Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 VIVÊNCIA DO MÉDICO EM SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA/URGÊNCIA PELO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE Experience in the Medical Emergencies / Urgent By the Unified Health System (SUS) Emanuele Regina SCHWAAB1 Lívia Chagas ROSA2 Marjorie Dariane Da Silva MACHADO3 Rovana KINAS4 Deise Juliana FRANCISCO5 RESUMO Esse trabalho objetiva saber como um médico experiencia o trabalho em equipe de emergência/urgência. Os objetivos específicos são: descrever como o médico experiencia o trabalho em equipe nas situações de emergência/urgência em um hospital; verificar se há diferença entre o modo de atendimento de um indivíduo atendido pelo SUS ou por plano privado; analisar como funciona o atendimento de emergência/urgência; focalizar o trabalho do médico no SUS em situações de emergência/urgência. O presente trabalho refere-se a um estudo de caso tendo como instrumento uma entrevista semi-estruturada e uma visita ao local no qual ocorrem os atendimentos das situações de emergência/urgência. Verificou-se que o médico experiencia esse trabalho interdisciplinar com naturalidade e não há diferença entre o modo de atendimento de um indivíduo atendido pelo SUS ou por outra forma que envolva pagamento. O saber médico se sobressai, mas tende-se a uma horizontalidade. O trabalho é organizado e sincronizado, de modo que cada um sabe o que fazer no momento em que precisam atender um paciente de emergência/urgência.Além do setor de emergência/urgência realizar um atendimento focal, o mesmo se mantém interligado com os outros setores do hospital. Uma queixa proferida pelo médico entrevistado é de que muitas vezes o serviço de emergência hospitalar é procurado pela população, por outros motivos. Assim, verificamos que o médico entrevistado consegue administrar bem o trabalho em equipe, buscando sempre a troca de conhecimentos e conversando para resolver problemas e desentendimentos. Palavras-chave: SUS; emergência/urgência; vivência; médico. ABSTRACT This work aims to find out how a medical experience teamwork emergency / urgency. The specific objectives are: to describe the experience as the medical team work in emergency / urgency in a hospital, observe the differences between how an individual service attended by SUS or private plan, consider how the care emergency / urgency, focus on the physician's work in the SUS in 1 Graduanda do curso de Psicologia da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), Campus de Santo Ângelo. E-mail: [email protected] 2 Graduanda do curso de Psicologia da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), Campus de Santo Ângelo. E-mail: [email protected] 3 Graduanda do curso de Psicologia da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), Campus de Santo Ângelo. E-mail: [email protected] 4 Graduanda do curso de Psicologia da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), Campus de Santo Ângelo. E-mail: [email protected] 5 Professora do curso de Psicologia da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), Campus de Santo Ângelo, no ano de 2008. E-mail: [email protected] Vivências. Vol.6, N.11: p.88-94, Outubro/2010 88 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 emergency / urgency. This paper refers to a case study as a tool having a semi-structured interview and a site visit in which there were the calls of an emergency / urgency. It was found that the medical experience that interdisciplinary work naturally and there is no difference between how an individual service attended by SUS or otherwise involving payment. The medical knowledge stands, but tends to a horizontal. The work is organized and synchronized so that each knows what to do when they have to meet an emergency patient / urgency. Beyond emergency room / urgent care conduct a focus, it remains interconnected with other sectors the hospital. A complaint issued by a doctor interviewed is that often the hospital emergency service is sought by people for other reasons. Thus, we find that the doctor can administer interviewed and teamwork, always