PANCREATITE AGUDA Fernanda Velame n°06 Laiz Cameirão n°08 Michelly Sousa Silva n°10 Rita Zicari n°14 Tatiane Florentina n°16 ETIOLOGIA A pancreatite aguda pode ser causada como conseqüência de obstrução dos ductos por cálculos biliares, alcoolismo, infecções virais (como a caxumba), embolia, choque, vasculite, embolia e isquemia aguda induzida por trombose vascular (ROBBINS et al., 2005). Outras etiologias como fármacos (como diuréticos, tiazidicos, estrogênio, sulfonamidas, furosemida, metildopa causam aumento de níveis séricos de amilase, levando a uma lesão do pâncreas), Ascaris Lumbricoides (migração do verme para a árvore do ducto pancreático), hipercalemia e hiperlipoproteínas também são responsáveis por causar a pancreatite aguda, porém com menor freqüência (ROBBINS et al., 2005). FISIOPATOLOGIA Existem dois tipos de pancreatite aguda, a pancreatite intersticial aguda é uma forma mais leve da doença, onde há edema em todo o pâncreas e focos de necrose gordurosa causada pela destruição dos hepatócitos pelas enzimas lipolíticas. A outra forma de pancreatite aguda é a necrosante, uma forma mais grave onde a necrose atinge os tecidos acinares, ductais e ilhotas de langerhans (ROBBINS et al., 2005). A pancreatite aguda é causada devido ao aumento de enzimas pancreáticas digestivas, que foram ativadas inapropriadamente e extravasada para o meio. Esta ativação inadequada de enzimas pode ser desencadeada pela tripsina, que é responsável pela ativação de outras enzimas, como a lípase, responsável pela necrose gordurosa, a quimiotripsina, resposável pelo edema e lesão do endotélio, entre outras (ROBBINS et al., 2005; TRIVIÑO; LOPES; TORREZ, 2002). A ativação dessas enzimas pode ser iniciada por obstrução do ducto pancreático por cálculos biliares, levando a um aumento da pressão e acumulo de líquido rico em enzimas digestivas, causando a necrose gordurosa e levando a liberação de substâncias pró inflamatórias como citocinas, fator de necrose tumoral e interleucinas, causando inflamação aguda, autodigestão pancreática, aumento da permeabilidade e destruição dos vasos e hemorragias. Além da obstrução do ducto, a pancreatite aguda pode ser desencadeada por lesão das células acinares por algum agente, como vírus e fármacos, ou por isquemia. Também pode haver um transporte intracelular defeituoso de pró-enzimas no interior das células acinares (ROBBINS et al., 2005). Este processo inflamatório intenso pode desencadear a síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SRIS), onde ocorre a ativação exacerbada do sistema imune inato do organismo, causando uma resposta inflamatória aguda sistêmica, o que leva a insuficiência de diversos órgãos, como rins, pulmões e coração (SALLES et al., 1999; TRIVIÑO; LOPES; TORREZ, 2002). Por causa do aumento da permeabilidade vascular, causada pela inflamação aguda, as bactérias que fazem parte da microbiota normal do intestino conseguem entrar na circulação, levando a uma sepse bacteriana (SALLES et al., 1999). DIAGNÓSTICO CLÍNICO No diagnóstico clínico podem ser observados dor abdominal, náuseas e vômitos (ROBBINS et al., 2005). DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Amilase, Lipase, desidrogenase láctica, transaminase glutâmica oxaloacética, cálcio sérico, glicemia, gasometria, creatinina, PCR (SALLES et al., 1999). Amilase Método: Enzimático