Normas do Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia para o exercício durante a gravidez e o período pós-parto Resumo As novas normas para o exercício na gravidez e no pós-parto foram publicadas pelo Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia (ACOG) em 2003 no British Journal of Sports Medicine . O exercício regular é promovido para o benefício geral da saúde. É atualmente conhecido que os hábitos adotados durante a gravidez poderia afetar a saúde da mulher para o resto da vida. Pela primeira vez a recomendação sugere um possível papel para o exercício na prevenção e tratamento da diabete gestacional. As recomendações também promovem o exercício para as mulheres sedentárias e aquelas com complicações médicas e obstétricas, mas somente após a avaliação médica e permissão. A tabela 1 lista as contra-indicações absolutas ao exercício aeróbio durante a gravidez, (com permissão da ACOG) Doença cardíaca significante hemodinamicamente, Doença do pulmão restritiva, Incompetente cervix/cerclage, Gestação múltipla em risco para parto prematuro, Segundo ou terceiro trimestre de sangramento persistente, Placenta prévia após 26 semanas de gestação, Parto prematuro durante a gravidez atual, Membranas rompidas, Hipertensão induzida pela gravidez Tabela 2. Contra indicações relativas para o exercício aeróbio durante a gravidez (com permissão da ACOG) Anemia severa, Arritmia cardíaca maternal não avaliada , Bronquite crônica, Diabetes do tipo I pouco controlada, Obesidade mórbida extrema, Sobrepeso extremo (índice de massa corporal <12), História de estilo de vida extremamente sedentário, Restrição do crescimento intra-uterino na gravidez atual, Hipertensão/pré eclampsia pouco controlada, Limitações ortopédicas, Distúrbios de epilepsia pouco controlado, Doença da tireóide pouco controlada, Fumar em excesso Como qualquer forma de prescrição de exercício, essas recomendações também incluem os sinais de advertência para terminar o exercício enquanto estiver grávida (tabela 3). Tabela 3. Sinais de advertência para terminar o exercício enquanto grávida Sangramento vaginal, Dispnéia antes do esforço, Vertigem, Dor de cabeça Dor no peito, Fraqueza muscular, Dor na panturrilha ou inchaço, Parto prematuro, Movimento fetal diminuído, Escape do líquido aminiótico As recomendações também oferecem normas para esportes e atividades recreacionais. Cautela contra a participação em esportes de contato e recomendações evitando mergulho. Quanto a retomada da atividades após o parto, as recomendações observam que uma rápida retomada não tem efeitos adversos, mas é aconselhado um retorno gradual para as atividades anteriores Os benefícios à saúde pela atividade física são bem reconhecidos, e pelo contrário hábitos sedentários e baixos níveis de aptidão cardiorrespiratório que levam a fatores de risco para desenvolvimento subsequente da doença cardiovascular. Apesar do fato de que a gravidez está associada com mudanças anatômicas profundas e fisiológicas, existe poucos exemplos que deveriam excluir as mulheres grávidas saudáveis de seguir as recomendações do Centro de Controle e Prevenção de Doença e o Colégio Americano de Medicina do Esporte (CDC-ACSM) que é o acúmulo de 30 minutos ou mais de atividade física de intensidade moderada na maioria, e preferivelmente todos os dias da semana. ADAPTAÇÕES MUSCULOESQUELÉTICAS Mudanças anatômicas e fisiológicas durante a gravidez tem o potencial para afetar o sistema musculoesquelético em repouso e durante o exercício. O aumento de peso na gravidez pode aumentar significantemente as forças nas articulações tais como os quadris e os joelhos tanto quanto durante o exercício com sobrecarga, como correr. Tais forças em grande parte pode causar desconforto nas articulações normais e aumentar os danos para artrite ou articulações instáveis anteriormente. “Apesar da falta de clara evidência, que as lesões musculoesqueléticas são aumentadas durante a gravidez, essas possibilidades deveriam mesmo assim ser consideradas quando prescrever exercício na gravidez.” Faltam, dados sobre os efeitos do aumento de peso da gravidez sobre a lesão da articulação e a patologia. Por causa das mudanças anatômicas, as mulheres grávidas desenvolvem tipicamente lordose lombar, no qual contribui para a prevalência muito alta de