se com qualquer um dos seguintes sintomas: 6 • Dormência ou fraqueza da face, braço ou perna, principalmente em um lado do corpo; • Confusão ou alteração no estado mental; • Problemas ao proferir ou compreender a fala; • Dificuldade em caminhar, perda do equilíbrio, tontura; • Cefaléia intensa súbita. Déficit do Campo Visual: • Hemianopia: Capacidade de enxergar somente a metade do campo visual normal.Negligência em um lado do corpo; dificuldade para calcular distância, desconhece a presença de pessoas ou objetos no lado da perda visual; • Perda da Visão Periférica: Dificuldade para enxergar à noite; • Diplopia: Visão dupla Déficits Sensoriais: - Parestesia: Dormência e formigamento (ocorre no lado oposto à lesão); Déficits Verbais: - Afasia Expressiva (Motora): incapacidade de formar palavras que sejam compreensíveis; - Afasia Receptiva (Sensorial): incapaz de compreender a palavra falada; pode falar, porém pode não fazer sentido; Afasia global (mista): combinação das afasias sensorial e motora. Déficits Cognitivos: - Perda da memória de curto e longo prazo; - Espectro de atenção diminuído; - Capacidade de concentração prejudicada; - Raciocínio abstrato deficiente; - Julgamento alterado Déficits Emocionais: 7 - Perda do autocontrole, depressão, isolamento, medo, hostilidade e raiva, sensações de isolamento. Achados Diagnósticos: - Exame físico neurológico completo; - Tomografia computadorizada de crânio sem contraste ou a Ressonância magnética (cabeça e pescoço) – podem diferenciar um AVE de outros distúrbios (ex. tumores); - EEG – Mostra a área que está com atividade elétrica reduzida – porém não é considerado exame específico; ECG – Verificar a presença de arritmias (fibrilação atrial); Comparação dos Acidentes Vasculares Cerebrais nos Hemisférios Esquerdo e Direito: AVE HEMISFÉRIO ESQ. AVE HEMISFÉRIO DIR. Paralisia ou fraqueza no lado direito do corpo Paralisia ou fraqueza no lado esquerdo do corpo Déficit do campo visual direito Afasia Expressiva (Motora), Receptiva (sensorial) ou global Déficit do campo visual esquerdo Déficits espaço-perceptuais Capacidade intelectual alterada Aumento da capacidade de distração Comportamento lento e cauteloso Comportamento impulsivo e julgamento deficiente Acidente Vascular Encefálico Isquêmico 8 Acidente Vascular Encefálico Hemorrágico • Representam 15% dos distúrbios vasculares cerebrais; • Causados principalmente por uma hemorragia (intracraniana ou subaracnóide); • Nos EUA, a cada ano, ocorrem 50.000 hemorragias intracerebrais e 25.000 casos de hemorragia subaracnóide por ruptura de aneurisma intracraniano; • Tem proporção de gravidade maior do que os AVEI Definição - Sangramento no tecido cerebral, ventrículos ou espaço subaracnóide, ocasionando acúmulo de sangue e aumento do volume intracraniano = aumento da PIC. - Os AVEH são mais comuns no cerebelo (estrutura que facilita o equilíbrio e a coordenação) e no tronco cerebral (que controla a respiração, a PA e a frequência cardíaca). 9 Etiologia: • A hemorragia intracerebral primária devido à ruptura espontânea de pequenos vasos, contribui para aproximadamente 80% dos acidentes vasculares cerebrais hemorrágicos e é causada sobretudo pela hipertensão descontrolada; • A hemorragia intracerebral secundária está associada a malformações arteriovenosas, aneurismas intracranianos ou determinados medicamentos. Fisiopatologia: • Depende do tipo e do distúrbio vascular cerebral; • Os sintomas são produzidos quando uma MAV ou um aneurisma, pressionam o tecido cerebral ou nervos cranianos próximos ou quando um MAV ou aneurisma se rompem, provocando hemorragia subaracnóide, levando a área afetada a uma isquemia causada pela compressão exercida pelo sangramento; • Hemorragia Intracerebral: • Também chamada de sangramento na substância cerebral; • Mais comum em pacientes com HAS e aterosclerose cerebral que podem levar a ruptura do vaso; • Pode ser decorrente de certas patologias (TU cerebral); uso de medicamentos anticoagulantes orais, anfetaminas e drogas ilícitas como o crack e a cocaína. Aneurisma Intracraniano: • Dilatação das paredes da artéria cerebral que se desenvolve em consequência de fraqueza na parede arterial; • A causa é desconhecida mas pode ser decorrente de aterosclerose, doença vascular hipertensiva, traumatismo craniano, idade crescente ou defeito congênito; Malformações Arteriovenosas: • Decorre de uma anormalidade no desenvolvimento embrionário que leva a um emaranhado de artérias e veias no cérebro sem leito capilar; 10 • A ausência do leito capilar conduz à dilatação das artérias e veias e à ruptura mais adiante; • Comumente são a causa de hemorragia em pessoas jovens. Hemorragia Subaracnóide: • Hemorragia no espaço subaracnóide pode