UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - CAMPUS I LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO INFANTIL ANA PAULA SACRAMENTO DE VENEZA REFLEXÕES SOBRE A RELAÇÃO FAMÍLIA – ESCOLA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA CRIANÇA DE EDUCAÇÃO INFANTIL Salvador 2011 ANA PAULA SACRAMENTO DE VENEZA REFLEXÕES SOBRE A RELAÇÃO FAMÍLIA – ESCOLA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA CRIANÇA DE EDUCAÇÃO INFANTIL Monografia apresentada ao curso de Pedagogia com Licenciatura em Educação Infantil da Universidade do Estado da Bahia, como requisito parcial para obtenção do título de graduação em Pedagogia Educação Infantil. Orientadora: Prof. Claudia Santana Salvador 2011 ANA PAULA SACRAMENTO DE VENEZA REFLEXÕES SOBRE A RELAÇÃO FAMÍLIA – ESCOLA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA CRIANÇA DE EDUCAÇÃO INFANTIL Monografia apresentada ao curso de Pedagogia da Universidade do Estado da Bahia como pré-requisito para obtenção do grau de licenciatura pela Banca Examinadora composta pelos membros: BANCA AVALIADORA ________________________________ Professora Claudia Santana – Orientadora Professora Fátima Noleto DEDICATÓRIA Dedico esta monografia aos meus pais Maria e Paulo e aos meus irmãos pela força e paciência e por acreditarem em minha capacidade de conseguir o que tanto almejo. AGRADECIMENTOS “Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer!” (Mahatma gandhi) Mas uma etapa vencida! Etapa essa de aprendizados, experiências, crescimento pessoal e intelectual. Foram três anos corridos com desafios, conquistas, escolhas, enfim realizações. Agradeço a Deus por iluminar meus passos. Aos meus pais Maria e Paulo por dedicarem e abdicarem de algumas coisas para proporcionar uma boa educação. Aos meus irmãos João Paulo e Paloma pela força. As amigas: Livi agradeço pela mensagem avisando a minha classificação. Débora pela amizade fiel e por ter me ajudado na tradução desse trabalho, a Gleide por ser meu astral, Tâm por proporcionar risos quando estamos juntas. As amigas da faculdade: Dani, Fabi,Iarinha e Teca pelo companheirismo e união. A Professora Claudia Santana que ajudou a concluir este trabalho. Enfim, obrigada a todos por estarem sempre presentes em minha vida e por compartilharem os encantos e dificuldades desta jornada. "Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda." (Paulo Freire) RESUMO O presente trabalho de conclusão do Curso de Pedagogia traz resultados das muitas inquietações sobre a importância de compreender como a família e a escola interage no processo de aprendizagem da criança. Partiu da seguinte questão: Quais seriam as contribuições da parceria escola- família no desenvolvimento das crianças da educação infantil. A relação famíliaescola tem sido alvo de discussões de teóricos da educação e, também, dos diversos segmentos da sociedade, que apostam nessa relação, como um dos fatores que deverão garantir o sucesso dos alunos em suas trajetórias escolares. Para atingir o objetivo proposto buscou-se utilizar a pesquisa qualitativa-descritiva, a partir de estudo de caso que possibilitou um importante conhecimento de forma ordenada e coerente; além de utilizar questionários no qual se constatou que a participação da familia na escola é necessário, para o acompanhamento da criança no processo de desenvolvimento cognitivo, social, ético (humano) de forma integral. Palavras-chave: Família. Escola. Aprendizagem. ABSTRACT This conclusion work of Education Course brings results of many concerns about the importance of understanding how family and the school interact in the children’s learning process. This work started from this determinate question: What would be the contributions of the school-family relationship in the development of children's education. Nowadays, the family-school relationship has been the subject of discussions of theoretical education and also of various segments of society, which point to that relationship as one of the factors that might provide the success of students in their student history. In order to develop this study, it was used the qualitative-descriptive research, with case study, that provided an important knowledge orderly and coherent, as well as using questionnaires in which it was found that the participation of family in school is necessary to accompany children in the process of cognitive development, and also social, ethical (humane) in a full way. Key-words: family. School. learning SUMÁRIO INTRODUÇÃO.........................................................................................................................9 1. CONCEITO DE FAMÍLIA E EDUCAÇÃO INFANTIL.........................................................13 1.1 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ACERCA DA FAMÍLIA NO ÂMBITO DO ESPAÇO ESCOLAR..............................................................................................................................17 1.2 A FAMÍLIA E O PROCESSO DE APRENDIZAGEM........................................................22 2. CONHECENDO A ESCOLA- CARACTERIZAÇÕES DO CAMPO DE PESQUISA.........26 2.1 A GESTÃO PEDAGÓGICA E A FAMÍLIA........................................................................27 2.2 ENFIM A REALIDADE- CONHECENDO DADOS...........................................................32 4. REFLEXÕES FINAIS........................................................................................................40 REFERÊNCIAS.....................................................................................................................42 ANEXOS E APÊNDICES......................................................................................................45 9 INTRODUÇÃO A fim de analisar as contribuições que a relação família – escola proporciona a criança na educação infantil, está monografia apresenta alguns resultados das muitas inquietações a propósito da importância de compreender como a família e a escola interage no processo de aprendizagem da criança. Na contemporaneidade, a relação família-escola tem sido alvo de discussões de teóricos da educação e, também, dos diversos segmentos da sociedade, que aposta nessa relação, como um dos fatores para garantir o sucesso dos alunos em sua trajetória escolar. Segundo Reis, a família é essencial para o desenvolvimento do indivíduo, é no meio familiar o primeiro espaço de socialização onde a criança tem seus primeiros contatos com o mundo externo, com a afetividade com os elementos culturais de uma determinada sociedade, que são elementos fundamentais na construção da aprendizagem, e da convivência. É fundamental para que a criança se insira no ambiente escolar a parceria entre família e escola, visto que é possível contribuir para uma educação de qualidade e promovendo o bem estar de todos. Inserido nesse contexto é que nasce a seguinte proposição de pesquisa: quais seriam as contribuições da parceria escola- família no desenvolvimento das crianças da educação infantil? Assim, o objetivo principal, desta monografia é investigar de que forma a escola se relaciona com a família para compartilhar o processo de ensinoaprendizagem da criança na educação infantil na construção de valores e de conhecimentos. Identificando as estratégias utilizadas pela escola para proporcionar participação a da família nas atividades pedagógicas; relacionando quais os benefícios para aprendizagem da criança nessa relação família-escola e colaborando para fortalecer a importância da relação famíliaescola no processo ensino-aprendizagem, especificamente na educação infantil. 