dor lombar. O equilíbrio pode ser afetado por mudanças na postura, pré disposição nas mulheres grávidas para perda do equilíbrio e aumento do risco de quedas. Portanto a incidência de quedas nas grávidas não tem sido relatadas. Uma outra mudança musculoesquelética durante a gravidez é o aumento da frouxidão ligamentar, que acredita-se ser secundária a influência do aumento dos níveis de estrógeno e relaxina. Teoricamente, isso poderia predispor as mulheres grávidas ao aumento de incidência de distenção e torção. Apesar da falta de evidência que lesões musculoesqueléticas são aumentadas durante a gravidez, essas possibilidades deveriam contudo ser consideradas quando prescrever exercício na gravidez. A atividade uterina foi medida em mulheres grávidas que se exercitam, e mínima ou nenhuma mudança foi relatada durante as últimas oito semanas de gravidez. Em alguns relatos, a atividade física tem sido associada com um aumento nas contrações uterina. A magnitude das contrações uterina relatadas é geralmente baixa. Existe somente relatos inéditos que o treinamento intenso pode causar parto prematuro. Contudo, existe evidência inequívoca que o exercício intenso não tem impacto, uma mulher fisicamente ativa com uma história de, ou que está em risco de, parto prematuro, deveria ser aconselhada a reduzir sua atividade no segundo e terceiro trimestre de gravidez. EXIGÊNCIA NUTRICIONAL Após a décima terceira semana de gravidez, aproximadamente (300Kcal) extra por dia são exigidos para atingir as necessidades metabólicas da gravidez. Essa exigência de energia é aumentada quando o gasto de energia diário é aumentado através do exercício. Nos exercícios com sobrecarga, tal como caminhar, a exigência de gordura aumenta progressivamente com o aumento do peso durante o desenvolvimento da gravidez. Uma consideração relatada para a alimentação e o exercício durante a gravidez, é adequado ingerir carboidrato. As mulheres grávidas usam carboidrato em uma proporção maior, ambos em repouso e durante o exercício do que as mulheres não grávidas. Também parece que, durante o exercício sem sobrecarga na gravidez, existe o uso preferencial de carboidratos, possivelmente o resultado do componente anaeróbio desse tipo de atividade. ADAPTAÇÕES CARDIOVASCULARES A gravidez induz alterações profundas na hemodinâmica maternal. Tais mudanças inclui um aumento no volume sangüíneo, freqüência cardíaca e volume sistólico, assim como o débito cardíaco, e uma diminuição na resistência vascular sistêmica. No meio da gravidez, o débito cardíaco é de 30-50% maior do que antes da gravidez. Muitos estudos mostram que o volume sistólico maternal aumenta para 10% no final do primeiro trimestre e é seguido por um aumento de 20% na freqüência cardíaca durante o segundo e terceiro trimestres. A média da pressão arterial diminui 5-10 mmHg na metade do segundo trimestre e então gradualmente aumenta de volta aos níveis antes da gravidez. A diminuição da média da pressão arterial é o resultado do aumento da vasculatura uterina, circulação uteroplacental, e a diminuição na resistência vascular predominantemente da pele e do rim. Essas mudanças hemodinâmicas parecem estabelecer uma reserva circulatória necessária para fornecer nutrientes e oxigênio para ambos mãe e feto em repouso e durante moderado, mas não uma atividade física intensa. As mudanças cardiovasculares associadas com a postura corporal é uma importante consideração para as mulheres grávidas, ambas em repouso e durante o exercício. Após o primeiro trimestre, a posição supina resulta numa obstrução relativa do retorno venoso e portanto diminuiu o débito cardíaco. Por essa razão, as posições supina devem ser evitadas o máximo possível durante o repouso e o exercício. Além disso, a posição em pé imóvel está associada com uma diminuição significante no débito cardíaco, dessa maneira essa posição deveria ser evitada. Existe evidência que conflitam sobre a resposta da freqüência cardíaca maternal para o estado de equilíbrio do exercício submáximo durante a gravidez. ADAPTAÇÕES RESPIRATÓRIAS A gravidez está associada a mudanças respiratórias profundas: a ventilação minuto aumenta para quase 50%, principalmente como um resultado do aumento do volume corrente. Isso resulta num aumento na tensão do oxigênio arterial de 106-108 mmHg