Discurso proferido pelo Deputado RUBENS BUENO (PPS/PR), em sessão no dia 12 /12 /2002. POR QUE OS ESTADOS E OS MUNICÍPIOS SE ENDIVIDAM Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, Desde Responsabilidade que Fiscal, os entrou em governos vigor federal a Lei estaduais de e municipais tiveram que, a ferro e fogo, ajustar suas contas às determinações daquela lei. Os reclamos foram muitos. E mesmo esse ajustamento de contas foi precedido por uma ampla renegociação da dívida dos Estados frente à União, quando se definiu um percentual mínimo a ser utilizado para saldar do débito assim recomposto. Com a eleição de novo governo, correm os executivos estaduais a buscar um lenitivo, uma nova renegociação, embora a anterior não tenha completado sequer dois anos. Muitos Minas, Rio de Janeiro, Espirito Santo - para citar apenas alguns, já anunciaram a impossibilidade de pagar o 13º de seu funcionalismo. E o Sr. Itamar, que exige pagamento de crédito junto ao Governo Federal, ameaçou ir á justiça para receber o que lhe é devido. Irresponsabilidade, falta de modernização e racionalização dos serviços públicos, a corrupção, ela mesma, e o hábito daninho de, antes de deixar o governo, recompensar seus áulicos com prebendas de toda espécie, às custas, é óbvio do Erário, são causas costumeiramente argüídas. Um aspecto, contudo, Sr. Presidente, Srs. Deputados, costuma ser deixado de lado e, no entanto, é o responsável talvez maior para essa carência de recursos: a guerra fiscal, uma forma de governadores e prefeitos disputarem a instalação de indústrias de porte em sua área de jurisdição, na presunção de que, mais empregos diretos e indiretos gerados, maior será a arrecadação do Estado e do Município. E estão todos completamente enganados. Tal afirmativa nós a fazemos respaldados por estudos realizados pelo BNDES, estudos de que nos deu notícia o "Estadão", em sua edição do dia 29 de novembro deste ano (pág. A2). Pesquisas realizadas com as Estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul contas dos e Paraná demonstram que os subsídios concedidos - por exemplo, isenção de 75% do ICMS - somaram o mesmo tanto que o investido pelas montadoras de automóveis naquelas áreas, o que já indica uma situação, digamos assim, zerada. De mais a mais, cada ponto de trabalho assim criado custou ao Estado ou ao Município - cerca de 300 mil a 400 mil reais, quando, a média em vários setores, não passa de 30 mil. É um custo soberbo e que, de alguma forma, terá de ser absorvido pelos cofres públicos, com os resultados que todos conhecemos. Outras concessões da espécie e não apenas para as montadoras, foram mantidas por Estados como Bahia, Espirito Santo, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Os resultados, no entanto, foram pífios porque, antes de mais nada, a posição desses estados no "ranking" do PIB em nada progrediu. Se quisermos nos debruçar sobre o que ocorre nos estados mais pobres da Federação, como por exemplo, Rondônia, Roraima e Piauí, o recurso à guerra fiscal, com a costumeira concessão de isenções e perdões fiscais, acabou por reduzir a arrecadação de cada um dos entes federados, o que demonstra com números exatos, a ineficiência da "guerra" . Dentre esses exemplos - e sem que nos queiramos referir a quaisquer culpados - está o do Estado de Goiás. Ali, Sr. Presidente, e desde 1985 até esta data, foram concedidos cerca de 25 bilhões de incentivos de toda espécie, quando a dívida do Estado junto à União já chega aos 9 bilhões de reais, uma dívida que, nos últimos anos, exigiu um desembolso superior a R$3 bilhões. É fato que a saturação dos grandes centros industriais, como São Paulo e Rio de Janeiro, além de algumas regiões metropolitanas como as de Porto Alegre, Curitiba e Belo Horizonte, está exigindo o deslocamento de unidades industrias para regiões um pouco mais afastadas dos grandes centros . Sabendo dessa tendência, governadores e prefeitos se engalfinham na ânsia de conseguir esta ou aquela indústria, na ilusão de que o que ocorreu no ABC ou no Vale do Paraíba possa se repetir em todos os cantos do país. Pois é exatamente o BNDES, responsável maior pelos grandes financiamentos industriais no país, que nos vem alertar de que o recurso à guerra fiscal não é o caminho a seguir. Muito obrigado pela atenção. Deputado RUBENS BUENO PPS/PR