looking to exchange knowledge and talking to solve problems and disagreements. Keywords: SUS; emergency / urgency; experience; doctor. INTRODUÇÃO Este artigo resulta de um trabalho realizado na disciplina de Saúde Mental e Coletiva do curso de Psicologia no ano de 2008. O qual tinha como objetivo aprofundar o conhecimento sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) em diferentes contextos. Tendo em vista a importância do trabalho realizado pela equipe de saúde em situações de emergência/urgência, através do SUS, em um hospital, colocou-se como objetivo geral saber como um médico experiencia este trabalho nestas situações. Como objetivos específicos tem-se: descrever como o médico experiencia o trabalho em equipe nas situações de emergência/urgência em um hospital; verificar se há diferença entre o modo de atendimento de um indivíduo atendido pelo SUS ou por plano privado; analisar como funciona o atendimento de emergência/urgência; focalizar o trabalho do médico no SUS em situações de emergência/urgência. A escolha desta temática ocorreu considerando que hospital é o estabelecimento que proporciona assistência médica aos doentes que ali são recebidos, para que fiquem o mais perto possível do saudável (ZANON, 2001). Além disso, é o local que dispõe das instalações e da infraestrutura imprescindíveis para a execução de ensino prático da medicina e pesquisa. Para alcançar este objetivo nas situações de emergência/urgência, realiza-se o trabalho em equipe, que é uma prática que cresce a cada dia no atendimento à saúde, sendo as equipes caracterizadas pela relação de diferentes profissionais. Ao falar em trabalho em equipe, faz-se importante pensar na interdisciplinaridade, que sugere um diálogo e troca de conhecimentos, de análises, de métodos entre diferentes disciplinas, ou seja, implica interação e construção de conhecimento, tendendo à horizontalização das relações de poder entre os campos (ALVES, RAMOS e PENNA, 2005). Desta forma escolheu-se a figura do médico porque o mesmo ainda é visto como um profissional diferenciado dos auxiliares e do paciente, o qual obtém o poder (BLEGER, 1984). Faz-se também importante situar o que é “situação de emergência”, uma vez que é uma situação em que o indivíduo encontra-se em desequilíbrio, tendo alterações em seu organismo e como conseqüência disso corre risco de morrer, exigindo intervenção terapêutica imediata (ALMEIDA e PIRES, 2007). Conforme Luft (2000), emergência é uma situação crítica, um incidente; já urgência seria algo que necessita ser feito com rapidez. Na urgência não há estratégia, só ato (AZEVEDO, 2006). Em função da demanda dos sistemas emergenciais, o Hospital atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo. Visto que abarca do simples atendimento ambulatorial aos transplantes de órgãos, é o único a assegurar acesso irrestrito, Vivências. Vol.6, N.11: p.88-94, Outubro/2010 89 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 integral, universal e igualitário de modo gratuito para a totalidade da população brasileira (VASCONCELOS e PASCHE, 2006). METODOLOGIA O presente trabalho refere-se a um estudo de caso (pesquisa qualitativa), no qual se utilizou como instrumento uma entrevista semi-estruturada, realizada com um médico que atende situações de emergência-urgência em um Hospital, a qual foi gravada, posteriormente transcrita e descartada. Além da entrevista, fez-se uma visita ao local no qual ocorrem os atendimentos das situações de emergência/urgência para melhor conhecer o contexto onde o médico se encontra. RESULTADOS E DISCUSSÃO A equipe de saúde do local trabalha interdisciplinarmente, o que é verificado na seguinte fala do médico: [...] é interdisciplinar! Com certeza! [...] acho que são coisas que se complementam, né? Claro que dependendo da situação [...] sempre vai tê um conhecimento que vai ser preponderante, né? Se for um [...] infarto, um cardiologista vai tê uma capacidade técnica maior, se for uma obstrução urinária, o urologista vai ter mais capacidade. Se for um acidente vascular cerebral um neurologista. (Mário6, 09 de outubro de 2008). Embora os