1 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ALIMENTOS E NUTRIÇÃO - PPGAN Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Bloco 06 – Bairro Ininga Cep: 64049-550 – Teresina-PI – Brasil – Fone/Fax (86) 3237-2062 –Fax (86) 3215-5560 E-mail: [email protected] ADEILDES BEZERRA DE MOURA LIMA NÍVEIS DE RETINOL E FATORES ASSOCIADOS À SUA DEFICIÊNCIA EM ESTUDANTES DE TERESINA, PIAUÍ. Teresina (PI), 2013 2 ADEILDES BEZERRA DE MOURA LIMA NÍVEIS DE RETINOL E FATORES ASSOCIADOS À SUA DEFICIÊNCIA EM ESTUDANTES DE TERESINA, PIAUÍ. Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Alimentos e Nutrição da Universidade Federal do Piauí, como requisito para obtenção do título de Mestre em Alimentos e Nutrição. Área de concentração: Alimentos e Nutrição. Linha de Pesquisa: Nutrição e Saúde Orientadora: Profa. Dra. Adriana de Azevedo Paiva Coorientadora: Profa. Dra. Marize Melo dos Santos Teresina (PI), 2013 3 ADEILDES BEZERRA DE MOURA LIMA NÍVEIS DE RETINOL E FATORES ASSOCIADOS À SUA DEFICIÊNCIA EM ESTUDANTES DE TERESINA, PIAUÍ. Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Alimentos e Nutrição da Universidade Federal do Piauí, como requisito para obtenção do grau de mestre em Alimentos e Nutrição. Área de concentração: Alimentos e Nutrição. Linha de Pesquisa: Nutrição e Saúde Aprovada em:____/____/____ Banca examinadora: Presidente: Profª Drª. Adriana de Azevedo Paiva (UFPI) 1º Examinador: Profª Drª. Ilma Kruze Grande de Arruda (UFPE) 2º Examinador: Profª Drª. Carmen Viana Ramos (UNINOVAFAPI) Examinador Suplente: Profa. Dra. Marize Melo dos Santos (UFPI) 4 Eu aprendi... ...que ignorar os fatos não os altera; Eu aprendi... ...que quando você planeja se nivelar com alguém, apenas está permitindo que essa pessoa continue a magoar você; Eu aprendi... ...que o AMOR, e não o TEMPO, é que cura todas as feridas; Eu aprendi... ...que ninguém é perfeito até que você se apaixone por essa pessoa; Eu aprendi... ...que a vida é dura, mas eu sou mais ainda; Eu aprendi... ...que as oportunidades nunca são perdidas; alguém vai aproveitar as que você perdeu. Eu aprendi... ...que quando o ancoradouro se torna amargo a felicidade vai aportar em outro lugar; Eu aprendi... ...que não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito; Eu aprendi... ...que todos querem viver no topo da montanha, mas toda felicidade e crescimento ocorre quando você esta escalando-a; Eu aprendi... ...que quanto menos tempo tenho, mais coisas consigo fazer. (Willian Shakespeare) 5 DEDICATÓRIA A minha mãe SOCORRO, por me incentivar sempre. Ao meu esposo NONATO, meu companheiro de sempre, Por seu amor, seu carinho, sua companhia e seu apoio. A meus filhos ÍTALO e DAVI, luz da minha vida, minha razão de viver. Minha cunhada-sogra MARLENE, Pelo imenso amor que dedica à minha família. Por vocês e para vocês, Com todo o meu amor. 6 AGRADECIMENTOS A Deus, senhor absoluto, por iluminar sempre o meu caminho; a Nossa Senhora, por me cobrir com seu manto de amor, a Santa Teresinha, por perfumar meu caminho com seu perfume de rosas e a Santa Cruz dos Milagres, pequena amostra da grandeza do amor de Deus (“nada poderá me abalar, nada poderá me derrotar, pois minha força e vitória tem um nome: é Jesus”); e aos “anjos” que Ele pôs em meu caminho: Meus pais, Adonias Moura e Socorro Moura, pelo permanente ensinamento de honestidade, em especial a minha mãe, pelo grande esforço que sempre fez para educar seus filhos, mostrando ser esta a melhor herança a lhes deixar, um exemplo de luta e perseverança: uma mulher guerreira; Meu esposo, Nonato Borges, porto seguro e companheiro de todas as horas, que buscou suprir minhas ausências, para que nossos filhos se sentissem sempre seguros; por entender minhas loucuras e, mesmo assim, ainda me amar: te amo hoje e sempre cada vez mais [ “mas o teu amor me cura, de uma loucura qualquer: é encostar no teu peito, e se isso for algum defeito, por mim tudo bem”(Lulu Santos)]; Meus filhos: meu príncipe Ítalo Moura e meu rei Davi Moura, por entender os momentos que não fiquei junto a eles por causa dos estudos e saber mesmo assim o quanto os amo; Minha orientadora Profª Drª Adriana de Azevedo Paiva, por me transmitir seus conhecimentos e seu apreço pela pesquisa; por sua postura ética e sua paciência com minha falta de tempo; Minha cunhada-sogra Marlene Borges, por ser uma segunda mãe para os meus filhos, e por estar a postos sempre que eu preciso; Meu irmão Adonias Filho, por me apoiar em minhas decisões e me ajudar nos momentos difíceis; 7 José Mário Nunes, por sua paciência nas análises estatísticas deste trabalho; Minhas amigas nutricionistas do HUT, pela força e apoio, em especial Heila Dias e Eveline Alencar, pela amizade e pelo carinho sempre; As colegas da turma do mestrado, por tornar mais leve este dois anos de mestrado, em especial Lídia Ribeiro e Rosângela Viana, companheiras desde o tempo de graduação, pelos momentos de alegria, estudo, angústia...às vezes tudo misturado... e a Luana por me repassar sua experiência em laboratório; Os funcionários do Departamento de Nutrição, em especial D. Maísa e S. Osvaldo, por ficar me esperando enquanto eu terminava a centrifugação do sangue e assim poder fechar o Laboratório; Os diretores das escolas: Aurino Nunes, Santa Maria da Codipi, Antônio Gayoso e Escolão do Mocambinho, por ter me aberto às portas para que eu pudesse realizar esta pesquisa; Às bolsistas: Laísla Teles (amiga constante), Andréa Nunes (sempre muito responsável), Camila Viana (muita calma nessa hora), Claudiane (baixinha do sorriso) e Lúcia Castro (companheira de viagem) por terem me suportado durante as colheitas; e a Laís Garcês (sempre solícita), que, mesmo saindo do projeto, sempre me atendia nos meus pedidos de socorro; Minhas alunas da FACID: Cláudia Ernesto (que também é agente de saúde da Santa Maria da Codipi) e Laís Ferreira, pela ajuda gratuita na coleta de dados; Tia Fátima Ernesto, agente de saúde da Santa Maria do Codipi, pela ajuda na localização dos alunos e pela lição de otimismo e perseverança (eu não lhe esqueci, viu?); As técnicas de laboratório: Cruzinha e Luziene, pela disposição e profissionalismo, principalmente na hora de “convencer” os estudantes a deixar colher o sangue; 8 A bioquímica Conceição Bastos, pela análise da PCR; Os funcionários da Tam Cargo, que paravam seus serviços para me ajudarem (junto com Nonato – meu companheiro de sempre...) a receber o gelo seco e embalar o material biológico em plena 1h da manhã, e assim não perder o próximo voo e, por conseguinte, todo o material; Aos estudantes e suas famílias, fundamentais para a realização deste projeto; As Profªs: Apolônia Nogueira, pelo suporte na antropometria; a “sócia” Geânia, por compartilhar as dificuldades de se pesquisar vitamina A no Piauí; Meus primos Paulo Henrique Moura, Mara e Mayara, por não “largar meu pé” até eu decidir fazer o mestrado; Enfim, a todos que, de algum modo contribuíram para mais esta vitória. Que Deus os abençoe e recompense pela ajuda. Obrigada de todo coração! 9 RESUMO LIMA, A.B.M. NÍVEIS DE RETINOL E FATORES ASSOCIADOS À SUA DEFICIÊNCIA EM ESTUDANTES DE TERESINA, PIAUÍ. 2013. [Dissertação]. Piauí: Universidade Federal do Piauí. A deficiência de vitamina A (DVA) é considerada um problema de saúde pública em crianças menores de cinco anos e gestantes no Brasil, porém, há pouca informação sobre o problema em crianças maiores de cinco anos e em adolescentes. Este trabalho objetivou avaliar os níveis séricos de retinol e investigar os fatores associados aos níveis deficientes em estudantes de oito a 14 anos de idade em escolas públicas de Teresina, Piauí. Estudo transversal, descritivo e analítico conduzido em quatro escolas, sendo uma na zona rural e três na zona urbana da cidade. Dados socioeconômicos foram coletados utilizando-se um formulário; o estado nutricional foi avaliado utilizandose o Índice de Massa Corporal/Idade e a Altura/Idade; a vitamina A foi analisada por Cromatografia Líquida de Alta Resolução-HPLC e a Proteína C-Reativa (PCR) foi determinada por aglutinação em látex. Foram adotados como pontos de corte para classificar os níveis de retinol: níveis deficientes-DVA ˂0,70µmol/L; níveis aceitáveis ≥0,70<1,05µmol/L; e níveis adequados ≥1,05µmol/L. A amostra foi de 250 estudantes, com a média de idade de 10,9 anos e maioria de sexo feminino, com média de escolaridade materna de 5,9 anos. A maioria das famílias tinha renda per capita entre 0,25 e 0,5 Salários Mínimos, com serviços públicos de abastecimento de água e coleta de lixo. As prevalências de DVA e de níveis aceitáveis de retinol foram de 6,8% e 35,6%, respectivamente, sendo a carência vitamínica mais frequente na faixa etária de 12-14 anos, em moradores da zona urbana, cujas mães tinham menos de oito anos de estudo e cujas residências tinham serviço público de abastecimento de água e de coleta de lixo. Dos estudantes com DVA, 23,5% tiveram PCR ˃6mg/L, configurando presença de processo infeccioso. Ao analisar-se a associação entre DVA com demais variáveis estudadas, notou-se houve associação positiva entre a coleta de lixo (p=0,005), a altura (p =0,011) e a faixa etária (p˂0,001) mostrando que somente estas três variáveis estudada influenciaram positivamente a deficiência desta vitamina. A DVA configurou-se como problema de saúde pública leve nesta população, sinalizando a necessidade de redirecionar ações que enfoquem esta problemática em escolares maiores cinco anos de idade. Considera-se também preocupante o elevado percentual de estudantes que apresentaram níveis inadequados de retinol, mesmo na ausência de DVA, tornando-os suscetíveis à deficiência subclínica, a um maior risco de infecções bem como a outras consequências da carência vitamínica. Palavras-chave: Deficiência de vitamina A. Retinol. Estudantes. Socioeconômico 10 ABSTRACT LIMA, A.B.M. RETINOL LEVELS AND FACTORS ASSOCIATED WITH DISABILITIES IN HIS STUDENTS OF TERESINA, PIAUÍ. 2013. [Dissertation]. Piauí: Universidade Federal do Piauí. The vitamin A deficiency (VAD) is considered a public health problem in children under five and pregnant women in Brazil, however, there is little information about the problem in children older than five years and in adolescents. This study evaluated the serum levels of retinol and investigate factors associated with deficient levels of students in eight to 14 years in public schools in Teresina, Piauí. Cross-sectional study, descriptive and analytical conducted in four schools, one in rural area and three in urban area. Socioeconomic data were collected using a form; nutritional status was assessed using the body mass index / age and height / age, vitamin A was analyzed by High Performance Liquid Chromatography-resolution HPLC and C-Reactive Protein (CRP) was determined by latex agglutination. Were adopted as cutoffs to classify the levels of retinol: VAD-deficient levels ˂ 0.70 micromol / L; acceptable levels ≥ 0.70 <1.05 mmol / L, and adequate levels ≥ 1.05 mmol / L. The sample was 250 students, with a mean age of 10.9 years and mostly female, with an average of 5.9 years of maternal schooling. Most households had per capita income between 0.25 and 0.5 minimum wages, with public water supply and garbage collection. The prevalence of VAD and acceptable levels of retinol were 8.6% and 35.6%, respectively, being the most common vitamin deficiency in the age group of 12-14 years, residents of urban areas whose mothers had less than eight years of study and whose homes had public water supply and garbage collection. Students with VAD, 23.5% were PCR ˃ 6mg / L, configuring presence of an infectious process. When analyzing the association between VAD with other variables, we noted a positive association between garbage collection (p = 0.005), height (p = 0.011) and age (p ˂ 0.001) showing that only these three studied variables influenced the deficiency of this vitamin. The VAD configured as a public health problem in this population lightweight, signaling the need for direct actions that address this issue in schoolers five years old. It is also worrying the high percentage of students who had inadequate levels of retinol, even in the absence of VAD, making them susceptible to subclinical deficiency to an increased risk of infections as well as other consequences of vitamin deficiency. Studies are needed with broader samples so you can draw a generalized profile of this population to the city of Teresina. Keywords: Deficiency of vitamin A. Retinol. Students. Socioeconomic 11 LISTA DE TABELAS Tabela 01. Distribuição dos participantes do estudo segundo as variáveis socioeconômicas e demográficas (n=250). Teresina, Piauí, 2013. ............................... 38 Tabela 02. Estado nutricional por zona de localização das escolas segundo índice de massa corporal e altura para a idade. Teresina, Piauí, 2013. ....................................... 40 Tabela 03. Dados descritivos e comparativos dos valores de retinol sérico dos participantes do estudo, por sexo e faixa etária. Teresina, Piauí, 2013. ....................... 