no primeiro trimestre, diminuindo para uma média de 101-106 mmHg pelo terceiro trimestre. Existe um aumento associado no consumo de oxigênio, e um aumento de 10-20% de aumento no consumo de oxigênio nas linhas de base. O espaço morto fisiológico durante a gravidez permanece sem mudanças. Por causa do aumento da exigência do oxigênio em repouso e o aumento do trabalho de respirar causado pela pressão do útero aumentado sobre o diafragma, existe disponibilidade de oxigênio diminuído para a performance do exercício aeróbio durante a gravidez. Dessa maneira, ambas cargas de trabalho subjetivas performance máximo do exercício são diminuídos. Portanto, em algumas mulheres bem condicionadas, parece não estar associado mudanças na potência aeróbia máxima ou no equilíbrio ácido – base durante o exercício na gravidez, comparado com os controles não-grávidos. CONTROLE TERMORREGULATÓRIO O sistema cardiovascular está muito afetado pelo aumento das exigências metabólicas do exercício e portanto um maior fator é a dissipação do excesso de calor gerado pelo exercício. Durante a gravidez, a taxa metabólica basal, e portanto a produção de calor, é aumentado acima dos níveis não – grávidos. O aumento na temperatura corporal durante o exercício está diretamente relacionado a intensidade do exercício. Durante a intensidade moderada, o exercício aeróbio em condições termo – neutras, a temperatura central das mulheres não – grávidas aumenta numa média de 1.5ºC durante os primeiros 30 minutos de exercício e então alcança o platô se o exercício for contínuo por um adicional de 30 minutos. O estado de equilíbrio da produção de calor versos a dissipação de calor, é executado pelo aumento da condução do calor do centro para a periferia através do sistema cardiovascular, assim como através da evaporação pelo esfriamento através do suor. Se a produção de calor excede a capacidade de dissipação do calor, por exemplo durante o exercício em condições de calor, umidade ou durante o exercício com intensidade alta, a temperatura central continuaria a aumentar. Durante o exercício prolongado, a perda de líquido com o suor pode comprometer a dissipação do calor. A administração da hidratação normal, e portanto o volume sangüíneo, é importante para o equilíbrio do calor. Dados sobre os efeitos do exercício sobre a temperatura central durante a gravidez são limitados. A temperatura central do corpo do feto são aproximadamente 1º C mais alta do que as temperaturas maternal. Os resultados de estudos sugerem que a hipertemia em excesso de 39º C durante os primeiros 45-60 dias de gestação pode também ser teratogênico. No entanto, não houve relatos que a hipertemia associada com o exercício é teratogênica. RESPOSTAS FETAL AO EXERCÍCIO MATERNAL No passado, a principal preocupação do exercício na gravidez era enfocado sobre o feto e acreditava-se que qualquer benefício potencial maternal poderia ser compensado pelos riscos potenciais ao feto. Numa gravidez sem complicações, as lesões fetais são altamente improváveis. A maioria dos riscos potencial fetal são hipotéticos. A principal questão a ser respondida é a redistribuição seletiva do fluxo sangüíneo durante o exercício regular e prolongado na gravidez que interfere com o transporte transplacental do oxigênio, dióxido de carbono e nutrientes, e, se isso ocorrer, quais são a duração dos efeitos, se tiver algum? A evidência indireta é que não houve efeitos duradouros. É sabido que, durante os eventos obstétricos, a hipoxia transitória poderia resultar inicialmente na taquicardia fetal e um aumento na pressão sangüínea fetal. Essas respostas fetal são mecanismos protetores que permitem ao feto a transferência de oxigênio e a diminuição da tensão do dióxido de carbono através da placenta. Qualquer alteração aguda poderia resultar em mudanças na freqüência cardíaca fetal, enquanto os efeitos crônicos podem resultar na restrição do crescimento intra-uterino. Não existe relatos que liga tal evento adverso com o exercício maternal. As respostas da freqüência cardíaca fetal ao exercício maternal tem sido o foco de numerosos estudos. A maioria dos estudos mostram um aumento mínimo ou moderado na freqüência cardíaca fetal de 10-30 batimentos/minuto acima das linhas de base durante ou após o exercício maternal. A desaceleração da