saberes sejam complementares, o saber médico se sobressai (TAVARES, 2005; ALVES, RAMOS e PENNA, 2005). Ao perguntarmos qual é o procedimento quando há desentendimento com a equipe o médico relata: “[...] eu particularmente prefiro conversar com os profissionais que trabalham aí, outros preferem conversar com as chefias” (Mário, 09 de outubro de 2008). Desta forma, percebe-se que o modo como o profissional vivencia essa situação na equipe, configura-se como mais horizontalizada, no sentido de que ele procura conversar para resolver aquilo que não foi proferido do modo mais adequado. O trabalho em equipe, embasado na diferença de cada especialista, depende da autonomia e do compartilhamento de responsabilidades. Em unidades para atendimentos de urgência e emergência seria preciso a atuação de diversos profissionais de saúde, como médicos, enfermeiros, psicólogos, técnicos de enfermagem, entre outros, capacitados especificamente para agir em situações críticas, que envolvem eminente risco de morrer. Assim, observou-se a falta de outros profissionais no atendimento de emergência/urgência no hospital, a qual se evidencia a partir do trecho da entrevista realizada com um dos médicos que trabalha no local: [...] então tem pessoas das mais diversas formações, digamos assim [...] tem pessoas que chegam agressivas, ansiosas, que chutam a porta, porque muitas vezes elas não tem condições nem de avaliar [...] porque são pessoas leigas que não tem noção da gravidade da situação, normalmente eles imaginam que as situações tem uma gravidade bem maior que realmente elas tem. Então isso já gera um nervosismo, entendeu? (Mário, 09 de outubro de 2008). Ou seja, percebe-se a partir disso que esses episódios de agressividade citados pelo entrevistado configuram-se como possíveis casos para atendimento e intervenção psicológica. Pois, 6 Nome fictício dado ao médico afim de preservar sua identidade. Vivências. Vol.6, N.11: p.88-94, Outubro/2010 90 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 de acordo com o que ele falou, são esses os pacientes que necessitam de atenção e, na emergência, ele não consegue proporcionar-lhes isto, em função da grande demanda e poucos recursos humanos. Como o próprio entrevistado relata: “[...] excede a capacidade de atendimento dos profissionais. É um serviço que deveria ter pelo menos dois médicos, né, que pros atendimento seriam importantes. Só tem um” (Mário, 09 de outubro de 2008). Deste modo, o procedimento que ele adota para dar conta do atendimento é aplicar um benzodiazepínico (ABRAMS, 2007), que tem efeito imediato tranquilizador, e encaminhar o paciente para o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), para que seja atendido de modo adequado por psicólogo ou psiquiatra. Muitos hospitais não apresentam uma infra-estrutura adequada para situações de emergência, tendo pouca disponibilidade de recursos humanos e materiais, no entanto, a demanda de trabalho é muito grande. Em função disso, muitos trabalhadores da saúde se sentem incapazes de ajudar o indivíduo como deveriam (ALMEIDA e PIRES, 2007). Inúmeros profissionais que trabalham no setor emergencial hospitalar estão sujeitos a desgaste e sofrimento psíquico, pois lidam com risco de morte e com famílias em crises emocionais. O que contribui para isso é o fato do trabalho ser inesperado e decisório, podendo ter falta de recursos para a realização de um trabalho efetivo, e também, as cargas horárias de trabalho são longas (como exemplo, no dia da visita à emergência o médico estava de plantão das 7h às 19h), o que pode acarretar em cansaço físico e psíquico, como também o estresse, mas tudo isso é decorrente da própria natureza do trabalho (ALMEIDA e PIRES, 2007). O sofrimento do profissional acaba se naturalizando diante do contexto hospitalar, sendo um mecanismo de defesa importante para esses profissionais suportarem a dor (PINHO e KANTORSKY, 2004). Essa naturalização é observada quando em um momento da visita à emergência do hospital, o médico fala com as acadêmicas explicando os procedimentos para aquela situação enquanto uma paciente encontra-se no mesmo