Aula digitada – 02/10/09 Anti-helmínticos e antiprotozoários – Profa. Eunice 18’47’’- 38’ (Comentário a respeito da suboclusão intestinal por Ascaris – referente ao slide 19) Aqui é, como eu disse, que pode ocorrer a oclusão intestinal por Ascaris lumbricoides. Parece longe da realidade da gente, mas acontece em hospitais que têm atendimento à população, principalmente na Pediatria. É onde, então, forma-se uma quantidade enorme de Ascaris no intestino. A complicação mais comum da ascaridíase intestinal é essa obstrução A taxa de mortalidade entre crianças com obstrução intestinal pode alcançar até 24%. Então, é um valor alto e se deve à demora na apresentação, justamente porque o indivíduo está lá e tem Ascaris, tem sintomas de (...), passa a ter diarréia, desconforto intestinal, tem ameba para fazer o controle, quando chega a situação em que o intestino está cheio de vermes, levando então a essa suboclusão intestinal. E aí, como eu disse, pode ser feita uma cirurgia ou tenta-se ainda a opção de ficar 24h em jejum, em que o óleo mineral (...) para ver se ocorre uma desobstrução intestinal sem precisar levar o paciente à cirurgia. (Esquistossomíase) Temos a esquistossomose ainda. A prevalência no mundo é de mais de 200 milhões e no Brasil, mais de 6 milhões de pessoas são afetadas pela esquistossomose. O agente etiológico é o Schistosoma, no caso o mansoni. O hospedeiro definitivo vai ser o homem e o intermediário, moluscos e caramujos de água doce. O indivíduo vai lá e acaba sendo infectado por esse tipo de platelminto. O ciclo evolutivo pode ser no interior do caramujo e no organismo do homem. Então, o indivíduo acaba pegando a doença pelo contato com a água doce contaminada. Os sintomas podem ser dor de cabeça, dor de barriga, mal estar e prostração, emagrecimento, falta de apetite, o que muitas vezes faz com que o indivíduo acabe procurando um atendimento médico achando que é algum desconforto abdominal ou que a dor de cabeça vai passar, não pensa na esquistossomose, muitas vezes tem que perguntar aonde ele foi, que tipo de local que ele frequenta ou fazer os exames (...) Aqui estão as regiões mais endêmicas da esquistossomose (slide 23). Então essa área aqui é a mais elevada e nós (RN) estamos incluídos aqui numa partezinha. Outras áreas chegam até o RJ, ES, SE, AL, que é a parte mais central da esquistossomose. E o tratamento é feito com a oxamniquina que exerce efeito anticolinérgico. O mecanismo de ação parece resultar da ativação enzimática do fármaco, dependente de ATP. Os efeitos adversos são os mesmos: reações alérgicas, rachaduras da pele, distúrbios neuropsiquiátricos e convulsões, mas é raro isso. São efeitos adversos que também são controlados, mas ninguém vai parar de tomar a medicação. (Resumo dos fármacos anti-helmínticos – slides 25 e 26) Aqui nos temos a tabela – fica mais fácil fazer a escolha para cada um desses helmintos. No caso, se vocês olharem, a maior parte é albendazol e mebendazol, ou então, numa opção secundária, a piperazina, pamoato de pirvínio (...). Mas de uma maneira geral o albendazol e o mebendazol serve para todos eles. (...). Então, não existe muito segredo para tratar os helmintos. O problema é que a situação aqui no Brasil é esta: o indivíduo quando chega no hospital já está cheio (de vermes) ou muitas vezes nem vai (ao hospital) ou acaba tomando remédio por conta própria uma vez por ano para tirar o peso da consciência. Mas o que fazer? São indivíduos em situação muito precária, que é a nossa realidade no Brasil; então quando chega são aquelas crianças em situação bem precária. Então é uma questão de saúde pública, porque o tratamento é extremamente simples. Aqui então uma tabela para vocês, mostrando o mebendazol, suas indicações, a dose em que é utilizada e o mecanismo de ação resumido. (Não está muito audível, mas ela diz que não vai cobrar doses na prova; diz que é para nós entendermos como funciona cada droga e qual é melhor indicada ou não). Antiprotozoários (Amebíase – Agentes amebicidas) Aqui nos temos a amebíase, que no caso é causada pela Entamoeba histolytica. Ela também faz ciclo pulmonar; causa disenteria, pois há invasão da parede intestinal, mas é rara no fígado. Vai ser digerida, vai cair no estômago, vai entrar no pulmão e daí pode ser expelida ou então ela pode voltar e causar lesões. Aqui a forma dela de cisto, que pode ser transformada então em trofozoítos, Esses trofozoítos podem causar úlceras no intestino do indivíduo e daí aquela diarréia ou então, eles podem entrar na corrente sanguínea e fazer um abscesso hepático. Aqui nos temos os fármacos de escolha: o metronidazol, que é ativado pelos microrganismos anaeróbicos (...); o tinidazol, que é muito semelhante ao metronidazol; e a diloxanida, que também é semelhante ao metronidazol e é mais um amebicida. Aqui nos temos então a amebíase intestinal invasiva aguda, que causa disenteria amebiana, com presença de sangue e muco nas fezes. Aqui então já tem o indicativo para vocês fazerem o diagnóstico quando o indivíduo chegar com algum desses sintomas. Utiliza-se o metronidazol mais a diloxanida. E