GRUPO 6.2 MÓDULO 1 Índice 1. A Visão Neoliberal .................................................... 3 1.1. As Políticas Públicas Hoje . Error! Bookmark not defined. 2. Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova ............ Error! Bookmark not defined. 2.1. Princípios do Manifesto ..... Error! Bookmark not defined. 2.2. Recursos para a Educação Error! Bookmark not defined. 2 Grupo 6.2 - Módulo 1 1. POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO DO ENSINO 1.1. INTRODUÇÃO O presente curso apresenta a disciplina Políticas Públicas e Legislação do Ensino. Nessa perspectiva, vamos discutir a legislação educacional e como as políticas públicas são planejadas para atender aos direitos nela previstos. As Constituições brasileiras, ao reconhecerem a educação como direito do cidadão, definiram os responsáveis pelo seu provimento. Para atender o direito à educação, o Estado deve estabelecer sua estrutura e funcionamento e suas fontes de financiamento. A política pública em educação se traduz em ações que dão o alicerce para o atendimento aos ideais expressos nas leis. O financiamento da educação garante o desenvolvimento dos planos, programas e ações das políticas educacionais. Para entender o conceito de políticas públicas vamos tratar de alguns de seus elementos com o objetivo de delimitar sua abrangência e seu conteúdo temático. 1.2. DEFINIÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS 1.2.1. O que Significa o Termo “Políticas Públicas”? Como está definido pelo título da disciplina, a esfera de poder político a ser discutida é a federal, envolvendo também as esferas estaduais e municipais, visto que é o sistema escolar brasileiro e sua estrutura e funcionamento que serão o objeto de análise no desenvolvimento, implementação e avaliação das políticas públicas. Dentro do conceito de políticas públicas, o conteúdo temático a ser apresentado é o da política educacional e sua relação com as demais políticas adotadas no decorrer da história brasileira. O desafio do curso será entender o processo das políticas públicas educacionais, que vai da sua formulação – que envolve a definição de prioridades, responsabilidades, uso e destinação das verbas públicas –, implantação e implementação das ações, planos, programas e projetos, acompanhamento e avaliação dos resultados. Há também a participação dos movimentos populares, no decorrer do processo histórico, que apontam problemas, situações e alternativas que representam os anseios dos grupos sociais locais ou regionais, que além de influenciar, querem decidir as políticas públicas e constituem atitudes cidadãs, solidárias e participativas. Devido às diferentes realidades regionais brasileiras, participar do processo demanda a identificação das possibilidades e dos espaços existentes, dificuldades, limites e contradições dos projetos historicamente desenvolvidos de descentralização, municipalização e o desafio de construir propostas de políticas articuladas com um desenvolvimento educacional brasileiro integrado e sustentável. 3 Grupo 6.2 - Módulo 1 1.2.2. Conceito De acordo com o Aurélio (1999, p. 1.599), o sentido etimológico da palavra política é de ciência que trata dos fenômenos referentes ao Estado; ciência política; sistema de regras respeitantes à direção dos negócios públicos; arte de bem governar e conjunto de objetivos que enformam determinado programa de ação governamental e condicionam sua execução. Da mesma forma, o sentido etimológico do adjetivo público (Aurélio, 1999, p. 1.664) diz respeito ao que é relativo ou pertencente ou destinado ao povo, à coletividade e também relativo ou pertencente ao governo de um país. Para entendermos o que políticas públicas significam, usando as definições apontadas, podemos dizer que são diretrizes, princípios norteadores de ação do poder público, regras e procedimentos que estabelecem as relações entre o poder público e a sociedade, as mediações entre a população e o Estado, ou seja, entre cidadãos que representam a sociedade e o Estado. Nesse sentido, as políticas públicas são explicitadas em documentos como leis, programas que definem quais as prioridades e as linhas de financiamento que determinam as aplicações de recursos públicos em educação. Podemos afirmar que as políticas públicas em educação traduzem e sistematizam em seu processo de elaboração a definição das necessidades educacionais brasileiras e a forma de intervenção a ser adotada, a implantação e implementação das ações, projetos, programas e qual a população a ser atendida e os resultados esperados a curto, médio e longo prazos. Nesse processo estão envolvidas as formas de exercício do poder político, uma vez que se trata da distribuição e redistribuição do poder, o papel do conflito social nos processos de decisão, a repartição de custos e benefícios sociais. Há que se esclarecer que as políticas públicas tratam de recursos públicos que serão destinados diretamente aos projetos, programas e ações na área educacional ou por meio de isenções ou relações que são de interesse público. A crescente participação da sociedade civil nas diferentes esferas da vida social faz com que se entrecruzem interesses e visões de mundo, e isso faz com que os limites entre o público e o privado não fiquem muito claros. Daí surge a importância do debate público, com transparência, visibilidade, realizado por grupos sociais em espaços públicos. Ao nos referirmos ao poder, queremos esclarecer que ele deve ser entendido como a relação social que envolve os vários personagens que se interessam diretamente ou indiretamente pela área, que atuam nela ou são seus beneficiários, com projetos ou interesses diferenciados. O interesse pela área educacional, em nosso caso, necessita de mediações sociais e institucionais para que as políticas públicas possam ser legitimadas e, assim, venham a se tornar eficazes. Segundo Teixeira (2002), é a natureza de regime político em que o país vive, o grau de organização da sociedade civil e a cultura vigente que determinam a elaboração de políticas públicas. 