MONOGRAFIA MARCIA ZOLI

Propaganda
UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO
MÁRCIA CRISTINA ZOLLI
MAPEAMENTO DOS TESTES PSICOLÓGICOS UTILIZADOS PARA AVALIAÇÃO
NO TRÂNSITO NAS CAPITAIS BRASILEIRAS
MACEIÓ-AL
2012
MÁRCIA CRISTINA ZOLLI
MAPEAMENTO DOS TESTES PSICOLÓGICOS UTILIZADOS PARA AVALIAÇÃO
NO TRÂNSITO NAS CAPITAIS BRASILEIRAS.
Monografia apresentada à Universidade
Paulista/UNIP, como parte dos requisitos
necessários para a conclusão do Curso
de Pós-Graduação “Lato Sensu” em
Psicologia do Trânsito.
Orientador: Prof. Dr. Jorge Luís de Souza
Riscado
MACEIÓ-AL
2012
MÁRCIA CRISTINA ZOLLI
MAPEAMENTO DOS TESTES PSICOLÓGICOS UTILIZADOS PARA AVALIAÇÃO
NO TRÂNSITO NAS CAPITAIS BRASILEIRAS.
Monografia apresentada à Universidade
Paulista/UNIP, como parte dos requisitos
necessários para a conclusão do Curso
de Pós-Graduação “Lato Sensu” em
Psicologia do Trânsito.
APROVADO EM ____/____/____
___________________________________
PROF. DR. JORGE LUÍS DE SOUZA RISCADO
ORIENTADOR
__________________________________
PROF. DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO
BANCA EXAMINADORA
___________________________________
PROF. ESP. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA
BANCA EXAMINADORA
DEDICATÓRIA
Aos meus pais Luciano Zolli e
Neli Keller Zolli
E as pessoas que amo,
pelo apoio, compreensão,
afeto e pelo tempo que lhes
faltei com carinho e presença.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar rendo a minha homenagem á Deus, mestre criador, que me
permitiu a oportunidade dessa vida.
Aos meus pais, pelo amor incondicional, dedicação, pelo respeito e apoio em minhas
escolhas.
Ao meu estimado irmão Cláudio por me auxiliar em todos os momentos em que o
recorro, atendendo-me sempre com sua calma e sensatez.
Ao Professor Manoel pelo acolhimento, carinho, incentivo e motivação.
Ao Professor Jorge pela orientação e dedicação em suas orientações prestadas na
elaboração deste trabalho, sempre muito bem humorada.
Aos colegas de turma, que aqui não haveria espaço suficiente para nomeá-los,
agradeço a cooperação para o desenvolvimento da minha pesquisa.
A todos os professores da pós-graduação, que sempre nos acolheram com muito
afago e dedicação.
Sem outras palavras,
Meu muito obrigada!
“Tentar e falhar é, pelo menos aprender.
Não chegar a tentar é sofrer a inestimável
perda do que poderia ter sido”
(Geraldo Eustáquio).
RESUMO
A avaliação psicológica no trânsito inclui, entre seus instrumentos, o uso de testes
psicológicos. A quantidade de testes psicológicos existentes na atualidade requer
que seu uso seja direcionado ao contexto a ser avaliado e que tenha parecer
favorável do Conselho Federal de Psicologia. O objetivo dessa pesquisa é mapear e
verificar se os testes psicológicos estão sendo usados como uma ferramenta
adequada na avaliação psicológica no trânsito nas diferentes regiões brasileiras.
Utiliza-se da pesquisa exploratória e da pesquisa de campo para obter as
informações necessárias para alcançar o objetivo dado. As informações foram
coletadas mediante questionário. Através dessas informações foi possível cobrir 21
estados brasileiros, sendo estes representados por 16 capitais e 26 cidades,
permitindo avaliar o uso de testes psicológicos no Brasil. Os resultados obtidos
indicam que os profissionais de Psicologia que atuam no trânsito são experientes,
utilizando instrumentos aprovados pelo Conselho Federal de Psicologia e pelo
SATEPSI. Foram encontrados 40 tipos de testes utilizados pelos profissionais sendo
que os testes de atenção e de personalidade são os mais utilizados, prevalecendo
os primeiros, distribuídos pela Casa do Psicólogo, Vetor Editora e Cetepp. O
processo de avaliação é diversificado, sendo que cada estado estabelece normas
para aplicação dos testes e em alguns estados os psicólogos possuem autonomia
para escolher os testes. Os resultados indicam a necessidade de adequação de
alguns estados e profissionais às exigências da legislação de trânsito para
cumprimento do processo avaliativo. A postura dos profissionais também é
salientada pelos participantes que buscam maior comprometimento ético dos
profissionais e necessidade de aperfeiçoamento profissional. O desejo de atuar de
forma mais abrangente no contexto do trânsito brasileiro é salientado na pesquisa.
Sugere-se a padronização dos testes psicológicos e a participação mais efetiva dos
psicólogos na conjuntura atual do trânsito brasileiro. Conclui-se que o profissional
que atua no contexto do trânsito pode atuar de forma mais efetiva, indo além de
suas funções, participando ativamente do processo de planejamento urbano e
educação para o trânsito, visando transformar a sociedade e ampliar o espaço de
atuação da Psicologia do Trânsito.
Palavras-chave: Psicologia. Trânsito. Testes psicológicos.
ABSTRACT
A psychological evaluation in traffic includes among its instruments, the use of
psychological tests. The amount of psychological tests exist today requires that its
use be directed to the context being evaluated and has a favorable opinion of the
Federal Council of Psychology. The goal of this research is to map and verify that
psychological tests are being used as a suitable tool for psychological evaluation in
traffic in different regions. It is used in exploratory research and field research to get
the information needed to achieve the given goal. Information was collected by
questionnaire. Through these information could cover 21 Brazilian states, which were
represented by 16 state capitals and 26 cities, allowing to evaluate the use of
psychological tests in Brazil. The results indicate that psychological professionals
who work in traffic are experienced using instruments approved by the Federal
Council of Psychology and the SATEPSI. We found 40 types of tests used by
professionals and the tests of attention and personality are the most used, whichever
is the earliest, distributed by Casa do Psicólogo, Vetor Editora and Cetepp. The
evaluation process is diverse, with each state sets standards for testing and
application of psychologists in some states have autonomy to choose the tests. The
results indicate the need to adjust some states and professional demands of traffic
law enforcement for the evaluation process. The attitude of professionals is also
highlighted by the participants seeking greater ethical commitment of professionals
and need for further training. The desire to act more broadly in the context of
Brazilian traffic is highlighted in the research. We suggest the standardization of
psychological tests and more effective participation of psychologists in the current
Brazilian traffic. We conclude that the professional who works in the traffic context
can act more effectively, going beyond his duties by participating actively in the
process of urban planning and traffic education, aiming to transform society and
widen the performance of Psychology Transit.
Keywords: Psychology. Transit. Psychological tests.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
GRÁFICO 01 – Percentual dos estados, capitais e cidades mapeadas no ano
2012............................................................................................................................55
GRÁFICO 02 – Testes psicológicos mais frequentes nas clínicas de trânsito em
2012............................................................................................................................63
GRÁFICO 03 – Percentual de respostas à pergunta “Você acredita que estes testes
realmente avaliam o candidato, por quê?” no ano de 201.........................................68
QUADRO 01. Tempo de formação e de atuação na área do trânsito conforme ano de
2012............................................................................................................................53
QUADRO 02 – Distribuição do universo pesquisado, segundo status da unidade
federativa (UF) no ano de 2012..................................................................................54
QUADRO 03 – Testes Psicológicos semelhantes em Alagoas, São Paulo, Pará,
Roraima e Pernambuco em 2012...............................................................................59
LISTA DE TABELAS
TABELA 01 – Caracterização dos sujeitos em 21 estados brasileiros em
2012............................................................................................................................52
TABELA 02 – Distribuição dos tipos de testes psicológicos em
2012............................................................................................................................56
TABELA 03 – Frequência de utilização de testes psicológicos na avaliação dos
condutores no ano de 2012........................................................................................68
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO........................................................................................................13
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................................15
2.1 Sistema de Trânsito Brasileiro..............................................................................15
2.1.1 Comportamento Humano e Trânsito.................................................................17
2.2 Psicologia do Trânsito e Avaliação Psicológica...................................................20
2.2.1 Postura dos psicólogos do trânsito no uso de testes psicológicos ..................26
2.3 Instrumentos Psicológicos para Avaliação Psicológica Pericial de Condutores de
Veículos......................................................................................................................32
2.3.1 Testes de avaliação da personalidade ............................................................. 32
2.3.1.1 IFP – Inventário Fatorial de Personalidade ................................................... 33
2.3.1.2 Teste Palográfico .......................................................................................... 33
2.3.1.3 Z-Teste ou Técnica de Zulliger ...................................................................... 34
2.3.1.4 HTP – House-Tree-Person ............................................................................ 34
2.3.1.5 Pirâmides Coloridas de Pfister ...................................................................... 35
2.3.1.6 PMK – Psicodiagnóstico Miocinético ............................................................. 35
2.3.1.7 CPS – Escalas de Personalidade de Comrey ............................................... 36
2.3.1.8 BFP – Bateria Fatorial de Personalidade ...................................................... 36
2.3.1.9 Teste Rorschach ........................................................................................... 37
2.3.2 Testes de Atenção ........................................................................................... 38
2.3.2.1 TEADI e TEALT ............................................................................................. 38
2.3.2.2 TEACO-FF - Teste de Atenção Concentrada ................................................ 39
2.3.2.3 AC - Atenção Concentrada............................................................................ 39
2.3.2.4 BFM-1 e BFM-4 – Bateria de Funções Mentais para Motoristas ................... 39
2.3.2.5 TESTE D2 – Atenção Concentrada ............................................................... 40
2.3.2.6 BGFM-1: Bateria Geral de Funções Mentais – Testes de Atenção Difusa .... 40
2.3.2.7 BGFM-2: Bateria Geral de Funções Mentais – Testes de Atenção
Concentrada .............................................................................................................. 40
2.3.2.8 AD e AS – Testes de Atenção Dividida e Sustentada ................................... 41
2.3.2.9 MPM – Medida de Prontidão Mental ............................................................. 41
2.3.3 Testes de Memória ........................................................................................... 42
2.3.3.1 TEPIC-M – Teste Pictórico de Memória ........................................................ 42
2.3.3.2 BFM-2: TEMPLAM – Teste de Memória de Placas para Motorista ............... 42
2.3.3.3 BGFM-4: Bateria geral de funções mentais................................................... 43
2.3.3.4 MVR – Teste de Memória Visual de Rostos .................................................. 43
2.3.3.5 Mini-Exame do Estado Mental (MEEM)......................................................... 43
2.3.4 Testes de Raciocínio Lógico ............................................................................ 44
2.3.4.1 Matrizes Progressivas de Raven ................................................................... 44
2.3.4.2 BPR-5: Bateria de Provas de Raciocínio ....................................................... 45
2.3.4.3 TIG-NV – Teste de Inteligência Geral não Verbal ......................................... 45
2.3.4.4 Bateria TSP ................................................................................................... 45
2.3.4.5 TCR – Teste Conciso de Raciocínio.............................................................. 46
2.3.4.6 BETA III – Teste não Verbal de Inteligência Geral ........................................ 46
2.3.4.7 WAIS III – Escala de Inteligência Wechsler................................................... 46
2.3.4.8 WCST – Teste Wisconsin de Classificação de Cartas .................................. 46
2.3.4.9 BFM-3 – TRAP-1 – Teste de Raciocínio Lógico ............................................ 47
2.3.4.10 G-36 - Teste Não Verbal de Inteligência ..................................................... 47
2.3.4.11 G-38 – Teste Não Verbal de Inteligência..................................................... 48
2.3.4.12 R-1 - Teste Não Verbal de Inteligência........................................................ 48
2.3.4.13 R-1 Forma B – Teste Não Verbal de Inteligência ........................................ 49
3 MATERIAIS E MÉTEODOS....................................................................................50
3.1 Ética......................................................................................................................50
3.2 Tipo de pesquisa..................................................................................................50
3.3 Universo...............................................................................................................50
3.4 Sujeitos da amostra.............................................................................................51
3.5 Instrumentos de coleta de dados.........................................................................51
3.6 Procedimentos para coleta de dados...................................................................51
3.7 Procedimentos para análise dos dados...............................................................51
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................................52
5.CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................75
REFERÊNCIAS..........................................................................................................81
APÊNDICE.................................................................................................................86
13
1. INTRODUÇÃO
A obtenção da Carteira Nacional de Habilitação requer que o indivíduo seja
avaliado nos aspectos físicos, motores e psicológicos, para que possa ser
considerado apto a dirigir um veículo automotor. Dessas avaliações, a avaliação
psicológica é um fator de grande relevância haja vista que o indivíduo deverá ser
responsável por si e pelos demais usuários das vias de trânsito sendo imprescindível
que a avaliação realizada seja o mais adequado possível à análise do
comportamento humano no trânsito.
Nesse contexto, a avaliação psicológica voltada ao trânsito utiliza-se de
técnicas e métodos para descrever e classificar o comportamento dos indivíduos que
buscam obter ou renovar a Carteira de Habilitação. A avaliação psicológica, assim,
se constitui em um processo integrado, que faz uso das técnicas mais apropriadas
para diagnosticar um determinado problema com vistas a alguma intervenção sobre
o caso (PASQUALI, 2001).
Dentre essas técnicas e métodos, a Psicologia do Trânsito tem adotado
alguns testes psicológicos que possibilitam ao psicólogo observar o comportamento
e descrevê-lo mediante o uso de escalas numéricas ou categorias fixas. Essa
observação se dá através da execução, por parte do indivíduo avaliado, de algumas
tarefas previamente estabelecidas e definidas (PASQUALI, 2001).
A seleção dos testes psicológicos, contudo, não é aleatória, devendo estes ter
o parecer favorável do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e conforme a ética
profissional, podendo o profissional optar pelos testes psicológicos que mais de
adequem à realidade que se quer avaliar (CONSELHO REGIONAL DE
PSICOLOGIA, 2009).
A variedade de testes psicológicos existentes no Brasil e que podem ser
aplicados na avaliação psicológica no trânsito levanta uma problemática que
necessita ser analisada, relacionada com a postura dos profissionais na aplicação
dos testes psicológicos nos diferentes estados brasileiros.
Essa pesquisa é importante no sentido de que possibilita a compreensão do
processo de avaliação psicológica no trânsito nas diferentes regiões do Brasil.
Justifica-se, assim, levantar o uso de testes psicológicos na perícia do trânsito,
verificando se existem diferenças no processo de avaliação psicológica para o
trânsito e quais são elas, de modo que se possa analisar os tipos de testes
14
psicológicos aplicados e realizar um mapeamento dos mesmos em relação a
valores, métodos e procedimentos diferenciados que estão sendo utilizados no
Brasil.
Considerando a grande quantidade de testes psicológicos existentes no
mercado e a exigência de parecer favorável do CFP para seu uso na avaliação
psicológica, esta pesquisa tem como objetivo analisar se os testes psicológicos
estão sendo usados como uma ferramenta adequada na avaliação psicológica no
trânsito nas diferentes regiões brasileiras.
Para alcançar esse propósito, pretende-se mapear e verificar quais os
principais testes psicológicos para avaliação no trânsito que estão sendo utilizados
nas 27 capitais do Brasil e se os mesmos possuem parecer favorável do CFP e
atingem a finalidade de avaliação psicométrica conforme exigências do Detran.
Utilizando-se do método exploratório e descritivo, realizou-se o estudo de
campo com profissionais peritos do trânsito de diferentes cidades brasileiras, bem
como se contatou com os Detrans de cada capital, coletando-se informações sobre
como estão sendo realizados os processos de perícia psicológica no trânsito no
tocante à aplicação dos testes psicológicos voltados à obtenção da CNH.
A partir da análise dos dados obtidos pretende-se propor a viabilidade de
padronização dos testes psicológicos voltados à perícia no trânsito, bem como
sugerir melhorias no processo de avaliação psicológica.
15
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Sistema de Trânsito Brasileiro
De acordo com Freire e Araujo (2010), a legislação de trânsito brasileira teve
início por volta de 1910. Nessa época surgiram algumas leis esparsas que visavam
regular o uso das vias terrestres para garantir que o deslocamento de pessoas
pudesse ser feito de forma harmônica.
A partir de 1924 foram instituídas as Inspetorias de Trânsito (antigas Detrans),
que eram dirigidas pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública ou pela
Delegacia de Trânsito Público.
Em 1941, surgiu o primeiro Código Nacional de Trânsito, que foi substituído
no mesmo ano e revogado em 1966, tendo sido complementado em 1968 pelo
Regulamento do Código Nacional de Trânsito (RCNT). A existência de outras leis
estaduais e municipais relativas ao trânsito trouxe problemas de competência,
especialmente com a promulgação da Constituição Federal de 1988, a qual, no
artigo 22, inciso XI, afirmava que somente à União competia legislar sobre trânsito e
transportes.
Em decorrência disso, foi instituído o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), Lei
o
n 9.503, de 23 de setembro de 1997, válida em todo o território brasileiro. Essa lei
foi alterada por outras catorze leis federais até o momento, e traz os direitos e
deveres dos usuários do trânsito, tanto motoristas quanto pedestres, em busca do
direito ao trânsito seguro e assegurado a todos os brasileiros (FREIRE; ARAUJO,
2010).
A Lei no 9.503/07 regulamenta o Sistema Nacional de Trânsito brasileiro, o
qual compreende um conjunto de órgãos e entidades da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios. O objetivo desses órgãos e entidades é atender às
necessidades do trânsito no que diz respeito a atividades diversas, tais como:
“planejamento, administração, normalização, pesquisa, registro e licenciamento de
veículos,
formação,
educação,
engenharia,
operação
do
sistema
viário,
policiamento, fiscalização, julgamento de infrações e de recursos e aplicação de
penalidades” (SABATOVSKI; FONTOURA; SAIKI, 1997, p. 18).
16
Essas atribuições definidas pelo Código Nacional de Trânsito (CNT)
fornecem diretrizes para a regulação do tráfego de pessoas e veículos nas vias,
estabelecendo normas de conduta, infrações e penalidades para os usuários do
sistema de trânsito, visando a um trânsito seguro. No artigo 1o, parágrafo 2o,
assegura que o as condições seguras do trânsito é um direito de todos, sendo dever
dos órgãos e entidades que compõem o Sistema Nacional de Trânsito garantir essa
segurança, adotando medidas no âmbito de sua competência (BRASIL, 1997).
Os órgãos e entidades que compõem o Sistema Nacional de Trânsito são
descritos no capítulo II, seção II, artigo 7o do CNT e compreendem:
Art. 7º Compõem o Sistema Nacional de Trânsito os seguintes órgãos e
entidades:
I - o Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, coordenador do Sistema e
órgão máximo normativo e consultivo;
II - os Conselhos Estaduais de Trânsito - CETRAN e o Conselho de Trânsito
do Distrito Federal - CONTRANDIFE, órgãos normativos, consultivos e
coordenadores;
III - os órgãos e entidades executivos de trânsito da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios;
IV - os órgãos e entidades executivos rodoviários da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios;
V - a Polícia Rodoviária Federal;
VI - as Polícias Militares dos Estados e do Distrito Federal; e
VII - as Juntas Administrativas de Recursos de Infrações - JARI. (BRASIL,
1997, p. 2).
A política nacional de trânsito no âmbito da União está sob a responsabilidade
do Ministério da Justiça, estando vinculados a ele o CONTRAN e o DENATRAN. O
Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) é um órgão normativo e consultivo,
composto por representantes de seis Ministérios e presidido pelo Ministro da Justiça.
Cabe a esse órgão, dentre outras coisas, regulamentar as normas referidas ao CTB.
O Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN) é um órgão executivo
diretamente subordinado ao Ministério da Justiça, cabendo a ele cumprir e fazer
cumprir a legislação de trânsito e a execução das normas e diretrizes estabelecidas
pelo CONTRAN (DETRAN-RN, 2012).
No âmbito dos Estados, Distrito Federal e Municípios, o artigo 8o do CTB
estabelece que os órgãos e entidades executivos de trânsito e executivos
rodoviários devem ser organizados dentro da competência de cada ente federativo,
respeitando-se os limites circunscricionais de suas atuações. A competência dos
17
órgãos e entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal é
apresentada no artigo 22 do CTB.
Os órgãos estaduais e municipais de trânsito executam a política nacional de
trânsito, que é realizada principalmente através dos Detrans, a quem compete o
registro e o controle de veículos e a habilitação de condutores, assim como a função
de fiscalização no seu âmbito de atuação. “O Departamento Estadual de Trânsito
(DETRAN) é uma autarquia do Poder Executivo Estadual que fiscaliza o trânsito de
veículos terrestres em suas respectivas jurisdições, no território brasileiro” (PORTO;
ALMEIDA; FIGUEIREDO, 2004, p. 330).
Dentre as atribuições do Detran está a determinação das normas para
formação e fiscalização de condutores, conforme o inciso II do artigo 22. O processo
de formação, aperfeiçoamento, reciclagem e suspensão de condutores, atribuído ao
DETRAN, requer a avaliação da capacidade física, mental e psicológica dos
candidatos à Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Esse processo avaliativo é
realizado por médicos e psicólogos ligados diretamente ao Detran ou por seus
credenciados (PORTO; ALMEIDA; FIGUEIREDO, 2004).
A avaliação psicológica é uma etapa importante do processo de obtenção da
CNH, e está voltado a avaliar o comportamento do condutor no trânsito, visando,
principalmente, a segurança no trânsito.