a amebíase intestinal crônica vai ser tratada com a diloxanida. A amebíase hepática é aquela que causa abscesso hepático e pode-se utilizar o metronidazol mais a diloxanida. Então, nessa história, a gente fica sempre variando entre uma ou outra (metronidazol e diloxanida). Ou, o estado de portador, em que o indivíduo é assintomático, mas é detectado no exame de fezes, e pode-se fazer o tratamento com diloxanida. (Alguém faz uma pergunta, mas não dá para escutar nada, nem mesmo a resposta dela). (Giardíase) Temos a giardíase, que é uma outra infecção causada por protozoário, a Giardia lamblia. Transmissão é a forma trofozoítica desse parasita que coloniza o intestino e os ovos saem nas fezes. Essa contaminação é feita por água e alimentos contaminados. (...). A giardíase pode ser assintomática, em que o indivíduo não sente nada, ou ele pode ter anorexia, náusea, mal estar, cólica abdominal, vômito, distensão abdominal, diarréia, perda de peso. Então, são esses sintomas que fazem com que o indivíduo vá procurar uma assistência médica. Se ele for assintomático, ele vai continuar ali, contribuindo para que o ciclo evolutivo não pare nele. Tratamento da giardíase: o metronidazol é o fármaco de escolha – continuamos na mesma história de novo; tinidazol; secnidazol, que são muito parecidos e têm o mesmo mecanismo de ação; e a furazolidona, que atua por inibição gradual da monoamino oxidase (MAO). Fora isso, não tem outras opções desse verme aqui. Aqui tem o efeito colateral de cada um deles: náuseas, aquele gosto metálico (que é clássico do metronidazol), estomatite, erupções urticariformes, vertigem, ataxia, que podem ocorrer ou não. Quando a gente coloca efeitos adversos, não é porque especificamente vai ter todos esses sintomas; pode ter um ou outro, dependendo da sensibilidade de cada indivíduo. Aqui a posologia, para vocês que gostam. (Secnidazol) adultos, 2g, dose única e crianças, 30mg/kg, dose única também. O fato de ser dose única favorece muito o tratamento, porque o indivíduo odeia ficar tomando por 7 dias (...); então, sendo dose única, ele tomou e acabou a história. As apresentações disponíveis são os comprimidos ou em suspensão, utilizada em crianças. Aqui é um resumo então para a furazolidona que trata E. coli também, Shiguella, Proteus, Aerobacter. É um antimicrobiano sintético do grupo dos nitrofuranos, que tem um amplo espectro contra todas essas bactérias aqui, além de ser útil na giardíase. Os efeitos adversos - hipotensão arterial, urticária, febre, artralgia, erupção cutânea, náuseas e cefaléia - são os mesmos, então não vai ter segredo, nem adianta eu ficar lendo aqui. Aqui as doses: 200mg, 2 vezes/dia, durante 7 dias (para adultos); para crianças de 7 a 12 anos são 100 mg, 2 vezes/dia, durante 7 dias também e maiores de 7 anos, 50 mg, 2 vezes/dia (durante 7 dias). A apresentação tem em comprimidos, tem em suspensão também, que pode ser utilizada para crianças. (Toxoplasmose) Temos a toxoplasmose também, causada pelo Toxoplasma gondii. O hospedeiro é o gato; é uma doença então transmitida pelo gato, que é extremamente complicada e difícil de tratar. A transmissão é pelas fezes dos gatos infectados, carne crua contaminada também, e pode ser transplacentária, onde a mãe tem e pode passar para o bebê. A transmissão placentária é um problema onde a mulher fica (...) antes de engravidar e se ela tiver, ela pode passar para a criança e então vai causar a toxoplasmose congênita. Esse é um problema muito sério para a gravidez, pois pode levar a perda da visão. As manifestações clínicas são a linfadenopatia cervical, febre, mal estar, linfocitose atípica, mialgia e a toxoplasmose congênita. A toxoplasmose congênita pode causar hidrocefalia, hepatoesplenomegalia, icterícia, retardo mental e retinocoroidite; na verdade é por isso que se faz aquele teste na mulher, porque se ela engravidar e tiver (com toxoplasmose), a criança tem grande probabilidade de apresentar algum desses sintomas. O tratamento então é feito com pirimetamina + suldadiazina, que são inibidores do metabolismo do folato. Eles destroem os taquizoítos e têm uma boa penetração no líquido cefalorraquidiano em concentrações terapêuticas. Aqui tem os efeitos colaterais novamente. É a mesma história, os mesmos efeitos colaterais que nós vimos desde a amebíase: anorexia, cólicas abdominais, vômito, ataxia, tremores, convulsão; são efeitos que dependem da sensibilidade de cada indivíduo. Aqui os efeitos adversos dos dois (na verdade, aqui, ela se confundiu, pois os efeitos adversos referidos anteriormente eram da pirimetamida, e só depois são expostos os efeitos colaterais da sulfadiazina), que é praticamente a mesma coisa; todos eles, na verdade, têm efeitos adversos. Contra-indicados em disfunções hepáticas graves, disfunções renais graves e nos primeiros 3 meses de gravidez, justamente por conta da história da (...) do bebê. Temos aqui a administração posológica: sulfadiazina, 2-4 g/dia, durante 30 dias e pirimetamina, 50 mg/dia (3 dias) e 25 mg/dia (durante 27 dias). Observação de monitorar contagem de leucócitos 2 vezes/semana.