XXIX Reunião Brasileira de Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas XIII Reunião Brasileira sobre Micorrizas XI Simpósio Brasileiro de Microbiologia do Solo VIII Reunião Brasileira de Biologia do Solo Guarapari – ES, Brasil, 13 a 17 de setembro de 2010. Centro de Convenções do SESC Densidades de semeadura de Brachiaria brizantha e seus efeitos sobre o consórcio de milho e incidência de plantas daninhas. Viviane Ruppenthal(1); Luiz Neri Berté(2); Rafael Klauck Borba(2); Georgio Vinicius Conde(2); Tiago Zoz(2); Paulo Sérgio Rabello de Oliveira(4);Marcela Abbado Neres(4). (1) Mestranda do programa de Pós-Graduação em Agronomia – Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Marechal C. Rondon, PR, CEP: 85960-000, [email protected], (apresentador do trabalho), (2) Acadêmico do curso de Agronomia – Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Marechal C. Rondon, PR, CEP: 85960-000; (3) Doutorando do programa de PósGraduação em Agronomia – Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Marechal C. Rondon, PR, CEP: 85960-000. (4) Professores do Centro de Ciências Agrárias - Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Marechal C. Rondon, PR, CEP: 85960-000. RESUMO – Objetivou-se avaliar a influência de diferentes densidades de semeadura da Brachiaria brizantha consorciada com a cultura de milho, sobre a produção de milho para silagem e grãos, a produção da Brachiaria e a incidência de plantas daninhas. O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados com quatro tratamentos e cinco repetições. Os tratamentos foram constituídos por três densidades de semeadura de B. brizantha (8, 16 e 24 kg ha-1 de sementes) e um tratamento adicional (testemunha) composto pelo cultivo de milho solteiro. Os resultados obtidos demonstraram que o consórcio do milho com B. brizantha, não influencia o estande final, a altura da planta, a produção de massa verde e massa seca bem como a produtividade de grãos do milho. A utilização de 17,4 kg ha-1 de sementes de B. brizantha promove a máxima produção de massa seca da mesma quando consorciada com o milho. O aumento da densidade de semeadura da B. brizantha diminui a incidência e o desenvolvimento de plantas daninhas na área. Palavras-chave: Zea mays, consórcio. INTRODUÇÃO – A produção integrada entre lavoura e pastagens tem sido apontada como um sistema conservacionista promovendo a formação de cobertura morta. O plantio de forrageiras, para pastejo, consorciadas com culturas anuais tem se mostrado técnica e economicamente viável, facilitando a renovação de pastagens degradadas e reduzindo a erosão. A eficiência técnica de sistemas consorciados depende de certas condições, que são particulares de cada ambiente. A fertilidade do solo, a ocorrência de plantas daninhas e a competição entre as espécies consorciadas pelos recursos de meio podem influenciar o estabelecimento da forrageira e a produção econômica da cultura (JAKELAITIS et al., 2006). Outro aspecto importante é o estande de plantas forrageiras decorrente da densidade de semeadura realizada. Neste contexto, este trabalho teve por objetivo avaliar o efeito de diferentes densidades de semeadura da Brachiaria consorciada com a cultura de milho, sobre a produção de milho para silagem e produtividade de grãos, alem dos efeitos sobre a produção da B. brizantha e a incidência de plantas daninhas. MATERIAL E MÉTODOS - O experimento foi conduzido durante os meses de novembro de 2007 e março de 2008, em área com plantio direto vigente há sete anos, na Estação Experimental Prof. Dr. Antônio Carlos dos Santos Pessoa, pertencente ao Núcleo de Estações Experimentais – NEE, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). O solo da área experimental foi classificado como Latossolo Vermelho eutroférrico (EMBRAPA, 2006). O experimento foi instalado em delineamento experimental de blocos casualizados com quatro tratamentos e cinco repetições. Os tratamentos foram constituídos por três densidade de semeadura de Brachiaria brizantha (8, 16 e 24 kg ha-1 de sementes com valor cultural de 32%) e um tratamento adicional (testemunha) composto pelo cultivo de milho solteiro. A semeadura da espécie forrageira foi realizada manualmente a lanço na entrelinha da cultura de milho no mesmo dia do plantio do milho. A cultura de milho foi semeada em linha e de forma manual com espaçamento entrelinhas de 0,90 m, com parcelas de 4 linhas e 5 metros de comprimento, totalizando uma área de 18 m2 e área útil utilizando apenas as duas linhas centrais da parcela para as avaliações, totalizando uma área de 9 m2, densidade de 14 sementes por metro com posterior desbaste, totalizando 7 sementes por metro linear, visando um stand inicial de 63.000 plantas por hectare. Empregou-se o híbrido simples de milho Pionner 30F80, Na semeadura do milho a adubação de base foi realizada aplicando-se 300 kg ha-1 da formulação 8-28-16, de modo a fornecer 24 kg ha-1 de N, 84 kg ha-1 de P 2O5 e 48 kg ha-1 de K2O. Também