10 Esse estudo nasceu em 2010 a partir da observação (participativa) em um colégio de educação infantil da rede particular que aqui denominaremos de colégio X. A observação (participativa) aconteceu no grupo 4, onde estagiei durante um ano. Na sala observada havia 21 crianças, cada uma com sua peculiaridade. Dentro desse período de estágio pude notar os aprendizados adquiridos, as dificuldades existentes mais logo superadas e a participação ativa da família junto com a escola. Assim, o interesse por esse estudo foi de analisar quais as contribuições que a relação família - escola proporciona a criança na educação infantil. A escola X, por entender do seu compromisso com a formação desses alunos, sempre está buscando criar projetos que possam interagir com a família. Mas o que é observado é que essa não é uma tarefa fácil, já que a escola atende a classe média e alta de Salvador e a maioria dos pais alegam não ter tempo de participarem do processo de ensino e aprendizado dos seus filhos. Limita-se a participar das reuniões e a demais atribuição deixa sob a responsabilidade da escola e das babás. Mas a equipe pedagógica da escola não desiste diante dos obstáculos e está sempre convidando a família para assumir seu papel na educação de seu filho (a) através de folhetos informativos, palestras e projetos como o dia da família na escola. Por acreditar que essas duas instituições são os pilares para construção de um cidadão apto para o exercício pleno da cidadania com formação integral, ao longo desse trabalho serão abordadas algumas questões que contribuem para que essa parceria aconteça em prol da eficácia do processo ensino aprendizagem da criança. Nesse sentido, é importante citar Içami Tiba (1996, p.140) diz: “o ambiente escolar deve ser de uma integração que complete o ambiente familiar do educando, os quais devem ser agradáveis e geradores de afetos. Os pais e a escola devem ter princípios muito próximos para o benefício do filho/aluno”. Essa é uma pesquisa qualitativa-descritiva, a partir de estudo de caso na Escola X, uma instituição privada que atende alunos das classes média e 11 alta na educação infantil localizada na cidade de Salvador-Ba , que possibilitará um importante conhecimento de forma ordenada e coerente; além de utilizar instrumento de pesquisa como questionários, da qual se constata que a participação da família na escola é necessário, para o acompanhamento da criança no processo de desenvolvimento cognitivo, social, ético (humano) de forma integral. A estrutura textual desse trabalho apresenta algumas considerações acerca da necessidade de fortalecer o papel da família na escola, principalmente na sua fase inicial marcada pela educação infantil. Respectivamente descrito conceito de família e educação infantil; algumas considerações acerca da família no âmbito do espaço escolar; o papel da família no processo de aprendizagem; caracterizações do campo de pesquisa; gestão pedagógica e família; resultados de pesquisa e reflexões finais. O presente trabalho é composto por introdução, é dividida em três capítulos e reflexão final. A introdução faz um apanhado da idéia geral desenvolvida e pretendida nesta produção. No primeiro capítulo, descrevemos, brevemente, o conceito de família, trazendo um breve histórico a partir dos autores como Moreira, Barbirato, Fidomanzo. Também traz discussão de Rego, Tiba, Reis e Pero que nos levam a refletir que nos dias contemporâneos a escola e a família compartilham funções sociais, políticas e educacionais importantes para a formação das pessoas. No segundo capitulo apresenta as caracterizações do campo de pesquisa, fazendo um apanhado dos aspectos pedagógicos da escola. Mencionamos Vygotsky, pois na instituição observada à criança é vista a partir de sua perspectiva como ser social, histórico, agente ativo do processo de construção do conhecimento. Além de Piaget, RCNEI e Estatuto da Criança e adolescente. No terceiro capítulo trata da amostragem dos resultados da pesquisa que contou com a participação de uma gestora, três educadoras, nove mães e um 12 pai todos do Colégio X situado na cidade do Salvador. Nessa fase, houve observação e o instrumento de pesquisa utilizado foram questionários. E por fim a reflexão final faz uma síntese do que o trabalho aponta e se propôs a apresentar os benefícios que a parceria família – escola agrega para evolução na aprendizagem das crianças em especial na educação infantil no aspecto geral como sujeitos formadores de opiniões e críticos. 13 1 CONCEITO DE FAMÍLIA E EDUCAÇÃO INFANTIL Segundo Althoff (1996) na literatura, o termo família encontra-se definido de acordo com a estrutura e as funções de cada sociedade, em determinados períodos históricos. Segundo Engels (1995, p 61) “ em sua origem a palavra família não significa o ideal - de sentimentalismo e dissensões domésticas – do filisteu de nossa época; a princípio, entre os romanos, (...) famulus quer dizer escravo doméstico e família é o conjunto de escravos pertencentes ao mesmo homem.” O autor declara ainda que “a expressão foi inventada pelos romanos para designar um novo organismo social, cujo chefe mantinha sob seu poder a mulher, os filhos e certo número de escravos, com pátrio poder romano e o direito de vida e morte sobre eles As mudanças que se observam ao longo do tempo em relação à família remetem a uma breve discussão sobre o conceito de família, pois antigamente a família era definida como um “agregado doméstico […] composto por pessoas unidas por vínculos de aliança, consangüinidade ou outros laços sociais, podendo ser restrita ou alargada” (MOREIRA, 2001, p. 22). Segundo Barbirato (2011) a família na idade Média não havia o sentimento de amor, nem transmissão de valores e de conhecimentos, as trocas afetivas ocorriam fora da família, à educação das crianças acontecia no convívio com os adultos, não tinha restrição ao contato físico nas brincadeiras entre crianças com os adultos e nem privacidade no convívio. Segundo Fidomanzo (2003) no século XIX, surge o modelo da Família Burguesa em que começava-se a criar laços afetivos e os filhos recebiam valores. A mãe era quem cuidava tivessem um espaço na sociedade. da educação dos filhos para que eles 14 Os valores burgueses se intensificaram com as transformações da sociedade. Com a evolução do homem o perfil de família idealizado modificou no transcorrer da história. Em cargo das transformações sociais, econômicas e religiosas. Atualmente a família não é mais vista como só de origem biológica, mas, por algum responsável, não necessariamente mãe e pai, mas sim aquele que oferece afeto, comprometimento, valores e favorece a aprendizagem e a construção de identidade da criança. Partindo das opiniões de Rego (2003) tais discussões levam a refletir que nos dias contemporâneos a escola e a família compartilham funções sociais, políticas e educacionais, pois, é por meio da influência mútua desse afazer em conjunto, que tem como finalidade a formação do bem estar e da aprendizagem das crianças, os quais contribuirão no desenvolvimento incondicional dos mesmos. A consolidação da educação infantil no Brasil acompanhou as mudanças sociais emergentes como, por exemplo, a participação da mulher no mercado de trabalho e as variações na organização e estrutura familiar. Culturalmente a sociedade está mais consciente da importância das experiências vivida nos primeiros anos da criança para o seu desenvolvimento. A união desses fatores ensaiou um movimento na sociedade civil e de órgão governamentais para o atendimento da criança de zero a seis anos resultado do artigo 280, inciso IV que trata da educação na constituição federal de 1988, conhecida como constituição cidadã, que determina de forma clara a responsabilidade do Estado para com a educação das crianças de zero a seis anos em creche e pré – escola sendo como educação não-obrigatória e compartilhada com a família. Oito anos depois a Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) consolida a educação infantil que atende crianças de zero a três anos de Creche, e a instituição que atende crianças de quatro a seis anos de idade de Pré – escola. Posteriormente, de acordo com a Lei 11.274, de 6 de fevereiro de 2006, o ensino fundamental passa a ser de nove anos de duração e não 15 mais de oito, com isso as crianças de seis anos de idade deverão ingressar obrigatoriamente no ensino fundamental e não mais na pré-escola. A seguir LDB 9394/96 sobre a educação infantil no Artigo 29 e 30: A Educação Infantil é concentrada como primeira etapa da Educação Básica e tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até cinco anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológico e social, complementando a ação da família e da comunidade. No art. 30. a Educação Infantil será oferecida em creches para crianças de até três anos de idade e em préescolas para crianças de quatro e cinco anos de idade. Para auxiliar as escolas na implementação do Projeto Político Pedagógico (PPP) o Ministério a Educação E Cultura - MEC institui que a educação infantil é uma modalidade de ensino, passando a ter uma função pedagógica, na qual tem como pilares fundamentais para o aprendizado da criança: o cuidar, o educar, o brincar, uma tarefa que toma a realidade e os conhecimentos infantis como ponto de partida e os ampliam por meio de atividade significativa para a vida da criança, e ao mesmo tempo asseguram a conquista de novos conhecimentos. Como descreve o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil - RCNEI (1998, p.23): Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. Percebe-se que a criança passa a ser vista como sujeito aprendente e as escolas, portanto