freqüência cardíaca fetal e a bradicardia tem sido relatada por ocorrer com uma freqüência de 8.9%. O mecanismo que leva a bradicardia fetal durante o exercício maternal pode somente ser especulado em: provavelmente um reflexo vagal, compressão do cordão, ou má posição da cabeça fetal. Nenhum efeito duradouro associado ao feto tem sido relatado. Estudos epidemiológicos tem sugerido por um longo tempo que existe uma ligação entre atividade física intensa, deficiência na dieta, e o desenvolvimento de restrição do crescimento intra-uterino. Tem sido relatado que mães que tem ocupação e ficam na posição em pé ou movimento repetitivo, intenso, exercício físico tais como levantamento, tem uma tendência para dar a luz mais cedo e tem um tempo menor de gestação. Portanto, outros relatos falharam para confirmar essas associações, que sugerem que outros fatores ou condições, tais como alimentação insuficiente, tenha que estar presente durante as atividades intensas para afetar o crescimento fetal. Num outro estudo foi concluído que a média do peso de nascimento é substancialmente menor quando as mulheres que se exercitam em ou acima de 50% dos níveis pré - concepção comparado com as mulheres que não se exercitam. Num outro estudo não foi descoberto diferença entre o peso do nascimento da prole daquelas que se exercitam intensamente e daquelas mulheres sedentárias, apesar de que outras até descobriram um aumento no peso de nascimento. Parece, no entanto, que o peso de nascimento não foi afetado pelo exercício nas mulheres que tem consumo adequado de energia. Relatos sobre o treinamento físico contínuo durante a gravidez em atletas, indicam que tais atividades tem muito pouco risco. Embora o peso de nascimento relatado são mais baixo do que o esperado por uma média de 500g, esses fatos podem ser uma explanação parcial de alguns relatos inéditos de duração mais curta do trabalho de parto em algumas dessas sujeitas. A informação disponível na literatura é tão limitada para permitir tarefa de risco ou parto prematuro ou restrição no crescimento fetal nas mães que se exercitam como atleta profissional ou recreacional, e a ligação para as dietas deficientes não tem sido suficientemente abordada. Observações clínicas indicam que pacientes em risco de parto prematuro pode ter o parto antecipado pelo exercício. As mulheres que tem uma alimentação consciente freqüentemente não recebe o mínimo de nutrientes exigidos. A exigência de energia combinada com a gravidez e o exercício unidos com pouco ganho de peso pode levar a restrição no crescimento fetal. EVOLUÇÃO CLÍNICA A prescrição do exercício requer conhecimento dos riscos potenciais e avaliação da capacidade física para se envolver em várias atividades. Dados os riscos potenciais, embora raro, através da avaliação clínica de cada mulher grávida, deveria ser conduzido antes um programa de exercício que é recomendado. A rotina do pré-natal, conforme defendido nas publicações do ACOG, é suficiente para monitorar o programa de exercício. AVALIAÇÃO MÉDICA ANTES DO EXERCÍCIO Os riscos gerais da saúde, obstétricos e médico deveriam ser revistos antes de uma mulher grávida se envolver em um programa de exercício. Na ausência de contra-indicações, uma mulher grávida deveria ser encorajada a se envolver na atividade física de intensidade moderada e regular, para continuar a produzir os mesmos benefícios associados a saúde durante a gravidez em relação antes da gravidez. Portanto, existe contra-indicação para se exercitar por causa das condições médicas pré – existente ou em desenvolvimento, e a gravidez não é diferente. Além disso, certas complicações obstétricas podem desenvolver nas mulheres grávidas sem levar em consideração os níveis anteriores de aptidão, no qual poderia evitar de continuar a se exercitar seguramente durante a gravidez. As contra-indicações para se exercitar listadas, são sugeridas somente como guias para determinar a relação do exercício durante a gravidez para as mulheres individual. PRESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO Os elementos da prescrição do exercício deveriam ser considerados em todos os sistemas de atividade física sem levar em consideração esse propósito – que é, saúde básica, ocupação recreacional, ou atividades competitivas. A consideração deveria