43 Tabela 04. Distribuição dos participantes do estudo segundo a classificação dos valores séricos de retinol. Teresina, Piauí, 2013. .......................................................... 44 Tabela 05. Dados descritivos e comparativos em média dos valores de retinol sérico dos participantes do estudo por zona de localização da escola. Teresina, Piauí, 2013.44 Tabela 06. Dados comparativos da classificação dos valores séricos de retinol dos participantes do estudo por zona de localização das escolas. Teresina, Piauí, 2013. .. 45 Tabela 07. Prevalência de deficiência de vitamina a dos participantes do estudo, segundo características socioeconômicas e demográficas. Teresina, Piauí, 2013. ...... 46 Tabela 08. Prevalência de deficiência de vitamina a entre os participantes do estudo, segundo estado nutricional. Teresina, Piauí, 2013. ....................................................... 48 Tabela 09. Razão de prevalência bruta e ajustada da deficiência de vitamina a nos participantes do estudo, segundo características socioeconômicas, demográficas e estado nutricional. Teresina, Piauí, 2013....................................................................... 49 12 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Estrutura química e clivagem do β-caroteno. ................................................ 20 Figura 2. Histograma de distribuição de densidade dos valores de retinol sérico dos participantes do estudo. Teresina, Piauí, 2013.............................................................. 41 Figura 3. Correlação entre os valores de retinol sérico e a idade dos participantes do estudo. Teresina, Piauí, 2013. ....................................................................................... 42 13 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CC Circunferência da Cintura CEP Comitê de Ética em Pesquisa CIMICRON Centro de Investigações em Micronutrientes DCNT Doenças Crônicas Não Transmissíveis DVA Deficiência de Vitamina A HPLC/CLAE Cromatografia Líquida de Alta Resolução IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ILSI International Life Sciences Institute IMC Índice de Massa corporal IPH Índice de Pobreza Humana PCR Proteína C Reativa PNDS Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Mulher e da Criança SM Salário Mínimo SPSS Statistical Package for the Social Sciences TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido UFPB Universidade Federal da Paraíba UFPI Universidade Federal do Piauí UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância WHO/OMS Organização Mundial de Saúde 14 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 16 2. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO ......................................................................... 19 2.1. Vitamina A: estrutura química, funções e fontes. ................................................... 19 2.2. Deficiência de vitamina A (DVA) - Epidemiologia e impactos na saúde. ................ 21 2.3. DVA e Adolescência ............................................................................................... 24 2.4. Fatores associados à DVA. .................................................................................... 25 3. OBJETIVOS............................................................................................................ 28 3.1. Geral: ...................................................................................................................... 28 3.2. Específicos: ............................................................................................................ 28 4. METODOLOGIA E ESTRATÉGIA DE AÇÃO ........................................................ 29 4.1. Delineamento do estudo. ........................................................................................ 29 4.2. Local do estudo. ..................................................................................................... 29 4.3. População do estudo: seleção e tamanho da amostra. .......................................... 29 4.4. Critérios de elegibilidade ........................................................................................ 30 4.4.1. Variáveis do Estudo ............................................................................................. 30 4.5. Coleta dos dados .................................................................................................... 30 4.5.1. Dados Antropométricos ....................................................................................... 31 4.5.2 Retinol sérico e proteína C reativa ....................................................................... 32 4.6. Análises laboratoriais. ............................................................................................. 33 4.6.1 Retinol Sérico ....................................................................................................... 33 4.6.2 Proteína C reativa ................................................................................................. 33 4.7. Padrões de Referência............................................................................................ 33 4.7.1. Avaliação antropométrica. ................................................................................... 33 4.7.2. Retinol sérico. ...................................................................................................... 34 4.7.3. Proteína C reativa (PCR) ..................................................................................... 34 4.8. Análise Estatística. ................................................................................................. 35 4.9 Aspectos éticos ....................................................................................................... 36 5. RESULTADOS ....................................................................................................... 37 6. DISCUSSÃO ........................................................................................................... 52 7. CONSIDERAÇÕES ................................................................................................ 62 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 63 15 APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ................. 71 APÊNDICE B - FORMULÁRIO DE ENTREVISTA PARA COLETA DE DADOS SÓCIOECONÔMICOS .................................................................................................. 72 ANEXO A – CARTA DE APROVAÇÃO DO COMITE DE ÉTICA E PESQUISA ......... 743 16 1. INTRODUÇÃO A vitamina A é um termo utilizado para designar qualquer composto que possui atividade de retinol (INSTITUTE OF MEDICINE, 2001) e atua tanto na retina, participando do ciclo visual como também em todos os tecidos do corpo onde sistematicamente mantém o crescimento e a integridade das células, sendo, portanto, indispensável para o funcionamento normal do sistema visual, reprodução, crescimento, diferenciação e manutenção da integridade celular epitelial e função imune (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2004). Reconhecida atualmente pelo codinome “vitamina anti-infecção”, a vitamina A apresenta um importante efeito na modulação da resposta imunológica celular (PAIVA et al., 2010). Registra-se que este efeito deve-se ao estímulo à fagocitose, a ativação da citotoxicidade mediada por células e o aumento na resposta de timócitos a mitógenos específicos, aparentemente por aumento da expressão de receptores de interleucina 2 (IL-2) em suas células precursoras (SOUSA; VILAS-BOAS, 2002). Baseada nesta função apoia-se a evidência de menor risco de morbi-mortalidade infantil por alguns tipos de infecções, tais como sarampo, doenças respiratórias e infecções intestinais, mesmo em casos subclínicos da deficiência de vitamina A (DVA) (WHO, 2006). A Organização Mundial de Saúde (WHO, 2006) estima que entre 140 – 250 milhões de crianças são afetadas pela DVA (nível de retinol sérico˂0,70µmol/l) em todo o mundo e em 122 países a deficiência bioquímica de vitamina A em crianças classifica-se como problema de saúde pública de nível moderado a grave (WHO, 2009) evidenciando uma prevalência global e aponta o Brasil como região de risco para deficiência subclínica de vitamina A. A DVA constitui um dos principais problemas nutricionais nos países em desenvolvimento, incluído o Brasil (AMBRÓSIO, CAMPOS, FARO 2006). Porém, as informações disponíveis ainda não são suficientes para que se possa identificar a magnitude e a gravidade da deficiência dessa vitamina no país como um todo (Martins et al., 2007). Esta deficiência encontra-se presente em todas as regiões geográficas brasileiras (GERALDO et al, 2003) sendo que as mais afetadas são o nordeste, os vales do Jequitinhonha e do Mucuri em Minas Gerais, o Vale do Ribeira em São Paulo 17 e aldeias indígenas da região nordeste e estados do Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (BRASIL, 2009a). No Piauí foram feitos estudos apenas com préescolares; Paiva et al., (2006) encontraram 25,4% e Pereira et al., (2008) encontraram 8,9% de prevalência de DVA nesta faixa etária, não existindo até o momento outros estudos sobre esta carência, especialmente em crianças maiores de cinco anos e adolescentes. A DVA pode interferir no crescimento, na maturação sexual, no desenvolvimento intelectual e no desempenho escolar (RAMALHO et al., 2004), principalmente na fase de 10 a 14 anos, quando acontece o 2º estirão, fase também de mudanças no padrão alimentar, com um alto consumo de alimentos hipercalóricos e de baixo valor nutricional (SBP, 2008). Mesmo considerando-se a atual fase de transição nutricional por qual passa o Brasil, com aumento dos índices de excesso de peso e redução da desnutrição também em adolescentes, destaca-se que esse grupo populacional ainda apresenta vulnerabilidade às deficiências de nutrientes específicos, decorrente do aumento das necessidades nutricionais devido ao crescimento e à maturação que ocorre nesta fase e às mudanças dos hábitos alimentares, pondo em risco a saúde e o desempenho dos mesmos (NUNES; FIGUEROA; ALVES, 2007). Vale ressaltar que, muito embora exista no Brasil desde a década de 80 o Programa Nacional de Combate à Deficiência de Vitamina A, o mesmo é direcionado a crianças de seis a cinquenta e nove meses de idade e puérperas no pós-parto imediato, por serem estes os grupos considerados de maior risco nutricional; sendo assim, os adolescentes não são beneficiados pelo mesmo. No Brasil, até o presente momento, não se dispõe de dados em âmbito nacional sobre a DVA e seus determinantes em escolares e adolescentes, encontrando-se apenas dados pontuais de alguns estados, como Rio de Janeiro (RAMALHO et al 2004), São Paulo (VITOLO et al, 2004), Minas Gerais (SANTOS et al, 2005) e Brasília (GRAEBNER, SAITO & SOUZA, 2007). Além disso, no Piauí, também não existem informações publicadas sobre esta temática, o que justifica a realização desta pesquisa. Diante do exposto, verifica-se a importância de se delinear estudos enfocando a avaliação do estado nutricional relativo à vitamina A de crianças na faixa etária escolar e de adolescentes, bem como investigar fatores possivelmente associados a 18 essa carência vitamínica. Os resultados deste estudo poderão contribuir para redirecionar ações voltadas para a prevenção de agravos nutricionais nos grupos populacionais em estudo, especialmente a deficiência de vitamina A, melhorando a qualidade de vida dos mesmos, contribuindo para um correto crescimento e desenvolvimento e fortalecendo seu sistema imunológico para prevenir ou diminuir o risco de infecções. 19 2. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO 2.1. Vitamina A: estrutura química, funções e fontes. Em 1913, Osborne e Mendel da Universidade de Yale e Davis e McCollum da Universidade de Wisconsin descobriram simultaneamente a vitamina A. Foi a primeira vitamina lipossolúvel descoberta e hoje em dia sabe-se que ela desempenha um papel essencial em um grande número de funções fisiológicas relacionadas com a visão, crescimento, reprodução, hematopoioese e imunidade (ESTEBAN, VARGAS, 2011). A vitamina A refere-se a um grupo de compostos químicos que inclui retinol, retinaldeído e ácido retinóico, com estrutura química de 20 carbonos composta por um grupo metil no anel ciclohexenil (anel β-ionona) e uma cadeia lateral isoprenóide que apresenta o carbono 15 substituído, o que caracteriza quimicamente as diferentes substâncias com atividade de vitamina A (INSTITUTE OF MEDICINE, 2001), e que, devido a sua natureza lipídica, é incluída no grupo das vitaminas lipossolúveis. Ressaltando-se que os retinóides são sensíveis à oxidação e isomerizam-se quando expostos a luz, oxigênio e altas temperaturas. (GUNDERSEN e BLOMHOOF, 2001). Entretanto, do ponto de vista nutricional, deve-se considerar os carotenóides, precursores alimentares do retinol com atividade biológica de pró-vitamina A (McLAREN e FRIGG, 2001) como a principal fonte de vitamina A devido sua abrangência na natureza. Os carotenóides são geralmente tetraterpenóides de 40 átomos de carbono, de coloração amarela, laranja ou vermelha e são encontrados em frutas e vegetais. Dos mais de 600 carotenóides conhecidos, aproximadamente 50 são precursores da vitamina A (AMBRÓSIO; CAMPOS e FARO, 2006). Os autores supra citados afirmam que o β-caroteno é o mais abundante em alimentos e o que apresenta a maior atividade de vitamina A, pois, após sua ingestão e absorção, é hidrolisado no interior da célula intestinal, sendo então parcialmente convertido em retinal para posteriormente ser convertido a retinol e transportado por meio dos vasos linfáticos ao fígado pelos quilomícrons, na forma de ésteres de retinol. 