Recipientes diversos para guardar e transportar mezinhas variadas. Colecção Etnográfica da Missão Antropológica de Moçambique (1936-1956) A botica do ñanga: Recipientes de armazenamento e de transporte A botica do ñanga: Recipientes de armazenamento e de transporte Porque cada paciente requer um tratamento específico e de acordo com um diagnóstico que não é esteriotipado e, para cada caso, é o chicuembo que indica o que deve e como deve ser utilizado, a botica do Ñanga é mínima, sobretudo nas situações em que, mesmo dispondo de um espaço de consultório, ele se desloca para avaliar a situação do paciente. Porém, há componentes que ele não pode dispensar, estando neste caso as plantas ou preparados de espectro mais alargado e mas difíceis de encontrar e/ou preparar e, naturalmente, os que são fundamentais para a sua actuação porque necessárias para manter e preservar a sua capacidade de ligação com os antepassados. Neste contexto dominam os pré-preparados, previamente secos e acondicionados em função da sua utilização e para que não sofram alterações que interfiram com as suas propriedades. À natureza diversa destes preparados corresponde um não menos diverso conjunto de recipientes para os acondicionar que revela igualmente saberes sobre a natureza específica dos diferentes materiais e da sua maior ou menor capacidade para preservar o que neles se guardar. De entre os preparados destacam-se as misturas resultantes da redução a pó de raízes, caules ou folhas e as bolas de “pilado”. As primeiras, piladas em conjunto ou em separado e sujeitas a secagem prévia antes de serem reduzidas a pó; sendo que as segundas correspondem a uma situação em que a acção de pilar não foi levada até ao fim e o material vegetal fica triturado, em pedacinhos pequeninos que, por manterem uma certo grau de humidade, é possível compactar numa pequena bola de onde se retiram posteriormente as quantidades necessárias a utilizar. N’hunguvana. Pequena cabaça destinada ao armazenamento e transporte de medicamentos. Marracuene, 1955. Colecção Etnográfica da Missão Antropológica de Moçambique (1936-1956) Se estas últimas não oferecem dificuldades no armazenamento e transporte, já que podem ser envolvidas num pano, as misturas em pó exigem um acondicionamento específico que encontra nas cabaças, bambus e corninhos de gazela, os recipientes ideais para a sua preservação. Guardando segredos de curas, purificações, alívios e exorcismos fechados por simples tampões de madeira ou rolos de tecido, as formas múltiplas e coloridas destes recipientes, tanto se arrumam no “consultório” do Ñanga como na sua bagagem quando este se desloca. Remédios de Artur Murimo Mafumo, Ñanga da Matola (Marracuene, 23 – 27 de Dezembro de 1955) Designação Parte da planta utilizada Shinyuke Manono Mutsu wá Phirmbulo Shijalala ou Shizalala Mutsu wá Mumgamázi Mafuja iá timpono Raiz Nzunzuluka Raiz Defumar o cesto com amendoim antes de semear para assegurar uma boa sementeira e colheita. Mastigar e cuspir sobre o Tinhlolo antes de deitar os ossículo. Provocar vómitos, quando o doente tem Nhôngua, para limpar o estômago e, a seguir poder comer bem novamente. Obs Pedaço de carvão vegetal Árvore que nasce perto de rios e lagos Phumlselo, planta de cor amarelo alaranjado, que nasce no mato Raiz e ramos Manter o poder de invocar o Chicuembo. Árvore Raiz Cortam-se pedaços pequenos para confeccionar colares que se usam para invocar o Chicuembo. Árvore (Mumgamázi) Óleo Preparação de unguentos. Ricinus communis L. (Rícino) Raiz Dores de barriga. Árvore. A raiz moída guarda-se em cabaça própria que se designa por N´hunguvana Entra também na composição do Shirimbyati. Osso de simba (gata bravo) .Entra na composição de Ku Tyibelela. Pele de gato bravo Defumar / purificar a criança 6 dias depois desta ter nascido. Remédio composto onde se mistura Shikhumba sha nsimba e Rambu deya nsimba com raízes de Mpêinsha, Nklangula, Manungwane, Shiklumba, Sirimbyati, Sha Ndhlopfu, Nishikhumba, Sha Nsimba Rambu deya nsimba Shikhumba sha nsimba Ku Tyibelela Raízes Shirimbyati , Shimbyati ou Shijimbjat Raízes Muhlabakunse Raiz Remédio contra mordedura de cobra Mamba Nyokamati Manunwelambéna Tsumani Utilização Dá-se a água a beber à criança durante 4 meses. Serve também para as crianças pequenas quando tem que viajar. As mães deverão levar sempre este remédio para evitar diarreias. Defumar o curral e os bois que andam magros. Tudo reduzido a pó para se aplicar sobre mordedura de cobra. Aplica-se sobre braço ou perna deslocada. Raiz Folhas Para “cheirar” e espirrar durante o acto de Kufemba. Mistura-se com óleo de rícino para o tratamento da sarna. Árvore. Cissampelos parreira L. Raiz da árvore Muhlabakunse mais gordura e pele de jibóia picada Mistura de cabeças e rabos de giboía e de todas as variedades possíveis de cobras que se puder arranjar Só resulta se a mordedura for a de uma das cobras que entra na composição do remédio Pedaço de pele de cobra Mamba Espécie de trepadeira Árvore Zamioculcas boivinii