147 Predição do resultado neonatal em recém-nascidos com hidrotórax fetal primário através do índice de Apgar Diferentes padrões de atrofia da medula espinhal na doença de Machado-Joseph e na ataxia de Friedreich Alan Saito Ramalho, Rodrigo Ruano, Ana Karina Silva Cardoso, Uenis Tannuri, Marcelo Zugaib Camila Flaksberg Chevis, Marcondes Cavalcante França Junior, Felipe Paulo Guazzi Bergo, Anelyssa DíAbreu, Rachel Paes Guimarães, Iscia Lopes-Cendes, Fernando Cendes Disciplina de Obstetrícia do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: Hidrotórax fetal primário é uma condição rara que apresenta altas taxas de mortalidade e complicações respiratórias neonatais. Baixo índice de Apgar aos cinco minutos é um preditor de alterações respiratórias e cerebrais em recém-nascidos no geral. Alguns estudos sugerem que baixo índice de Apgar aos cinco minutos pode predizer mortalidade em casos de hidrotórax fetal, porém a relação deste índice com morbidade respiratória neonatal nesses casos não é conhecida. Objetivo: Avaliar se o índice de Apgar pode ser usado como preditor de mortalidade e morbidade respiratória neonatal nos casos de hidrotórax fetal primário e sua associação com os achados ultrassonográficos pré-natais. Metodologia: Estudo prospectivo observacional entre 2005 e 2009. Todos os fetos com diagnóstico pré-natal de hidrotórax fetal primário foram submetidos a ultrassonografia, ecocardiograma pré-natal e cariotipagem por amniocentese. Foi realizado shunting tóraco-amniótico naqueles com hidropsia fetal, após consentimento dos pais. Os recém-nascidos com hidrotórax isolado (para evitar viés por outras anormalidades) foram seguidos no período neonatal. Índice de Apgar baixo aos cinco minutos (< 7) foi relacionado com desfecho de mortalidade neonatal ou complicações respiratórias e com os achados pré-natais. Resultados: Foram avaliados 16 casos que preenchiam os critérios de inclusão. 5/16 (31,2%) crianças apresentaram índice de Apgar baixo aos cinco minutos, sendo que 4/5 (80%) morreram no período neonatal. Nas 11 com índice de Apgar ≥ 7 a taxa de sobrevivência foi 100% (P < 0,01). Necessidade de intubação traqueal e de cuidados em UTI neonatal foi associada significativamente com índice de Apgar baixo aos cinco minutos (P < 0,01). Hidropsia foi observada em todos (100%) os fetos que apresentaram índice de Apgar baixo e em 5/11 (45,5%) dos fetos com índice ≥ 7 (P = 0,04) aos cinco minutos. Quatro casos foram submetidos ao shunting tóraco-amniótico devido à hidropsia, que foi revertida em três (75%), que sobreviveram. Entre os seis casos que recusaram o procedimento, não foi observada regressão da hidropsia e apenas 2/6 (33,3%) tiveram índice de Apgar aos cinco minutos ≥ 7 e sobreviveram. Discussão: O uso de índice de Apgar pode ser útil para predizer o resultado neonatal nos casos de hidrotórax fetal primário e ajudar a orientar o manejo clínico desses casos. Hidropsia parece associar-se a pior prognóstico e o shunting tóraco-amniótico talvez possa reverter essa condição, melhorando seu desfecho. Conclusões: Índice de Apgar baixo aos cinco minutos (< 7) em recém-nascidos com hidrotórax primário congênito está significativamente relacionado à hidropsia fetal, mortalidade neonatal e morbidade respiratória. Avaliação do tratamento da nevralgia trigeminal por infiltração percutânea do gânglio de Gasser Departamento de Neurologia, Laboratório de Neuroimagem e Departamento de Genética Médica da Universidade de Campinas (Unicamp) Introdução: FRDA e SCA3 são as ataxias hereditárias mais frequentes. A atrofia de medula espinhal tem sido descrita em ambas as condições, porém ainda não é claro se os padrões de atrofia são semelhantes. Objetivo: Comparar os diferentes padrões de atrofia de medula espinhal na ataxia de Friedreich (FRDA) e na Doença de Machado-Joseph (SCA3). Métodos: Um grupo com 11 pacientes (6 homens) com FRDA, 19 com SCA3 (11 homens) e 34 controles foi submetido a exame de ressonância magnética (RM) de alta resolução em equipamento 3T Achieva-Intera Philips. Foram utilizadas sequências T1 volumétricas (3D) que incluíam o crânio e a coluna cervical para implementar um protocolo de segmentação semiautomática para determinar a área de secção transversa da medula espinhal no nível C2/C3. Esse método consiste na segmentação dos bordos da medula, determinação da elipse com melhor adaptação à imagem segmentada, permitindo o cálculo de sua área e excentricidade. Os parâmetros de aquisição das imagens foram: TE/TR = 3.2/7.1 ms, voxel isotrópico de 1.0 mm3 e FOV = 240 x 240. Foram avaliados clinicamente os pacientes com FRDA e SCA3, no mesmo dia da aquisição das imagens, utilizando a escala Friedreich Ataxia Rating Scale (FARS) e a International Cooperative Ataxia Rating Scale (ICARS). Resultados: A idade média dos pacientes com FRDA e SCA3 foi 26 (intervalo entre 16-44) e 54 (intervalo entre 38-68), respectivamente. Nesses grupos, a duração média da doença foi de 11 ± 7,4 e 9,5 ± 3,3 anos, respectivamente. Os três grupos – controle, FRDA e SCA3 – mostraramse significativamente diferentes quanto à área da medula espinhal (69,9 ± 13,7 versus 48,1 ± 13,7 versus 39,2 ± 5,1, P < 0,001). Entretanto, apenas os pacientes com FRDA apresentaram diferenças significativas nos valores de excentricidade da medula espinhal em relação aos dos controles (0,81 ± 0,05 versus 0,75 ± 0,07, P = 0,023) e aos dos pacientes com SCA3 (0,81 ± 0,05 versus 0,79 ± 0,06, P = 0,014). A excentricidade apresentou correlação com a avaliação clínica nos pacientes com FRDA (r = -0,57, P = 0,02), mas não nos pacientes com SCA3 (P = 0,43). Discussão: A atrofia de medula espinhal é evidente tanto na FRDA quanto na SCA3, porém o seu achatamento só foi encontrado no último grupo. Além disso, a excentricidade da medula apresentou correlação com a avaliação clínica nos pacientes com FRDA. Conclusão: Técnicas quantitativas de ressonância magnética da medula cervical podem ser úteis para o diagnóstico diferencial das ataxias hereditárias. Hipotiroidismo subclínico: divergências e repercussões Marcos Masine, Juracy Barbosa dos Santos, Fabian Gama Touret de Faria, Marília Santos Souza Caue Cosme Dutra da Silva, Alex Rodrigo Rodrigues de Oliveira, Iuri Cosme Dutra da Silva, Gabriela Iervolino de Oliveira, Cléber Pinto Camacho Hospital Universitário de Brasília (HUB) Universidade Nove de Julho Introdução: A neuralgia do trigêmio se encontra entre as principais dores que acometem indivíduos hígidos. A injeção percutânea do gânglio de Gasser com glicerol é um procedimento relativamente atraumático e uma das opções utilizadas no tratamento dessa condição. Objetivo: Neste estudo, tem-se o objetivo de analisar os aspectos epidemiológicos da neuralgia do trigêmio e as vantagens e desvantagens da infiltração do gânglio de Gasser com glicerol no seu tratamento. Metodologia: Trata-se de um estudo retrospectivo, na forma de série de casos. A amostra consta de 122 pacientes portadores da neuralgia trigeminal submetidos a tratamento percutâneo por infiltração do gânglio de Gasser. Entre 1980 e 2002, 171 procedimentos foram realizados nos 122 pacientes. O levantamento de dados foi realizado através de preenchimento de ficha padronizada, com informações colhidas nos prontuários médicos. Resultados: A infiltração apresentou excelente eficácia com período livre de dor médio de 27 meses e índice de recorrência em 30 meses de 32,3%. A complicação mais frequente foi a hipoestesia facial temporária em 32,8% dos pacientes. Perfil epidemiológico dos pacientes: sexo feminino, por volta dos 55 anos, com os principais ramos acometidos sendo V2 e/ou V3 em 94% e a lateralidade direita em 58%. Discussão: Identificamos que as características epidemiológicas, como idade, sexo, ramos mais acometidos, lateralidade, resultados e complicações estão de acordo com as descritas na literatura contemporânea. Conclusão: O procedimento se mostrou seguro, bem tolerado pelos pacientes e que proporciona grande melhora da dor. Com isso pode ser utilizado como procedimento de escolha para o tratamento de pacientes idosos ou instáveis clinicamente. Diagn Tratamento. 2011;16(3):146-61. Introdução: Hipotiroidismo subclínico (HS) é um agravo normalmente caracterizado pelo valor sérico aumentado e sustentado de hormônio tireoestimulante (TSH) com concentrações normais de T3 e T4 livre, na ausência de sintomas clínicos manifestos, e sua etiologia é a mesma do hipotiroidismo clínico. A prevalência do HS varia principalmente de acordo com a idade e sexo, sendo maior em pessoas idosas e em mulheres, atingindo cerca de 10% da população. Muitos temas relacionados à doença apresentam divergências e até contradições entre os estudiosos, sendo que sua própria definição não apresenta um consenso completo, assim como sua importância clínica, possíveis consequências à saúde do paciente e necessidade de tratamento. Objetivos: Pela grande prevalência da doença e heterogeneidade das conclusões nos estudos, uma revisão se faz necessária para verificar se o HS é capaz de gerar alterações nos sistemas do organismo, se é vantajoso realizar o tratamento e elucidar o motivo de tantas discordâncias sobre o tema. Metodologia: Revisão da literatura com artigos publicados de 2001-2010, excluindo revisões, meta-análises e estudos com gestantes. Resultados: Dos 1.765 artigos encontrados, 73 passaram pelos critérios de seleção; houve diferenças significantes no tamanho e idade do grupo, relação homem/mulher, estratificação de TSH, média de TSH nos indivíduos, repercussões e benefícios do tratamento. Discussão: Os diferentes resultados e conclusões dos estudos analisados podem ter ocorrido pela grande variedade na metodologia, desenho e/ou grupo estudado. Um dos problemas metodológicos mais comuns nos trabalhos foi a análise dos pacientes, sem levar em conta o nível de TSH, ou sem estratificá-los de acordo com o nível do hormônio. 148 A maioria dos trabalhos que mostram repercussões obteve um nível médio de TSH maior em relação aos trabalhos que não mostram, e aqueles que dividiram os pacientes de acordo com o nível do hormônio também perceberam que houve maiores problemas para a saúde e/ou benefícios do tratamento para o grupo com maior TSH. Em relação ao tratamento, a maioria dos artigos encontrou algum tipo de benefício, mas pouco se fala nos efeitos colaterais da terapia hormonal, que pode conter riscos, como hipertiroidismo, diminuição na densidade óssea e risco de fibrilação atrial. Conclusão: A maioria dos trabalhos conclui que a doença traz malefícios para a saúde e que o tratamento é benéfico. Para esclarecer as contradições do tema, novos estudos são necessários com uma metodologia criteriosa e homogênea. Fatores preditores de êxito no atendimento a idosos em hospital-dia geriátrico Vanessa Souza Santana, Márlon Juliano Romero Aliberti, Carolina Barbosa Trindade, Juliana Yumi Tizon Kasai, Marcelo Altona, Wilson Jacob Filho Hospital-Dia Geriátrico do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da universidade de São Paulo Introdução: O hospital-dia geriátrico (HDG) é um local estratégico de atendimento ao idoso, pois permite uma abordagem interdisciplinar do idoso ambulatorial com recursos disponíveis num hospital. Objetivos: Identificar os fatores preditores de sucesso no atendimento em HDG. Pacientes e métodos: Trata-se de estudo transversal, no qual foram avaliados 228 idosos encaminhados ao HDG de fevereiro de 2008 a fevereiro de 2011. Eles foram submetidos a um protocolo de admissão e alta com dados sociodemográficos e parâmetros da avaliação geriátrica ampla com ênfase nas multimorbidades, medicações, síndromes geriátricas, autoavaliação de saúde, funcionalidade e um questionário de risco prognóstico. No momento da alta, verificouse também a resolução do motivo do encaminhamento e a satisfação com o tratamento. Realizaram-se comparações entre os casos resolvidos e não resolvidos por análise estatística (com o software Epi-Info), utilizando-se o teste qui-quadrado com nível de significância 0,05. Resultados e discussão: Dos 228 idosos atendidos, com média de idade de 78 anos, 184 (80,7%) tiveram seu motivo de encaminhamento resolvido e apenas 44 (19,3%), não. Os dois grupos foram semelhantes em relação à idade, predomínio de mulheres, procedência ambulatorial, média de multimorbidades, síndromes geriátricas, medicações usadas e duração do tratamento. Não houve diferenças quanto ao motivo de encaminhamento ao HDG, predominando doenças crônicas descompensadas (hipertensão, diabetes e insuficiência cardíaca), seguidas de infecções (urinária, pulmonar e de pele). Houve diferença quanto ao questionário de risco prognóstico na admissão do paciente (57,1% de alto risco no grupo que não resolveu versus 40,8%, P = 0,04). Houve mais delirium no grupo sem êxito no tratamento (21,2% versus 4,0, P < 0,01). Eles também necessitaram mais de cuidador para comparecer ao HDG (96,2% versus 72,5%, P < 0,01) e visitaram mais o setor de emergência (57% versus 46,1%). A autopercepção de saúde na alta foi melhor no grupo com resolução (muito boa ou boa 49,7% versus 29,2%, P < 0,01). Eles também tiveram mais satisfação com o tratamento. Por fim, os grupos diferiram com relação à possibilidade de alta para casa (93,3% versus 28,2%, P < 0,01) com vantagem para os resolvidos. Conclusão: O HDG mostrou ser um ambiente de boa resolutividade. Na amostra estudada, os fatores preditores de sucesso foram pontuação baixa no questionário de risco prognóstico (< 2), ausência de delirium, capacidade para comparecer ao hospital e boa autopercepção de saúde. O êxito no tratamento contribuiu para a desospitalização. Avaliação das propriedades psicométricas da escala dimensional para avaliação de presença e gravidade de sintomas obsessivo-compulsivos (DYBOCS) Andressa Martins Giorjão, Marta Subirà Coromina, Patrícia Velloso, Rosana Mastrorosa, Maria Conceição do Rosário Departamento de Psiquiatria e Disciplina de Psicologia Médica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Introdução: Apesar de o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) ser definido como uma entidade nosológica única pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais-IV (DSM-IV), sua apresentação clínica pode ser bastante heterogênea. Para avaliar diversos sintomas de TOC de forma dimensional, foi desenvolvida a Escala Dimensional para Avaliação de Presença e Gravidade dos Sintomas Obsessivo-compulsivos (DY-BOCS). A DYBOCS foi validada em português e inglês e demonstrou ter excelente validade e confiabilidade. Objetivos: determinar a sensibilidade da DYBOCS para mensurar a resposta ao tratamento de pacientes com TOC. Metodologia: Trata-se de um estudo de corte transversal, com pacientes ambulatoriais de 8 a 70 anos, com diagnóstico de TOC. Foram usados os seguintes instrumentos de avaliação: DY-BOCS, Y-BOCS, Yale Global Tic Severity Scale (YGTSS), Escala para depressão de Hamilton (HAM-D), Escala de ansiedade de Hamilton (HAM-A). A YBOCS foi utilizada no projeto como o instrumento padrão-ouro, ao qual a DYBOCS foi comparada. Os instrumentos foram aplicados antes do início do tratamento com medicação ou psicoterapia e após 12 semanas do início do tratamento. A sensibilidade da DYBOCS para avaliar resposta ao tratamento foi calculada através da comparação entre escores da DYBOCS e YBOCS antes e após o tratamento. Como análise estatística foi utilizada análise de variância com medidas repetitivas em dois tempos diferentes, considerando tempo e escores da DYBOCS e da YBOCS como as medidas de repetição. Resultados: Foram avaliados 33 pacientes com TOC. A idade dos pacientes variou de 18 a 65 anos, com idade média de 35,6 anos (desvio padrão, DP = 12,2). A idade de início dos sintomas obsessivos-compulsivos (SOC) variou de 2 a 54 anos, com média de 12 (DP = 7,1). Após 12 semanas de tratamento, os escores globais da DYBOCS diminuíram significativamente (MPre-treatment = 22,4 (DP = 3,95); MPost-treatment = 16,70 (DP = 7,92), teste t (136) = 8,95 (P < 0,0001). Os escores da YBOCS também reduziram significativamente após o tratamento (MPre-treatment = 26,2 (DP = 6,0); MPost-treatment = 19,30 (DP = 8,4), teste t (137) = 10,30 (P < 0,0001). A correlação entre os escores globais da DYBOCS e da YBOCS foi maior após três meses de tratamento do que na avaliação inicial (Pearson r = 0,86, P < 0,0001). A correlação entre as taxas de redução da YBOCS e da DYBOCS foi altamente significativa (Pearson r = 0,69, P < 0,0001). Conclusão: A DYBOCS é um instrumento sensível para avaliar a resposta ao tratamento de pacientes com TOC, sendo a primeira escala a avaliar gravidade de dimensões específicas de (SOC). Influenza A (H1N1): análise retrospectiva dos óbitos de junho a agosto de 2009 do Hospital e Maternidade Celso Pierro Andréa Juliana Laureano, Flávio Ranzani Neto, Maria Cristina Furian Ferreira Hospital e Maternidade Celso Pierro (HMCP), Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCampinas) pelo Grupo de Estudos em Anatomia Patológica Aplicada - Pathós Introdução: Influenza A é uma doença respiratória aguda, cujo agente etiológico é o novo subtipo do vírus A (H1N1) denominação adotada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2009. Trata-se de um vírus mutante, com material genético desconhecido para o sistema imunológico humano, o que levou a uma disseminação rápida, com dimensão de uma pandemia. Objetivos: O intuito deste trabalho é informar para a comunidade acadêmico-científica os aspectos clínicos da influenza A (H1N1) que ocorreram nos casos graves registrados no Hospital e Maternidade Celso Pierro (HMCP). Materiais e métodos: Foram selecionados oito casos graves de doença pelo subtipo A (H1N1) que resultaram em óbito, de junho a agosto de 2009, do HMCP, para análise de alterações clínicas, hematimétricas, radiológicas, conduta e estudo anatomopatológico observado à necrópsia. Resultados: Em relação ao gênero, sete pacientes eram femininos (87,5%) e um masculino. A média das idades obtida foi de 34,7 anos (17 a 60 anos). Ao destacarmos o início dos sintomas até o diagnóstico de suspeição e o início dos sintomas até o óbito, obtivemos, respectivamente, um tempo médio de 7,5 dias e 13,1 dias. Dados de hemograma revelaram aumento de leucócitos às custas de segmentados em seis de oito casos analisados neste trabalho, representando um total de 75%. O padrão radiográfico intersticial foi visto em sete casos (87,5%) e tomográfico em vidro fosco em cinco casos (62,5%), típico de pneumonia intersticial aguda. Para confirmação diagnóstica, em cinco casos (62,5%) foi realizado swab de orofaringe: em quatro deles houve positividade para o agente. Em seis casos houve confirmação pela necrópsia. Quanto à conduta, em quatro casos houve prescrição de oseltamivir e indicação de antibioticoterapia em 100% dos casos, mesmo sem comprovação de infecção bacteriana associada. Prescreveram-se 13 antibióticos diferentes. Em cinco casos (62,5%) foi utilizada corticoterapia. O estudo anatomopatológico, comum aos casos, revelou à macroscopia: extensa lesão necrotizante das mucosas laríngea, traqueal e brônquica com abundante secreção mucopurulenta. Pulmões com comprometimento intersticial, consistência aumentada e focos de hemorragia. À microscopia: desnudamento epitelial com secreção mucopurulenta recobrindo as mucosas. O parênquima pulmonar encontrava-se com comprometimento intersticial difuso, septos fortemente espessados às custas de edema, congestão capilar e infiltrado rico em neutrófilos. O espaço alveolar apresentava descamação de pneumócitos e macrófagos, áreas de membrana hialina e hemorragia. Conclusões: É importante reiterar que os casos fatais de doença por H1N1 não ocorreram por infecção bacteriana associada, como se espera, mais comumente, em casos de influenza sazonal e sim pela lesão intersticial causada pelo vírus. Diagn Tratamento. 