20 Figura 1. Estrutura química e clivagem do β-caroteno. Fonte: Bezerra (2008). Os estudos sobre a vitamina A foram direcionados por muito tempo para a sua participação no ciclo visual, onde esta se combina com a opsina para formar a rodopsina, que está envolvida nas condições de visão em ambientes com pouca luminosidade (McLAREN e FRIGG, 2001). Ainda segundo Mclaren e Frigg (2001), nos últimos anos, o conhecimento sobre as diversas funções da vitamina A teve um grande incremento, a partir da identificação dos receptores nucleares dos retinóides em vários tipos de células, onde se pode concluir que esta participa de vários processos no corpo, além de sua função visual, tais como: Na morfogênese e diferenciação celular, através da transcrição genética; Na resposta imune, pelas células mediadoras não específicas; Na hematopoiese, por participar no metabolismo do ferro; No crescimento; e Na fertilidade. 21 A maioria das funções da vitamina A é mediada por sua ação sobre os receptores nucleares específicos que afetam a transcrição dos genes, entre eles os genes das citocinas, proteínas reguladoras do sistema imune (HARADA et al., 1995) Considerado um nutriente essencial, uma vez que os animais não têm a capacidade de sintetizar nenhuma das substâncias com atividade de vitamina A, este micronutriente é obtido pelo homem através da alimentação, fornecido por meio de duas fontes dietéticas básicas: o retinol ou vitamina A pré-formada, obtida de alimentos de origem animal como fígado, óleo de fígado de peixes, leite integral e derivados integrais, ovos e aves; e os carotenóides, que têm ação de pró-vitamina A (McLAREN, e FRIGG, 2001), pigmentos naturais sintetizados por plantas fotossintéticas e por algumas algas, sendo responsáveis pela coloração amarela, laranja, vermelha e roxa de frutas e vegetais (FRASER e BRAMLEY, 2004). Existem vários alimentos que são fontes de carotenóides, como a abóbora, cenoura, manga, batata doce, espinafre, mostarda, couve, entre outros. Entretanto, o buriti (Mauritia vinifera) e o dendê (Elaeis guineensis), que são frutos de palmeiras, se destacam como as fontes mais ricas de provitamina A encontradas no Brasil (RODRIGUEZ-AMAYA, KIMURA e AMAYA-FARFAN, 2008). O tucumã (Astrocaryum aculeatum), a macaúba (Acrocomia aculeata), a pupunha (Bactris gasipaes) e o pequi (Caryocar brasiliense) são ainda outras importantes fontes regionais de carotenóides no Brasil (AMBRÓSIO; CAMPOS e FARO, 2006), mas a ingestão adequada de vitamina A está atrelada à favorável condição socioeconômica e, independente desse fator, ao hábito alimentar que por diversos fatores culturais e ambientais promovem o consumo de alimentos com maior concentração desse nutriente (VITOLO et al., 2004). 2.2. Deficiência de vitamina A (DVA) - Epidemiologia e impactos na saúde. A DVA existe em mais de 100 países, tanto na sua forma clínica quanto sub clínica (WHO, 1995) e constitui um dos principais problemas nutricionais nos países em desenvolvimento, incluído o Brasil (AMBRÓSIO, CAMPOS, FARO 2006). A Organização Mundial de Saúde (WHO) considera crianças em idade préescolar, recém-nascidos, gestantes e puérperas os principais grupos de risco para DVA, podendo causar xeroftalmia, limitar o crescimento, comprometer a função 22 imunológica, exacerbar infecções e aumentar o risco de morte (WHO, 2009). Em gestantes, a DVA pode elevar o risco de morbi-mortalidade na gestação e no pós-parto imediato, bem como prejudicar a saúde do récem-nascido, aumentando a mortalidade nos seis primeiros meses de vida (WEST, 2002). A deficiência de vitamina A é reconhecida como um dos principais problemas de saúde pública de caráter nutricional em países em desenvolvimento em função da sua magnitude (190 milhões de crianças no mundo) e dos impactos biológicos envolvendo as conhecidas manifestações oftálmicas na sua fase clínica (5,17 milhões de crianças no mundo) e suas implicações da fase marginal, como o aumento do risco de mortalidade, morbidade e cegueira em crianças pré-escolares, gestante e puérperas (WHO, 2009). No Brasil, o Ministério da Saúde desenvolve o Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A, que consiste na suplementação medicamentosa desta vitamina para crianças de seis a 59 meses de idade e mulheres no pós-parto imediato por serem estes grupos populacionais considerados de alto risco para a DVA ( BRASIL, 2012). Milagres, Nunes e Pinheiro-Sant’ana (2007), relataram na revisão de literatura sobre a DVA no Brasil e no mundo que os dados existentes em nível mundial são escassos, além de serem provenientes de pesquisas realizadas com metodologias, tamanho de amostra e tipos de indicadores diferentes entre si, sendo a DVA encontrada mais frequentemente no Sudeste Asiático, no Oriente Médio, na África e nas Américas Central e do Sul, sobretudo em crianças e geralmente associadas à desnutrição. Ainda segundo a revisão de literatura dos autores supra citados, a DVA na America Latina e no Caribe é predominantemente sub clínica ou marginal afetando, em média, 25% da população menor de cinco anos. Villalpando et al,(2003), no México, encontraram também 25% das crianças de um a oito anos com deficiência marginal de vitamina A. Já na Venezuela, três estudos encontraram prevalências diferentes: Castejon et al (2001) encontraram que 35,4% das crianças de 2 a 6 anos da cidade de Maracaibo tinham deficiência marginal de vitamina A; Paez Valery, Solano e Del Real (2002), encontraram uma prevalência menor: 0,7% das crianças menores de quinze anos da cidade de Valência tinham deficiência marginal desta vitamina; e Castejon et al 23 (2004) novamente em Maracaibo encontraram uma prevalência de 21,78% de deficiência marginal de vitamina A em crianças de dois a sete anos. Considera-se a deficiência subclínica da vitamina A aquela onde há carência deste nutriente provocando conseqüências à sua saúde, mas não em quantidade suficiente para desenvolver a xeroftalmia (SANTOS; VELARDE e FERREIRA, 2010) sendo a alimentação insuficiente em fontes de vitamina A considerada sua principal causa. Mas, apesar de diversos estudos demonstrarem a importância da vitamina A na redução da morbi-mortalidade causada por doenças infecciosas, os mecanismos de ação desta vitamina na ativação do sistema imune ainda não foram totalmente elucidados, porém sabe-se que ela tem mostrado propriedades imunomoduladoras importantes (PAIVA et al, 2010). O Brasil é apontado como uma região de risco de deficiência marginal de vitamina A. O Nordeste brasileiro, por se tratar de uma das regiões mais pobres do país, com Índice de Pobreza Humana (IPH) de 46%, onde carências nutricionais como a desnutrição energético-protéica e a anemia ferropriva atingem uma grande parcela da população, tem sido alvo de muitos estudos sobre a situação da DVA (PAIVA, 2006). Em 2006 o Ministério da Saúde realizou o primeiro inquérito de abrangência nacional sobre anemia e DVA, examinando uma sub-amostra de crianças de seis a 59 meses na Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Mulher da Criança (PNDS), tendo sido detectada uma prevalência nacional de 17,4% de crianças menores de cinco anos e 12,4% nas mulheres em idade reprodutiva. Em crianças, as maiores prevalências dessa inadequação foram encontradas no Nordeste (19,0%) e Sudeste (21,6%) do País, sendo estatisticamente significante a diferença dessas prevalências em relação às das outras regiões (BRASIL, 2009b). Indivíduos em idade escolar e adolescentes não são considerados como grupo de risco para DVA, porém, estudos realizados nas últimas décadas em diferentes países demonstraram haver altas prevalências de DVA nesta faixa etária (FARES et al,2011;ORTEGA et al,2010; SARNI et al, 2003; VILLALPANDO et al, 2003PAEZ VALERY, SOLANO, DEL REAL, 2002). 24 2.3. DVA e Adolescência Segundo a Organização Mundial de Saúde, a adolescência é o período da vida que se inicia aos 10 anos de idade e se prolonga até os 20 anos, ocorrendo neste período intensas transformações físicas, psicológicas e comportamentais; sendo que na primeira fase da adolescência, conhecida como puberdade e compreendida entre os 10 e 14 anos, ocorre o chamado 2º estirão do crescimento, causando uma maior demanda de substâncias nutritivas e aumento das necessidades de nutrientes específicos: energia, proteína, cálcio, ferro, zinco, vitaminas D e A (SBP, 2008), onde o adolescente obtém 50% do peso adulto, 45% da massa esquelética e 25% da estatura final. (VITOLO et al., 2008). Nesta fase, as carências vitamínicas, principalmente de vitamina A podem comprometer o sistema imunológico, o crescimento, a maturação sexual, o desenvolvimento intelectual e o desempenho escolar (RAMALHO et al., 2004). Na adolescência, a escolha dos alimentos é potencialmente determinada por fatores psicológicos, socioeconômicos e culturais, interferindo diretamente no hábito alimentar, tornando este grupo extremamente vulnerável do ponto de vista nutricional, devido ao alto consumo de alimentos de alto valor energético e lipídico, porém carente em outros nutrientes e também pela freqüente troca de refeições por lanches (SBP, 2008). O comportamento alimentar do adolescente vincula-se fortemente aos padrões manifestados pelo grupo etário ao qual pertence pela omissão de refeições, pelo consumo de alimentos de elevado conteúdo energético e pobre em nutrientes, pela ingestão precoce de bebidas alcoólicas e pelas tendências a restrições dietéticas, contribuindo para as alterações de estado nutricional (FISBERG et al., 2000). Estes hábitos alimentares considerados maléficos podem influenciar negativamente na saúde atual e futura dos adolescentes, contribuindo para aumento de agravos crônicos, por isso torna-se importante focar a atenção nessa população para prevenir possíveis complicações na vida adulta (RÊGO; CHIARA, 2006) e certamente a dieta tem um importante papel no estirão da adolescência pela possibilidade de interferir na manutenção e/ou aumento da velocidade de crescimento (catch-up) durante este período (ALBUQUERQUE; MONTEIRO, 2002) 25 No adolescente, devido à aceleração do crescimento longitudinal e para o fortalecimento de sistema imunológico, há uma necessidade aumentada de vitamina A, porém esta fase ainda não é considerada de risco de DVA, como o são as crianças menores de cinco anos e as lactantes. Porém, a DVA em escolares pode levar ao comprometimento do crescimento, maturação sexual, desenvolvimento intelectual, desempenho escolar, além de elevar as cifras de morbi-mortalidade, e ainda está associada com o desenvolvimento da anemia por deficiência de ferro, por participar da regulação da mobilização do ferro hepático (RAMALHO et al, 2004). Estudos realizados em diversos países como na Tunísia (FARES et al,2011) e Venezuela (ORTEGA et al,2010) têm encontrado resultados que apontam elevados níveis de DVA em escolares e adolescentes, o que indica que esta deficiência é frequente nesta faixa etária, mostrando a necessidade de estudos para diminuir os riscos causados pela DVA. No Brasil existem alguns estudos da DVA em adolescentes: Albuquerque e Monteiro (2002) estudando a ingestão de alimentos em crianças de nove a 10 anos em Maceió encontraram 50% de adequação da ingestão de vitamina A em adolescentes do sexo masculino e 42% no sexo feminino; Ramalho et al., (2004) encontraram 10,3% de escolares com baixos níveis de retinol no Rio de Janeiro; Vitolo et al., (2004) encontraram 30 % de DVA em adolescentes de São Paulo; Santos et al., (2005) encontraram 29% de DVA em escolares da zona rural de Minas Gerais e Graebner, Saito e Souza (2007) encontraram 31,58% de DVA em escolares da zona rural do Distrito Federal. Estes estudos demonstram que a DVA em escolares tem se mostrado frequente, comprometendo o estado de saúde dos mesmos. 