Artigo de revisão Exercício Físico na Prevenção da Sarcopenia Exercise in Preventing Sarcopenia Georgiana Martins Gomes1, Olívia Maria de Jesus2 Resumo ___________________________________________________________________ Inrtodução: A sarcopenia é a redução de massa muscular relacionada com a idade, causando alterações músculo esqueléticas que estão associadas a perda ou diminuição funcional, que refletem no metabolismo basal, mudanças no sistema nervoso e diminuição de secreções hormonais, deixando o organismo mais vulnerável tendo como consequências problemas na marcha e no equilíbrio, com isso gerando aumento no risco de fraturas pós-quedas. As pessoas fisicamente ativas apresentam uma maior massa muscular e uma menor massa de gordura, a quantidade de massa muscular perdida com o envelhecimento depende da prática de exercício físico, sendo afirmado pela literatura apresentada, que a taxa de perda de massa muscular é menor nos indivíduos que praticam exercícios físicos. Objetivos e métodos: O presente trabalho buscou confirmar os efeitos dos benefícios dos exercícios físicos na composição corporal, em especial, na massa muscular, e gordura corporal de idosos, principalmente no que diz respeito à sarcopenia, através de uma revisão bibliográfica, com pesquisas em trabalhos publicados nos últimos 10 anos. Resultados e conclusão: A revisão de literatura evidenciou diversos aspectos positivos relacionados com a prática de exercícios físicos na manutenção ou aumento da massa muscular, podendo ser um fator positivo no tratamento da sarcopenia, assim como para minimizar os efeitos da mesma. Descritores: Sarcopenia, Exercícios, Prevenção. 2 Abstract Introduction: Sarcopenia, is the reduction of muscle mass related to age, causes changes in skeletal muscle which are tied to loss or impairment of function, that reflect the basal metabolism, changes in the nervous system and reduction of hormonal secretions, which makes the body more vulnerable, with the consequence trouble walking, balance, increasing the risk of falls and fractures. Active people have a greater muscle mass and a lower fat mass, amount of lost muscle mass with aging also depends on physical exercise, is presented in the literature stated, that the rate of loss of muscle mass is lower in individuals who practice physical exercises. Objectives and methods: This work has confirmed evidence of the benefits of exercise on body composition, in particular in muscle mass and body fat the seniors, looking to highlight the effects of physical exercise, as well as the effects of physical inactivity, especially in regard to sarcopenia, with research papers published in the last 10 years. Results and conclusion: The literature review revealed many positive aspects related to physical exercise in maintaining or increasing muscle mass, can be a positive factor in the treatment of sarcopenia, as well as to minimize the effects of it. Descriptors: Sarcopenia, Exercises, Preventive Introdução Entende-se por exercício físico uma atividade realizada com reproduções sistêmicas de movimentos orientados, com ampliação no consumo de oxigênio em função da solicitação muscular, gerando assim, trabalho. O exercício compreende um subgrupo de atividade física, planejada com o intuito de manter o condicionamento. Pode também ser definido como qualquer atividade muscular que origine força e interrompa a homeostase1. O exercício físico é uma subcategoria da atividade física, sendo conceituado como atividade física de maneira estruturada, planejada, com repetições e proposital para que se tenha o progresso da aptidão física2. As perdas de massa muscular e de proteínas que acontece com o avanço da idade não costumam resultar em perda de peso, porque existe um acúmulo de gordura corporal correspondente3. A origem do termo sarcopenia se deu em uma 3 reunião em Albuquerque, no Novo México, onde se discutiu medidas relacionadas com a avaliação de saúde e nutrição na população idosa, onde Irwin H. Rosenberg, propôs o nome de sarcopenia, que se origina do grego, que significa “perda de carne” (sarx é carne e penia é perda), referindo-se ao declínio de massa magra relacionado à idade. O mesmo destacou