2011;16(3):146-61. 149 Risco no desenvolvimento de transtornos mentais em crianças e adolescentes segundo sexo Roberto Giannini Macedo, Thomas Patrick Bernardes, Luiza de Santes Halang, Carlos Francisco Silva, Lívia Maria Valim, Pedro Mario Pan Neto, Tais Moriyama, Ary Gadelha de Alencar Araripe Neto, Rodrigo Affonseca Bressan Projeto desenvolvido no Programa de Esquizofrenia (Proesq), inserido na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) – Escola Paulista de Medicina Introdução: A prevalência de transtornos mentais em crianças e adolescentes é estimada em 12,7%. Esse dado é preocupante, pois problemas de saúde mental em idade escolar pioram o desempenho acadêmico, diminuem a assiduidade, aumentam a evasão escolar e agravam problemas de comportamento e violência. O SDQ (Strengths and Difficulties Questionnaire) é um questionário que realiza rastreio de alterações do comportamento em crianças e adolescentes através de 25 perguntas, divididas em cinco subescalas. A pontuação é feita para os seguintes tópicos: conduta, déficit de atenção e hiperatividade, problemas de ordem emocional, relacionamento com outros colegas e comportamento prósocial. Objetivo: O objetivo do presente estudo foi investigar diferenças entre os sexos nos escores da SDQ. Material e métodos: Este estudo foi aprovado pelo comitê de ética, sob o protocolo no 1138/08 CAPPesq. Os dados foram obtidos a partir da aplicação das SDQs, respondida pelos cuidadores principais de crianças oriundas de escolas públicas da cidade de São Paulo. Foram selecionadas 728 crianças (320 do sexo feminino e 408 do sexo masculino) entre 6 e 12 anos. O total de pontos na SDQ gera uma classificação em três grupos: crianças com desenvolvimento normal (0-13 pontos); crianças limítrofes (1416 pontos); e crianças comprometidas (17-40 pontos). Resultados: A amostra foi composta por 408 meninos e 320 meninas. A média de idade dos meninos foi de 8,43 anos (desvio padrão, DP = 1,68), já a das meninas foi de 8,58 anos (DP = 1,69). Comparando a média da pontuação total da SDQ entre os sexos, encontramos que meninos possuem uma média (13,47; DP = 7,36) mais alta que a das meninas (11,78; DP = 7,03), de forma estatisticamente significante (P = 0,002). A amostra foi posteriormente dividida em dois grupos, baixo risco e alto risco, sendo que no primeiro foram alocadas as crianças com pontuação nas faixas normal e limítrofe, e no segundo crianças com alto risco. O grupo de alto risco foi composto por 144 meninos e 81 meninas. Identificamos um maior risco de meninos apresentarem alto risco para transtornos psiquiátricos, segundo a SDQ, em relação às meninas (odds ratio, OR 1,60; intervalo de confiança, IC 1,16-2,22; P = 0,004). Conclusões: Identificamos que os níveis de apresentação de psicopatologia infantil foram diferentes entre os sexos em nossa amostra, o que está de acordo com a literatura estudada. Esse dado deve ser considerado no delineamento de estratégias de rastreio e tratamento para esta população. Avaliação da prevalência de sonolência excessiva diurna e da qualidade de sono dos estudantes de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo Luany Ide Hasimoto, Marília Tomiyoshi Asato, Guilherme Sciascia Olival, Michel Elyas Jung Haziot, Marcel Simis, Christina Funatsu Coelho Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo Introdução: Sonolência excessiva diurna (SED) corresponde a aumento da probabilidade de dormir e/ou da tendência a cochilar quando o sono não é desejado e acarreta consequências como: instabilidade do estado de alerta e vigília e diminuição das capacidades cognitivas e motoras, que contribuem com mais de 100.000 acidentes com veículos motorizados, além de gerar prejuízos nas relações sociais e familiares, nos desempenhos escolar e profissional. Alguns autores apontam o estudante de medicina como grupo de risco para desenvolvimento de distúrbio do sono. Objetivo: O objetivo do presente trabalho foi avaliar a qualidade de sono e a prevalência de sonolência excessiva diurna dos estudantes do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP). Materiais e metodologia: Por meio da Escala de Sonolência de Epworth (ESE) podemos avaliar quantitativamente a sonolência excessiva, sendo que valores acima de 10 nesta escala indicam SED, segundo a maioria dos autores. O Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (IQSP) permite avaliar o impacto desse distúrbio na vida do indivíduo. Para o desenvolvimento desta pesquisa foram utilizados questionários autoaplicáveis anônimos e voluntários contendo a ESE e IQSP modificado, investigando alunos do primeiro ao sexto ano da FCMSCSP. Resultados: Nos 325 alunos investigados, a média obtida na ESE foi de 10,4. Os alunos dormem em média 6,2 horas por Diagn Tratamento. 2011;16(3):146-61. noite; 44,9% classificaram o sono no mês anterior à pesquisa como ruim ou muito ruim e 50,5% relataram grande problema em manter o entusiasmo nas atividades diárias. Conclusão: O trabalho demonstrou que a SED é um distúrbio frequente nos estudantes de medicina e que esse distúrbio do sono interfere na qualidade de vida. Avaliação do perfil epidemiológico dos pacientes portadores do vírus da hepatite B atendidos na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará entre 2000 e 2009 Danylo de Carvalho Martins, Tábata de Sousa Xavit, Narjara Fontes Xavier, Laila Pereira Botelho, Rayssa Pinheiro Miranda, Tiago Vieira, Marina Cutrim Magalhães Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará Introdução: A doença da hepatite B é definida como inflamação do fígado causada por uma infecção pelo vírus HBV e de notificação compulsória, sendo sua análise de grande importância em nosso meio devido à sua elevada prevalência. Objetivo: Analisar aspectos epidemiológicos da hepatite B em pacientes da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCM-PA) ao verificar a faixa etária e gênero, sintomas mais referidos na primeira consulta, diagnósticos e tratamentos mais utilizados pelos pacientes. Materiais e método: Foi realizado estudo observacional, transversal, descritivo e retrospectivo a partir da análise de 44 prontuários de pacientes da FSCM-PA no período de 2000 a 2009. Os pacientes inclusos na amostra estavam na faixa etária de 15 a 54 anos, eram portadores do vírus da hepatite B, residentes no Estado do Pará e foram atendidos no ambulatório de hepatologia da FSCM-PA. Resultados: O gênero predominante foi o masculino com 64% dos pacientes e a faixa etária foi de 34 a 45 anos. Os sintomas mais frequentes foram icterícia e dor abdominal. O exame laboratorial mostrou-se um importante meio de diagnóstico, por meio dos marcadores sorológicos HBsAg, Anti-HBc e Anti-Hbe. Já o medicamento mais utilizado foi a lamivudina (56%). Conclusão: Na FSCM-PA a sorologia dos pacientes mostrou-se como fundamental para o diagnóstico da doença e a lamivudina apareceu como o tratamento de maior aceitabilidade por ser o medicamento que menos apresentou resistência entre os pacientes. Apesar de ser uma amostra pequena, a pesquisa pode ser considerada relevante por seus resultados estarem de acordo com a literatura sobre o assunto. Ressalta-se a importância da vigilância epidemiológica na determinação do perfil do desenvolvimento da hepatite B, permitindo que se estabeleçam propostas adequadas de prevenção, diagnóstico e tratamento, para que possamos diminuir seus altos índices em nossa região. Correlação entre expressão de fatores prognósticos, perfil molecular e dados epidemiológicos no câncer de mama masculino Fabiana Toledo Bueno, Bruno Gonçalves Guelli, Maria Marta Martins, Maria Antonieta Longo Galvão da Silva, Vilmar Marques de Oliveira Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo Introdução: O câncer de mama masculino corresponde a menos que 0,2% dos casos de câncer. Os pacientes são diagnosticados tardiamente, com taxa de mortalidade mais elevada quando comparados ao sexo feminino. A literatura da neoplasia mamária nos homens é escassa e estudos demonstram diferenças de sobrevida em relação à raça, ao estado civil, à idade, à educação, aos subtipos histológicos, à genética, à expressão dos fatores prognósticos e aos marcadores moleculares. Sabe-se pouco sobre a etiopatogenia, epidemiologia ou caracterização da morbidade, de modo que homens e mulheres ainda são tratados da mesma forma, por meio de cirurgia, radioterapia, quimioterapia e manipulação hormonal adequados ao padrão feminino. Objetivo: Nosso estudo foi retrospectivo e visa individualizar o câncer mamário no homem por meio de sua caracterização epidemiológica, bioestatística e do perfil imunoistoquímico. Métodos: Foram selecionados 10 casos de carcinoma de mama masculino atendidos na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo nos últimos 10 anos. Seus prontuários foram revisados e foi realizado estudo imunoistoquímico em blocos, processados pela técnica de “tissue microarray” (TMA), com imunomarcação para receptores de estrógeno, progesterona, CerbB2 (Her2/neu), Ki67 e p53. Resultados: As idades de nossos pacientes variaram de 54 a 84 anos (média de 64 anos). A etnia prevalente foi a branca (80%), o índice de massa corporal (IMC) variou de 24 a 31 (média de 27), todos eram casados, o nível educacional era baixo e 60% viviam em pequenas cidades, com acesso restrito a programas de saúde pública. Quatro casos tinham antecedentes familiares 150 de câncer de mama (parente de primeiro grau). O tipo histológico prevalente foi o carcinoma ductal infiltrativo (90%) e 10% foram diagnosticados como carcinoma mucinoso. 90% apresentaram positividade para receptores hormonais e negatividade para o oncogene HER2, com perfil molecular luminal A. 10% apresentaram receptores negativos e Her2 positivo, perfil molecular HER. As diferenças em relação ao tamanho do tumor, grau histológico, estágio no diagnóstico, fatores prognósticos e perfil molecular não foram estatisticamente significativos; no entanto, foram observadas diferenças de sobrevivência entre pacientes de regiões metropolitanas com melhor acesso à saúde pública. Conclusão: A interação entre as áreas urbanas com melhor acesso à saúde foi um fator preditivo significativo de sobrevivência. Influência do diabetes e da hipertensão arterial sobre a agregação plaquetária, por ácido acetilsalicílico, na prevenção secundária do acidente vascular cerebral isquêmico Henrique Alkalay Helber, Aron Augusto Jorge, Helvécio de Resende Urbano Neto, Guilherme Sciacia do Olival, Lina Dornelas Thomas, Rubens José Gagliardi Ambulatório de Neurologia da Santa Casa de São Paulo Introdução: A antiagregação plaquetária é a principal terapia para prevenção secundária do acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi). A curva de agregação plaquetária (CAP) possibilita avaliar laboratorialmente a eficácia da agregação. Além disso, sugere-se que fatores de risco como hipertensão arterial (HA) e diabetes podem influenciar a resistência à antiagregação. Objetivos: Analisar eventual influência da HA e do diabetes na antiagregação com ácido acetilsalicílico (AAS) em diferentes doses. Método e casuística: Estudo observacional transversal, baseado em dados secundários, em doentes que sofreram AVCi, regularmente medicados com AAS e acompanhados com a CAP. Foram selecionados 195 pacientes com AVCi prévio, sendo 127 hipertensos e 45 diabéticos. Foi considerada hipoagregação quando a reação com ADP e/ou adrenalina estava inferior a 70%. Foram comparados subgrupos de doentes que utilizaram doses 100, 200 e 300 mg/dia de AAS. Resultados: 165 pacientes estavam hipoagregados, sendo 127 hipertensos e 38 normotensos. Entre os hipertensos, 23 hipoagregaram com dose de 100 mg/dia, 71 com 200 mg/dia e 33 com 300 mg/dia (P = 0,91). Entre os normotensos 8, 20 e 10 pacientes hipoagregaram, respectivamente, com estas doses. Entre os diabéticos, 45 estavam hipoagregados, sendo 11 com dose 100 mg/dia, 25 com 200 mg/dia e 9 com 300 mg/dia. Entre os 120 pacientes não diabéticos 20, 66 e 34 hipoagregaram, respectivamente, nos subgrupos. Conclusão: Em relação à hipertensão não foi constatada influência da dose para a eficácia da antiagregação. Entre os diabéticos a casuística mostra tendência de menor hipoagregação com 300 mg/dia de AAS (P = 0,38). É importante ressaltar que a amostragem de diabéticos foi pequena, sendo necessário mais estudos para ratificar este resultado. Estudo do déficit de memória em pacientes com doença de Parkinson Claudia Cristina Ferreira Ramos, Tiago Cena de Oliveira, Glória Maria Almeida Souza Tedrus, Lineu Corrêa Fonseca Ambulatório de Neurologia Clínica do Hospital e Maternidade Celso Pierro Introdução: A doença de Parkinson (DP) é uma condição crônica neurodegenerativa que acomete principalmente o sistema motor. Por outro lado, estima-se que comprometimento cognitivo ocorra em 2% a 77% dos pacientes com DP. Objetivo: O objetivo deste estudo é avaliar de modo integrado os aspectos clínicos e cognitivos e do eletroencefalograma, de pacientes com DP. Metodologia: Foram analisados 19 pacientes (14 do gênero masculino), procedentes do ambulatório de Neurologia Clínica do Hospital e Maternidade Celso Pierro (PUC-Campinas), consecutivos, com DP idiopática (idade média: 67,1 anos), tempo médio de doença de 7,6 anos e estágio 1 - 3 na escala Hoehn e Yarh modificada (HY). Foram realizados: anamnese, exame neurológico, bateria CERAD (Consortion to Establish a Registry for Alzheimer´s Disease), Pfeffer e Clinical Demential Rating, avaliação da linguagem, da atenção, da função executiva, de construção visuoespacial e da memória não verbal, o EEGq e a escala de depressão de Hamilton. Os aspectos cognitivos foram comparados aos de um grupo controle semelhante, sem doenças neuropsiquiátricas. Foi feita a comparação entre os grupos pelo estudo estatístico test t de Student, com nível de significância P < 0.05. Resultados: Os pacientes com DP tiveram desempenho cognitivo inferior em todos os itens da bateria CERAD e também nos testes da avaliação da função executiva, quando comparado ao do grupo controle, mas, de modo estatisticamente significativo, nos itens: FV, lista de palavra e recordação e reconhecimento de lista, torre de Hanói (três peças), Stroop Color Test B (tempo) e C (número de erros), trilhas - Trail Making Test partes A e B, fluência verbal: categoria e F. A. S e na figura complexa de Rey (memória ñ tempo). Dez pacientes apresentaram depressão, de grau leve em 90% dos casos. Conclusão: Observou-se comprometimento cognitivo em porcentual significativo dos pacientes com DP. A caracterização do envolvimento cognitivo e sua gravidade na DP são de grande importância clínica, pois podem ser úteis para melhor orientação e introdução de estratégias terapêuticas. Diagnóstico pré-natal e história natural de fetos com derrame pleural primário Alan Saito Ramalho, Ana Karina Silva Cardoso, Rodrigo Ruano, Marcelo Zugaib Disciplina de Obstetrícia do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: Derrame pleural primário, ou hidrotórax fetal, consiste no acúmulo anormal de líquido na cavidade pleural do feto, podendo provocar anormalidades do desenvolvimento pulmonar. É uma condição rara, porém de elevada mortalidade. Ainda não estão claros na literatura quais os fatores envolvidos no prognóstico desta condição e quais suas respectivas importâncias, o que dificulta consenso quanto à terapêutica adequada. Saber a história natural e os fatores prognósticos é fundamental para seleção dos casos para eventuais intervenções intrauterinas. Objetivo: Descrever a história natural dos fetos com hidrotórax fetal e identificar os fatores que afetam seu prognóstico. Metodologia: Estudo prospectivo observacional entre 2005 e 2009. Todos os fetos com diagnóstico pré-natal de hidrotórax fetal primário foram submetidos à ultrassonografia, ecocardiograma pré-natal e cariotipagem por amniocentese. Foram excluídos os casos em que foi realizado shunting tóraco-amniótico. Os pacientes foram seguidos, sendo coletados os seguintes dados: idade gestacional ao diagnóstico, presença de malformações associadas, cariótipo fetal, lateralidade do derrame, presença de polidrâmnio (ILA > 25 cm), presença de hidropsia fetal e evolução perinatal. Os fetos foram divididos em: grupo I (hidrotórax isolado); II (malformação associada, mas cariótipo normal); e III (anormalidade cromossômica associada). Resultados: Foram encontrados 65 casos, porém 9 (13,8%) foram excluídos por perda de seguimento ou recusa à cariotipagem. Dos 56 casos analisados, 14 (25,0%) apresentavam hidrotórax isolado (grupo I), 19 (33,9%) apresentavam outras malformações estruturais (grupo II) e 23 (41,1%) tiveram cariótipo alterado (grupo III). A idade média materna ao diagnóstico foi de 27,8 anos, similar nos três grupos (P = 0,95). A idade média ao diagnóstico foi de 21,4 semanas, menor no grupo III (P < 0,01). Foi observado derrame bilateral em 73,2% dos casos e unilateral à direita em 17,9%. Hidropsia estava presente em 85,7% dos casos e polidrâmnio em 30,4%. A mortalidade perinatal global foi de 72,3%. A incidência de anormalidades estruturais e/ou cariotípica foi 75,0%. A mortalidade perinatal global foi 42/56 (75%). A sobrevida do grupo I (64,3%) foi maior que dos grupos II (0%) e III (13%) (P < 0,01). Presença de derrame bilateral (P = 0,04) e hidropsia (P = 0,03) foram significativamente associadas com morte perinatal, assim como a presença de anormalidade estrutural ou cariotípica (P < 0,01). Porém, análise por regressão multivariada demonstrou que apenas a presença de anormalidades associase a mortalidade perinatal (odds ratio, OR = 3,56; intervalo de confiança, IC 95%: 1,48-5,64; P < 0,01). Conclusões: No hidrotórax fetal primário, o principal fator de pior prognóstico é a associação com malformações estruturais ou anormalidades cromossômicas, frequentemente encontradas nesses casos. Esses casos talvez se beneficiem de intervenções intrauterinas. Alterações volumétricas em adultos jovens saudáveis ao longo de um ano: um estudo de ressonância magnética usando métodos morfométricos baseados no voxel Ronaldo Morales Guimarães, Geraldo Filho Bussato, Fábio Luís de Souza Duran, Maria Teresa Vergara Gouvea, Paulo Rossi Menezes, Luciana Cristina Santos, Márcia Scazufca, Maristela Spanghero Schaufelberger Laboratório de Neuroimagem do Departamento de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (LIM 21) Introdução: Pesquisas sobre processos de desenvolvimento e envelhecimento cerebral em indivíduos saudáveis são relevantes para ampliar o entendimento sobre as bases fisiológicas do funcionamento cerebral e para auxiliar a esclarecer a fisiopatologia de transtornos neurológicos e psiquiátricos. Vários estudos têm mostrado alterações volumétricas cerebrais ao longo da vida, em Diagn Tratamento. 