2.4. Fatores associados à DVA. O estado de saúde e nutrição é reflexo das condições materiais de vida e do padrão de morbidade a que está submetida a população ( SANTOS et al., 2005). As evidências indicam que o meio ambiente, permeado pelas condições materiais de vida e pelo acesso aos serviços de saúde e educação, determina padrões característicos de saúde e doença na criança. Variáveis como renda familiar, escolaridade, entre outras, estão condicionadas, em última instância, à inserção das 26 famílias no processo de produção, refletindo na aquisição de alimentos e, consequentemente, na situação nutricional (GONTIJO et al., 2005) e a renda familiar, além de indicar processos estruturais na sociedade, constitui um fator determinante das condições de saúde e nutrição tanto de crianças quanto de suas famílias (MARTINS et al., 2004). Segundo McLaren e Frigg (2001), a idade, o estado fisiológico, a inadequação da ingestão alimentar, a ocorrência de desmame precoce, as doenças infecciosas, a desnutrição, a baixa condição socioeconômica e o sexo masculino são fatores que, de alguma forma, estão implicados na etiopatogenia da vitamina A. A ingestão adequada de vitamina A está atrelada à favorável condição socioeconômica e, independente desse fator, ao hábito alimentar individual ou familiar que por diversos fatores culturais e ambientais promovem o consumo de alimentos com maior concentração nesse nutriente (VITOLO et al., 2004), sendo que o elo entre criança e ambiente é representado pela figura materna, que decide sobre os hábitos alimentares da família (Novaes et al., 2009). Reconhecendo que a maior vulnerabilidade para a DVA é observada em indivíduos de países em desenvolvimento (West, 2002), cujas condições socioeconômicas desfavoráveis maximizam o desenvolvimento da DVA e prolongam seu efeito. Fatores socioeconômicos como a pobreza dos indivíduos, o saneamento ambiental inadequado, o abastecimento de água deficitário, tabus e maus hábitos alimentares, além da falta de informação sobre alimentação saudável e conhecimentos sobre nutrição, também podem agravar a DVA, por aumentar a demanda ou interferir na ingestão e metabolização da vitamina A pelo organismo (RAMALHO e SAUNDERS, 2001; WEST, 2002). Contrariamente ao panorama descrito acima, Vitolo et al., (2004) encontraram valores inadequados de retinol sérico (˂1,05µmol/L) em adolescentes de 10 a 19 anos frequentadores de uma escola particular de São Paulo, onde se pressupõe que estes tenham boa situação econômica. Graebner (2007), estudando uma comunidade rural do Distrito Federal com condições socioeconômicas inadequadas, não encontrou associação entre a baixa renda familiar, a baixa escolaridade do responsável e o saneamento precário e a DVA, porém encontrou maior proporção de escolares com DVA entre famílias que possuíam 27 sete indivíduos na mesma residência e que recebiam entre dois e cinco SM, mas sem associação estatisticamente significativa com os índices de DVA, sugerindo que um pequeno aumento na renda associada à falta de informação de práticas alimentares saudáveis tenha levado a um aumento no consumo de lipídios e proteínas em detrimento dos vegetais, inserindo estas famílias no “mercado de consumo”, com práticas alimentares inadequadas decorrentes da industrialização e da propaganda. Além disso, com o crescente aumento da obesidade na infância e adolescência e sua relação com a redução dos níveis sérico de vitamina A, deve-se discutir e avaliar o estado nutricional antropométrico como variável independente para a deficiência da vitamina A (SARNI et al., 2003), visto que foi encontrado por Da Silva et al., (2007) um grande risco de níveis mais baixos de carotenóides em escolares e adolescentes com sobrepeso. Merece então mais estudos sobre o nível de influência dos fatores socioeconômicos na DVA, pois, além dos achados de Vitolo e Graebner citados anteriormente, Santos (2005), a despeito da relação existente entre pobreza, baixo consumo alimentar e deficiências nutricionais, em seu estudo feito com escolares na zona rural de Minas Gerais, não encontraram associação entre a renda familiar per capita e os níveis séricos de retinol; os autores sugerem uma maior investigação sobre esta aparente disssociação da carência de vitamina A com uma importante variável socioeconômica merece ser mais investigada. 28 3. OBJETIVOS 3.1. Geral: Avaliar os níveis séricos de retinol e os fatores associados aos níveis deficientes em estudantes de oito a14 anos de escolas públicas nas zonas urbana e rural de Teresina, Piauí. 3.2. Específicos: • Descrever as condições socioeconômicas e demográficas dos estudantes; • Avaliar o estado nutricional dos estudantes com base na antropometria; • Estimar a prevalência de deficiência de vitamina A nos estudantes; • Verificar a presença de infecção subclínica nos estudantes com deficiência de vitamina A; • Investigar a associação de variáveis socioeconômicas, demográficas, antropométricas e a infecção subclínica com os níveis de retinol, comparando-se as zonas urbana e rural. 29 4. METODOLOGIA E ESTRATÉGIA DE AÇÃO 4.1. Delineamento do estudo. Este estudo é do tipo transversal, com enfoque descritivo e analítico, envolvendo estudantes com idade de oito a 14 anos. Trata-se de um estudo de desdobramento de uma pesquisa financiada pelo International Life Sciences Institute – Brasil (ILSI) com o título “Avaliação de um programa de educação nutricional para escolares da rede pública de ensino de Teresina, Piauí, na perspectiva da promoção da alimentação saudável”. 4.2. Local do estudo. Teresina, capital do Piauí tem uma população de 814.439 pessoas, o que representa em torno de 0,43% da população brasileira e 26,11% da população piauiense (IBGE 2010). O município de Teresina possui 302 escolas de ensino fundamental, sendo estas divididas em quatro conglomerados – norte, sul, leste e sudeste, ficando as escolas assim distribuídas: 70 na zona norte, 95 na zona sul, 84 na zona leste e 53 na zona sudeste, com um total de 31.775 adolescentes matriculados. Destes, no ano de 2011, haviam 27.017 alunos matriculados nas escolas da zona urbana e 4.758 matriculados na zona rural. 4.3. População do estudo: seleção da amostra. A seleção da amostra seguiu o desenho estabelecido no projeto original. Ou seja, a definição da amostra seguiu o processo aleatorizado em três etapas: 1º o sorteio da zona; 2º o sorteio da escola e; 3º o sorteio do turno. Foi sorteado o conglomerado Norte, no qual foram selecionadas as escolas participantes do estudo. Foram incluídos todos os estudantes da turma sorteada, exceto aqueles não que atendiam aos critérios de inclusão ou que não tiveram autorização formal pelos pais ou 30 responsáveis como também os que não estavam presentes na escola no dia da colheita de amostras sanguíneas. Em cada escola, fez-se a coleta dos dados nos estudantes que estavam na faixa etária do estudo na data da mesma, que atendiam aos critérios de elegibilidade e cujos pais ou responsáveis autorizaram a participação do mesmo na pesquisa. 4.4. Critérios de elegibilidade Foram considerados elegíveis os estudantes de ambos os sexos com idade de oito a 14 anos regularmente matriculados e frequentando a escola sorteada, excetuando-se aqueles portadores de necessidades motoras especiais. A escolha da faixa etária se deu por ser esta a encontrada nas escolas municipais destinadas ao Ensino Fundamental, foco da pesquisa a qual este trabalho está vinculado. 4.4.1. Variáveis do Estudo Considerou-se como variável dependente o nível de retinol sérico dos adolescentes. Como variáveis independentes consideraram-se as variáveis: a. Demográficas e socioeconômicas (idade, sexo, zona, escolaridade dos pais, condições de moradia e saneamento básico, renda per capita); b. Estado nutricional, utilizando-se como índices antropométricos o IMC para a idade e a altura para a idade, adotados pelo SISVAN (2011), e recomendados internacionalmente para diagnóstico individual e coletivo dos distúrbios nutricionais para crianças maiores de cinco anos e adolescentes; e c. Presença de infecção subclínica nos estudantes que apresentarem DVA. 4.5. Coleta dos dados 31 A coleta de dados ocorreu entre os meses de junho de 2011 a agosto de 2012, de forma descontínua, em decorrência da deflagração de duas greves municipais no período. A média de tempo de coleta de dados por escola foi de dois meses. Inicialmente foi realizada uma reunião com os pais ou responsáveis pelos estudantes, para esclarecer os mesmos sobre a pesquisa e obter a autorização formal, mediante assinatura de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (APENDICE A). Na ocasião também foi aplicado o formulário específico para a coleta dos dados demográficos e socioeconômicos (APÊNDICE B). Nos casos de pais que não compareceram à reunião, foram realizadas ainda duas convocações para o esclarecimento na escola. Na quarta tentativa de contato, o TCLE foi levado pelo aluno para seus domicílios, para colher assinatura dos pais, e o questionário socioeconômico foi feito por telefone. 4.5.1. Dados socioeconômicos e demográficos Para a coleta dos dados socioeconômicos e demográficos foi utilizado um formulário especificamente elaborado para este estudo (APÊNDICE B), o qual foi aplicado com os pais e responsáveis pelos estudantes. As informações coletadas foram: data de nascimento e idade, sexo, escolaridade da mãe e do pai, renda total e per capita, cor da pele do estudante, tipo de construção do domicílio, nº de cômodos do domicílio, disponibilidade e a fonte de água, destino do lixo, tipo de esgotamento sanitário e nº de pessoas residentes no domicílio. 4.5.1. Dados Antropométricos Os dados antropométricos (peso e altura) foram coletados no máximo em triplicata, sendo considerado para o estudo, o primeiro valor que se repetiu em duas diferentes aferições. Quando não houve a repetição de valores em três avaliações, foi feita a média entre elas para se chegar ao valor utilizado na análise dos dados (ANSELMO, 1991). 32 O peso dos estudantes foi coletado em balança portátil, com visor digital, graduada em gramas, com capacidade total de 150 Kg e sensibilidade para 100g da marca Plena, com o estudante em pé, no centro do equipamento, com o mínimo de roupa possível, descalço, ereto, com os pés juntos e os braços estendidos ao longo do corpo (BRASIL, 2011). A altura foi verificada através de fita métrica graduada em centímetros, afixada em parede reta sem textura ou rodapé estando o estudante em pé, ereto, com os braços estendidos ao longo do corpo, descalço, sem adereços na cabeça, com ombros, nádega, panturrilha e calcanhares encostados na parede, com a cabeça erguida, olhando para um ponto fixo na altura dos olhos e as pernas paralelas (BRASIL, 2011). 4.5.2 Retinol sérico e proteína C reativa Foi feita a colheita de 5 mL de sangue por punção venosa periférica, com agulha e seringa descartáveis, sem a exigência de jejum, realizada por um técnico de laboratório de análises clínicas, em uma Unidade de Saúde próxima à escola ou na própria escola, quando não havia disponibilidade da Unidade de Saúde nas proximidades da escola. O sangue coletado foi acondicionado em tubo de ensaio sem anticoagulante envolvido em papel alumínio para garantir o mínimo de perda da vitamina A (BARRETO-LINS, 1988). As amostras sanguíneas foram transportadas em isopor com gelo reciclável para o Laboratório de Nutrição Experimental do Departamento de Nutrição da Universidade Federal do Piauí, onde foram centrifugadas para a extração do soro em duas alíquotas: 1,0 mL em microtubo do tipo eppendorf âmbar para a dosagem de retinol; e 1,0 mL em microtubo do tipo eppendorf transparente para a dosagem da proteína C reativa (PCR). As amostras foram armazenadas em geladeira a -80ºC e posteriormente enviadas ao Centro de Investigação em Micronutrientes (CIMICRON), pertencente ao Hospital Universitário Lauro Wanderley, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), por via aérea, acondicionadas em caixas térmicas e conservadas com gelo seco. As análises da PCR foram feitas no Laboratório Raul Bacelar, pertencente à Fundação Municipal de Saúde de Teresina, Piauí. 33 4.6. Análises laboratoriais. 4.6.1 Retinol Sérico Para a quantificação dos níveis de retinol sérico, seguiu-se o procedimento técnico descrito por ERHARDT et al (2002); sendo utilizado o cromatrógrafo líquido (LC-10Avp, Shimadzu Corporation, Analytical Instruments Division, Kyoto, Japão), constituído de bomba (SCL-10Avp), detector UV-VIS munido de lâmpada de deutério (SPD-10Avp) e injetor manual; e controlado pelo programa de “software” Class-vp 6.12 SP5. A separação cromatográfica foi feita em coluna de fase reversa C18 (Shimadzu LC Columm – CLC-ODS “M” 25 cm; 4,6 mm ID X 25 cM – 5 µm). A preparação das amostras para a injeção de 50µL no HPLC consistiu em descongelamento do soro em temperatura ambiente, sendo este procedimento realizado na penumbra. Foram pipetados 100 µL de solução de extração (etanol) e 50 µL de soro em microtubo âmbar, homogeneizado, centrifugado e separado aproximadamente 90 µL de sobrenadante, com posterior refrigeração até o momento de injetar no HPLC. 4.6.2 Proteína C reativa A PCR foi quantificada no soro através da técnica de aglutinação em látex (HADLER, JULIANO,SINGULEM, 2002). 4.7. Padrões de Referência. 