que essas mudanças na composição corporal e funções relacionadas, afetam principalmente a deambulação, mobilidade e consumo de energia4. A sarcopenia é descrita como síndrome de fragilidade, muito prevalente nos idosos, gerando um maior risco de quedas, incapacidade, fraturas, dependência, hospitalização recorrente, sendo esta uma síndrome de vulnerabilidade fisiológica relacionada à idade5. Foi associada, em ambos os sexos, de três a quatro vezes com mais probabilidades de incapacidade física, independente da idade, gênero, raça, nível sócio-econômico, doenças crônicas e hábitos de saúde6. Entre os dois grandes responsáveis pelos efeitos do envelhecimento estão o progressivo processo neurogênico e a diminuição na carga muscular, induzindo para que essa atrofia muscular não seja fundamentalmente uma decorrência inevitável do aumento da idade. É perceptível que as pessoas que sempre se encontram fisicamente ativas apresentam apenas perdas moderadas de massa muscular, mas se a quantidade dessa massa muscular é uma consequência do envelhecimento ou devido a uma diminuição do nível de atividade física é uma incógnita6. O trabalho tem como objetivos comprovar o efeito dos exercícios físicos, na redução na massa muscular, associado ao processo de envelhecimento e em consequência os declínios na capacidade funcional. O estilo de vida, o sedentarismo são fatores importantes que contribuem para potencializar os efeitos do envelhecimento e redução da massa muscular, dessa forma, a atividade física é um instrumento utilizado na prevenção do tratamento de várias doenças que acometem os idosos, e assim, eficaz na prevenção da sarcopenia, e ainda significativo para uma melhor qualidade de vida e maior independência aos idosos. Métodos Este é um estudo de revisão de literatura que aborda sobre os efeitos do exercício físico na prevenção da sarcopenia. Foi realizado um levantamento bibliográfico em trabalhos publicados entre os anos de 2000 à 2014, em bases de dados na internet, como Lilacs, Scielo, Medline, e PubMed. Foram pesquisados 4 estudos sobre o tema em artigos de periódicos científicos, teses e dissertações, foram encontrados 30 artigos e destes usados 25 artigos que constituíram a referencia bibliográfica, foi utilizado os seguintes descritores e palavras-chaves na busca em bases de dados indexadas: sarcopenia, exercícios e prevenção. Discussão A população mundial está envelhecendo, nos Estados Unidos, por volta do ano de 2030, existirá em torno de 150 milhões de indivíduos com 65 anos ou mais. O Brasil atualmente possui 15 milhões de idosos, e a perspectiva é que esse número acresça três vezes no ano de 2025, tornando-o a sexta população mundial em número de idosos18. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define o envelhecimento como um fenômeno comum a todas as espécies que são progressivas e seus sintomas afeta a capacidade de desempenhar um numero de funções6. É um processo gradual, universal, dinâmico, progressivo e irreversível capaz de acelerar na maturidade e que provoca uma perda funcional progressiva no organismo, onde as alterações morfológicas, funcionais e bioquímicas alteram progressivamente o organismo, tornando-se mais suscetível aos acontecimentos intrínsecos e extrínsecos que acabam em levá-lo a morte7,18. Os dois grandes responsáveis pelo efeito do envelhecimento são, o progressivo processo neurogênico e a redução na carga muscular, o que poderia induzir que essa atrofia muscular não seria fundamentalmente uma decorrência inevitável do aumento da idade. É perceptível que as pessoas que se mantêm fisicamente ativas apresentam apenas perdas moderadas de massa muscular, mas que quantidade dessa massa muscular é uma conseqüência do envelhecimento e/ou a uma diminuição do nível de atividade física é uma incógnita6. Com o envelhecimento, as unidades motoras passam por um ciclo natural de remodelamento, ocorrendo uma deteriorização, resultando em atrofia muscular. Além disso, os idosos têm um conteúdo não contrátil duas vezes maiores nos músculos locomotores que os sujeitos mais jovens14. No decorrer da história da humanidade, a atividade física sempre esteve presente, associada a um estilo de