acontecer em conseqüência de uma MAV, aneurisma intracraniano, trauma ou hipertensão; • A etiologia mais comum é o aneurisma extravasante na área do círculo de Willis ou MAV do cérebro. Manifestações Clínicas: • Pode apresentar sintomas semelhantes ao AVEI; • A ruptura de um aneurisma cerebral ou MAV quase sempre produz cefaléia súbita,intensa, perda de consciência por um período variável; • Pode haver dor e rigidez da parte posterior do pescoço e coluna vertebral; 11 • Distúrbios visuais acontecem quando o aneurisma é adjacente ao nervo oculomotor • Pode ocorrer, também, tontura, hemiparesia e zumbido; • Quando o sangramento é intenso pode ocorrer coma e morte. Tratamento Médico: • Permitir que o cérebro se recupere da agressão inicial; • Evitar ou minimizar o risco para a recidiva do sangramento e evitar ou tratar as complicações; • Repouso no leito para evitar a agitação e estresse; • Tratamento cirúrgico ou médico para evitar o novo sangramento; • Analgésicos; • Uso de meia elástica ou botas pneumáticas reduzem o risco de TVP devido permanência prolongada no leito. Tratamento Cirúrgico: • Muitos pacientes com hemorragia intracerebral primária não são tratados de modo profilático; • Indica-se a evacuação cirúrgica para o paciente com uma hemorragia cerebelar quando o diâmetro supera 3 cm - cirurgia antes do desenvolvimento do coma, evidência clínica ou neuroradiológica de disfunção de tronco ou hidrocefalia ; • Crescimento hematoma de 30 a 100% 1as 6 hs; • Cirurgia descompressiva. Complicações: • Recidiva do sangramento; • Vasoespasmo cerebral, resultando em isquemia cerebral; • Hidrocefalia aguda; • Convulsões; • Desorientação; • Amnésia; 12 • Distúrbios hidroeletrolíticos. Acidente Vascular Encefálico Hemorrágico 13 Acidente Vascular Encefálico - Diagnóstico de Enfermagem/Intervenções • Mobilidade física prejudicada, relacionada com a hemiparesia, perda de equilíbrio e coordenação, espasticidade e lesão cerebral; • Dor aguda (por desuso); • Déficit de autocuidado, relacionados com as seqüelas do AVE; • Deglutição prejudicada; • Incontinência relacionada com a bexiga flácida; • Confusão e/ou dificuldade na comunicação; • Risco de integridade cutânea prejudicada; • Disfunção sexual relacionada com déficits neurológicos ou medo de falhar. 14 1- Mobilidade Física Prejudicada, relacionada com a hemiparesia, perda de equilíbrio e coordenação, espasticidade e lesão cerebral. • Intervenções • Manter a pele limpa e seca: a limpeza da pele remove bactérias transitórias; a pele evita a maceração, um processo no qual a pele torna-se macia a sofre erosão facilmente. • Utilizar dispositivos que reduzem a pressão ou uma cama terapêutica que distribui alternadamente o peso corpóreo do paciente: o alívio da pressão reduz a hipóxia tissular. 2- Comunicação Prejudicada relacionada à afasia expressiva. • Intervenções: • Aconselhar o paciente a apontar ou escrever palavras chave ou fraseschave: alguns pacientes conservam a capacidade de leitura, embora eles possam ser incapazes de se expressar verbalmente. • Aconselhar o paciente a falar devagar quando ele tentar se comunicar verbalmente: quando não pressionado para responder rapidamente, o paciente pode ser capaz de proferir palavras e sensações com mais facilidade. 3- Risco para enfrentamento ineficaz e Risco para enfrentamento familiar comprometido • Intervenções • Encorajar as pessoas que fazem parte do convívio social do paciente a colaborar na resolução de problemas: Quando existe um esforço em equipe, a possibilidade de bons resultados é maior. • Reconhecer o potencial do paciente: o reconhecimento do potencial aumenta a confiança e a capacidade de superar os problemas pessoais. 4- Deglutição Prejudicada relacionada à hemiplegia • Intervenções • Elevar a cabeça do paciente para ele se alimentar ou beber: facilitar a progressão do alimento e líquidos pelo esôfago e diminuir a chance de broncoaspiração. 15 • Solicitar alimentos pastosos ou em forma de purê ao departamento de nutrição: a língua consegue manipular mais facilmente alimentos espessados contra o palato e a orofaringe. • Ofertar alimentação fracionada: o consumo de pequenas quantidades é menos cansativo e o paciente pode consumir uma quantidade maior diariamente. Resultados Esperados: • Alcançar a melhora na mobilidade; • Relatar ausência de dor; • Realizar o autocuidado; • Lateralizar a cabeça para visualizar objetos e pessoas; • Demonstrar a capacidade de deglutição melhorada; • Tem controle de esfíncter vesical e intestinal; • Participar do programa de melhora cognitiva; • Manter a pele intacta sem lesões; • Familiares demonstrarem atitude e mecanismos de enfrentamento positivo; • Possuir atitude positiva em relação as atividades sexuais.