2011;16(3):146-61. 151 geral, comparando-se amostras de volume cerebral entre indivíduos jovens e idosos. Muitos métodos já foram descritos para esse tipo de pesquisa, desde os antigos estudos post mortem até as modernas técnicas de ressonância magnética (RM) morfométrica in vivo, mas sempre com enfoque em estudos de corte transversal, procurando padrões de correlação entre cada faixa etária e o volume de substância cinzenta. Estudos de corte transversal de RM são informativos, mas apresentam apenas uma visão simplificada do que ocorre no envelhecimento e desenvolvimento cerebral. Para estudos mais aprofundados, deve-se realizar pesquisas usando desenhos longitudinais, nos quais o mesmo indivíduo é investigado repetidamente ao longo de um determinado período de tempo. Objetivo: Realizar estudo longitudinal para avaliar envelhecimento cerebral por RM. Métodos: Neste estudo, 52 adultos jovens e saudáveis numa faixa etária de 18 a 50 anos (27 homens e 25 mulheres) foram acompanhados com aquisições repetidas de RM em um intervalo de aproximadamente 15 meses. Os volumes de substância cinzenta foram comparados entre os dois pontos do tempo usando morfometria baseada no voxel. A previsão era de que as mudanças de volume seriam detectáveis no lobo frontal, temporal, neocórtex e no hipocampo, já que, pela literatura, são as regiões mais afetadas no envelhecimento cerebral normal. Resultados: As análises mostraram redução significativa do volume de substância cinzenta (P < 0,05, family-wise error corrected) no córtex órbito-frontal do lado direito e no hipocampo esquerdo. As comparações separadas para homens e mulheres mostraram reduções volumétricas bilateralmente no córtex órbito-frontal apenas nos homens. Conclusões: Assim, evidenciamos que as alterações de volume da substância cinzenta em adultos jovens saudáveis são detectáveis mesmo em intervalos curtos de tempo, enfatizando a natureza dinâmica das alterações de substância cinzenta do cérebro, com reduções detectadas em regiões do cérebro que são relevantes para processos cognitivos e emocionais. Liga acadêmica como forma de ensino de anestesiologia durante a graduação: análise do aprendizado dos alunos Alan Saito Ramalho, Felipe Duarte Silva, Tatiana Barboza Kronemberger, Marcelo Luis Abramides Torres, Maria José Carvalho Carmona, José Otavio Costa Auler Junior, Regina Albanese Pose Disciplina de Anestesiologia do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: As ligas acadêmicas vêm se firmando como instrumentos de ensino médico e inserção dos graduandos de medicina na prática médica de determinadas especialidades, inclusive na anestesiologia. A despeito do potencial das ligas no processo de desenvolvimento de competências em medicina, o aprendizado dos alunos decorrente da participação nessas atividades ainda não foi demonstrado ou mensurado. Objetivo: Avaliar o aprendizado dos alunos integrantes de uma liga acadêmica de anestesiologia após um ano de participação em suas atividades. Metodologia: Os alunos participantes das atividades de uma liga de anestesiologia de uma faculdade de medicina de São Paulo foram acompanhados prospectivamente entre março e dezembro de 2010 e avaliados por meio de testes cognitivos objetivos de múltipla escolha aplicados antes do início das atividades (teste pré-liga) e após sua conclusão (teste pós-liga). O perfil epidemiológico dos alunos e as frequências nas atividades propostas pela liga foram correlacionados aos resultados obtidos nos testes. Resultados: Foram analisados 20 graduandos em medicina que participaram da liga. O grupo era composto por aluno do 3o ano (25%), 4o ano (55%), 5o ano (10%) e 6o ano (10%). A média de idade do grupo foi de 22,8 (21-26) anos. A frequência média nas atividades propostas foi 10,4/13 (80%). A média de acertos no teste pré-liga foi 8,1/17 (47,6%). No teste pósliga, a média de acertos foi 11,9/17 (70%). Houve melhora no desempenho dos alunos (P < 0,05). Além disso, foi encontrada relação forte entre a frequência nas atividades propostas e melhora nas notas entre os dois testes (r = 0,719; P < 0,001). Discussão: Este é o primeiro estudo que demonstra ganho de aprendizado de acadêmicos de medicina através da participação em uma liga acadêmica. O pequeno tamanho amostral, imposto pelas características da atividade, e o fato de não haver grupo controle de alunos não submetidos à liga limitam o estudo. Entretanto, as atividades desenvolvidas nas ligas parecem ter papel positivo na formação acadêmica dos alunos de graduação, destacando-se, no caso deste estudo, a anestesiologia. As ligas podem contribuir com o aprendizado dos alunos e, além disso, ajudar no processo de escolha da especialidade. São necessários estudos maiores para confirmação do impacto das ligas no aprendizado dos alunos. Conclusões: Os alunos que participaram das atividades da liga apresentaram melhora nos testes de avaliação de conhecimento, sugerindo que a liga é instrumento útil de ensino e pode promover ganho de aprendizado. A frequência nas atividades relacionou-se com a melhora no desempenho. Diagn Tratamento. 2011;16(3):146-61. Utilização de nanovetor de carbono como agente transfectante em linhagem de fibroblasto NIH/3T3 Aline Kühl Torricelli, Kleber Chinchio Donizetti Almeida, Helder Ceragioli, Vitor Baranauskas, Marcelo Brocchi, Marcello Lancellotti, Silvia Mika Shishido, Carmen Verissima Ferreira, Maricene Sabha, Luciana Maria de Hollanda Laboratório de Biotecnologia (Labiotec), Departamento de Bioquímica, Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Introdução: O câncer é uma das doenças que mais preocupam a saúde pública mundial e, até o presente momento, as principais metodologias curativas ainda são quimioterapia, radioterapia e cirurgia. Embora eficazes, ainda não são capazes de separar células neoplásicas malignas das normais, identificar micromestátases, delinear as margens tumorais e determinar se o tumor foi completamente removido ou não. Desta forma, diversos pesquisadores patrocinados pelo National Institutes of Health (NIH) lançaram-se na descoberta de novos nanodispositivos que são endociticamente internalizados pelas células. Dentre esses novos nanodispositivos, os que se mostraram mais eficazes foram os nanotubos de carbono (NTC). Os NTC foram utilizados como nanovetores de RNAi, DNA e proteínas com bastante eficácia, combatendo as células tumorais tanto nos modelos in vitro como in vivo, determinando um novo marco científico para o tratamento tumoral. Desta forma, este trabalho é de suma importância, pois utiliza nanovetor de carbono por nós fabricado como carreador de um plasmídio fluorescente, e demonstra, em ensaio de transfecção celular, que ele é mais eficiente que o kit transfectante comercialmente vendido. Objetivo: Comparar se os nanovetores de carbono produzidos pelo Departamento de Semicondutores, Eletrônica e Fotônica e conjugados com o plasmídeo pIRES são mais efetivos na taxa de transfecção celular que o kit comercial Effectene da Qiagen. Materiais e método: Linhagem celular: fibroblasto de camundongo (NIH/3T3) crescido em DMEM, suplementada com 10% de soro fetal bovino e 1% de antibiótico (Cultilab). Vetor plasmidial utilizado na transfecção: pIRES (Clontech). NTC: Produzido pelo Departamento de Semicondutores, Eletrônica e Fotônica da Faculdade de Engenharia Elétrica. Funcionalização dos NTC: 1 mg de NTC foi suspendido em 1 mL de solução de copolímero em bloco de poli(óxido de etileno)-poli(óxido de propileno) pluronic P85 10% m/v. Ensaio de citotoxicidade celular dos NTC funcionalizados por MTT: realizado com um range de 0,008 mg/mL a 1mg/ mL. Ensaio de transfecção celular: realizado de acordo com as instruções do kit Effectene (Qiagen). O NTC/P85 foi utilizado na concentração final de 0,01 mg/ mL de NTC e 0,1% m/v de P85. Resultados: O NTC não apresentou efeito citotóxico para a célula testada, além disso, mostrou maior taxa de transfecção do que o kit Effectene (Qiagen). Conclusão: Esse trabalho fortemente sugere sua utilização como nanovetor transfeccional, sendo futuramente utilizado como nanocarreador de RNAi para combater a célula tumoral. Estudo de adesão e invasão em adenocarcinoma de próstata e pulmão, de linhagens de Salmonella enterica typhimurium, isoladas na região de Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil Luciana Maria de Hollanda, Kleber Chinchio Donizetti Almeida, Aline Kühl Torricelli, Maricene Sabha, Marcelo Brocchi, Marcello Lancellotti, Mário Sérvulo Izidoro Júnior, Rafaella Fabiana Carneiro Pereira, Camila Manali Bortoletto Laboratório de Biotecnologia (Labiotec), Departamento de Bioquímica, Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Introdução: Salmonella enterica typhimurium é uma espécie bacteriana que naturalmente invade várias linhagens tumorais. Entre os fatores descritos para esta predisposição está a adaptação bacteriana, a supressão do sistema imune e a perda da atividade de macrófagos e neutrófilos no meio ambiente tumoral e regiões de hipóxia e necrose que favorecem o seu desenvolvimento. Até o presente momento, diversos trabalhos demonstraram que esta bactéria, quando inativada, é utilizada como carreadora de RNA de interferência, destruindo somente as células tumorais, gerando poucos efeitos colaterais e, além disso, ela é capaz de reduzir a massa tumoral e o número de metástases nos modelos murinos, levando a sua cura. Objetivo: Desta forma, este trabalho tem como principal objetivo encontrar novas linhas com potencial terapêutico. Metodologia/Resultados: Foram isoladas, na região de Ribeirão Preto, diversas linhagens, dentre as quais as linhagens ST662, STI607, ST570, SE601, STI635, ST5739, TY665, ST5705, assim como o controle, LT2 e UK1 se mostraram mais efetivas nos estudos de adesão e invasão em células PC3 e A549, mostrando também degradação do DNA genômico pelo teste de cometa. Conclusões: Essas bactérias, quando tiverem seus genes de patogenicidade inativados, serão excelentes vetores tumorais, combatendo o câncer. 152 Abordagem do paciente terminal em hospital universitário Priscilla Gasparetto Alves, Éder Schmidt, Felipe Jader Coelho Pereira, Pedro de Andrade Guerra Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora Introdução: Por meio de revisão bibliográfica sobre o tema, obtivemos as análises explicitadas: o homem, por razões culturais e históricas, encara a morte como um problema. Dessa forma, o atendimento a pacientes terminais apresenta-se em toda literatura como tema complicado, gerando insegurança por parte dos profissionais da saúde ao abordá-lo no cotidiano hospitalar. Uma vez que se luta a favor de métodos curativos e esse paciente apresenta quadro com impossibilidade de cura, o tratamento e cuidados com ele tendem a gerar sensações de impotência e fracasso nos profissionais. No meio acadêmico, essas questões são deixadas de lado, como comprovadas na literatura. Objetivos: Efetuar uma análise da relação médico-paciente com o paciente terminal em um hospital universitário, onde médicos, residentes e acadêmicos convivem e percebem as dificuldades e peculiaridades, estimulando a discussão precoce desse tema na formação médica. Método: Será traçado o perfil da relação dos médicos e acadêmicos que atendem em hospitais universitários com o paciente terminal, identificando as principais características dessa vivência através da revisão da literatura encontrada em bases de dados que abordam tanto a relação médico-paciente como o enfoque ao paciente terminal em hospitais universitários. Resultados: A literatura mostra que, no paciente terminal, devem ser preconizadas medidas que maximizem a qualidade de vida, evitando sofrimentos nesse período, sem preocupações exacerbadas quanto ao prolongamento da vida a qualquer custo. Além disso, os profissionais devem estar capacitados para abordarem esses casos de modo a respeitar cada estágio emocional e psíquico vivenciado pelo paciente, auxiliando-o a todo o momento e ajudando-o a lidar com a questão da morte. Conclusões: A educação formal nas escolas de medicina, desde o início do curso, bem como a permanente atenção conferida ao tema por parte dos profissionais poderiam torná-los mais aptos a lidar com a morte e com o paciente terminal, evitando possíveis frustrações ou quadros depressivos e desmotivantes nesses profissionais, que estarão sempre próximos a isso em seu cotidiano. Ligas acadêmicas: transformações e impactos na formação médica João Brainer Clares de Andrade, Samuelson Hugo Félix Maia, Antonia Dannubia Bastos Rodrigues, Vitória Bezerra de Menezes Gomes Gondim, Eduardo de Lima Sá Pires, Yara Ceres e Silva Ferreira Lima Universidade Estadual do Ceará Introdução: As ligas acadêmicas (LA) em Medicina são organizações que visam, por discentes e docentes interessados em uma dada área médica, exercer atividades de ensino, pesquisa e extensão. Assim, as LA representam hoje uma alternativa acessível aos alunos que vislumbram o aprofundamento teórico-prático em modalidades médicas de seu maior interesse, contrapondo-se ao conhecimento básico ofertado no contexto da formação médica generalista, além da aproximação com serviços especializados, profissionais e pesquisadores. Objetivo: Descrever as implicações das LA sobre a formação médica de estudantes de uma escola pública estadual do Ceará a partir do julgamento do alunato, avaliando o impacto sobre a escolha pela especialidade na Residência Médica, desempenho acadêmico e atividades realizadas pela liga. Método: Aplicou-se questionário semiestruturado a estudantes de uma escola médica pública estadual de Fortaleza, Ceará, que participavam, em 2010 e 2011, de alguma liga ativa. A amostra consistiu de 53 alunos presentes no campus universitário na data de realização da pesquisa e que aceitaram participar da pesquisa. Resultados: Entre os motivos relacionados à escolha do discente pela liga, 88,7% identificaram-se com a especialidade da área da liga, 83% visaram a estágios, 71,7% estavam interessados em pesquisas e 67,9% desejaram incrementar o currículo acadêmico. Quanto às atividades do tripé universitário realizadas pelas LA, os discentes inferiram: pesquisa (88,7%), ensino (83%) e extensão (71,7%). Já quanto à participação, 54,7% dos entrevistados optaram por atividades de extensão e 45,3% por atividades de ensino. O aprofundamento teórico-prático foi atestato por 45,3% dos estudantes, sendo 92,8% entre aqueles que alegaram escolha da liga por afinidade com a especialidade. Já 47,2% dos pesquisados alegam que prestarão residência médica na área da liga e 51% acham que as LA podem influenciar na especialização médica precoce. A carga horária média de dedicação à liga foi de 11 h/semana. Conclusão: As LA representam certamente entidades de alternativa à formação generalista, orientando-se em uma especialidade médica e representando a oportunidade de aprofundamento teórico-prático, realização de pesquisas científicas, desempenho de atividades de inserção em campos de prática e incremento de currículo acadêmico com vistas a concursos de residência médica; tendo papel transformador e impactante no processo de formação. Avaliação da satisfação do XX Curso Introdutório da Liga Acadêmica de Cirurgia Plástica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Arthur Hirschfeld Danila, Rafael Haddad Astolfi, Homar Toledo Charafeddine, Gisele Carvalho Calastro, Yuri Nascimento Cardoso Moraes, Rafael Vilela Galli, Samuel Terra Gallafrio, Marcus Castro Ferreira Laboratório de Microcirurgia e Cirurgia Plástica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: A Liga Acadêmica de Cirurgia Plástica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (LCP-FMUSP) completa 20 anos de atividades em 2011. Para tanto, realizou a 20a edição de seu anual Curso Introdutório. O curso tradicionalmente é composto por aulas predominantemente teóricas, ministradas por professores e médicos do Departamento de Cirurgia Plástica da FMUSP ao longo de quatro noites, das 19 horas às 22 horas. O tema do evento varia anualmente, sendo que no ano de 2011 foi escolhida discussão sobre as diferentes “áreas de atuação em Cirurgia Plástica”. Objetivo: Avaliar a qualidade do XX Curso de Introdução à LCP-FMUSP na opinião dos alunos que participaram do curso. Métodos: Avaliação por questionário para participantes do XX Curso de Introdução à LCP-FMUSP, contendo questões objetivas e abertas. Resultados: 33 dos 71 participantes do evento responderam o questionário (46,5%), sendo 31 estudantes de medicina e 2 de enfermagem, e a maioria alunos do segundo ao quarto anos, provenientes de sete instituições de ensino. Destes, 52% também participam de outras ligas, sendo o perfil dessas ligas clínico (78%), cirúrgico (37%), preventivo (4%) ou experimental (4%). Quando questionados sobre qual tipo de atividade mais gostariam no Curso de Introdução à LCP-FMUSP, 64% desejariam ter palestras sobre temas polêmicos de Cirurgia Plástica, e 61% palestras sobre temas científicos distintos de Cirurgia Plástica e discussões de casos clínicos, seguidas por 48% com dissecção em cadáver ao vivo e 18% com discussões de artigos científicos. 