Apostila 06 - oficina da pesquisa

Propaganda
OFICINA DA PESQUISA
DISCIPLINA: COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL
Prof. Ms. Carlos José Giudice dos Santos
[email protected]
www.oficinadapesquisa.com.br
Objetivos desta apostila:
Ao final desta apostila, o aluno deverá ser capaz de:
1. Definir grupos e classifica-los;
2. Identificar os quatro estágios de desenvolvimento dos
grupos;
3. Reconhecer variáveis de grupo que
individualmente os seus componentes;
4. Analisar as potencialidades e
processos de decisão em grupos.
influenciam
fragilidades
dos
Conceitos de Grupos
Um grupo é definido como duas ou mais pessoas,
interdependentes e interativas que se reúnem (ou são reunidas)
para atingir um objetivo (ROBBINS et al, 2010).
Bowditch e Buono (2011) dão uma definição de grupo semelhante à
anterior, porém, de forma bem mais didática ao reconhecer, na
construção do conceito de grupo, quatro características comuns a
todos os tipos de grupos. Assim, de acordo com estes autores, um
grupo consiste de:
1. Duas ou mais pessoas, que são...
2. Psicologicamente conscientes uma das outras e que...
3. Interagem entre si...
4. Para atingir uma meta comum.
Assim, passageiros de um avião não seriam um grupo, mas
passageiros de uma excursão aérea seriam um grupo!
Tipos de Grupos: Primários e Secundários
Os sociólogos reconhecem a existência de dois tipos de
grupos sociais: primários e secundários.
Os grupos primários são aqueles voltados para o
relacionamento interpessoal direto, ou seja, aquilo que nós
chamamos de interação social. Nesta classificação estão a
família e os grupos de amigos.
Os grupos secundários são aqueles voltados para o
relacionamento impessoal, ou seja, orientados para
tarefas, como é o caso de grupos de trabalhos, de estudos
e de interesse público.
É possível que um grupo primário surja de um grupo
secundário à medida que as relações impessoais vão se
tornando íntimas ao ponto de se tornarem pessoais.
Tipos de Grupos: Homogêneos e Heterogêneos
Na visão de Bowditch e Buono (2011), uma outra maneira de se
classificar grupos é pelo grau de semelhança (homogeneidade)
ou dessemelhança (heterogeneidade).
Nesse contexto, os autores ressaltam que, caso fosse
consideradas todas as dimensões possíveis, não haveriam
grupos homogêneos – todos seriam heterogêneos. Contudo,
este tipo de classificação considera a homogeneidade em
relação a um critério (ou número limitado de critérios)
específico(s).
Assim, um grupo é homogêneo quando o seus membros tem
certas coisas em comum (segundo um critério). A importância
dos grupos homogêneos foi entendida quando as pesquisas
demonstraram que pessoas com atitudes homogêneas tendem a
interagir mais entre si, o que possibilita uma probabilidade
maior de engajamento destas pessoas em grupos informais.
Tipos de Grupos: Interativos e Nominais
Na visão de Bowditch e Buono (2011), um grupo é interativo quando
os membros do grupo interagem diretamente entre si. Em outro
extremo, temos o grupo nominal, em que a interação é indireta. Os
grupos mais comuns são os interativos.
Entretanto, os mesmo autores ressaltam a importância dos grupos
nominais para as organizações, especialmente para a tomada de
decisões com a utilização da metodologia de Delfos (ou técnica de
Delphi). Neste caso, os membros se reúnem formalmente, mas a
comunicação interpessoal é restrita, para minimizar o impacto de
fatores pessoais nos tipos de ideias e argumentos que a pessoa possa
ter. Assim, os membros do grupo registram, por escrito, suas ideias
e comentários de forma anônima para um problema potencial, que são
compiladas em um local central e encaminhadas para os membros do
grupo. Depois de vários ciclos de retorno e comentários, o resultado
final é discutido. Esta técnica minimiza influências individuais e
pessoais no processo de tomada de decisões, além de reduzir custos
(reunião de especialistas e longas reuniões presenciais).