época. Isto destaca a grande importância e os benefícios da prática de exercícios físicos regulares aliados com uma dieta adequada e hábitos de vida saudáveis. Percebe-se que somente após o início da 5 década de 90, que a atividade física e o exercício desempenham um papel essencial no aperfeiçoamento da saúde e no controle da doença. O exercício físico exerce um papel importante na prevenção e reabilitação da saúde das pessoas, em especial do idoso. O nível de aptidão pode ser aprimorado, conservado ou, pelo menos, sua taxa de declínio pode ser diminuída se for realizado algum tipo de exercício físico. Portanto, a inclusão de idosos em um programa de exercícios físicos pode ser eficaz para prevenção, ou mesmo, para a diminuição dos prejuízos funcionais associadas ao envelhecimento15. A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como o bem estar físico, mental e social ou ainda, o bem estar bio-psico-social e não apenas a ausência de doenças. Considera-se então saúde como, uma categoria humana com dimensão física, social e psicológica, sendo algo contínuo com dois polos, positivos e negativos. Na visão da saúde positiva é caracterizada pela capacidade de ter uma vida satisfatória e proveitosa, confirmada normalmente quando há uma percepção geral de bem estar; já a saúde negativa está mais vinculada à morbidade e, no extremo, associada à mortalidade prematura7. As pessoas começam a se preocupar com sua saúde quando se sentem ameaçados ou quando os sintomas de doença são evidentes. Saúde é um estado de relativa estabilização de forma e função do organismo, resultando no alinhamento dinâmico suficiente às forças que tendem a perturbá-lo, não sendo considerado um relacionamento passivo entre a matéria orgânica e as forças que atuam sobre ela, e sim um resultado ativo do organismo no sentido do reajustamento8,9. O conceito de qualidade de vida muda de indivíduo para indivíduo e tende a diferenciar ao longo da vida de cada pessoa. Existem vários fatores que determinam a qualidade de vida de pessoas, de comunidades, e a junção destes fatores organizam e diferenciam o cotidiano dos seres humanos, gerando uma rede de fenômenos e novas situações que, tende a ser chamada de qualidade de vida. A esta expressão estão associados varios fatores como, longevidade, estado de saúde, relações familiares, salário, disposição, satisfação no trabalho, prazer, lazer, e até mesmo a espiritualidade. Numa visão bem ampla, qualidade de vida tambem é a medida da dignidade humana, pois pressupõe a qualidade no atendimento das necessidades humanas fundamentais7. O termo de qualidade de vida tende a ser compreendido como influencias de todas as dimensões da vida, mas não deve estar limitado apenas a existência ou 6 não de morbidades10. Pelo resultado do impacto que o significado de saúde apresenta na vida das pessoas, torna-se necessários apresentar indicadores que possam nortear operacionalmente essa dimensão de qualidade de vida. Portanto, direcionada a saude, a qualidade de vida refere-se não só a forma como os humanos percebem seu estado global de saúde, mas também o quão física, psicológica e socialmente estão na execução de suas atividades diárias. Simões apud Fiedler12 enfoca como manifestações de qualidade de vida o aumento de experiências significativas depois de satisfeitas as necessidades básicas, a oportunidade de praticar exercícios físicos, de ter acesso a produtos e serviços culturais e a construção de um novo estilo de vida, com vivências que se constituem fator de satisfação e felicidades. A promoção do exercício físico entre crianças, adolescentes, adultos jovens, de meia-idade e mais velhos é uma das maneiras mais eficazes de melhorar a saúde e a qualidade de vida13. O corpo humano foi feito para o exercício, sendo que, quando nos tornamos inativos, os músculos enfraquecem, ocorre um aumento de gordura, o coração perde força, e assim, o indivíduo fica mais exposto a doenças. O período que vai dos 20 aos 40 anos, é um período crítico, capaz de determinar a condição física quando chegar aos 50 e aos 60 anos13. Homens e mulheres sedentários comportam aproximadamente uma probabilidade duas vezes maior de sofrer um ataque