2.1.1 Comportamento Humano e Trânsito
O aumento no uso de automóveis nas últimas décadas influenciou o
desenvolvimento das sociedades pelo aumento da capacidade e rapidez da
locomoção de pessoas, comercialização e transporte de produtos, conhecimentos,
tecnologia e cultura. Contudo, ao lado desse desenvolvimento, houve também um
aumento na insegurança e nos custos sociais e emocionais para os envolvidos em
problemas decorrentes do trânsito, em especial os acidentes, que envolvem tanto
pedestres quanto condutores, independentemente de gênero ou faixa etária
(BRASIL, 2007).
Conforme Silva e Alchieri (2010), a segurança no trânsito está associada ao
envolvimento dos indivíduos em acidentes automobilísticos. O conhecimento sobre o
comportamento humano e os aspectos que contribuem para esse envolvimento são
18
estudados pela Psicologia, visando prevenir e/ou minimizar a ocorrência de
acidentes no trânsito.
Para compreender o comportamento humano no trânsito é essencial que se
defina o termo “trânsito”. Para Rozestraten (1988, p. 4), trânsito é “o conjunto de
deslocamentos de pessoas e veículos nas vias públicas, dentro de um sistema
convencional de normas, que tem por fim assegurar a integridade de seus
participantes”.
O Código de Trânsito Brasileiro (BRASIL, 1997), no artigo 1o, § 1o, considera
trânsito como “a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em
grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e
operação de carga ou descarga”.
O trânsito, assim, envolve uma série de fatores e variáveis que podem intervir
nesse sistema. Uma das variáveis a ser considerada é o comportamento dos
usuários do sistema de trânsito, comportamento este considerado por Rozestraten
(1981), como bastante complexo.
Este comportamento [...] pode incluir processo de atenção, de detecção, de
diferenciação e de percepção, a tomada e o processamento de
informações, a memória a curto e a longo prazo, a aprendizagem e o
conhecimento de normas e de símbolos, a motivação, a tomada de
decisões bem como uma série de automatismos percepto-motores, de
manobras rápidas e uma capacidade de reagir prontamente ao feedback, a
previsão de situações em curvas, em cruzamentos e em lombadas, e
também, uma série de atitudes em relação aos outros usuários, aos
inspetores, às normas de segurança, ao limite de velocidade, etc. Uma
análise detalhada da tarefa do condutor de veículos revela uma infinidade
de fatores, cada um dos quais pode ser importante para evitar um acidente,
merecendo portanto ser assunto de um estudo aprofundado.
(ROZESTRATEN, 1981, p. 1).
O comportamento do usuário do trânsito, em especial dos motoristas, pode
ser influenciado por inúmeros fatores e processos externos e internos, conscientes
ou inconscientes. As condições da via e do ambiente de trânsito influenciam o
comportamento de cada condutor, não bastando, portanto, uma normatização
adequada, já que o comportamento do condutor requer ações frente a diferentes
situações. Nesse sentido, Rozestraten (2011, p. 32), afirma:
A via é um ambiente de trânsito, indicando ao condutor do veículo o que
ele pode e não pode fazer, o que ele deve e não deve fazer. Apesar disso,
a circulação nas vias não flui tranquilamente e, apesar de serem
sinalizadas para conferir maior grau de segurança para condutores e
19
passageiros, dezenas de milhares de pessoas morrem todo ano no trânsito
brasileiro, pois a sinalização, mesmo que eficiente, não garante o controle
do conjunto dos comportamentos que compõe a atividade de dirigir. Mas
um deles é particularmente importante: a tomada de decisão frente às
condições adversas, inusitadas ou emergentes à situação de trânsito.
O comportamento do indivíduo no trânsito deve ser avaliado com a finalidade
de reconhecer possíveis condutas que possam vir a causar acidentes ou dificultar a
convivência no trânsito. Muitos motoristas reagem de forma inadequada a
determinados problemas de ordem externa ou interna e essas condutas podem
refletir na condução do veículo, assim como, a personalidade e tendências
subjetivas podem ser prejudiciais ao relacionamento social no trânsito. O
comportamento do indivíduo em situações específicas, suas reações e atitudes,
devem ser analisadas para se conhecer as causas desse comportamento e, se
possível, prevenir tais condutas (TEBALDI; FERREIRA, 2009).
Conforme Tebaldi e Ferreira (2009, p. 16), “cada indivíduo tem uma
experiência diferente de vida, cultura, ideais e valores, que carrega para o trânsito, e
influi notoriamente na sua forma de conduzir”. No trânsito, quando o indivíduo
conduz o seu veículo, transmite ao mesmo sua inteligência, sensibilidade e
comportamento, de modo que as características da personalidade do condutor
passam a ser assumidas pelo veículo. Por isso que as características
comportamentais das pessoas precisam ser analisadas em conjunto com o trânsito.
O comportamento no trânsito, assim, deve ser analisado tanto no aspecto
subjetivo, pessoal, quando no aspecto ambiental, já que o comportamento humano é
resultado da interação entre fatores genéticos e ambientais. Diferentes situações no
trânsito produzem diferentes comportamentos. O comportamento adequado no
trânsito requer conhecimento prévio dos sinais e das normas, assim como um
organismo em condições de perceber e reagir adequadamente, com situações ou
estímulos claros. Comportamentos que podem não ser relevantes em determinadas
situações podem receber destaque em outras (ROZESTRATEN, 1988).
O tipo de comportamento a ser assumido e desenvolvido no trânsito pode ser
avaliado através da avaliação psicológica de condutores, que tem como objetivo
avaliar a personalidade e “restringir o acesso de pessoas propensas a se envolver
em acidentes de trânsito” (SILVA; ALCHIERI, 2010, p. 695).
De acordo com Rueda (2009), a avaliação psicológica de condutores é uma
estratégia utilizada para reconhecer os fatores que influenciam o comportamento do
20
condutor e minimizar a ocorrência de acidentes ou prejuízos ao trânsito. A prática
avaliativa tem sido realizada na forma de perícia nos candidatos a motorista,
mediante o preenchimento de requisitos necessários para obtenção da Carteira
Nacional de Habilitação (CNH).
2.2 Psicologia do Trânsito e Avaliação Psicológica
A Psicologia do Trânsito estuda os comportamentos das pessoas no trânsito
e suas causas, entendendo-se por trânsito o conjunto de deslocamentos em um
sistema regulamentado. É considerada por Rozestraten (1988, p. 9), como “[...] uma
área da psicologia que estuda, através de métodos científicos válidos, os
comportamentos humanos no trânsito e os fatores e processos externos e internos,
conscientes e inconscientes que os provocam ou os alteram”.
Para este autor, o estudo do comportamento no trânsito compreende as
reações de todas as pessoas que utilizam as vias, e esse campo envolve grande
complexidade de fatores, não muito fácil de ser estudado. Por isso, a Psicologia do
Trânsito tem relação com quase todas as áreas especializadas de Psicologia, assim
como com outras áreas, como a Engenharia de Tráfego, a Medicina do Trabalho, a
Sociologia, o Direito, entre outras (ROZESTRATEN, 1981).
De acordo com Rozestraten (1988, p. 11), a Psicologia do Trânsito é “uma
das psicologias aplicadas mais abrangentes e mais extensas”, o que possibilita
estudar o comportamento dos participantes no trânsito indistintamente e sob vários
aspectos.
Historicamente, o setor de transportes foi um dos primeiros setores onde a
Psicologia iniciou sua atuação, antes mesmo de ser regulamentada. A seleção e
treinamento de condutores era função da Psicologia aplicada ao Trânsito. A criação
do Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP) pela Fundação Getúlio
Vargas dinamizou a Psicologia. Emilio Mira y López, diretor do ISOP, criou uma
atividade preventiva direcionada a todo tipo de condutores e profissionais da
condução, dinamizando a Psicologia da Segurança Viária. Com isso, em abril de
1951, o ISOP passou a examinar candidatos à obtenção da Carteira Nacional de
21
Habilitação por meio de entrevistas, provas de aptidão e personalidade1. Em junho
de 1953, o Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) tornou obrigatório o Exame
Psicotécnico2 (HOFFMANN; CRUZ, 2011).
O exame psicotécnico deveria ser realizado nos Departamentos de Trânsito
(DETRAN) do país, mas somente o estado de Minas Gerais possuía, na época, um
Gabinete de Psicotécnica de Trânsito. Assim, este estado foi o pioneiro em organizar
e sistematizar um serviço de psicologia na área de avaliação de condutores. O
trabalho desenvolvimento em Minas Gerais foi considerado modelo de referência,
em decorrência, o exame psicotécnico para condutores profissionais foi estendido
pelo Contran a todos os candidatos a CNH, a partir de 1962. Neste ano, também, a
Psicologia foi reconhecida como profissão em 27 de agosto de 1962 (HOFFMANN;
CRUZ, 2011).
O exame de aptidões ou interesses (psicotécnico) é reconhecido como uma
das possibilidades de avaliar a personalidade do condutor de veículos, mas não é o
único método utilizado pela Psicologia. Assim, a avaliação por traços, aptidões e
habilidades específicas foi sendo substituída aos poucos por uma maior ênfase nos
múltiplos fatores que possibilitam ao psicólogo avaliar a personalidade. Com a
ampliação dos horizontes da Psicologia, aliada a aprovação do Código Nacional de
Trânsito em 1966, o qual ratificou a obrigatoriedade de exames psicológicos em
candidatos a obtenção da CNH, assim como, também, a criação do Conselho
Federal de Psicologia (CFP) e dos Conselhos Regionais de Psicologia (CRP), ficou
estabelecido um maior controle e observação da ética e de questões legais na
avaliação de condutores. Os trabalhos do professor Dr. Reinier Rozestraten
afirmaram a Psicologia do Trânsito como ciência e não apenas uma “Psicotécnica
Aplicada” como havia anteriormente (HOFFMANN; CRUZ, 2011, p. 20).
De acordo com Silva e Alchieri (2010, p. 695), a avaliação psicológica de condutores no âmbito
rodoviário foi exigida pelo Decreto-lei n° 9.545, de 5 de agosto de 1946, o qual somente entrou em
vigor em 1951, e que caracterizou o exame psicotécnico para a aquisição da Carteira Nacional de
Habilitação (CNH), sendo aplicado à critério de uma junta médica e sem caráter eliminatório.
2
O aumento de acidentes de trânsito a partir da década de 1940, em função do maior uso de carros,
levou as autoridades a desenvolver e implementar medidas para conter esses acidentes. A estratégia
de intervenção adotada pelos órgãos de trânsito foi tentar restringir o acesso de pessoas
consideradas propensas a se envolver em acidentes de trânsito a volante. O modelo brasileiro de
habilitação centrava-se na atuação do fator humano, utilizando-se da teoria da propensão aos
acidentes, segundo a qual algumas pessoas são mais propensas que outras a se envolver em
acidentes, e o processo de habilitação passou a analisar e identificar indivíduos aptos/inaptos para
dirigir, buscando aumentar a segurança no trânsito (SILVA, 2008, p. 14).
1
22
No contexto do trânsito, a avaliação psicológica inclui o exame psicotécnico,
que, conforme Minicucci (1986), é uma abordagem puramente clínica, voltada a
obter resultados qualitativos da avaliação da personalidade do condutor, utilizando,
principalmente, técnicas projetivas. Para este autor,
A Psicotécnica é um conjunto de meios à disposição do psicólogo com o
objetivo de aplicação a um caso concreto, para compreender ou resolver
um problema psicológico, para fazer o diagnóstico psicológico e orientar a
ação posterior conseqüente. (MINICUCCI, 1986, p. 11).
A modalidade psicotécnica provém da psicologia aplicada, possibilitando a
compreensão de um caso específico, contudo, não pode ser reduzida à psicometria,
já que a avaliação psicológica requer o uso de outros instrumentos além dos testes
psicológicos (MINICUCCI, 1986).
Por isso que, com a publicação do novo Código de Trânsito Brasileiro, em
1998, o processo de exame psicotécnico foi substituído pela Avaliação Psicológica
Pericial, em virtude das exigências da Resolução no 80/98 do Contran, cujas
principais alterações requeriam a realização dessa avaliação por peritos de trânsito
com curso específico. O exame passou a investigar adequações psicológicas
mínimas no indivíduo verificando se o mesmo era capaz de conduzir de forma
correta e segura. A finalidade maior dessa avaliação, portanto, é garantir a
segurança do condutor e dos demais envolvidos no trânsito. É, portanto, um trabalho
preventivo que visa diminuir as possibilidades de que um indivíduo venha a se
envolver em situações de risco que conduzam a acidentes no trânsito (CONSELHO
FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2007).
Nessa perspectiva, a avaliação psicológica é uma área afim da Psicologia de
Trânsito. Para Lamounier e Rueda (2005, p. 1), a avaliação psicológica
[...] consiste em um processo técnico-científico de coleta de dados, estudos
e interpretação de informações a respeito dos fenômenos psicológicos,
realizado por meio de estratégias psicológicas como métodos, técnicas e
instrumentos que permitem um conhecimento de capacidades cognitivas e
sensório-motoras,
componentes
sociais,
emocionais,
afetivos,
motivacionais, aptidões específicas e indicadores psicopatológicos.
Esse processo avaliativo possibilita realizar um diagnóstico voltado a
investigar as características psicológicas dos candidatos à obtenção da CNH ou dos
condutores que pretendem mudar de categoria da CNH.
23
A avaliação psicológica é definida pelo Conselho Federal de Psicologia (2007,
p. 8), como “um processo técnico e científico realizado com pessoas ou grupos de
pessoas que, de acordo com cada área do conhecimento, requer metodologias
específicas”. Esse processo abrange: o levantamento dos objetivos da avaliação e
particularidades do sujeito ou grupo a ser avaliado (etapa de escolha dos
instrumentos e estratégias adequados para a avaliação); coleta de informações (por
meio de entrevistas, dinâmicas, observações, testes projetivos ou psicométricos);
integração das informações e desenvolvimento das hipóteses iniciais; indicação de
respostas e comunicação dos resultados, conforme procedimentos éticos e
considerando eventuais limitações da avaliação.
Para Silva e Alchieri (2010), segundo o código de trânsito atual, o processo
de avaliação psicológica é uma etapa preliminar, obrigatória, eliminatória e
complementar, exigida de todos os candidatos à obtenção da habilitação e daqueles
que buscam a renovação da CNH para trabalho remunerado. Essa obrigatoriedade
visa verificar as condições psicológicas mínimas dos indivíduos, como atenção,
inteligência, personalidade, para identificar se os mesmos não irão representar
perigo para si e para os demais usuários das vias.
Nessa perspectiva, o Conselho Regional de Psicologia do Paraná (2009, p.
37), afirma que: “a avaliação psicológica refere-se a um conjunto de procedimentos
confiáveis que permitem ao psicólogo julgar vários aspectos do indivíduo através da
observação de seu comportamento em situações padronizadas e pré-definidas”.
Dentre os procedimentos utilizados para avaliação psicológica estão os testes
psicológicos. A avaliação psicológica difere dos testes psicológicos em vários
aspectos. Segundo Pasquali (2001, p. 13), os testes psicológicos “são uma das
manifestações ou técnicas da avaliação psicológica, a qual, por sua vez, também é
uma das manifestações de uma atividade humana mais geral que é a avaliação
como um processo de atuação de todo o ser humano”.
A avaliação psicológica dos condutores de veículos, portanto, não constitui
apenas o uso de testes psicológicos diversos, mas sim, uma avaliação de múltiplos
fatores que podem influenciar o comportamento do indivíduo no trânsito. Lamounier
e Rueda (2005) afirmam que, embora sejam muitas as variáveis psicológicas que
podem influenciar na ocorrência de acidentes, as características de personalidade
que devem ser verificadas na avaliação psicológica para o trânsito ainda não estão
24
muito bem definidas. Por isso, a Avaliação Psicológica Pericial para o trânsito tem
sido realizada de modo diferenciado nos diversos estados brasileiros, embora
tenham em comum a obrigatoriedade e as normatizações do Denatran, Contran ou
Detrans.
A Resolução no 80/1998, que orientou o trabalho dos psicólogos do trânsito
até sua recente revogação, dispunha sobre os exames psicológicos que deveriam
fazer parte da avaliação psicológica no trânsito. O anexo II dessa Resolução
estabelecia que a Avaliação Psicológica deveria aferir psicometricamente as
seguintes áreas de concentração de características psicológicas: área perceptoreacional, motora e nível mental; área do equilíbrio psíquico; e habilidades
específicas (BRASIL, 1998).
De acordo com Silva (2008, p. 16), essas áreas dizem respeito a:
I – área Percepto-Reacional, Motora e Nível Mental: em que deveria ser
aferida de forma integrada e interdependente a atenção, percepção,
tomada de decisão, motricidade e reação, cognição e nível mental;
II – área do Equilíbrio Psíquico: que deveria ser avaliada considerando-se
aspectos como a ansiedade e excitabilidade; ausência de quadro
reconhecidamente patológico; controle adequado da agressividade e da
impulsividade; equilíbrio emocional; ajustamento pessoal-social e outros
problemas correlatos que pudessem sugerir contra-indicações (p. ex.
alcoolismo, epilepsia, drogadição, entre outros);
III – habilidades Específicas: tempo de reação; atenção concentrada;
rapidez de raciocínio; relações espaciais e outras, desde que necessárias
ao aprofundamento da avaliação psicológica.
A referida resolução foi revogada pela Resolução Contran no 267, de 15 de
fevereiro de 2008, a qual dispõe sobre o exame de aptidão física e mental, a
avaliação psicológica e o credenciamento das entidades públicas e privadas de que
tratam o art. 147, I e §§ 1º a 4º e o art. 148 do Código de Trânsito Brasileiro. Nessa
nova resolução, no artigo 5o, são enumerados os seguintes processos psíquicos que
devem ser aferidos na avaliação psicológica: tomada de informação; processamento
de
informação;
tomada
de
decisão;
comportamento;
auto-avaliação
do
comportamento; traços de personalidade (BRASIL, 2008). E, o capítulo IV da
Resolução Contran no 267/2008 trata do credenciamento das clínicas e profissionais
aptos a procederem à Avaliação Psicológica Pericial, trazendo as orientações e
exigências para que a avaliação ocorra em conformidade com a legislação de
trânsito e o Conselho Federal de Psicologia.
Entre as recomendações a referida
resolução aponta, no artigo 6o, os métodos e técnicas que devem ser utilizados na
25
Avaliação Psicológica Pericial, quais sejam: entrevistas diretas e individuais; testes
psicológicos; dinâmicas de grupo; escuta e intervenções verbais. O parágrafo único
deste artigo ainda afirma a necessidade de a avaliação psicológica ser realizada
conforme as diretrizes do Manual de Elaboração de Documentos Escritos do
Conselho Federal de Psicologia. Essa resolução foi alterada pela Deliberação nº 65,
de 13 de junho de 2008, a qual adequou a legislação para credenciamento de
médicos e psicólogos peritos examinadores de trânsito. Nova alteração foi feita pela
Resolução CONTRAN no 283, em 01 de julho de 2008, a qual dispôs sobre a
necessidade de adequação da legislação para credenciamento de médicos e
psicólogos peritos examinadores de trânsito. O artigo 18, inciso III, dessa Resolução
dita que o psicólogo deve ter título de Especialista em Psicologia do Trânsito
reconhecido pelo Conselho Federal de Psicologia ou ter concluído com
aproveitamento o curso “Capacitação para Psicólogo Perito Examinador de
Trânsito”, cursos estes ministrados por Instituições de Ensino Superior de Psicologia,
reconhecidas pelo Ministério da Educação.
Essas exigências têm como finalidade exigir maior qualidade na avaliação
psicológica dos condutores, em consonância com o objetivo do CTB de proporcionar
maior segurança no trânsito.
A avaliação psicológica, segundo o Conselho Federal de Psicologia (2007, p.
8), “é um processo amplo que envolve a integração de informações provenientes de
diversas
fontes,
entre
elas,
testes,
entrevistas,
observações,
análise
de
documentos”. Os testes psicológicos figuram entre os instrumentos passíveis de
serem utilizados pelo psicólogo, sendo considerados como uma etapa importante do
processo de avaliação da personalidade do condutor.
A avaliação psicológica realizada pelos psicólogos deve se constituir num
processo integrado, mediante o uso de técnicas apropriadas para diagnosticar um
dado problema específico, visando a alguma intervenção. O uso de testes
psicológicos é um procedimento sistemático pelo qual o profissional observa
determinado comportamento e descreve-o com a ajuda de escalas numéricas ou
categorias fixas (PASQUALI, 2001).
Os testes psicológicos são considerados como “procedimentos para a
obtenção de amostras de comportamentos e respostas de indivíduos com o objetivo
26
de descrever e/ou mensurar características e processos psicológicos [...]” (URBINA,
2007, apud PACANARO et al, 2011, p. 29).
Para Anastasi (1977, p. 678), “os testes psicológicos devem ser encarados
como instrumentos. Como todos os instrumentos sua eficácia depende do
conhecimento, da habilidade e da integridade de quem o usa”. Ou seja, o uso dos
testes psicológicos está sujeito à ética profissional e requer conhecimento por parte
do psicólogo do trânsito para ser aplicado em determinada situação ou contexto.
Corroborando com este autor, o Detran-PR (2010, p. 12), afirma que “o Teste
Psicológico é uma medida objetiva e padronizada de uma amostra de
comportamento, que deve ser aplicado em condições adequadas, previamente
definidas [...]”.
Conforme Rabelo, Brito e Rego (2011), os testes psicológicos se diferenciam
de outras técnicas de avaliação por serem procedimentos referenciados a normas e
diretrizes de interpretação padronizadas. Na avaliação psicológica, a testagem é um
dos meios de acesso ao universo psicológico do indivíduo, mas as formas de
intervenção devem ser adequadas conforme a necessidade.