Tipos de Grupos: Formais e Informais
Robbins et al (2010) conceituam grupo formal como aquele definido
pela estrutura da organização à qual as pessoas pertencem. De
acordo com Bowditch e Buono (2011), departamento e setores de
uma empresa são exemplos de grupos formais.
Um grupo informal é aquele que surge com o passar do tempo por
meio de interações sociais. Por exemplo, pessoas do mesmo
departamento ou de departamentos diferentes que saem para
almoçar juntas.
Um grupo de comando é um tipo de grupo formal (definido pela
organização) e é composto por pessoas que se reportam diretamente
a um superior hierárquico.
Um grupo de tarefa é também um tipo de grupo formal, parecido
com o grupo de comando. A principal diferença é que as fronteiras
desse tipo de grupo não se restringem às fronteiras da organização.
Todo grupo de tarefa é um grupo de comando, mas nem todo grupo
de comando é um grupo de tarefa.
Exemplos de Grupos Formais
• Exemplos de grupo de comando: Comandante (de um avião ou
navio) e os demais membros da tripulação; Diretor(a) de escola
e a equipe de professores; Enfermeira-chefe, enfermeiras e
auxiliares de enfermagem de um determinado turno em um
hospital – é importante ressaltar que em um grupo de comando
há uma relação direta de subordinação dos membros do grupo
com um supervisor, que também pertence ao grupo.
• Exemplos de grupo de tarefa: Um grupo de funcionários de
setores diferentes de uma mesma empresa que recebem a
tarefa de investigar um acidente de trabalho; Um grupo de
funcionários (de setores diversos de uma empresa e
autônomos, externos à empresa) que são reunidos para
desenvolver um novo tipo de polímero; Um grupo de
funcionários de empresas diferentes participam de negociação
com os patrões representando um sindicato.
Importância dos Grupos Informais
Um grupo informal é aquele formado por pessoas que decidem se
reunir como uma forma de interação social. Por exemplo, três ou
quatro funcionários de setores diferentes de um empresa que se
encontram regularmente para almoçar ou curtir o happy hour.
Um grupo de interesse é um tipo de grupo informal formado por
pessoas diferentes (de dentro e de fora de uma organização), que
tem um interesse (objetivo) comum. Por exemplo, torcidas
organizadas, clube de xadrez, fãs-clubes, encontros religiosos, etc.
A importância dos grupos informais para as organizações ocorre
porque, apesar destes grupos não terem metas formais
estabelecidas, eles possuem metas implícitas que, muitas vezes
superam as metas formais estabelecidas pela organização.
Este fenômeno foi comprovado por meio das experiências em
Hawthorne, em um experimento que ficou conhecido como “um dia
de trabalho honesto”.
Teoria da Identidade Social
Por que as pessoas formam grupos? Esta pergunta é proposta
´por Robbins et al (2010) para introduzir a Teoria da
Identidade Social. De acordo com esta teoria, os membros de
um grupo costumam apresentar reações emocionais em
resposta ao sucesso ou fracasso do seu grupo, uma vez que a
autoestima da pessoa está intimamente ligada ao desempenho
do grupo.
Uma maneira de perceber isso são as torcidas de times: quando
o seu time vai bem, sua autoestima aumenta porque você se vê
refletido na glória de seu time. É como se você dissesse “eu
faço parte de um time que é vencedor”. Por outro lado, se seu
time perde, sua autoestima diminui, por motivos óbvios.
Pertencemos a vários grupos, e em cada um deles há uma
identidade social que, de certa forma, nos diz quem somos e o
que devemos fazer.
Teoria da Identidade Social
Robbins et al (2010) nos esclarecem que as identidades sociais
nos leva ao favoritismo intragrupo, uma característica negativa,
que é uma perspectiva que considera que a nossa visão do grupo a
que pertencemos faz a gente ver os membros de nosso grupo
como melhores que os de outros grupos, e as pessoas de fora
como todas iguais.
Existem quatro características que levam as pessoas a
desenvolverem uma identidade social a partir do sentimento de
pertencimento ao grupo. São elas:
1. Similaridade: Pessoas que possuem os mesmos valores ou os
mesmos traços de identificação demográfica tendem a
desenvolver uma grau mais alto de identificação com o grupo.