ser dada ao tipo e intensidade de exercício, assim como para a duração e freqüência das sessões de exercícios para cuidadosamente equilibrar entre benefícios potenciais e efeitos potenciais prejudiciais. Atenção adicional deveria ser dada a progressão na intensidade ao longo do tempo. Prescrição básica ao exercício para a saúde e bem-estar geral Tipo de exercício A prescrição do exercício para o desenvolvimento e manutenção da aptidão em mulheres não grávidas, consiste de atividades para melhorar a situação cardiorespiratória (exercício aeróbio) e musculoesquelético (exercício resistido). A prescrição do exercício na gravidez deveria incluir os mesmos elementos. O exercício aeróbio pode consistir de qualquer atividade que utiliza grupos musculares maiores de modo rítmico e contínuo. Por causa do controle da intensidade do exercício dentro dos limites precisos, é freqüentemente desejável no início de um programa de exercício, a maioria das atividades facilmente quantificadas, tais como caminhar ou bicicleta estacionária, são particularmente útil. Não existe dados para apoiar a restrição das mulheres grávidas de participar de atividades rítmica e contínua , embora algumas atividades levam mais riscos do que outras. Existem várias atividades que propõe aumento dos riscos na gravidez tais como, mergulho e esforço na posição supina. Nadar, portanto, não tem sido associada com os efeitos adversos. As atividades que aumentam o risco de quedas, ou aquelas que podem resultar em estresse excessiva da articulação, deveriam incluir no conselho para a maioria das mulheres grávidas, mas avaliada sob uma base individual, com consideração para as capacidades individuais. Além disso, as atividades aeróbias, atividades que promovem a aptidão musculoesqueléticos são parte de uma prescrição geral do exercício. Tipicamente, esses incluem ambos o treinamento resistido e exercícios de flexibilidade. Existe informação limitada sobre o treinamento de peso durante a gravidez. Num estudo, foi concluído que pesos com repetições múltiplas levantadas através de uma amplitude de movimento dinâmica, parece ser um tipo de exercício resistido seguro e eficaz durante a gravidez para o feto e a gravida. Embora estejam faltando dados que apóiam, poderia ser prudente limitar o levantamento de peso repetitivo isométrico ou de resistência pesada e qualquer exercício que resulte num efeito pressor amplo durante a gravidez. Por causa do aumento do relaxamento dos ligamentos durante a gravidez, o exercício de flexibilidade deveria ser individualizado pela mesma razão. A manutenção da amplitude de movimento da articulação normal, no entanto, não deveria interferir com uma rotina de exercício moderado em mulheres grávidas. Intensidade do exercício A intensidade é o mais difícil componente de um programa de exercício para descrever para mulheres grávidas. Para produzir benefícios para a saúde, as mulheres não grávidas são aconselhadas a participar de exercício de intensidade no mínimo moderado. Não existe razão para alterar essa recomendação para as mulheres grávidas com nenhuma complicação médica ou obstétrica. A intensidade recomendada da atividade física para desenvolver e manter a aptidão física é algo maior. O ACSM recomenda que a intensidade deveria ser de 60-90% da freqüência cardíaca máxima ou 50-85% do consumo máximo de oxigênio ou freqüência cardíaca de reserva. A menor dessas freqüências (60-70% da freqüência cardíaca máxima ou 50-60% do consumo máximo de oxigênio) parece ser adequado para a maioria das mulheres grávidas que não se envolveram em exercício regular antes da gravidez, e o superior dessas freqüências deveriam ser consideradas para aquelas que desejam continuar a manter aptidão durante a gravidez. Num estudo de exercício e gravidez, foi relatado que, com as intensidades de 81% da freqüência cardíaca máxima, nenhum efeito adverso significante foi descoberto. Dado a variabilidade nas respostas de freqüência cardíaca maternal ao exercício, a freqüência cardíaca alvo não pode ser usada para monitorar a intensidade do exercício na gravidez. Foi descoberto que o grau de esforço percebido tem sido útil durante a gravidez como uma alternativa de monitorar a freqüência cardíaca da intensidade do exercício. Para o exercício moderado, o grau de esforço percebido