73% dos participantes tomaram conhecimento do evento por meio de cartazes, 39% por colegas/amigos e 36% por e-mail. A qualidade da organização, divulgação e coffee-break obtiveram conceitos bom e excelente predominantemente. As aulas receberam avaliação boa e excelente em todos os casos. Entre os comentários, observou-se a queixa da curta duração do evento e a falta de material didático impresso para complementar as aulas ministradas. Conclusão: O XX Curso de Introdução à LCP-FMUSP demonstrou ter sido bem sucedido, na medida em que conseguiu congraçar estudantes de diferentes instituições de ensino e anos da graduação, contar com boa estrutura e preparo, levando a um alto grau de satisfação entre os participantes. Entre os possíveis pontos de mudança estariam a ampliação da carga horária e a maior diversidade de atividades ao longo do curso, privilegiando-se ações de cunho mais prático, como discussões de casos clínicos e dissecção de cadáver por teleconferência, além de abordar assuntos polêmicos do cotidiano do profissional cirurgião plástico. Análise da organização e satisfação de membros e exmembros da Liga Acadêmica de Cirurgia Plástica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Arthur Hirschfeld Danila, Rafael Haddad Astolfi, Homar Toledo Charafeddinem, Rafael Vilela Galli, Samuel Terra Gallafrio, Marcus Castro Ferreira Laboratório de Microcirurgia e Cirurgia Plástica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: A Liga Acadêmica de Cirurgia Plástica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (LCP-FMUSP) realiza atividades de ensino, pesquisa e extensão. É composta por estudantes de medicina e profissionais da área. Busca aprofundar os conhecimentos dos alunos a respeito da especialidade, oferecendo atividades teóricas semanais e práticas, que incluem dissecções no Serviço de Verificação de Óbitos da Cidade de São Paulo (SVOc), acompanhamento em ambulatórios, enfermarias e centros cirúrgicos. Ainda são desenvolvidos projetos de pesquisa com bolsa de iniciação científica e “journal sessions” periódicos. Objetivo: Avaliar as atividades oferecidas pela LCP-FMUSP e influência da Liga na escolha da carreira futura. Métodos: Avaliação por questionários para membros e ex-membros da Liga. Resultados: 49 membros e ex-membros responderam o questionário, com idades entre 18 e 40 anos, sendo 55% homens e 45% mulheres, a maioria alunos do segundo ao quarto anos, provenientes de sete escolas médicas. Os principais fatores que motivam a participação na Liga são: Diagn Tratamento. 2011;16(3):146-61. 153 abrangência e interesse pelo tema (88%), aperfeiçoar conhecimento sobre o tema (53%), interesse em técnica cirúrgica apreendidas no SVOc (51%) e interesse em participar de cirurgias (47%). 49% tiveram suas expectativas alcançadas, e 51% as tiveram apenas parcialmente, devido principalmente à limitação pessoal (56%), poucas atividades no SVOc (48%) e poucos trabalhos científicos (40%). Os pontos positivos relacionam-se a ganhos consideráveis de experiência e conhecimentos (85%), diversidade de aulas e assuntos abordados (77%), aprendizado no trabalho junto à comunidade nos ambulatórios (54%) e o incentivo à participação em congressos (46%). 65% acreditam que o curso de Cirurgia Plástica da graduação da FMUSP é suficiente para a formação do médico generalista, e apenas 33% dos sextoanistas tiveram influência da Liga na escolha de suas futuras carreiras. Em relação às atividades da LCP-FMUSP avaliadas pelos atuais membros, as atividades teóricas e a maioria das práticas tiveram conceitos “ótimo” e “bom” predominantes. Nos itens “evolução em enfermarias” e “participação em trabalhos científicos” predominaram os conceitos “bom” e “regular”. Em relação à organização, compromisso da diretoria da Liga e atuação dos professores nas atividades teóricas e práticas, predominaram os conceitos “ótimo” e “bom”. Conclusão: A LCP-FMUSP demonstrou ser uma Liga compromissada com os estudantes. A maioria dos membros está satisfeita com a Liga e reconhecem que a LCP-FMUSP é importante meio para o desenvolvimento de conhecimento e experiência na área em questão. Não houve influência significativa pela Liga na escolha da carreira futura dos atuais sextoanistas. A importância da humanização na graduação médica da perspectiva de internos e profissionais que participaram de um projeto de humanização durante a formação Beatriz Lima Pereira, Camila Ada Guazzelli, Gabriela Takayanagi Garcia, Vitor Augusto Queiroz Mauad, Sonia Nussenzweig Hotimsky Faculdade de Medicina do ABC Introdução: No século 21, a temática da humanização da saúde ganha maior visibilidade no Brasil. A incorporação desse tema na formação em saúde ocorre com a criação da Política Nacional de Humanização, na qual a interlocução com instituições de ensino é valorizada como estratégia para transformar práticas em saúde. No entanto, esforços para incorporar o tema no currículo ainda são insuficientes. Nesse contexto, analisar um projeto extracurricular de humanização realizado por estudantes de medicina pode contribuir para compreender a repercussão desse tema na formação médica. Materiais e métodos: Trata-se de pesquisa qualitativa envolvendo 10 entrevistas semiestruturadas. A análise é fundamentada na técnica de conteúdo temático categorial. Com o material em mãos, visou-se descrever e analisar resultados de pesquisa, ressaltando os significados da humanização da perspectiva de integrantes deste projeto com sua repercussão na formação. Resultados: Iniciativa de alunos, o projeto emerge em 2003 inspira-se em Patch Adams e nos Doutores da Alegria, e objetiva a transformação do ambiente em serviços de saúde por meio da arte clown. Os significados do termo humanização mencionados giram em torno do eixo das relações intersubjetivas. Motivos para a inserção incluem: idealismo, vontade de participar de um projeto social/artístico, de “cuidar de gente”, antecipar contato com pacientes e autoconhecimento. Houve divergências quanto às repercussões da experiência: consideram que esta aumenta a sensibilidade ou que não opera transformações. Há críticas quanto à formação médica: consideram necessário humanizar a relação médico-aluno e médico-paciente. Em contraposição, considera-se formação e atuação clown ferramentas facilitadoras das relações. Aproximam formação clown e médica: ambas exigem dedicação, valendo-se de um dom altruísta; convergem quanto à importância das técnicas médica e “clownesca”. O clown ensina ao médico: trabalho em grupo, percepção do outro, improviso e jogo de cintura. O nariz do palhaço protege o estudante, mas o clown o expõe, deixando-lhe vulnerável, aproximando-o do doente. Essa atividade promove bem-estar dos integrantes. Esses fatores contribuem na humanização, promovendo vínculo com o paciente. Conclusões: Aprendizado e experiência em arte clown aprimoram a formação médica, contribuindo para a aquisição de uma competência comunicativa complementar à competência técnica e científica. Modelo experimental para treinamento de suturas cirúrgicas Lucas Machado Gomes de Pinho Pessoa, Iana Silva Dias Carvalho, Júlio César Garcia de Alencar, Salustiano Gomes de Pinho Pessoa Departamento de Cirurgia do Hospital Universitário Walter Cantídio da Universidade Federal do Ceará e no Hospital São Lucas Introdução: Tendo em vista a necessidade dos acad�������������������������� ê������������������������� micos de Medicina de praticar as habilidades de nós cirúrgicos e suturas, foi desenvolvido, no Serviço de Diagn Tratamento. 2011;16(3):146-61. Cirurgia Plástica da Universidade Federal do Ceará, um modelo de treinamento em suturas tendo como público-alvo inicial os acadêmicos de Medicina da Liga de Cirurgia Plástica. Objetivo: O treinamento tem o intuito de permitir o aprendizado e o desenvolvimento de habilidades nos diferentes tipos de sutura por parte de acad�������������������������������������������������������������������� ê������������������������������������������������������������������� micos de medicina e jovens cirurgi��������������������������������� õ�������������������������������� es em v������������������������� á������������������������ rios n������������������ í����������������� veis de complexidade sem, contudo, haver a necessidade de seres humanos ou animais. Método: O modelo ������������������������������������������������������������������� é������������������������������������������������������������������ composto de materiais simples e de baixo custo, como madeira, folhas de EVA (etilvinilacetato) e parafusos, e teve o conte������������������������� ú������������������������ do das habilidades a serem desenvolvidas e o plano de ensino-aprendizagem estabelecido pelos médicos preceptores, residentes do Servi������������������������������������������ ç����������������������������������������� o de Cirurgia Pl������������������������� á������������������������ stica do HUWC/UFC e graduandos integrantes da Liga de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Reconstrutiva Dr. Germano Riquet. Resultados: Desta forma, os acadêmicos da Liga puderam passar a praticar a técnica dos diferentes tipos de sutura e nós cirúrgicos em vários níveis de dificuldade. Além disso, o modelo diminuiu a curva de aprendizagem de suturas e forneceu um par�������������������������������������������������� â������������������������������������������������� metro para a avalia������������������������������ çã���������������������������� o e acompanhamento das habilidades adquiridas após o treinamento. Conclusões: Apesar dos resultados ainda limitados devido à recente implantação, o modelo experimental para treinamento de suturas cir�������������������������������������������������������������� ú������������������������������������������������������������� rgicas se mostrou como uma ferramenta de ensino de baixo custo, simples reprodutibilidade e f������������������������������������������������� á������������������������������������������������ cil aprendizagem, n����������������������������� ã���������������������������� o biol���������������������� ó��������������������� gico, capaz de incrementar a formação do jovem cirurgião respeitando normas bioéticas. Avaliação de empatia em residentes de especialidades clínicas e cirúrgicas da Universidade Federal de São Paulo Vinícius Caio Suartz, Alfredo Mario De Marco, Cecília Ana Lucchese, Inês Maria Quintana Hospital São Paulo, Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina (EPM-Unifesp) Introdução: Médicos que têm relações empáticas com seus pacientes reduzem suas possíveis frustrações, o que melhora a relação médico-paciente e otimiza a aliança terapêutica. Objetivo: Este estudo buscou avaliar e comparar a empatia de residentes clínicos e cirurgiões. Material e método: Foram aplicados o Inventário de Empatia (IE), um questionário sociodemográfico (construído para o estudo) e a Escala de Satisfação com a Vida (ESV) em residentes do terceiro, quarto e quinto anos da especialização. O IE tem 40 questões que avaliam quatro fatores que compõem a habilidade empática: 1) tomada de perspectiva (TP); 2) flexibilidade interpessoal (FI); 3) altruísmo (AL); 4) sensibilidade afetiva (SA). A ESV consiste em cinco perguntas que podem ser respondidas de um a sete e a pontuação é proporcional à satisfação com a vida. Tanto no IE como na ESV as respostas são por escalas tipo Likert. Resultados: Foram entrevistados 80 residentes de especialidades clínicas e cirúrgicas do terceiro ao quinto ano de residência na Unifesp no ano de 2010, sendo 67,5% (n = 54) do sexo masculino, com idade média 28,24 (desvio padrão, DP = 1,536). Para os clínicos, a média encontrada para os fatores do IE foi: FI = 31,72 (percentil 50 nos dados normativos do IE), SA = 35,87 (percentil 50); TP = 41,27 (percentil 50) e AL = 32,95 (percentil 99). No questionário de satisfação com a vida, a média encontrada para esse grupo foi de 25,97 (DP = 5,69), 0,97 pontos acima da amplitude que os classificaria como “ligeiramente satisfeitos” (21 a 25 pontos). A média encontrada entre os cirurgiões para os fatores do IE foi: FI = 31,20 (percentil 50), SA = 35,02 (percentil 50); TP = 42,22 (percentil 60) e AL = 29,92 (percentil 90). No questionário de satisfação com a vida, a média foi de 26,40 (DP = 5,69). Discussão: Os dados apontam que médicos – clínicos e cirurgiões – apresentam altruísmo acima da média da população, havendo, entretanto, uma diferença significante entre clínicos (AL = 32,95, percentil 99) e cirurgiões (AL = 29,92 percentil 90) (teste t; t = -2,481, P = 0,015). O altruísmo é um componente afetivo da empatia, definido como vontade de ajudar outra pessoa sem expectativa de qualquer compensação; sua diferença entre os grupos pode indicar que há um perfil na escolha da especialidade que se acentua com a prática médica. A práxis dos clínicos, estimulando mais habilidades sociais, e a dos cirurgiões, mais aspectos técnicos, pode estar ligada a esse interesse elevado dos clínicos em auxiliar sem expectativa de compensação. O altruísmo acima da média populacional encontrado em ambas as especialidades pode estar ligado à escolha da carreira médica por pessoas capazes de suspender temporariamente suas próprias necessidades em função de atender demandas alheias. O teste t também revelou uma significante diferença (t = 2,953, P = 0,004) na satisfação com a vida entre residentes formados pela Unifesp e residentes de outras instituições, o que pode estar associado ao estresse gerado por mudanças (novo local de moradia, estudo e/ou trabalho). Efeitos fisiológicos da terapia do riso na prática clínica Giovanna dos Anjos Miranda, Rodrigo Sinott Camargo Universidade de Mogi das Cruzes Introdução: A porcentagem da população que recorre a meios naturais para prevenir ou solucionar seus problemas de saúde é cada dia maior. Por ser de fácil 154 acesso e de baixo custo, a terapia envolvendo a produção de risada nos pacientes deveria ser implantada mais amplamente em hospitais, enfermarias etc., como terapia complementar ou alternativa. O riso pode ser obtido de várias maneiras, como por meio de programas de humor, filmes de comédia, teatro, piadas, entre outras. O uso do humor como uma terapia alternativa é muito discutido atualmente, principalmente com tantos grupos de “palhaços de hospital” existentes hoje em dia. Entretanto, estudos que mostrem seus efeitos fisiológicos nos pacientes, justificando experimentalmente sua utilização, são escassos tanto em âmbito mundial quanto nacional. O que se encontra muito são estudos de mudanças comportamentais decorrentes dessa terapia. Segundo padrões da medicina, considera-se científico o que pode ser mensurável, objetivo e controlado por meio de experimentos e relega-se as emoções e a subjetividade. Diante dessa visão, torna-se de extrema importância que se associem experimentos comprovando a eficácia da terapia do riso na prática clínica, a fim de se oficializar sua utilização no dia a dia do ambiente hospitalar. Metodologia: Foi feita pesquisa bibliográfica, exploratória e de análise qualitativa. Buscou-se artigos que relacionassem a terapia do riso com alterações fisiológicas que poderiam ser aplicadas na prática clínica. A revisão bibliográfica foi efetuada nas bases de dados PubMed, SciELO, Lilacs e Medline por meio das palavras-chave “Terapia do riso” e “Fisiologia do riso”. Resultados e Discussão: Percebeu-se que essa é uma área pobre em pesquisa científica mundialmente. Ainda há muito preconceito perante essa prática, que é vista como brincadeira e não como um possível tratamento. Observou-se a ampla utilização de filmes ou vídeos de comédia para a produção do riso. O riso mostrou melhora na qualidade de vida das pessoas, benefícios fisiológicos, psicológicos e sociais, entre eles a melhora na imunidade, regulação do sistema de renina-angiotensina, a diminuição da produção de catecolaminas, entre outros. Efeitos adversos são muito limitados e é praticamente isento de contraindicações. A terapia também mostrou benefícios para doenças específicas, como diabetes, dermatites, câncer, infarto do miocárdio, artrite reumatoide, entre outras. Conclusão: A análise das referências indica que o riso possui efeitos fisiológicos benéficos à saúde dos pacientes, mostrando experimentalmente sua eficácia no tratamento de alguns sintomas de certas doenças. Microscópio virtual de histologia Rose Meire Costa Brancalhão, Bernardo de Lima, Henrique Saburó Shiroma, Luciana Parra Nagahiro Laboratório de Biologia Celular, Tecidual e do Desenvolvimento Humano e Microtécnica, no Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, na Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus Cascavel Introdução: O microscópio óptico é um instrumento didático de fundamental importância nos processos de ensino e aprendizagem de tecidos corpóreos. Diferentemente dos atlas disponíveis na literatura, que normalmente apresentam a imagem de determinado tecido em apenas um aumento, o Microscópio Virtual de Histologia, proposto neste estudo, irá apresentar a imagem em aumentos progressivos, de forma a simular uma visualização no microscópio. A criação de um Atlas Histológico Virtual possibilitará uma fonte alternativa de informações na construção do saber científico. Além disso, propiciará a ampliação de conhecimentos, pois, disponível na rede mundial de computadores, possibilitará aos internautas, que usufruem do sítio de pesquisa, um apoio valioso para o estudo de cortes histológicos. O sistema web de visualização de imagens é uma ferramenta que se aplica a diversas áreas do conhecimento humano, como no ensino da biologia tecidual (histologia). Seu estudo é fundamental na área médica e se interrelaciona com a bioquímica, a biologia molecular, a fisiologia, a anatomia, entre outras. Além disso, o conhecimento da biologia tecidual normal é essencial no reconhecimento de alterações advindas de doenças diversas. Objetivos: Este artigo apresenta o estado atual do desenvolvimento do microscópio virtual. Neste trabalho, também apresentamos o estado atual de desenvolvimento de um sistema web para visualização