devem estar preparadas para cuidar dessas crianças no sentido de promover o desenvolvimento integral comprometido com o significado de ser criança. Compreender o educar que passa pelo cuidado, ou seja, pela atenção cuidadosa com todos os aspectos que diz respeito ao desenvolvimento pleno, tais como afetividade, os hábitos de higiene, a alimentação, a brincadeira. Portanto cuidar e brincar implica em promover uma ação pedagógica respaldada em uma visão integrada acerca do desenvolvimento infantil, 16 respeitando as peculiaridades de cada criança e oportunizando situações de aprendizagem significativas e prazerosas. As Diretrizes para Educação Infantil apresenta como objetivos a necessidade de desenvolver a imagem positiva da criança, inclusive ao se pensar nas questões étnicos raciais na pluralidade de gênero, valorizando a individualidade de cada um reconhecendo as diferenças. Assim, é preciso refletir como educar, cuidar e brincar, na Educação Infantil, pode auxiliar o desenvolvimento cognitivo, capacidades de apropriação e conhecimento da criança em relação a si e ao mundo. Nesse sentido, o RCNEI (1998, p.24) orienta: A base do cuidado humano é compreender como ajudar o outro a se desenvolver como ser humano. Cuidar significa valorizar e ajudar a desenvolver capacidades. O cuidado é um ato em relação ao outro e a si próprio que possui uma dimensão expressiva e implica em procedimentos específicos. Para compreender a criança e criar condições favoráveis ao seu desenvolvimento, faz-se necessário o respeito às singularidades infantis, que implica na garantia e estímulo na vida escolar para terem liberdade de ação, naturalidade e, consequentemente, prazer em desenvolver o pensamento reflexivo. Assim, a escola deve propor uma atividade que efetivamente ofereça aos alunos experiências concretas, necessárias e indispensáveis às abstrações e operações cognitivas. Na linguagem do brincar que as crianças são motivadas a pensar de maneira autônoma, resolver problemas que o mundo lhe oferece, aprendendo a competir, cooperar com seus semelhantes e conviver como um ser social desenvolvendo a confiança nas próprias capacidades e expressando-se com a autenticidade que lhe é inerente. É essencial para uma escola que se proponha não somente ao sucesso pedagógico, mas também à formação do cidadão, porque a conseqüência imediata dessa ação educativa é a aprendizagem em todas as dimensões: social, cognitiva, relacional e pessoal. 17 1.1 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ACERCA DA FAMÍLIA NO ÂMBITO DO ESPAÇO ESCOLAR O ser humano constitui-se eminente como ser social sendo assim tem necessidade de convivência mútua. Contudo, possui alguns obstáculos e, para assegurar a realização dos seus objetivos em sociedade, é movido a colaborar com seus semelhantes. Dessa influência mútua entre os indivíduos nascem às organizações. Entretanto, para abranger melhor esse processo é respeitável debater, primeiro, o conceito de grupo, pois é o artefato fundamental da organização. Segundo o autor Sousa (2006, p 33) relata: Primeiramente, é significativo enfatizar que o grupo estabelece a estrutura mais elementar do mundo social. No entanto, nenhum grupo nasce finalizado, mas é construído, sendo fundamental para o processo de aprendizagem, convivência e relações. Na sociedade existem dois grupos: primários e secundários. Os grupos primários, como por exemplo a família, possuem maior grau de interação, intimidade e coesão. Esse tipo de grupo requer mais tempo para desenvolver graus de interação e sentimentos comuns aos seus membros. Por sua vez, os grupos secundários mostram-se menos coesos, menos íntimos, mais formais e com normas de convivência mais explícitas. Esses grupos, como, por exemplo, aqueles formados por pessoas que compõem a unidade escolar. Por constituir-se no núcleo básico da sociedade, a família é uma da instituição social que mais influência no desenvolvimento da criança, pois desde seu nascimento, a família se constitui o principal ambiente de desenvolvimento social. Assim como um direito assegurado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente-(ECA) no artigo 4º. 18 É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral do poder publico assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Assim cabe a família perceber o seu papel na formação do caráter e personalidade da criança que irá refletir na sociedade. Para Tiba (1996, p.178) “É dentro de casa, na socialização familiar, que um filho adquire, aprende e absorve a disciplina para, num futuro próximo, ter saúde social [...]”. E seja qual for sua formação a família deve desempenhar funções educativas, transmitir valores culturais, fornecer modelos de formação para o indivíduo viver socialmente e estabelecer suas relações. A família é o primeiro grupo de mediação do indivíduo com o mundo social e é responsável pela sua sobrevivência física e mental, Como afirma Reis (1984, p.99) “A família é a formadora da nossa primeira identidade social. Ela é a primeira a quem aprendemos a nos referir.” Nesse sentido é relevante a participação efetiva dos pais ou responsáveis na vida das crianças no processo de ensino aprendizagem. Pois é no seio familiar que também se concretiza o exercício dos direitos da criança, como cuidados essenciais para possibilitar seu crescimento e desenvolvimento, desta forma a função da família é tão importante que, na sua ausência deve-se oferecer à criança outra instituição que se responsabilize pela transmissão desses valores e condição para inserção na vida social. A família é para o filho o primeiro modelo de como os adultos se comportam, a criança incorporará a cultura que a família reproduzir em seu interior. Nesse contexto Kaloustian (1988, p. 37) relata: A família é o lugar indispensável para a garantia da sobrevivência e da proteção integral dos filhos e demais membros, independentemente do arranjo familiar ou da forma como vêm se estruturando. É a família que propicia os aportes 19 afetos e, sobretudo materiais necessários ao desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes. Ela desempenha um papel decisivo na educação formal e informal. É em seu espaço que são absorvidos os valores éticos e humanitários, e onde se aprofundam os laços de solidariedade. É também em seu interior que se constroem as marcas entre as gerações e são observados valores culturais. Contudo a escola passou a ser um forte aliado da família na formação da criança. Para tanto a família deve buscar uma instituição que mais se assemelhe aos seus costumes e a educação que almeja proporcionar para seu filho. Nesse sentido, é importante citar Içami Tiba (2002, p. 185) que diz: ”quando a parceria família e escola forem formadas desde o inicio da vida escolar, a criança só tem a ganhar, pois quando os dois lados falam a mesma língua e tem os mesmos valores não existem conflitos e discordância na aprendizagem da criança”. Ao escolher a instituição a qual irá confiar à educação do seu filho a família deve ter conhecimento da proposta pedagógica, da estrutura física, a rotina, se corpo docente está bem estruturado para atender as demandas da educação infantil que são de educar, cuidar e brincar. A família ao compartilhar a educação intelectual e doméstica das suas crianças com a escola deve se atentar para todos os detalhes que envolvem essa nova rotina diária dos seus filhos para não haver frustrações futuras. É fundamental que a família e a escola formem uma equipe que busquem atingir os mesmo objetivos quanto ao desenvolvimento integral da criança seguindo princípios e critérios, bem como a mesma direção, proporcionando ao aluno uma segurança na aprendizagem que possibilitará a formação de cidadãos, éticos, humanos e autônomos para dar prosseguimento aos estágios de desenvolvimento. A escola é um significativo espaço de socialização, ela aparece como elemento mediador na apropriação, pelo individuo, do saber historicamente acumulado ao longo do desenvolvimento da humanidade. Nessa perspectiva teórica, assume um papel primordial, pois “a instituição escolar foi criada para 20 desempenhar uma função: a de comunicar às novas gerações os saberes socialmente produzidos, aqueles que são considerados, em um determinado momento histórico, válidos e relevantes” (LERNER, 1996, p. 95). Para iniciação do aluno, entende-se que é nesse espaço que ele se relacionará com os adultos, talvez os mais importantes da sua vida, depois de seus pais ou familiares mais próximos. O primeiro contato com a escola marca para a criança essa importante ampliação de laços afetivos, possibilitando que a mesma, ao se relacionar com