deveria ser de 12-14 (um tanto intenso) sobre a escala de 6-20. Evidência da eficácia dessa abordagem é que, quando o exercício é auto controlado, a maioria das mulheres grávidas voluntariamente reduziria a intensidade do seu exercício conforme o progresso da gravidez. Embora um nível mais alto de intensidade do exercício seguro não tem sido estabelecido, mulheres que faziam exercícios regulares antes da gravidez e tem gravidez simples e saudável, deveria ser capaz de envolver-se em programas de exercício de intensidade alta, tais como correr e aeróbica, com nenhum efeito adverso. A condição nutricional, cardiovascular e musculoesquelético das sujeitas, assim como o bem estar fetal deveria ser periodicamente avaliado durante as visitas ao pré natal nas mulheres grávidas que participam de programas de exercício de intensidade alta. Testes adicionais deveriam ser considerados como indicado clinicamente para avaliar o crescimento fetal. Modificações na dieta e mudanças nas rotinas dos exercícios deveriam também ser considerados se clinicamente indicado. Duração do exercício Dois problemas deveriam ser abordados antes de prescrever um programa de exercício prolongado (acima de 45 minutos de exercício contínuo) para mulheres grávidas. O primeiro é a termorregulação. O exercício preferivelmente deveria ser realizado num ambiente termo - neutro ou em condições ambientais controladas. Atenção para a hidratação adequada e sentimentos subjetivos do estresse pelo calor são essenciais. O segundo problema é o balanço calórico. O custo de energia do exercício deveria ser estimado e balanceado pelo consumo adequado de energia. O ajuste dos limites as durações do exercício, não é possível por causa da relação recíproca entre intensidade de exercício e duração. Deveria ser observado que, em estudos em que o exercício era auto controlado, num ambiente controlado, as temperaturas internas elevaram menos do que 1.5º C acima de 30 minutos e permaneceram dentro dos limites de segurança. Acumular a atividade em períodos mais curtos de exercício, tais como períodos de 15 minutos, podem precaver problemas relacionados a termorregulação e balanço calórico durante as sessões de exercício. O ACSM recomenda que mulheres não grávidas que se exercitam para aumentar ou manter a aptidão pode exercitar-se por mais de 60 minutos por sessão de exercício. Freqüência do exercício Na atual recomendação do CDC-ACSM para o exercício programado em saúde e bem estar, a recomendação para as mulheres não grávidas é que um acúmulo de 30 minutos num dia de exercício ocorre na maioria senão em todos os dias da semana. Na ausência das complicações médica e obstétricas, as mulheres grávidas poderiam adotar a mesma recomendação. Progressão As mulheres grávidas que foram sedentárias antes da gravidez deveriam seguir uma progressão gradual até 30 minutos por dia. Essa recomendação não é diferente daquela para mulheres sedentárias não grávidas que iniciaram um programa de exercício. A gravidez não é um tempo para melhorar muito a aptidão física. Portanto, as mulheres que tem alcançado um nível alto de aptidão através de exercício regular antes da gravidez, deveriam se exercitar com precaução quando se envolver em níveis mais altos de aptidão das atividades durante a gravidez. Além disso, elas deveriam esperar a atividade geral e os níveis de aptidão tem uma certa diminuição com o progresso da gravidez. Atividades Recreacionais Em geral, a participação numa ampla freqüência de atividades recreacionais parecem ser seguras. A segurança de cada esporte é largamente determinada pelos movimentos específicos exigidos por aquele esporte. Atividades com um alto risco de quedas ou aquelas com um alto risco de trauma abdominal deveria ser considerada indesejável. A participação em esportes recreacional com um alto potencial para contato, podem resultar em traumas sérios para ambos mães e fetos. Similarmente, as atividades recreacionais com risco aumentado de quedas, e esportes intensos com raquetes, tem um alto risco natural de trauma em mulheres grávidas e não grávidas. O mergulho deveria ser evitado durante a gravidez por causa do feto que está em um risco aumentado de doença secundária de descompressão para a incapacidade da circulação pulmonar fetal para evitar a formação de