1º INVENTÁRIO DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS DAS FONTES MÓVEIS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – ANO BASE - 2009 PORTO ALEGRE, NOVEMBRO DE 2010 1 º INVENTÁRIO DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS DAS FONTES MÓVEIS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – ANO BASE: 2009 FUNDAÇÃO ESTADUAL DE PROTEÇÃO AMBIENTAL HENRIQUE LUÍS ROESSLER – FEPAM/RS 2 1 º INVENTÁRIO DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS DAS FONTES MÓVEIS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – ANO BASE: 2009 GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL Yeda Rorato Crusius Governadora SECRETARIA ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE Giancarlo Tusi Pinto Secretário do Estado do Meio Ambiente FUNDAÇÃO ESTADUAL DE PROTEÇÃO AMBIENTAL HENRIQUE LUÍS ROESSLER Regina Telli Diretora Presidente 1 º INVENTÁRIO DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS DAS FONTES MÓVEIS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – ANO BASE: 2009 Coordenação do Projeto Drª. Elba Calesso Teixeira - FEPAM Coordenação Técnica Drª. Elba Calesso Teixeira – FEPAM Dr. Eduardo Ramos Santana – IEMA – Instituto Energia e Meio Ambiente Msc. Flávio Wiegand – FEPAM – Diretor Técnico Equipe Técnica Engª.Quim. Sabrina Feltes - Técnica Responsável Acadêmica Engenharia Ambiental – UFRGS - Camila Dalla Porta Mattiuzi – Bolsista CNPq Acadêmica Engenharia Ambiental – UFRGS – Alice da Costa Palagi – Bolsista Fapergs 4 1 º INVENTÁRIO DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS DAS FONTES MÓVEIS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – ANO BASE: 2009 AGRADECIMENTOS Charlotte Raymond – Coordenadora PACE/Brasil Engª Brenda Medeiros – CTS-Brasil Engº Bruno Altreiter Filho – Técnico PCPV – Plano de Controle de Poluição Veicular Engª. Juliana Brutti - Apoio Técnico PACE – Plano Ar, Clime e Energia Engº. Léo Genin – Consultor PACE/Enviroconsut Engª. Maria Elisa dos Santos Rosa – Coordenadora PACE/PCPV FEPAM Engª. Marion Thill - Consultora PACE/Enviroconsut Engº Paulo Francisco Breda - Técnico PCPV – Plano de Controle de Poluição Veicular Jorn. Paulo Ricardo Camargo – Assessor de Imprensa Admº. Sérgio Roberto da Silveira – Técnico PCPV – Plano de Controle de Poluição Veicular Engº Túlio Felipe Verdi Filho – DETRAN-RS Membros Câmara Técnica Permanente de Recursos Atmosféricos e Poluição Veicular – CONSEMA/RS 5 APRESENTAÇÃO Nos primeiros anos do século XXI a incidência das catástrofes ambientais, naturais ou de origem antropogênica caracterizou o cenário das mudanças climáticas ao redor do mundo. Neste contexto, as questões do aquecimento global e da poluição atmosférica, difíceis de serem compreendidos por sua complexidade, tornam a elaboração de estudos nesta área um esforço ainda pioneiro, mas com resultados satisfatórios em diferentes linhas de ações. A elevação dos níveis de poluição é um problema ambiental significativo tanto em países industrializados quanto nos em desenvolvimento, e a busca por alternativas tecnológicas que minimizem os impactos das emissões atmosféricas corrobora para a elaboração de projetos, assim como o crescente aumento das pesquisas na área. A poluição atmosférica é um campo de estudo que envolve diversos fatores e, no caso das análises da qualidade do ar de uma grande cidade, são necessários estudos sobre a química da atmosfera, meteorologia, geografia, trânsito, saúde populacional, desenvolvimento econômico, entre outros. O presente trabalho foi realizado a partir dos estudos desenvolvidos pelo setor de Projetos de Pesquisa da Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler, FEPAM/RS e versa sobre o desenvolvimento do Primeiro Inventário de Emissões Atmosféricas de Fontes Móveis do Estado do Rio Grande do Sul. A publicação do estudo vem acrescentar elementos técnicos aos que foram considerados conforme a exigência da Resolução CONAMA nº 418/2009 no Plano de Controle de Poluição Veicular – PCPV/RS. No mencionado plano os dados necessários foram apresentados, todavia o Estado do Rio Grande do Sul por sua tradição e pioneirismo nas pesquisas ambientais, apresenta o Inventário completo para contribuir, agregar e enriquecer o Estado na busca pela melhoria da qualidade do ar. 6 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 9 2. PROJETOS DE PESQUISA - FEPAM .......................................................... 10 3. CONSIDERAÇÕES GERAIS ........................................................................... 10 3.1. O ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - PERFIL GEOGRÁFICO.................. 10 3.2. POLUENTES ATMOSFÉRICOS................................................................................ 12 3.3. PROCONVE ................................................................................................................ 