novos adultos e colegas, entre em contato com diferentes costumes, hábitos, valores, etnias, e religiões. Sendo assim, significa o reconhecimento do mundo além dos laços e muros de sua casa e da família. Nesse contexto um bom conceito da função social da escola se encontra em (Moran 2010): ”Organizar os processos de aprendizagem dos alunos, de forma que eles desenvolvam as competências necessárias para serem cidadãos plenos e contribuam para melhorar nossa sociedade”. Como descreve o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil RCNEI (1998, p. 76): Além da família nuclear que é constituída pelo pai, mãe e filhos proliferam hoje famílias monoparentais, nas quais apenas mãe ou pai esta presente. Existem ainda as famílias que se reconstituíram por meio de novos casamentos e possuem filhos advindos dessas relações. Há, também, as famílias extensas, comuns na história brasileira, nas quais convivem na mesma casa várias gerações e/ou pessoas ligadas por parentescos diversos. É possível ainda encontrar varias famílias coabitando em uma mesma casa. Enfim, parece não haver limites para arranjos familiares na atualidade. Na era contemporânea com a mudança do modo de vida familiar, segundo a PNAD (2001), de um em cada quatro domicílios no Brasil 27,3% é chefiadas / ou comandadas por mulheres, algo que antes da década de 70 seria quase impossível de se afirmar. No século XXI deflagra novos núcleos familiares, entretanto as premissas (afeto, proteção, cuidado como citado acima) continuam ainda em evidencia. 21 Por isso, é cada vez mais importante a parceria entre a família e a escola, visto que a família é o grupamento primário, elo que dá suporte à escola especialmente nesta fase inicial. Nesse sentido, é importante citar Içami Tiba (1996, p.140) que diz: “o ambiente escolar deve ser de uma integração que complete o ambiente familiar do educando, os quais devem ser agradáveis e geradores de afetos. Os pais e a escola devem ter princípios muito próximos para o benefício do filho/aluno”. Compreendendo o cuidado como parte integrante da educação infantil e como possibilidade de ajudar ao outro em seu desenvolvimento como ser humano, pode-se dizer que quanto melhores forem a parceria e a comunicação entre família e sua escola, mais a criança terá recursos para se desenvolver de maneira sadia. Para escola, quanto mais conhecimento ela tiver dessa criança, mais elementos terão para auxiliá-la no seu desenvolvimento. Para a família, quanto mais sintonizada estiver com o que a criança aprende na escola, mais capazes estarão para auxiliá-las. A criança sente-se valorizada quando percebe um interesse das pessoas de casa naquilo que ela aprende na escola, um espaço tão importante em sua vida. É por isso que a interação e a aproximação da família com a vida escolar da criança são de suma importância para que possam compartilhar o que aprendem e assim potencializar seu aprendizado. Nesse contexto Fontoura (1970, p. 285) relata: Em todo tempo, família e escola se completam – por outro lado, o carinho da família, o cuidado materno é insubstituível [...] a melhor organização educacional não vale o amor de uma mãe. Razão por que a criança não deve ser totalmente entregue a escola [...] nem por isso deve a família desinteressar-se desde então da educação da criança, mas ao contrario,deve observar, acompanhar e complementar a tarefa da escola, agindo de comum acordo com ela. A parceria família – escola é cada vez mais percebida como fundamental para o sucesso educacional e social das crianças que adentram na sociedade e precisam destas duas instituições, que a principio são suas primeiras bases de conhecimento de mundo. Que esteja cada vez mais em sintonia e juntas 22 para alcançarem seu objetivo maior que é formar o cidadão independente e crítico. Diante das mudanças sociais que não tem mais unicamente a genitora como membro cuidador da criança nos anos inicias, a família e a sociedade passam a ter a escola como parceira indispensável na formação de cuidar da criança. 1.2 A FAMÍLIA E O PROCESSO APRENDIZAGEM A influência da família no processo de ensino aprendizagem da criança constitui-se como referencial fundamental para a formação do educando, nessa articulação que a educação acontece de forma construtiva. A família, especialmente os pais, ocupa um importante papel na mudança do comportamento de seus filhos. Eles intervêm no desenvolvimento humano do indivíduo, na relação com o meio natural e social. No ambiente familiar, o modo de ser do sujeito pode ser aprendido por meio de imitações, de significados atribuídos às determinadas situações que se dão na convivência via discurso das pessoas da família ou via comportamentos. É na família, que a criança aprende a se relacionar com o outro, que aprende mitos, crenças e valores que traçam seu perfil como pessoa. Coll (2004, p.406) descreve: Que a família é o contexto mais importante nos primeiros anos de vida da criança ninguém questiona. O saber popular descreve bem tal ambiente, afirmando que as meninas e os meninos adquirem ali as primeiras habilidades: na família, aprendem a rir e a brincar, aprendem os hábitos básicos - por exemplo, aqueles relacionados com a alimentação - e outros muito mais complexos – por exemplo, a relacionarem-se com as pessoas. Partindo do principio que a família é o seio da aprendizagem da criança, instituição na qual começa os primeiros contatos com os valores, cultura, linguagem e sentimentos, procedimentos que contribuem para formação inicial do ser. Entretanto, institui-se que ela não é o único agente educacional possível. O processo começa nela, mas não termina ali. Existem diversos 23 contextos que contribuem para essa formação dentre eles a escola como agente colaborador na aquisição destes valores. Na conjuntura família escola a criança desenvolve um aprendizado distinto, pois são contextos diferentes, mas a criança é a mesma que assume papeis específicos, interações peculiares e aprende, em cada lugar, aspectos da cultura e maneiras de apropriar-se do que tem significado no seu contexto, e tenta utiliza-lo no outro: Como não poderia ser de outra maneira, a interação que vai fazendo do mundo, das suas regularidades, das normas que o regem e do papel que desempenha reflete naquilo que se encontra em ambos os contextos. O que se apresenta tem elementos específicos de cada meio e de outros que são comuns, especialmente nessa etapa. Assim, pode ser que, somente na escola, a criança tem oportunidade de discutir com um companheiro sobre a posse de um objeto, porém, tanto em casa como na escola, terá a oportunidade de fazer uma refeição; somente em casa vê televisão, mas tanto em casa como na escola é preciso recolher brinquedos cada vez que acaba um jogo (BASSEDAS, 1999, p. 283). A educação vai muito além do que discutir conteúdo programático e outros elementos pedagógicos, pois, o que se deve fazer é refletir melhor sobre ela. E que educação (conhecimento) não é somente adquirida na Escola, mas também aquela que vem de casa, ou seja, com a imprescindível participação da família. Para compreender os processos de desenvolvimento e seus impactos na pessoa, é preciso focalizar tanto o contexto familiar quanto o escolar e suas inter-relações. A família não é somente o berço da cultura e a base da sociedade futura, mas é também o centro da vida social. A educação bem sucedida da criança na família é que vai servir de apoio à sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando for adulto. Segundo Pero (1997) a família tem sido e será a influência mais poderosa para o desenvolvimento da personalidade e do caráter das pessoas. Assim, pode-se dizer que a criança precisa sentir que faz parte de uma família 24 e que essa família possa dar a ela o necessário para que cresça e viva como um verdadeiro cidadão. Todavia, para que isso aconteça é necessário que a família realmente participe da vida escolar de seu filho. Que a família tenha comprometimento, envolvimento com sua vida gerando assim, um sentimento de amor, fazendo sentir-se amparado e valorizado como ser humano. Quando falta ao educando um ambiente familiar saudável e equilibrado, no qual ele convive com uma desestrutura familiar, ou seja, a ausência de pai, de mãe, ele muitas vezes se deixa levar pelo impulso em direção da irresponsabilidade ou inconseqüência, gerando assim ações inadequadas e insensatas que irão desorganizar e prejudicar a formação do seu caráter e da sua personalidade, por isso a participação da família na educação formal da criança deve ser constante e consciente. Vida familiar e vida escolar são simultâneas e complementares. O pensamento propriamente dito é gerado pela motivação, munida da participação não só do educador como tal de todo o campo escolar, tanto isto é, por nossos desejos e necessidades, nossos interesses e emoções. Por trás de cada pensamento há uma tendência afetivo-volutiva. Uma compreensão plena e verdadeira do pensamento de outrem só é possível quando entendemos sua base afetivo-volutiva. Para ele a aprendizagem sempre inclui relações entre as pessoas. A relação do individuo com o mundo está sempre medida pelo outro. Não há como aprender e apreender o mundo se não tivermos o outro, aquele que nos fornece os significados que permitem pensar o mundo a nossa volta. Com isso entende-se que o desenvolvimento do individuo é um processo que se dá de fora para dentro, sendo que o meio social e familiar influência o processo de ensino-aprendizagem. (VYGOTSKY, 1991 p. 101). A instituição escolar sozinha não tem condições de preencher todas as demandas existentes na formação educacional e cultural dos seus educandos. É imprescindível que as escolas estejam preparadas para atender a realidade atual, com profissionais qualificados. Contudo deve-se compreender que o papel da família é importante no processo de ensino aprendizagem da criança. 