Nesse sentido, o Conselho Regional de Psicologia do Paraná (2009), orienta
que as práticas psicológicas que envolvem o uso de técnicas, como os testes
psicológicos, devem ser comprovadas e reconhecidas para que alcancem maior
eficácia e tenham validade. Embora o uso de instrumentos e técnicas psicológicas
sejam de competência e uso privativo do psicólogo, mediante a observação ética
profissional, os testes selecionados devem ser regulamentados pelo Conselho
Federal de Psicologia.
2.2.1 Postura dos Psicólogos do Trânsito no Uso de Testes Psicológicos
O Conselho Federal de Psicologia vem normatizando o uso de instrumentos
psicológicos, de modo que estes tenham propriedades psicométricas adequadas.
Porém, o uso de testes psicológicos para realizar a avaliação psicológica de
condutores de veículos tem provocado debates acerca de sua efetividade e
validade. Para Wahlberg (2003, apud RUEDA, 2009), a tentativa de se identificar os
fatores psicológicos que podem causar os acidentes no trânsito não tem alcançado
um consenso, em especial pelo individualismo com que são utilizados os diferentes
métodos por parte dos profissionais que avaliam o candidato a condutor.
27
A falta de padronização dos instrumentos utilizados, assim como a falta de
continuidade da avaliação, a qual é realizada apenas uma vez na primeira obtenção
da CNH, sem levar em conta as mudanças que ocorrem nas pessoas com o tempo,
também são apontadas por Rueda (2009) como fatores que merecem atenção.
Quanto aos estudos de validade dos instrumentos avaliativos, Lamounier e
Rueda (2005), afirmam que, no contexto do trânsito, devido a sua complexidade,
estudos de validade são especialmente difíceis de abranger toda a realidade e os
múltiplos aspectos que podem necessitar de aferição. A validade alcança apenas
uma determinada situação ou contexto, não sendo totalmente válidos. Daí a grande
quantidade de testes psicológicos existentes e que vem sendo utilizados em
diferentes contextos e situações3.
No contexto específico do trânsito, a recomendação do Detran-PR (2010), é
de que os testes psicológicos sejam aplicados somente por psicólogos com
formação adequada e específica. A utilização de testes psicológicos é de
competência e responsabilidade do profissional, contudo, somente são permitidos
testes adquiridos em editores ou distribuidoras oficiais, devendo estes serem
originais e avaliados pelo CFP e Contran, bem como, o profissional tem a
responsabilidade pelo sigilo e guarda dos mesmos durante o prazo exigido por lei
(que é de cinco anos no mínimo).
Muito embora os testes psicológicos possam ser escolhidos pelo profissional,
como dita o Ofício Circular no 4112/2011da COOHA/DIMP: “cabe ao psicólogo
responsável pela avaliação psicológica no contexto do trânsito a escolha do teste
psicológico a ser utilizado no atendimento coletivo e individual em candidatos à
Primeira Habilitação, EAR, Psicopedagógico e Reabilitação” (DETRAN-PR, 2011, p.
2), o psicólogo do trânsito deve adequar os testes aos propósitos da avaliação
psicológica, fundamentando-se na ética profissional e nos pareceres do CFP.
Esse parecer é corroborado por Cruz e Hoffmann (2011, p. 124), os quais
afirmam que:
No caso de testes psicológicos ou técnicas similares, normalmente se
identificam em seus manuais a validade, a padronização e as condições de
uso para determinada população. Cabe ao psicólogo, quando utilizá-los, ter
3
Segundo Pacanaro et al (2011, p. 33), em 2011, a base de dados do SATEPSI relata mais de 3500
testes disponíveis para consulta, com parecer favorável ou não pelo Conselho Federal de Psicologia.
28
convicção de sua adequabilidade ao estudo, especialmente no que tange à
validade e precisão da medida.
Ao fazer uso dos instrumentos de avaliação psicológica, os psicólogos que
atuam no trânsito devem levar em conta a ética profissional e sua responsabilidade
social. De acordo com Pellini e Leme (2011, p. 168), “o uso de instrumentos não
favoráveis pode causar prejuízos aos usuários e resultar numa avaliação
inadequada [...]”. Por isso, as avaliações psicológicas devem ser feitas utilizando-se
instrumentos que atendam aos critérios de aplicação, correção e interpretação
conforme definidos nos manuais, tendo estes a aprovação do CFP, para que sejam
evitados danos e consequências que podem ser até mesmo irreversíveis.
Na
prática
profissional,
as
competências
profissionais
devem
ser
desenvolvidas de modo a manejar adequadamente as regras técnicas que orientam
de que maneira e sob quais critérios a avaliação psicológica deve ser realizada.
Dessa maneira, poderá apontar de modo mais efetivo se o indivíduo avaliado
apresenta condições psicológicas para participar do trânsito como condutor de
veículo (CRUZ; HOFFMANN; KLÜSENER, 2011).
A postura ética do profissional é, assim, um aspecto fundamental a ser
considerado quando da escolha dos instrumentos para avaliação psicológica.
Conforme Machado (2007, p. 35), os psicólogos devem “respeitar os princípios
éticos e técnicos, estando cientes de pontos básicos como os deveres em relação
ao atendido, o sigilo profissional e as relações com a justiça, oferecendo à
população um trabalho de qualidade e uma boa imagem da profissão”.
Nesse sentido, Pellini e Leme (2011), apresentam alguns fatores essenciais
para que o psicólogo apresente uma conduta considerada eticamente correta,
quando faz uso dos testes psicológicos:
Enfim, para que um profissional atue de forma ética quanto ao uso de
instrumentos, deve procurar manter contínuo aprimoramento profissional;
utilizar, no contexto profissional, apenas testes psicológicos com parecer
favorável, que se encontram listados no site do SATEPSI; realizar a
avaliação psicológica em condições ambientais adequadas, de modo a
assegurar a qualidade e o sigilo das informações obtidas; guardar os
documentos produzidos decorrentes de Avaliação Psicológica em arquivos
seguros e de acesso controlado; proteger a integridade dos instrumentos,
não os comercializando, publicando ou ensinando àqueles que não são
psicólogos. (PELLINI; LEME, 2011, p. 171).
29
A avaliação psicológica deve, portanto, ser realizada de modo a atender às
necessidades
de
avaliar
o
condutor
no
sentido
de
prevenir
possíveis
comportamentos que possam prejudicar a ele e aos demais, no contexto do trânsito.
Conforme o Ofício Circular no 4112/2011da COOHA/DIMP, as habilidades mínimas
para conduzir veículos devem ser aferidas mediante o uso de instrumentos técnicos
diversos, como: intervenções verbais, escuta, observação, testes psicológicos e
entrevista. Esses instrumentos servirão para coletar informações gerais dos
candidatos, dentre as quais: tomada de informação (atenção de diferentes tipos;
detecção, discriminação e identificação); processamento de informação e tomada de
decisão (inteligência, memória, orientação espacial, identificação significativa,
julgamento ou juízo crítico e tomada de decisão); comportamento (tempo de reação,
coordenação viso e áudio-motora, capacidade de perceber ações no trânsito,
individuais ou coletivos); traços de personalidade (controle emocional e socialização,
ansiedade, impulsividade, agressividade).
De acordo com o Detran-PR (2010), após a avaliação psicológica, os
candidatos à obtenção de CNH poderão apresentar os seguintes resultados:
- apto: quando apresentar desempenho condizente para a condução de
veículo automotor;
- apto com restrições: se houver necessidade de registrar na CNH qualquer
restrição (validado do exame, restrição de categoria), ou para avaliação psicológica
EAR (sem observação exerce atividade remunerada);
- inapto temporário (de 1 a 6 meses) em caso de a reprovação ser passível de
tratamento ou correção (neurose, depressão, stress, e outros);
- inapto: se não apresentar desempenho condizente ou for considerado
analfabeto;
- necessita nova avaliação: ou uso do termo “Acordo com Recomendação” do
Psicólogo ou médico, quando se detecta algum sinal de necessidade de novo exame
de aptidão física e mental (como epilepsia, alcoolismo, e outros).
Nos diversos estados brasileiros, os Detrans exigem que a prática do
psicólogo do trânsito seja orientada nas Resoluções e pareceres do Conselho
Federal de Psicologia. Algumas dessas resoluções trazem orientações importantes
sobre a avaliação psicológica no trânsito. A Resolução no 12/2000 estabeleceu que,
na avaliação do perfil psicológico do condutor, deveriam ser considerados os níveis:
30
intelectual, de atenção, psicomotor e psicofísico, e a personalidade. Para
Brickenkamp (2004, apud RUEDA, 2009, p. 184), “a investigação dos processos
básicos se faz necessária, entendendo por processos básicos a atenção, a
concentração, a memória e o controle emocional”. Assim, os construtos atenção,
memória e inteligência são considerados necessários para o condutor de veículos.
Além destes, devem ser avaliadas as habilidades motoras, o conhecimento de
normas e regras e as habilidades cognitivas.
De modo específico, a Resolução CFP no 02/2003 definiu os padrões técnicos
para avaliação dos testes psicológicos que estão sendo usados nos diversos
estados brasileiros. Assim, o psicólogo do trânsito deve selecionar testes
psicológicos que estejam de acordo com as orientações desses padrões, conforme
dita o Conselho Regional de Psicologia (2009, p. 39):
Ao selecionar os testes para uso na avaliação, o Psicólogo deverá buscar
os que têm parecer favorável do CFP. O artigo 16 da Resolução do CFP nº
002/2003, que regulamenta o uso, a elaboração e a comercialização dos
testes psicológicos, determina que será considerada falta ética a utilização
de instrumentos que não constam na relação de testes aprovados pelo
Conselho Federal de Psicologia, conforme Artigos 1º, alínea “c”, e 2º,
alínea “f”, do Código de Ética Profissional do Psicólogo, salvo os casos de
pesquisa.
Essa resolução veio definir com maior clareza os requisitos mínimos e
obrigatórios que os instrumentos psicológicos devem ter para que o seu uso
profissional seja adequado. A partir daí, os testes psicológicos passaram a ser
analisados pela Comissão Nacional de Avaliação Psicológica, a qual instituiu o
Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos (SATEPSI4), que avalia todos os
instrumentos considerados psicológicos ou não e que são encaminhados ao CFP.
Dessa maneira, um instrumento recebe parecer favorável do CFP quando cumpre os
requisitos mínimos para sua comercialização e uso profissional. Nesse aspecto, os
testes psicológicos devem ser revisados periodicamente para verificar sua validade
e precisão, conforme a Resolução no 06/2004 (PACANARO et al, 2011).
A Resolução no 08/2009 evidenciou a necessidade de adequar os testes
psicológicos ao propósito e contexto analisados. No contexto do trânsito, o teste
psicológico deve estar em conformidade tanto com as evidências empíricas de
4
O SATEPSI é um sistema brasileiro de certificação de instrumentos de avaliação psicológica para
uso profissional, que avalia e qualifica os instrumentos psicológicos como aptos (pareceres
favoráveis) ou inaptos (pareceres desfavoráveis) para uso (PACANARO et al, 2011, p. 34).
31
validade e precisão quanto com as exigências da legislação de trânsito vigente.
Conforme o Conselho Regional de Psicologia (2009), o instrumento psicológico
utilizado deve ter validade e precisão, ser normatizado e trazer instruções para sua
aplicação. O psicólogo deve estar atualizado quanto ao seu uso e seguir suas
recomendações, para manter a qualidade técnica da avaliação psicológica.
Algumas das resoluções e revogações de resoluções mais recentes,
realizadas pelo CFP, são: Resolução CFP nº 016/2002: dispõe acerca do trabalho
do Psicólogo na avaliação psicológica de candidatos à Carteira Nacional de
Habilitação e condutores de veículos automotores; Resolução CFP nº 007/2003:
institui o Manual de Elaboração de Documentos Escritos produzidos pelo Psicólogo,
decorrente da avaliação psicológica e revoga a Resolução CFP 017/2002;
Resolução CFP nº 003/2007 - Capítulo II - Da avaliação Psicológica para Carteira
Nacional de Habilitação; Resolução CFP nº 006/2010: altera a Resolução CFP
016/2002; Nota Técnica CFP nº 001/2011: esclarece os psicólogos acerca do
conceito de atenção da Resolução CFP 007/2009; Resolução CFP nº 009/2011:
altera o Anexo II da Resolução CFP 007/2009.
Tendo em vista as constantes mudanças nas normas de atuação, o psicólogo
do trânsito deve estar atualizado quanto às exigências legais e formais do CFP. A
atuação do psicólogo é descrita em manuais que são atualizados conforme a
necessidade e possibilitam conhecer os instrumentos aceitos pelo CFP em
consonância com o CTB. O primeiro Manual para Avaliação Psicológica de
candidatos à CNH foi instituído pela Resolução CFP no12/00 (já comentada acima),
onde constam orientações sobre o uso e qualificação dos procedimentos de
avaliação psicológica requerida pelo DETRAN. Assim como as resoluções, os
manuais para avaliação psicológica pericial vão sendo criados e alterados conforme
a necessidade, pelo Conselho Federal de Psicologia (MACHADO, 2007).
Diante do exposto cabe, portanto, analisar como está sendo feita a Avaliação
Psicológica Pericial nos diversos estados brasileiros, a partir dos métodos e técnicas
utilizados pelos psicólogos do trânsito nas clínicas credenciadas pelos Detrans nas
capitais brasileiras.
32
2.3 Instrumentos Psicológicos para Avaliação Psicológica Pericial de
Condutores de Veículos
A avaliação psicológica, conforme já afirmado anteriormente, é realizada
mediante o uso de instrumentos psicológicos, dentre os quais, os testes psicológicos
configuram os instrumentos comumente utilizados pelos psicólogos do trânsito na
avaliação do perfil psicológico dos candidatos à Carteira Nacional de Habilitação. A
respeito do uso de testes psicológicos na avaliação psicológica da conduta de
condutores de veículos, Duarte (2011, p. 230), questiona:
Serão os testes psicológicos atualmente utilizados sensíveis suficientes
para detectar essas condutas? Da mesma forma, são eficazes e eficientes
esses instrumentos psicológicos aplicados para avaliação psicológica na
obtenção da Carteira Nacional de Habilitação? Ou são essas exigências
meras formalidades?
O mesmo autor afirma que não é possível fornecer uma resposta definitiva
para essas questões, haja vista que se torna difícil identificar os testes que poderiam
ou deveriam fazer parte de uma bateria de avaliação dos condutores. Sendo assim,
a pesquisa do perfil psicológico do condutor é realizada mediante comparações
entre condutas e análise de fatores diversos, avaliando, também, a realidade e o
contexto em que a avaliação ocorre.
Diante da existência de uma grande quantidade de testes psicológicos a
disposição dos psicólogos do trânsito, e atentando ao fato de que cada profissional
tem autonomia para escolher os instrumentos a serem utilizados na avaliação
psicológica, desde que os mesmos tenham parecer favorável do Conselho Federal
de Psicologia, alguns dos testes mais utilizados pelos psicólogos do trânsito, nas
capitais brasileiras, estão abaixo discriminados. Os mesmos estão separados pelo
tipo de avaliação a que se destinam.
2.3.1 Testes de Avaliação da Personalidade
Os testes de personalidade avaliam alguns aspectos considerados de
importância para a condução de veículos, como fatores adaptados e não adaptados,
ansiedade ou neuroticismo (ALCHIERI; NORONHA, 2011).
33
Dentre os testes recomendados pelo Conselho Federal de Psicologia para
avaliação da personalidade, estão:
2.3.1.1 IFP – Inventário Fatorial de Personalidade
O Inventário Fatorial de Personalidade (IFP) é um instrumento utilizado para
realizar inventário objetivo da personalidade, de natureza verbal, baseado na teoria
das necessidades básicas formulada por Henry Murray em 1938. O IFP visa avaliar
o indivíduo normal (de 18 a 60 anos) em 15 necessidades ou motivos psicológicos, a
saber:
Assistência,
Intracepção,
Afago,
Deferência,
Afiliação,
Dominância,
Denegação, Desempenho, Exibição, Agressão, Ordem, Persistência, Mudança,
Autonomia e Heterossexualidade. Ao todo o teste contém 155 itens (PASQUALI;
AZEVEDO; GHESTI, 1997)
O IFP é um teste sem tempo determinado para ser respondido, sendo que a
prática demonstra que cerca de 60 minutos são suficientes para sua realização. A
correção do teste é fácil e rápida, podendo ser feita manualmente ou com o auxílio
de uma leitura ótica ou computador (ALCHIERI; NORONHA, 2011).
2.3.1.2 Teste Palográfico
O Teste Palográfico (PLG) foi idealizado e elaborado pelo professor Salvador
Escala Milá, do Instituto Psicotécnico de Barcelona, na Espanha. No Brasil, esse
teste teve validação com os estudos do Professor Agostinho Minicucci, na década
de 1960, e, na década de 1970, o uso do Palográfico foi difundido largamente no
país. O Palográfico é um teste que avalia a personalidade por meio do
comportamento expressivo. Possibilita o registro de uma série de observações úteis
no diagnóstico de comprometimento de aspectos cerebrais, uso de álcool e outras
drogas. Consiste na realização de traços verticais de 7 mm de altura, com espaço de
2,5 mm entre eles. É um teste de aplicação muito simples e rápida, podendo ser
aplicado tanto a crianças a partir dos 8 anos quanto a adolescentes e adultos. Já a
avaliação e interpretação do teste Palográfico exigem um certo grau de preparação
e experiência do psicólogo com a técnica. A correção é realizada pela avaliação
quantitativa e qualitativa, com base nos traços realizados (ALVES; ESTEVES, 2009).
34
2.3.1.3 Z-Teste ou Técnica de Zulliger
O Z-teste é um teste de personalidade de avaliação preferencialmente
coletiva, podendo ser aplicada em indivíduos alfabetizados. Sua aplicação leva em
torno de 20 minutos. Foi criado por Hans Zulliger em 1942 com o objetivo de
selecionar rapidamente um ato contingente de soldados para o exército suíço.
Embora possua a mesma natureza do Teste de Rorschach não pode ser
comparado, já que cada técnica é completa por si só. É utilizado para
psicodiagnósticos, avaliações de personalidade, seleção de pessoal, avaliação de
desempenho, entre outros. Apresenta-se na forma de pranchas ou lâminas que
apresentam manchas ou borrões de tinta cromática ou acromática; a prancha I
avalia aspectos primitivos da personalidade; a prancha II avalia a afetividade ou
emoções; e a prancha III avalia o relacionamento. A interpretação dada pelo
examinando a essas pranchas é avaliada quanto ao tipo de forma, determinantes e
conteúdo das respostas e a análise integrada das pranchas possibilita entender de
modo mais aprofundado a personalidade nos aspectos afetivo-emocionais e
intelectuais e o relacionamento interpessoal do examinando (LIMA, 2011).
A aplicação do Z-teste ocorre em quatro etapas: apresentação, fase clara,
fase escura e inquérito. A condição mínima para sua aplicação é que o examinando
saiba escrever ou que tenha, pelo menos, o primeiro grau (ALCHIERI; NORONHA,
2011).
2.3.1.4 HTP – House-Tree-Person
A técnica projetiva de desenho da Casa-Árvore-Pessoa (House-Tree-Person,
HTP) é utilizada para obter informações sobre a individualidade do indivíduo em
relação aos outros e ao ambiente do lar. Estimula a projeção de elementos da
personalidade e de áreas de conflito dentro da situação terapêutica, permitindo que
eles sejam identificados com o propósito de avaliação e usados para o
estabelecimento de comunicação terapêutica. O teste inclui duas fases, sendo a
primeira não-verbal, criativa, quando o indivíduo deve desenhar a mão livre; e a
segunda fase corresponde ao inquérito, quando o avaliador faz perguntas relativas
às associações do indivíduo com cada desenho (avaliação qualitativa). Outras fases
35
podem ser incorporadas. Conforme o número de fases o teste pode levar de 30 a 90
minutos. O HTP é um teste individual, usado como parte de avaliação inicial ou de
intervenção terapêutica em andamento. É necessário o uso de um protocolo para
desenho do HTP e um protocolo de interpretação para cada conjunto de desenho,
bem como protocolos de inquérito posteriores ao desenho e de interpretação, além
de materiais diversos (BUCK, 2003).
2.3.1.5 Pirâmides Coloridas de Pfister
O método projetivo, criado por Max Pfister é um instrumento que avalia
aspectos da personalidade, destacando principalmente a dinâmica afetiva e
indicadores relativos a habilidades cognitivas do indivíduo. Pfister não se baseou
apenas na relação entre cores e emoção para desenvolver sua técnica, mas utilizou,
deliberadamente, a forma geométrica de uma pirâmide, por julgar que assim
possibilitaria a composição de variadas configurações, que propiciam uma melhor
expressão da dinâmica emocional e o nível de estruturação da personalidade. Esta
técnica pode ser utilizada com crianças desde os 7 anos até indivíduos idosos e em
pessoas com transtornos mentais leves ou graves, devendo-se apenas excluir os
casos em que a deficiência em distinguir cores (CASA DO PSICÓLOGO, 2012).
2.3.1.6 PMK – Psicodiagnóstico Miocinético
O PMK Psicodiagnóstico Miocinético foi criado por Emilio Myra y López. É
uma técnica gráfica expressiva que se utiliza de modelos de traçados, indicado a
partir da adolescência, sem restrições quanto à escolaridade. Baseia-se na simbiose
dos músculos com os movimentos. É indicado na avaliação clínica da personalidade,
especialmente no que se refere à agressividade, emocionalidade, extra e
intratensão, tônus psicomotor, tendência à inibição ou excitação, aspectos
psicopatológicos, entre outros. É um teste considerado de difícil aplicação, por
abranger sete exercícios sobre folhas cujas dimensões ocupam quase toda a mesa
especial para avaliação, onde o indivíduo deve continuar os modelos de traçados
com e sem a visão da atividade, alternando as mãos en1quanto desenha figuras
diversas (ALCHIERI; NORONHA, 2011).