cardíaco fatal do que aqueles fisicamente mais ativos. A vida sedentária produz perdas na capacidade funcional tão significativa quanto os efeitos do envelhecimento14. O indivíduo sedentário ou inativo, do ponto de vista da saúde pública, corre mais risco de desenvolver certas doenças, como cardiopatia, certos cânceres e diabetes15. A maioria dos indivíduos, com o avançar da idade, torna-se cada vez mais sedentária, ou seja, deixa de estimular sua musculatura que, de acordo com a lei do uso e desuso, tende-se a atrofiar, reduzindo assim a massa muscular e provocando a sarcopenia16. Assim sendo, a sarcopenia e a fragilidade muscular aparecem como características iminentes do envelhecimento, necessitando de estratégias para preservar ou mesmo aumentar a massa e a força muscular em idosos, como por exemplo, hábitos alimentares saudáveis e exercício físico. Um estilo de vida fisicamente ativo afeta de maneira positiva funções neuromusculares de todas as idades, retardando o declínio vinculado à idade no desempenho cognitivo quando se verifica a velocidade de processamento da 7 informação. Portanto, tendo a atividade física como algo regular, torna-se mais lento o envelhecimento biológico de funções neuromusculares selecionadas14. Mesmo os jovens necessitariam estar mais atentos, pois o estilo de vida e os hábitos são constituídos, em grande parte, antes da vida adulta, e podem influenciar significativamente nossa saúde na meia idade e na velhice, sendo que, o conhecimento adquirido e nossa atitude, são de fundamental importância. Ninguém está imune à apatia e ao condicionamento negativo adjunto à comodidade da modernidade que afetam os hábitos que conduzem à saúde positiva7. Deve-se sempre questionar se são os genes familiares que estão impondo uma determinada pessoa um maior risco, ou se são os hábitos inadequados do estilo de vida que foram adquiridos, como alimentação precária, inatividade física. Os lipídeos ou gorduras da dieta talvez sejam um dos mais importantes agentes do estilo de vida responsáveis pela aterosclerose grave nas regiões do mundo industrialmente desenvolvidas15. A atividade física aprimora a saúde a partir das seguintes situações: reduz o risco de morte prematura; reduz o risco de morte por cardiopatia; reduz o risco de desenvolver diabetes; reduz o risco de ter pressão alta – um dos principais fatores de risco para cardiopatia e doença vascular cerebral – ajuda a reduzir a pressão alta entre as pessoas que já sofrem dessa afecção; reduz o risco de vir a desenvolver câncer de cólon; reduz as sensações de depressão e ansiedade e promove bem estar psicológico; ajuda a controlar o peso corporal; ajuda a produzir e manter ossos, músculos e articulações sadios; ajuda os adultos mais idosos a se tornarem mais fortes e mais capazes de locomover-se sem o risco de quedas15. Atualmente, está comprovado que quanto mais ativa é uma pessoa, menos limitações físicas ela tem. São inúmeros os benefícios causados pela prática de exercícios físicos, e entre os principais está a preservação da capacidade funcional em todas as idades, com destaque principalmente nos idosos. Entendemos como capacidade funcional o desempenho e realização das atividades do cotidiano ou atividades da vida diária. Um estilo de vida fisicamente inativo geralmente é causa primária da alguma incapacidade para realizar AVD, sendo colocado que, um programa de exercícios físicos regulares, pode gerar principalmente mudanças qualitativas, mais do que quantitativas, como exemplo, uma alteração na forma de execução de movimentos, aumento na velocidade de realização de uma determinada tarefa e adoção de 8 medidas de segurança para executar esta tarefa. As atividades da vida diária (AVD) são classificadas por vários índices, sendo referidas como: sentar-se, levantar-se, vestir-se, tomar banho, caminhar uma distância mesmo que pequena; ou seja, atividades básicas de cuidados pessoais e, as atividades instrumentais da vida diária (AIVD) como: limpar a casa, fazer compras, cozinhar, jardinagem; ou seja, atividades mais complexas da vida cotidiana17. O exercício físico garante melhora na aptidão física, sendo esta definida como a capacidade de executar as