colorimétrico. Princípio: A amilase é uma enzima que hidrolisa amido, presente na saliva e no intestino e sintetizada no pâncreas. Ao hidrolisar o amido, são liberadas moléculas de polissacarídeos, adiciona-se iodo e o amido que ainda não foi hidrolisado adquire coloração azul, que é inversamente proporcional à atividade da enzima, ou seja, quanto mais escuro, menor a atividade enzimática da amilase (HENRY,1999; BIOCLIN, 2006). VR: < 90 U/L Lipase Método: Enzimático colorimétrico. Princípio: As lípases são glicoproteínas que hidrolisam lipídios, principalmente ácidos graxos de cadeia longa. Estão presentes no intestino, e são sintetizadas e liberadas pelo pâncreas. A lípase sérica hidrolisa especificamente um tioéster, liberando o tioalcool correspondente a ácido 5,5ditio-bis-2-nitrobenzóico em meio tamponado, formando um anion de coloração amarela, cuja intensidade de cor é proporcional a concentração da enzima e apresenta a absorção máxima em 412nm (HENRY,1999; IN VITRO DIAGNÓSTICA, 2008). VR: 2 a 15 UI Proteína C reativa (PCR) Método: Aglutinação de látex. Princípio: A proteína C reativa está presente no soro de pacientes que apresentam necrose tecidual e atua como uma proteína removedora de restos celulares, servindo como indicativo de processo inflamatório agudo e infeccioso. O teste é baseado na reação imunológica entre a PCR da amostra e seu anticorpo anti-PCR ligam a partículas de látex (HENRY, 1999; IN VITRO DIAGNÓSTICA, 2003). VR: Presença ou não de aglutinação. Quando a reação for positiva irá ocorrer a presença de aglutinação visível indicando uma quantidade igual ou maior que 6 mg/L. Quando não houver aglutinação a reação indicará uma concentração menor que 6 mg/L. Creatinina Método: Enzimático colorimétrico. Princípio: A creatinina é um produto da degradação não enzimática da creatina no músculo, é filtrada pelos glomérulos e absorvida pelos túbulos proximais. Quando há necrose muscular, os níveis de creatina no soro aumentam (HENRY et al., 1999). A creatinina e outros cromógenos do soro reagem com o ácido pícrico em meio alcalino formando complexos corados com um máximo de absorção em 510 nm. Após a obtenção da absorbância, adiciona-se ao soro um acidificante que desfaz o complexo creatinina-picrato, deixando intactos os complexos cromógenos-picrato, cuja absorbância é então medida. A diferença entre as duas leituras fornece o valor da creatinina verdadeira (MBIOLOG DIAGNÓSTICO, 2005). VR: 0,5 a 1,5 mg/dL TGO (transaminase glutâmica oxaloacética) Método: Colorimétrico. Princípio: Esta enzima está presente em diversos tecidos, como coração, fígado, rins e pâncreas. Ela está elevada quando há necrose destes tecidos (HENRY et al., 1999). A TGO catalisa a transferência do grupo amina do aspartato para o cetoglutarato com formação de glutamato e oxaloacetato. O oxaloacetato formado reage com a 2,4-dinitrofenilhidrazina formando hidrazona que adquire coloração máxima pela adição de hidróxido de sódio a intensidade de coloração é proporcional à atividade enzimática da amostra (GOLD ANALISA DIAGNÓSTICA, 2009). VR: 4 a 36 U/mL Cálcio Sérico Método: Colorimétrico. Princípio: O composto orto-cresolftaleina complexona (CFC) em meio alcalino reage com cálcio na amostra originando um complexo colorido que se quantifica em espectrofotômetro (BIOTÉCNICA, 2009). VR: 8,5 a 10,5 mg/dL. Glicose