de imagens microscópicas em aumentos diferenciados de até 1000 X, o microscópio virtual de histologia. Metodologia (materiais e métodos): Com o auxílio de fotomicrografia, foram feitas imagens em diversos aumentos, o que propiciará ao usuário do sítio de pesquisa uma ferramenta de estudos que possibilita o reconhecimento de estruturas microscópicas tão importantes para o saber científico. Discussão: Com o desenvolvimento deste sistema pretende-se contribuir de forma significativa com o processo de construção de conhecimento em histologia. Na histologia, a análise microscópica de lâminas é fundamental na compreensão da organização morfológica de tecidos corpóreos, pois é microscopicamente que se pode visualizar como um órgão se organiza na realização de suas funções. Entretanto, o microscópio de luz nem sempre se apresenta disponível e os estudantes frequentemente se utilizam, nos estudos extraclasse, de atlas de histologia. Conclusão: Este sistema irá auxiliar estudantes de graduação, professores e profissionais da área de Ciências Biológicas e da Saúde, ressaltar o papel motivador das imagens, trazendo conteúdos significativos e compreensíveis, além de métodos adequados, o que certamente auxiliará no processo de ensino e aprendizagem. Vacuum bell – experiência inicial de um método não invasivo de tratamento do pectus excavatum Alan Saito Ramalho, Miguel Lia Tedde, Ricardo Lopes Moraes Oliveira, Jose Ribas Milanez de Campos, Fabio Biscegli Jatene Disciplina de Cirurgia Torácica do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: O pectus excavatum é a deformidade congênita da parede torácica anterior mais prevalente, sendo caracterizada pelo afundamento do esterno e das cartilagens condrais. Até o momento, os tratamentos disponíveis são cirúrgicos, e mesmo as chamadas técnicas minimamente invasivas são cirurgias de grande porte, que requerem internação hospitalar por dias e recuperação pós-operatória de semanas. Objetivo: Relatar nossa experiência inicial com um método não invasivo de tratamento do pectus excavatum. Metodologia: O vacuum bell é um dispositivo de silicone, com forma de campânula arredondada, adaptado a uma bomba manual geradora de vácuo, desenvolvido para ser posicionado sobre a deformidade de modo que, quando o vácuo é acionado, o dispositivo se fixa à parede torácica e exerce pressão negativa, tracionando o defeito para sua posição anatômica. Após aprovação pelo comitê de ética local, o vacuum bell foi utilizado no intraoperatório de quatro pacientes, sendo dois do sexo masculino, submetidos à cirurgia de Nuss, com idades entre 15 e 24 anos e, além disso, em estudo piloto para tratamento exclusivo de pectus excavatum em paciente do sexo masculino, de 23 anos, por período de cinco meses. Resultados: Em todos os pacientes ocorreu a elevação do esterno e das cartilagens condrais durante o uso do vacuum bell, excetuando-se uma paciente de 16 anos da série de uso intraoperatório. No caso de uso como tratamento exclusivo, há redução da concavidade do defeito em dois centímetros com uso do dispositivo, entretanto, após sua retirada, ocorre regressão parcial do esterno em direção a posição prévia em 72 horas. Discussão e conclusão: O método pode ser uma valiosa terapia auxiliar no tempo cirúrgico da passagem retroesternal da barra na cirurgia de Nuss. Nossa experiência inicial confirma os relatos da literatura de que o dispositivo tende a corrigir a posição do esterno e das cartilagens condrais, tanto no uso intraoperatório como no tratamento exclusivo, embora não se saiba ainda qual o tempo necessário para uma correção definitiva e duradoura. O tempo de seguimento desses pacientes ainda é curto para se estabelecerem com certeza seus resultados. Além dessas aplicações, o dispositivo poderia ser útil no preparo para cirurgia por qualquer técnica e como complemento de tratamento para pacientes submetidos à cirurgia de Nuss. São necessários mais estudos para confirmar essas impressões iniciais. Metástase de carcinoma papilífero da tireoide para a pele em trajeto criado por dreno cirúrgico: relato de caso para avaliação da influência da genética molecular no comportamento biológico tumoral Bruno Yoshihiro Parlato Sakiyama, Alan Saito Ramalho, Anselmo Dantas Lopes, Aleylove Talans, Iberê Cauduro Soares, André Bandiera de Oliveira Santos Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital das Clínicas da Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira Introdução: O carcinoma papilífero é o câncer mais comum da glândula tireoide e, em geral, é pouco agressivo. O genótipo tumoral pode determinar o comportamento biológico do câncer de tireoide e explicar a evolução atípica ou agressiva observada em alguns casos de carcinoma papilífero de tireoide. Alguns oncogenes tireoidianos são encontrados exclusivamente (BRAF, RET/ PTC) ou com alta frequência (RAS) em tumores de comportamento agressivo ou atípico. Objetivo: Relatar caso de carcinoma papilífero de tireoide de evolução atípica. Metodologia: Revisão de prontuário e revisão anatomopatológica das peças cirúrgicas, após aprovação pelo comitê de ética local. Relato do caso: Paciente do sexo feminino, 50 anos, branca, não tabagista ou etilista apresentava massa endurecida em região cervical anterior esquerda, indolor, de crescimento progressivo há um mês. Ultrassonografia cervical revelou cisto complexo de 53 x 40 x 40 mm. Submetida à lobectomia esquerda e, após exame de congelação intraoperatório sugestivo de malignidade, totalização da tireoidectomia, com shaving do nervo laríngeo recorrente à direita. Não apresentou complicações pós-operatórias. O exame histopatológico revelou carcinoma papilífero moderadamente diferenciado em lobo esquerdo da tireoide, do tipo clássico, com áreas de padrão esclerosante, infiltração perineural e invasão capsular, sem invasão vascular sanguínea ou linfática. Após oito anos, foram notados nódulos em região cervical média direita e junto à fúrcula esternal, adjacentes ao trajeto do dreno cirúrgico na tireoidectomia. A punção aspirativa com agulha fina (PAAF) sugeriu metástase de carcinoma Diagn Tratamento. 2011;16(3):146-61. 155 papilífero. A paciente foi submetida à cirurgia de esvaziamento cervical nível VI e evoluiu sem complicações. Exame histopatológico das duas lesões ressecadas mostrou implante tumoral metastático de células de carcinoma papilífero de tireoide em tecido subcutâneo adjacente ao trajeto do dreno cirúrgico após a tireoidectomia. Discussão: Carcinoma metastático em pele é extremamente raro. Alguns relatos descrevem o potencial de metástase de células tumorais para trajetos criados na pele e de implante metastático de carcinoma papilífero da tireoide no trajeto da agulha da PAAF. O conhecimento da genética tumoral do caso atípico aqui descrito pode ajudar a explicar o comportamento desse tumor. A genotipagem tumoral pode ser associada aos casos de evolução incomum, pior prognóstico e, ainda, predizer a reposta à terapêutica com alvos moleculares específicos. Assim, prosseguiremos o estudo deste caso com análise genética para procurar as mutações RET/PTC, RAS e BRAF nesta amostra para analisar se o genótipo tumoral influenciou sua evolução. Conclusões: O carcinoma papilífero da tireoide pode apresentar metástase para trajetos criados na pele. A genética tumoral talvez explique esse comportamento atípico. Malformação arteriovenosa medular: relato de caso Marcos Masine, Juracy Barbosa dos Santos, Fabian Gama Touret de Faria Clínica Quéops Millenium - Distrito Federal Introdução: As malformações arteriovenosas medulares (MAVm) representam um grupo heterogêneo de desordens de vasos sanguíneos, que afetam de maneira direta ou indireta o parênquima medular. As MAVm são afecções raras, que na maioria das ocasiões evoluem com um comprometimento neurológico grave, caracterizado por mielopatia potencialmente reversível. Relato: Paciente de 16 anos, natural e procedente do Tocantins, previamente assintomática, relatou dor cervical de início súbito em quadro associado à tetraparesia, com evolução em 48 horas à tetraplegia com perda de controle esfincteriano. Relatou disfagia e dispneia. Ao exame de sensibilidade apresentou hiperreflexia de membros inferiores e arreflexia de membros superiores. No exame físico, apresentou: pressão arterial de 110 X 51 mmHg, frequência cardíaca de 90 bpm, frequência respiratória de16 rpm e temperatura corporal de 37,8°. Nos exames laboratoriais, verificou-se saturação de O2 a 92%, glicemia de 99 mg% e contagem de leucócitos de 16.200-3b. No exame de ressonância magnética, verificou-se hemorragia medular entre C4 e C5. A arteriografia revelou uma fístula arteriovenosa medular. Por meio de corticoterapia, a paciente evoluiu o quadro de tetraplegia para tetraparesia. Indicouse o tratamento cirúrgico para ressecção da fístula arteriovenosa medular. O acesso à medula foi realizado pela região posterior por uma laminectomia de C4 a C6 com abertura mediana da dura-máter e utilizando técnica de microcirurgia. A paciente se apresentou estável durante toda a operação, que durou 240 minutos. Discussão: Segundo diagnóstico médico, a paciente apresentava uma fístula arteriovenosa intradural (FAVI) tipo I. É uma lesão que não tem relação com a idade, pois é de origem congênita, com defeito das bases moleculares na diferenciação dos vasos sanguíneos no embrião. O quadro de tetraparesia, com evolução à tetraplegia, ocorreu devido à hemorragia causada pela ruptura de um aneurisma venoso da fistula arteriovenosa, com consequente síndrome de compressão medular, compreendendo tratos motores e sensitivos medulares da paciente. A FAVI, tipo I, foi retirada por ressecção cirúrgica, pois nos tipos II e III a terapia pode ser por técnica endovascular. Esta técnica não pode ser realizada no tipo I, pois o calibre do vaso que une a artéria à veia é muito pequeno, aumentando dessa forma as chances de ocorrer uma obstrução de um vaso sanguíneo causando lesão isquêmica medular. Conclusão: A evolução dos exames de imagem, bem como um exame clínico minucioso, permitem chegarmos a um diagnóstico de MAVm rapidamente. O tratamento cirúrgico garante regresso do quadro de agravo neurológico satisfatório. A paciente obteve boa evolução do quadro pós-cirúrgico, mas para um prognóstico definitivo, necessita de reabilitação. Síndrome DRESS em menino de seis anos: relato de caso Denise Lujan Brollo, Maíra Chiarelli Serra, Mariela Josué Simões, Viviane Maciel Nasser Frange, Patrícia Érica Christofolet Daldon Ambulatório de Dermatologia, Hospital e Maternidade Celso Pierro (HMCP), Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) Introdução: A síndrome DRESS, “drug rash with eosinophilia and systemic symptoms” (erupção à droga com eosinofilia e sintomas sistêmicos), refere-se à reação adversa fármaco-induzida, geralmente relacionada com uso de anticonvulsivantes aromáticos. O diagnóstico baseia-se em critérios clínicos e laboratoriais, observando-se, como manifestações primárias, febre e erupção cutânea Diagn Tratamento. 2011;16(3):146-61. do tipo exantemática. A síndrome DRESS tem incidência variável, sendo rara na faixa etária pediátrica, e com taxa de mortalidade ao redor de 10% dos pacientes expostos. Relato de caso: Paciente do sexo masculino, branco, seis anos, cuja mãe referia febre e manchas eritematosas há seis dias. Mãe relata quadro de febre alta (39 °C), seguido por manchas eritematosas disseminadas pelo corpo (exantema morbiliforme), pruriginosas, acompanhado de edema facial. Como antecedente pessoal, refere “crises convulsivas” há três anos em uso de carbamazepina há oito semanas. Como antecedente familiar, irmão com diagnóstico recente de hepatite A. Ao hemograma, eosinofilia e linfocitose, com 2% de linfócitos atípicos. Enzimas hepáticas elevadas, que atingiram níveis de aspartato aminotransferase (AST) = 52 U/L e alanina transaminase (ALT) = 101 U/L. Paciente apresenta fator antinuclear (FAN), fator reumatoide, sorologias para hepatites A, B, C e HIV negativas, raios X de tórax normal e hemocultura negativa, sendo assim diagnosticada a síndrome DRESS. Foi suspensa a carbamazepina, introduzida a prednisona 1,0 mg/kg/dia e cefalotina, além de ácido valproico. Após oito dias de internação, havia persistência do quadro febril, hepatomegalia, das lesões cutâneas e aumento significativo das transaminases (AST = 1.046 U/L e ALT = 755 U/L). O paciente apresentou resolução do quadro febril após quatro dias, remissão da hepatomegalia e queda das transaminases progressivamente, assim como das lesões cutâneas. Obteve alta após 16 dias de internação, com redução gradual do corticoide e nova medicação anticonvulsivante. Paciente faz seguimento ambulatorial há seis meses, sem novos episódios de exantema ou alterações hepáticas. Conclusão: A síndrome DRESS deve ser lembrada em quadros caracterizados por febre, exantema e aumento de enzimas hepáticas. Tal síndrome é provocada principalmente pelo uso de anticonvulsivantes aromáticos. A síndrome DRESS é grave e não raro tem curso letal. O diagnóstico diferencial é feito com outras doenças exantemáticas da infância. A suspensão da droga causadora e introdução de CE terapia acarretam resolução do quadro. Pancreatectomia distal com preservação esplênica no trauma abdominal fechado com lesão pancreática isolada: relato de caso Adriana Goularth Orsetti, Alexandre Zanchenko Fonseca, Marcelo Augusto Fontenelle Ribeiro Junior, Naim Carlos Elias, Fernando Furlan Nunes Hospital Municipal Dr. Moyses Deutsch - M´Boi Mirim Introdução: As principais causas de morte entre indivíduos com idade até 35 anos são externas, resultantes do aumento contínuo da violência. Devido à sua proximidade com outras estruturas, lesões isoladas do pâncreas são pouco frequentes e podem ter sintomatologia pobre, levando a um diagnóstico tardio, sendo percebidas incidentalmente durante laparotomia por trauma abdominal. As lesões pancreáticas mais simples requerem procedimentos como hemostasia e drenagem externa. Já nas lesões mais complexas, o tratamento inclui a ressecção do órgão. Por ter grande importância imunológica e hematológica, deve-se investir na preservação esplênica. Relato de caso: Relatamos um caso de trauma pancreático isolado após trauma abdominal fechado tratado com pancreatectomia distal com preservação esplênica. Paciente masculino, de 18 anos, vítima de acidente de motocicleta há um dia. Admitido com importante dor e distensão abdominal, associadas a vômitos e parada de eliminação de gases e fezes. Chegou hemodinamicamente estável, normotenso e discretamente taquicárdico. O abdome apresentava-se com dor à palpação difusa e sinais de irritação peritoneal. A tomografia computadorizada de abdome e pelve diagnosticou fratura isolada de pâncreas com lesão de ducto pancreático principal, sendo o paciente encaminhado a laparotomia exploradora. Na cirurgia, evidenciou-se trauma pancreático grau III, sem nenhuma outra lesão de víscera oca e parenquimatosa. Optou-se pela pancreatectomia corpo-caudal com preservação do baço. O doente recebeu alta hospitalar no quinto dia pós-operatório, não apresentando nenhum tipo de complicação. Discussão: A limitada experiência da literatura é consequência da valorização excessiva dos argumentos contrários à preservação esplênica. Acreditamos que a complexidade atribuída ao procedimento cirúrgico está relacionada com a falta de experiência com a técnica. A operação é simples, segura, exige paciência e delicadeza no manuseio das estruturas e está ao alcance do cirurgião geral. As lesões traumáticas do pâncreas, ainda apresentam alto índice de morbidade. As complicações mais frequentes são fístula pancreática, pseudocisto, coleções intra-abdominais, insuficiência pancreática e pancreatite aguda. A mortalidade varia de 10% a 25%. O reconhecimento da lesão pancreática no início da exploração cirúrgica é a chave para a diminuição da morbidade e mortalidade do trauma pancreático. Conclusão: As lesões pancreáticas são incomuns e podem apresentar sintomatologia pobre, o que acarreta diagnóstico tardio, atrasando o tratamento cirúrgico e aumentando a morbimortalidade. A suspeita inicial é essencial para uma boa evolução do paciente. 