atividades do cotidiano com disposição, vigor e energia, além de demonstrar menos risco de desenvolver doenças ou condições crônico degenerativas, associadas a baixos níveis de atividade física, além de beneficiar a capacidade funcional7. O exercício físico pode ser utilizado para retardar e, até mesmo, reduzir o processo de declínio das funções orgânicas que são percebidas no envelhecimento, gerando melhorias na reserva cardíaca, na capacidade respiratória, na força muscular, no tempo reação, na memória recente, na cognição e nas habilidades sociais. Faz-se pertinente acrescentar que os exercícios físicos devem ser realizados de forma preventiva, ou seja, antes da doença apresentar manifestações clínicas. As intervenções reabilitadoras devem ser programadas para atender às necessidades individuais de cada pessoa, dessa maneira, devem ser conservadas regularmente por toda a vida, para ocorrer aumento na longevidade e para o indivíduo desfrutar de melhoras na qualidade de vida18. O exercício resistido apresenta influencia nos ganhos de força muscular, que ocorre na ausência de hipertrofia muscular, sendo sua principal causa as adaptações neurais causadas pelo treinamento, sendo considerado um aspecto importante já que os indivíduos idosos possuem uma capacidade limitada de hipertrofia muscular devido a diminuição dos níveis de testosterona, relacionada a idade. Já o exercício aeróbio, apresenta efeitos importantes para potencializar os benefícios adquiridos pelo treinamento com pesos, como por exemplo o aumento da capacidade do músculo em utilizar ácidos graxos para a produção de ATP; aumento do glicogênio muscular; aumento do condicionamento cardiovascular, entre outros18. Portanto, os impactos das várias possibilidades de exercício físico vêm se destacando com melhorias nos aspectos biológicos do idoso, sendo considerada a estratégia mais importante e eficiente na presença de sarcopenia. 9 A sarcopenia e a perda de força observada com o envelhecimento refletem os efeitos combinados da deteriorização neuromotora progressiva e da redução crônica na sobrecarga muscular regular. O treinamento com resistência moderada proporciona uma maneira extremamente segura de aumentar a síntese e a retenção de proteínas e torna mais lenta a “perda” normal e até certo ponto inevitável de massa e força musculares que ocorre com o envelhecimento. Pode-se perceber ainda que uma redução de 40 a 50 % na massa muscular em virtude da atrofia das fibras musculares e da perda real de unidades motoras entre 25 e 80 anos de idade constitui a causa primária de força reduzida, até mesmo entre homens e mulheres sadios e fisicamente ativos. O tamanho do músculo começa a diminuir por volta dos 30 anos de idade, evidenciando uma queda de 10% aos 50 anos de idade. Daí em diante, a área muscular sofre um declínio mais acentuado, principalmente por causa do número total reduzido de fibras musculares14. Homens e mulheres em geral alcançam seus níveis de força mais altos entre os 20 e 40 anos, período esse no qual a área muscular em corte transversal é maior, daí em diante, a força concêntrica da maioria dos grupos musculares declina lentamente no início e mais rapidamente após a meia idade. Esses efeitos do processo de envelhecimento sobre o sistema neuromuscular são caracterizados, sobretudo, pela redução da quantidade e da habilidade das proteínas contráteis de exercerem tensão necessária para vencer a força externa e a realização de uma tarefa16. A hipertrofia muscular é determinada pelas suas condições genéticas e pelas características do exercício físico ao qual o músculo é submetido, sendo que determinados exercícios resistidos são mais eficientes para o ganho de massa muscular. Alguns indivíduos apresentam boa massa muscular, mesmo com estilo de vida sedentário, esclarecido por um código genético favorável. No entanto, com o avançar da idade, mesmo esses indivíduos irão perder massa muscular por falta de exercícios16. Com o treinamento de força, ocorrerá uma manutenção mais eficiente da massa magra corporal, ocorrendo tanto o aumento do gasto calórico total e oxidação lipídica corporal, como o aumento do metabolismo basal19. As perdas de força podem