local, bem próxima as universitárias e, certamente sentindo muita dor. Esse tipo de trabalho também apresenta pontos positivos, pois os profissionais se sentem úteis em poder ajudar o indivíduo em risco, sendo um trabalho bastante dinâmico e sem rotina, possibilitando exercer a profissão em sua plenitude. As situações emergenciais são desafiadoras e proporcionam satisfação quando ocorrem com êxito (ALMEIDA e PIRES, 2007). Outro aspecto relatado acerca do atendimento emergencial é a uniformização dos procedimentos, ou seja, os comportamentos dos profissionais “[...] Tem toda uma seqüência de atendimento né? Ah... que é feita em todas as emergências né? [...] (Mário, 09 de outubro de 2008). É tudo padronizado o atendimento, desde a entrada de emergência que deve ser feita tudo seqüencialmente organizado”, que foi confirmado na conversa entre as universitárias e o entrevistado na visita à emergência do hospital. O médico relatou que, na hora do atendimento, cada um dos profissionais sabe o que fazer devido aos procedimentos padrões. Priorizar a respiração é um deles, no qual o médico se posiciona na cabeceira da cama, cuidando da respiração do paciente, dando os comandos se necessário para os três técnicos. Outro é priorizar a circulação, no qual os técnicos pegam acesso venoso e cuidam dos demais procedimentos necessários no momento, objetivando retirar o paciente do risco de morte, o que é demonstrado na seguinte frase do médico: “[...] o objetivo inicial é tirar o paciente daquele momento de risco né?”. Para que isso aconteça: O atendimento em equipe [...] é primordial para que ocorra o adequado funcionamento da emergência, não tem como existir uma emergência sem o trabalho em equipe adequado... Por que emergência né? [...] ela subentende um atendimento rápido... Então se não tem harmonia trabalho em equipe ela não funciona né (Mário, 09 de outubro de 2008). A sincronia dos atendimentos demonstra que os profissionais que trabalham na emergência Vivências. Vol.6, N.11: p.88-94, Outubro/2010 91 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 hospitalar devem ser altamente capacitados para intervir em qualquer situação, ou seja, devem agir de maneira rápida, pois o tempo é limitado, demonstrando competência para resolução de problemas emergentes (ALMEIDA e PIRES, 2007). Os mesmos autores afirmam que outro elemento importante observado na prática da visita, e é também evidenciada na entrevista, é que a equipe varia de acordo com o dia que os profissionais estão de plantão. Muda-se o médico e os três técnicos de enfermagem, havendo revezamento tanto entre os médicos quanto entre os técnicos, conforme o entrevistado citou: “[...] ela (equipe) modifica, dependendo do dia [...]”(Mário, 09 de outubro de 2008). O serviço de emergência hospitalar é considerado o mais complexo dentre os outros oferecidos na instituição, pois se associa a serviços como: [...] equipes de apoio [...] Tem o laboratório né? Que entrando em contato eles vem fazer a coleta dos exames. Tem o serviço de radiologia. Tem o sobre aviso, [...] da cardiologia, da traumatologia, da oftalmologia e vários outros sobre avisos suporte em que situações especiais o médico da emergência solicita o comparecimento do médico especialista da emergência que faz o atendimento [...](Mário, 09 de outubro de 2008). Além disso, tem-se o bloco cirúrgico, unidade de tratamento intensivo, entre outros. Assim, nota-se que o serviço de emergência hospitalar caracteriza-se por assistência imediata, eficiente, integrada, com habilidades, conhecimento técnico e uso de recursos tecnológicos (ALMEIDA e PIRES, 2007). Desta forma, o médico, quando necessário, prescreve o que precisa ser feito, ou seja, [...] vai dar um encaminhamento adequado né? Se precisar de um atendimento [...] cirúrgico, ele vai encaminhar pro bloco cirúrgico e o cirurgião vai fazer a cirurgia que for necessário né? Se for necessário um exame diagnóstico mais complexo também vai ser encaminhado né? [...] (Mário, 09 de outubro de 2008). Também, o que ocorre muitas vezes é que o serviço de emergência hospitalar é procurado pela população ao invés