bolhas. Conforme o esforço em altitude um estudo conduzido em 2500m, foi concluído que as mulheres grávidas pode envolver-se em períodos de exercício e/ou tarefas físicas moderadas, mas são limitadas em realizar atividades físicas de intensidade alta. Nenhuma resposta fetal adversa foi registrada durante esse estudo. Outros estudos confirmam a falta de efeitos adversos sobre o feto em altitudes tipicamente usadas para esportes na montanha tais como, caminhada ou esquiar (menos do que 2500m). Todas as mulheres que são recreacionalmente ativas, deveriam estar cientes sobre sinais de doença da altitude para que elas parem de se exercitar, descer da altitude, e buscar cuidado médico (tabela 3). Exercício na água O maior efeito de imersão é uma redistribuição do líquido extravascular dentro do espaço vascular, resultando em um aumento no volume sanguíneo. Esse efeito ocorre muito rapidamente e é proporcional à profundidade de imersão, levando a uma diminuição na pressão arterial sistêmica (ambas sistólica e diastólica). Essas mudanças estão acompanhadas por uma diminuição no hormônio anti diurético, aldosterona e a atividade renina no plasma enquanto o fator natriurético atrial diminui. A mudança no volume sangüíneo leva as mudanças ventilatórias com um declínio na capacidade vital, capacidade ventilatória e volume de reserva expiratório. A imersão é ideal para dissipar o aumento da temperatura induzida pelo exercício durante o exercício na gravidez. “Nenhum efeito adverso sobre o feto foi relatado durante o exercício na água durante a gravidez.” Nos estudos longitudinais de exercício de imersão na gravidez em 60% do consumo máximo de oxigênio, foi descoberto ser uma atividade segura, com efeitos vantajosos sobre o edema, regulação térmica e flutuabilidade, dessa maneira minimizando o risco de lesões articulares. Além disso, nenhum efeito adverso sobre o feto foi relatado ocorrer durante o exercício na água durante a gravidez. ATLETAS COMPETITIVAS Os problemas da gravidez, das atletas competitivas se encontra dentro de duas categorias gerais: a) os efeitos da gravidez sobre a capacidade competitiva; b) os efeitos do treinamento intenso e a competição na gravidez, particularmente o feto. Tais atletas poderiam certamente exigir supervisão obstétrica mais próxima do que o cuidado pré natal. Conforme o progresso da gravidez, várias mudanças ocorrem para prevenir a atleta de atingir os mesmos níveis de performance antes da gravidez. O ganho de peso, por ela mesma e na presença da frouxidão das articulações e dos ligamentos e a mudança no centro de gravidade, causaria limitações inevitáveis na maioria das atividades esportivas. A capacidade de parar e iniciar ou mudar a direção progressivamente diminuiria. Qualquer tentativa de substituir movimentos compensatórios por movimentos bem coordenados, resulta num movimento ineficiente, diminuição na capacidade competitiva, e aumento no risco de lesão. A performance nos esportes em que a endurance é importante pode ser adversamente afetada pela anemia fisiológica geralmente associada com o aumento do volume sangüíneo da gravidez. Apesar do fato que a gravidez afeta adversamente a performance na atleta competitiva, a maioria das atletas competitivas de elite preferem continuar a treinar durante a gravidez. A intensidade relativamente alta, longa duração, e agendas de treinos freqüentes da maioria das atletas competitivas podem colocá-las em maior risco de complicações termorregulatórias durante a gravidez. A atenção particular deveria ser dada para manter a hidratação adequada durante e entre essas sessões de exercício. O balanço do líquido durante uma sessão de exercício pode ser monitorada pela pesagem antes e após a sessão. Qualquer perda de peso é perda de líquido que deveria ser feito antes da próxima sessão de exercício (perda de peso de 1 libra. Por causa do tipo de treinamento feito pelas atletas de elite, é provável que o ganho de peso seria menor para ambos mãe e feto do que para as mulheres sedentárias. Esse peso de nascimento menor foi atribuído para a massa gorda neonatal diminuída. POPULAÇÕES ESPECIAIS As mulheres grávidas com diabete, obesidade mórbida, ou hipertensão crônica deveria ter prescrição de exercício individualizada. A informação disponível na literatura é limitada com relação