16 3.4. COMBUSTÃO ............................................................................................................ 17 3.5. FUNCIONAMENTO DE UM MOTOR – CICLO DIESEL E CICLO OTTO...... 18 3.5.1. CICLO DIESEL .................................................................................................................... 18 3.5.2.CICLO OTTO.......................................................................................................................... 19 3.6. FATORES QUE INFLUENCIAM NAS EMISSÕES VEICULARES.................. 19 3.6.1. CARACTERÍSTICAS DA FROTA: ANO, MODELO E CATEGORIA VEICULAR19 3.6.2. TIPO E COMPOSIÇÃO DO COMBUSTÍVEL................................................................ 20 3.6.3. MODO DE OPERAÇÃO / SISTEMA DE TRÁFEGO LOCAL ................................... 20 4. METODOLOGIA DO INVENTÁRIO ..................................................................... 21 4.1. PRIMEIRA ETAPA – LEVANTAMENTO, ORGANIZAÇÃO DOS DADOS E LEGISLAÇÃO AMBIENTAL ................................................................................................ 22 4.2. SEGUNDA ETAPA – CÁLCULOS INTERMEDIÁRIOS E TOTAIS DAS EMISSÕES ATMOSFÉRICAS............................................................................................. 23 5. O RIO GRANDE DO SUL EM MACRORREGIÕES E O PERFIL DA FROTA CIRCULANTE .................................................................................................. 28 5.1. Macrorregião 1 - Região Metropolitana de Porto Alegre - RMPA.......... 31 5.2. Macrorregião 2 - Serra ............................................................................................ 32 5.3. Macrorregião 3 – Central ....................................................................................... 34 5.4. Macrorregião 4 – Missões ....................................................................................... 37 5.5. Macrorregião 5 - Norte............................................................................................. 39 5.6. Macrorregião 6 - Sul................................................................................................. 41 5.7. Macrorregião 7 - Campanha ................................................................................. 43 5.8. Macrorregião 8 - Litoral ......................................................................................... 45 6. CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS .......................................................................... 48 7 DISTRIBUIÇÃO DAS PRINCIPAIS FONTES FIXAS COM ALTO POTENCIAL POLUIDOR NAS MACRORREGIÕES ............................................................................... 50 8. USO DE BIODIESEL – METODOLOGIA ADAPTADA................................... 51 9. RESULTADOS ........................................................................................................... 57 7 9.1. Macrorregião 1 – Região Metropolitana de Porto Alegre ........................ 59 9.2. Macrorregião 2 – Serra ........................................................................................... 59 9.3. Macrorregião 3 – Central ....................................................................................... 60 9.4. Macrorregião 4 – Missões ....................................................................................... 60 9.5. Macrorregião 5 – Norte............................................................................................ 61 9.6. Macrorregião 6 – Sul ................................................................................................ 62 9.7. Macrorregião 7 – Campanha ................................................................................ 62 9.8. Macrorregião 8 – Litoral......................................................................................... 63 10.CONCLUSÕES.......................................................................................................... 64 ANEXO I. Síntese da Metodologia e Parâmetros Considerados no Inventário de Emissões Atmosféricas de Fontes Móveis do Estado do Rio Grande do Sul ....................................................................................................................... 67 ANEXO II – Um Relato Sobre a Formação de Ozônio na Troposfera ........... 70 ANEXO III - Emissões de CO2 .......................................................................................... 71 ANEXO IV - Projeto Estruturante em Agroenergia do Rio Grande do Sul . 73 ANEXO V - Descrição do Modelo de Dispersão de Poluentes............................ 74 ANEXO VI – TABELAS E FATORES DE EMISSÃO ................................................... 