36
Esse teste, embora tenha sido bastante utilizado pelos profissionais de
Psicologia, recebeu parecer desfavorável do Conselho Federal de Psicologia em 16
de maio de 2012, não sendo mais permitida sua utilização.
2.3.1.7 CPS – Escalas de Personalidade de Comrey
As Escalas de Personalidade de Comrey – CPS compõe um teste psicológico
que avalia a personalidade em oito fatores importantes. Foi adaptado do original
para a versão brasileira, podendo ser aplicado individual ou coletivamente, sem
limite de tempo, levando em média 50 minutos. É recomendado para pessoas de
qualquer idade com nível de escolaridade acima do 1o grau completo. O material do
teste é constituído por manual, caderno de afirmações, folha de respostas e folha de
perfil (ALCHIERI; NORONHA, 2011).
O teste é composto por 100 afirmações, classificadas em 10 escalas: Escala
de Validade; de Tendenciosidade nas Respostas; de Confiança X Atitude Defensiva;
de Ordem X Falta de Compulsão; de Conformidade Social X Rebeldia; de Atividade
X Falta de Energia; de Estabilidade X Instabilidade Emocional; de Extroversão X
Introversão; de Masculinidade X Feminilidade; e de Empatia (altruísmo) X
Egocentrismo. O indivíduo avaliado seleciona a resposta no caderno de afirmações
e a registra na folha apropriada. A correção é realizada de acordo com as respostas
dadas para cada uma das escalas, pela avaliação quantitativa e qualitativa. O teste
possui estudos de precisão, validade e tabelas em percentis para o público-alvo de
acordo com os pontos obtidos nas escalas, bem como, existe atualmente uma
versão informatizada com a correção automática do teste (CASA DO PSICÓLOGO,
2012).
2.3.1.8 BFP – Bateria Fatorial de Personalidade
O BFP Bateria Fatorial de Personalidade é um instrumento utilizado como
recurso clínico para a indicação de transtornos de personalidade. Esse instrumento
permite a avaliação rápida e objetiva de alguns aspectos da personalidade, tais
como: Neuroticismo (vulnerabilidade, instabilidade emocional, passividade, falta de
energia-depressão), Extroversão (comunicação, altivez, dinamismo, interações
37
social), Socialização (amabilidade, pró-sociabilidade, confiança nas pessoas),
Realização (competência, ponderação, prudência, empenho, comprometimento),
Abertura (abertura a idéias, liberalismo, busca por novidades). Pode ser aplicado a
pessoas de 16 a 50 anos, com escolaridade mínima de segundo grau incompleto
(CASA DO PSICÓLOGO, 2012).
O BFP possui 126 itens e sua aplicação leva em torno de 30 minutos. O
instrumento é indicado para avaliar adolescentes e adultos a partir do Ensino médio
completo ou cursando (TASSONI, 2012).
2.3.1.9 Teste Rorschach
O Rorschach, uma técnica individual, de caráter clínico (ADRADOS, 1980), é
um método situado no campo da percepção e projeção, que por sua vez, cumpre
bem este papel por ser um instrumento bastante complexo, sensível a variações
dentro do quadro clínico (CUNHA, 2000). O examinando durante a aplicação do
teste manifesta suas respostas através de uma palavra ou expressões verbais que
indicam a percepção mais ou menos definida de um objeto, percebido em função de
sua forma, de seus efeitos cromáticos, acromáticos, cenestésicos e/ou esfumaçado.
Nessa avaliação quantitativa segundo Gonçalves & Pereira (2001), resposta é toda
interpretação que satisfaça os parâmetros de localização, determinantes e
conteúdos. Já as respostas qualitativas são exclamações, impressões, comentários
intelectuais, simetrias, embelezamentos, críticas ou divagações em torno da
qualidade dos estímulos apresentados nas diferentes pranchas.
O Rorschach é uma das técnicas projetivas mais sistematizadas e utilizadas
na Psicologia Científica. Pode-se avaliar neste processo de psicodiagnóstico os
afetos, as emoções, as condições de relacionamento humano, o nível de ansiedade,
o controle da agressividade, o poder de controle de uma pessoa, não apenas
tomados isoladamente, mas considerando um todo estrutural, dinâmico e funcional,
como é a personalidade. Assim sendo, por ser um teste de grande prestígio, que
também tem contribuições de cunho quantitativo (Vaz, 1986).
38
2.3.2 Testes de Atenção
Os testes de atenção medem a capacidade dos indivíduos de lembrar
determinados objetos. Avalia as informações internas e externas presentes na
memória e em outros processos cognitivos. A atenção pode ser considerada “um
mecanismo de processamento de informações que percebe estímulos, permitindo
ativação ou inibição de processos mentais e tornando possível uma ponte entre a
memória e as respostas dos indivíduos aos estímulos” (BRAGA, 2007, p. 2).
De acordo com Tonglet (2007, p. 35), “a atenção é uma qualidade da
percepção”. Assim, a aplicação dos testes de atenção na psicometria do trânsito tem
o objetivo de medir a capacidade de detectar pormenores, de perceber
principalmente aspectos visuais que surgem e desaparecem em segundos devido ao
deslocamento dinâmico no trânsito.
Os testes de atenção têm dificuldade progressiva e devem ser resolvidos num
tempo limitado. Dentre os testes de atenção requeridos na avaliação psicológica
para o trânsito, estão: TEADI e TEALT; TEACO-FF – Teste de atenção concentrada;
AC – Atenção concentrada; Coleção BFM-1 e BFM-4 - Bateria de Funções Mentais
para Motoristas; Bateria BFM-1 e BFM-4; BGFM-1 - Bateria Geral de Funções
Mentais - Testes de Atenção Difusa; BGFM-2 - Bateria Geral de Funções Mentais Testes de Atenção Concentrada; AD e AS - testes de atenção dividida e sustentada;
MPM – Medida de Prontidão Mental.
2.3.2.1 TEADI e TEALT
Os testes TEADI e TEALT são testes que aferem a atenção dividida e
alternada. O TEADI mede a capacidade do indivíduo de dividir a atenção, através de
um procedimento de avaliar os estímulos que deveriam ser marcados e que foram
assinalados devidamente, subtraindo-se os erros e omissões, estímulos distratores
que não deveriam ser assinalados mas o foram, e estímulos alvo que não foram
marcados. O teste possui 450 estímulos distribuídos em 30 linhas, e o tempo médio
de aplicação é de 5 minutos (GOMES, 2010).
O TEALT mede a capacidade que o indivíduo apresenta de alternar a
atenção. O teste é composto por 352 estímulos distribuídos em 16 linhas, sendo
39
que, para cada linha do teste, exige-se que o indivíduo procure um estímulo
diferente da seguinte. O resultado é calculado com base nos estímulos corretamente
marcados, subtraindo-se os erros e omissões, estímulos distratores marcados
indevidamente e estímulos alto deixados em branco. O tempo para realização desse
teste é de 2 minutos e 30 segundos (GOMES, 2010).
Estes testes fornecem estimativas das capacidades para procurar mais de
dois estímulos simultaneamente e para focar a atenção ora em um estímulo, ora em
outro. O tempo total de aplicação de ambos os testes não deve ultrapassar dez
minutos e os testes podem ser aplicados a indivíduos de 18 a 72 anos.
2.3.2.2 TEACO-FF - Teste de Atenção Concentrada
O Teste de Atenção Concentrada TEACO-FF, tem o propósito de avaliar a
Atenção Concentrada, ou seja, a capacidade de uma pessoa em selecionar apenas
uma fonte de informação diante de vários estímulos distratores em um tempo prédeterminado. Apesar de direcionado à profissionais da área de trânsito, ele também
pode ser utilizado nas áreas de recrutamento e seleção, avaliação para porte de
arma e outras onde a avaliação de atenção concentrada é relevante. A aplicação
pode ser individual ou coletiva e o tempo de aplicação é de 4 minutos em média
(CASA DO PSICÓLOGO, 2012).
2.3.2.3 AC - Atenção Concentrada
O Teste de Atenção Concentrada – AC foi elaborado por Suzy V. Cambraia.
Tem como objetivo avaliar a capacidade que o indivíduo tem de manter sua atenção
concentrada no que está fazendo por um certo período de tempo. Sua aplicação
pode ser individual ou coletiva e ocupa em média 5 minutos. Pode ser aplicado em
todos os níveis de escolaridade e faixa etária (ALCHIERI; NORONHA, 2011).
2.3.2.4 BFM-1 e BFM-4 – Bateria de Funções Mentais para Motoristas
Os testes BFM - Bateria de Funções Mentais para Motoristas foram
elaborados por Emílio Carlos Tonglet. Essa bateria de testes é composta pelos
40
seguintes testes: o BFM-1, que abrange os testes TADIM e TADIM 2, que avaliam
atenção difusa; os testes TADIS-1 E TADIS-2, que avaliam atenção discriminativa; e
os testes TACOM-A e TACOM-B, que avaliam atenção concentrada; e o BFM-4, que
abrange os testes TACOM-C e TACOM-D, que avaliam a atenção concentrada.
Esses testes são instrumentos psicológicos que avaliam as funções mentais que se
encontram implícitas no ato de dirigir. São, portanto, direcionados a indivíduos que
pretendem obter ou renovar a Carteira Nacional de Habilitação (TONGLET, 2007).
2.3.2.5 TESTE D2 – Atenção Concentrada
O teste D2 tem como objetivo avaliar a atenção concentrada visual e, em
sentido mais amplo, a capacidade de concentração do indivíduo. É utilizado na
avaliação da aptidão para dirigir veículos e para outras profissões que exijam
concentração e atenção visual. Sua indicação inclui diagnóstico na área clínica,
escolar
e
do
desenvolvimento,
seleção
profissional
e
experiências
psicofarmacológicas. A aplicação pode ser individual ou coletiva e o tempo de
aplicação demora em torno de 8 minutos, incluindo as instruções. O teste pode ser
aplicado a crianças a partir de 9 anos até adultos com 52 anos (TASSONI, 2012).
2.3.2.6 BGFM-1: Bateria Geral de Funções Mentais – Testes de Atenção Difusa
Essa bateria de testes inclui três testes: o TEDIF-1, o TEDIF-2 e o TEDIF-3,
sendo um de atenção difusa e dois de atenção difusa complexa. Seu objetivo é
investigar, avaliar, classificar e padronizar as funções mentais relacionadas ao
campo cognitivo, representadas basicamente pelos sistemas atentivos, memória e
raciocínio lógico. O tempo para aplicação desses testes é de 4 tempos de 1 minuto
cada (TONGLET, 2007; VETOR, 2012).
2.3.2.7 BGFM-2: Bateria Geral de Funções Mentais – Testes de Atenção
Concentrada
Essa bateria de testes é composta pelos testes TECON-1, TECON-2 e
TECON-3, e avaliam a atenção concentrada complexa. Aborda a atenção nos
41
diferentes contextos, as relações funcionais da atenção e o envolvimento dos
circuitos neuroanatômicos, bem como o uso da memória operativa. O enfoque
neuropsicológico sobre a atenção e a emoção possibilita a visualização dos
percursos cerebrais das vias corticais e subcorticais, além das interferências das
emoções nos sistemas atentivos (TONGLET, 2007; VETOR, 2012).
2.3.2.8 AD e AS – Testes de Atenção Dividida e Sustentada
O teste de Atenção Dividida - AD fornece duas informações sobre a atenção:
concentração e velocidade com qualidade. Já o teste de Atenção Sustentada - AS,
além dessas duas possibilidades, fornece também a avaliação da sustentação da
atenção. A Atenção Dividida - AD avalia a capacidade para manter a atenção com
qualidade e concentração em dois estímulos ou mais, enquanto que a Atenção
Sustentada - AS avalia a capacidade para focar a atenção em um determinado
estímulo, competindo com outros e manter a atenção por um determinado período
de tempo. A aplicação desses testes pode ser individual ou coletiva, com limite de
tempo estabelecido, sendo possível sua aplicação a adolescentes e adultos com
idade variando entre 18 e 73 anos. A correção de ambos os testes é realizada pelo
total de acertos, erros e omissões, pela avaliação quantitativa e qualitativa. Existem
estudos de precisão, validade e tabelas em percentis para o público-alvo de acordo
com sua idade (VETOR, 2012).
2.3.2.9 MPM – Medida de Prontidão Mental
O teste MPM – Medida de Prontidão Mental é constituído de uma prova que
verifica a capacidade de percepção (atenção seletiva) e velocidade (rapidez
perceptual), permitindo identificar diferenças individuais em percepção visual. Tem
sido largamente utilizado na área de Psicologia do Trabalho e do Transito. Sua
aplicação possibilita avaliar uma contínua busca visual (60 pares de figuras
idênticas) de localizações, em distâncias e posições variadas, destacando
elementos perceptivos e demandando uma atenção seletiva. É um teste de
aplicação individual ou coletiva, indicado para adultos a partir de 16 anos até 50
anos de idade. O tempo de aplicação é de 7 minutos e meio (MAGOPSI, 2012).
42
2.3.3 Testes de Memória
A memória constitui a base do conhecimento sendo através desta que damos
significado ao quotidiano e acumulamos experiências para utilizar durante a vida. A
forma como o indivíduo processa e guarda informações pode ser avaliada mediante
a análise da percepção, da atenção, das memórias sensoriais, da memória de curto
prazo e da memória de longo prazo (RUEDA; SISTO, 2007).
Dentre os vários testes que avaliam a capacidade de memória estão: o
TEPIC-M Teste Pictório de Memória; BFM-2: TEMPLAM – Teste de Memória de
Placas para Motorista; BGFM-4: Bateria geral de funções mentais; MVR – Teste de
Memória Visual de Rostos.
2.3.3.1 TEPIC-M – Teste Pictórico de Memória
O TEPIC-M fornece informação sobre a memória visual, mediante a
lembrança, ou recuperação de informações, da maior quantidade de desenhos e
detalhes possíveis após um breve período de tempo. Consiste em uma figura com
vários desenhos e detalhes que podem ser agrupados em três categorias: Água,
Céu e Terra. Sua aplicação pode ser individual ou coletiva e o processo de aplicação
para cada um dos instrumentos não ultrapassa 5 minutos (RUEDA; SISTO, 2007).
2.3.3.2 BFM-2: TEMPLAM – Teste de Memória de Placas para Motorista
Esse teste foi elaborado por Emilio Tonglet, o mesmo
criador da Bateria
BFM-1. O BFM-2: TEMPLAM tem a finalidade de investigar, avaliar e mensurar a
memória de curto prazo e de longo prazo em candidatos a obtenção de CNH ou
mudança de categoria ou renovação de exame. É composto por placas relacionadas
ao trânsito, e requer que o candidato assinale o maior número de respostas corretas
dentro do tempo limite, utilizando-se de vários raciocínios envolvidos. Sua correção
é realizada pelo total de acertos, mediante avaliação quantitativa e qualitativa
(VETOR, 2012).
43
2.3.3.3 BGFM-4: Bateria Geral de Funções Mentais
A BGFM – Bateria Geral de Funções Mentais, representa um conjunto de
instrumentos psicológicos que investiga, avalia, classifica e padroniza as funções
mentais do campo cognitivo, analisando sistemas atentivos, memória e raciocínio. O
teste BGFM-4 pesquisa a memória de reconhecimento por meio do Teste de
Memória de Reconhecimento – TMR. O TMR é composto por 20 figuras
geométricas, dentre as quais o sujeito deve encontrar as figuras corretas, de acordo
com o modelo apresentado. A forma de apresentação do TMR foi baseada no
TEMPLAM que faz parte da BFM-2. Enquanto o TEMPLAM é um teste de memória
de reconhecimento de placas, abarcando material visual e verbal, o TMR é um teste
de memória de reconhecimento visual. A correção é realizada pelo total de acertos,
avaliação quantitativa e qualitativa (DIPSI, 2012).
2.3.3.4 MVR – Teste de Memória Visual de Rostos
O teste MVR tem por objetivo avaliar a capacidade do indivíduo em
memorizar rostos e informações associadas a eles (nomes e sobrenomes, profissão,
localização etc.). Tem situa utilizado nos contextos de avaliação neuropsicológica,
educacional, organizacional, avaliação para trânsito, porte de armas, entre outras,
quando se faz necessário avaliar a capacidade do indivíduo de recordar detalhes
após eventos distratores. É especialmente indicado para avaliação de funções que
envolvem segurança, como policiais, segurança privada, serviços de portaria. Pode
ser aplicado sob a forma individual ou coletiva, em pessoas com idades de 18 a 80
anos (CASA DO PSICÓLOGO, 2012).
2.3.3.5 Mini-Exame do Estado Mental (MEEM)
Este teste foi criado para servir como avaliação clínica prática de mudança do
estado cognitivo em pacientes geriátricos. Tem sido utilizado também em outras
situações, devido a possibilidade de examinar orientação temporal e espacial,
memória (imediata ou atenção) e evocação, cálculo, praxia e habilidades de
linguagem e viso-espaciais. Pode também ser útil na avaliação cognitiva de beira de
44
leito e como teste de rastreio de perda cognitiva. Sua aplicação requer um grau de
escolaridade médio a alto, dependendo do corte, devido às respostas verbais
exigidas para questões de orientação, memória e atenção, e avaliação de
habilidades de nomeação, seguir comandos verbais e escrivãs, escrever frases e
copiar desenhos (CHAVES, 2008).
2.3.4 Testes de Raciocínio Lógico
Os testes de raciocínio lógico são utilizados para análise e avaliação do perfil
de indivíduos. No trânsito servem para avaliar se o raciocínio do indivíduo é rápido.
Dentre os diversos testes existentes, estão: Matrizes Progressivas de Raven; BPR-5
Bateria de Provas de Raciocínio; TIG-NV Teste de Inteligência Geral não Verbal;
Bateria TSP; TCR - Teste Conciso de Raciocínio; BETA III Teste não Verbal de
Inteligência Geral; WAIS III – Escala de Inteligência Wechsler (adulto); Teste
Wisconsin de Classificação de Cartas – WCST; BFM-3 - TRAP-1 Teste de
Raciocínio Lógico; G-36 - Teste Não Verbal de Inteligência; G-38 - Teste Não Verbal
de Inteligência; R1 - Teste Não Verbal de Inteligência; R-1 Forma B - Teste Não
Verbal de Inteligência.
2.3.4.1 Matrizes Progressivas de Raven
As Matrizes Progressivas de Raven são testes de múltipla escolha usados
para aferição do Q. I. (Quociente de Inteligência) desenvolvidos por John Carlyle
Raven em 1938. As formas modernas do teste incluem cores. No Brasil, esse teste
também é conhecido como Escala Geral. A escala abrange todas as faixas de
desenvolvimento intelectual, desde que a criança seja capaz de compreender o que
falta para completar um desenho. O teste consiste em apresentar uma matriz de
figuras onde existe um padrão lógico entre as figuras, com um espaço em branco
para o examinando preencher com a figura correta, segundo seu raciocínio. É um
teste que avalia o estímulo visual (CETEPP, 2012).
45
2.3.4.2 BPR-5: Bateria de Provas de Raciocínio
O BPR-5 - Bateria de provas de raciocínio oferece estimativas do
funcionamento cognitivo geral e das habilidades do indivíduo em cinco áreas
específicas: Raciocínio Abstrato, Verbal, Espacial, Numérico e Mecânico. Auxilia os
psicólogos a tomarem decisões sustentadas na avaliação das aptidões e raciocínio
geral,
tais
como:
orientação
profissional,
avaliação
das
dificuldades
de
aprendizagem e seleção de pessoal. A BPR-5 foi padronizada para aplicar a Forma
A para pessoas com escolaridade de 6ª à 8ª séries do ensino fundamental e Forma
B para pessoas com ensino médio e superior (CASA DO PSICÓLOGO, 2012).
2.3.4.3 TIG-NV – Teste de Inteligência Geral não Verbal
Este teste tem como objetivo avaliar desempenhos característicos dos testes
de inteligência não verbais. Possibilita a análise neuropsicológica de indivíduos com
graus de escolaridade variados e com idades de 10 a 79 anos. A análise permite
identificar os tipos de raciocínios errados e os processamentos envolvidos na sua
execução, além das classificações habituais do potencial intelectual. Pode ser usado
de forma individual ou coletiva, classificando os indivíduos em termos de percentil ou
QI e classificação da inteligência de acordo com o grau de escolaridade fundamental, médio e superior (CASA DO PSICÓLOGO, 2012).
2.3.4.4 Bateria TSP
A Bateria TSP é um instrumento constituído por 9 testes objetivos que
avaliam aptidões cognitivas, particularmente, no contexto do trabalho como:
conteúdo verbal (Números, Julgamento, Percepção e Fluência) e conteúdo não
verbal (Memória, Precisão, Dimensão, Partes e Blocos). O TSP pode ser aplicado
em adultos entre os 16 e os 50 anos. Estes testes podem ser aplicados de forma
independente e alguns poderão ser muito úteis na avaliação de adultos com déficit
de atenção e hiperatividade (SAPIENS, 2012).
46
2.3.4.5 TCR – Teste Conciso de Raciocínio
O TCR é utilizado para avaliar a inteligência ou fator g, por meio da análise do
raciocínio inferencial. É utilizado principalmente para candidatos à CNH. Tem
aplicação individual ou coletiva, recomendado para indivíduos entre 18 e 73 anos. O
tempo de aplicação é de cerca de 15 minutos (UNITALENTOS, 2012).
2.3.4.6 BETA III – Teste não Verbal de Inteligência Geral
O teste BETA III é um instrumento para avaliar a inteligência geral. É a
padronização dos subtestes Raciocínio Matricial e Códigos, e pretende avaliar o
raciocínio geral e a velocidade de processamento em adolescentes e adultos. É
utilizado em contextos de avaliação educacional, organizacional, do trânsito, forense
e demais áreas onde se pretenda avaliar a inteligência. Tem aplicação coletiva ou
individual, com tempo limite de 5 minutos para o subteste Raciocínio Matricial e de 2
minutos para o subteste Códigos. Não é obrigatória a aplicação dos dois subtestes,
podendo-se optar entre um deles (CASA DO PSICÓLOGO, 2012).