ao papel da atividade física para essas mulheres. Foram publicados estudos de treinamento de exercício nas mulheres com diabete gestacional. Num estudo, o exercício ergométrico, 3 vezes por semana por 20 minutos em 50% do consumo máximo de oxigênio resultou em normalização do controle glicêmico em contraste com somente a dieta. Um segundo estudo incluíu mulheres da 28-33 semanas de gestação que, apesar da dieta, tinha hiperglicemia de jejum persistente de 105-104 mg/dl. Sujeitas de um estudo controle foram tratadas com insulina. As pacientes do grupo de exercício realizaram um ciclo de exercício moderado três vezes por semana e manteram um estilo de vida ativo durante a gravidez. Através desse sistema, as pacientes que se exercitam manteram a glicemia normal e não necessitaram de insulina. Num estudo de mulheres com Diabetes melito do tipo I, um programa de caminhar depois da refeição não alcançou o controle glicêmico adequado. Dados epidemiológicos sugerem que o exercício pode mesmo ser benéfico na prevenção primária da diabetes gestacional particularmente em mulheres obesas morbidamente, mas não em mulheres de peso normal. A Associação Americana de Diabetes tem endossado o exercício como “uma ajuda adjunta a terapia” para a diabetes gestacional onde a glicemia normal não é alcançada somente pela dieta. Não existe informação atual disponível sobre o efeito do exercício sobre mulheres com hipertensão crônica. O nível de cuidado para as mulheres com hipertensão induzida pela gravidez é para limitar a atividade física. EXERCÍCIO NO PERÍODO PÓS PARTO Muitas das mudanças fisiológicas e morfológicas da gravidez persistem de quatro a seis semanas pós parto. Dessa maneira, as rotinas de exercício podem ser resumidas somente gradualmente após a gravidez e deveria ser induvidualizada. A atividade física pode dessa maneira ser resumida como fisicamente e medicamente segura. Isso certamente diversificaria de uma mulher para a outra, com algum ser capaz de envolver-se numa rotina de exercício próximo dos dias do parto. Não existe estudos publicados para indicar que, na ausência de complicações médicas, o reinício rápido das atividades resultaria em efeitos adversos. Indubitavelmente, ter submetido-se ao destreinamento, o reinício das atividades deveria ser gradual. Nenhuma complicação maternal está associada com o reinício do treinamento. A redução de peso moderado enquanto amamenta é seguro e não compromete o ganho de peso neonatal. Falha em ganhar peso está associada com a produção de leite diminuída, no qual pode ser secundário consumir alimento ou líquido inadequado para equilibrar o débito induzido pelo treinamento. As mulheres que estão amamentando deveriam considerar a alimentação dos seus bebês antes de se exercitar para evitar o desconforto das mamas inchadas. Além disso, a amamentação antes do exercício evita problemas potencial associado com o aumento da acidez do leite secundário a qualquer elevação do ácido lático. Finalmente, um retorno a atividade física após a gravidez foi associada com uma depressão pós parto diminuída, mas somente se o exercício causar alívio ao invés de causar estresse. SUMÁRIO A gravidez não deveria ser um estado de confinamento e as mulheres grávidas com gravidez sem complicações deveriam ser encorajadas a continuar e envolver-se em atividades físicas. As atletas competitivas e recreacionais com gravidez sem complicação pode permanecer ativas durante a gravidez, e modificar seu exercício de rotina habitual como indicado nesse trabalho. Todas as mulheres grávidas ativas deveriam ser examinadas periodicamente para avaliar os efeitos dos seus programas de exercício sobre o desenvolvimento do feto, para que ajustes possam ser feitos se necessário. As mulheres com complicações obstétricas e médicas deveriam ser cuidadosamente avaliadas antes das recomendações que são feitas sobre a participação na atividade física durante a gravidez. Apesar do fato que a gravidez está associada com mudanças profundas anatômicas e fisiológicas, o exercício tem riscos mínimos e benefícios confirmados para a maioria das mulheres. ARTAL R., TOOLE M O Guidelines of the American College of Obstetricians and Gynecologists for exercise during pregnancy and the postpartum period . Br J Sports Med 2003;37:6-12 doi:10.1136/bjsm.37.1.6