Método: Colorimétrico. Princípio: O pâncreas é responsável por secretar os hormônios reguladores de glicose: Glucagon (estimula formação da glicose), a somatostatina (regula o glucagon) e a insulina (armazenamento de glicose). Com a necrose do pâncreas, esses hormônios deixam de exercer suas funções (HENRY et al., 1999). A glicose da amostra sofre ação da glicose oxidase em presença de oxigênio produzindo peróxido de hidrogênio, este, em presença de fenol e de 4-aminoantipina, sofre a ação da peroxidase produzindo um composto róseoavermelhado (quinonimia) com máximo de absorção em 505 nm (MBIOLOG DIAGNÓSTICO). VR: 70 a 99 mg/dL. Desidrogenase Láctica Método: Colorimétrico. Princípio: A desidrogenase láctica é determinada em mistura de reagentes contendo lactato, difosfopiridino nucleotidio, fenazina metosulfato, alumen férrico e 1,10-fenantrolina formando um complexo corado (MBIOLOG DIAGNÓSTICO). VR: 225 a 450 U/L. Lactato Método: Colorimétrico. Princípio: O lactato da amostra sofre a ação da enzima lactato oxidase, na presença de oxigênio, produzindo piruvato e peróxido de hidrogênio. Este, em presença de um reagente fenólico (TOOS) e de 4-aminoantipirina, sofre a ação da peroxidade produzindo um cromógeno violáceo (quinonimina) com máximo de absorção em 546 nm (MBIOLOG DIAGNÓSTICO). VR: 4,5 a 20,0 mg/dL. Gasometria Método: Íon seletivo. Princípio: A PA pode causar acidose metabólica pela perda do controle dos hormônios Glucagon e Insulina (HENRY,1999) VR: pH - 7,35 a 7,45; pO2 - 80 a 100 mmHg; pcO2 - 35 a 45 mmHg; HCO3 - 22 a 28 mEq/L; LAUDO Amilase: > 90 Lipase: 75 UI TGO: > 36 U/mL ou normal Cálcio sérico: < 7,0 mg/dL. Glicose: > 99 mg/dL. ou normal Desidrogenase láctica: > 450 U/L. Proteína C reativa: Positiva. Superior a 6 mg/L. Gasometria: pH diminuido, pCO2 normal, pO2 normal, Bicarbonato diminuído. Creatinina: > 1,5 mg/dL Lactato: > 20,0 mg/dL. PROGNÓSTICO Se o paciente não for a óbito pela SRIS, ele pode desenvolver insuficiência renal (necrose) e diabetes (pela destruição das ilhotas de langershans) (ROBBINS et al., 2005). REFERÊNCIAS Amilase - Bioclin : http://www.interlabdist.com.br/dados/produtos/bula/doc/32554919df4b48178.pdf Cálcio sérico – Biotécnica: http://www.biotecnica.ind.br/Uso/42_Calcio.pdf Creatinina - MBIOLOG DIAGNÓSTICO: http://www.mbiolog.com.br/produtos/Bula_Creatinina.pdf Glicose, lactato, desidrogenase lactica – Mbiolog Diagnósticos ltda: http://www.mbiolog.com.br/produtos/Bula_Glicose_C.pdf HENRY, John Bernard et al. Diagnósticos clínicos e tratamento por métodos laboratoriais. 2. ed. São Paulo: Manole, 1999. 1552 p. Lipase - In vitro diagnóstica: http://www.invitro.com.br/principal/produto/bulaspdf/quimica_clinica/colorimetrica/lipa se.pdf PCR – In vitro diagnóstica: http://www.invitro.com.br/principal/produto/bulaspdf/reumatologia/pcr-refil.pdf ROBBINS L. S. et al., Bases Patologicas das doenças - Patologia. 5 ed. São Paulo: Elsevier, 2005, 1513. SALLES et al. Síndrome da resposta inflamatória sistêmica/sepse: revisão e estudo da terminologia e fisiopatologia. Rev. Assoc. Med. Bras, São Paulo, v. 45, n. 1, p.86-92, 1999. TGO – Gold Analisa diagnóstica ltda: http://www.goldanalisa.com.br/produtos/TGO.pdf TRIVIÑO, Tarcisio; LOPES FILHO, Gaspar De Jesus; TORREZ, Franz Robert Apodaca. Pancreatite aguda: o que mudou?. Ged, Sao Paulo, v. 21, n. 2, p.69-76, abr. 2002.