ser minimizadas ou revertidas com o treinamento de força, aumentando, especialmente os níveis de resistência, de equilíbrio, mobilidade, precavendo as 10 quedas, melhorando a fragilidade muscular, e conseqüentemente, melhorando a qualidade de vida5. Existem inúmeras variáveis fisiológicas, comportamentais e psicossociais relacionadas com a atividade física. As razões comuns para não exercitar incluem falta de tempo, segurança pessoal, ambiente familiar ou social sedentário, problemas médicos intercorrentes, percepções de peso/imagem corporal, auto eficácia entre outras. Dependendo da população que está sendo estudada e da duração do acompanhamento, as estimativas atuais mostram que de 20% a mais de 60% das pessoas que iniciam um programa de exercícios acabam desistindo. As razões associadas com o abandono incluem fumo de cigarros, nível de prazer, lesão, a hora do dia em que o exercício é planejado, idade, sexo, tipo de profissão e nível de educação15. Com relação ao tipo de exercício a ser realizado para prevenção dos efeitos deletérios associados ao envelhecimento o treinamento resistido leva vantagem por prevenir a sarcopenia, elevar a aptidão aeróbia e aperfeiçoar com excelência as principais capacidades físicas necessárias à realização das tarefas do dia a dia. O treinamento resistido reunido a estímulos que desafiam o equilíbrio reflete de forma positiva melhorando a tolerância à atividade com o próprio peso corporal, como no caso da marcha, reduzindo assim o risco de quedas18. O exercício físico resistido praticado ao longo do tempo parece provocar certos aspectos do envelhecimento típico, auxiliando na manutenção de níveis adequados do IMC, garantindo o emagrecimento quando preciso, sem a perda de massa muscular, garantindo efetividade metabólica, conservando a saúde óssea e interferindo positivamente na autonomia e funcionalidade do idoso. Por mais que o exercício possa retardar a sarcopenia, seu aparecimento é inevitável, principalmente em idosos acima de 70 anos, sendo que, os exercícios, sobretudo os resistidos, se não aumentam a esperança de vida dos idosos, certamente aumentam os anos a serem vividos com segurança e qualidade18. Com base na literatura, percebe-se que o treinamento de força promove o aumento da taxa metabólica basal, da síntese protéica, diminui a gordura corporal e mantêm a massa do tecido metabolicamente ativo, sendo um meio significativo para tratar indivíduos com sarcopenia. Segundo Foss15, exercício é um subtipo da atividade física, realizado usualmente durante o tempo de lazer e com finalidade de aperfeiçoar a aptidão 11 física, do indivíduo, neste caso, refere-se a aptidão cardiorrespiratória ou aeróbica, a capacidade do corpo em transportar e aproveitar oxigênio, porque esse tipo de aptidão está relacionado com uma menor mortalidade por doenças crônicas. Envolve habitualmente uma rotina específica e esquematizada de movimentos corporais. A partir dessas questões, verifica-se que quando se tem um objetivo, o que inclui a prescrição de atividade física, para grupos com diversos tipos de características, com determinado tipo de limitação ou não, se faz pertinente o uso da terminologia exercício físico. Já Nahas7 define exercício como uma das formas de atividade física planejada, estruturada, repetitiva, com a finalidade do desenvolvimento da aptidão física, de habilidades motoras ou a reabilitação orgânico-funcional. Simão16 destaca que a massa magra é composta de todos os tecidos não gordurosos, incluindo músculos, ossos, órgãos e tecido conjuntivo. A preservação da massa magra é essencial para a conservação da função normal do músculo esquelético, integridade da massa óssea e taxa metabólica de repouso, estando diretamente relacionada com a força muscular, e consumo máximo de oxigênio, contribuindo com a capacidade de suportar as atividades de vida diária. Segundo Rossi20, a maior massa tecidual do corpo humano é o músculo esquelético, sendo que, com o envelhecimento, há diminuição lenta e progressiva da massa muscular, sendo o tecido nobre substituído por colágeno e gordura. Essa diminuição da massa muscular relacionado à idade é conhecida como sarcopenia, termo este que denota