4.7.1. Avaliação antropométrica. O padrão de referência utilizado para a avaliação antropométrica dos adolescentes foi o Índice de Massa Corpórea (IMC) para idade e a altura para a idade. Estes índices foram escolhidos por serem antropométrica de crianças como de adolescentes. utilizados tanto para avaliação 34 Para avaliação do IMC, adotou-se os seguintes pontos de corte para sua classificação: Magreza acentuada < Percentil 0,1; Magreza ≥ Percentil 0,1 e ˂ Percentil 3; Eutrofia ≥ Percentil 3 e ≤ 85; Sobrepeso ˃ Percentil 85 e ≤ Percentil 97 e obesidade ˃ Percentil 97 (BRASIL, 2011). A avaliação da estatura para a idade foi feita baseada na seguinte classificação: Muito baixa estatura para a idade < Percentil 0,1; Baixa estatura para a idade ≥ Percentil 0,1 e ˂ Percentil 3; Estatura adequada para a idade ≥ Percentil 3 (BRASIL, 2011). 4.7.2. Retinol sérico. A dosagem de retinol foi feita pelo método da Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) também conhecida por HPLC, por ser considerado pela OMS o método bioquímico de escolha devido à sua alta sensibilidade e especificidade por mensurar tanto o retinol como os ésteres de retinil (WHO, 2006). Utilizou-se os pontos de corte recomendados pela OMS para os níveis de retinol, considerando-se: deficiente: < 0,35 µmol/L; baixo: 0,35 a 0,69 µmol/L; aceitável: 0,70 a 1,04 µmol/L e normal: ≥ 1,05 µmol/L. A DVA é caracterizada quando os valores de retinol são < 0,70 µmol/L. 4.7.3. Proteína C reativa (PCR) A avaliação da presença de infecção sub-clínica foi feita através da dosagem da Proteína C Reativa (PCR), objetivando verificar se as crianças com deficiência de vitamina A que estavam com algum processo infeccioso, visto que a vitamina A atua no sistema imunológico, podendo seu valor ser influenciado pela presença de infecções e de processos inflamatórios. A análise desta proteína foi escolhida por esta ser uma das proteínas da fase aguda, tendo sua concentração aumentada rapidamente na presença de infecções ou inflamações, permitindo a detecção destas antes do diagnóstico clínico. O valor de PCR > 6 mg/L foi considerado como indicativo da presença de infecção ou processo inflamatório (HADLER, JULIANO,SINGULEM, 2002). 35 4.8. Análise Estatística. Após a coleta dos dados, utilizou-se o software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS®, versão 17.0) for Windows, para a organização e análise dos dados. As variáveis quantitativas foram apresentadas por meio de estatística descritiva: média, desvio padrão, mediana, mínimos e máximos e as qualitativas por meio de proporção e intervalo de confiança (IC95%). Primeiramente foi aplicado o teste de Kolmogorov-Smirnov para avaliar a normalidade das variáveis quantitativas. Como as variáveis não seguiram tendência à normalidade utilizou-se testes não paramétricos: Para analisar diferença entre duas médias utilizou-se teste Mann-Whitney. Para analisar a diferença entre mais de duas médias utilizou-se o teste Kruskal-Wallis com post-hoc Dun. Para correlacionar as variáveis utilizou-se a correlação de Spearman. Na análise bivariada verificou-se associação entre as variáveis pelo teste Quiquadrado de Pearson (χ²) ou teste de FISHER quando apropriado. Realizou-se ainda, uma analise multivariada, com as variáveis que apresentaram um valor de p ≤ 0,20 na análise bivariada, utilizando a regressão de Poisson com objetivo de verificar as variáveis independentes associadas à deficiência de Vitamina A, controladas para possíveis fatores de confusão (RP ajustada). Os resultados foram expressos por razão de prevalência (RP) e intervalo de 95% de confiança (IC95%) e as associações foram avaliadas pela estatística teste de Wald. Foi construído um modelo hierárquico entre as variáveis independentes. Assim, esse modelo explicativo foi ordenado em dois blocos, o primeiro formado pelas variáveis socioeconômicas e demográficas e o segundo com variáveis relacionadas ao estado nutricional. Os fatores de risco foram avaliados após o ajuste para fatores de confusão de cada bloco e para aqueles hierarquicamente superiores. Na primeira etapa da análise foram introduzidas as variáveis do bloco I, sendo que as variáveis consideradas significantes neste bloco foram conservadas no modelo e entraram no ajuste do segundo bloco. As variáveis mantidas no modelo final foram aquelas que 36 apresentaram um nível de significância de p<0,05 pelo teste de Wald. Nesta etapa, foi aplicado o software Stata 9.0 4.9 Aspectos éticos Esta pesquisa seguiu as recomendações da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde por se tratar de pesquisa envolvendo seres humanos, sendo aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Piauí (UFPI), protocolo número 0180.0.045.000-11 (ANEXO A). 37 5. RESULTADOS Foram avaliadas 250 estudantes de oito a 14 anos matriculados em quatro escolas públicas municipais, sendo uma na zona rural e três na zona urbana de Teresina, todas elas localizados na região norte da cidade, conforme o desenho do projeto original. A amostra dos estudantes avaliados era em sua maioria do sexo feminino e na faixa etária de 10 a 12 anos. Em relação à escolaridade dos pais, foi encontrada uma maior escolaridade paterna, com média de oito anos de estudo e com um desvio padrão de 4,3 anos. Nestes dados, houve perda de 2,8% da amostra (7/250) por falta de resposta no questionário. A maioria das residências era de alvenaria acabada, com quatro a seis cômodos, sendo dois destes usados para dormir. Nestes dados, seis questionários estavam sem a resposta, o que corresponde a uma perda de 2,4% da amostra. A maioria das casas contava com serviços públicos de abastecimento de água – sendo esta disponível regularmente; esgotamento tipo fossa séptica e coleta pública de lixo. Nestes itens, houve uma perda de sete amostras, o que corresponde a 2,8% das residências pesquisadas. Com relação à renda, a maioria das famílias possuía renda familiar entre um e três salários mínimos (SM), ficando a renda per capita média entre 0,25 e 0,5 SM, com uma renda per capita média de R$202,00. Os dados acima descritos estão expostos na tabela 1. 38 Tabela 01. Distribuição dos participantes do estudo segundo socioeconômicas e demográficas (n=250). Teresina, Piauí, 2013. Variáveis as variáveis N % Masculino 112 44,8 Feminino 138 55,2 8├┤10 80 32,0 10 ┤12 151 60,4 12 ┤14 19 7,6 Sexo Faixa etária (anos) Média (±DP) 11,0 (1,1) Escolaridade materna* Até 8 anos 158 63,2 > 8 anos 85 34,0 Média de anos estudados (±DP) 6,0 (4,3) Escolaridade paterna* Até 8 anos 121 48,4 > 8 anos 122 48,8 Média de anos estudados (±DP) 8,0 (3,4) o N de moradores no domicílio* 2-4 pessoas 114 45,6 5-7 pessoas 107 42,8 ≥ 8 pessoas 22 8,8 2-4 cômodos 61 24,4 4-6 cômodos 122 48,8 ≥ 7 cômodos 61 24,4 1 29 11,6 2 138 55,2 3 56 22,4 ≥4 21 8,4 Nenhuma pessoa 20 8,0 1-2 pessoas 200 80,0 ≥ 3 pessoas 21 8,4 o N de cômodos do domicílio**** o N cômodos do domicílio usados para dormir**** o N pessoas que contribuem com a renda familiar** Renda Familiar*** Continuação Continua 39 ≤ 1SM 51 20,4 1-3 SM 176 70,4 > 3 SM 15 6,0 Média da renda mensal Renda per capita*** ≤ 0,25 SM < 0,25 a ≤ 0,5 SM > 0,5 SM Média da renda per capita em R$ (±DP) 989,6 (606,1) 79 130 34 31,6 52,0 13,6 204,4 (121,9) Tipo de construção do domicílio**** Alvenaria acabada 144 57,6 Alvenaria inacabada 86 34,4 Construção de madeira 01 0,4 Taipa 13 5,2 Rede pública 209 83,6 Poço próprio 14 5,6 Poço coletivo 18 7,2 Outras fontes 02 0,8 Não 20 8,0 Sim 223 89,2 Rede pública 73 29,2 Fossa 138 55,2 Céu aberto 32 12,8 Prefeitura 216 86,4 Queimado 23 9,2 Próximo à residência 02 0,8 Outras 02 0,8 Fonte de água do domicílio* Disponibilidade de água regular do domicílio* Tipo esgoto* Coleta de lixo* SM: R$=545,00 (Ano de 2011); R$=622,00 (Ano de 2012); *Perda de 7 resposta; **Perda de 9 resposta; ***Perda de 8 resposta; ****Perda de 6 resposta. Foram verificadas as medidas antropométricas de 242 estudantes, tendo-se uma perda de 3,2% (n = 8) estudantes, devido à transferência do aluno para outra escola, não comparecimento do aluno no dia da aferição dos dados antropométricos ou por óbito. O peso teve mediana de 37 kg e intervalo interqualítico de 12,2 kg; a 40 mediana da altura foi de 146,4 cm, com intervalo interqualítico de 10,6 cm. Quanto ao IMC, a mediana encontrada foi de 17,1 kg/m², com intervalo interqualítico de 4,0 kg/m². Analisando-se as variáveis antropométricas por sexo, verificou-se que, para os estudantes do sexo masculino, a mediana do peso foi de 34,5 kg, com intervalo interqualítico de 9,7 kg; a mediana da altura foi de 145,0 cm com intervalo interqualítico de 9,9 cm. O IMC (DP) teve uma mediana de 16,5 kg/m² com intervalo interqualítico de 3,1 kg/m². Nos estudantes do sexo feminino, todas as medianas das variáveis antropométricas foram superiores às medianas encontradas nos estudantes masculinos: a mediana de peso foi de 38,5 kg com intervalo interqualítico de 11,7 kg; a mediana da altura foi de 147,2 cm com intervalo interqualítico de 11,1 cm; a mediana do IMC foi 17,6 kg/m² com intervalo interqualítico de 4,3 kg/m² e diferença estatisticamente significativa entre os sexos para o peso (p = 0,009) e para a altura (p= 0,028). Encontrou-se um maior percentual de magreza na zona rural e de excesso na zona urbana; em relação à estatura, todos os estudantes pesquisados na zona rural tinham estatura adequada para a idade. Não foi encontrada associação significativa entre o estado nutricional e a zona de residência (χ2 = 2,50 e p=0,287 para IMC/idade e FISHER=0,249 para Altura/idade). Os dados acima descritos estão expostos na tabela 2. Tabela 02. Estado nutricional por zona de localização das escolas segundo índice de massa corporal e altura para a idade. Teresina, PI, 2013. Total Rural (n=38) Urbana (n=204) (n=242) n (%) n (%) n (%) Magreza 09 (23,7) 34 (16,7) 43 (17,8) Adequado 25 (65,8) 129 (63,2) 154 (63,6) Excesso de peso 04 (10,4) 41 (20,1) 45 (18,6) Baixa estatura 0 (0,0) 08 (3,9) 08 (3,3) Adequada 38 (100) 196 (96,1) 234 (96,7) Estado Nutricional IMC* Altura/Idade** 2 *χ = 2,50 e p=0,287 (associação não significativa); **FISHER=0,249 (associação não significativa). 41 A figura 2 mostra que os dados referentes às concentrações do retinol não seguiram um padrão de normalidade (Z = 6,01 e p˂0,001), conforme o teste Kolmogorov-Smirnov. Procedendo-se a transformação logarítmica (Log10), a variável apresentou distribuição normal (Z=0,60 e p 0,860), sendo descrita em forma de média 1,22 µmol/L (DP 0,44 e IC 95% 1,16-1,27). Figura 2. Histograma de distribuição de densidade dos valores de retinol sérico dos participantes do estudo. Teresina, Piauí, 2013. Teste Kolmogorov-Smirnov=0,009 Ao se avaliar os valores do retinol sérico correlacionando-os com a idade dos estudantes, observou-se que houve uma correlação negativa, onde os valores foram inversamente proporcionais à idade, ou seja, quanto maior a idade, menores foram os valores de retinol sérico encontrado e vice versa, como mostra a figura 3. 42 Figura 3. Correlação entre os valores de retinol sérico e a idade dos participantes do estudo (r = - 0,342 e p < 0,001). Teresina, Piauí, 2013. Analisando-se os níveis de retinol de acordo com o sexo dos estudantes, observou-se que não houve diferença estatisticamente significativa (p = 0,898) na média dos valores séricos de retinol entre os dois sexos; em relação à faixa etária, observou-se que valores mais altos de retinol sérico foram encontrados nos escolares de oito a 10 anos, com uma média de 1,46 µmol/L (DP 0,36 IC95% 1,38-1,54), com diferença estatisticamente significativa (p ˂ 0,001) em relação à faixa etária de 10 a 12 anos, e também com a faixa etária de 12 a 14 anos. Os estudantes que se encontravam na faixa etária de 10 a 12 anos foram os que apresentaram menores valores de retinol sérico, com diferença estatisticamente significativa em relação aos estudantes de oito a 10 anos; e consideradas estatisticamente semelhantes aos valores de retinol sérico dos estudantes de 12 a 14 anos, pelo post-hoc Tukey após Anova (p˂0,05), conforme pode ser observado na tabela 3. 43 Tabela 03. Dados descritivos e comparativos dos valores de retinol sérico dos participantes do estudo, por sexo e faixa etária. Teresina, Piauí, 2013. Valores Séricos de Retinol (µmol/L) Média (±D.P) IC95% Masculino (n=112) 1,23 (0,46) 1,14-1,32 Feminino (n=138) 1,21 (0,42) 1,14-1,28 8-10 anosa 1,46 (0,36) 1,38-1,54 10-12 anosb 1,10 (0,42) 1,03-1,17 12-14 anosb 1,12 (0,47) 0,89-1,35 p* Sexo 0,729 Faixa Etária (anos) <0,001 *Teste T Student; p 0,898: não significativo. a,b Letras diferentes na coluna significa diferença significativa pelo post-hoc Tukey após Anova (p<0,01). No que se refere à classificação dos valores séricos de retinol dos estudantes avaliados, encontrou-se que a maioria estava dentro da faixa de normalidade; os valores de deficiência de vitamina A encontrados demonstraram ser, na população estudada, um problema de saúde pública leve, segundo os parâmetros da OMS, porém chama a atenção o número de estudantes com níveis aceitáveis de vitamina A, com 39,13% do sexo feminino e 31,25% do sexo masculino nesta faixa de classificação. Em relação à faixa etária, foram encontrados valores maiores de DVA nos estudantes de 10 a 12 anos, com associação extremamente significativa (χ2 = 40,192 e p<0,001) entre os níveis séricos de retinol e a faixa etária. Os dados descritos encontram-se na tabela 4. 