25 Vale lembrar a iniciativa do Ministério da Educação e Cultura, que instituiu a data de 24 de abril como o Dia Nacional da Família na Escola. Em que família dos alunos possa participar de suas atividades educativas, pois conforme declaração do Ministro Paulo Renato Souza: “Quando os pais se envolvem na educação dos filhos, eles aprendem mais”. Além do mais, o acompanhamento familiar pode evitar uma possível reprovação e possibilitar o verdadeiro aprendizado do educando. Ressalta-se ainda que se houver a parceria entre família e escola, possivelmente, ocorrerá o alcance de bons resultados em relação à educação, os valores, e a formação do caráter além, da carência afetiva que muitas crianças trazem de casa, esperando que o professor supra essa necessidade. Portanto, escola e família como parceiras buscam incumbir-se de facilitar tanto os meios que almeja os propósitos pedagógicos quanto aos sociais de forma que as novas estratégicas de aprendizagem possam atingir patamares aceitáveis de qualidade educativa. 26 2 CONHECENDO A ESCOLA - CARACTERIZAÇÕES DO CAMPO DE PESQUISA O colégio X, uma instituição privada que atende alunos da classe média e alta na educação infantil. A qual está localiza na Rua Clara Nunes , 18, no bairro da Pituba, considerado um bairro nobre da cidade de Salvador. A escola possui quatro salas de aula de educação infantil (grupo 2 ao grupo 5) e 10 salas do ensino fundamental (1° ano ao 5° ano), uma biblioteca, uma sala de música com televisão e DVD, uma sala de informática, sala da coordenação, direção, vice-direção, secretária, almoxarifado, sala de materiais esportivos, campinho de futebol, quadra, pátio coberto, onde faz eventos, parques, onde tem um é com espaço de areia e os outros de grama, piscina climatizada local que alguns alunos praticam natação como atividade complementar possuem banheiros adequados paras as crianças e banheiros separados para os adultos, uma cozinha, e recentemente um bosque encantado para que as crianças possam correr, brincar e pular muito. As salas de aula da educação infantil são amplas, arejadas e ilustradas para que as crianças construam noções de espaço e possibilitem o aprendizado. Possuem mesas e cadeiras adequadas para as crianças, cada sala da educação infantil tem uma varanda onde brincam e fazem atividades externas, possuem armários onde ficam localizados os materiais que serão utilizados no dia a dia da aula, os livros e brinquedos ficam em partes mais baixas dos armários para que as crianças possam ter acesso. Quanto à organização administrativa da instituição possui supervisora pedagógica para educação infantil, diretora, secretária, porteiros, estagiários, auxiliares de classe e limpeza. O seu corpo docente é composto por 40 professores, dentre eles o de inglês, música, informática, educação física e os professores que ficam de segunda a sexta-feira em sala de aula, profissionais 27 qualificados que possuem graduação e pós-graduação. Cada turma tem no máximo 21 alunos e dependendo da idade das crianças, na sala de aula da educação infantil alem da professora ficam uma estagiaria e uma auxiliar para garantir a segurança da criança. A escola consta com mais de 200 alunos matriculados filhos de indivíduos de classe média e alta da cidade salvador. 2.1 GESTÃO PEDAGÓGICA E A FAMÍLIA Quanto ao aspecto pedagógico à instituição trabalha em uma perspectiva construtivista na tentativa que o educando participe ativamente do próprio aprendizado, mediante a experimentação, a atividades em grupo, o estimulo a dúvida e o desenvolvimento do raciocínio, valores éticos-políticos: amor, solidariedade, honestidade, autonomia, liberdade e respeito, entre outros procedimentos. O aluno a partir de sua ação vai estabelecendo as propriedades dos objetos e construindo as características do mundo. Nesta instituição a criança é vista na perspectiva de Vygotsky (1982) como ser social, histórico, agente ativo do processo de construção do conhecimento. As atividades têm sempre um caráter lúdico, dinâmico, criativo, desafiador e interdisciplinar, compreendendo a importância da interação social, autonomia e curiosidade, os conteúdos são vistos como meio e não como fim da aprendizagem. Para Vygotsky (1982, p.137) o sujeito é ativo, ele age sobre o meio. Para ele, não há a "natureza humana", a "essência humana". Somos primeiro sociais e depois nos individualizamos. Nas palavras de Rego (2002, p.98) ao descrever a teoria Vygotskyana: Em síntese, nessa abordagem, o sujeito produtor de conhecimento não é um mero receptáculo que absorve e contempla o real nem o portador de verdades oriundas de um plano ideal; pelo contrário, é um sujeito ativo que em sua relação com o mundo, com seu objeto de estudo, reconstrói (no seu pensamento) este mundo. A escola trabalha com Projetos que são discutidos e programados anualmente com toda a equipe pedagógica, buscando uma aprendizagem 28 significativa que desperte o prazer em aprender. Levando, assim, as crianças a despertar a curiosidade, criatividade e ao pensamento reflexivo para solução de situações-problema e o desenvolvimento da autonomia. O trabalho com projetos possibilita a integração das áreas do conhecimento evitando a fragmentação, permitindo um bom desenvolvimento intelectual das crianças por meio de um maior envolvimento. Sendo assim, o professor é um incentivador da interação entre as crianças e o mundo que as cerca, proporcionando sua participação ativa, gerando possibilidades de uma aprendizagem significativa e contextualizada. O construtivismo prevê que o conhecimento se constrói pela interação do individuo com o meio físico e social, com o simbolismo humano, com o mundo das relações sociais, sendo assim a família como uma instituição social tem Influência direta com o aprendizado da criança. Ao que se refere à importância da participação da família no processo de aprendizagem da criança, a gestão pedagógica entende que tanto a escola como a família tem seus acordos de convivência e funções distintas. Portanto faz-se necessário uma parceria para garantir uma educação de qualidade onde a família tem papel preponderante no desenvolvimento da criança e sua socialização na escola. Sendo necessário manter um contato constante com os pais ou responsáveis. Como descreve o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil - RCNEI (1998, p. 78): As reuniões para discussão sobre o andamento dos trabalhos com as crianças são sempre bem-vindas e se constituem em um direito dos pais. No entanto, a participação das famílias não deve estar sujeita a uma única possibilidade. As instituições de educação infantil precisam pensar em formas mais variadas de participação de modo a atender necessidades e interesses também diversificados. As reuniões de pais são fundamentais para concretizar a parceria, podese dizer que é um dos pilares de sustentação do trabalho da instituição, pois segundo a supervisora a parceria da família com a escola é fundamental para o processo formativo das crianças. Visto que nestas reuniões são abordados 29 pontos relevantes das técnicas utilizadas para o aprendizado da criança e discutidos procedimentos que possibilitam a parceria da família com a instituição e são apresentados sugestões e resultados alcançados ou desejados pelas partes envolvidas. Outras atividades realizadas com os pais, objetivando o fortalecimento dessa parceria, são: Palestras relativas às temáticas