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Resumo da Tese
CARACTERIZAÇÃO DOS COMPARTIMENTOS DE CÉLULAS-TRONCO
HEMATOPOÉTICAS, MESENQUIMAIS E ENDOTELIAIS EM PACIENTES
COM CARDIOPATIA ISQUÊMICA OU VALVULAR.
Autora: Carine Ghem
Orientadora: Dra. Melissa Medeiros Markoski
Co-orientadora: Dra. Nance Beyer Nardi
Defendida em 26 de fevereiro de 2014.
As doenças cardiovasculares permanecem como a principal causa de
morbidade e mortalidade no mundo. No Brasil, as doenças cardiovasculares são
as principais causas de morte em mulheres e homens, sendo responsáveis por
cerca de 20% de todas as mortes em indivíduos acima de 30 anos. Segundo
estimativas da Organização Mundial de Saúde, cerca de 20 milhões de pessoas
em todo o mundo sofrem de doenças cardiovasculares, representando um
importante problema de sáude pública que resulta em altos custos em
assistência médica.
Dentre as doenças cardiovasculares destacam-se a cardiopatia isquêmica
(CI) e a cardiopatia valvular (CV). A cirurgia de revascularização do miocárdio
(CRM) é a cirurgia cardíaca mais comum hoje em dia, seguida da cirurgia de
troca valvular. As válvulas cardíacas mais comumente acometidas são as
válvulas mitral e aórtica, causando uma sobrecarga pressórica ventricular. A CI
tem como sua principal causa o processo aterosclerótico, que é uma doença
progressiva caracterizada pelo acúmulo de lipídios e elementos fibrosos nas
grandes artérias, formando as placas ateroscleróticas.
Conforme a progressão do processo aterosclerótico, a placa pode reduzir o
lúmen do vaso, ou até obstruir totalmente a circulação, resultando na
apresentação clínica das doenças isquêmicas que são: angina estável, angina
instável, infarto agudo do miocárdio (IAM) e morte súbita.
Estratégias farmacológicas, intervenções ciúrgicas e angioplastia têm
levado a uma melhora na sobrevida desses pacientes, mas essas técnicas não
têm capacidade de regenerar as células danificadas durante um evento
isquêmico. Em poucos anos a terapia celular tem emergido como uma nova e
potencial estratégia que favorece a cardiomiogênese e neovascularização,
oferecendo novas oportunidades de tratamento.
O potencial terapêutico das células-tronco nas doenças cardiovasculares
tem
sido
intensamente
pesquisado,
desde
suas
primeiras
aplicações
experimentais em animais, onde as células-tronco de medula óssea (MO) têm
demonstrado capacidade de regeneração miocárdica, melhora da fração de
ejeção do ventrículo esquerdo (VE), regeneração do endotélio lesado e redução
da área infartada.
Após estudos bem sucedidos em modelos animais, a terapia celular
utilizando a fração mononuclear da MO foi aplicada em pacientes com doenças
cardiovasculares,
observando-se
melhora
na
função
do
miocárdio10,
contratilidade cardíaca, função do VE e sintomatologia dos pacientes. O uso de
terapia celular em pacientes com doenças cardiovasculares é seguro e parece
melhorar as funções cardíacas, no entanto, os mecanismos que explicam esses
benefícios ainda precisam ser elucidados.
A
fração
mononuclear
da
MO
é
composta
pelas
células-tronco
hematopoéticas (CTH), células progenitoras endoteliais (CPE) e células-tronco
mesenquimais (CTM), dentre outras, e estudos relatam que pacientes
cardiopatas apresentam frequência e capacidade funcional prejudicados dos
compartimentos tronco mesenquimal, endotelial e hematopoético. Sendo cada
vez mais necessário entender como os processos fisiológicos e patofisiológicos
atuam na função dessas células, e devido a resultados ainda pouco conclusivos
sobre o uso da terapia celular em seres humanos, a atenção voltou-se para o
comportamento das células progenitoras de diferentes compartimentos em
pacientes com doenças cardiovasculares.
Objetivos: A disfunção do ventrículo esquerdo é uma complicação das
doenças cardiovasculares, e a terapia celular utilizando a fração mononuclear
autóloga da medula óssea em cardiopatas, vem demonstrando melhora da
fração de ejeção e sintomatologia. A fração mononuclear da medula óssea
representa uma população celular heterogênea, contendo dentre outras, as
células-tronco mesenquimais, células progenitoras endoteliais e células-tronco
hematopoéticas. A presença de cardiopatia poderia comprometer esses
compartimentos. O objetivo do presente trabalho foi correlacionar a disfunção do
ventrículo esquerdo e fatores de risco cardiovasculares com variações na
frequência e capacidade funcional dos compartimentos tronco mesenquimal,
endotelial e hematopoético, buscando uma maneira de identificar os pacientes
nos quais a terapia celular autóloga teria maior sucesso.
Métodos: Este estudo incluiu 36 pacientes encaminhados para cirurgia de
revascularização do miocárdio ou substituição de válvula aórtica. A fração
mononuclear foi isolada a partir da medula óssea do esterno e utilizada para a
análise dos compartimentos tronco, através de ensaios clonogênicos e
citometria de fluxo.
Resultados: Os pacientes com disfunção do ventrículo esquerdo, diabetes
e pacientes com risco intermediário no EuroScore e SyntaxScore apresentaram
comprometimento do compartimento tronco endotelial. O uso dos medicamentos
aspirina e β-bloqueadores mostraram-se associados com uma maior frequência
de células nos compartimentos endotelial e hematopoético respectivamente.
Conclusão: A disfunção do ventrículo esquerdo, diabetes mellitus e escores
clínicos desfavoráveis se associaram com um maior comprometimento dos
compartimentos de células-tronco, e a terapia celular utilizando células da
medula óssea autóloga talvez não seja a melhor terapia de escolha para esses
pacientes.
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