Por exemplo, grupos religiosos, grupos étnicos, grupos
ideológicos, grupos de mesma orientação sexual, torcidas
organizadas.
Teoria da Identidade Social
2. Distinção: Quando duas ou mais pessoas possuem uma
característica incomum ou rara, os grupos formados por
meio desta característica tendem a ter um alto grau de
identificação entre seus membros. Por exemplo, duas
mulheres em um grupo apenas de homens podem
estabelecer um laço forte por causa desta identidade
distintiva. Os advogados que trabalham em magistratura
(juízes, procuradores e promotores) tendem a se
identificar mais com a sua organização (específica) do que
com a OAB (uma organização de âmbito mais geral.
3. Status: As pessoas tendem a se vincular (e continuar
vinculadas) a grupos que possuem maior status. Por exemplo,
ex-alunos de universidades de prestígio ou de grandes
organizações fazem questão de continuar vinculados a elas
ou a relatar este vínculo anterior em seus currículos.
Teoria da Identidade Social
4. Redução da incerteza: Pertencer a um grupo ajuda as
pessoas a entenderem quem elas são e como elas se
encaixam no mundo. É aquela sensação que muito de nós
temos que pertencer a um grupo torna as coisas mais fáceis,
porque você não está sozinho(a). Por exemplo, este
sentimento costuma ser muito forte quando se faz parte de
uma equipe que representa uma empresa, uma cidade ou um
país.
Os grupos possuem atributos que podem influenciar a eficácia
do grupo como um todo ou modificar o comportamento
individual de um membro que faça parte do grupo.
Em suma, são fatores que influenciam e limitam o
comportamento de cada membro do grupo ou até mesmo, do
grupo como um todo.
Atributos básicos dos grupos
1. Status individual: Vimos que o status é uma das
características que levam as pessoas a desenvolver uma
identidade social, base da formação de um grupo.
Entretanto, além do status do grupo em questão, existe o
status individual da pessoa no grupo. De acordo com
Bowditch e Buono (2011), este status pode vir tanto da
posição formal da pessoa no grupo quanto de suas
qualidades individuais. Grupos são formados por pessoas de
diferentes status, e esta noção de status envolve uma
comparação social. Por exemplo, se um funcionário possui
muitas qualidades que começam a ofuscar a competência do
seu supervisor, que formalmente, está em uma posição de
status superior ao do funcionário, haverá situações em que
este funcionário terá dificuldades em aceitar ordens de
seu supervisor, em uma situação descrita pelos
pesquisadores como “incongruência de status”.
Atributos básicos dos grupos
2. Papéis: Bowditch e Buono (2011) referem-se a papel como um
comportamento esperado de um indivíduo ou de um grupo em uma
determinada situação. Por exemplo, como professores e alunos
devem se comportar em sala de aula? Como gerentes e seus
subordinados devem se comportar dentro de uma organização?
Este comportamento esperado é uma expectativa. Quando as
pessoas nesses papéis transcendem essas expectativas, passam a
ideia de que não estão se comportando adequadamente. Muitas
vezes não existem regras formais que estabeleçam o papel que
cabe a cada um, mas mesmo que não existam essas regras,
tendemos a ter uma expectativa do que deve ser feito e como
deve ser feito. Quando esta expectativa é frustrada, podemos
ter o conflito de papéis (quando desempenhamos um papel
diferente daquele que é esperado) ou ambiguidade de papéis
(quando não temos certeza de como nos devemos nos comportar
em determinada situação). As pesquisas demonstram que as duas
situações (conflito e ambiguidade) estão relacionadas ao baixo
nível de satisfação com o trabalho.
Atributos básicos dos grupos
3. Normas: Normas explícitas são aquelas formalizadas e
escritas, e que todos os membros do grupo aceitam como
regra básica para pertencer a um grupo. Entretanto
existem regras implícitas, que podem se tornar tão fortes
quanto as regras explícitas. Por exemplo, se existe uma
regra formalizada, segundo a qual os homens devem
trabalhar de terno azul e camisa social branca. Entretanto,
não existe uma regra para punir o membro que infringe esta
norma. Assim, se um membro do grupo passa a usar uma
camisa colorida no trabalho, mesmo não havendo uma regra
para punir este comportamento, o grupo pode ver esse
membro como um dissidente, pressionando-o a se conformar
de acordo com os padrões do grupo. Caso esse membro não
reconsidere o seu comportamento, o grupo tende a isola-lo,
condenando-o ao ostracismo.