44 Tabela 04. Distribuição dos participantes do estudo segundo a classificação dos valores séricos de retinol por sexo e faixa etária. Teresina, Piauí, 2013. Deficiente (˂0,70µmol/L) Aceitável (0,70µmol/L – 1,05 µmol/L) Normal (≥ 1,05 µmol/L) n (%) n (%) n (%) Masculino 08 (47,1) 35 (38,3) 69 (47,9) 38,6-44,8 Feminino 09 (52,9) 54 (60,7) 75 (52,1) 46,0-64,4 8-10 anos 01 (5,9) 10 (11,2) 69 (47,9) 26,2-37,8 10-12 anos 14 (82,4) 69 (77,5) 68 (47,2) 49,7-71,1 12-14 anos 02 (11,8) 10 (11,2) 07 (4,9) 3,4-11,8 Retinol Sérico IC95% Sexo* Faixa Etária (anos)** 2 2 *χ = 1,679 e p=0,432 (associação não significativa); **χ = 40,192 e p<0,001 (associação extremamente significativa). Analisando-se os dados dos estudantes das zonas urbana e rural, relacionando-os com os níveis de retinol sérico encontrados, observou-se que houve diferença estatisticamente significativa (p ˂ 0,01) entre as médias de retinol sérico das duas zonas, após aplicação do teste t Student, ficando a média de retinol sérico da zona rural superior à da zona urbana, conforme demonstrado na tabela 5. Tabela 05. Dados descritivos e comparativos em média dos valores de retinol sérico dos participantes do estudo por zona de localização da escola. Teresina, Piauí, 2013. Zona das escolas Média (±D.P) IC95% Rural (n=41) 1,49 (0,44) 1,36-1,63 Urbana (n=209) 1,16 (0,42) 1,11-1,22 p* <0,001 *Teste t Student: extremamente siginificativo. As análises dos níveis séricos de retinol por zona de localização das escolas mostraram também que mais de 95,5% dos estudantes com níveis aceitáveis de retinol e 94,12% dos estudantes com DVA encontravam-se nas escolas localizadas na zona urbana, conforme apresentado na tabela 6. 45 Tabela 06. Dados comparativos da classificação dos valores séricos de Retinol dos participantes do estudo por zona de localização das escolas. Teresina, Piauí, 2013. Rural Urbana Total (n=40) (n=210) (n=250) n (%) n (%) n (%) Deficiente (˂0,70µmol/L) 01 (5,9) 16 (7,6) 17 (6,8) Aceitável (0,70µmol/L – 1,05 µmol/L) Normal (≥ 1,05 µmol/L) 04 (10,0) 85 (40,5) 89 (35,6) 36 (87,5) 109 (51,9) 144 (57,6) Retinol Sérico χ = 17,45 e p<0,001 (associação extremamente significativa). 2 Ao se relacionar os estudantes com níveis de retinol sérico ˂1,05 µmol/l (abaixo do normal) com as características socioeconômicas e demográficas das famílias dos mesmos, observou-se que somente houve relação significativa com a faixa etária de 10 a 14 anos (p˂0,001); com a escolaridade materna (p = 0,012) e com a zona urbana (p ˂0,001). Não foram encontradas associações com o sexo (p = 0,248), a escolaridade paterna (p = 0,171), a renda familiar (p = 0,810) e a renda per capita (p = 0,095). Encontrou-se uma associação entre DVA com a disponibilidade de água (<0,001) e com tipo de esgoto (p = 0,002) e uma associação quase significativa (p = 0,054) foi encontrada com a coleta pública de lixo. Não foi encontrada relação com o bem estar – definido pelo IBGE (2010) como uma ocupação adequada quando existem até dois moradores por dormitório nos domicílios (p = 0,543), o tipo de construção da casa (p = 0,425), o número de co-habitantes (p = 0,789), o números de cômodos da casa (p = 0,398) e com abastecimento público de água (p = 0,886). Os dados acima descritos estão apresentados na tabela 7. 46 Tabela 07. Prevalência de deficiência de vitamina A dos participantes do estudo, segundo características socioeconômicas e demográficas. Teresina, Piauí, 2013. ≤ 1,05µmol Variáveis Sim Não RPbruta (IC95%) p* n (%) n (%) Masculino 43 (39,4) 69 (61,6) 1 0,248 Feminino 63 (45,7) 75 (54,3) 0,84 (0,57-1,24) 8-10 anos 11 (13,6) 70 (86,4) 1 10-12 anos 83 (55,3) 67 (44,7) 2,41 (1,52-3,82) 12-14 anos 12 (63,2) 07 (36,8) 1,55 (0,85-2,83) Até oito anos 59 (37,3) 99 (62,7) 1 > 8 anos 46 (54,1) 39 (45,9) 1,45 (0,98-2,13) Até oito anos 47 (38,8) 74 (61,3) 1 > 8 anos 58 (47,5) 64 (52,5) 1,22 (0,83-1,80) ≤ 1SM 20 (39,2) 31 (60,8) 1 1-3 SM 77 (43,8) 99 (56,3) 1,07 (0,69-1,66) > 3 SM 07 (46,7) 08 (53,3) 1,09 (0,51-2,35) ≤ 0,25 SM 32 (34,8) 60 (65,2) 1 < 0,25 a ≤ 0,5 SM 59 (48,8) 62 (51,2) 1,22 (0,83-1,79) > 0,5 SM 15 (50,0) 15 (50,0) 1,21 (0,71-2,07) Rural 05 (12,5) 35 (87,5) 1 Urbana 101 (48,1) 109 (51,9) 3,84 (1,56-9,44) Até 2 56 (41,5) 79 (58,5) 1 >2 49 (45,4) 59 (54,6) 1,09 (0,74-1,60) Alvenaria acabada 65 (45,1) 79 (54,9) 1 Alvenaria inacabada/outros 40 (40,0) 60 (60,0) 0,88 (0,60-1,31) Sexo Faixa etária < 0,001 Escolaridade materna 0,012 Escolaridade paterna 0,171 Renda Familiar 0,810 Renda per capita 0,095 Zona da escola < 0,001 Bem estar pessoas por cômodos 0,543 Tipo construção da casa 0,425 Continua 47 Continuação Nº de co-habitantes no domicílio 2-4 49 (43,0) 65 (57,0) 0,99 (0,67-1,45) 5-7 45 (42,1) 62 (57,9) 0,95 (0,64-1,40) ≥8 11 (50,0) 11 (50,0) 1 2-4 26 (42,6) 35 (57,4) 1 4-6 57 (46,7) 65 (53,3) 1,18 (0,81-1,74) ≥7 22 (36,1) 39 (63,9) 0,79 (0,50-1,27) Sim 101 (48,3) 108 (51,7) 4,10 (1,51-11,2) Não 04 (11,8) 30 (80,2) 1 Sim 96 (43,0) 127 (57,0) 1,04 (0,53-2,,07) Não 09 (45,0) 11 (55,0) 1 Rede pública 44 (60,3) 29 (39,7) 1,68 (1,14-2,47) Fossa 49 (35,5) 89 (64,5) 0,66 (0,45-0,98) Céu aberto 12 (37,5) 20 (62,5) 1 Sim 98 (45,4) 118 (54,6) 1,75 (0,81-3,76) Não 07 (25,9) 20 (74,1) 1 0,789 Nº de cômodos do domicílio 0,398 Disponibilidade água o tempo todo <0,001 Abastecimento público de água 0,866 Tipo esgoto 0,002 Coleta pública lixo 0,054 SM: R$=545,00 (Ano de 2011); R$=622,00 (Ano de 2012); 2 * Teste Qui-Quadrado de Pearson (χ ). RP bruta: variáveis não ajustadas – análise bivariada; IC95%: intervalo de confiança de 95%; Após aplicação de Teste Qui-Quadrado de Pearson, confirmou-se associação não significativa entre a DVA com IMC (p = 0,162) e significativa entre DVA e altura/idade (p = 0,010), conforme exposto na tabela 8. 48 Tabela 08. Prevalência de deficiência de vitamina A entre os participantes do estudo, segundo estado nutricional. Teresina, Piauí, 2013. ≤ 1,05µmol Variáveis Sim Não RPbruta (IC95%) p n (%) n (%) Magreza 23 (53,5) 20 (46,5) 1,29 (0,81-2,06) 0,162* Adequado 67 (43,5) 87 (56,5) 1 Excesso de peso 15 (33,3) 30 (66,7) 0,73 (0,42-1,26) 07 (87,5) 01 (12,5) 1 98 (41,9) 136 (58,1) 0,47 (0,22-1,03) Estado Nutricional segundo IMC Altura/Idade Baixa estatura Adequada 2 0,010* * Teste Qui-Quadrado de Pearson (χ ) ** FISHER; RP bruta: variáveis não ajustadas – análise bivariada; IC95%: intervalo de confiança de 95%; 49 Por estar diretamente relacionada com o sistema imunológico, diminuindo a resistência a infecções, em casos de DVA avalia-se a Proteína C Reativa com o intuito de se verificar a presença ou não de processo infeccioso. Dos 6,8% (17/250) estudantes com níveis séricos de retinol ≤ 0,70 µmol/L - o que caracteriza a DVA 23,5% (4/17; IC95% 0,5-36,6%) tiveram a PCR positiva, configurando a presença de quadro infeccioso. Para o modelo de regressão de Poisson, foram utilizadas somente as variáveis socioeconômicas, demográficas e nutricionais que tiveram p≤0,20 na análise bivariada que foram: faixa etária (p˂0,001), a escolaridade da mãe (p = 0,012), a zona de localização da escola (p˂0,001), a disponibilidade da água (p˂0,001), o tipo de esgoto (p= 0,002) e a estatura (p= 0,010), escolaridade paterna (p = 0,171), renda per capita (p = 0,095), coleta de lixo (p = 0,054) e IMC (p=0,162). Neste modelo, os dados foram analisados tanto incluindo os estudantes com PCR positiva, quanto os retirando do total de estudantes com vitamina A ˂ 1,05 µmol/l por não ter havido em média diferença significativa pelo teste t student entre os estudantes com PCR positiva e estudantes com nível aceitável (p=0,413), optou-se então por deixar no modelo todos os estudantes considerados com valores inadequados de retinol sérico. O modelo final mostrou que a escolaridade materna (p=0,114), zona de localização da escola (p=0,405), disponibilidade da água (p=0,064) e tipo de esgoto (p=0,238) perderam significância estatística quando submetidas à análise ajustada. Já as variáveis faixa etária (p ˂ 0,001), e estatura (p=0,011) permaneceram associadas estatisticamente com a DVA, a variável coleta de lixo que a análise inicial não esteve associada após o ajuste ganhou significância estatística (p = 0,005), pelo Teste de tendência de Wald, com IC95%, conforme demonstrado na tabela 09. Tabela 09. Razão de Prevalência bruta e ajustada da deficiência de vitamina A nos participantes do estudo, segundo características socioeconômicas, demográficas e estado nutricional. Teresina, Piauí, 2013. RPbruta (IC95%) p* RPajustada(IC95%) Bloco 1: Variáveis socioeconômicas e demográficasa p# 50 Faixa etária 8-10 anos 1 10-12 anos 2,41 (1,52-3,82) 3,13 (1,68-5,84) 12-14 anos 1,55 (0,85-2,83) 3,68 (1,83-7,39) <0,001 <0,001 1 Escolaridade materna Até 8 anos 1 > 8 anos 1,45 (0,98-2,13) 0,012 1 0,114 1,22 (0,95-1,57) Escolaridade paterna Até 8 anos 1 > 8 anos 1,22 (0,83-1,80) 0,171 1 0,509 1,05 (0,80-1,38) Renda per capita ≤ 0,25 SM 1 < 0,25 a ≤ 0,5 SM 1,22 (0,83-1,79) 1,16 (0,84-1,60) > 0,5 SM 1,21 (0,71-2,07) 1,09 (0,70-1,69) 0,095 1 0,715 Zona da escola Rural 1 Urbana 3,84 (1,56-9,44) <0,001 1 0,405 1,17 (0,37-3,75) Disponibilidade água o tempo todo Sim 4,10 (1,51-11,2) Não 1 <0,001 2,71 (0,94-7,83) 0,064 1 Tipo esgoto 0,002 Rede pública 1,68 (1,14-2,47) 1,00 (0,66-1,53) Fossa 0,66 (0,45-0,98) 0,78 (0,51-1,19) Céu aberto 1 1 0,238 Continuação Coleta pública lixo Continua Sim 1,75 (0,81-3,76) Não 1 0,054 0,50 (0,30-0,85) 0,005 1 Bloco 2: Estado nutricionalb Estado Nutricional segundo IMC Magreza 1,29 (0,81-2,06) 0,162 1,14 (0,84-1,55) 0,056 51 Adequado 1 1 Excesso de peso 0,73 (0,42-1,26) 0,72 (0,47-1,11) Altura/Idade Baixa estatura 1 Adequada 0,47 (0,22-1,03) 0,010** 1 0,011 0,67 (0,50-0,89) RP bruta: variáveis não ajustadas – análise bivariada; RP ajustada: variáveis ajustadas; IC95%: intervalo de confiança de 95%; 2 * Teste Qui-Quadrado de Pearson (χ );**FISHER; # Teste tendência de Wald; a b Variáveis ajustadas entre si; Variáveis ajustadas entre si e bloco 1 52 6. DISCUSSÃO Este trabalho avaliou os níveis séricos de retinol em estudantes de oito a 14 anos de idade em quatro escolas públicas de Teresina, visando estimar a prevalência da carência de vitamina A e analisar a sua associação com variáveis socioeconômicas, demográficas, antropométricas, bem como, com a presença de infecção subclínica. Comparando-se os dados do formulário socioeconômico desta pesquisa com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), tem-se que o número de domicílios com abastecimento de água por rede pública foi ligeiramente superior à média nacional (82,9%) e à média do nordeste (76,6%), o que também foi percebido em relação à coleta pública de lixo (87,4% no Brasil e 75% no nordeste) e à renda per capita entre 0,25 e 0,50 SM (15,2% no Brasil e 23,6% no nordeste) (IBGE, 2010). Em relação ao bem estar (até duas pessoas por dormitório), os percentuais observados nesta pesquisa foram inferiores aos obtidos para o Brasil (84%) e para o nordeste (81%), o que pode ser explicado, em parte, pela taxa de fecundidade do nordeste (2,06 filhos), que é superior à média nacional (1,9 filhos). Valores inferiores também foram encontrados para o tipo de construção da casa onde a média nacional de casas de alvenaria completa foi de 80%; a média do nordeste foi de 81,2%. Ressalta-se que o IBGE considerou somente as paredes externas em sua pesquisa, enquanto que, nesta pesquisa considerou-se também o acabamento das paredes internas, o que pode justificar a diferença entre os valores aqui expostos (IBGE, 2010). Ao se comparar os percentuais de esgotamento sanitário, considerando-se os domicílios com rede pública e fossa séptica, a proporção observada nesta pesquisa foi superior ao percentual encontrado no nordeste (45,4%) e no Brasil (67,1%). Isto pode ser devido ao fato de que a zona rural pesquisada ficar muito próxima à zona urbana de Teresina, e parte de suas residências já conta com sistema de água canalizada e esgoto. Outro dado que chamou atenção foi o nível de instrução dos pais dos estudantes: nesta pesquisa os homens apresentaram nível de escolaridade superior 53 ao das mulheres, contrariamente à média nacional, onde o nível de instrução das mulheres suplanta o dos homens (IBGE, 2010). Em relação à avaliação antropométrica, Araújo et al., (2010) encontraram 23% de excesso de peso em estudantes da 9ª série de escolas públicas e particulares de todo Brasil, o que corrobora com os resultados desta pesquisa; Barreto et al (2011) encontraram excesso de peso em 25,9% dos adolescentes na faixa etária de dez a 14 anos, ao avaliar adolescentes de 10 a 14 anos no Paraná, valores superiores aos aqui apresentados. Já Pinto et al (2010) encontraram 20,4% de excesso de peso em adolescentes escolares na faixa etária de 10 a 14 anos, na cidade de Recife, valores próximos aos desta pesquisa. Avaliando-se os dados sobre magreza, observou-se que estes foram superiores aos encontrados por Graebner et al (2007), que relataram 7,5% de baixo peso em escolares do Distrito Federal, e aos dados da pesquisa nacional feita por Araújo et al (2010), que encontraram 2,9% de magreza nos escolares brasileiros. Em relação à baixa estatura, os valores aqui encontrados estão próximos à média nacional (2,9%) encontrada por Araújo et al (2010) e inferior aos 5,5% encontrados por Graebner et al (2007). Vale ressaltar que todos os casos de baixa estatura desta pesquisa foram diagnosticados na zona urbana, enquanto que, na pesquisa de Graebner et al (2007), estes valores foram encontrados na zona rural. A adolescência é um período de mudanças biológicas e sociais, onde muitos dos hábitos do adulto serão sedimentados, sendo, portanto, um ótimo momento para modificar práticas inadequadas ou reforçar comportamentos saudáveis (ARAÚJO et al., 2010). O excesso de peso na infância e adolescência constitui um problema de Saúde Pública devido ao rápido incremento na prevalência e sua associação com diversos problemas de saúde, distribuindo-se uniformemente nas diversas classes sociais. Em relação à prevalência de excesso de peso em crianças e adolescentes ser maior no sexo masculino ou feminino, na literatura pesquisada parece não haver consenso sobre o assunto, uma vez que, em investigações nacionais e internacionais, foram encontradas prevalências superiores tanto no sexo masculino (SOAR et al., 2004; RANQUE et al., 2005; ARMSTRONG et al., 2006; LAZAROU et al., 2009) como no feminino (GIULIANO e CARNEIRO, 2004; KHADER et al., 2009). 