George Herbert Mead – Part III “The Self” O self não é natural aos

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George Herbert Mead – Part III “The Self”
 O self não é natural aos homens; não existe desde o nascimento. Ele se
desenvolve no processo social, por meio da atividade com os outros indivíduos.
 Uma atitude reativa, como sentir dor, não faz parte do self, mas do corpo. Ou
seja, qualquer indivíduo ao nascer está suscetível a sentir dor, e isso é orgânico.
O self e o corpo são distinguíveis, pois eles se complementam, mas o self é
cercado de coisas e atos, que podem incluir até mesmo partes do corpo; mas o
corpo por sua vez, pode ser pensado como mero objeto – ele por si só não possui
um self constituído.
 Os indivíduos estão presentes no mundo social correlacionados aos seus grupos
de convivência, os subgrupos que ele faz parte. Eles estão inseridos nesses
subgrupos, e a uma sociedade maior, global. Esses subgrupos podem ser de duas
espécies: concretos ou abstratos.
- Os subgrupos concretos, podem ser a comunidade, as classes sociais, os
partidos políticos, as corporações, ou seja, grupos em que se relaciona
diretamente com os demais.
- Os subgrupos abstratos, por sua vez, são categorias como credor e
devedor, ou por meio de trocas rotineiras, mas sem estar ligado a uma unidade
social. As relações são indiretas, e não se perpetuam por muito tempo como nos
subgrupos concretos. Contudo, essas relações abrem espaço para que haja
relações mais duradouras.
 Porém, como as interações ocorrem por meios comunicativos, quando em
grupos concretos muito grandes são tão indiretas quanto em subgrupos abstratos.
 O “outro generalizado” é outro importante termo trabalhado por Mead, que
corresponde ao grupo social, comunidade, sociedade, entre outras formas de
organização social que o indivíduo está inserido, e que há dentro dele uma série
de símbolos, significados que são compreendidos por todos que o compõem.
Essa inter-compreensão ocorre de duas maneiras: a) pelo “pensamento abstrato”,
cujo indivíduo, por meio de uma “conversa interior”, reconhece as diferentes
dinâmicas que ocorrem naquele grupo; b) e pelo “pensamento concreto”, que se
dá pela interação do indivíduo com o outro generalizado, ou seja, com os outros
indivíduos. Esse pensamento concreto é relacional, pois os discursos e sistemas
de significação comuns ou sociais são possíveis apenas pelas atitudes dos
indivíduos com o outro-generalizado; os significados emergem dessa interação.
 Processo de desenvolvimento do self – em duas fases:
- 1ª fase: nessa fase o self vai se desenvolvendo apenas como uma relação
do indivíduo com outros indivíduos; é considerada apenas a fase de organização
das atitudes particulares;
- 2ª fase: aqui ocorre a formação completa do self, já que o indivíduo
organiza suas atitudes dentro do grupo social ou do “outro-generalizado” que ele
pertence. Essas atitudes ocorrem por meio da experiência direta com outros
indivíduos, e compreendem a constituição da estrutura ou do self completo. A
diferença fundamental da 1ª para a 2ª fase, é que o indivíduo compreende o
modelo sistemático geral dos grupos que ele está comprometido com outros
indivíduos.
 Portanto, o self é a estrutura em que o indivíduo está inserido; os processos
sociais que ele fez parte, o outro-generalizado, os grupos sociais, ou seja, a
unidade do processo social como um todo – esse é o self. A sua constituição se
dá por meio da comunicação com as pessoas no presente, por meio da
comunicação. Contudo, os “selves” anteriormente constituídos por pessoas que
viveram anteriormente a nós, também ajudam a constituir o self dos indivíduos
atualmente; sendo, porém, modificável.
 O self não deve ser confundido com a mente, ou os hábitos pessoais; o self pode
até influenciar na mente, mas o self diz respeito ao comportamento social, do
indivíduo dentro do seu grupo e entre os grupos.

O self se forma por diferentes processos. O primeiro deles, a “conversa de
gestos” que envolve algum tipo de atividades cooperativas. O que é peculiar aos
humanos, em contraposição aos animais é, por meio da comunicação um indivíduo
responde ao outro ajustando sua conduta. A resposta de um ou mais organismos a outros
é o que dá significado à interação.

A comunicação tem fundamental espaço no pensamento de Mead: é por
meio desta que são trocados importantes símbolos que têm significância para os
indivíduos. Por meio de uma interação comunicativa, o indivíduo elabora o significado
de algo, o transmite, e ao obter respostas reelabora os significados. É por meio da
comunicação que o indivíduo se comunica com outros, mas também comunica-se
consigo mesmo, e introduz o self.

Ao exprimir alguma ideia ou frase com significado, o indivíduo se
posiciona com relação aos demais indivíduos. Como no exemplo da posse ou
propriedade, - quando se diz “isso é meu”, provoca nos outros uma reação em
conjunto que desencadeia o que é compreendido como “outro generalizado”, ou seja,
as reações em comum dentro de um grupo fazem com que haja uma compreensão de
seus membros sobre o que seja a religião, a propriedade, a educação, etc. Isso exige,
portanto, uma noção de universalidade dos símbolos. O self pressupõe essa
universalidade, sendo que um dado elemento tenha significado universal dentro
daquele grupo.

Para mostrar como o self é formado no indivíduo, Mead utiliza-se dos
exemplos do jogo livre e do jogo regulamentado.
- No jogo livre, ou na brincadeira, a criança experimenta diferentes papéis com
que elas têm maior contato, como o professor ou os pais; ou ainda por meio de
situações e personagens invisíveis. Dessa forma ela organiza o seu pensamento,
coloca-se no lugar de outros.
- O jogo regulamentado, já possui a organização de indivíduos distribuídos em
grupos, que possui uma lógica para a organização do self. A criança interage com
outras, tendo definidas metas, ações, unidades e organização, diferentemente do jogo
livre, que está baseado numa mera sucessão de papéis. Assim, o jogo regulamentado é
mais próximo à vida em sociedade, pois a criança tem que ter como referência o
comportamento de outros indivíduos que orientem a sua ação. No jogo ela
desempenha uma função que ela própria estimula.
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