ANESTESIA BALANCEADA COM QUETAMINA E

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ANESTESIA BALANCEADA COM QUETAMINA E MIDAZOLAM E
LIDOCAÍNA POR VIA ESPINHAL (EPIDURAL) EM DOIS JABUTITINGA (Chelonoidis denticulata), SUBMETIDOS À PENECTOMIA:
RELATO DE CASOS.
BEATRIZ GUERREIRO GIESE¹, FRANCISCO DE ASSIS BATISTA
JUNIOR¹, VICTOR HUGO FLORES BERNARDES¹, LEILA MENEZES
DA SILVA¹, LUCIANA DA SILVA SIQUEIRA¹ RUTH HELENA FALESI
PALHA DE MORAES BITTENCOURT2
1
Residentes HOVET/UFRA; 2Professora Associada UFRA
RESUMO
Jabutis criados como animais de estimação sem a devida assistência
médica-veterinária podem desenvolver diversas doenças, entre elas o
prolapso de pênis. Objetiva-se relatar dois casos de Jabuti-tinga
anestesiados com quetamina (20 e 40 mg/kg) e midazolam (1 e 2
mg/kg) e lidocaína epidural (5,5 mg/kg) submetidos à penectomia. Os
animais apresentaram relaxamento e paralisia de membros posteriores,
cauda e pênis, sendo necessário reforço de lidocaína epidural devido ao
retorno de movimento. A anestesia se mostrou segura e satisfatória com
retorno rápido e tranquilo, porém é necessário readequar a dose do
anestésico local pela via espinhal
Palavras-chave: Anestesia dissociativa, Bloqueio locorregional, Quelônio
BALANCED ANESTHESIA WITH KETAMINE AND MIDAZOLAM AND
LIDOCAINE BY SPINAL (EPIDURAL) IN TWO YELLOW-FOOTEDTORTOISE (Chelonoidis denticulata) SUBMITTED TO PENECTOMY:
CASES REPORT
ABSTRACT
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Tortoises created as pets without proper medical-veterinary assistance
can develop several diseases, including penis prolapse. The objective is
to report two cases of Jabuti-tinga anesthetized with ketamine (20 and
40 mg/kg) and midazolam (1 and 2 mg/kg) and epidural lidocaine (5.5
mg/kg) underwent penectomy. The animals showed relaxation and
paralysis of hind limbs, tail and penis, requiring reinforcement of epidural
lidocaine because the end of paralysis. The anesthesia proved safe and
satisfying with quick and smooth return, but it is necessary to readjust
the dosage of the local anesthetic for spinal via.
Keywords: Dissociative anesthesia, Locoregional, Chelonian
INTRODUÇÃO
Pertencente à ordem Chelonia, classe Reptilia, os jabutis vem sendo
utilizados como animais de estimação, sendo criados pela população em
áreas urbanas (Carvalho, 2004; Storer et al., 2000), em cativeiro
alterando a qualidade e o tipo de vida do animal (Carvalho, 2004).
O prolapso peniano é um dos principais problemas que acometem esses
animais quando mantidos em cativeiro e, com frequência, os animais
são trazidos tardiamente com exposição dos tecidos (Ramos et al.,
2009). A penectomia é recomendada quando em casos de parafimose
crônica, em casos de lesões graves e necrose ou quando o tratamento
conservativo é ineficaz (Cubbas et al., 2006).
Fontenelle et al. (2000) referem à utilização da anestesia epidural em
répteis como uma alternativa para execução de procedimentos
cirúrgicos comuns na clínica, com uma boa margem de segurança e que
promove efeitos regionais, levando a uma recuperação mais rápida.
Utilizada
frequentemente
em
animais
domésticos,
a
locorregional em quelônios é pouco publicada (Carvalho, 2004).
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técnica
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As doses de lidocaína 2% recomendadas para anestesia epidural
nesses animais são variadas e, segundo Fontenelle et al. (2000) e
Ramos et al. (2009) a analgesia e relaxamento peniano, de membros
posteriores e cauda em Jabuti-piranga são dose-dependente.
RELATO DO CASO
Foram atendidos pelo Setor de Animais Silvestres do Hospital
Veterinário Dr. Mário Dias Teixeira (UFRA) dois Jabutis-tinga machos
pesando 3,5 kg (J1) e 1,8 kg (J2), criados em cativeiro, diagnosticados
com prolapso irreversível de pênis e, submetidos, posteriormente à
penectomia.