2.3.4.7 WAIS III – Escala de Inteligência Wechsler
A Escala de inteligência Wechsler avalia a capacidade intelectual de adultos
na faixa etária de 16 a 89 anos. é um teste imprescindível para avaliações
psicológicas e neuropsicológicas, possibilitando obter medidas das seguintes
Escalas e Índices Fatoriais: QI Verbal, QI de Execução, QI Total, Índice de
Compreensão Verbal, Organização Perceptual, Memória Operacional, Velocidade de
Processamento (SAPIENS, 2012).
2.3.4.8 WCST – Teste Wisconsin de Classificação de Cartas
O teste Wisconsin de Classificação de Cartas é um instrumento clínico que
avalia as funções executivas dos lobos frontais, fornecendo escores objetivos não
apenas de sucesso total, mas também de fontes específicas de dificuldade na tarefa.
Foram realizados estudos com idosos saudáveis e com grupos controles
47
diagnosticados com Depressão, Alzheimer e Parkinson. Foi elaborado a partir de
estudos com idosos para medir a flexibilidade mental, funções executivas, entre
outros aspectos, mas tem se mostrado um eficiente instrumento neuropsicológico. É
aplicado a indivíduos na faixa etária entre 6 a 18 anos (MIGUEL, 2005).
2.3.4.9 BFM-3 – TRAP-1 – Teste de Raciocínio Lógico
Esses instrumentos investigam as funções mentais relacionadas ao ato de
dirigir. Estabelecem uma investigação nas diversas operações mentais envolvidas
no raciocínio lógico dos motoristas. O teste é composto por placas de trânsito. De
acordo com os vários raciocínios envolvidos, o candidato registra na folha de
respostas a opção correta para cada uma das questões. A correção é realizada pelo
total de acertos, avaliação quantitativa e qualitativa. Sua aplicação pode ser Individual
ou coletiva, com limite de tempo de 10 minutos, 15 minutos, 20 minutos ou tempo
livre. Destina-se a adultos com idade mínima de 18 anos (VETOR, 2012).
2.3.4.10 G-36 - Teste Não Verbal de Inteligência
O teste G-36 foi criado por Efraim Boccalandro com o intuito de medir a
capacidade intelectual com pureza necessária no processo de seleção de pessoal.
Este
instrumento
tem
o
objetivo
de
avaliar
o
fator
G
de
inteligência.
(BOCCALANDRO, 2003).
Apresenta itens em ordem crescente de dificuldade, envolvendo os seguintes
raciocínios: compreensão de relação de identidade e raciocínio por analogia,
analogia do tipo numérica com adição e subtração e mudança de posição, analogia
espacial com mudança de posição. O indivíduo deve escolher a alternativa correta e
registrá-la em folha apropriada. A aplicação pode ser individual ou coletiva, com
tempo de 30 minutos ou tempo livro dependendo da finalidade. Destina-se a
adolescentes e adultos com escolaridade a partir do ensino fundamental. Sua
correção é feita com crivos de acertos e erros, por meio dos quais se obtém
quantitativamente o total de acertos e qualitativamente os tipos de erros cometidos
pelo sujeito, considerando os diversos raciocínios exigidos para responder a cada
48
item do teste. Há atualmente uma versão informatizada com a correção automática
do teste (VETOR, 2012).
2.3.4.11 G-38 – Teste Não Verbal de Inteligência
O G-38 é um teste semelhante ao G-36, medindo as mesmas características,
tendo o objetivo de avaliar o fator g de inteligência. Possui itens em ordem crescente
de dificuldade, e envolve os seguintes raciocínios: compreensão de relação de
identidade e raciocínio por analogia, analogia do tipo numérica com adição e
subtração e mudança de posição, analogia espacial com mudança de posição. Após
o indivíduo escolher a alternativa correta e a registrar em folha apropriada, a
correção é feita com crivos de acertos e erros, o que permite obter o total de acertos
de forma quantitativa e os tipos de erros cometidos de forma qualitativa. Sua
aplicação é individual ou coletiva, sendo adequada a adolescentes e adultos com
escolaridade a partir do ensino fundamental. O tempo para aplicação pode variar de
30 minutos ou tempo livre dependendo da finalidade utilizada (VETOR, 2012).
2.3.4.12 R-1 - Teste Não Verbal de Inteligência
O teste R-1 tem por objetivo avaliar o fator G de inteligência em adultos.
Destina-se ao exame psicotécnico de motoristas. É composto por figuras, que
apresentam itens em ordem crescente de dificuldade, a partir das quais o indivíduo
deve escolher a resposta correta e registrar na folha apropriada. Diferentes
raciocínios estão envolvidos para a resolução dos itens: complementação de figuras,
identidade de figura concreta, analogia de adição e subtração, mudança de posição,
progressão numérica, deslocamento de uma parte, alternância de elementos,
raciocínio numérico entre outros. A correção é realizada pelo total de acertos, pela
avaliação quantitativa e qualitativa, considerando os diferentes tipos de raciocínios
exigidos para responder cada item do teste. Pode ser aplicado a adultos a partir dos
18 anos, de modo individual ou coletivo, tendo limite de tempo de 30 minutos
(ALVES, 2002; VETOR, 2012).
49
2.3.4.13 R-1 Forma B – Teste Não Verbal de Inteligência
O teste R-1 Forma B foi desenvolvido para ser uma forma paralela do R-1.
Analisa dois fatores: Fator 1: inteligência fluida (aprendizagem, experiência
passada); e Fator 2: em consonância ao fator g de Spearman. Ele é composto por
figuras contendo objetos concretos e abstratos e as questões estão em ordem
crescente de dificuldade. O indivíduo escolhe a resposta correta e registra na folha
apropriada. A correção é realizada pelo total de acertos, pela avaliação quantitativa
e qualitativa, considerando os diferentes tipos de raciocínios exigidos para responder
cada item do teste. A aplicação pode ser individual ou coletiva, com limite de tempo de
30 minutos, sendo utilizado para avaliar indivíduos a partir dos 15 anos (VETOR,
2012).
50
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Ética
A presente pesquisa segue as exigências éticas e científicas fundamentais
conforme determina o Conselho Nacional de Saúde - CNS nº 196/96 do Decreto nº
93933 de 14 de janeiro de 1987 – a qual determina as diretrizes e normas
regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos:
A identidade dos sujeitos da pesquisa segue preservada, conforme apregoa a
Resolução 196/96 do CNS-MS, visto que, não foi necessário identificar-se ao
responder o questionário. Foram coletados dados a respeito de idade, tempo de
profissão e tempo de atuação como psicólogo do trânsito, para que se possa obter
maiores informações sobre a população pesquisada de psicólogos.
3.2 Tipo de Pesquisa
Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, com dupla, combinação de
abordagens, a saber quanti-qualitativa.
3.3 Universo
O presente estudo abrangeu 21 estados do Brasil com mais de 26 cidades.
As quais foram: Alagoas (Maceió), Amapá (Santana), Amazonas (Manaus), Bahia
(Bom Jesus da Lapa, Candeias, Guanambi, Irecê, Itamaraju, Salvador, Santana,
Santa Maria de Vitória, Serrinha e Teixeira de Freitas), Distrito Federal (Brasília),
Espirito Santo (Afonso Claudio e Cachoeira do Itapemirim), Goiás (Goiânia),
Maranhão (Balsa e São Luís), Mato Grosso do Sul (São Gabriel do Oeste), Minas
Gerais (Ipatinga), Pará (Belém e Marabá), Paraná (Curitiba, Cascavel e Foz do
Iguaçu), Pernambuco (Cabo do Santo Agostinho), Rio Grande do Norte (Natal), Rio
Grande do Sul (Porto Alegre), Rondônia (Porto Velho), Roraima (Boa Vista), São
Paulo (Capital, Bebedouro, Itanhaém, Sorocaba, São Caetano do Sul, São José dos
Campos e Santo André), Santa Catarina (Rio do Sul), Sergipe (Aracaju), Teresina
(Piauí).
51
3.4 Sujeitos da Amostra
A amostra deu-se por conveniência, não randomizada, quando lançou-se mão
dos peritos psicólogos atuantes em Clínicas de Trânsito que são alunos pósgraduando do curso de Especialização em Psicologia do Trânsito e que estavam
presentes em Maceió/AL, no mês de abril/2012. Foram 48 sujeitos acessados que
responderam à pesquisa no período de abril a outubro de 2012. E, todos
participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
3.5 Instrumentos de Coleta de Dados
Instrumento estruturado, um questionário com perguntas objetivas que
levavam a repostas abertas. Composto por 6 perguntas, que abrange a
caracterização dos sujeitos, cujas variáveis incorporadas foram idade, gênero,
tempo de profissão e tempo atuação como psicólogo do trânsito, cidade e estado de
atuação profissional, testes psicológicos utilizados, por que utiliza-se estes testes,
validade dos testes e sugestões para melhoria do processo de avaliação psicológica
no trânsito.
3.6 Procedimentos para Coleta de Dados
A coleta de dados foi realizada através de aplicação do questionário contendo
questões que alcançaram os objetivos da pesquisa. Nesse sentido, o questionário
tentará destacar a opinião de profissionais da área com relação à avaliação
psicológica empregada no trânsito.
3.7 Procedimentos para Análise dos Dados
O tratamento estatístico baseou-se no sistema de Medida de Tendência
Central e banco de dados do software Microsoft Office Excel 2007. Quanto à parte
qualitativa recorreu-se a análise de conteúdo enquanto técnica para dar sentido às
falas dos sujeitos entrevistados.
52
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Priorizou-se apresentar conforme a sequência de perguntas que constam no
questionário respondido pelos profissionais psicólogos que participaram da
pesquisa. O tratamento estatístico dos resultados baseou-se no sistema de Medida
de Tendência Central. Recorreu-se para realizar a análise quantitativa a análise de
conteúdo enquanto técnica para dar sentido aos relatos dos sujeitos entrevistados.
Para
investigar
as
características
sócio-demográficas
as
variáveis
consideradas foram idade e gênero, apresentados na tabela 01.
Tabela 01. Caracterização dos sujeitos em 21 estados brasileiros.
Características
Sócio-demográficas
Gênero
Masc.
f
2
Fem.
46
Faixa Etária
24 a 29 anos
14
30 a 39 anos
15
40 a 49 anos
8
50 a 59 anos
9
Fonte: Dados da Pesquisa. Maceió/AL. 2012.
%
4.0
96.0
30.0
33.0
20.0
17.0
Com relação ao gênero a prevalência na pesquisa foi do sexo feminino com
46 participantes, tendo 2 homens somente na população pesquisada. A prevalência
do sexo feminino na profissão de Psicologia é um fato confirmado nos estudos de
Noronha et al (2006), que demonstram a tendência de prevalência do sexo feminino
nas áreas de Psicologia e Educação.
Quanto à variável idade, foram encontrados na pesquisa sujeitos com idades
a partir dos 24 aos 59 anos. A amostra dos processos demonstrou que dos 48
psicólogos, 33% estão com idade de 24 a 29 anos, na idade de 31 a 39 anos
encontrou-se sujeitos com percentual de 30%, dos 40 aos 49 anos somou-se 20% a
população pesquisa, na idade de 50 a 59 anos aparecem 17% dos participantes.
Sobre a área de atuação pode-se observar que muitos profissionais, atuam na
área do trânsito e em mais outra área da psicologia, como em Psicologia Clínica,
Organizacional, Jurídica, Social, Educacional, Hospital e Penal. Averiguou-se que os
psicólogos que estão atuantes na área de Psicologia do Trânsito a mais de três anos
53
são os que permaneceram atuando somente nesta área, encontrou-se 1 psicóloga
que trabalha como perita do trânsito a 32 anos.
Acerca do tempo de formação em Psicologia e tempo de atuação na Área do
Trânsito, os dados obtidos foram variados (cv. quadro 01), pois constatou-se
profissionais que já estão atuantes na área do trânsito a 32 anos e outros que estão
apenas iniciando com 4 meses de experiência. Na população pesquisada de 48
psicólogos, contabilizou-se que 25 profissionais possuíam de 1 a 10 anos de
formação, 7 psicólogos de 11 a 20 anos e 4 entre 21 a 32 anos de formados. Na
avaliação sobre o tempo de profissão na área do trânsito pode-se encontrar as
seguintes informações: de 4 meses a 2 anos de atuação foram 17 psicólogos, de 3 a
10 anos atuam 16 profissionais, já dos 11 aos 20 anos 4 pessoas, e dos 21 aos 32
anos de carreia na área do trânsito foram apenas 2.
Quadro 01. Tempo de formação e atuação na área do trânsito.
FORMAÇÃO EM
Profissionais
participantes
26
07
04
PSICOLOGIA
Tempo de
formação
01-10 anos
11-20 anos
21-32 anos
ATUAÇÃO NA ÁREA DO TRÂNSITO
Profissionais
Tempo de atuação
participantes
17
4 meses a 2 anos
16
3 a 10 anos
04
11 a 20 anos
02
21 a 32 anos
Fonte: Dados da Pesquisa. Maceió/AL. 2012.
No quadro 02 apresenta o universo estudado, o qual reuniu cidades e
capitais brasileiras, com suas respectivas unidades da federação. A próxima fase do
questionário representa levantamento dos estados e suas respectivas cidades, foi
possível reunir informações acerca da atuação do psicólogo em diversas partes do
Brasil.
Adquiriram-se informações dos estados e das cidades: Alagoas (Maceió),
Amapá (Santana), Amazonas (Manaus), na Bahia a amostra constou de 11
psicólogos das mais variadas cidades (Bom Jesus da Lapa, Candeias, Guanambi,
Irecê, Itamaraju, Salvador, Santana, Santa Maria de Vitória, Serrinha e Teixeira de
Freitas), Distrito Federal (Brasília) dados coletados diretamente do Detran/DF, no
estado do Espírito Santo não foi possível levantar informações sobre a sua capital
Vitória, toda via, arrecadou-se informações de duas outras cidades, Afonso Cláudio
e Cachoeira do Itapemirim, Goiás (Goiânia) coletado questionário do Detran/GO,
54
Maranhão também conseguiu-se informações de dois profissionais de (Balsas e São
Luís), Mato Grosso do Sul (São Gabriel do Oeste), Minas Gerais (Ipatinga).
Quadro 02. Distribuição do universo pesquisado, segundo status da unidade
federativa (UF).
ESTADO
CAPITAL
CIDADES
Rio Branco
Acre
s/ informações
--Alagoas
Maceió
Maceió
Macapá
Amapá
s/ informações
Santana
Amazonas
Manaus
Manaus
Bom Jesus da Lapa, Candeias,
Bahia
Salvador
Guanambi, Irecê, Itamaraju, Santana,
Santa Maria de Vitória, Serrinha e
Teixeira de Freitas.
Fortaleza
Ceará
s/ informações
--Distrito Federal
Brasília
Brasília
Vitória
Afonso Cláudio e
Espírito Santo
s/ informações
Cachoeira do Itapemirim
Goiás
Goiânia
Goiânia
Maranhão
São Luís
São Luís e Balsas
Cuiabá
Mato Grosso
s/ informações
--Mato Grosso
Campo Grande
do Sul
s/ informações
São Gabriel do Oeste
Belo Horizonte
Minas Gerais
s/ informações
Ipatinga
Pará
Belém
Belém e Balsas
João Pessoa
Paraíba
s/ informações
--Paraná
Curitiba
Cascavel e Foz do Iguaçu
Pernambuco
Recife
Cabo do Santo Agostinho
Piauí
Teresina
Teresina
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro
--s/ informações
Rio Grande
do Norte
Natal
Natal
Rio Grande
do Sul
Porto Alegre
Porto Alegre
Rondônia
Porto Velho
Porto Velho
Roraima
Boa Vista
Boa Vista
Florianópolis
Santa Catarina
s/ informações
Rio do Sul
Santo André, São Caetano do Sul,
São Paulo
Capital (SP)
Itanhaém, Bebedouro, Sorocaba,
São José dos Campos
Sergipe
Aracaju
Aracaju
Palmas
Tocantins
s/ informações
---
Nº
00
01
01
01
11
00
01
02
01
02
00
01
01
03
00
03
01
01
00
01
01
02
01
01
11
01
00
27 estados
16 capitais
26 cidades
48
Nota: s/ informações = capitais que não foram coletados dados, n= número de sujeitos que
que responderam ao questionário.
Fonte: Dados da Pesquisa. Maceió/AL. 2012.
55
No Pará (Belém e Marabá), no estado do Paraná foi possível angariar
informações de Curitiba, Cascavel e Foz do Iguaçu, as informações de Curitiba
vieram diretamente do Detran/PR, Pernambuco (Cabo do Santo Agostinho), Rio
Grande do Norte (Natal), Rio Grande do Sul (Porto Alegre), informações advindas do
Detran/RS, Rondônia (Porto Velho), Roraima (Boa Vista), do estado de São Paulo
reuniu-se dados de 5 cidades, provenientes da Capital, Bebedouro, Itanhaém,
Sorocaba, São Caetano do Sul, São José dos Campos e Santo André, em Santa
Catarina (Rio do Sul), Sergipe (Aracaju), Teresina (Piauí). Não obteve-se relatos
para análise de 6 capitais brasileiras, como; Ceará Mato Grosso, Palmas, Paraíba,
Rio Branco e Rio de Janeiro.
Para tanto, a pesquisa abrangeu um total de 26 cidades, apesar de não
conseguirem-se informações de suas capitais, foi recrutado dados de algumas
cidades destes estados como; Santana (Amapá), Afonso Cláudio e Cachoeira do
Itapemirim (Espírito Santo), São Gabriel do Oeste (Mato Grosso do Sul), Cabo do
Santo Agostinho (Pernambuco), Rio do Sul (Santa Catarina), o que possibilitou
entender como se organiza o processo de avaliação psicológica no trânsito nesses
estados. Neste sentindo, mapeou-se 21 estados compreendendo um percentual
30%, as cidades pesquisadas foram 26 equivalente a 38%, as capitais pesquisadas
foram 16 o que equivale a 23% e foram 6 capitais sem informações o que
corresponde a 9% da pesquisa, conforme apresentado no gráfico 01..
Gráfico 01: Percentual dos estados, capitais e cidades mapeadas.
Fonte: Dados da Pesquisa. Maceió/AL. 2012.
A segunda parte do questionário esteve voltada a buscar informações
específicas sobre os testes psicológicos utilizados pelos profissionais na avaliação
56
psicológica voltada ao trânsito. Os profissionais foram questionados acerca da
variedade dos testes aplicados na avaliação psicológica dos condutores e os
resultados são apresentados na Tabela 02.
Tabela 02. Distribuição dos tipos de testes psicológicos.
Testes
f
%
Atenção
16
39.0
Personalidade
13
32.0
Inteligência
08
19.0
Memória
04
10.0
Total
40
Fonte: Dados da Pesquisa. Maceió/AL. 2012.
100.0
Este questionamento representa maior propósito desta pesquisa, pois a partir
dele foi possível dimensionar quais testes psicológicos estão sendo utilizados em
grande parte no Brasil contribuindo para a compreensão de como ocorre processo
de avaliação psicológica realizada pelos peritos, visto que, a pesquisa abrange 21
estados
brasileiros.
Identificaram-se
40
tipos
de
testes
utilizados
para
instrumentalizados dos psicólogos na avaliação dos condutores, sendo 16 tipos de
testes de atenção, 13 tipos de testes de personalidade, 8 tipos de testes não verbal
de inteligência/avaliação cognitiva, e ainda para investigação da memória foram
encontrados 4 tipos de testes aplicados.
Conforme PASQUALI (2001) a avaliação psicológica realizada pelos
profissionais de psicologia deve-se compor de uma ação conjunta, utilizando-se de
técnicas apropriadas para levantar e diagnosticar problemas específicos, para assim
agir de forma interventiva. Neste sentido, o emprego dos testes psicológicos que é
um instrumento cientificamente comprovado por sua eficácia, e por ser procedimento
sistemático pelo qual o profissional observa determinado comportamento e
descreve-o com a ajuda de escalas numéricas ou categorias fixas.
Concorda-se com PACANARO et al (2011, p. 29) quando diz que, os testes
psicológicos são considerados meios para reunir dados de comportamentos e
respostas de indivíduos com o objetivo de descrever e mensurar características e
fatores psíquicos.
57
Os testes psicológicos aplicados pelos peritos em suas clínicas, para
avaliação da atenção são: AC – Atenção Concentrada de (Suzi Cambraia), Bateria
BFM-1 - TACOM A e B (atenção concentrada), TADIS 1 e TADIS 2 (atenção
discriminativa), TADIM 1 e TADIM 2 (atenção difusa) e BFM-4 - TACOM C e D
(atenção concentrada), TECON 1,2,3 (atenção centrada), TEDIF 1,2,3 (atenção
difusa), TEADI (atenção dividida), TEALT (atenção alternada) , TEACO-FF (atenção
concentrada), MPM (atenção seletiva e rapidez perceptual) e D2 (atenção
concentrada). Os testes de personalidades citados na pesquisa foram: PMKPsicodiagnóstico Miocinético, que no mês de Abril/2012 quando iniciou-se a coleta
de dados da presente pesquisa, o PMK-Psicodiagnóstico Miocinético estava
aprovado pelo Conselho Federal de Psicologia, toda vida, em 16 de Maio de 2012, o
Conselho Federal de Psicologia, emitiu uma nota com parecer desfavorável que
implicou suspensão do seu uso pelos psicólogos, no site do Conselho Federal de
Psicologia, consta a seguinte explicação para o parecer desfavorável:
1. A fundamentação teórica é insuficiente e não permite compreender o que
subsidia cientificamente a operacionalização das seis dimensões de
personalidade por meio dos comportamentos psicomotores, de modo que
não está clara a relação entre o pensamento e as emoções e os
movimentos musculares;
2. Problemas foram identificados nos estudos de validade, de tal modo que
não é possível afirmar que o teste mede de fato aquilo que se propõe a
avaliar;
3. Os estudos de precisão foram considerados insuficientes.
Para tanto, divulgam ainda que já esta em análise uma nova versão do teste
que deverá ser intitulada “Psicodiagnóstico Miocinético – PMK, 2012” (CONSELHO
FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2012).