sobre o cuidado e a educação das crianças com o objetivo de estreitar a relação escola família; Oficinas pedagógicas, que propiciam a interação com as atividades desenvolvidas pelas crianças para que os pais conheçam o trabalho realizado pela instituição; Encontros da família para atividades culturais e de lazer a exemplo das festas juninas, das crianças, da família, dos avôs para fortalecer a relação de parceria e compromisso com o desenvolvimento integral da criança; Bem como o incentivo à participação dos pais em projetos didáticos realizados pela escola. Nesse sentido, é importante citar, no Parágrafo único do Capítulo IV do Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990), diz que ”é direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem com participar da definição das propostas educacionais”, ou seja, a instituição já está cumprindo um direito assegurado por lei aos envolvidos nesse processo deixando também o espaço aberto para que os mesmo possam expor suas opiniões. A escola trabalha com projetos que são feitos com a participação de todos envolvidos no processo de ensino aprendizagem para que possam contribuir e responsabilizar-se pela construção do mesmo. Projetos que buscam desenvolver autonomia, oralidade, contato com escrita, construção da identidade entre outros aspectos e a cada final de ano eles são rediscutidos e modificados. Tendo esses projetos em mãos os professores articulam suas 30 aulas trabalhando com o lúdico, procurando desenvolver a imaginação, criatividade, a socialização, a oralidade, a escrita entre outros aspectos. As atividades são feitas de forma dinâmica e criativa, para que os alunos sintam prazer em participar, de forma que o professor chame a atenção do aluno para a atividade havendo assim a relação de ensino aprendizagem. A escola possui um grupo de estudos formado por professores, coordenadora e direção que busca discutir com toda a equipe pedagógica situações que ocorrem no dia a dia da escola. Para que assim, possam melhorar sua prática em sala de aula e como lidar com as situações problema do cotidiano. Ao final desse encontro o grupo registra em um portfólio as discussões, opiniões e soluções para as questões levantadas, ficando assim, documentado para futuras pesquisas e o crescimento dos profissionais e da instituição. Trabalhar com a relação família - escola para a gestão é muito importante e significativo para formação e prática pedagógica em especial na educação infantil, pois nessa fase a criança está passando por um processo de desenvolvimento nos aspectos intelectual, emocional, social e motor. Sua capacidade de aprender e estabelecer as bases para a formação de uma pessoa ética e capaz de viver em sociedade é muito maior e as descobertas desta fase nos trazem novas perspectivas a serem desenvolvidas. Segundo o próprio Piaget (2000, p. 50): Uma ligação estreita e continuada entre os professores e os pais leva, pois a muita coisa mais que a uma informação mútua: este intercâmbio acaba resultando em ajuda recíproca e, freqüentemente, em aperfeiçoamento real dos métodos. Ao aproximar a escola da vida ou das preocupações profissionais dos pais, e ao proporcionar, reciprocamente, aos pais um interesse pelas coisas da escola, chega-se até mesmo a uma divisão de responsabilidades (...). A experiência na instituição pesquisada possibilita a confirmação do compromisso da equipe escolar em fazer desta relação família - escola algo 31 prazeroso e construtivo para ambas as partes na qual o maior beneficiado é o educando. Quanto à rotina observada na escola, os portões são abertos às 07h00min, onde fica o porteiro que permite o acesso à escola, os alunos do ensino fundamental ficam aguardando o horário da aula no pátio e os alunos da educação infantil são conduzidos pelos responsáveis a sala onde no primeiro momento encontra com as estagiarias que recepcionam e ficam com eles até a chegada das professoras, 07h30min as professoras vão para as suas salas e 08h00min acontece à primeira roda de atividades com música, e diálogo para desenvolver a oralidade, 09h00min horas vão para o parquinho, 09h30min retornam para sala onde é servido o lanche, 09h30min eles vão para a varanda junto com a estagiaria para brincarem ou a estagiaria contar uma história, enquanto a professora vai lanchar e a auxiliar limpa a sala. A brincadeira e o faz de conta criam a Zona de Desenvolvimento Proximal na criança, que através da mediação de colegas, família, e educadores, a criança irá passar para o desenvolvimento potencial. No faz de conta, a criança passa a dirigir seu comportamento pelo mundo imaginário, isto é, o pensamento está separado dos objetos e a ação surge das idéias. Assim do ponto de vista do desenvolvimento, o jogo do faz de conta pode ser considerado um meio para desenvolver o pensamento abstrato, em que a imaginação é uma ação, sendo ela concreta ou não, mas acima de tudo é algo em permanente amadurecimento. Ainda fazendo referência à concepção de Vygotsky, ao reproduzir o comportamento social do adulto em seus jogos, a criança está combinando situações reais com elementos de sua ação fantasiosa. Esta fantasia surge da necessidade da criança de reproduzir o cotidiano da vida do adulto da qual ela ainda não pode participar como gostaria. Contudo, esta elaboração no faz de conta necessita de conhecimentos prévios do mundo que a cerca, portanto, quanto mais ricas forem suas experiências, mais informação a criança irá dispor para materializar em seus jogos lúdicos. 32 Nesse entendimento seus estudos contribuem com relação ao brincar, afirmando que ele irá permitir que a criança aprenda e elabora e resolver situações conflitantes que vivência ou vivenciará no seu cotidiano. Para isso a criança usará suas capacidades básicas como a observação, imitação e imaginação. A instituição acredita que os contos de fadas têm linguagem metafórica que se comunica facilmente com o pensamento mágico, natural das crianças. E o contato com as histórias não somente amplia o horizonte cultural das crianças como promove seu enriquecimento lingüístico e literário, mas também coloca em doação, a disponibilidade do contador, contemplando a equilibrada formação das crianças em sua relação com eles mesmos e com o mundo. Na volta da professora é feita à segunda roda que é o momento da arte, experiências que fazem com os alunos explorem, manipulem os materiais apresentados pela professora ou atividades para trabalhar a coordenação motora através de movimentos do corpo. A partir de 11h45min os portões são abertos e os responsáveis entram para buscá-los. 2.2 ENFIM A REALIDADE - CONHECENDO DADOS A metodologia científica utilizada para o levantamento dos dados contidos no presente estudo é a pesquisa qualitativa, que teve caráter descritivo onde busquei descrever as características, propriedades do colégio X. Justifica-se também com base nas definições de Godoy (1995, p. 21). “[...] a pesquisa qualitativa ocupa um reconhecido lugar entre as varias possibilidades de se estudar os fenômenos que envolvem os seres humanos e suas intrincadas relações sociais, estabelecidas em diversos ambientes.” Segundo MENGA & ANDRÉ (1986, p.11-13) estabelecem as seguintes características para a pesquisa qualitativa: 33 1. A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento. (...) 2. Os dados coletados são predominantemente descritivos. (...) 3. A preocupação com o processo é muito maior do que com o produto. (...) 4. O “significado” que as pessoas dão as coisas e à sua vida são focos de atenção especial pelo pesquisador. (...) 5. Análise dos dados tente a seguir um processo indutivo. Fiz uso da pesquisa exploratória e bibliográfica. Na pesquisa exploratória obtenho maiores informações sobre determinado assunto investigado, onde a finalidade do estudo é averiguar de que forma a escola se relaciona com a família para compartilhar o processo de ensinoaprendizagem da criança na educação infantil na construção de valores e de conhecimentos. Para Babbie (1986) a pesquisa exploratória é um estudo preliminar feito para desenvolver ou refinar hipóteses, ou testar e definir os métodos de coleta de dados. Como citado acima usei também a pesquisa bibliográfica reunindo autores para discussão teórica. Usando material já divulgado, como: livros, artigos, material disponibilizado na internet. Segundo a professora Márcia Rita Trindade Leite Malheiros (2010), a pesquisa bibliográfica levanta o conhecimento disponível na área, possibilitando que o pesquisador conheça as teorias produzidas, analisando-as e avaliando sua contribuição para compreender ou explicar o seu problema objeto de investigação. Neste trabalho, os instrumentos metodológicos utilizados foram observações (participante) e questionários que tiveram o papel de constatar que a participação da família na escola é necessária, para o acompanhamento da criança no processo de desenvolvimento cognitivo, social, ético (humano) de forma integral. 