156 Torção de baço migratório submetido a esplenectomia parcial e esplenopexia: relato de caso Adriana Goularth Orsetti, Alexandre Zanchenko Fonseca, Marcelo Augusto Fontenelle Ribeiro Junior, Orlando Contrucci Filho, Fernando Furlan Nunes Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro Introdução: O baço migratório é uma entidade rara e atípica, caracterizada por uma excessiva mobilidade e deslocamento do órgão a partir de sua posição normal. Isso acontece devido a anomalias congênitas ou adquiridas que levam à ausência dos ligamentos suspensores do baço. A apresentação clínica é variável, podendo ocorrer dor abdominal aguda, devido a torção irreversível do pedículo esplênico, resultando em infarto do baço. O diagnóstico deve ser feito através de exames de imagem como a ultrassonografia com Doppler, tomografia computadorizada e ressonância magnética de abdome. O tratamento de escolha é cirúrgico, por meio de esplenectomia ou esplenopexia, sendo este último o preferido, exceto em casos de infarto do todo o órgão. Relato do caso: Paciente do sexo feminino, de 38 anos, com história de dor abdominal em flanco esquerdo há 10 dias. O exame físico revelou tumoração indolor e móvel em flanco e fossa ilíaca esquerda. A tomografia de abdome contrastada evidenciou um baço migratório com infarto parcial do pólo inferior. A paciente foi submetida a uma laparotomia exploradora, com realização de esplenectomia parcial e esplenopexia do baço remanescente, com a utilização de uma tela absorvível suturada à parede abdominal e ao estômago. Sua recuperação ocorreu sem intercorrências, recebendo alta hospitalar no terceiro dia pós-operatório e, durante o acompanhamento, não apresentou sinais de recidiva ou complicações. Discussão: Uma falha no desenvolvimento embrionário resulta na ausência de ligamentos esplênicos, deixando o órgão com um longo pedículo vascular móvel, com tendência a torção e consequente isquemia. Fatores adquiridos, como esplenomegalia, trauma e distensão gástrica, também podem contribuir, levando a frouxidão desses ligamentos. Os pacientes podem ser assintomáticos ou apresentar dor abdominal, com ou sem tumoração palpável. Podem estar associados vômitos, febre, obstrução intestinal e pancreatite. Quando o pedículo do órgão não destorce espontaneamente, sucede-se o infarto esplênico. Antigamente, o tratamento de escolha para pacientes assintomáticos era conservador, mas atualmente deixou de ser o de escolha, devido às suas possíveis complicações. Quanto ao tratamento cirúrgico, a esplenectomia e a esplenopexia podem ser realizadas por via laparoscópica ou convencional. Sempre que viável, o baço deve ser preservado, diminuindo o risco da sepse pós-esplenectomia, uma rara, porém fatal complicação. Conclusão: A torção do baço migratório deve ser considerada em casos de dor abdominal aguda e a cirurgia é o tratamento de escolha, preservando o órgão sempre que possível. Sarcoma de Kaposi associado a síndrome de Wiskott-Aldrich em adulto jovem Carlos Alexandre Rieg, Gabriela Peceguini Mathias, Lucilda Cerqueira Lima, Mariana Mazzoni Sens, Marta Vainchenker, Sáhlua Miguel Volc Centro de Pesquisas Oncológicas (CEPON) e Hospital Universitário (HU), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Introdução: A síndrome de Wiskott-Aldrich é ocasionada por uma mutação no cromossomo X, responsável pela codificação da proteína WASP (Wiskott-Aldrischsyndromeprotein) encontrada em todas as células hematopoiéticas, sendo responsável pela organização e regulação do citoesqueleto. É caracterizada clinicamente como uma imunodeficiência com trombocitopenia e eczema. O sarcoma de Kaposi (SK) é uma neoplasia de origem mesenquimal angioproliferativa com acometimento cutâneo frequente, geralmente associado a imunodeficiências, como na síndrome da imunodeficiência humana (aids) e na presença do HHV-8 (herpes vírus tipo 8). Objetivos: Relatar a ocorrência de um caso de sarcoma de Kaposi em paciente já imunocomprometido pela síndrome de Witkott-Aldrich em terapia com corticoides e que apresenta positividade para o HHV-8. Relato de caso: Paciente do sexo masculino, de 24 anos, estava em tratamento dermatológico para os eczemas com dexametasona, 5 mg, por via oral diariamente, e com injeções intramusculares mensais de dipropionato de betametasona, 5 mg, mais fosfato dissódico de betametasona, 2 mg. Porém, após aproximadamente 18 meses de uso, observou-se o desenvolvimento de máculas papulosas avermelhadas a purpúreas em membro inferior esquerdo. Feita a biópsia do tecido, teve-se o resultado de SK, sendo positiva a presença de HHV-8 e CD34 difusamente na amostra. Em tomografia de tórax foi observada a presença de metástases pulmonares. Foi solicitada sorologia para o HIV com resultado negativo. Porém, o doente apresentava contagem de linfócitos T CD4+ reduzida em relação ao valor de referência. O paciente foi encaminhado ao centro de referência em oncologia, sendo suspenso o uso de corticoides e adotado o esquema de quimioterapia com ciclos de taxol, 100 mg, com melhora considerável nas lesões e desaparecimento de metástases pulmonares em controle. Discussão: Assim, reafirmam-se os riscos já descritos na literatura sobre a imunossupressão causada pelo uso de corticoides e o seu agravo no desenvolvimento do SK em pacientes que já apresentam uma imunossupressão de base. Ressalta-se a importância da análise dos riscos e benefícios frente ao uso da terapia com corticoides no desencadeamento do SK. O caso em questão apresenta uma situação rara, que é o desenvolver do SK em paciente jovem, HIV-negativo, com características de desenvolvimento da doença semelhante ao de portadores da aids. Conclusão: Embora o SK esteja usualmente relacionado à aids, é importante ponderar os riscos de seu desenvolvimento e agravo em pacientes com deficiências imunológicas de base que fazem o uso de corticoides. Miopatias idiopáticas: relato de caso e dificuldades diagnósticas José Carlos Arrojo Júnior, Andressa Tarakdjian, Mônica Aparecida Silva, Êmile Morales Ochiussi, Gerson Júlio de Freitas, Maycon Paulo de Oliveira, Laís Lundstedt Kahtalian, Raffaella Barbosa Teles Machado, Virgínia Fernandes Moça Trevisani Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro e Hospital Geral do Grajaú Introdução: Miopatias idiopáticas são doenças caracterizadas pela ativação imune com inflamação não supurativa da musculatura estriada, afetando esporadicamente outros órgãos. Manifestam-se isoladamente ou associadas às doenças do tecido conjuntivo e às neoplasias gástricas e ovarianas. A dermatomiosite inclui-se nesse grupo, com incidência 0,5-10 casos/1.000.000 habitantes. A dermatopolimiosite juvenil não possui fisiologia totalmente elucidada. Imunologicamente mediada com ativação do complemento, há lesão endotelial, microangiopatia, hipoperfusão, atrofia, necrose/degeneração muscular. Manifestações cutâneas incluem heliótropo, rash facial e pápulas de Gottron. Queixas predominantes: fraqueza muscular proximal, simétrica, progressiva, iniciando 3 a 6 meses antes da primeira consulta, mialgia, poliartrite transitória não erosiva. Diagnosticá-la contempla critérios de BohanPeter, presença de anticorpos contra-antígeno MI-2, além de autoanticorpo não específico fator antinuclear (FAN); eletroneuromiografia e biópsia muscular são critérios diagnósticos, porém solicitados quando paciente possui apresentação atípica. O tratamento inclui doses imunossupressoras corticoterápicas; em formas graves, pulsoterapia com metilprednesolona; imunossupressores/imunomoduladores com corticosteroides nos pacientes com mau prognóstico. Pacientes refratários a corticoides/imunossupressores utilizam imunoglobulina humana. Metodologia: Foram utilizados descritores “miopatias + idiopáticas”, “dermatomiosite” nas bases Medline/Lilacs/SciELO, das quais foram selecionados artigos de hipóteses diagnósticas (HD) onde miopatias e dermatopolimiosite pudessem ter se apresentado de forma anômala, além da pesquisa sobre apresentação habitual. Relato caso: Paciente do sexo feminino, de 21 anos, caucasiana, natural/procedente de São Paulo, chegou ao serviço queixando-se de fraqueza progressiva há um ano. Apresentava lesões cutâneas indolores, pruriginosas e eritematosas, circundadas por vesículas e paresia proximal progressiva. Previamente procurou outro serviço e teve HD de alergia a produtos químicos. Retirados “alérgenos”, progrediram lesões com mialgia proximal. Passou a apresentar episódios febris e poliartralgia. Evoluiu sem tratamento específico até novembro de 2010, quando teve a primeira avaliação reumatológica, sendo administrada corticoterapia por um mês sem HD definida. Houve melhora temporária. Em março de 2011, foi encaminhada ao HGG para suporte/reavaliação terapêutica. Apresentava queda do estado geral, anorexia, perda de 12 kg/ano, incoordenação muscular cricofaríngea, dispneia, perda da capacidade motora proximal de membros superiores e inferiores, placa hipercrômica liquenificada em membro superior esquerdo, máculas eritematosas atróficas em colo/face, crostas melicérico-hemáticas nas coçaduras, vasculopatia digital, nódulos de Gottron, alopécia, distrofia ungueal, edema periorbitário bilateral, heliótropo, poliartralgia, mão direita parética. Foi proposta HD de polidermatomiosite com overlap lúpico. Foram avaliados marcadores inflamatórios e de lesão muscular sem resultados significativos. Iniciada pulsoterapia e corticoterapia imunossupressora plena, houve melhora significativa. Discussão/conclusão: O difícil diagnóstico precoce das miosites idiopáticas, pelo quadro inicial inespecífico, retarda o tratamento adequado. Além disso, diminui o prognóstico favorável e compromete a qualidade de vida. A negatividade dos marcadores inflamatórios e diminuta elevação de marcadores de lesão muscular, associados à perda ponderal grave, podem sugerir outros diagnósticos. Diagn Tratamento. 2011;16(3):146-61. 157 Acompanhamento de paciente com colangiocarcinoma em estágio avançado fazendo uso de sorafenib Andressa Tarakdjian, José Carlos Arrojo Júnior, Luiz Carlos de Paiva Nogueira da Silva, Mônica Aparecida Silva Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro Introdução: Colangiocarcinoma é um tumor maligno originado do epitélio dos ductos biliares intra ou extra-hepáticos. Possui rara incidência, sendo no Brasil responsável por 5% dos hepatocarcinomas primários. Incide após a sexta década de vida, com ligeira prevalência no sexo masculino (1.3:1). É encontrada mais frequentemente na confluência dos ductos hepáticos, recebendo, nesta localização, a denominação “tumor de Klatskin”. Sua etiologia permanece desconhecida, mas existem condições predisponentes, como colangite esclerosante primária, malformações dos ductos biliares, infecções parasitárias, toxinas industriais. Atualmente, o tratamento que oferece maior potencial curativo é a ressecção cirúrgica radical, mas apenas 30% dos pacientes apresentam-se elegíveis. A quimioterapia e a radioterapia demonstram resultados insatisfatórios. Há, portanto, necessidade de novas terapias que proporcionem resultados eficazes. Dentre elas, destaca-se o sorafenib, inibidor da multiquinase, que permite bloqueio de receptores da superfície de células cancerígenas envolvidos no crescimento/disseminação, além de atuar na angiogênese tumoral. Metodologia: Realizada revisão literária nas principais bases científicas (Medline/Lilacs/ SciELO), selecionando-se artigos para embasamento/comparação com caso clínico apresentado. Relato de caso: Paciente de 53 anos, sexo masculino, branco, casado, aposentado, natural da Bahia, procedente de São Paulo há 35 anos. Exetilista (3 L destilado/dia durante 24 anos) e tabagista (20 anos/maço). Chegou ao serviço em abril/2008, com quadro de icterícia, ascite volumosa, emagrecimento de 15 kg em cinco meses, acompanhados de dispneia, dor e massa palpável em hipocôndrio direito. Internado para investigação, foi diagnosticado, por biópsia hepática, colangiocarcinoma bem diferenciado com hemorragia parenquimatosa. Como o paciente não se encontrava elegível para ressecção cirúrgica, iniciou-se tratamento com dose subclínica de sorafenib (400 mg/dia), aumentado-se em maio de 2009 para 800 mg/dia. Observou-se significativa melhora do estado geral, bem como aumento do intervalo entre drenagens de líquido ascítico. Em março de 2010, foi realizada tomografia computadorizada (TC), evidenciando nódulos hepáticos e esplênicos secundários; nódulos em rim esquerdo; linfonodomegalias abdominais e possibilidade de implante peritoneal em hipocôndrio direito. Em julho de 2010, iniciou-se quimioterapia (15 sessões até novembro de 2010). Atualmente, paciente encontra-se em bom estado geral, mantendo atividades habituais e exames laboratoriais que demonstram função hepática e renal preservadas. Recebe cuidados paliativos. Discussão/conclusão: Após dois anos tratando com sorafenib, verificou-se notável melhora do estado geral, redução da icterícia/ascite, com aumento do intervalo entre drenagens, bem como diminuição do volume drenado. Embora massa e evolução do quadro metastático persistam, a função hepática melhorou consideravelmente, colaborando para melhora do quadro clínico e, ao longo da administração, para elevada qualidade de vida, com aumento de prognóstico e expectativa de sobrevida, que neste tipo de carcinoma, é descrita, aproximadamente, como de três meses. Erupção cutânea associada ao uso de gencitabina: relato de caso Gabriela Peceguini Mathias, Carlos Alexandre Rieg, Maria Eduarda Cardoso da Silva Meyer Centro de Pesquisas Oncológicas (CEPON), Florianópolis, Santa Catarina Introdução: Quimioterápicos são usados crescentemente e impedem a proliferação de neoplasias. Seu uso nos tratamentos antineoplásicos traz várias reações adversas, cutâneas e não cutâneas. O envolvimento cutâneo acontece pela alta taxa de proliferação celular na pele, mucosas, anexos e fâneros que os deixam susceptíveis a alterações. Entre os quimioterápicos está a gencitabina, cujo efeito citotóxico age contra diversos tumores sólidos. Metodologia: Relato de caso por meio de anamnese direta e prontuário. Relato de caso: Paciente do sexo feminino, de 48 anos, branca, diagnosticada em março de 2009 com adenocarcinoma de pulmão estádio IV, com metástases ósseas e derrame pericárdico. Iniciou tratamento com esquema de quimioterapia, incluindo carboplatina e paclitaxel, com melhora sintomática após quatro ciclos. Seguiu tratamento de manutenção com erlotinib, mantendo-se com doença estável. Em janeiro de 2011, apresentou progressão da doença no pulmão e em nódulo supraclavicular direito e foi indicada quimioterapia com cisplatina e gencitabina. Após o segundo ciclo, a paciente apresentou lesões violáceas que não desapareciam à digitopressão em membros inferiores e outras lesões pruriginosas, urticariformes, Diagn Tratamento. 2011;16(3):146-61. elevadas e eritematosas no tronco, membros inferiores e face. Como a paciente apresentava-se muito sintomática, foi iniciado o uso de dexametasona e hidroxizina com controle completo do quadro. Após três dias da medicação, consultou dermatologista, porém as lesões já haviam regredido, razão pela qual não foi feita biópsia. Discussão: A quimioterapia é um tratamento essencial na maioria dos cânceres, reações cutâneas são comuns e podem contribuir significativamente para a morbidade dos pacientes. Reconhecer e saber lidar com isso é importante para um cuidado ideal. Reações podem estar relacionadas aos efeitos farmacológicos da droga, a predisposição constitucional, a distúrbios enzimáticos ou imunológicos e a interações medicamentosas. A gencitabina tem seu uso primário no tratamento de câncer de pulmão não pequenas células, de pâncreas e de bexiga. Seu nucleotídeo é incorporado ao DNA, bloqueando sua síntese, impedindo a mitose e culminando na apoptose celular. Como efeito colateral de incidência de 7-30% estão as erupções cutâneas, normalmente associadas a prurido, podendo existir vasculites, urticárias ou exantema agudo. As lesões usualmente são autolimitadas e respondem a corticosteroides e anti-histamínicos. Conclusão: Médicos devem estar atentos para reconhecer possíveis quadros de erupções cutâneas induzidas por medicamentos e analisar a continuidade ou paralisação do uso deles. No caso da gencitabina, deve-se avaliar a resposta do paciente à droga e, se necessário, analisar a premedicação com dexametasona para prevenir recidivas das erupções. Artrite séptica poliarticular seguida de provável quadro reacional sistêmico com cardiopatia, lombalgia, tenossinovite e fasciíte plantar: relato de caso Gerson Julio de Freitas, Andressa Tarakdjean, José Carlos Arrojo Junior, Maycon Paulo de Oliveira, Monica Aparecida Silva, Virginia Fernandes Moça Trevisani Universidade de Santo Amaro e Hospital Geral do Grajaú Introdução: Considera-se a artrite séptica classicamente uma monoartrite aguda, apesar de até 20% dos casos envolverem mais de uma articulação. As mais comumente envolvidas são joelho, quadril, ombro, punho, tornozelo, cotovelo e pequenas articulações. Além dos sinais flogísticos inerentes à artrite, o quadro clínico não costuma cursar com sintomas sistêmicos. Relato de caso: Paciente de 42 anos, do sexo masculino, natural e procedente de São Paulo, previamente hígido, apresentou-se ao ambulatório de Reumatologia queixando-se de surgimento abrupto de dor intensa, vermelhidão e inchaço significativo em cotovelo e tornozelo esquerdos. Foram realizadas punções dessas articulações, sendo retirado líquido sinovial purulento e solicitada análise laboratorial e culturas. O paciente foi internado para tratamento do quadro agudo. A cultura do líquido sinovial veio positiva para Staphylococcus aureus, permanecendo o paciente internado por 15 dias em uso de oxacilina e sintomáticos. Teve alta com melhora clínica significativa e redução dos sinais flogísticos, sendo recomendada continuação da antibioticoterapia com ciprofloxacino. Contudo, em casa, apresentou intolerância à medicação, suspendendo-a, e o quadro de dor articular, inchaço e vermelhidão reapareceram. Voltou ao ambulatório, onde lhe foi prescrito cefalexina por 14 dias, período após o qual evidenciou-se melhora do edema e do eritema articulares no cotovelo, mas ainda queixando-se de muita dor e inchaço no tornozelo e com surgimento de cansaço aos médios esforços e dor de moderada intensidade na região lombar, além de um episódio de síncope. Internado novamente, a radiografia de tórax mostrou aumento da área cardíaca e o ecocardiograma indicou fração de ejeção de 35,42% e refluxo mitral importante. Tentou-se realizar nova artrocentese do tornozelo, mas não havia líquido suficiente, apesar do inchaço. Radiografias e ressonância magnética de coluna lombossacra não permitiram descartar espondiloartropatia e, no tornozelo, indicaram tenossinovite e fasciíte plantar. Foram pesquisados diversos autoanticorpos, provas inflamatórias, hemoculturas eHLA-B27, todos negativos. O paciente foi tratado com medidas para insuficiência cardíaca e corticoterapia e evoluiu com redução da área cardíaca, melhora da dispneia e dor lombar e redução da inflamação no tornozelo. Teve alta e agora realiza acompanhamento ambulatorial. Conclusão: O desenvolvimento atípico de pioartritepoliarticular, seguido do surgimento abrupto de cardiopatia e insuficiência mitral, lombalgia e acometimento de partes moles, com exames e clínica desfavoráveis à endocardite e febre reumática, talvez estivesse associado a um quadro reacional inflamatório sistêmico, o que justificaria a melhora com a corticoterapia. Carcinoma de cérvice: relato de caso Anderson Luiz Tacca, Aldo Vasconcelos Júnior Hospital São José, Criciúma, Santa Catarina Introdução: Câncer de colo uterino é o tumor mais frequente da mulher brasileira. Constitui, também, a principal causa de morte por doença maligna ginecológica no mundo. Derivado do epitélio escamoso do ectocérvix ou do 158 revestimento glandular do endocérvix, a maioria dos tumores de cérvice é precedida de neoplasia intraepitelial cervical, que progride lentamente com a idade antes de invadir o estroma. O subtipo 16 do HPV está 95% das vezes associado com o carcinoma de células escamosas. Tabagismo e imunossupressão também contribuem para a transformação maligna. Método: Relato de caso através de prontuário e anamnese direta. Relato de caso: Paciente do sexo feminino, de 53 anos, chegou ao hospital São José em Criciúma, Santa Catarina, em 12/04/2011, com quadro de hipermenorreia seguida de menometrorragia com secreção escura de odor fétido, em coágulos. Durante anamnese, relatou febre vespertina de 37,5 °C há três dias, dispneia em repouso há um mês, fraqueza de membros inferiores há um mês. História ginecológica: não usava