54 Dentre as deficiências nutricionais de maior importância epidemiológica, a deficiência de vitamina A (DVA), juntamente com a anemia por deficiência de ferro, ainda hoje assumem graves proporções no contexto da Saúde Pública em todo o mundo. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, globalmente, a cegueira noturna afeta 5,2 milhões de crianças em idade pré-escolar e 9,8 milhões de mulheres grávidas. Baixas concentrações de retinol sérico (<0,70 µmol/l) afetam cerca de 190 milhões de crianças em idade pré-escolar e 19,1 milhões de mulheres grávidas (WHO, 2009). Milagres, Nunes e Pinheiro-Sant’ana (2007), em sua revisão de literatura acerca da DVA no Brasil e no mundo, referem que, na América Latina e no Caribe, esta é predominantemente marginal, afetando 14,5 milhões de crianças menores de cinco anos, tendo prevalências variando entre 6,1 no Panamá até 36,0% em El Salvador, e que esta se apresenta mais frequentemente em regiões onde há insegurança alimentar. No Brasil, conforme dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (BRASIL, 2009b), 17,4% das crianças e 12,3% das mulheres apresentavam níveis inadequados de vitamina A. Entre as crianças, os índices mais preocupantes são os do Sudeste (21,6%) e do Nordeste (19%). No entanto, Milagres Nunes e Pinheiro-Sant’ana (2007), com base em estudos desenvolvidos em diversas áreas do país, referem que no Brasil há uma estimativa de prevalência de DVA entre 16 e 74% em crianças menores de cinco anos, o que o coloca como área de carência marginal grave, segundo a classificação da OMS. As áreas brasileiras consideradas de risco para DVA são a região nordeste e os vales do Jequitinhonha em Minas Gerais e do Ribeira em São Paulo. Sendo este risco considerado para crianças menores de cinco anos e puérperas, população esta assistida pelo Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A do Governo Federal, que distribui mega doses desta vitamina semestralmente às crianças até os 59 meses e às puérperas no pós-parto imediato, visando aumentar os níveis de retinol no leite materno (BRASIL, 2009a). Encontra-se na literatura vários trabalhos originais e revisões sistemáticas sobre a DVA em crianças menores de dois anos e gestantes (WEST, 2002; PAIVA et 55 al., 2006; GRAEBNER, SAITO e SOUZA, 2007; MILAGRES et al., 2007; PEREIRA et al., 2008; SANTOS, VELARDE, FERREIRA, 2010; BELLO et al., 2011; GOGIA e SACHDEV, 2011; HAIDER e BHUTTA, 2011; MULU et al., 2011; WYSONGE, 2011; GONDIM et al., 2012), porém, poucos são os trabalhos relacionando a DVA em crianças maiores de oito anos e em adolescentes (RAMALHO et al., 2004; VITOLO et al., 2004; SANTOS et al., 2005; ORTEGA et al., 2010). Contudo, o desenvolvimento de estudos envolvendo estes grupos populacionais é fundamental para o planejamento de políticas e ações na área de alimentação e nutrição, uma vez que no final da infância, dos oito aos 10 anos, o organismo se prepara para o 2º estirão, que acontece entre os 10 e 14 anos e nesta fase há um intenso crescimento somático, superado apenas ao que acontece no 1º ano de vida, tornando este grupo também vulnerável às carências nutricionais e susceptíveis aos efeitos destas no seu crescimento e desenvolvimento (SBP, 2008). Nesta pesquisa, a prevalência de DVA nos estudantes pesquisados foi inferior aos percentuais verificados em praticamente todos os estudos publicados na literatura consultada, envolvendo populações de faixa etária semelhante no Brasil; sendo encontrado somente um relato de prevalência de DVA menor que as encontradas nesta pesquisa, no estudo feito por MARIATH et al., (2010), que encontraram DVA em 2,0% da população estudada, utilizando o método HPLC, avaliando crianças e adolescentes atendidos por uma equipe de Saúde da Família de Itajaí – Santa Catarina. No entanto, para valores séricos menores de 1,05 µmol/L, foi encontrado neste estudo uma prevalência superior aos outros estudos publicados. Santos et al., (2005), considerando como inadequado valores de retinol sérico ˂ 20µg/dL, encontraram 29% de DVA em crianças de seis a 14 anos matriculados em uma escola da zona rural de Minas Gerais, utilizando a dosagem de retinol por espectrofotometria; VITOLO et al., (2004) encontraram uma prevalência de 10,1% de DVA em adolescentes de 10 a 19 anos matriculados em uma escola particular de São Paulo (método espectrofotometria), usando como ponto de corte valores menores de 1,05 µmol/L. GRAEBNER, SAITO e SOUZA (2007) encontraram uma prevalência de 33,55% em escolares de cinco a 18 anos moradores de uma comunidade rural do Distrito Federal (analisado pelo método HPLC), considerando valores inferiores a 20 56 µg/dL como inadequados; RAMALHO et al (2004), encontraram 10,3% dos escolares de sete a 17 anos, matriculados na rede pública de ensino do Rio de Janeiro (método Bessey-Lowry) com DVA, utilizando como ponto de corte valores séricos de retinol ˂ 1,05 µmol/L. Custódio et al., (2007) analisando os níveis de retinol sérico em crianças brasileiras com idade de cinco a onze anos mostraram prevalência de 26,2% e 5,8% para valores abaixo de 1,05 µmol/L e de 0,70 µmol/L, respectivamente, avaliados pelo método Dose-resposta relativa (RDR). ORTEGA et al., (2010), estudando adolescentes do sexo feminino não grávidas, de baixa condição socioeconômica de uma zona urbana e uma rural da Venezuela, encontraram valores inferiores aos desta pesquisa tanto para DVA (1,28%) como para valores marginais de vitamina A (11,54%) (método imunoanálise de micropartículas ligado à enzima – MIA). Como se pode ver, há uma grande dificuldade em se comparar as prevalências de deficiência de vitamina A, não somente pela escassez de estudos, como também pelos diversos métodos utilizados na análise dos valores séricos de retinol e pela falta de padronização dos pontos de corte nas análises dos resultados encontrados. Mesmo na ausência de sinais clínicos de DVA, o não consumo adequado de alimentos-fontes pode trazer prejuízo às funções fisiológicas, caracterizando a deficiência subclínica, que parece estar mais prevalente em alguns estados brasileiros, entre eles o Piauí. A deficiência subclínica de vitamina A altera a integridade das barreiras epiteliais atingindo o sistema imunológico, antes de afetar a função visual, tornando os indivíduos mais vulneráveis às infecções. Nesta pesquisa, foi encontrada uma maior prevalência de estudantes com os níveis séricos de retinol entre 0,70 e 1,05 µmol/L na zona urbana e no sexo feminino, contrário ao que foi encontrado por Vitolo et al., (2004), ao estudar adolescentes de uma escola particular na cidade de São Paulo, onde 20,2% tinham níveis de vitamina A aceitáveis, sendo que as maiores prevalências foram encontradas no sexo masculino. Ainda segundo o sexo, não houve diferença estatisticamente significativa entre a média de retinol sérico encontrada, semelhante ao resultado encontrado por Vitolo et al., (2004) que também encontraram valores muito próximos (1,40 µmol/l e 57 1,37 µmol/l, em indivíduos dos sexos masculino e feminino, respectivamente) e sem haver diferença estatística entre os mesmos. A PNDS (BRASIL, 2009b) demonstrou que morar na zona urbana foi uma variável associada à maior prevalência de níveis deficientes de vitamina A quando comparada com a zona rural. Dados semelhantes foram encontrados na Venezuela por Ortega et al (2010), que encontraram DVA (1,8%) somente em adolescentes da zona urbana do país, e corroboram com os dados aqui apresentados, onde a prevalência tanto de DVA quanto de níveis aceitáveis de retinol foi menor na zona rural do que na urbana. Até o presente momento, não foram encontrados outros trabalhos que comparassem os níveis de retinol sérico de crianças maiores de oito anos ou adolescentes entre populações residentes em zonas urbana e rural, o que torna esta pesquisa importante para futuras comparações. Em seu estudo com adolescentes no Rio de Janeiro, Ramalho et al (2004) encontraram uma tendência a maiores percentuais de inadequação dos níveis séricos de retinol entre os mais jovens, que estavam na faixa etária de sete a 10 anos; achados contrários a este estudo, onde maiores percentuais de deficiência de vitamina A foram encontrados nos estudantes que estavam na faixa etária de 10 a 12 anos e de 12 a 14 anos e, quanto maior a idade, menores eram os valores de retinol sérico encontrados. A correlação positiva entre a escolaridade materna ˂ 8 anos e a deficiência de vitamina A mostra que a figura materna ainda tem grande influência sobre a alimentação da família e que a baixa escolaridade desta interfere no consumo dos alimentos, talvez por ser ainda da mulher a responsabilidade de aquisição e preparo dos alimentos na maioria das residências, mesmo com o avanço do número de mulheres inseridas no mercado de trabalho. A insegurança alimentar dos países e regiões afetadas e fatores educacionais e culturais, como a falta de conhecimentos e a rejeição dos alimentos ricos nessa vitamina são os fatores responsáveis pelo baixo consumo de vitamina A, principal fator etiológico da DVA (BRASIL, 2007). Graebner (2007) encontrou maior proporção de escolares com DVA entre famílias que possuíam sete indivíduos na mesma residência e que recebiam entre dois e cinco SM, mas sem associação estatisticamente significativa com os índices 58 de DVA, o que corrobora com os dados encontrados nesta pesquisa; uma possível explicação para o fato foi sugerido pela autora: que um pequeno aumento na renda associada à falta de informação de práticas alimentares saudáveis tenha levado a um aumento no consumo de lipídios e proteínas em detrimento dos vegetais, inserindo estas famílias no “mercado de consumo”, com práticas alimentares inadequadas decorrentes da industrialização e da propaganda. A correlação positiva entre o abastecimento de água por rede pública e a DVA, encontrada neste trabalho vai de encontro ao relatório da OMS, onde diz que, entre outros fatores, o suprimento insuficiente de água para a ingestão, a higiene pessoal e o cultivo de alimentos estão associados com a má nutrição, inclusive a DVA. Queiroz (2009), pesquisando crianças da zona urbana da Paraíba, encontrou correlação estatisticamente significante e positiva entre a disponibilidade da água e a DVA, o que corrobora em parte com esta pesquisa, visto que, em zonas urbanas, o serviço público de abastecimento de água torna-se mais frequente que na zona rural. Deste dado surgem algumas indagações: 1) A água distribuída na rede pública estaria contaminada, e assim transmitindo infecções?; 2) As substâncias colocadas na água (como cloro e iodo) podem interferir na absorção de vitamina A?; 3) Estes mesmos elementos teriam a possibilidade de interferir na absorção de outros nutrientes? Não foi encontrada na literatura respostas para as mesmas, ficando a necessidade de mais estudos sobre a relação da relação entre a água distribuída pelas vias públicas e os níveis séricos de vitamina A. Ao se analisar os dados sobre coleta de lixo, pode-se notar que, entre os domicílios que não têm a coleta de lixo feita pela prefeitura há uma maior proporção de estudantes com adequados valores séricos de retinol, o que se traduz em menores percentuais de DVA, coincidindo com os dados obtidos em estudantes avaliados na zona rural; este dado também leva a crer que, ou o padrão alimentar ou o tipo de abastecimento de água pode estar interferindo nos resultados. Dentre as quatro escolas pesquisadas, somente duas estão em bairros cujo projeto de interligação do esgoto à rede pública está sendo desenvolvido, pois, de acordo com os dados da Prefeitura Municipal