O primeiro animal (J1) teve a anestesia induzida com a associação de
40 mg/kg de quetamina e 2 mg/kg de midazolam, por via intramuscular,
no membro anterior direito. Após o relaxamento muscular da cauda foi
administrado 5,5 mg/kg de lidocaína no espaço epidural entre vértebras
coccígeas. No segundo animal (J2), a indução anestésica foi realizada
com os mesmos fármacos e via de administração, porém as doses
foram reduzidas à metade (20 mg/kg de quetamina e 1 mg/kg de
midazolam). O bloqueio espinhal foi o mesmo realizado no J1.
Após aproximadamente 5 minutos das anestesias epidural, foram
observados relaxamento e imobilidade de membros posteriores e
relaxamento completo de cauda e pênis. Ambos animais mantiveram o
reflexo óculo-palpebral e movimentos de cabeça, porém sem bom
relaxamento de boca.
A intervenção cirúrgica iniciou após aproximadamente 10 minutos da
anestesia espinhal e teve duração de 41 minutos no J1 e de 35 minutos
no J2. Nos dois animais, durante o transoperatório, foi necessária dose
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de resgate de lidocaína na mesma dose da inicial, para abolição de
movimentos e relaxamento dos membros posteriores.
Os animais iniciaram o retorno anestésico logo após o término do
procedimento cirúrgico, apresentando movimentos de cabeça e
membros e sem comportamento agressivo.
DISCUSSÃO
Os protocolos anestésicos utilizados nos dois jabutis, considerando a
associação anestésica indutora em doses distintas, permitiu a realização
da anestesia espinhal epidural, visto que promoveu relaxamento
muscular nos animais facilitando a localização e introdução da agulha
entre as vértebras coccígeas, resultados semelhantes foram obtidos por
Fonseca et al. (2014) e Ramos et al. (2009) após indução anestésica,
respectivamente, com quetamina e diazepam e tiletamina–zolazepam
em jabutis piranga submetidos à penectomia.
A dose de 5,5 mg/kg de lidocaína 2% sem vasoconstritor utilizada na
anestesia espinhal epidural apesar de ter promovido analgesia e
relaxamento peniano, de calda e membros, teve que ser resgatada
durante o transoperatório para que o procedimento cirúrgico pudesse
ser complementado, corroborando com relatos de Fontenelle et al.
(2000) e Ramos et al. (2009), de que analgesia e relaxamento muscular
em pênis, membros pélvicos e cauda em jabutis piranga são dose
dependente.
CONCLUSÕES
As doses de quetamina e diazepam utilizadas na indução anestésica
promovem anestesia de boa qualidade e retorno rápido e tranquilo em
jabuti-tinga;
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A dose de 5,5 mg/kg de lidocaína 2% não foi apropriada para realização
de penectomia em jabuti-tinga, sugerindo maiores estudos quanto a
dose desse fármaco a ser utilizada na anestesia espinhal epidural de
jabuti-tinga.
REFERÊNCIAS
CARVALHO, R.C. Topografia vértebro-medular e anestesia espinhal
em jabuti da “patas vermelhas” Geochelone carbonária (SPIX,
1824). 2004. São Paulo, 126 f. Dissertação (Mestrado em ciências
veterinárias) - Programa de pós-graduação em Anatomia dos animais
domésticos e silvestres, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia,
Universidade de São Paulo.
CUBAS, Z.S.; SILVA, J.C.R. et al. Tratado de Animais Silvestres Medicina Veterinária. 1 ed. São Paulo: Editora Roca, 2006.
FONSECA, L.S.; OLIVEIRA, E.L.R; LEITE, J.S.; ESCODRO, P.B.;
DANTAS, F. T D. R; DIAS, D.C.R. Anestesia epidural e amputação de
pênis prolapsado em jabuti-piranga (Geochelone carbonaria): relato de
caso. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e
Zootecnia, v.12, n.1, p.34, 2014.
FONTENELLE, J.H.; NASCIMENTO, C.C.; CRUZ, M.L.; LUNA, S.P.L.;
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carbonaria). In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
VETERINÁRIOS DE ANIMAIS SELVAGENS, 4.; ENCONTRO DA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANIMAIS SELVAGENS, 9., 2000, São
Paulo. Anais... São Pedro: [s.n.], 2000. p. 7.
RAMOS, R.M.; VALE, D.F.; HANAWO,M.E.O.C.; FERREIRA,F.S.; LUZ,
M.J.; A.L.A. OLIVEIRA. Penectomia em caso de prolapso peniano em
Jabuti-piranga (Geochelone carbonaria) – Relato de caso. Jornal
Brasileiro de Ciência Animal, v.2, n.3, p.166-174, 2009.
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