Corrobora-se com Pellini e Leme (2011) quando diz que o psicólogo deve agir
com responsabilidade pautada em seu código ético profissional, o uso de
instrumentos não favoráveis pelo Conselho Federal de Psicologia, pode causar
prejuízos aos candidatos e resultar em uma avaliação inadequada. As avaliações
psicológicas devem ser feitas utilizando-se instrumentos que atendam aos critérios
de aplicação, correção, e interpretação conforme definidos nos manuais, para que
sejam evitados danos e consequências que podem ser irreversíveis.
Os testes que estão substituindo o PMK são os testes projetivos; Pfister
(Pirâmides Coloridas de Pfister), Z-Teste (Técnica de Zulliger). Os demais testes
58
utilizados para avaliar a personalidade são Palográfico, que é unanime a sua
utilização entre os psicólogos, conforme pode-se constatar na tabela 03, o teste HTP
(Casa-Árvore-Pessoas),
Rorscharch
(Teste
Projetivo),
CPS
(Escalas
de
Personalidade de Comrey) e o teste IFP (Inventário Fatorial da Personalidade).
Pode-se levantar dos testes não verbal de inteligência/avaliação cognitiva utilizados
pelos profissionais o uso dos testes; R-1, R1-Forma B, TRAP-1, G-36, G-38,
Matrizes Progressivas de Raven, BPR-5 (Bateria de Provas de Raciocínio), TIG-NV
(Teste de Inteligência Geral Não-Verbal), Bateria TSP, TCR (Teste Conciso de
Raciocínio), BETA III (Teste Não Verbal de Inteligência Geral), FATOR G, WAIS III
(Escala de Inteligência Wechsler - adulto), WCST (Teste Wisconsin de Classificação
de Cartas).
Tabela 03. Frequência de utilização de testes psicológicos na avaliação dos condutores.
Atenção
AC
Tacom A
Tadim 1
Tadim 2
Tacom B
Tacom C
MPM
Tadis 1
Tadis 2
Teaco-ff
Tedif
D2
Tealt
Tecon
Teadi
Total
f
35
24
23
23
22
09
12
11
11
06
04
02
02
02
01
%
19.0
13.0
12.0
12.0
12.0
5.0
6.0
6.0
6.0
3.0
2.0
1.0
1.0
1.0
1.0
187 100.0
Inteligência/
Cognitivo
R-1
Trap-1
R1-B
G-36
Raven
TCR
Beta III
G-38
Minimental
TIG-NV
Wais
Winsconsin
BPR-5
Total
f
45
21
07
02
02
02
01
01
01
01
01
01
01
%
52.0
25.0
8.0
3.0
3.0
2.0
1.0
1.0
1.0
1.0
1.0
1.0
1.0
85 100.0
Personalidade
Palográfico
PMK
Z-Teste/
Zulliger
HTP
Pfister
CPS
IFP
Rorschach
Total
f
47
29
09
%
46.0
28.0
9.0
08
04
02
02
01
8.0
4.0
2.0
2.0
1.0
102 100.0
Memória
TEMPLAM
TEPIC-M
TMR
TSP
f %
05 46.0
03 27.0
02 18.0
01 9.0
Total
11 100.0
Fonte: Dados da Pesquisa. Maceió/AL. 2012.
Constatou-se que na cidade de Maceió/AL, na grande São Paulo, na cidade
de Marabá/PA e em Cabo de Santo Agostinho/ PE os testes psicológicos utilizados
na avaliação dos condutores são AC, R-1 e PALOGRÁFICO, conforme Quadro 03.
Em Boa Vista/RR os testes psicológicos utilizados assemelham-se com os dos
estados acima. São aplicados os mesmos testes psicológicos de atenção,
personalidade e inteligência, toda via, acrescenta-se o teste TRAP-1 na avaliação
cognitiva.
59
Quadro 03. Testes Psicológicos semelhantes em Alagoas, São Paulo, Pará,
Roraima e Pernambuco.
ESTADOS E CIDADES
TESTES PSICOLOGICOS APLICADOS
AL/ Maceió
AC, Palográfico, R-1
PA/Marabá
AC, Palográfico, R-1
PE/Cabo do Santo Agostinho
AC, Palográfico, PMK, R-1
Grande São Paulo
AC, Palográfico, R-1
RR/Boa Vista
AC, Palográfico, R-1, TRAP-1
Fonte: Dados da Pesquisa. Maceió/AL. 2012.
No estado de São Paulo coletou-se 11 questionários, sendo 2 da capital, 1
Bebedouro, 1 de Itanhaém (litoral sul de SP), 2 de Sorocaba, 3 de Santo André, 1
de São Caetano do Sul e 1 de São José dos Campos. Identificaram-se que na
Capital os testes psicológicos utilizados para avaliação dos condutores foram
somente três testes psicológicos que são os recomendados pelo Detran/SP, PMK,
AC e R1. Na grande São Paulo, em Santo André e nas cidades de Bebedouro,
Sorocaba e São José dos Campos, utiliza-se estes mesmo testes, incluindo o
Palográfico na avaliação da personalidade. Segundo as informações coletadas em
São Caetano do Sul além destes testes citado acima, a informante se
instrumentaliza com HTP e o FATOR G, na avaliação cognitiva. O teste FATOR G,
não foi observado à utilização do mesmo nenhum outro estado. Na cidade Itanhaém
a psicóloga aplica o teste TEACO-FF na avaliação da atenção.
Em
Santana/Amapá,
os
testes
psicológicos
utilizados
são
TADIS,
PALOGRÁFICO, TRAP-1 e TEPIC-M. No Amazonas/Manaus averiguou-se que os
testes utilizados para avaliar a atenção são: TADIM, TADIM 2, TADIS 1 e 2, TACOM
A e B e MPM, na investigação da personalidade aplica-se o Palográfico e na
avaliação da inteligência são os testes RAVEN e R-1, e ainda conforme relata a
psicóloga “e outros testes que possam substituir estes citados”
Na Bahia, coletou-se informações de 11 psicólogos das mais variadas
cidades, observou-se que em todas as 9 cidades os sujeitos aplicam os mesmos
testes de atenção (TACOM A e B, TADIM 1 e 2 e MPM), inteligência (R-1, R1-B e
TRAP-1), os testes de personalidade aplicados são o PALOGRÁFICO e PMK citado
por todas as clínicas. Em 5 clínicas além do PALOGRÁFICO e PMK, foi descrita a
utilização dos testes HTP e ZULLIGER.
As informações coletadas no Distrito Federal advém diretamente do Detran de
Brasília, e neste pode-se obter informações acerca do processo de avaliação
psicológica nas clínicas do estado, bem como, do processo de avaliação interno do
60
departamento de avaliação psicológica do Detran/DF. As clínicas de Brasília
instrumentalizam-se com os testes; PMK, PFISTER, PALOGRÁFICO, HTP, TADIM,
TACOM, TADIS e suas variações conforme descreve o psicólogo, para avaliação da
inteligência lance-se mão dos testes TRAP-1, R1, R-1B, G-36 e G-38.
Conforme relato do psicólogo do Detran/DF:
“Como no departamento de avaliação psicológica do Detran se faz também
avaliação neuropsicológica para atendimento de casos encaminhados pelo
Núcleo de Medicina, sobretudo, pacientes com demências (Alzheimer e
Parkinson) ou com histórico de AVC, Epilepsia, etc. Nesta avaliação são
utilizados outros testes, oriundos da Neuropsicologia: WAIS, WINSCONSIN,
MINIMENTAL. Nas clínicas os testes não fogem muito daquela bateria
padrão (já citados acima). Aqui no Detran ainda temos outras opções de
reteste: TEDIF, TECON, TRILHAS COLORIDAS, AS, AD, ZULLIGER, CPS,
TIG-NV”
No estado do Espírito Santo foram coletadas informações das cidades Afonso
Cláudio e Cachoeira do Itapemirim, identificaram-se diferenças na aplicação dos
testes psicológicos utilizados na avaliação dos condutores. Na cidade de Afonso
Cláudio, os testes citados foram AC, TADIM, PALOGRÁFICO e ZULLIGER. Em
Cachoeira do Itapemirim os testes aplicados pela clínica pesquisada são AC,
TACOM A e B, TADIM 1 e 2, PALOGRÁFICO, PFISTER e ZULLIGER. Deste estado
não foi possível coletar informações da capital, para que pudéssemos fazer uma
análise comparativa, toda via, os profissionais descreveram que os testes
psicológicos utilizados nas clínicas são determinados pelo Detran/ES.
O questionário de Goiânia/GO, foi respondido pelo setor de psicologia do
Detran/GO que recomenda uma bateria de testes, ou seja, para avaliar atenção
deve-se aplicar os testes AC, D2, TEACO-FF, Bateria BFM-1 (TACOM, TADIS e
TADIM), Inteligência – R-1, R1-B, TRAP-1, RAVEN, TIG-NV, TCR, para avaliar a
personalidade são recomendados HTP, PALOGRÁFICO, PFISTER, ZULLIGER,
CPS e IFP, deve-se avaliar também a memória utilizando-se os testes TEMPLAM,
TMR e TEPIC-M e ainda os testes TSP (Percepção e Precisão) e BPR-5 (Raciocínio
espacial, forma A e B). Esclarece a informante do Detran:
“O Detran recomenda uma bateria de testes, ficando a critério da clínica a escolha dos testes dentro
dessa bateria sugerida”.
No Maranhão relacionou-se questionário de São Luís e Balsas. Pode-se
compreender que ambas utilizam os mesmos testes – AC, PALOGRÁFICO e HTP.
61
Toda via, em Balsas a clínica instrumentaliza-se na avaliação da atenção com mais
a Bateria BFM.
Analisando os testes aplicados pelos estados do Maranhão e Espírito Santo,
emergiu um dado novo, detectou-se que os testes aplicados no processo de
avaliação psicológica dos condutores compreendem somente a avaliação da
atenção e personalidade, não foi citado pelas 2 informantes de ambos
estados/cidades
pesquisadas
a
aplicação
de
testes
de
avaliação
cognitiva/inteligência
Este procedimento de avaliação desenvolvido por estes 2 estados divergem
do que foi estabelecido pela resolução no 267/2008 do Contran.
Na resolução Contran no 267/2008, no artigo 5o, enumera-se que devem ser
aferidos pelos psicólogos na avaliação psicológica 4 processos psíquicos: 1) tomada
de informação e processamento de informação; 2) tomada de decisão; 3)
comportamento e auto avaliação do comportamento; 4) traços de personalidade
(BRASIL, 2008).
Em Minas Gerais na cidade Ipatinga os testes utilizados são AC, R-1 e G-36,
PMK, PFISTER, ZULLIGER e RORSCHACH, este foi o único estado encontrado que
realiza a aplicação do teste projetivo RORSCHACH na avaliação psicológica do
trânsito.
No Mato Grosso do Sul na cidade de São Gabriel do Sul levantou-se que os
testes psicológicos aplicados para avaliação da atenção são os testes AC, TEALT,
TEADI, MPM, Bateria BFM-1 e BFM-4, na investigação da personalidade o
PALOGRÁFICO, PMK e HTP, na avaliação da memória utiliza-se o teste TEMPLAM.
No Piauí/Teresina os testes utilizados são AC, TEACO-FF, TEDI-F, TADIM,
TACOM, TRAP-1, R-1 e PALOGRÁFICO. Em Natal/RN averiguou-se que os testes
psicológicos utilizados para avaliar a atenção são AC, TACOM A e B, TADIM 1 e 2 e
MPM, para avaliar raciocínio são utilizados o TRAP-1 e R-1, na investigação da
personalidade são aplicados PMK e PALOGRÁFICO.
No estado do Pará coletou-se 3 questionários, 2 profissionais da cidade
Belém e 1
profissional da cidade de Marabá, pode-se observar diferenças dos
instrumentos utilizados entre as cidades. Em Belém/Pará, verificou-se que os testes
utilizados naquele momento eram TACOM A, TACOM B, TACOM C, TADIS 1, R-1,
TRAP-1, TCR, ZULLIGER, PMK, e PALOGRÁFICO, no entanto, em uma das
62
clínicas já estava-se adquirindo uma nova bateria de testes de atenção que seriam:
TEALT, TEADI e TEACO. Na cidade de Marabá, utiliza uma bateria de teste mais
reduzida em comparação as profissionais que atuam na cidade de Belém. Visto que,
em Marabá utiliza-se dos testes psicológicos AC, R-1 e PALOGRÁFICO. Esta
diferença pode-se sugerir que ocorrem devido os psicólogos deste estado terem
autonomia de escolher sua própria bateria pautada na necessidade de avaliação dos
três
processos
psíquicos
(atenção,
raciocínio
lógico,
equilíbrio
emocional-
personalidade).
No Paraná, obteve-se informações do Detran/PR Curitiba, e das cidades de
Cascavel e Foz do Iguaçu. O Detran/PR relata que “são utilizados obrigatoriamente
3 testes que avaliem a atenção, 1 para cada tipo diferente de atenção, 1 teste de
personalidade, 1 teste de memória, 1 teste de raciocínio lógico”. Coletaram-se
questionários de Cascavel e Foz para que se pudesse investigar quais testes estão
sendo utilizados neste região dentro das diretrizes estabelecidas pelo Detran/PR,
são utilizados para avaliação atenção a Bateria BFM-1 e BFM-4, AC, D2, para
avaliar a memória utiliza-se o TEPIC-M e TEMPLAM, para avaliar a inteligência R-1,
R1-B, TRAP-1, G-36, na avaliação da personalidade são utilizados os testes
PALOGRÁFICO, IFP, CPS.
Em RS/Porto Alegre os testes psicológicos que servem de instrumentos para
avaliação dos condutores, conforme informações descritas pelo Detran/RS, na
avaliação da atenção utiliza-se a Bateria BFM-1, para avaliar a inteligência R-1 e
TRAP-1, é necessário também avaliar a memória com os testes TEMPLAM e TMR
e, para investigar a personalidade utiliza-se o teste PALOGRÁFICO.
Através do levantamento realizado na cidade de Rondônia/Porto Velho,
averiguaram-se pequenas diferenças na utilização dos testes entre uma clínica e
outra. Para avaliar a atenção utilizam-se dos testes AC, da Bateria BFM-1, TEACOFF e do TEALT, para investigar a inteligência não verbal usa-se o R1 e o TRAP-1 e
na
compreensão
da
personalidade
ambas
instrumentalizam-se
com
o
PALOGRÁFICO,
Em SC/Rio do Sul os testes aplicados nas clínicas são a Bateria BFM-1 e
BFM-4, TEACO-FF, AC, BGFM-1 (TEDIF), BGFM-4 (TMR), BFM-3 (TRAP-1). No
estado de SE/Aracaju os testes psicológicos utilizados são AC, TADIM e TACOM,
PALOGRÁFICO e R-1.
63
Constatou-se que nos estados de GO, MT, PR, RO, RS e na cidade Santana,
existe uma diferença no processo de avaliação psicológica dos condutores. Nestes
estados os processos psíquicos avaliados são atenção, personalidade, raciocínio e a
memória, os demais estados não avaliam o fator memória.
Brickenpkamp et al (2004), afirma que
a investigação da atenção,
concentração, memória e controle emocional, são processo básicos e se fazem
necessários visto que essa desatenção encontra-se aliada a fatores de um condutor
de riscos, sendo os prejuízos incalculáveis.
Confirmando o que Elander, West e Frenche et al (1993) apontam, que um
desempenho ruim em testes que avaliam a percepção de perigo, atenção, memória
estariam relacionados diretamente aos índices de acidentes nas estradas.
No gráfico 02, apresenta os testes mais frequentes utilizados pelos
informantes na avaliação dos condutores nas capitais brasileiras, que avaliem os 3
processos psíquicos, de atenção, personalidade e raciocínio lógico. Na avaliação da
atenção os quais se destacaram foram AC e TACOM A, o teste AC corresponde a
23% da pesquisa, o TACOM A apresenta o percentual de utilização de 16%, na
investigação da personalidade o teste PALOGRÁFICO se sobressaiu entre todos os
outros testes prevalece com 31% sendo o teste personalidade utilizado por todas as
clínicas, no caso do teste de raciocínio lógico evidenciou-se o teste R-1, percentual
de 30%.
Gráfico 02: Testes psicológicos mais frequentes nas clínicas de trânsito das capitais
brasileiras.
Fonte: Dados da Pesquisa. Maceió/AL. 2012.
Informações estas que corroboram com Silva e Alchieri (2010, p. 5), que em
estudos realizados sobre validade preditiva de instrumentos psicológicos usados na
avaliação psicológica de condutores para a revista Psicologia: Teoria e Pesquisa
64
encontraram dados semelhantes aos desta pesquisa. Identificaram que os testes
que apareceram com mais frequência foram AC, TADIM-2, PALOGRÁFICO e R-1
havendo somente uma variação no segundo teste de atenção citado, destacou-se na
população pesquisada como sendo o segundo teste de atenção mais utilizado o
teste de atenção concentrada TACOM A.
Através do site SATEPSI (Sistemas de Avaliação de Testes Psicológicos,
2012), pode-se conferir que todos os testes psicológicos que estão sendo utilizados
nas clínicas pesquisadas, constam com parecer favorável, portanto, aprovados para
uso, salvo o teste PMK, que foi retirado de uso em Maio de 2012, e a pesquisa
iniciou em Abril/2012, sendo assim, os resultados que constam com o uso do PMK
na avaliação da personalidade datam de antes de Maio.
Detectou-se que para o processo de avaliação psicológica desenvolvido em
grande parte do Brasil não existe um padrão, cada clínica ou cada estado se
instrumentalizam-se da forma como lhe cabem a necessidade.
Conforme afirma Rueda (2005) a falta de padronização dos instrumentos
utilizados, assim como a falta de continuidade da avaliação, a qual é realizada
apenas uma vez na primeira obtenção da CNH, sem levar em conta as mudanças
que ocorrem nas pessoas com o tempo, são fatores que merecem atenção.
Para tanto, corrobora-se com Lamounier e Rueda (2005), quando afirmam
que no contexto do trânsito, devido a sua complexidade, estudos de validade são
especialmente difíceis de abranger toda a realidade e os múltiplos aspectos que
podem necessitar de aferição. A validade alcança apenas uma determinada situação
ou contexto, não sendo totalmente válidos. Daí a grande quantidade de testes
psicológicos existentes e que vem sendo utilizados em diferentes contextos e
situações.
Pode-se observar diante dos dados coletados na pesquisa informações que
corroboram com Lamounier e Rueda (2005), que identificaram que embora sejam
muitas as variáveis psicológicas que podem influenciar na ocorrência de acidentes,
as características de personalidade que devem ser verificadas na avaliação
psicológica para o trânsito ainda não estão muito bem definidas. Por isso, a
Avaliação Psicológica Pericial para o trânsito tem sido realizada de modo
diferenciado nos diversos estados brasileiros, embora tenham em comum a
obrigatoriedade e as normatizações do Denatran, Contran ou Detrans.
65
Referencias estas que podem ser detectadas através da análise da próxima
questão que se refere ao motivo da utilização dos referidos testes, ou seja, este
questionamento foi realizado objetivando levantar informações acerca de como se
dá o processo de escolha dos testes psicológicos pelos psicólogos.
Foi possível relacionar conforme relatos que a escolha da bateria de testes
psicológicos utilizados pelos informantes esta pautada em 3 medidas; pela
autonomia que psicólogo possui em escolher a bateria de testes da qual utiliza-se
em seu estado, pela determinação do Detran de seu estado ou ainda pela resolução
do Contran 267/2008.
Na resolução Contran no 267, de 15 de fevereiro de 2008 no artigo 5o, são
enumerados os seguintes processos psíquicos que devem ser aferidos na avaliação
psicológica, referidas anteriormente.
Nos estados AL, PA, MA, SC, RO, PI os peritos possuem autonomia para
escolher a bateria de testes que julgam ser adequadas para utilizar nas clínicas
credenciadas ao Detran de seu estado.
Quanto à questão abordada sobre isso, as falas dos sujeitos mostram-nos:
“A definição da clínica, onde os psicólogos avaliam que define a bateria de testes utilizados” (Q1/AL)
“O Detran não estabeleceu quais testes devem ser utilizados ficando a critério da clínica escolher
quais testes serão usados. Escolhemos estes testes por serem de menos custo” (Q2/MA), opinião
profissional de outra cidade do Maranhão “São testes de rápida mensuração e de fácil análise
qualitativa” (Q3/MA).
“O Detran determina alguns testes, mas eu escolho os que tenho mais afinidade” (Q4/SC).
“São os testes mais indicados para o trânsito devido às pesquisas voltadas para este fim” (Q/28)
outro relato da mesma cidade “Acredito que tais testes fornecem características relevantes do perfil
do candidato a condutor” (Q5/RO).
Esta forma de atuação é aprovada pelo Detran/PR, o qual afirma que a
utilização de testes psicológicos é de competência e responsabilidade do
profissional, contudo, somente são permitidos testes adquiridos em editores ou
distribuidoras oficiais, devendo estes serem originais e avaliados pelo CFP e
Contran, bem como, o profissional tem a responsabilidade pelo sigilo e guarda dos
mesmos durante o prazo exigido por lei (DETRAN/PR, 2011).