34 Segundo Ludke (1986) a observação direta permite que o observador se aproxime da “realidade do sujeito”, sendo muito relevante nas abordagens qualitativas. Assim, na medida em que o observador vivencia os conhecimentos adquiridos pelos sujeitos, o mesmo consegue obter resultados significados na busca pela resposta do que procura. A observação participante foi muito importante para a realização do presente estudo, pois através dela pude analisar a questão da parceria escola família no desenvolvimento das crianças da educação infantil. As observações foram realizadas no colégio X, pela manhã, no ano de 2010 em que estagiei. Através da técnica de observação tornou-se possível perceber se realmente é importante à família e a escola caminharem juntas para desenvolvimento da criança. As informações obtidas no presente trabalho foram através de questionários, pois achei que ia facilitar no momento de analise das informações. Para a aplicação do questionário com a família tive que pedir autorização à gestora, pois o colégio X não permite que estagiária tenha um contato próximo com os pais. Foram aplicados um total de 14 questionários sendo três à docência, um a gestão e dez à família de alunos do grupo 4 da escola X com o intuito de saber qual a relação família – escola no processo de aprendizagem da criança. Para analise e compreensão dos dados foram elencados dois eixos: A. Ponto de vista da família B. Ponto de vista da docência e gestão A. Ponto de vista da família Com relação ao questionário aplicado com a família à questão 1 pergunta: Você acompanha seu filho na escola? 35 100 % dos responsáveis pelas crianças responderam que acompanham seus filhos na escola, estas respostas demonstram o quanto à família está conscientizando-se do valor e da importância em acompanhar seu filho (a) à escola. Com relação à questão 2) Você considera importante a participação da família na escola? Apenas um pai não considera importante a participação da família na escola, este número não representa nem 10% dos entrevistados, percebe-se que em geral, a família está consciente do valor e da importância de sua participação na educação do seu filho (a). E formalizando a conduta correta dos pais não se pode deixar de registrar iniciativa do MEC que instituiu a data de 24 de abril como o Dia Nacional da Família na Escola. Neste, todas as escolas deveriam convidar os familiares dos alunos para participar de suas atividades educativas, pois conforme declaração do Ministro Paulo Renato Souza: “Quando os pais se envolvem na educação dos filhos, eles aprendem mais". Nogueira (1998) explica que a participação dos pais na vida escolar dos filhos, pode influenciar de modo efetivo o desenvolvimento escolar dos filhos. O entrosamento dos pais com a escola deve favorecer a reflexão de diferentes aspectos pedagógicos. Questão 3) Sem a participação da família a escola dá conta de promover a formação do aluno (a)? Cerca de 70% dos responsáveis acredita ser relevante o papel da família na formação do aluno (a) e 30% não considera importante esse processo. Uma minoria não acredita que sua participação venha causar qualquer tipo de influencia no aprendizado da criança. Nesse sentido, é importante referenciar a relação família e educação como Nérici (1972, p.12) afirma: “A influência da Família, no entanto, é básica e fundamental no processo educativo do imaturo e nenhuma outra instituição está em condições de substituí-la”. 36 A opinião dos pais para a questão 4) Como deve ser a relação famíliaescola? 100% acredita que está relação deve ser presente com confiança na quais ambas contribuam para o crescimento desses individuo. O dever da família com o processo de escolaridade e a importância da sua presença no contexto escolar é publicamente reconhecido na legislação nacional e nas diretrizes do Ministério da Educação aprovadas no decorrer dos anos 90, tais como: Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8069/90), nos artigos 4º e 5º que tratam dos direitos relacionados à educação, à saúde, à vida familiar e à vida em sociedade, além de também dispor sobre os deveres: É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. [...] Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. Na questão 5) Você contribui com a escola para o processo de aprendizado do seu (a) filho (a)? Uma mãe respondeu “sim, Ajudo meu filho a programar, ou melhor, planejar seus estudos seus horários, além de tirar suas dúvidas quando necessita”. Tiba (2002, p.181), afirma que “se os pais acompanharem o rendimento escolar do filho desde o começo do ano, poderão identificar precocemente essas tendências e, com o apoio dos professores, reativarem seu interesse por determinada disciplina em que vai mal”. De acordo com as respostas dos responsáveis todos contribuem como família para o processo de aprendizagem das crianças. Já na questão 6) Existem estratégias na escola do seu (a) filho (a) para articular-se à família? O resultado obtido é que a maioria dos pais está ciente dos eventos propostos pela instituição com objetivo de trazer a família para a comunidade 37 escolar e alguns mostraram não terem interesse em se informar sobre o assunto o que demonstra contradição em suas resposta ao informar participação no processo de ensino-aprendizado dos seus filhos (a). Como diz Paro (1997, p.30): A escola deve utilizar todas as oportunidades de contato com os pais, para passar informações relevantes sobre seus objetivos, recursos, problemas e também sobre as questões pedagógicas. Só assim, a família irá se sentir comprometida com a melhoria da qualidade escolar e com o desenvolvimento de seu filho como ser humano. Essas estratégias de participação da família com a escola podem promover trocas de formas recíprocas e os suportes mútuos devem ser predominantes do relacionamento, os profissionais da instituição devem partilhar, com os pais, conhecimentos sobre desenvolvimento infantil e informações relevantes sobre as crianças utilizando uma sistemática de comunicação regular. B. Ponto de vista da Docência e Gestão Com relação ao questionário aplicado a docência e a gestão com relação à questão 1) No projeto pedagógico da instituição são abordadas praticas que contemplem a relação família – escola? Com relação a está questão 100% da equipe de docência e gestão afirmaram o compromisso da instituição em desenvolver projetos que contemplam está relação. As respostas são unânimes na questão 2) A família tem responsabilidade na preparação do sujeito para as diversas situações de convivência social? Os profissionais da instituição acreditam que ambas devem trabalhar em conjunto para alcançar o objetivo de todos os envolvidos nesse processo de ensino - aprendizado. Neste mesmo contexto, Chinoy (2008, p. 27) afirma que ao deparar com o ambiente escolar a criança deve ter desenvolvido a afetividade e a sociabilidade, pois é uma das funções da família promover o 38 desenvolvimento emocional para que os indivíduos possam estar convivendo harmoniosamente com outras pessoas, bem como lidar com os conflitos. De acordo como os docentes e a gestora da escola na questão 3) Você tem alguma maneira de analisar a participação da família no desempenho do aluno? A gestora e os docentes cada um com sua individualidade responderam que consideram a participação da família; quando eles participam das reuniões, compartilham das atividades desenvolvidas com as crianças, enfim quando estão envolvidos diretamente no aprendizado do seu filho (a). Como afirma Antunes (2008, p.89). É sempre expressiva,quando comparadas com os demais ,a evolução de um aluno que se vê cercado de adultos que assistem ao seu crescimento com acentuado interesse. O verdadeiro sentido da efetividade é inspirar segurança e desenvolver capacidades para a superação de desafios. Nesse sentido [...] cobrar coerência - e rigor, se necessário [...] desenvolver nos alunos e nos filhos um quadro referencial de valores. Neste aspecto, parceria mútua entre os envolvidos nesse processo de ensino e aprendizagem como oferta de colaboração, todos são beneficiados, a família, a escola, e principalmente a criança. Questão 4 - Existe participação da família no processo de aprendizagem da criança? A resposta de uma das entrevistadas foi de uma professora - “Sim. Sempre que necessário, as famílias estão presentes na instituição buscando compreender o aprendizado de seus filhos e assim poder ajudá-los de uma melhor forma”. 