o complexo processo do envelhecimento muscular associado a diminuições de massa, de força e da velocidade de contração muscular, sendo esta de etiologia multifatorial, envolvendo alterações no metabolismo do músculo, alterações endócrinas e fatores nutricionais, mitocondriais e genéticos. A esses declínios que englobam o processo do envelhecimento muscular associados a perde de massa, força e velocidade de contração muscular dá-se o nome de sarcopenia18. Conforme Katch14, nas condições da sarcopenia a remodelagem das unidades motoras se deteriora gradativamente na idade avançada, decorrência da atrofia muscular por desnervação, uma alteração irreversível das fibras musculares (particularmente do tipo II) e das estruturas da placa terminal. Isso diminui progressivamente o corte transversal e a massa do músculo. 12 Tseng et al. apud Foss15 definem o desgaste muscular associado ao envelhecimento como uma síndrome neuromuscular progressiva que diminui a qualidade de vida, já que o idoso não consegue levantar cargas (força reduzida) nem desempenhar as atividades da vida diária (endurance reduzida). Essa condição de desgaste muscular, resulta em uma taxa metabólica basal mais baixa, fraqueza, níveis de atividade diminuídos, menor densidade óssea e baixas necessidades calóricas. Para muitos indivíduos mais idosos, o exercício concebe a maneira mais segura e menos dispendiosa de neutralizar ou reverter a sarcopenia e dessa forma, de conservar sua independência em longo prazo. Existe a falta de concordância na literatura que defina sarcopenia, pois, a perda de massa muscular acontece até mesmo durante o envelhecimento saudável, portanto a sarcopenia deve ser considerada uma doença, somente quando levar a incapacidade funcional21. Newman et al apud Teixeira; Batista22 consideram sarcopenia como falta de regulação neuroendócrina, a disfunção imune, a perda de peso, a diminuição de força e energia, a baixa velocidade de movimentação, e a inatividade física como aspectos característicos da fragilidade. Holloszy apud Maior21 reuniu possíveis mecanismos que induzem a sarcopenia, dentre eles a redução de motonerônios, das secreções hormonais, desnutrição e atrofia pelo estilo de vida sedentário, prevalecendo a sarcopenia independente da idade, sexo, obesidade, estado socioeconômico, morbidez crônica e conduta de saúde. Dessa forma, Matsudo; Matsudo; Neto6 destacam que a perda de força se dá em função de diversos mecanismos, que se divide em três grupos: os musculares, como a atrofia muscular; a alteração da contractilidade muscular ou do nível enzimático; os neurológicos, como a diminuição do número de unidades motoras, mudanças no sistema nervoso ou alterações endócrinas; e ambientais como o nível de atividade física, má nutrição ou doenças. A perda da massa magra (principalmente a massa muscular) e a conseqüente redução da força muscular estão associadas ao desuso, ocasionados pelo sedentarismo; doenças catabólicas; medicamentos; desnutrição protéica ou calórica, e podem elucidar essa atrofia muscular associada à idade. Com a sarcopenia, ocorrem algumas mudanças na composição corporal, onde Maior21 destaca o aumento na gordura nas primeiras décadas do envelhecimento, a perda de gordura nas décadas mais tardias da vida, a redução da taxa de velocidade metabólica e o nível de atividade física somado a uma ingestão 13 energética, não se equiparam ao decréscimo das necessidades calóricas. Para Zhong; Chen; Thompson23, a sarcopenia representa um fator de risco para a fragilidade, perda de independência e de incapacidade física. Os autores Burton e Sumukadas24 trazem que as principais barreiras para diagnosticar a sarcopenia é a ausência de consenso na definição da sarcopenia, bem como a dificuldade em medir as alterações de massa e função musculares ao longo do tempo em pessoas idosas. Segundo Hunter; McCarthy e Bammam25, o decréscimo do desempenho muscular, com a natural redução da funcionalidade, pode se tornar um ciclo vicioso, salvo que a redução da função muscular leva a uma baixa no nível de atividade física, que, por sua vez, ocasiona uma redução ainda maior na função muscular. As fibras tipo II são de suma importância na