4 Grupo 6.2 - Módulo 1 Dessa maneira, as políticas públicas são definidas e sistematizadas e pode-se, então, determinar quem é responsável por decidir: o quê, quando e com que consequências e para quem. 1.2.3. Objetivos Os objetivos das políticas públicas estão voltados, principalmente, aos setores marginalizados da sociedade, que são considerados vulneráveis. Nesse sentido visam efetivar os direitos da cidadania. As demandas da sociedade civil são apresentadas por meio de movimentos sociais, seja por meio de mobilização, luta ou pressão social. Reconhecidas institucionalmente, geram políticas de atendimento que promovem o desenvolvimento, seja para a geração de emprego ou renda ou outras políticas de cunho mais estratégico. As políticas públicas expressam em seu bojo valores e visões de mundo que exprimem em suas ações. Elas expressam as opiniões dos que controlam o poder, e, para que esse poder seja representativo dos interesses de todos os segmentos sociais, é importante que exista a capacidade de organização e negociação dos segmentos sociais dominados. Para atingir seus objetivos, é preciso considerar qual é a natureza ou o grau de intervenção, a abra ngência dos benefícios, os impactos provocados nos beneficiários ou nas relações sociais. Podemos analisar se a natureza ou o grau de intervenção é estrutural ou conjuntural. É estrutural quando se trata de intervir em relações socioestruturais como renda. É conjuntural ou emergencial quando atende uma situação imediata. A abrangência pode ser universal, quando se estende a todos os cidadãos; segmentada, quando atende a um fator determinante como idade, gênero; e fragmentada, quando atende a um determinado grupo social de um segmento. Os impactos que as políticas públicas podem causar nas relações sociais ou em seus beneficiários podem ser distributivas, quando repartem benefícios individuais; redistributivas, quando buscam equidade, redistribuem os benefícios entre os grupos sociais; e regulatórias, quando definem regras e procedimentos para atender aos interesses gerais da sociedade. 1.2.4. Concepções de Políticas Públicas Existentes no Brasil: Liberalismo, Social-Democrata, Neoliberalismo 3 A visão liberal: É importante considerarmos as orientações políticas presentes na história brasileira para podermos entender as atuais políticas públicas na área educacional. A visão da política liberal tem no liberalismo seus fundamentos, os quais se traduzem no conjunto de ideias e doutrinas que visam assegurar a liberdade individual no campo da política, da moral e da religião dentro da sociedade (Aurélio, 1999, p. 1.209). O liberalismo político resultante da filosofia liberal defende a liberdade política do indivíduo em relação ao Estado e defende oportunidades iguais para todos. A ideia do Estado liberal está centrada na noção de poder público separado do governante e do 5 Grupo 6.2 - Módulo 1 governado e com autoridade política dentro de limites precisos. Há três tradições na ciência política: a primeira analisa a política liberal como aquela que discute as questões da cultura política da nação e a constituição do cidadão. A segunda, que discute problemas de representação política e responsabilização, propõe que as ações dos indivíduos, instituições e Estado podem estar sujeitas a controles provenientes dos acordos centrais do pacto democrático. A terceira enfatiza o poder do Estado nos aspectos que se referem à obtenção do consenso e à implementação de medidas que representam interesses defendidos, inclusive, se necessário, com atos de coerção e relações sociais de dominação. Nesse sentido, a visão liberal defende uma concepção de política pública voltada para interesses e que não leva em consideração as desigualdades sociais. A vida social e econômica é resultante das capacidades individuais e do esforço de cada um de superação para uma melhor qualidade de vida. Essa concepção opõe-se à universalidade dos benefícios de uma política social. Para ela, a política social não tem papel relevante, pois as desigualdades sociais são resultantes de esforços individuais. 3 A visão social-democrata: Na visão social-democrata, pensase numa política de atuação com benefícios sociais que visa à proteção dos mais fracos como uma maneira de dar igualdade de condições a todos. A desigualdade existente seria decorrente das diferenças econômicas promovidas pela sociedade capitalista. O Estado de Bem-Estar Social é o sistema que representa a visão social-democrata. Nele, as políticas públicas têm um papel regulador das relações econômico-sociais. Neste sentido, o Estado de Bem Estar Social representa um acordo social entre o trabalho e o capital, em que os cidadãos podem aspirar a níveis mínimos de bem-estar social, incluindo educação, saúde, seguridade social, salário e moradia. Esse sistema cresceu e levou a uma relativa distribuição de renda e ao reconhecimento de uma série de direitos sociais. Fundos públicos foram constituídos e utilizados em investimentos em áreas estratégicas para o desenvolvimento e em programas sociais, o que acarretou manobras e um controle político burocrático da vida dos cidadãos e consumidores de bens públicos. Os sistemas liberal e social-democrata executavam políticas públicas com a intervenção do Estado, em várias áreas de atuação dos indivíduos. A partir da década de 1970, esse modelo entrou em crise, devido aos novos padrões introduzidos pelas tecnologias nos processos de acumulação e nas relações de trabalho. Essa situação levou à falência do Estado protetor e ao agravamento da crise social pelo esgotamento das possibilidades de atendimento às necessidades crescentes da população, o que gerou o burocratismo e a ineficiência do aparelho governamental. A crítica a essa situação foi de que a política de intervencionismo foi responsável pela estagnação econômica e pelo parasitismo social. Para sanar essa conjuntura, a proposição seria de um ajuste estrutural, que levasse a 6 Grupo 6.2 - Módulo 1 um equilíbrio financeiro, à redução dos gastos sociais e a uma política social seletiva e emergencial. 7 Grupo 6.2 - Módulo 1