100% do resultado obtido é que família tem uma participação ativa no processo de ensino aprendizagem dos seus filhos (a) mesmo alguns tendo respondido que a participação de uns determinados pais é apenas de cobrança o que contradiz algumas respostas, pois participar é contribuir e dividir as responsabilidades e não transferi-las para o outro. Paro (1995, p. 223) diz: 39 [...] a escola deve sugerir aos pais nas reuniões a aproximação dos mesmos, proporcionando o esclarecimento sobre a percepção de quanto a sua presença é importante, póssibilitando assim desenvolver nos filhos atitudes e comportamentos favoraveis aos estudos de modo geral. Na questão 5 Na instituição são desenvolvidas atividades para facilitar a participação da família na escola? São unânimes as respostas dos docentes quando o assunto são atividades para facilitar a participação da família na escola o que se percebe o compromisso da instituição em desenvolver atividades que contemplam a participação da família na escola. Como se efetivou no relato de uma escola no interior de São Paulo, no quadro de avisos, uma solicitação de pedreiros, pintores e vigias. Foi perguntado ao diretor se teve retorno significativo para as solicitações. Devido à demanda de serviços oferecidos pelos pais que nem mesmo sabia recusálas. Esse gestor, há anos na mesma escola, criara aos poucos uma cultura cooperativa que, sensibilizando apenas alguns no início, acabou por contagiar a maioria (ANTUNES, 2008.p.92). Desta maneira pode-se perceber o quanto é importante viabilizar a comunicação com a família não só no âmbito pedagógico, mas a importância de estar em contato com o ambiente educacional. Em decorrência dos resultados obtidos nestes questionamentos pode-se perceber que essa união entre a família e a escola é de suma importância para o sucesso e desenvolvimento intelectual e moral na formação desses indivíduos e compreender como a família tem capacidade para auxiliar a escola no processo de aprendizagem da criança. De acordo com Silva (2005, p.12), “A escola não deveria viver sem a família e nem a família deveria viver sem a escola. Uma depende da outra na tentativa de alcançar o maior objetivo, qual seja, o melhor futuro para o filho e educando e, automaticamente, para toda a sociedade”. 40 4 REFLEXÕES FINAIS Diante das mudanças ocorridas no cenário educativo, verifica-se a necessidade de fortalecer a relação família escola, para atender as exigências da sociedade, além de promover um aprendizado de qualidade para o educando. O objetivo do trabalho foi alcançado, pois ficou evidenciado a forma que a escola se relaciona com a família para compartilhar o processo de ensinoaprendizagem na construção de valores e conhecimentos. Ao decorrer do trabalho foi surgindo vários questionamentos, além do problema do trabalho surgiu outra que me fez ir mais a fundo nas observações feitas no colégio X. Por que participar da vida escolar dos filhos é importante? Pude perceber que quanto mais os pais se preocupam e sabem a respeito do que seu filho (a) está estudando ou o que acontece no âmbito escolar, mais subsídios terão para formar uma boa parceria com a escola, no acompanhamento da criança ou em eventuais ajudas em seu percurso. Posso dizer que quanto melhor for à parceria e o diálogo entre a família e escola, mais a criança terá recursos para se desenvolver. Além, do que a criança sente-se valorizada quando percebe um interesse das pessoas de casa naquilo que ela aprende na escola, um espaço tão importante em sua vida. Com relação ao objeto de estudo, pode-se afirmar perante os resultados obtidos no colégio X, foi satisfatório, pois o mesmo trabalha na perspectiva de valorização e parceria da relação família - escola. Nesse sentido, a hipótese foi confirmada, pois se percebeu o quanto à relação entre essas duas instituições que são de suma importância para o desenvolvimento do cidadão contribui no aprimoramento do processo de ensino-aprendizagem da criança. 41 É pertinente que haja uma maior conscientização do papel de cada instituição, que sejam reconhecidas todas as potencialidades da escola, da família e dos filhos/alunos, que sejam estimulados, autoconfiantes, conscientes, que tomem iniciativas para contribuições do convívio social, sendo sensíveis, criativos e se aperfeiçoe cada vez mais para fortalecer essa união e consequentemente aprimorar a realidade em que se encontram. Diante dessa experiência, compreende-se que a relação família – escola tem como responsabilidade interagir entre si para proporcionar o sucesso de todos. É tarefa dá família proteger e educar seus filhos (a) transmitindo valores essenciais para torná-lo um indivíduo de bem e acompanhá-lo no seu desenvolvimento pessoal e intelectual. À escola cabe o compromisso de dar continuidade a esses ensinamentos e proporcionar uma parceria com todos os alunos, pais e docentes para que a construção do conhecimento aconteça de forma construtiva para todos envolvidos nesse processo de ensino aprendizado. As relações entre a família e a escola somente podem ser construtivas se estiver baseadas no respeito mútuo, na confiança e na aceitação das peculiaridades de cada um. Portanto, estes são os benefícios que a parceria família – escola agrega para evolução na aprendizagem das crianças em especial na educação infantil no aspecto geral como sujeitos formadores de opiniões e críticos. 42 REFERÊNCIAS ALTHOFF. Rinaldi. Dimensionando o espaço da família, no âmbito do público e do privado. cogitare enferm., curitiba, v. 1 n. 2, p. 35-38 - jul./dez. 1996. 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A Formação Social da Mente. São Paulo, Martins Fontes, 1991. VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1982. 45 APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO APLICADO COM A FAMÍLIA Salvador, Fevereiro de 2011. Prezado Senhor (a), Sou concluinte do Curso de Pedagogia da UNIVERSIDADE ESTADUAL DA BAHIA e estou realizando uma pesquisa de campo com o objetivo de colaborar para com as pesquisas no âmbito da pedagogia. Para tanto conto com sua colaboração, desde já meus agradecimentos. Atenciosamente, Ana Paula Sacramento de Veneza INFORMANTE: ______________________________________________________ FUNÇÃO: __________________________________________________________ OPINIÃO COLETADA DA FAMÍLIA 1. Você acompanha seu filho na escola?Quantas Vezes? ( ) Sim ( ) Não ( ) 01 vez no mês ( ) 01 vez por semestre ( ) mais de 02 vezes por semestre ( ) ao final da unidade ( ) penas quando a escola convida. 2. Você considera importante a participação da família na escola? Justifique sua resposta. ( ) Sim ( ) Não _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 46 3. Sem a participação da família a escola dá conta de promover a formação do aluno (a)? Justifique sua resposta. ( ) Sim ( ) Não :_______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 4. Em sua opinião, como deve ser a relação família - escola? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 5. Você contribui com a escola para o processo de aprendizado do seu (a) filho (a)? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 6. Existem estratégias na escola do seu (a) filho (a) para articular-se à família? Justifique sua resposta. ( ) Sim ( ) Não _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 47 APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO APLICADO NA GESTÃO E DOCENCIA Salvador, fevereiro de 2011. Prezado Senhor (a), Sou concluinte do Curso de Pedagogia da UNIVERSIDADE ESTADUAL DA BAHIA e estou realizando uma pesquisa de campo com o objetivo de colaborar para com as pesquisas no âmbito da pedagogia. Para tanto conto com sua colaboração, desde já meus agradecimentos. Atenciosamente, Ana Paula Sacramento de Veneza INFORMANTE: ______________________________________________________ FUNÇÃO: __________________________________________________________ OPINIÃO COLETADA DA SUPERVISÃO E DOCENCIA 1. No projeto pedagógico da instituição são abordadas praticas que contemplem a relação família-escola? ( ) Sim ( ) Não 2. Em sua opinião, a família tem responsabilidade na preparação do sujeito para as diversas situações de convivência social? ( ) Sim ( ) Não 3. Você tem alguma maneira de analisar a participação da família no desempenho do aluno? ( ) Sim ( ) Não 48 4. Existe participação da família no processo de aprendizagem da criança na instituição que você atua? ( ) Sim ( ) Não 5. Na instituição são desenvolvidas atividades para facilitar a participação da família na escola? ( ) Sim ( ) Não