de buscarem as demais unidades de saúde. Nesses casos constata-se que a maioria dos atendimentos é quadros clínicos simples que poderiam ser resolvidos em outros locais de unidades de saúde, mas a população procura assistência por onde é possível e mais rápido, sendo que inúmeras vezes esta se mostra muito carente. Com isso, o serviço emergencial se torna superlotado (ALMEIDA e PIRES, 2007). Conforme se corrobora no trecho, da entrevista, citado a seguir: O atendimento mais freqüente que ocorre não é de emergência, são consultas, né?, e este é o grande problema [...] e das várias emergências que acontecem no país não se consegue fazer uma triagem adequada então [...] a previsão de atendimento era só de situações de urgência e emergência porém acabam tendo um volume bem maior de consultas... Consultas por coisas corriqueiras né? Que dependendo podiam ser tratadas em nível laboratorial, e não de nível de emergência [...] (Mário, 09 de outubro de 2008). Quando ocorrem essas situações os profissionais que trabalham na emergência se embasam no princípio da eqüidade do SUS no qual se prioriza o atendimento ao paciente mais grave. Isso se remete a falta de informação que a população possui acerca de seus direitos, da legislação do SUS e Vivências. Vol.6, N.11: p.88-94, Outubro/2010 92 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 da qualidade do atendimento nos demais estabelecimentos de saúde. O próprio médico afirma que, [...] o maior problema do SUS não é a parte de organização né? ... Não é como ele foi estruturado [...] ele não foi bem pensado em como ele poderia ser financiado, e a partir daí é que surgiu todos os problemas do SUS [...] o SUS remunera de maneira péssima os profissionais, os hospitais, né? Tudo o que ta envolvido, o laboratório [...] ele é inviável financeiramente [...] então, o que acontece: não se consegue profissionais pra trabalhar [...] os hospitais [...] passam por uma dificuldade financeira principalmente pelo péssimo atendimento causado pelo SUS [...] pela baixa remuneração e pela grande fila que há para vários atendimentos não emergenciais. Então acho que o SUS é bem estruturado, bem pensado, o modelo é bom só que ele não tem o financiamento adequado (Mário, 09 de outubro de 2008). Apesar destas dificuldades financeiras que o SUS apresenta, o médico alega que não há diferença no atendimento de quem utiliza os serviços do SUS e de quem utiliza outros convênios ou particular: “Não tem diferença nenhuma [...] tudo igual... na emergência do SUS [...]” (Mário, 09 de outubro de 2008). Pensando no “princípio da inseparabilidade” do SUS, que impossibilita a dissociação e manutenção de dicotomias como “individual-social” (BENEVIDES, 2005), caberia a equipe auxiliar as famílias, mas como isso seria possível nesse contexto? CONCLUSÃO Verificou-se que o médico experiencia o trabalho interdisciplinar de emergência/urgência com naturalidade e, segundo ele, não se verifica diferença entre a forma de atendimento de um indivíduo atendido pelo SUS ou por outra forma que envolva pagamento. Percebe-se que o saber médico se sobressai, mas tende-se a uma horizontalidade. O trabalho é organizado e sincronizado, de modo que cada um sabe o que deve fazer no momento em que precisam atender um paciente de emergência/urgência. Verificou-se que o setor de emergência/urgência realiza um atendimento focal, mantendo-se interconectado com os outros setores do hospital. Uma queixa proferida pelo médico entrevistado é de que muitas vezes o serviço de emergência hospitalar é procurado pela população, por outros motivos, o que acaba aumentando desnecessariamente a demanda do local. Assim, averiguamos que o médico entrevistado consegue administrar bem o trabalho em equipe, buscando sempre a troca de conhecimentos e o diálogo com as pessoas que trabalha para resolver problemas e desentendimentos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRAMS, Anne Collins. Drogas ansiolíticas e sedativo – hipnóticas. In: ABRAMS, Anne Colins. Farmacoterapia clínica: princípios para a prática de enfermagem. 7 ed. 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