Cuidando do cliente com agravos neurológicos em urgência e emergência Prof.º Enf.º Diógenes Trevizan Especialização Urgência e Emergência Introdução Para que possamos atender de forma segura uma pessoa com AVE em situação de urgência e emergência, é fundamental conhecer os sinais e sintomas do agravo, tratamento, ações e responsabilidades da equipe assistencial. Outro agravo, abordado em seguida, é a crise convulsiva, uma manifestação relativamente comum em nosso meio, porém, que necessita de atendimento rápido no momento que esta ocorre. Além de evitar danos maiores à pessoa, ressalta-se a importância de seu encaminhamento ao serviço de saúde para investigação e/ou tratamento, considerando que várias são as causas de convulsão. Estatísticas Dados analisados no Estado de São Paulo em 2007, demonstram que, do total de óbitos, aproximadamente 36% foram em consequência de patologias do aparelho circulatório, observando-se discreta predominância do sexo masculino(53%). Segundo Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade-SP), esse índice de mortalidade inclui doenças hipertensivas, doenças isquêmicas cardíaca, doenças cerebrovasculares, doenças do aparelho circulatório e demais patologias cardíacas. Acidente Vascular Encefálico (AVE) • Por que “Acidente Vascular Encefálico”(AVE)? Primeiramente, por se tratar de mal súbito com evolução rápida que acomete um ou vários vasos sanguíneos responsáveis pela irrigação do encéfalo, ocasionando alterações histopatológicas e resultando em déficits neurológicos. Esse acometimento vascular inclui aspectos funcionais e estruturais, bem como o fluxo sanguíneo e distúrbios de coagulação, podendo originar duas situações: o AVE isquêmico, que corresponde de 80%a 85% dos casos, e o AVE hemorrágico, que acomete em torno de10% a 15% da população. Ambos causam sequelas distintas e de extensão variável, conforme a região afetada. AVE ISQUÊMICO • O AVE isquêmico é caracterizado por uma área de infarto cerebral devido à interrupção do fluxo sanguíneo, que acarreta em dano estrutural irreversível. Conjuntamente, ocorre uma região de instabilidade, denominada zona de penumbra, cujas sequelas dependerão da magnitude do dano e de sua repercussão futura. Na fase aguda da isquemia, essa região tem sua irrigação diminuída, mas suficiente para manter a viabilidade celular temporariamente. • Para a delimitação da área afetada pelo infarto cerebral, bem como sua extensão, devem ser consideradas a oxigenação, o equilíbrio metabólico, o fluxo sanguíneo e a circulação colateral do local afetado. A principal causa do AVE isquêmico é o tromboembolismo arterial em decorrência de embolias cardíacas ou ainda de grandes vasos, que incluem as artérias aorta, carótida e vertebrais. Situações de oclusão de pequenos vasos, vasculites, dissecção vascular e ainda discrasias sanguíneas, enxaqueca, cardiopatias congênitas também são considerados fatores etiológicos. AVE Isquêmico AVE HEMORRÁGICO • Quando falamos do AVE hemorrágico, é necessário distinguir o local da ocorrência da hemorragia. Hemorragia intraparenquimatosa (HIP) e hemorragia subaracnóide (HSA) são distintasdevido às alterações clínicas evidenciadas, etiologia e abordagem terapêutica a ser utilizada. Na HIP, a principal causa é a hipertensão arterial que, ao longo de sua evolução, desencadeia alterações patológicas crônicas na parede de pequenas artérias levando à formação de micro aneurismas(aneurismas de CharcotBouchard). Outras causas incluem ruptura de aneurismas, malformaçõesarteriovenosas, vasculites e discrasias sanguíneas. • Para as HSA, destaca-se a ruptura de aneurisma sacular intracraniano como principal causa de prognóstico sombrio, levando à morte em mais de 50% das ocorrências. As seguintes manifestações neurológicas podem estar presentes: alterações do nível de consciência, déficit motor e sensitivo, alterações de coordenação de visão, da