se realizou duas aplicações em cobertura de nitrogênio (uréia), totalizando 90 kg ha-1 realizada quando as plantas apresentavam-se com 4 e 6 folhas totalmente desenvolvidas. As avaliações realizadas na fase de ensilagem foram: estande final e produção de massa verde e produção de matéria seca, realizadas no final do mês de janeiro de 2008 (grãos no estádio farináceos). Para a obtenção do estande final, foram contadas todas as plantas da área útil, transformando-se posteriormente para um hectare. Para quantificar a produção de massa verde e produção de matéria seca realizou-se uma amostragem de cinco plantas de milho da área útil. Estas plantas foram pesadas (produção de massa verde), trituradas e posteriormente retirouse uma subamostra que uma vez seca em estufa à 65 ºC foi utilizada para converter produção de massa verde em produção de massa seca em kg parcela-1 com posterior transformação em kg ha-1. As avaliações realizadas na fase de colheita foram: altura de plantas, produtividade e massa de 1000 grãos, realizadas no final do mês de março de 2008. As avaliações realizadas nas plantas forrageiras ocorreram logo após a colheita do milho (março/2008) utilizando-se como referência um quadrado de 0,5 x 0,5 m colocados ao acaso em dois pontos distintos dentro da área útil. Avaliou-se o número de perfilhos das plantas de braquiária contidas dentro do quadrado com posterior ajuste para perfilhos m-2. Toda a massa verde contida nos locais amostrados foi cortada e colocada para secar em estufa com temperatura de 65 ºC até peso constante e posteriormente convertido para kg ha-1 de massa seca. Por ocasião da avaliação da produção de Brachiaria também procedeu-se a avaliação da incidência das plantas daninhas. A avaliação seguiu o mesmo procedimento para a avaliação da produção de Brachiaria, ou seja, utilizando-se como referência um quadrado de 0,5 x 0,5 m colocados ao acaso em dois pontos distintos dentro da área útil. As espécies de plantas daninhas foram identificadas, quantificadas e colocadas para secar em estufa com temperatura de 65 ºC até peso constante, convertendo-se posteriormente para kg ha-1. Os resultados obtidos foram tabulados e submetidos à análise de variância e ao teste F e quando constatados efeitos significativos à 5% de probabilidade foram ajustadas por regressão polinomial. RESULTADOS E DISCUSSÃO – Na Tabela 1 são apresentadas as médias observadas para as características ligadas à cultura de milho. Não houve efeito significativo das densidades de semeadura sobre o estande, produção de massa verde e produção de massa seca. O estande do milho não foi influenciado pela densidade de semeadura da Brachiaria brizantha, por que no inicio da formação do estande da cultura não ocorre competição entre as duas gramíneas, pois ambas estão na fase inicial de crescimento, sendo que não ocorre efeito de sombreamento de uma espécie sobre outra, e também a demanda por nutrientes e água é muito pequena em relação aos estádios mais avançados de desenvolvimento das duas espécies.. O desenvolvimento do milho em relação a B. brizantha ocorre de forma mais rápida, sendo que no momento que a Braquiaria alcança seu pleno desenvolvimento não influencia as plantas de milho, devido a isto possivelmente não foi verificado diferenças significativas na produção de massa verde e seca do milho (Tabela 1). Mateus et al. (2004) avaliaram a produção de milho forrageiro em dois espaçamentos: 0,45 e 0,90 m, em consórcio com B. brizantha na linha, na entrelinha e, no milho solteiro, e demonstraram aumento significativo na produção do milho com o menor espaçamento e maior produção de matéria seca da silagem em consórcio com a braquiária. Resultados estes não evidenciados no presente estudo. Na Tabela 2 são apresentadas as médias observadas para as características ligadas à cultura de milho. Não houve efeito significativo das taxas de semeaduras sobre as características avaliadas e desta forma, a presença da forrageira, independente da quantidade de plantas por unidade de área não comprometeu o desenvolvimento e a produtividade de grãos de milho. A altura da planta de milho é uma característica coordenada de forma mais acentuada pela genética do hibrido em questão, sendo que o ambiente exerce menor influência sobre essa característica, e devido a isto não ocorre influência significativa das crescentes densidades de semeadura da B. brizantha sobre a altura da planta de milho. A produtividade e a massa de 1000 grãos do milho não foram influenciadas pelas diferentes densidades de semeadura da B. brizantha, isso se torna interessante do ponto de vista econômico e de conservação do solo, pois pode se estar realizando essa forma consórcio visando aumentar a cobertura do solo com cobertura morta, e dessa forma estruturando melhor o solo, e melhorando suas características químicas. Resultados estes que corroboram com os obtidos por outros autores em diferentes regiões brasileiras. Agnes et al. (2004), em Viçosa (MG), observaram que a produtividade de grãos de milho não foi afetada por diferentes modalidades de semeadura da B. brizantha a lanço na entrelinha e na linha do milho, evidenciando-se a pouca competitividade exercida pela braquiária. O número de perfilhos e a produção de matéria seca da B. brizantha são apresentados na Figura 1. Houve efeito significativo das densidades de semeadura sobre as duas características com um ajuste quadrático. O número de perfilhos atingindo o perfilhamento máximo (11,5 perfilhos m-2) com 23,33 kg ha-1 de sementes da forrageira. Já para a produção de massa seca a máxima produção (2132 kg ha-1) foi obtida com 17,4 kg ha-1 de sementes da forrageira. A densidade e a massa seca de plantas daninhas são apresentados na Figura 2. Houve efeito significativo das densidades de semeadura sobre as duas características com um ajuste linear decrescente demonstrando o efeito competitivo da forrageira sobre a germinação e desenvolvimento das plantas daninhas. Severino et al. (2006), estudando o efeito do sistema de consórcio entre a cultura do milho e plantas forrageiras sobre a infestação, o crescimento e a conseqüente produção de massa seca e área foliar por plantas daninhas, concluiram que o sistema de produção que envolve a semeadura de uma cultura forrageira em consórcio com a cultura do milho, em geral, reduz a infestação e suprime o acúmulo de massa seca e área foliar de plantas daninhas no sistema. Outro fator a ser levado em consideração no controle das plantas daninhas observado no presente trabalho é a presença de substâncias alelopáticas na braquiária. Martins et al. (2006) analisando o potencial alelopático de soluções de solo cultivado com Brachiaria brizantha sobre a germinação de gramíneas forrageiras e plantas daninhas de pastagens, verificaram a existência de atividade alelopática para soluções de solo cultivado com a Brachiaria brizantha cv. Marandu. CONCLUSÕES - O consórcio do milho com Braquiaria brizantha, não influênciou a produção de massa verde e seca bem como a produtividade de grãos do milho. A utilização de 17,4 kg ha-1 de sementes de Braquiaria brizantha promoveu a máxima produção de massa seca da mesma quando consorciada com o milho. O aumento da densidade de semeadura da Braquiaria brizantha diminuiu a incidência e o desenvolvimento de plantas daninhas na área. REFERÊNCIAS EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Sistema brasileira de classificação de solos. (2ª Ed.). Rio de Janeiro: EMBRAPA Solos, 2006, 306p. JAKELAITIS, A.; SILVA, A. A.; SILVA, A. F.; SILVA, L. L.; FERREIRA, L. R.; VIVIAN, R. Efeitos de herbicidas no controle de plantas daninhas, crescimento e produção de milho e Brachiaria brizantha em consórcio. Pesquisa Agropecuária Tropical, v. 36, n. 1, p. 53-60. 2006. MARTINS, D.; MARTINS, C. C.; COSTA, N. V. Potencial alelopático de soluções de solo cultivado com Brachiaria brizantha: efeitos sobre a germinação de gramíneas forrageiras e plantas daninhas de pastagens. Planta Daninha, v. 24, n. 1, p. 61-70, 2006. MATEUS, G. P.; BORGHI, E.; CRUSCIOLI, C.; COSTA, C. Produção de forragem de milho com B. brizantha em sistema plantio direto. In: CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO, 25, 2004, Cuiabá. Resumos... Cuiába: ABMS, 2004. (CD-ROM) SEVERINO, F. J.; CARVALHO, S. J. P.; CHRISTOFFOLETI, P. J. Interferências mútuas entre a cultura do milho, espécies forrageiras e plantas daninhas em um sistema de consórcio. III - implicações sobre as plantas daninhas. Planta Daninha, v. 24, n. 1, p. 53-60, 2006. Tabela 1. Estande final, produção de massa verde e produção de massa seca de silagem de milho cultivado em consórcio com Brachiaria brizantha em diferentes densidades de semeadura Densidade de semeadura (kg ha-1) Estande final (plantas ha-1) Produção de Massa Verde Produção de Massa Seca (kg ha-1) 0 8 16 24 57.777 a 60.555 a 54.444 a 57.221 a 8,70 CV (%) 61.971 a 69.095 a 60.569 a 67.848 a 12,80 18.610 a 20.938 a 18.189 a 20.375 a 11,30 Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a nível de 5% de probabilidade. Tabela 2. Altura de plantas, produtividade e massa de 100 grãos de milho cultivado em consórcio com Brachiaria brizantha em diferentes densidades de semeadura Densidade de semeadura -1 (kg ha ) 0 8 16 24 CV (%) Altura de plantas (cm) 239 a 236 a 230 a 235 a 3,00 Massa de 1000 grãos (g) 344 a 336 a 338 a 324 a 10,00 Produtividade de grãos (kg ha-1) 6.813 a 7.586 a 7.403 a 7.589 a 6,50 Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a nível de 5% de probabilidade. Figura 1. Número de perfilhos e produção de massa seca de Brachiaria brizantha semeada com diferentes densidades em consórcio com a cultura de milho. (* significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F). Figura 2. Densidade e massa seca de plantas daninhas em função de densidades de semeadura de Brachiaria brizantha em cultivo consorciado com a cultura do milho. (* significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F).