Atributos básicos dos grupos
4. Coesão: Na visão de Bowditvh e Buono (2011), a coesão
representa o grau em que os membros do grupo tem desejo
de permanecer no grupo. Representa também a força dos
compromissos individuais para com o grupo e suas metas.
Assim, um grupo é considerado coeso quando seus membros
refletem sensações de intimidade, por meio de opiniões,
atitudes, desempenho e comportamentos semelhantes. As
pesquisas mostram que os grupos coesos tendem a possuir
normas mais rígidas, e que costumam tratar os dissidentes
do grupos com um grau maior de rigor. São fatores que
influenciam a coesão de um grupo: [1] Grau de concordância
em relação às metas; [2] Grau de interação frequente (mas
não viciado); [3] Atração mútua entre os membros de um
grupo; [4] Existência de conflitos intergrupais que
provoquem a união dos membros e encorajem a cooperação;
[5] Grau de sucesso do grupo no atingimento de metas.
Atributos básicos dos grupos
5. Pensamento grupal: Também conhecido pelo termo
“Groupthink”, é uma forma perigosa de coesão do grupo.
Quando um grupo torna-se coeso demais, este padrão de
comportamento leva à diminuição da capacidade de tomadas
de decisão. Isto acontece porque coesão em demasia leva à
formação de um “clima de elite”, caracterizado por
sensações
de
superioridade,
exclusividade
e
invulnerabilidade. Em grupos muito homogêneos, qualquer
opinião ou informação nova pode ser vista irrelevante,
inadequada e, em casos extremos, como ameaçadora. Assim,
ela será ignorada, repreendida ou rechaçada. Em geral, os
problemas relacionados ao pensamento grupal costumam
acontecer com grupos antigos (à longo prazo). O perigo da
ilusão de invulnerabilidade é o fato deste comportamento
levar o grupo a assumir riscos descabidos.
Processos de desenvolvimento dos grupos
Todos os grupos passam por um processo evolutivo, que pode ser
resumido em um padrão conhecido como Modelo de cinco estágios de
desenvolvimento do grupo: [1] Formação; [2] Tormenta; [3]
Normatização; [4] Desempenho; e [5] Interrupção.
1. Formação: Primeiro estágio de formação do grupo, em que a
maior característica é a grande grau de incerteza.
2. Tormenta (ou erupção): Segundo estágio de formação do grupo,
caracterizado por conflitos entre seus membros.
3. Normatização:
Terceiro
estágio
de
desenvolvimento,
caracterizado pela interação entre os membros (proximidade nos
relacionamentos) e aumento da coesão.
4. Desempenho (ou realização): Quarto estágio de desenvolvimento
do grupo, que representa o auge (grupo totalmente funcional).
5. Interrupção: Último estágio para grupos temporários. Para
grupos permanentes, o último estágio é o anterior.
REFERENCIAS
BOWDITCH, James L.; BUONO, Anthony F. Elementos do comportamento organizacional. São
Paulo: Cengage Learning, 2011.
CAVAZOTTE, F.; HUMPHREY, R.; SLEETH, R. Competências e processos intra-grupais: o papel
de habilidade para expressar emoções e da empatia para a cooperação em grupos de trabalho.
In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓSGRADUAÇÃO E PESQUISA EM
ADMINISTRAÇÃO – EnANPAD, 28., 2004, Curitiba (PR). Anais... Curitiba, 2004.
GIVENS, David. A linguagem corporal no trabalho. Petrópolis: Vozes, 2011.
Não é
possív el
exibir
esta
imagem
no
moment
o.
ROBBINS, Stephen P.; JUDGE, Timothy A.; SOBRAL, Filipe. Comportamento organizacional:
teoria e prática no contexto brasileiro. 14. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.
Download