76 8 1. INTRODUÇÃO Com o crescimento das áreas urbanas nas últimas décadas, houve um aumento da concentração populacional, dos centros industriais, e principalmente do intenso tráfego de veículos. Conseqüentemente, encontram-se nessas áreas as maiores ocorrências de impactos sobre o meio ambiente. A atmosfera urbana contém diversos tipos de poluentes, constituindo uma das mais graves ameaças à qualidade de vida de seus habitantes. A frota veicular é a principal fonte de poluentes atmosféricos devido ao processo de combustão incompleta, emitindo principalmente monóxido de carbono (CO), hidrocarbonetos (HC ou CnHm), óxidos de enxofre (SOx), óxidos de nitrogênio (NOx) e material particulado (MP) (FEEMA - Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente, 2004). Apesar de uma série de melhorias implementadas em ambos os motores, a diesel e a gasolina, e nas tecnologias de controle de emissões como catalisadores pós-queima e alterações no combustível, as emissões veiculares ainda são uma questão importante na poluição do ar em áreas metropolitanas, devido ao continuo aumento da frota e no consequente agravamento das condições de tráfego. O aumento nos níveis de poluentes atmosféricos diminui consideravelmente a qualidade de vida da população devido aos efeitos adversos sobre a saúde. O monóxido de carbono, por exemplo, em concentrações relativamente pequenas no ambiente, pode causar concentrações tóxicas no sangue humano dificultando a liberação de oxigênio aos tecidos do corpo ( Varon et al., 1999). Tendo em vista que a emissão atmosférica de fontes móveis tem aumentado em significância, associado ao aumento do número de veículos tanto de passeio quanto de transporte e, principalmente, nos centros urbanos, a elaboração do Inventário de Emissões Atmosféricas de Fontes Móveis tem como objetivo ser uma ferramenta de gestão para qualidade do ar, apoiando o diagnóstico e as políticas públicas para regramento do licenciamento. 9 2. PROJETOS DE PESQUISA - FEPAM Uma das prioridades da FEPAM é o desenvolvimento de projetos pelo Programa de Pesquisas Ambientais para zonas de situação ambiental crítica, como a Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) e áreas formadoras da Bacia Hidrográfica do Guaíba. A partir das pesquisas, as divisões técnicas da FEPAM elaboram diagnósticos, normas e padrões para fiscalização e licenciamento, metodologias para estratégias de controle, planejamento e análise de projetos de Estudos de Impacto Ambiental/Relatórios de Impacto no Meio Ambiente (EIA/RIMA). Além disso, são produzidos Artigos Científicos publicados em revistas nacionais e internacionais. 3. CONSIDERAÇÕES GERAIS 3.1. O ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - PERFIL GEOGRÁFICO O Estado do Rio Grande do Sul pertence à região sul do Brasil e faz fronteiras ao norte com o Estado de Santa Catarina e com os países vizinhos Argentina e Uruguai a oeste e ao sul, respectivamente; sendo banhado pelo Oceano Atlântico, a leste. Abrange uma área de aproximadamente 281.748,54 km² que equivalem a 3,3% do território brasileiro, IBGE, 2010. O clima no Estado é considerado subtropical úmido com quatro estações bem definidas, invernos moderadamente frios, com influências de massas de ar polares e verões quentes. Atualmente, a influência das mudanças climáticas acarretou efeitos sobre o clima do Estado, acentuando as características de suas estações ainda consideravelmente bem definidas (MOREIRA, 2004). Devido às diferenças altimétricas, segundo a Classificação Climática de Köepen, o clima do Estado divide-se ainda no clima subtropical úmido com verões amenos, na Serra do Sudeste e na Serra do Nordeste, com temperaturas médias dos meses de verão 10 ficando abaixo dos 22 °C; e, nas demais regiões, clima úmido com verões quentes, onde a temperatura média do mais quente ultrapassa os 22 °C. Devido a sua latitute, o RS apresenta características peculiares como temperaturas negativas em algumas cidades durante o inverno e ocasional precipitação de neve principalmente nas regiões mais elevadas. Tendo em vista a presença do Oceano Atlântico, a parte centro-leste do Estado apresenta menor amplitude térmica e maior umidade relativa que a parte centro-oeste. Este efeito pode ser conhecido como maritimidade ou por oposição, continentalidade. O Estado apresenta chuvas bem distribuídas durante todos os meses do ano, sendo que na maior parte das vezes a ocorrência de precipitações ocorre devido a influência do ar polar que provoca a condensação do vapor de água contido na massa de ar quente. Devido à influência do relevo, as precipitações são mais intensas e freqüentes nas partes elevadas da Serra Geral do que nas demais regiões do Estado, pois a encosta aumenta a turbulência dos ventos úmidos vindos do oceano. O relevo do Estado é muito semelhante ao do resto do país, pois apresenta um substrato rochoso muito antigo que não sofre manifestações tectônicas expressivas a milhões de anos. É devido a isso e também pelos efeitos da erosão que as altitudes não são muito elevadas e o relevo é considerado suave, CONFORME Figura 1. FIGURA 1. Relevo RS – Fonte IBGE 11 As