resposta a urgência no dia-a-dia, pois contribuem na resposta do tempo de reação, sendo esta, encontrada significativamente menor nos membros inferiores do que nos membros superiores, particularmente nas mulheres, o que indicaria diferenças no processo de envelhecimento, sendo justificada pela diminuição no número de unidades motoras funcionais assim como uma perda no número de neurônios motores6. A perda da massa muscular, e consequentemente da força muscular é a principal responsável pelas conseqüências funcionais no andar e no equilíbrio do sujeito que está envelhecendo, aumentando o risco de queda e perda da independência física funcional, aumentando o risco de doenças crônicas como diabetes e osteoporose, tendo um impacto considerável na saúde pública. Dados evidenciam que a atrofia muscular do idoso, que já começa a partir dos 25 anos de idade, é causado tanto pela perda do número de fibras como pela diminuição no tamanho das fibras musculares, principalmente as do tipo II, sendo a fibra do tipo I (fibra de contração lenta) menos afetada. Essa atrofia muscular acontece pela perda das fibras musculares que parece não ser significante (5%) dos 24 aos 52 anos, e se torna preocupante (35%) dos 52 aos 77 anos, sendo aparente, a partir dos 50 a 60 anos de idade. O grau de sarcopenia não é o mesmo para diferentes músculos e varia amplamente entre os indivíduos, afetando significativamente o equilíbrio, a ortostase e a marcha dos idosos, sendo que o declínio muscular é maior nos membros inferiores do que nos membros superiores, sendo que, após os 60 anos de idade, a prevalência de sarcopenia atinja 30% dos indivíduos, aumentando de forma 14 progressiva com o envelhecimento, e após os 75 anos, o grau de sarcopenia passa a ser um dos indicadores de chance de sobrevivência do indivíduo20. Campos; Neto; Bertani18 também ressaltam que a fraqueza dos músculos esqueléticos pode chegar ao tal ponto que o idoso se torne incapaz de realizar atividades cotidianas comuns como levantar-se de uma cadeira, varrer o chão, jogar o lixo fora e cuidar da própria higiene pessoal. Dessa forma a sarcopenia colabora para outras alterações relacionadas à idade, como menor densidade óssea, menor sensibilidade insulínica e menor competência aeróbia. Conclusão O envelhecimento é um processo complexo que envolve muitos fatores como hábitos e estilo de vida e alimentação, onde o exercício físico exerce um papel minimizador dos processos degenerativos que acontecem no organismo. O exercício físico é um instrumento utilizado na prevenção e no tratamento de várias doenças que acometem o idoso, sendo muito significativo para uma melhor qu alidade de vida com maior independência por um período maior de vida. O estilo de vida sedentário é um fator importante que contribui para potencializar os efeitos do envelhecimento na massa muscular. Apesar do processo de envelhecimento ser inevitável, a eficiência muscular pode ser mantida através de um modelo de atividades diárias, sendo que, idosos ativos mostram níveis de força muito mais elevados que os sedentários, onde a variação de movimentos realizados no dia a dia, bem como sua duração e intensidade, são fatores determinantes da capacidade do sistema musculoesquelético. Portanto, percebe-se que o nível de exercício físico reduz proporcionalmente com a idade e o desuso colabora para a redução da massa e função muscular, levando a uma mudança na composição do tipo de fibras, de rápidas para lentas, e mesmo sendo uma situação inevitável do envelhecimento, pode ser minimizada ou até revertida com o exercício físico. Atualmente, não se pode pensar em “prevenir” ou tornar mínimo os efeitos do envelhecimento sem que além das medidas gerais de saúde, se inclua o idoso no programa de exercício físico. Referências 15 1. Monteiro MF, Filho DCS. Exercício físico e o controle da pressão arterial. Rev Bras Med Esporte, 2004,10(6): 513-515. 2. Caspersen CJ, Powell KE, Christenson GM. Physical activity, exercise, and physical fitness: definitions and distinctions for health-related research. Public Health Reports, 1985, 100(2): 126–131. 3. Proctor DN, Balagopal P, Nair KS. 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