Para tanto no Amazonas, Amapá, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo,
Mato Grosso, Pernambuco, Rio Grande do Norte, São Paulo e Sergipe, seguem as
66
determinações do Detran de seu estado ou da resolução do Contran 267/2008 ou
ainda as resoluções do Conselho Federal (CFP), relata-se que:
“Para utilização destes testes aqui no Amazonas seguimos determinações da Câmara temática do
DENATRAN e a Resolução nº 267 CONTRAN, critério profissional apenas na montagem da bateria a
ser utilizada que é composta de 4 testes (personalidade, atenção concentrada e discriminativa e
também nível mental)” (Q6/AM).
“Os testes são escolhidos de acordo com a preferência do profissional psicólogo, desde que atendam
aos requisitos discriminados na Resolução 267/2008 Contran” (Detran/DF).
“Em função do cumprimento das normas que regem o regulamento e credenciamento dos clínicas de
trânsito” (Q13/BA)
“São testes indicados pelo próprio Detran e que tem um custo que se adapta as condições de
remuneração do psicotécnico” (Q7/MS).
“Determinação do próprio Detran” (Q8/PE)
“Por que avaliam algumas das áreas solicitadas na Resolução CONTRAN nº 267/2008; há
possibilidade de aplicação coletiva; possuem validação com candidatos a CNH, de diferentes idades
e escolaridades” (Detran/RS).
“Por que avaliam o que é exigido pela resolução no que diz respeito à área percepto-motora e
equilíbrio emocional” (Q9/AP)
Nos diversos estados brasileiros, os Detrans exigem que a prática do
psicólogo do trânsito seja pautada nas resoluções e exigências do Conselho Federal
de Psicologia.
No estado do Espírito Santo, onde coletou informações de 2 cidades, houve
uma variação de testes psicológicos aplicados de uma clínica para outra, não são
exatamente os mesmos testes aplicados, embora a avalia-se os mesmo fatores
atenção concentrada, atenção difusa, inteligência e personalidade. Considerando-se
então que a instrução ao psicólogo é de que os testes utilizados advém da
Determinação do Detran/ES.
No estado de GO, contatou-se o seguinte relato:
“Utilizamos estes testes por entendermos que são os mais adequados para
avaliação psicológica em motoristas, mas a clínica e o profissional podem
utilizar outros testes que sejam aprovados pelo CFP” (Detran/GO).
Em Minas Gerais e Roraima, o relato foi direcionado sobre o que cada teste
avalia, por isso de sua utilização.
No Paraná, diferentemente de outros estados, o Detran/PR determina quais
processos psíquicos devem ser avaliados e cabe ao psicólogo a escolha da bateria
de testes, conforme explica:
67
“Os testes não são pré-definidos, apenas os quesitos, para que não ocorra reserva de mercado,
prejudicando assim, algumas editoras” (Detran/PR).
O Detran/PR através do Ofício Circular no 4112/2011da COOHA/DIMP,
determina que “cabe ao psicólogo responsável pela avaliação psicológica no
contexto do trânsito a escolha do teste psicológico a ser utilizado no atendimento
coletivo e individual em candidatos à Primeira Habilitação, EAR, Psicopedagógico e
Reabilitação”. O psicólogo do trânsito deve adequar os testes aos propósitos da
avaliação psicológica, fundamentando-se na ética profissional e nos pareceres do
Conselho Federal de Psicologia (DETRAN-PR, 2011),
Nesse sentido, o Conselho Regional de Psicologia do Paraná (2009), orienta
que as práticas psicológicas que envolvem o uso de técnicas, como os testes
psicológicos, devem ser comprovados e reconhecidos para que alcancem maior
eficácia e tenham validade. Embora o uso de instrumentos e técnicas psicológicas
seja de competência e uso privativo do psicólogo, mediante a observação ética
profissional, os testes selecionados devem ser regulamentados pelo Conselho
Federal de Psicologia.
De modo específico, a Resolução CFP no 02/2003 definiu os padrões técnicos
para avaliação dos testes psicológicos que estão sendo usados nos diversos
estados brasileiros. Assim, o psicólogo do trânsito deve selecionar testes
psicológicos que estejam de acordo com as orientações desses padrões, conforme
dita o Conselho Regional de Psicologia (2009, p. 39).
A quinta parte do questionário esta voltada acerca da pergunta “Você acredita
que estes testes realmente avaliam o candidato, por quê?”. As respostas
direcionadas de forma positiva corresponderam na totalidade de 96% da população
pesquisada, a posição negativa corresponde a uma pequena parcela dos
psicólogos, ou seja, apenas 4% não acreditam que os testes utilizados avaliam
realmente os candidatos, conforme demonstra o gráfico 03.
68
Gráfico 03: Respostas à pergunta “Você acredita que estes testes realmente avaliam o
candidato?
Fonte: Dados da Pesquisa. Maceió/AL. 2012.
Esses sujeitos justificam-se, quanto ao porque de não acreditarem que os
testes que são utilizados avaliam realmente os condutores.
“Porque não há tempo hábil para aplicar e avaliar os candidatos” (Q10/SP)
“Infelizmente alguns testes já estão muito banalizados, muitas auto-escolas aqui no
meu estado dão os testes para que os candidatos treinem, antes de se submeterem
a avaliação psicológica” (Q11/PA).
As respostas positivas que pode-se destacar são:
“Quando se trabalha dentro dos critérios da testagem, aplicando os testes como
determina os manuais e sabendo o que deve avaliar em relação ao perfil que
estamos buscando, conseguimos fazer uma avaliação fidedigna” (Q6/AM).
“Os testes são válidos e com isso temos parâmetros como forma de emitirmos
pareceres” (Q13/BA).
“Sim, mas parcialmente, o tempo é curto, a entrevista pode ser um instrumento
valioso, bem como, a observação do comportamento do candidato. Além disso,
somos cobrados pelos órgãos de trânsito a avaliar e liberar o candidato, o rigor do
profissional não é bem aceito” (Q14/BA).
69
“Acredito que os testes são instrumentos para auxiliar a avaliação. Todos possuem
falhas que devem ser sanadas por meio de técnicas de entrevista com o candidato.
A meu ver a avaliação objetiva (testagem) auxilia as observações e impressões do
candidato e servem como fundamentação científica para elaboração do laudo e
síntese da avaliação” (Detran/DF).
“Acredito que o PMK era mais voltado para a área do trânsito e para motoristas,
estamos encontrando dificuldades na aplicação, correção e devolutiva do Zulliger,
mas acredito na avaliação” (Q15/ES).
“Se forem bem utilizados conforme orientação de seus manuais (aplicados,
corrigidos e analisados) os instrumentos que utilizamos em conjunto com os outros
(entrevistas, observação do comportamento e dinâmicas) têm contribuído para uma
melhor compreensão da capacidade do individuo para o desempenho da função de
motorista” (Detran/GO).
“São testes, autorizados pelo Conselho, isto é, são precisos. No entanto, é
necessário conhecimento do psicólogo, segurança no seu trabalho. Não esquecendo
que a entrevista psicológica como instrumento avaliativo é de fundamental
importância nesse processo” (Q16/PA).
“Estes testes avaliam alguns itens importantes do candidato, porém é necessário
uma boa análise, compreensão e tempo (que normalmente não é adequado para
uma melhor avaliação)” (Q17/PA).
“Que avalia o candidato sim, entretanto, não temos um perfil para ser avaliado, um
perfil do motorista comum a todos os psicólogos” (Q8).
“São ferramentas comprovadas cientificamente e avalia o que é exigido para o
candidato quanto área psicológica em relação ao trânsito” (Q18/SP).
70
“Se for aplicado pelo profissional corretamente e analisado da mesma forma com
certeza avaliam. Depende do grau de seriedade dos profissionais. Acredito que a
entrevista também e necessária para a avaliação” (Q19/SP).
“Os testes fornecem resultados precisos. Contudo, mais importante que os testes é
a pessoa que está atrás dos testes, ou seja, o avaliador. O qual infelizmente nesse
segmento, não dispõe de “tempo” hábil para corroborar os dados, percebo certo
antagonismo” (Q5).
Analisando as respostas dadas pelos informantes pode-se observar que há
uma aceitação ao uso dos testes psicológicos, toda via como complemento de
processo de avaliação que deve ser integrada com a entrevista e a percepção do
psicólogo acerca do candidato, sendo assim o psicólogo é o maior instrumento de
avaliação. Para tanto, sua atuação por vezes passa a ser comprometida pela
necessidade de rapidez como tem que avaliar e dar os resultados.
Conforme o Ofício Circular no 4112/2011da COOHA/DIMP (Detran/PR, 2011),
as habilidades mínimas para conduzir veículos devem ser aferidas mediante o uso
de instrumentos técnicos diversos, como: intervenções verbais, escuta, observação,
testes psicológicos e entrevista. Esses instrumentos servirão para coletar
informações gerais dos candidatos, dentre as quais: tomada de informação (atenção
de diferentes tipos; detecção, discriminação e identificação); processamento de
informação e tomada de decisão (inteligência, memória, orientação espacial,
identificação significativa, julgamento ou juízo crítico e tomada de decisão);
comportamento (tempo de reação, coordenação viso e áudio-motora, capacidade de
perceber ações no trânsito, individuais ou coletivos); traços de personalidade
(controle emocional e socialização, ansiedade, impulsividade, agressividade).
A avaliação psicológica, segundo o Conselho Federal de Psicologia (2007, p.
8), “é um processo amplo que envolve a integração de informações provenientes de
diversas
fontes,
entre
elas,
testes,
entrevistas,
observações,
análise
de
documentos”. Os testes psicológicos figuram entre os instrumentos passíveis de
serem utilizados pelo psicólogo, sendo considerados como uma etapa importante do
processo de avaliação da personalidade do condutor.
71
A Resolução no 08/2009 evidenciou a necessidade de adequar os testes
psicológicos ao propósito e contexto analisados. No contexto do trânsito, o teste
psicológico deve estar em conformidade tanto com as evidências empíricas de
validade e precisão quanto com as exigências da legislação de trânsito vigente. O
instrumento psicológico utilizado deve ter validade e precisão, ser normatizado e
trazer instruções para sua aplicação. O psicólogo deve estar atualizado quanto ao
seu uso e seguir suas recomendações, para manter a qualidade técnica da
avaliação psicológica, conforme o Conselho Regional de Psicologia (2009).
O questionário finaliza-se com o questionamento voltado para o levantamento
de sugestões dos psicólogos para melhorar a avaliação psicológica do trânsito no
Brasil.
Conforme os relatos dos sujeitos das pesquisas, os conteúdos mais
significativos emergidos, com os quais os informantes mantem uma opinião
uniforme, foram:
“Que os órgãos competentes de cada estado disponibilizem anualmente reciclagem
para todos os profissionais que estão atuando [...]. Que os profissionais sejam
éticos, principalmente com relação aos testes” (Q1).
“Ser profissional, ter responsabilidade com seu trabalho, conhecer profundamente os
testes utilizados, nunca se esquecer da contribuição social enquanto psicólogo (a) e
desejar fielmente contribuir para um trânsito melhor” (Q6).
“Contatos frequentes com profissionais da área no sentido de trocarmos ideias, pois
acredito que isso é fortalecedor e deveria ser cultivado. E acompanhamento
sistemático com os candidatos que estão adquirindo a CNH com o objetivo de
obtermos feedbacks do comportamento desses usuários no trânsito” (Q13).
“[...] um Conselho Federal Presente, um perfil nacional do condutor” (Q20),
concordam com essa opinião as profissionais Q23, Q8 e Q2.
72
“[...] Capacitação dos profissionais da área. Autonomia para o profissional escolher o
teste usado e aplicado em cada candidato” (Q21/BA) corrobora com essas
exigências Q12 e Q10.
“Qualificação dos profissionais por meio de cursos, palestras, mesas redondas,
congressos. Melhorar os critérios e estratégias de fiscalização e orientação dos
órgãos executivos de trânsito perante as clínicas credenciadas. Desenvolvimento de
pesquisas de validação de testes e criação de tabelas regionalizadas para os
candidatos, por meio de parcerias com profissionais e instituições de pesquisa” (DF),
corrobora com essa ideia Q16.
“Um maior comprometimento por parte dos profissionais da área com o processo de
avaliação psicológica e que os órgãos competentes pela legalização do exame (CFP
e CONTRAN) possam estabelecer uma padronização com indicadores de
parâmetros que possam ser utilizados a nível nacional a exemplo do que faz a
ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego) no exame de aptidão
física e mental” (GO).
“Melhores condições de trabalho para os psicólogos que atuam na área da
Psicologia do Trânsito. Ampliação no campo de pesquisas. Ampliação da
fiscalização por parte dos conselhos Regionais de Psicologia e órgãos dos
Departamentos de Trânsito e melhores salários” (Q22/RN)
Outra informação a partir da profissional Q4 se destaca quando remete que:
“Profissionais melhores preparados, com avaliação do seu trabalho, (mais
fiscalização por perto do CRP), cursos sobre o trânsito no Brasil que nos passassem
dados atualizados sobre os problemas encontrados, para que pudéssemos agir em
outras áreas, não só na avaliação, por exemplo, no estudo do tráfego das cidades,
no comportamento dos seres humanos neste tráfego, na educação de ensino
fundamental e médio, etc.”.
A informante Q24 interpreta que:
“Ter uma maior parceria entre os “tripé” do trânsito, CFC, Detran e Psicólogo. Hoje
há uma grande lacuna entre esses facilitadores, o que deveria ser uma parceria há
uma grande competitividade parceria” (Q24).
73
Pode-se analisar através destes relatos a insatisfação principalmente com a
postura do psicólogo com sua classe. Visando atuação profissional pautada na ética
e no comprometimento ao se realizar uma avaliação psicológica, pois ao psicólogo
obriga-se seguir o padrão técnico para não interferir no resultado de avaliação.
Silva e Günter (2009) descrevem claramente como esta e será psicologia do
trânsito.
[...] a psicologia do trânsito no Brasil deva deixar de colaborar para a
melhoria da segurança viária. Esta é uma questão importante que norteia
grande parte dos trabalhos da área até hoje. Mas, além desta preocupação,
os psicólogos deverão dar subsídios teóricos e técnicos às novas demandas
do trânsito que surgem a partir do aumento do uso do automóvel, o que, em
décadas
anteriores,
não
se
configurava
como
problema
(congestionamentos, poluição atmosférica e sonora). A psicologia do
trânsito avança em seu itinerário por vias promissoras e sua necessidade
será cada vez mais reconhecida pela sociedade e pelas autoridades. Só
nos resta saber se estaremos prontos para os desafios que o trânsito
brasileiro nos proporcionará. (SILVA E GÜNTER 2009, p. 9).
Os mesmos autores trazem outras contribuições significativas quando
afirmam que a identidade do psicólogo do trânsito esta muito vinculada às atividades
exercidas nos Detrans, visto que, as críticas decorrem do processo de avaliação
baseado na testagem psicológica. “Essa herança histórica continuará servindo de
elemento constitutivo da identidade da maior parcela dos psicólogos do trânsito no
Brasil” (SILVA E GÜNTER 2009, p. 5).
Concorda-se com Silva et al (2009) quando diz que, existe vida fora das
clínicas do Detran. Para isso envolve um imenso desafio aos psicólogos do trânsito,
ou seja, se faz necessário que a haja uma união dessa classe de atuação, para que
essa área de expanda e faça inovações em sua atuação demonstrando aos órgãos
governamentais e a sociedade a sua importância.
O Conselho Regional de Psicologia do Paraná (2012, p. 2) argumenta que
como os candidatos possuem deveres a cumprir quando estão realizando o
processo de avaliação psicológica para a 1ª CNH ou Renovação, Mudança de
Categoria entre outros, ou seja, cumprir o horário pré-agendado, respeitar e tratar o
profissional cordialmente, ter cuidado para com o material do psicólogo, sem rasurar
ou danificar os cadernos utilizados para aplicação dos testes psicológicos. Ao
psicólogo também remonta deveres para com os usuários das clínicas de trânsito,
desde a capacitação condizente com a atuação da Psicologia no Trânsito, como
74
cumprir os horários pré-agendados com os condutores, prestar atendimento
respeitoso e cordial frente aos avaliados e demais envolvidos, repassar de forma
clara e objetiva todas as informações pertinentes à Avaliação Psicológica, informar o
avaliado sobre o direito à Entrevista Devolutiva Gratuita, manter sigilo sobre as
informações recebidas nas avaliações e atuar de forma ética.
75
5.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme se depreende do conteúdo apresentado, os testes psicológicos têm
papel importante no processo de avaliação pericial para o trânsito, ajudando o
profissional a traçar um perfil do candidato e a identificar problemas clínicos ou
comportamentais que possam interferir negativamente na condução veicular.
O estudo teve a expectativa de mapear os 27 estados brasileiros e suas
respectivas capitais, porém encontraram-se dificuldades em obter retorno dos
psicólogos em algumas regiões. Ainda assim a pesquisa abrangeu 21 estados, o
que representa 78% dos estados, considerando-se como amostra de pesquisa 16
capitais (correspondendo a 59% das capitais brasileiras) e 26 cidades representadas
aleatoriamente, o que nos permitiu obter uma visão abrangente de como está
ocorrendo o processo avaliativo mediante o uso dos testes psicológicos em todos os
estados brasileiros.
Os participantes da pesquisa são profissionais formados em Psicologia,
atuantes na área do trânsito e experientes no uso de testes psicológicos para
avaliação psicológica. Percebe-se a presença do gênero feminino de forma
majoritária nessa área, em todas as regiões do país. Quanto à prevalência por
região, destaca-se maior participação dos estados de São Paulo e Bahia, na
pesquisa.
Quanto às informações acerca do uso de testes psicológicos e sua aprovação
identificou-se que todos os testes psicológicos que estão sendo utilizados pelos
profissionais são aprovados pelo Conselho Federal de Psicologia, e em
conformidade com a SATEPSI, com parecer favorável até a data de finalização da
pesquisa.
Os resultados demonstraram a existência de uma diversidade de testes
psicológicos acessíveis aos profissionais, tendo sido encontrados 40 tipos de testes
diferentes, utilizados pelo universo pesquisado.
Averiguou-se que os testes que avaliam a atenção apresentam maior
aceitação por parte dos profissionais, representando 39% de utilização, com 16 tipos
em uso no momento. Os testes de personalidade também são bem cogitados entre
os participantes, correspondendo a 32%. O uso dos testes de atenção prevalece
devido a sua importância na avaliação pericial no trânsito.
76
Constatou-se somente mais um teste de atenção disponível no mercado no
momento, e com parecer favorável segundo a SATEPSI, o teste EASV (Escala de
Atenção Seletiva Visual – que também pode ser utilizado para avaliação da CNH),
conforme esclarecimento da Casa do Psicólogo, editora do teste. Este teste não foi
citado na referida pesquisa, todavia, os informantes fazem uso de todos os demais
testes existentes de atenção para a investigação deste fator.
As editoras que mais pesquisam e distribuem os testes psicológicos são a
Casa do Psicólogo, Vetor Editora e Cetepp (Centro de Estudos de Pesquisas em
Psicologia). A Casa do Psicólogo há aproximadamente 2 (dois) anos vem lançando
mais testes voltados para avaliação dos condutores, principalmente testes de
atenção, como o TEACO-FF, TEADI, TEDIF, TEALT. A Vetor aparece como a
editora que mais lança testes para avaliar aptidões específicas, levando em conta
que os testes mais utilizados pelos participantes da pesquisa são distribuídos pela
Vetor.
Os resultados evidenciaram que os testes mais utilizados pelos peritos
credenciados ao DETRAN são o AC, TACOM A, PALOGRÁFICO e R-1. Apesar da
diversidade existente, essa prevalência acentua a previsibilidade e a possibilidade
de comprometimento do processo avaliativo, a partir da probabilidade de
treinamento prévio dos candidatos em relação aos instrumentos utilizados.
Observou-se também que a maioria dos psicólogos conhece pelo menos mais um
teste, além dos utilizados na avaliação para o trânsito.
Ao reunir informações sobre como ocorre o processo de avaliação sobre a
utilização dos testes psicológicos, comprovou-se que a avaliação pericial em grande
parte do Brasil ocorre de maneira diversificada. Não existe uma normativa nacional
acerca de como o psicólogo deve proceder, ou seja, o processo de avaliação
psicológica do trânsito não compreende um padrão único de avaliação. O Detran de
cada estado estabelece a forma de atuação do psicólogo, desde como deve ocorrer
o atendimento ao candidato, até mesmo as diretrizes sobre como avaliar os
condutores, determinando por esses meios quais os testes psicológicos que devem
ser aplicados pelos psicólogos. Em alguns estados como AL, MA, PA, RO e PI os
psicólogos possuem autonomia para escolher a bateria de testes que irão
instrumentalizar-se. Enquanto que, em outras regiões, as clínicas não possuem essa
opção, como no caso do AM, AP, BA, ES, MT, PE, RN, SE e SP. Nos estados de DF
77
e GO, os Detrans determinam que sejam avaliadas a atenção, personalidade,
inteligência e memória (no caso do estado de GO) e determina também uma bateria
de testes para serem utilizados e o psicólogo pode escolher, dentre aqueles
sugeridos, quais deseja utilizar-se. No PR são diferenciadas as normas para
avaliação pericial com os testes psicológicos. O Detran/PR determina quais fatores
devem ser avaliados e, desde que o perito avalie os fatores exigidos pelo Detran,
podem aplicar quaisquer testes psicológicos que estejam em conformidade com o
CFP. Para clarificar ainda mais as discrepâncias do processo de avaliação em cada
região, nos estados de AP, GO, MT, PR, RS e RO avaliam o fator memória,
enquanto que no Espírito Santo e Maranhão avalia-se somente a atenção
concentrada e difusa e a personalidade, não sendo investigada a inteligência não
verbal.