linguagem, fala e memória. • Por acometimento de nervos cranianos, o paciente pode apresentar diplopia, nistagmo, ptose palpebral e paralisia facial. Tonturas, vertigens, cefaleia e vômitos podem estar presentes. Diagnósticos • A tomografia computadorizada deve ser realizada o mais rápido possível para evidenciar o tipo de acometimento. Em casos de indefinição ou piora das condições clínicas do paciente, deve ser repetida em um prazo de 24 a 48 horas. O Doppler de carótidas, a angiografia cerebral e a ressonância magnética podem colaborar para elucidação do caso. • Exames laboratoriais como hemograma ,dosagem de sódio e potássio, ureia e creatinina sérica, glicemia, coagulograma, somado sà radiografia do tórax e ao eletrocardiograma complementam a investigação diagnóstica. Por vezes, a punção liquórica pode ser realizada quando há suspeita de hemorragia subaracnóide não diagnosticada na tomografia de crânio. • Ao proceder a venopunção, assegure-se de que a infusão de fluidos seja controlada, evitando sobrecargas volêmicas desnecessárias. Verificar a glicemia capilar é importante, pois, em geral, a maioria dos pacientes acometidos pelo AVE é idoso e pode apresenta routras comorbidades. É necessário que a equipe do APH realize a avaliação neurológica, utilizando a escala de coma de Glasgow, escala de Cincinnati ou outras, conforme o protocolo instituído no serviço. Fique atento, pois, dentre as alterações neurológicas que acompanham esse agravo, o paciente pode apresentar convulsões. A presença de uma ou mais alterações indica sinal ou Cincinnati positivo, pois nessa escala não há pontuação em valores numéricos. Antes da aplicação, certifique-se de que o paciente não apresentou AVE anteriormente, pois as sequelas podem dificultar a avaliação do estado atual. Tratamento • • • • • • Fibrinolítico; Descompressão cerebral através de cateter; Oxigenação; Acesso venoso; Controle da glicemia; Esteja atento à variação do nível de consciência, a alterações de motricidade, sensibilidade e a modificações pupilares que podem significar uma piora do quadro neurológico Ataque isquêmico transitório (AIT) • Um ataque isquémico transitório (AIT) é frequentemente designado por Mini-AVC e acontece quando o fornecimento de sangue para o cérebro é interrompido por um curto período de tempo. O AIT deve ser tratado como uma emergência. Deve procurar atendimento médico de urgência para avaliação. Os sintomas são muito semelhantes a um acidente vascular cerebral (tais como a fraqueza de um lado do corpo, perturbações visuais e fala arrastada), contudo são temporários duram alguns minutos ou horas, e depois desaparecem completamente dentro de 24 horas. • Num AIT, a parte afectada do cérebro fica sem oxigénio apenas alguns minutos. O AIT é um sinal de que uma parte do cérebro não está a receber sangue suficiente e que há um risco de um acidente vascular cerebral mais grave no futuro. • Na avaliação, na maioria dos casos, o médico vai iniciar o tratamento imediatamente com uma aspirina diariamente. O médico também irá avaliar o risco presente de contrair um acidente vascular cerebral mais grave: • Se o risco é elevado, deverá ser acompanhado por um especialista dentro das 24 horas do início dos sintomas e, se possível, também deverá fazer uma ressonância magnética ao cérebro nessas 24 horas. • Se o risco é baixo, deverá ser acompanhado por um especialista dentro de uma semana e deverá fazer uma ressonância magnética ainda nessa semana. • Se o especialista acreditar que o ataque isquémico transitório ou Mini AVC poderá ser provocado pelo bloqueio de uma artéria na parte da frente do pescoço, deverá fazer um scan das artérias carótidas no prazo de uma semana desde o início dos sintomas. • Se o bloqueio passa a ser significativo, então poderá ter de fazer uma operação à carótida dentro de duas semanas desde o AIT, se for seguro e adequado à sua saúde. FIM!!!