preservativo, parceiro sexual único e caminhoneiro, negava dispaurenia, negava dor lombar e negava dor pélvica. Declarou-se fumante, com 38 maço/ano, durante 38 anos. No exame físico, relatou dor à palpação profunda em hipogástrio. No exame especular, foi visualizada lesão tumoral em colo uterino. Na biópsia realizada, foi confirmado o diagnóstico de carcinoma de células escamosas (epidermoide) invasivo e pouco diferenciado, estadiamento IVa. Iniciou radioterapia (RT) hemostática para diminuir o sangramento e seguiu tratamento com RT e quimioterapia (QT). Discussão: Aproximadamente 80% dos tumores cervicais são de células escamosas que se disseminam primeiramente para outras estruturas pélvicas e linfonodos e posteriormente para bexiga e reto (estadiamento IVa), podendo, por disseminação hematogênica, atingir pulmões e fígado. De início assintomático, pode evoluir para escapes intermenstruais, relatados pela paciente, sangramento pós-coito e pós-menopausa; em casos avançados, dor pélvica ou lombar podem estar presentes (mas foram negadas pela paciente). Pacientes que apresentam estadiamento IVa necessitam de tratamento multidisciplinar, com QT e RT. As taxas de resposta e de sobrevida, entretanto, são baixas, indicando mau prognóstico. Conclusão: O carcinoma cervical apresenta seu prognóstico relacionado ao estágio clínico no momento do diagnóstico, sendo que, nos Estado Unidos, desde a introdução do esfregaço de Papanicolaou, o número de óbitos relacionados caiu até cinco vezes. É indicado, portanto, o rastreamento por Papanicolaou a cada três anos. Por ter ligação estreita com o HPV, as pacientes devem sempre ser orientadas sobre o uso de preservativo. O hábito do tabagismo deve ser desestimulado. Neurotuberculose em crianças: relato de dois casos Flávia Regina de Andrade, Luiz Marcelo Almeida de Araújo, Natália Lealdini Brunetto, Rafaela Cristina de Campos, Maria Cristina Furian Ferreira, Ilana Polegatto, Rebeca Higino Silva Santos Hospital e Maternidade Celso Pierro, Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) Introdução: A infecção do sistema nervoso central pelo Mycobacterium tuberculosis ocorre pela sua disseminação sistêmica como organismo extracelular ou por meio de leucócitos infectados, sendo a primeira a forma mais provável. Na maioria dos pacientes ocorre primeiro um foco caseoso no parênquima cerebral ou nas meninges (foco de Rich) e seu subsequente rompimento, propiciando a disseminação meníngea. Materiais e métodos: Relato de dois casos obtidos em prontuários sob a guarda de um hospital universitário e levantamento bibliográfico de artigos nas bases de dados SciELO e EBSCOhost, usando como descritores: neurotuberculose, pediátrico e patogênese. Relatos de casos: Caso 1: paciente do gênero feminino, de quatro anos de idade, foi internada com quadro de febre (38 °C), inapetência e vômitos há uma semana, fazendo uso de penicilina benzatina por quadro pulmonar agudo há quatro dias. Durante a internação, detectou-se rigidez nucal e alteração do nível de consciência (Glasgow 7, no sexto dia). O estudo do líquor mostrou aumento da celularidade (linfócitos). Com esses dados e o antecedente de ser filho de pais soropositivos para HIV, iniciou-se o tratamento específico para tuberculose, assim como corticoterapia. Após um mês, recebeu alta hospitalar com significativa melhora clínica, sem sequelas neurológicas, e encontra-se em seguimento ambulatorial. Caso 2: paciente do gênero feminino, de 11 anos, foi internada com quadro de febre persistente, sonolência, fala empastada, queixando-se de paresia na mão esquerda, porém com exame neurológico (força, sensibilidade e reflexos) normal. Evoluiu com piora progressiva do quadro neurológico até morte cerebral. Sorologias e bacterioscopia do líquor estavam negativas. Nos antecedentes pessoais, verificou-se incompatibilidade Rh, sendo necessária transfusão perinatal. Sorologia para HIV estava negativa. Pai com teste PPD (purified protein derivative) fortemente reativo (sem doença clínico-radiológica). O diagnóstico foi confirmado por cultura do líquor (resultado pós-óbito). Discussão: As manifestações clínicas precoces mais frequentes da neurotuberculose são febre de variada intensidade e mudanças de comportamento. Tardiamente, podem ocorrer sinais meníngeos, paralisias, hemiparesias, decerebração, decorticação, convulsões e alterações na consciência até o coma. O diagnóstico precoce tem papel fundamental na evolução do paciente, pois a terapêutica é específica. Na literatura, dos pacientes com diagnóstico feito na UTI, 75% morrem, enquanto dos feitos na enfermaria, apenas 10% não sobrevivem. Em ambos os casos havia contato domiciliar em tratamento para tuberculose e os pais, do primeiro caso, eram soropositivos para HIV, embora a criança seja soronegativa. Os quadros aqui apresentados são graves e pouco frequentes, e nos alertam para a agilidade investigatória e para o tratamento específico, mesmo sem a confirmação laboratorial. Emprego de enteroscopia no tratamento de estenose de colédoco após lesão iatrogênica em colecistectomia laparoscópica Eduardo Tomohissa Yamashita, Alisson Paulino Trevizol, Felipe Augusto Yamauti Ferreira, João William Costa Teixeira, Adriana Costa Genzini, Tércio Genzini, Marcelo Perosa de Miranda Hospital Santa Helena Introdução: Grande parte das lesões iatrogênicas ocorre durante colecistectomia laparoscópica e está associada a elevada morbimortalidade, além de prejuízo na qualidade de vida e elevados custos para sua reparação. Uma das técnicas empregadas para o restabelecimento da via biliar é a anastomose biliodigestiva, com hepaticojejunostomia e alça jejunal exclusa. Caso ocorra estenose da anastomose, pode-se optar pela dilatação via endoscópica. No entanto, o endoscópio convencional não possibilita abordagem ao sítio anastomótico. A enteroscopia de balão único possibilita este acesso, permitindo tratamento endoscópico a regiões antes inabordáveis. Objetivo: Relatamos no presente trabalho caso em que foi realizada enteroscopia de balão único para tratamento de estenose da anastomose biliodigestiva em paciente com lesão da árvore biliar após colecistectomia laparoscópica, submetido a hepaticojejunostomia com alça jejunal exclusa em Y-de-Roux. Relato de caso: Paciente de 49 anos, sexo masculino, natural e procedente de São Paulo, portador de diabetes mellitus tipo 2 em tratamento. Durante colecistectomia laparoscópica, ocorreu lesão iatrogênica de colédoco, sendo realizada anastomose ducto-ducto no mesmo ato cirúrgico. Após oito anos, iniciou quadros de colangites sucessivas e foi realizado, sem sucesso, tratamento cirúrgico com confecção de anastomose em Y-de-Roux. O paciente foi submetido a enteroscopia com enteroscópio de balão único que acessou o ducto biliar e dilatou o colédoco a 8 mm, restaurando a passagem de bile e normalizando as enzimas hepáticas. Discussão: A incidência de lesões biliares elevou-se com o advento das cirurgias laparoscópicas e com aumento do número de colecistectomias realizadas devido à elevada prevalência de colecistopatias. Pode-se empregar anastomose biliodigestiva com hepaticojejunostomia e alça jejunal exclusa para restabelecimento do fluxo biliar. Caso ocorra estenose desta anastomose, o Y-de-Roux gera dificuldade adicional ao tratamento, uma vez que a técnica endoscópica tradicional não alcança a anastomose pela extensão da alça jejunal exclusa. Assim, o diagnóstico de estenose da via biliar torna-se restrito à colangiografia por ressonância magnética e colangiografia percutânea trans-hepática. O advento da enteroscopia tornou possível a visualização de áreas antes inacessíveis aos endoscópios convencionais, além de se mostrar uma boa e segura alternativa para diagnóstico e tratamento de pacientes que requerem abordagem de reconstruções biliares em Y-de-Roux. O procedimento teve duração de 40 minutos e dilatou com sucesso a estenose, restabelecendo o fluxo biliar. O paciente recebeu alta dois dias após o procedimento, sem quaisquer complicações relacionadas ao método. Emprego de enteroscopia no tratamento de estenose de colédoco após transplante de fígado Eduardo Tomohissa Yamashita, Alisson Paulino Trevizol, Felipe Augusto Yamauti Ferreira, João Paulo Venancio de Carvalho, Adriana Costa Genzini, Tércio Genzini, Marcelo Perosa de Miranda Hospital Santa Helena Introdução: O restabelecimento do trato biliar durante transplante hepático ou após lesão iatrogênica é frequentemente realizado por meio de hepaticojejunostomia com alça jejunal exclusa (anastomose em Y-de-Roux). Caso ocorra estenose da anastomose do colédoco, o tratamento endoscópico pode ser realizado, demonstrando resultados satisfatórios, vantagem de ser menos invasivo e implicar em menor morbimortalidade em relação aos procedimentos cirúrgicos e radiológicos. No entanto, o endoscópio convencional não atinge o sítio da anastomose do colédoco devido à extensão da alça exclusa. O enteroscópio de balão único ou duplo representa um avanço nos métodos diagnósticos e terapêuticos que permite o acesso a regiões antes inabordáveis no intestino delgado. Entre elas, a alça jejunal exclusa no Y-de-Roux. Objetivo: Relatamos, no presente trabalho, caso em que foi utilizada enteroscopia de balão único para tratamento de estenose da anastomose biliodigestiva em paciente com lesão da árvore biliar após transplante de fígado, no qual foi realizada a hepaticojejunostomia com alça jejunal exclusa em Y-de-Roux. Relato de caso: Paciente de Diagn Tratamento. 2011;16(3):146-61. 159 42 anos, natural de Mariluz, Paraná, foi submetido a transplante hepático para tratamento de cirrose biliar secundária em 04/04/2001, causada por estenose de anastomose biliodigestiva realizada para restauração da via biliar lesionada iatrogenicamente durante colecistectomia. A reconstrução biliar foi feita com derivação em Y-de-Roux, havendo boa evolução pós-operatória, com normalização das enzimas canaliculares. No pós-operatório de 7 anos e 11 meses observou-se aumento da gama glutamil transferase (GGT), apesar de bilirrubina total (BT) normal e ausência de dilatação biliar ao exame de ultrassonografia com Doppler. Cintilografia das vias biliares com DISIDA observou retardo no esvaziamento biliar com diagnóstico de estenose da anastomose biliodigestiva. Optou-se então pela dilatação da anastomose e colocação de próteses biliares via enteroscopia. Utilizou-se enteroscópio de balão único e foram colocadas duas próteses 7 Fr. Após dilatação, observou-se adequado esvaziamento do trato biliar. Discussão: A estenose de trato de biliar é uma das complicações biliares mais comuns no pós-operatório de transplante hepático e consiste em uma das principais causas de morbidade, com uma incidência de 2-14%. A dilatação de estruturas biliares por balão com colocação de próteses teve sua eficácia demonstrada em alguns estudos, variando entre 50% e 91%. A enteroscopia foi realizada com anestesia geral, com duração de 50 minutos. O paciente recebeu alta após dois dias, sem complicações relacionadas ao procedimento. Recidiva de diabetes autoimune após transplante simultâneo de pâncreas e rim: relato de caso Alisson Paulino Trevizol, Eduardo Tomohissa Yamashita, João William Costa Teixeira, João Paulo Venancio de Carvalho, Dino Martini Filho, Marcelo Perosa de Miranda, Tércio Genzini Hospital Beneficência Portuguesa Introdução: O transplante de pâncreas (TP) é considerado o tratamento mais eficaz e capaz de manter estado euglicêmico permanente e independente de insulina em pacientes com diabetes mellitus tipo 1 (DM1). Sua indicação mais consagrada é o transplante simultâneo de pâncreas e rim (TSPR) para portadores de DM1 com nefropatia crônica terminal, que recupera a secreção de insulina e corrige a nefropatia. Possíveis causas de falha ao TP são rejeição aguda ou crônica do enxerto e recidiva do diabetes autoimune. Nova agressão autoimune às ilhotas não é rotineiramente monitorada nos receptores de TSPR, podendo ser subnotificada. Objetivo: Relatar caso de recidiva de diabetes autoimune após TSPR para tratamento de DM1 e insuficiência renal crônica. Esta afecção é muito rara, com poucos relatos na literatura. Relato de caso: Paciente de 31 anos, do sexo masculino, brasileiro, branco, natural de Joinville, Santa Catarina, portador de DM1, fora inicialmente transplantado de pâncreas e rim simultaneamente em 7 de fevereiro de 2006. No pós-operatório de 41 meses, iniciou quadro clínico semelhante à rejeição crônica, hipótese descartada por biópsia do enxerto que, por não apresentar ilhotas, não possibilitou avaliação de doenças exclusivas do pâncreas endócrino. O rim transplantado apresentava-se sem alterações. Realizou-se transplantectomia e retransplante em 25 de fevereiro de 2010. No anatomopatológico do pâncreas retirado, diagnosticou-se recidiva de diabetes autoimune, apresentando destruição da maior parte das ilhotas, poupando o pâncreas exócrino. À imunoistoquímica, observou-se escassez de células β nas ilhotas pancreáticas, com infiltrado linfocitário rico em linfócitos T CD4 e linfócitos B. Ao término deste estudo (12 de março de 2011), o paciente encontra-se independente de terapia insulínica e dialítica. Discussão: As principais características da recidiva de DM1 em receptores de TSPR imunossuprimidos, sem rejeição crônica ou aguda, tanto clínica quanto na biópsia, são: hiperglicemia, sem comprometimento funcional do pâncreas exócrino ou aloenxertos renais, associados com perda da secreção de insulina, e insulinite e/ou perda de células β em biópsia. Estima-se que a recidiva de diabetes seja subdiagnosticada, por falta de monitoramento no pós-operatório. Similar a casos relatados em 2010, nosso estudo concorda com os estudos em modelos murinos que indicaram o linfócito T CD4 como necessário à recidiva de DM1. Além disso, este caso apresentou envolvimento de linfócitos B na insulinite. O estudo da patogênese da recidiva de diabetes no pós-operatório de TP poderá auxiliar em melhor monitoramento e prevenção desta afecção. Emprego de nefrectomia laparoscópica em doador vivo no transplante simultâneo de pâncreas e rim: relato de caso Alisson Paulino Trevizol, Eduardo Tomohissa Yamashita, João William Costa Teixeira, João Paulo Venancio de Carvalho, Tércio Genzini, Marcelo Perosa de Miranda Hospital Beneficência Portuguesa Introdução: Devido à elevada mortalidade apresentada por pacientes diabéticos em tratamento dialítico e à evolução das complicações secundárias que Diagn Tratamento. 2011;16(3):146-61. levam à prevalência de inativos em fila de transplante simultâneo de pâncreas e rim (TSPR), o transplante de pâncreas e rim simultâneo com doador vivo renal (TSPR-V) surgiu como alternativa à longa espera em lista. No entanto, a execução da nefrectomia por laparotomia ou lombotomia provoca hesitações ao doador devido às complicações e desconfortos pós-operatórios. Com o intuito de se reduzirem tais complicações e, consequentemente, aumentar a disponibilidade de doadores vivos, foi proposta a nefrectomia laparoscópica, que proporciona menor dor pós-operatória, retorno precoce às atividades regulares e melhor efeito estético. Objetivo: Relatar o primeiro caso em nosso meio em que foi utilizada a nefrectomia laparoscópica em doador renal vivo para TSPR-V. Relato de caso: Doadora viva renal: mulher de 52 anos, brasileira, branca, irmã da receptora, submetida a nefrectomia por via laparoscópica para doação do rim esquerdo no dia 27/07/2009. O tempo cirúrgico foi de 4 horas e 30 minutos. O rim foi retirado por meio de incisão transversa pélvica com cerca de 8 cm de extensão. O tempo operatório do TSPR-V, de isquemia pancreática e de isquemia renal foram, respectivamente, de 9 horas, 19 horas e 15 minutos e 40 minutos. Ao término deste estudo (25/01/2011) a receptora encontra-se independente de terapia insulínica com creatinina de 1,5 mg/dL. Discussão: A fila de espera para transplante de pâncreas solitário (TPS) é separada da fila para TSPR, e, assim, enquanto a média de espera para TSPR em São Paulo situa-se em 1.230 dias, o tempo de espera médio para TPS é de 290 dias. Os benefícios proporcionados pela laparoscopia incluem menor dor pós-operatória, retorno precoce às atividades regulares e melhor efeito estético. Schweizer et al. relataram aumento de 100% na doação renal na Universidade de Maryland, após a introdução da nefrectomia laparoscópica. Ratner et al. observaram que 25% dos doadores submetidos a nefrectomia laparoscópica no Hospital Johns Hopkins não teriam doado o rim caso a laparotomia ou lombotomia fossem as únicas opções. Conclusão: A boa evolução do primeiro caso de TSPR-V com nefrectomia laparoscópica em doador vivo renal, assim como a satisfação da doadora quanto à sua evolução pós-operatória, impulsionam este procedimento para ser estabelecido como rotina. Emprego da enteroscopia no diagnóstico e tratamento do sangramento intestinal após transplante de pâncreas com drenagem entérica em Y de Roux Eduardo Tomohissa Yamashita, Alisson Paulino Trevizol, João William Costa Teixeira, João Paulo Venancio de Carvalho, Adriana Costa Genzini, Tércio Genzini, Marcelo Perosa de Miranda Hospital Santa Helena Introdução: O transplante de pâncreas (TP) é um procedimento em crescimento destinado a uma população selecionada de diabéticos tipo 1 (DM1). A duodenojejunoanastomose (DJA) tem sido realizada para drenagem exócrina (DE) por meio de duas técnicas: em alça (no trânsito) ou em Y de Roux. Uma das complicações de difícil diagnóstico e tratamento é o sangramento intestinal (SI) no pós-operatório (PO), uma vez que os sítios das DJA são de difícil acesso. Uma solução para diagnosticar e tratar este tipo de sangramento é a realização de enteroscopia. Objetivo: Relatar o primeiro caso da literatura de enteroscopia para diagnóstico e tratamento de SI em paciente submetido à TP com DE em Y de Roux. Relato de caso: Paciente de 23 anos, portadora de DM1 há 10 anos, apresentava quadro de hipoglicemias assintomáticas com indicação de TP. No segundo mês PO apresentou SI. Foi realizada endoscopia digestiva alta, colonoscopia e angiotomografia, mas o foco de sangramento não foi localizado. Sorologia para citomegalovírus (CMV) também foi realizada, com resultado negativo, e a paciente apresentou melhora espontânea, recebendo alta. Após dois meses, teve quadro semelhante, sendo realizada enteroscopia de balão único (Olympus, Single Baloon) sob anestesia geral, que alcançou o duodeno do enxerto e mostrou úlceras hemorrágicas neste e na alça eferente, sendo realizadas biópsias e hemostasia com plasma de argônio. Nova antigenemia CMV foi solicitada, com resultado positivo, iniciando-se tratamento com ganciclovir. Após cinco dias, ocorreu nova enterorragia e repetiu-se a enteroscopia que mostrou gastrite hemorrágica e sangramento em área junto à papila do enxerto duodenal, sendo realizada nova hemostasia com plasma de argônio e injeção de adrenalina. Várias úlceras já haviam desaparecido. Associou-se terlipressina, que foi suspensa por intolerância clínica, e octreotídeo, que foi mantido por cinco dias. Houve interrupção do sangramento e a paciente recebeu alta após 14 dias de ganciclovir. Discussão: Os métodos diagnósticos disponíveis não permitiam acesso às DJA após TP com DE fazendo do SI um quadro dramático, principalmente quando sua origem era em alça exclusa ou no duodeno do enxerto. O emprego da enteroscopia possibilitou acesso rápido e seguro ao sítio do SI, além de precisão no diagnóstico e eficácia no tratamento tanto da alça exclusa como do duodeno do enxerto após TP com DE em Y-de-Roux, devendo ser considerado nestas situações. 