Essas diferenças evidenciam a preferência pelo uso de testes de atenção e
de personalidade, salientados acima, demonstrando, também, que algumas
resoluções do Contran nº 267/2008 e as normativas do Conselho Federal de
Psicologia podem não estarem sendo cumpridas. Isso porque o artigo 5o da
Resolução Contran no 267/2008 afirma que devem ser aferidos na avaliação
psicológica alguns processos psíquicos que envolvem: tomada de informação,
processamento de informação, tomada de decisão, comportamento, auto-avaliação
do comportamento, traços de personalidade (BRASIL, 2008), processos estes que
envolvem avaliar mais que a atenção e a personalidade do condutor.
Conquanto a postura do profissional esteja correta no sentido de aplicar
apenas testes psicológicos reconhecidos pelo Conselho Federal de Psicologia, o
direcionamento desses testes para apenas alguns dos fatores requeridos pela
legislação de trânsito para a obtenção da CNH pode comprometer o objetivo
primordial dessa mesma legislação, que é primar pela segurança no trânsito na
avaliação de condutores de veículos.
Com relação aos objetivos de mapear os testes psicológicos e analisar seu
uso no contexto do trânsito nos diversos estados brasileiros, em consonância com
as exigências dos Detrans e o parecer do Conselho Federal de Psicologia,
considera-se que os mesmos foram alcançados, conforme apresentados acima.
Levando em consideração o exposto, pode-se então tecer algumas propostas
e sugestões acerca da avaliação psicológica voltada ao trânsito, cumprindo o
78
propósito final da pesquisa, que é de apresentar sugestões a partir da análise
realizada e propor estudos futuros.
Indaga-se a viabilidade de haver um padrão no processo de avaliação pericial
dos condutores no território Nacional, partindo da premissa que o Código de Trânsito
Brasileiro deve ser cumprido por todos os brasileiros, sendo condutores e/ou
pedestres, devendo este ser respeitado no estado aonde se reside como em
qualquer estado que se trafegue. Muito embora seja essencial analisar cada
contexto,
conforme
explicam
Lamounier
e
Rueda
(2005),
destacando
a
complexidade da realidade e os múltiplos aspectos que necessitam de aferição no
contexto do trânsito, sugere-se que a avaliação psicológica deve ser padronizada,
com normas determinadas em todo o território nacional, para que haja um padrão
dos testes aplicados e, principalmente, nos processos psíquicos investigados.
Alguns dos profissionais pesquisados salientaram a necessidade de se traçar
um perfil dos candidatos para melhor avaliação. Nesse sentido, propõe-se a
possibilidade de desenvolver estudos acerca da caracterização do perfil do condutor
ideal, pois, a partir deste, poder-se-ia ampliar a investigação em torno do sujeito.
Alguns dos participantes salientam a importância do comprometimento dos
profissionais aliado à parceria entre Detrans e Conselho Federal de Psicologia,
atuando como facilitadores do processo avaliativo. Emergiu também dos
profissionais
a
necessidade
de
prioridade
dos
Detrans
aos
profissionais
credenciados, no sentido de ofertar cursos de aperfeiçoamento e reciclagem
profissional, capacitando-os e instrumentalizando-os para o exercício pericial. A
exigência de adequação dos testes psicológicos ao propósito e contexto analisados
(Resolução no 08/2009), assim como a necessidade de atualização do psicólogo
quanto ao seu uso visando manter a qualidade técnica da avaliação psicologia,
recomendação esta dada pelo Conselho Regional de Psicologia (2009), repercutem
na aquisição de conhecimento específico e na consequente oferta desse
conhecimento mediante o aperfeiçoamento profissional.
Outro desapontamento destacado pelo público pesquisado é a insatisfação
com os companheiros de atuação, sendo cobrada uma atuação pautada na ética,
avaliação comprometida, envolvida e preparada para o uso dos testes psicológicos.
Essa insatisfação denota a importância de se salientar o profissionalismo em
conformidade com o Código de Ética Profissional do Psicólogo, e o preparo
79
acadêmico e experiencial do psicólogo perito do trânsito, não bastando apenas o
uso de testes referenciados pelo Conselho Federal de Psicologia, mas o uso
apropriado desses instrumentos.
Evidencia-se também o desejo dos profissionais em atuar de forma mais
extensa na área do trânsito, não apenas na avaliação pericial do condutor, mas nos
estudos acerca do contexto do trânsito brasileiro e possibilidades de intervir nesse
meio, tanto em relação ao indivíduo condutor quanto no contexto geral de pesquisa
e análise e questões relacionadas ao trânsito brasileiro, que envolvem o estudo de
comportamento e de educação para o trânsito.
Nessa perspectiva, entende-se que a Psicologia do Trânsito possui um papel
mais abrangente do qual está sendo realizado, conforme sugerem Silva e Günther
(2009), analisando o trajeto da Psicologia do Trânsito no Brasil. Conforme estes
autores, o avanço da Psicologia do trânsito abrange não apenas uma avaliação
psicológica mais comprometida, mas também oferecer subsídios teóricos e técnicos
às novas demandas do trânsito, decorrentes do uso veicular, que, na atualidade, se
configuram como problemas que necessitam de estudos e soluções viáveis para
minimizar as inseguranças no trânsito.
O avanço da legislação de trânsito e da Psicologia aplicada, aliado às
transformações da sociedade e facilidade de aquisição de automóveis precisa ser
analisado à luz da necessidade de se intervir eficazmente no comportamento sóciocultural do cidadão que se habilita a conduzir um veículo.
Se faz, assim, necessária a expansão do campo de atuação do Psicólogo na
área de trânsito. A atuação do Psicólogo no trânsito não deve estar pautada apenas
na avaliação psicológica do condutor, e menos ainda apenas na testagem
psicológica. Segundo os autores acima citados, os psicólogos devem ter uma
atuação mais ampla e interdisciplinar, adquirindo novas competências profissionais,
entre as quais destacam-se:
[...] a elaboração de pesquisas no campo dos processos psicológicos,
psicossociais e psicofísicos, para desenvolver ações sócio-educativas,
análise dos acidentes de trânsito e orientações para evitar ou atenuá-los,
assim como prestar assessoria e consultoria aos órgãos públicos/privados
de trânsito. (SILVA E GÜNTER, 2009, p. 168).
Corroborando com estes autores, acredita-se que o Psicólogo do trânsito
deve ir além de suas funções, participando ativamente do processo de planejamento
80
das leis e das normas que regem o trânsito, enfatizando a importância da educação
e da vivência individual e coletiva relativa ao trânsito, engajando-se em projetos
sociais que tenham por finalidade intervir no planejamento urbano e na educação
para o trânsito, visando transformar o comportamento da sociedade com relação ao
trânsito, não apenas de condutores de veículos, mas de todos os sujeitos
participantes do trânsito.
Sendo assim, o desenvolvimento de pesquisas futuras, a partir desta aqui
apresentada, respalda essa necessidade de expansão no âmbito pessoal, enquanto
contribui para a expansão profissional mediante uma atuação mais ampla por parte
dos psicólogos no contexto do trânsito.
81
REFERÊNCIAS
ADRADOS, I. Técnica de Rorschach: Atlas e Dicionário para Crianças e PréAdolescentes. Rio de Janeiro: Ed. Da Fundação Getúlio Vargas, 1983.
ALCHIERI, João Carlos; NORONHA, Ana Paula Porto. Caracterização técnica dos
instrumentos psicológicos utilizados na avaliação psicológica do trânsito. In:
HOFFMAN, Maria Helena: CRUZ, Roberto Moraes; ALCHIERI, João Carlos (orgs).
Comportamento humano no trânsito. 3. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011.
p. 241-259.
ALVES, Irai C. B.; ESTEVES, Cristiano. O teste palográfico na avaliação da
personalidade. v. 1. 2. ed. São Paulo: Vetor Editora, 2009.
ANASTASI, Anne. Testes psicológicos. Trad, Dante Moreira Leite. 2. ed. São
Paulo: EPU, 1977.
BRAGA, Juliana Leão. Atenção concentrada e atenção difusa: elaboração de
instrumentos
de
medida.
2007.
Disponível
em:
<http://repositorio.bce.unb.br/bitstream/10482/3485/1/2007_JulianaLeaoBraga.PDF>
. Acesso em: 28 set. 2012.
BRASIL. Código de trânsito brasileiro. Lei nº. 9.503, de 23 de setembro de 1997.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9503.htm>. Acesso em: 18
set. 2011.
BRASIL. Resolução no 80, de 19 de novembro de 1998. Disponível em:
<http://www.pr.gov.br/mtm/legislacao/resolucoes/resolucao080.htm>. Acesso em: 20
set. 2012.
BRASIL. Normas para pesquisa envolvendo seres humanos (Res. CNS n.
196/96 e outras). Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Saúde, Comissão
Nacional de Ética em Pesquisa. 2. ed. ampl. Brasília: Ministério da Saúde, 2003.
BRASIL. Mortalidade por acidentes de transporte terrestre no Brasil. Ministério
da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Análise de Situação
em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2007.
BRASIL. Resolução CONTRAN n. 267, de 15 de fevereiro de 2008. DOU
25.02.2008.
Disponível
em:
<www.denatran.gov.br/download/.../
RESOLUCAO_CONTRAN_267.pdf>. Acesso em: 20 set. 2012.
BRASIL. Resolução CONTRAN nº 283, de 01 de julho de 2008. Disponível em:
<http://www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/RESOLUCAO_CONTRAN_283.p
df>. Acesso em: 20 set. 2012.
82
BUCK, John N. H-T-P: casa-árvore-pessoa, técnica projetiva de desenho:
manual e guia de interpretação. Trad. Renato Cury Tardivo; rev. Irai Cristina Boccato
Alves. São Paulo: Vetor, 2003.
CASA
DO
PSICÓLOGO.
Testes
psicológicos.
Disponível
em:
<http://www.casadopsicologo.net/casadopsicologo/...html>. Acesso em 05 set. 2012.
CETEPP.
Matrizes
progressivas
de
Raven.
Disponível
em:
<http://www.cetepp.com.br/Produto-Testes-Psicometricos-Raven-Raven---Manualversao-7-7.aspx>. Acesso em 07 set. 2012.
CHAVES, Márcia Lorena Fagundes. Testes de avaliação cognitiva: mini-exame do
estado
mental.
2008.
Disponível
em:
<http://www.cadastro.abneuro.org/site/arquivos_cont/8.pdf.> Acesso em: 27 set.
2012.
CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA PARANÁ. Avaliação psicológica no
trânsito. 2012. Disponível em: <http://www.crppr.org.br/editor/file/avaliacao_
psicologica_transito.pdf.> Acesso em: 29 out 2012.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Cartilha sobre a avaliação psicológica.
Brasília, agosto de 2007.
CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA - 8ª Região. Caderno de orientação.
Curitiba: CRP-08, 2009.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Nota de Esclarecimento do CFP sobre
o teste psicológico PMK. Disponível em <http://site.cfp.org.br/nota-deesclarecimento-do-cfp-sobre-o-teste-psicolgico-pmk/. Acesso em: 04 out 2012.
CUNHA, J. A. Psicodiagnóstico V. Porto Alegre: Artmed, 2000.
CRUZ, Roberto Moraes; HOFFMANN, Maria Helena. Metodologia da pesquisa do
trânsito. In: HOFFMAN, Maria Helena: CRUZ, Roberto Moraes; ALCHIERI, João
Carlos (orgs). Comportamento humano no trânsito. 3. ed. São Paulo: Casa do
Psicólogo, 2011. p. 117-127.
CRUZ, Roberto Moraes; HOFFMANN, Maria Helena; KLUSENER, Cristiane Sangoi.
Competências sociais e técnicas dos psicólogos que realizam avaliação de
condutores. In: HOFFMAN, Maria Helena: CRUZ, Roberto Moraes; ALCHIERI, João
Carlos (orgs). Comportamento humano no trânsito. 3. ed. São Paulo: Casa do
Psicólogo, 2011. p. 143-151.
DETRAN-PR. Manual para psicólogos versão 1.0. Coordenadoria de habilitação –
divisão médica e psicológica. Curitiba, 2010.
DETRAN-PR. Ofício Circular no 4112/2011-COOHA/DIMP. Curitiba, 10 de junho de
2011.
83
DETRAN-RN.
Institucional.
Disponível
em:
inf_institucional.asp>. Acesso em: 23 set. 2012.
<http://www.detran.rn.gov.br/
DIPSI. BGFM-4: Bateria geral de funções mentais. Disponível
<http://www.dipsi.com.br/index.php?option>. Acesso em: 07 set. 2012.
em:
DUARTE, Talzamara de Oliveira. Avaliação psicológica de motoristas. In:
HOFFMAN, Maria Helena: CRUZ, Roberto Moraes; ALCHIERI, João Carlos (orgs).
Comportamento humano no trânsito. 3. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011.
p. 225-240.
FREIRE, Claudio P.; ARAUJO, Julyver Modesto de. Código de trânsito brasileiro –
legislação de trânsito em vigor. Versão de bolso. São Paulo: Letras Jurídicas,
2010.
GOMES, Juliana Oliveira. Testes de atenção dividida alternada. Psico-USF, v. 15, n.
3, p. 419-420, set./dez. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pusf/
v15n3/v15n3a15.pdf >. Acesso em: 28 set. 2012.
GONÇALVES, C.L.T.S. & PEREIRA,M.J. (orgs.). O Psicodiagnóstico de
Rorschach e sua Análise. João Pessoa: CCHLA/UFPB, 2001.
HOFFMANN, Maria Helena; CRUZ, Roberto Moraes. Síntese história da psicologia
do trânsito no Brasil. In: HOFFMANN, Maria Helena; CRUZ, Roberto Moraes;
ALCHIERI, João Carlos (org). Comportamento humano no trânsito. 3. ed. São
Paulo: Casa do Psicólogo, 2011. p. 17-25.
LAMOUNIER, Roussana; RUEDA, Fábian Javier Marin. Avaliação psicológica no
trânsito: perspectiva dos motoristas. PSIC - Revista de Psicologia da Vetor
Editora, v. 6, n. 1, p. 35-42, jan./jun. 2005. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.
org/pdf/psic/v6n1/v6n1a05.pdf>. Acesso em: 10 set. 2012.
LIMA, Karina de Oliveira. EDUCAPSICO: apostila psicodiagnóstico e testes. 2011.
Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/59512052/Todos-Os-Testes>. Acesso em:
18 set. 2012.
MACHADO, Adriane Picchetto; MORONA, Valéria Cristina. Manual de avaliação
psicológica. Curitiba : Unificado, 2007.
MAGOPSI. Teste MPM – medida de prontidão mental. Disponível em:
<http://www.magopsi.com.br/novo/MGMaster.asp...>. Acesso em: 10 set. 2012.
MARCONI, Marina A. e LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa: planejamento
e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração,
análise e interpretação de dados. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
MIGUEL, Fabiano Koich. Teste Wisconsin de classificação de cartas. Aval. psicol.
[online]. 2005, vol. 4, n. 2, p. 203-204. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/
84
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-04712005000200012&lng=pt&nrm=iso>.
Acesso em: 27 ago. 2012.
MINICUCCI, Agostinho. Elaboração de laudos psicológicos: termos psicológicos
utilizados na avaliação. v. 1. São Paulo: Vetor Editora Psico-Pedagógica Ltda, 1986.
NORONHA, Ana Paula Porto et al. Análise de teses e dissertações em orientação
profissional. Rev. bras. orientac. Prof. v.7 n.2 São Paulo dez. 2006. Disponível em:
<>. Acesso em: 27 set. 2012.
PACANARO, Silvia Verônica; ALVES, Gisele Ap. da Silva; RABELO, Ivan Sant’ana;
LEME, Irene R. A. de Sá; AMBIEL, Rodolfo, A. M. Panorama atual dos testes
psicológicos no Brasil de 2003 a 2011. In: AMBIEL, Rodolfo A. M. et al. Avaliação
psicológica: guia de consulta para estudantes e profissionais de psicologia. São
Paulo: Casa do Psicólogo, 2011. p. 29-47.
PASQUALI, Luiz; AZEVEDO, Maria Mazzarello; GHESTI, Ivânia. Inventário fatorial
de personalidade: manual técnico e de avaliação. São Paulo: Casa do Psicólogo,
1997.
PASQUALI, Luiz (org.). Técnicas de exame psicológico – TEP: manual. v. I:
Fundamentos das técnicas psicológicas. São Paulo: Casa do Psicólogo/ Conselho
Federal de Psicologia, 2001.
PELLINI, Maria Cristina B. M.; LEME, Irene F. A. de Sá. A ética no uso de testes no
processo de avaliação psicológica. In: AMBIEL, Rodolfo A. M. et al. Avaliação
psicológica: guia de consulta para estudantes e profissionais de psicologia. São
Paulo: Casa do Psicólogo, 2011. p. 163-180.
PORTO, Juarez Mendes Ferreira; ALMEIDA, Mizael de; FIGUEIREDO, Stella Maris
Silva. Reciclagem para condutores infratores do código de trânsito
brasileiro [Em linha]. São Paulo: Senac, 2004.
RABELO, Ivan Sant’ana; BRITO, Leila; REGO, Márcia Gabriel da Silva.
Padronização e normatização de testes psicológicos: simplificando conceitos. In:
AMBIEL, Rodolfo A. M. et al. Avaliação psicológica: guia de consulta para
estudantes e profissionais de psicologia. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011. p.
129-161.
ROZESTRATEN, Reinier J. A. Psicologia do trânsito: o que é e para que serve.
Psicol. Cienc. Prof. v.1 n.1 Brasília jan. 1981.
ROZESTRATEN, Reinier J. A. Psicologia do trânsito: conceitos e processos
básicos. São Paulo: EPU, 1988.
ROZESTRATEN, Reinier J. A. Ambiente, trânsito e psicologia. In: HOFFMANN,
Maria Helena; CRUZ, Roberto Moraes; ALCHIERI, João Carlos (org).
Comportamento humano no trânsito. 3. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011.
p. 29-38.
85
RUEDA, Fábian Javier Marin. Atenção concentrada e memória: evidências de
validade entre instrumentos no contexto da psicologia do trânsito. Psicologia:
Teoria e Prática, v. 11, n. 2, p. 182-195. 2009. Disponível em: <http://www3.
mackenzie.br/editora/index.php/ptp/article/viewFile/1653/1217>.Acesso em: 20 jul.
2012.
SABATOVSKI, Emílio; Fontoura, Iara; Saiki, Tânia. Código de trânsito brasileiro.
São Paulo: Juruá, 1997.
SAPIENS. Bateria TSP. Disponível em: <http://sapiens-psi.com.br/index.php/lojavirtual/produto/626/6/testes-psicologicos/aptidoes-especificas/tsp-kit.html>. Acesso
em: 10 set. 2012.
SAPIENS.
WAIS III – Escala de Inteligência Wechsler. Disponível em:
<http://sapiens-psi.com.br/index.php/loja-virtual/produto/651/7/testespsicologicos/inteligencia/wais-iii-escala-de-inteligencia-wechsler-adulto-kit.html>.
Acesso em: 27 ago. 2012.
SILVA, Fabio Henrique Vieira de Cristo e. Medida de preditividade de
instrumentos psicológicos nas avaliações psicológicas de condutores. 2008.
Disponível em: <http://bdtd.bczm.ufrn.br/tedesimplificado/tde_arquivos/1/TDE-200810-06T054501Z-1467/Publico/FabioHVCS.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2012.
SILVA, Fábio H. V. de C.; ALCHIERI, João Carlos. Validade preditiva de
instrumentos psicológicos usados na avaliação psicológica de condutores.
Psicologia: Teoria e Pesquisa. v. 26, n. 4, p. 695-706, out/dez, 2010. Disponível
em: <http://www.scielo.br/pdf/ptp/v26n4/13.pdf>. Acesso em: 19 set. 2012.
SILVA, Fabio H. V. de C.; GÜNTHER, Hartmut. Psicologia do trânsito: de onde veio
e para onde caminha? Temas de Psicologia, v. 17, n. 1, p. 163-175. 2009.
TASSONI, Vivian. Testes psicológicos. Disponível em: <http://psicoehvida.
blogspot.com.br/p/testes-psicologicos.html >. Acesso em: 06 set. 2012.
TEBALDI, Elisa; FERREIRA, Vinícius R. T. Comportamentos no trânsito e causas da
agressividade. Rev. de Psicol. da UNC, v. 2, n. 1, ´. 15-22. 2009. Disponível em:
<http://www.nead.uncnet.br/2009/revistas/psicologia/3/32.pdf>. Acesso em: 19 set.
2012.
TONGLET, Emilio Carlos. BFM-1: bateria de funções mentais para motorista:
testes de atenção. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Vetor, 2007.
UNITALENTOS. TCR- teste conciso de raciocínio. Disponível em:
<http://unitalentosrh.com.br/news/index.php?option=com_mtree&task=viewlink&link_i
d=54&Itemid=60>. Acesso em: 10 set. 2012.
VAZ, C. E. O Rorschach: Teoria e Desempenho. São Paulo: Manole LTDA, 1986.
VETOR. Testes psicológicos. Disponível em: <http://www.vetoreditora.
com.br/produtos...>. Acesso em 06 set. 2012.
86
APÊNDICE
QUESTIONÁRIO
1) IDENTIFICAÇÃO:
Idade:
sexo: ( ) F / ( ) M
Formada (o) a quanto tempo?
Qual sua área de atuação?
Trabalha na área do trânsito, há quanto tempo?
2) Qual cidade e estado que atua profissionalmente como psicólogo do
trânsito?
3) Quais são testes utilizados no processo de avaliação psicológica?
4) Porque utiliza esses testes?
5) Você acredita que estes testes realmente avaliam o candidato?
Sim ( ) ou Não ( ), Por quê?
6) Quais sugestões que deixaria para melhorar o processo de avaliação
psicológica do trânsito no Brasil?
Download