de Teresina, em 2002 a rede coletora da cidade passou para 325 km, correspondendo a um atendimento de 13% da população abastecida com água, principalmente no centro e na zona norte de 59 Teresina (PMT, 2002). Na escola da zona rural, onde a DVA foi menos prevalente, em 100% das casas não há ainda um sistema público de esgoto, e os dejetos destas são direcionados para o sistema de fossa séptica. Na zona rural também foi encontrado domicílios sem fossas, com os dejetos descartados a céu aberto. Observando-se os valores de renda per capita e utilizando-se a metodologia de Hoffmann (2001), tem-se que a maioria das famílias encontrava-se na linha de pobreza, ou seja, com renda per capita entre ¼ e ½ SM; porém não foi encontrada associação estatisticamente significativa entre esta e a DVA, corroborando com Santos et al., (2005) que em seu estudo também encontraram associação entre a renda per capita e a DVA; No entanto, Vitolo et al., (2004), encontraram valores séricos de retinol inadequados em adolescentes de 10 a 19 anos de boa condição socioeconômica na cidade de São Paulo. Também corroborando com esta pesquisa, Graebner, Saito e Souza (2007), encontraram 5,5% das crianças pesquisadas com DVA tinham déficit estatural; dentre os adolescentes, dos 6% com baixa estatura, em 3% foi observada a DVA. Sarni et al (2002) encontraram associação estatisticamente significativa entre a baixa estatura para a idade e níveis séricos de carotenoides. Contrariamente ao encontrado nesta pesquisa, Santos et al (2005) encontraram 23,2% de déficit estatural em escolares da zona rural de Minas Gerais, porém sem esta ter associação com a DVA, assim como Castejon et al (2001), que também não encontraram associação entre a DVA e a baixa estatura para a idade. Era de se esperar, levando-se em conta as informações acima, que houvesse mais estudantes com DVA na zona rural, o que não ocorreu. Este fato pode ser devido a uma maior presença de estudantes pesquisados na faixa etária de oito a 10 anos na escola da zona rural, onde a prevalência de DVA foi a menor encontrada entre as zonas de localização da escola. Também, especula-se que, entre os estudantes na faixa etária menor, ainda haja uma melhor aceitação dos lanches ofertados na escola. Associa-se a isto o fato de que, em todas as escolas pesquisadas havia mangueiras, árvore típica da região nordeste, cujo fruto é rico em caroteno, o pode explicar também em parte o índice de DVA inferior ao encontrado nas outras regiões do Brasil. 60 Uma possível explicação para isto possa ter ocorrido em virtude da faixa etária menor ter sido pesquisada em sua maioria na zona rural – e nesta os índices de DVA foram menores – e também porque nas três escolas da zona urbana havia lanchonetes e mercearias próximas (sendo que em duas havia lanchonete dentro da escola), o que aumenta o consumo de lanches não saudáveis em detrimento do consumo da merenda distribuída pela rede municipal, que contém valor nutricional superior aos lanches rápidos. Graebner (2007), em sua tese de doutorado, pesquisando a DVA em escolares da zona rural do Distrito Federal, encontrou condições socioeconômicas desfavoráveis, ou seja, baixa renda familiar, baixa escolaridade do responsável e saneamento precário, mas mesmo assim não foi observada associação entre estas condições e a prevalência de DVA; Ramalho et al., (2001), em estudo com 175 crianças entre dois e cinco anos atendidas em ambulatório da Universidade federal do Rio de Janeiro, também não encontraram associação entre a DVA e a renda familiar ou escolaridade dos pais. A DVA pode ser causada por dois fatores principais: primeiro por uma ingestão inadequada de vitamina A para satisfazer as necessidades orgânicas, como o consumo insuficiente de produtos de origem animal e de frutas e hortaliças ricas em pró-vitamina A, levando a uma ineficiente absorção deste micronutriente que pode levar às baixas reservas corporais e a não satisfação das necessidades fisiológicas como o suporte ao crescimento tecidual, metabolismo normal e resistência à infecção; e segundo, a presença de processos infecciosos, que causa um sinergismo com as reservas corporais de vitamina A (WHO, 2006), visto o efeito desta vitamina no sistema imunológico. De acordo com o Micronutrient Initiative (MI) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (MI, 2005), a DVA compromete o sistema imunológico em aproximadamente 40% das crianças menores de cinco anos, contribuindo para a morte de cerca de um milhão de crianças por ano. LIMA et al., (2012), trabalhando com suplementação de vitamina A no pós parto imediato, encontraram que, em puérperas que receberam a suplementação, os níveis de imunoglobulina A secretora eram maiores que em puérperas não suplementadas, o que sugere a influência dos níveis de vitamina A no sistema imunológico. PAIVA et al (2010), avaliando os efeitos da suplementação de vitamina 61 A em crianças de 3 a 7 anos (exclusive) em Teresina, Piauí, encontraram que vitamina A teve um efeito sobre o recrutamento de linfócitos T e B para a circulação de crianças com DVA e anemia. Confirmando a relação entre a vitamina A e os processos infecciosos, quase ¼ dos estudantes que foram diagnosticados com DVA neste trabalho, tiveram a PCR positiva, o que indica a presença de processo infeccioso não clínico. Queiroz (2009) também encontrou corelação positiva entre a DVA e a PCR, com associação estatisticamente significativa entre os níveis de retinol sérico e de proteína C-reativa, indicando que a presença de infecção subclínica eleva em 2,55 vezes a chance de a criança apresentar DVA. Os dados aqui apresentados mostram a importância de uma atenção maior para crianças e adolescentes não cobertos pelos programas de suplementação de vitamina A, visto que esta vitamina aumenta as defesas do organismo, reduzindo o risco de infecções. Isto pode ser feito com o incentivo às práticas alimentares saudáveis nas escolas – como o projeto “Avaliação de um programa de educação nutricional para escolares da rede pública de ensino de Teresina, Piauí, na perspectiva da promoção da alimentação saudável”, financiado pelo ILSI e ao qual esta pesquisa está atrelada, como também com leis e fiscalizações mais rigorosas nas lanchonetes de escolas, visto que a escola é um espaço a ser explorado na inserção de práticas pedagógicas voltadas à orientação de hábitos saudáveis, como defendido por Graebner (2007) e por Rodrigues (2009) em suas respectivas teses. 62 7. CONSIDERAÇÕES Os dados apresentados nessa pesquisa mostraram que, apesar da maioria das famílias estarem situadas na linha de pobreza, suas condições de moradia eram adequadas e contavam com boa cobertura de serviços públicos. Mesmo nessas condições, chamou atenção o percentual de excesso de peso observado, o qual superou o de magreza na zona urbana, apesar da maioria dos estudantes ter sido classificada como eutrófica. A prevalência de DVA encontrada neste estudo configura um problema de saúde pública de grau leve, conforme a classificação da OMS. Além disso, chama atenção a grande quantidade de estudantes com níveis aceitáveis de vitamina A, ou seja, potencialmente vulneráveis a desenvolver a deficiência subclínica e a um maior risco de infecções. Entre as variáveis socioeconômicas, demográficas e antropométricas investigadas, observou-se que os estudantes com idade superior a 10 anos, cujas residências contavam com serviço público de coleta de lixo e que tinham baixa estatura para a idade apresentaram maiores índices de DVA, sendo estas três variáveis as que tiveram influência direta nesta carência nutricional. Baseado no panorama demonstrado por este estudo vê-se a necessidade de uma maior atenção dos órgãos governamentais direta ou indiretamente envolvidos com a saúde pública, bem como da sociedade, para esta faixa etária que, por não ser considerada de risco para deficiência de vitamina A, não recebe cobertura dos programas voltados à sua prevenção e tratamento. Independente da necessidade de suplementação massiva, esta faixa etária deve ser incluída em outras ações do Programa que não seja a suplementação, como em ações educativas, fazendo-se necessário direcionar estas ações com ênfase na carência de vitamina A para estudantes na faixa escolar e adolescentes. Porém, considerando que o estudo foi conduzido com uma amostra que não permite generalizações para toda a população de estudantes de 8 a 14 anos da cidade de Teresina, sugere-se que sejam feitos estudos com amostras representativas e contemplando outras variáveis importantes, tais como o consumo alimentar, para um melhor diagnóstico do problema da DVA. 63 REFERÊNCIAS ABESO – Diretrizes brasileiras de obesidade 2009/2010. Associação brasileira para o estudo da obesidade e da síndrome metabólica. 3ª Ed – Itapevi, SP: AC Farmacêutica, 2009. ALBUQUERQUE, M.F.M.; MONTEIRO, A.M. Ingestão de alimentos e adequação de nutrientes no final da infância. Rev. Nutr., Campinas, v.15, n.3, p.291-299, set./dez. 2002. AMBRÓSIO, C.L.B.; CAMPOS, F.A.C.S.; FARO, Z.P. Carotenóides como alternativa contra a hipovitaminose A. Rev. Nutr., Campinas, v.19, n.2, p.233-243, mar./abr. 2006. ANSELMO, M.A.C. Antropometria: aspectos históricos e visão crítica. Cad. Nutr, v.3, p.11-25, 1991. 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No. Identificação: ______ Escola:______________________________________________ Série/turno:_____________ Entrevistador:_____________________________________________________________________ Data:___/___/____ Sr (a) [nome do (a) entrevistado (a)] __________________________ gostaria de coletar algumas informações sobre o (a) [nome do escolar] ____________________________. I. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO 1. Qual o nome completo [do escolar]? 2. Qual o endereço residencial [do escolar]? Rua: _____________________________________________________________________ no. _________ Complemento: _____________ Bairro: ______________________ Ponto de referência: _______________ Telefone: () próprio _________________________________ ( ) contato: _______________________ 3. Sexo do escolar [somente anotar]. (1) (1) masculino (2) feminino (2) 4. Qual a data de nascimento [do escolar]? | __ || __ |/| __ || __ |/| __ || __ || __ || __ | ____/____/___________ 5. Qual a idade [do escolar]? (anos) __________ | __ || __ | 6. Como você considera a cor da pele [do escolar]? (1) preta (2) branca (3) parda (4) oriental (5) indígena (6) outra (especificar): ___________________________________ 7. Até que série a mãe [do escolar] estudou? (reforçar perguntando se ela terminou a série referida) __________________________ (1) (2) (3) (4) (5) (6) No. de anos | __ || __ | 8. Até que série o pai [do escolar estudou]? (reforçar perguntando se ele terminou a série referida) ____________________________ No. de anos | __ || __ | II. DADOS DEMOGRÁFICOS E SÓCIO-ECONÔMICOS 9. A casa [do escolar] é: (1) 73 (1) de alvenaria acabada (2) de alvenaria inacabada (2) (3) construção de madeira (4) taipa (3) 10. Quantos cômodos existem na casa? __________ (4) | __ || __ | 11. Quantos cômodos na casa [do escolar] são usados para dormir? __________ 12. A casa [do escolar] tem água disponível o tempo todo? | __ || __ | (1) (1) Não (2) (2) Sim 13. Qual a fonte de água da casa [do escolar]? (RM) (1) (1) Rede pública, encanamento interno (2) (2) Poço (cisterna) da própria casa (3) (3) Poço (cisterna) coletivo (4) Caminhão pipa (5) Outra fonte. Especificar: _______________________ (4) (5) 14. Qual o tipo de esgoto sanitário que há na casa [do escolar]? (1) (1) Rede pública (2) (2) Fossa (3) Esgoto a céu aberto (3) 15. Como é feita a coleta de lixo da casa [do escolar]? (RM) (1) (1) Coleta pela prefeitura (2) (2) O lixo é queimado (3) (3) O lixo é enterrado (4) O lixo é jogado próximo a casa (5) Outro: ____________________________ (5) | __ || __ | 16. Quantas pessoas moram na casa? (incluir o escolar) ________ 17. Quantas pessoas da família estão trabalhando? ___________ (4) | __ || __ | 18. Quais das pessoas que moram na casa [do escolar] trabalham e quanto elas ganham por mês? Pessoa (Parentesco com a criança) 123456 – Existe outra fonte de renda (bolsa família, pensão, aluguel) ( ) não ( ) sim, qual? ______________________ Renda mensal ( R$) | __ || __ || __ || __ |, | __ || __ | TOTAL: ______________________________ III. DADOS ANTROPOMÉTRICOS PESO (Kg) ESTATURA (cm) MEDIDA 1 MEDIDA 2 MEDIDA 3 | __ | | __ |, | __ | | __ | | __ |, | __ | | __ | | __ |, | __ | MEDIDA 1 MEDIDA 2 MEDIDA 3 | __ || __ | | __ |, | __ | | __ || __ | | __ |, | __ | | __ || __ | | __ |, | __ | Antropometristas: III. COLHEITA DE SANGUE Teve colheita de sangue? ( ) Sim ( ) Não. Motivo: ___________________________________________________________ 74 CAMPO PARA CRÍTICA Data: ____________________ Responsável:_________________________________________ Necessita de Correções? ( ) Não ( ) Sim. Notas: _______________________________________________________________________________ 75 ANEXO A – CARTA DE APROVAÇÃO DO COMITE DE ÉTICA E PESQUISA