160 Transplante hepático realizado para tratamento de equinococose policística causada por Echinococcus vogeli: relato de caso Alisson Paulino Trevizol, Eduardo Tomohissa Yamashita, Ana Caroline Fonseca, Pedro Henrique de Freitas Amaral, Tércio Genzini, Marcelo Perosa de Miranda, Nilton Guiotti Siqueira Hospital Bandeirantes Introdução: A hidatidose policística manifesta-se com múltiplos cistos coalescentes no fígado. A ressecção cirúrgica é uma boa opção quando não há comprometimento avançado, principalmente das vias biliares e do sistema porta, ou quando não há doença difusa no fígado. Quando a doença avançada impede o tratamento pela ressecção, o transplante hepático tem oferecido bons resultados para espécies de Echinococcus. Objetivo: Relatar o primeiro caso de transplante de fígado utilizado para o tratamento de hidatidose policística, causada por Echinococcus vogeli. Relato de caso: Paciente de 48 anos, do sexo masculino, natural de Manoel Urbano (Acre), onde viveu até os 17 anos, e procedente de Rio Branco (Acre). A história epidemiológica era positiva para criação de cães e prática de caça. Ao exame físico, apresentava hepatomegalia a sete centímetros do rebordo costal direito, com superfície irregular e consistência endurecida, indolor à palpação. Tomografia computadorizada de abdome revelou múltiplos cistos difusos no fígado com calcificações periféricas. O diagnóstico laboratorial por Western blot revelou sorologia positiva para Echinococcus spp, confirmando a suspeita de hidatidose policística. Iniciou-se tratamento clínico com albendazol, 10 mg/kg/dia. Após dois anos de tratamento, apresentou múltiplos episódios de colangite. Os critérios de indicação para o transplante foram a insuficiência hepática causada pela compressão do sistema porta pelos múltiplos cistos em ambos os lobos hepáticos e o acometimento das vias biliares. Discussão: No Brasil, o número de casos de hidatidose policística quadruplicou de 1979 a 2007, tornando o país o maior em número de casos da doença (58% dos casos registrados). Devido à extensa área de presença dos hospedeiros do Echinococcus vogeli, o alastramento da doença por grande parte do território nacional é possível. Em estudos realizados com transplantes realizados para tratamento da hidatidose alveolar, causada pelo Echinococcus multilocularis, as principais indicações têm sido lesões inoperáveis, localizadas na região peri-hilar, insuficiência hepática grave ou acometimento difuso do sistema biliar. Esses estudos mostram sobrevida de cinco anos de 71% e livre de doença de 58%. Apesar do alto risco de proliferação dos parasitas não detectados no intraoperatório ou nos métodos de imagem e das complicações pós-operatórias, o transplante hepático oferece os melhores resultados de sobrevida, principalmente em casos avançados. O relato deste caso demonstra factibilidade técnica com bom resultado operatório, tornando o transplante de fígado uma alternativa interessante ao tratamento da hidatidose avançada em nosso país. Estudo preliminar sobre os marcadores de hipóxia tecidual no choque hemorrágico: correlação entre hiperpotassemia e mortalidade precoce de pacientes vítimas de trauma Alan Saito Ramalho, Priscilla Ferreira Neto Cardoso, Fernando Chuluck Silva, Luiz Guilherme Villares da Costa, Ricardo Souza Nani, Joel Avancini Rocha Filho, Maria José Carvalho Carmona, José Otávio Costa Auler Junior Disciplina de Anestesiologia do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: A ressuscitação de pacientes com choque hemorrágico é um desafio na prática da medicina de urgência, sendo de interesse crescente a investigação dos preditores de gravidade e marcadores de hipóxia tecidual do choque hemorrágico para que se possa antecipar o grau de disfunção orgânica e instituir a terapia apropriada. Alguns estudos sugerem que o aumento da concentração de potássio sérico (K+) acompanha precocemente o choque hemorrágico, correlacionando-se com a gravidade da hipóxia tecidual e morbimortalidade. Objetivo: Avaliar o comportamento do potássio sérico durante o atendimento inicial dos pacientes vítimas de trauma, estudando sua correlação com mortalidade nas primeiras 24 horas de admissão hospitalar. Metodologia: Estudo retrospectivo dos casos de trauma atendidos pelo resgate aeromédico e encaminhados a um hospital quaternário de São Paulo, entre 2004 e 2008, excluindo-se os casos de trauma esmagante, queimaduras ou com doença renal prévia. Resultados: Analisaram-se 529 pacientes vítimas de trauma. 424 (80,2%) eram do sexo masculino, 280 (52,9%) tinham entre 20-40 anos e 133 (25,1%) entre 41-64 anos. 112/529 (21,2%) evoluíram a óbito nas primeiras 24 h. O valor médio da K+ de entrada nesse grupo foi 4,2 mEq/l (desvio padrão, DP = 1,07), sendo maior em relação ao grupo que não apresentou óbito nas primeiras 24 horas, cujo K+ médio de entrada foi 3,8 mEq/l (DP = 0,63) (P < 0,0001). Hiperpotassemia (K+ ≥ 5 mEq/l) na chegada hospitalar foi encontrada em 41/529 casos (7,7%), sendo que 26/41 (63,4%) morreram em menos de 24 horas. Nos casos que apresentavam K+ < 5 mEq/l a mortalidade nas primeiras 24 horas foi 86/488 (17,6%). Hiperpotassemia correlacionou-se significativamente à maior mortalidade em 24 horas (P < 0,0001; risco relativo, RR = 3,5; intervalo de confiança, IC 95% = 2,6 a 4,8). Discussão: A rápida subida da potassemia durante a hipoperfusão do choque hemorrágico talvez indique precocemente falha da membrana celular pela hipóxia, o que pode refletir um ponto de reversibilidade das lesões celulares. Os níveis de potássio sérico poderiam ser uma forma simples de monitorar o balanço apropriado entre sangramento e reperfusão adequada, especialmente diante das estratégias de hipotensões permissivas que vêm sendo empregadas. É necessário aprofundar o estudo dos casos de trauma descritos neste estudo para verificar a relação da gravidade dos traumas e a terapêutica empregada com a potassemia e outros marcadores de hipóxia, para que as estratégias de ressuscitação usadas possam ser avaliadas. Conclusões: Os casos de trauma que evoluíram a óbito em menos de 24 horas apresentaram K+ maior em relação aos que sobreviveram a esse período. Hiperpotassemia estava associada à maior mortalidade nas primeiras 24 horas. Impacto do trauma vascular no município de São Paulo e no sistema de saúde brasileiro José Carlos Arrojo Júnior, Andressa Tarakdjian, Mônica Aparecida Silva Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro Introdução: O trauma vascular é um dos maiores desafios da atualidade na prática médica, tanto pelas elevadas taxas de morbimortalidade, quanto pelo expressivo custo financeiro ao Sistema Único de Saúde (SUS). Para avaliar suas características socioeconômicas e seu impacto, são observadas barreiras que vão desde questões sociais às de cunho epidemiológico. A literatura destaca o trauma vascular entre as causas de trauma. Violência urbana e acidentes de trânsito e de trabalho são as principais causas. Ferimentos penetrantes correspondem a cerca de 90% das ocorrências. Metodologia: Realizada revisão literária nas principais bases científicas (Medline/Lilacs/SciELO), além de dados do Datasus no período de 2007-2010, em que foram extraídas informações, referentes ao município de São Paulo, do Sistema de Informações sobre mortalidade (SIM) e do Sistema de Informações para Vigilância de Violências e Acidentes (SIVVA). Resultados: Por meio de cálculos estatístico-epidemiológicos, é possível avaliar o impacto social e econômico do traumatizado, considerando-se seu atendimento, reabilitação e perda produtiva. Costa-Val et al. realizaram em 2010 estudo retrospectivo feito a partir da análise das contas hospitalares de 65 prontuários do Serviço de Trauma Cardiovascular da Fundação Hospitalar de Minas Gerais entre 2004-2006, constatando gasto pelo SUS de R$ 103.614,96 com trauma vascular, sem, no entanto, homogeneidade em razão das diferenças anatômicas das lesões e de variáveis como hemoderivados e próteses. A maioria dos óbitos por trauma vascular está relacionada a causas externas, sendo que, no período de 2007-2010, os mais atingidos foram homens de 15-54 anos. O trauma vascular torácico representa 46,87% dos óbitos por causas múltiplas. Entre as lesões causadas por terceiros, predominam-se lesões vasculares em aorta abdominal (33%), sendo mulheres de 35 a 39 anos as mais atingidas. Observa-se subnotificação, pois, no período de 2007-2010, foram notificados apenas 192 óbitos envolvendo o trauma vascular no Município de São Paulo, o que corresponde a 0,68% dos óbitos por lesões decorrentes de causas externas. Discussão e conclusão: O trauma vascular representa um peso aos recursos do SUS; no entanto, apenas um estudo detalhado acerca das causas e do perfil dos pacientes por ele atingido pode traçar com exatidão a dimensão do problema. É certo que mais estudos acerca do assunto devem ser desenvolvidos, porém há fatores limitantes, como a subnotificação por parte dos serviços de saúde e a falta da disponibilização de um sistema de gerenciamento padrão que demonstre de maneira clara os custos e prejuízos como um todo. Utilização da urorressonância para a avaliação da hidronefrose neonatal Mauricio Hachull, Gabriela Bonente, Giulia Montille, Helena Ricci, Renata Natali, Suellen Schneider Faculdade de Medicina Santo Amaro Introdução: Anomalias urogenitais são desordens comuns no período perinatal. Dentre elas, a hidronefrose é a mais frequente: 1 a cada 500 a 700 avaliações na gestação. A hidronefrose antenatal é a presença, no feto, de um ou ambos os rins com algum grau de dilatação do sistema pielocalicial. Uma das graves consequências dessa alteração é a insuficiência renal crônica e até mesmo óbito. A maioria dos casos é assintomática e o diagnóstico deve ser considerado ainda Diagn Tratamento. 2011;16(3):146-61. 161 no período pré-natal. Atualmente, as investigações pós-natais incluem um renograma e uma cintilografia, que são exames de medicina nuclear. A urorressonância (UroRM) apresenta-se promissora por combinar imagens anatômicas e funcionais, além de ser desprovida de radiação ionizante, o que é a principal vantagem deste exame. Segundo autores, as medidas obtidas na função renal separada e da excreção são semelhantes às obtidas em MAG3, ou seja, no renograma. Outros autores concluíram que este exame é superior à cintilografia quanto à avaliação anatômica e funcional, além de permitir um melhor entendimento da fisiopatologia da OJUP (obstrução da junção uretero-pélvica). Assim, apesar do alto custo e necessidade de sedação dos infantes, a UroRM pode vir a ter um custo-benefício bastante interessante. Objetivos: Revisar a literatura atual sobre a investigação de crianças com hidronefrose na fase neonatal. Por meio da revisão de condutas de diagnóstico, reavaliar a importância e viabilidade do exame de urorressonância em relação aos exames de medicina nuclear (cintilografia renal e renograma dinâmico com diurético). Metodologia: Revisão literária dos principais estudos e diretrizes médicas dos últimos cinco anos. Conclusão: Segundo recentes estudos, a urorressonância apresenta-se como uma alternativa promissora na possibilidade de substituir os exames de medicina nuclear e, assim, aperfeiçoar a conduta diagnóstica. Estudo comparativo de pulmões submetidos à perfusão com low-potassium dextran histidinatriptofano-ketoglutarato, após períodos variados de isquemia: modelo experimental ex-vivo em ratos Edson Azevedo Simões, Paulo Manuel Pêgo-Fernandes, Fabio Biscegli Jatene, Paulo Francisco Guerreiro Cardoso, Rogério Pazetti, Karina Andrighetti de Oliveira Braga, Natalia Nepomuceno, Aristides Tadeu Correa Laboratório de Experimentação em Cirurgia Torácica (LIM 61) e Instituto do Coração do Hospital das Clínicas FMUSP Introdução: A preservação pulmonar desempenha papel fundamental nos transplantes, uma vez que a disfunção do enxerto permanece como a maior causa de mortalidade, tendo sua etiopatogenia na lesão de isquemia-reperfusão. Objetivos: Comparar o desempenho de pulmões de ratos após a reperfusão, preservados com três soluções em dois tempos de isquemia distintos. Métodos: Ratos machos Wistar foram anestesiados, heparinizados, traqueostomizados, ventilados, submetidos a esternotomia, canulação da artéria pulmonar e perfusão anterógrada com solução preservadora, sendo randomizados em seis grupos (n = 10 cada): grupo 1 com seis horas isquemia, low-potassium dextran (LPD), grupo 2 com 12 horas isquemia, LPD, grupo 3 com seis horas isquemia, histidina-triptofano-ketoglutarato (HTK), grupo 4 com 12 horas isquemia e HTK, grupo 5 com seis horas isquemia, salina, grupo 6 com 12 horas isquemia, salina. O bloco coração-pulmão foi extraído e preservado por 6 ou 12 horas sob hipotermia (4-8 oC) e perfundido com sangue homólogo em um sistema de perfusão ex-vivo (IL2 lung perfusion system, Harvard Apparatus) durante 60 minutos. A cada 10 minutos obtiveram-se medidas da mecânica respiratória, peso pulmonar, pressão da artéria pulmonar (PAP) e capacidade de oxigenação (COP). Resultados: Volume corrente, complacência, resistência, COP, PAP e peso pulmonar não diferiram entre os tempos de isquemia e seus respectivos momentos nos grupos 1, 3, 5, bem como nos animais dos grupos 2, 4 e 6. Entretanto, os valores do volume corrente foram superiores nos pulmões com isquemia de seis horas nos grupos LPD, HTK e salina (P = 0,02, P = 0,04 e P = 0,001). A complacência pulmonar foi Diagn Tratamento. 2011;16(3):146-61. superior nos pulmões com isquemia de seis horas no grupo LPD (P = 0,008) e grupo salina (P = 0,006) quando comparados aos pulmões com 12 horas de isquemia. A COP entre os pulmões com isquemia de seis horas no grupo LPD e os com 12 horas de isquemia não demonstrou diferença (P = 0,070). No entanto, houve diferença nos pulmões com isquemia de seis horas no grupo HTK e salina quando comparados aos pulmões com 12 horas de isquemia (P = 0,037, P = 0,001). A resistência pulmonar foi superior nos pulmões com isquemia de 12 horas nos grupos com LPD, HTK e salina (P = 0,001, P = 0,017 e P = 0,006), quando comparados aos pulmões com seis horas de isquemia. Ao longo do tempo de perfusão, foi observado um aumento gradual do peso de todos os pulmões, mormente naqueles submetidos a 12 horas de isquemia, apesar de não terem sido observadas diferenças entre os grupos LPD, HTK e salina (P = 0,278, P = 0,243 e P = 0,404 ). Conclusão: Pulmões de ratos perfundidos com soluções LPD e HTK apresentaram um desempenho semelhante neste modelo de perfusão ex-vivo. Técnicas microcirúrgicas para cateterização da artéria e veia femoral em ratos Wistar Murilo Gomes Sodré de Sousa, Marcio Rogério Kinshoku Universidade Nove de Julho Introdução: Diversos estudos experimentais necessitam da cateterização da artéria e da veia femoral. Para tanto, é necessária a descrição de técnicas que viabilizem e facilitem esta etapa dos estudos experimentais. Objetivo: Descrevemos a dissecção da musculatura da região inguinal do rato, a exposição do feixe vásculo-nervoso e a canulação da artéria e veia femoral com o auxílio de técnicas microcirúrgicas. Materiais e métodos: Este estudo segue as normas estabelecidas pelo Comitê de Ética em Experimentação Animal da Instituição onde foi realizado. Os ratos foram anestesiados e, após a secção da pele e do tecido subcutâneo, divulsionou-se a musculatura do animal, com auxílio de instrumental e microscópio microcirúrgico. Apresentou-se a musculatura com afastador de Elm e alcançou-se o feixe vásculo-nervoso femoral, dissecando-se os vasos sanguíneos. Foram colocados clipes microcirúrgicos na porção proximal e distal dos vasos para interromper o fluxo sanguíneo. A camada adventícia da artéria foi removida com auxílio de um vasodilatador, a lidocaína a 2%, sendo feita uma abertura de 0,1 mm para a inserção de cateter de polivinil heparinizado (Jelco, 26 G). O clipe proximal foi removido parcialmente para verificar se a luz do vaso foi canulada, quando se identificou coluna de sangue no cateter. A canulação da veia foi feita de maneira semelhante, não sendo necessária a retirada da camada adventícia. O cateter de polivinil foi fixado na pele do animal para prevenir a ruptura dos vasos ou sua perda inadvertida. Os cateteres foram ocluídos para posterior infusão de solução salina ou coleta de sangue se necessário. Resultados: A técnica descrita pode ser realizada sem dificuldades por alunos com conhecimentos básicos de técnicas microcirúrgicas. Além de facilitar a exposição dos vasos sanguíneos, foi simples e efetiva. Não foram observadas rupturas dos vasos e não ocorreram hemorragias quando realizada corretamente. Discussão: A canulação de vasos sanguíneos é fundamental para a realização de vários experimentos, especialmente aqueles que envolvem monitorização do animal. A maioria dos modelos experimentais necessita da análise laboratorial do sangue do animal e os modelos que estudam o choque hipovolêmico dependem da precisão na retirada de volumes sanguíneos estabelecidos. A cateterização eficiente e segura uniformiza os resultados, reduzindo o tempo necessário à realização do estudo. O desenvolvimento de novos modelos neste sentido, mesmo necessitando de material básico para microcirurgia, justifica-se e é fundamental para a experimentação com animais de pequeno porte.