principais unidades de relevo são o Planalto Sul-Rio-Grandense, o Planalto Norte-Rio-Grandense, a Depressão Central, a Planície Litorânea e a Campanha; e cada unidade apresenta diferentes altitudes e formas predominantes. O planalto Sul-Rio-Grandense possui formações antigas que já foram muito atacadas pela erosão e, por isso, apresentam morros arredondados que geralmente não ultrapassam 300m de altitude. O planalto Norte-Rio-Grandense é formado por rochas antigas que estão cobertas por espessas camadas de rochas vulcânicas, sendo na parte leste e nordeste que se encontram as maiores elevações chegando a mais de mil metros de altitude. As altitudes vão diminuindo para oeste e na parte leste-sudeste o planalto termina em uma descida brusca, ou seja, em uma encosta. Nessa região apareceram escarpas abruptas e morros com declives acentuados devido à intensa erosão do clima úmido, formando belas paisagens. A depressão Central é uma faixa de terras relativamente baixas, planas ou onduladas, que separa as terras altas do planalto Norte-Rio-Grandense dos terrenos menos elevados do planalto Sul-Rio-Grandense. É mais perceptível na região central do Estado e constituída por rochas sedimentares antigas, onde é encontrado o carvão, principal recurso mineral do RS. A planície litorânea é formada por sedimentos recentes que foram depositados, sobretudo pelo mar e se estende ao longo do litoral do Estado. 3.2. POLUENTES ATMOSFÉRICOS As principais fontes poluidoras, que são os veículos automotores e as indústrias, estão presentes em todos os grandes centros urbanos. Nas últimas três décadas, o melhor conhecimento das origens, composições, comportamentos, interações e os mecanismos de ação desses verdadeiros inimigos da saúde pública têm mobilizado esforços e recursos tecnológicos e financeiros diversos. Estudos observacionais têm procurado mostrar, com resultados cada vez mais significativos, efeitos de morbidade e mortalidade associados aos poluentes do ar. Os principais poluentes atmosféricos são: • Monóxido de carbono (CO): resulta da oxidação parcial do carbono que ocorre devido a quantidades insuficientes de oxigênio no momento da queima. A relação ar e combustível adotada pode alterar de maneira considerável a quantidade de CO 12 emitida. Isto explica, em parte, a menor emissão de CO dos carros a álcool, pois estes possuem, em comparação com os carros a gasolina, uma melhor regulagem da quantidade de ar. Esse gás é conhecido pelo seu efeito letal quando inalado, pois combinado com a hemoglobina do sangue diminui a capacidade de oxigenação do cérebro, do coração e de outros tecidos orgânicos. Pode provocar tonturas, dor de cabeça, sono e redução de reflexos, e dependendo das condições de confinamento, pode chegar a casos extremos que resultam em morte. Sua ação maior é de efeito local, abrangendo quarteirões de uma área urbana próximos às fontes emissoras. • Óxidos de nitrogênio (NOx): resultam da combinação do oxigênio e nitrogênio presentes no ar admitido pelo motor em condições de altas temperaturas e pressões. Os NOx podem provocar irritação e constrição das vias respiratórias, diminuem a resistência orgânica e participam do desenvolvimento do enfisema pulmonar. À semelhança dos hidrocarbonetos, estes compostos se envolvem de forma ativa nas reações fotoquímicas que dão origem ao smog, uma grande massa de ar estagnado constituído por vários gases, vapor de água e fumaça. Em contato com o vapor d’água, o dióxido de nitrogênio transforma-se em ácido nítrico podendo estar presente na chuva ácida. • Óxidos de enxofre (SOx): resultam da oxidação do enxofre existente no combustível. Os óxidos de enxofre, se absorvidos pelo trato respiratório superior, podem provocar tosse, sensação de falta de ar, respiração ofegante, rinofaringites, diminuição da resistência orgânica às infecções, bronquite crônica e enfisema pulmonar. A ação dos óxidos de enxofre ocorre a nível local, regional e continental. O dióxido de enxofre ao reagir na atmosfera propicia a formação de partículas de sais de sulfato e de ácido sulfúrico, que também pode participar da composição da chuva ácida. • Material particulado (MP:) é constituído de partículas diminutas, que podem ser sólidas ou líquidas, formadas a partir da queima incompleta dos combustíveis e de seus aditivos, bem como do desgaste de pneus e freios. Os veículos a gasolina apresentam emissões de partículas de carbono, as quais servem de transporte para outras substâncias como os hidrocarbonetos. Os particulados finos apresentam uma grave 13 ameaça à saúde, pois quando inalados se instalam nos tecidos pulmonares. Estes materiais podem atuar a nível local, regional e continental. • Aldeídos (R-CHO): são formados pela oxidação incompleta dos combustíveis, especialmente no caso do álcool anidro. Constituem-se numa classe de poluentes caracterizada principalmente pelos aldeídos acético e fórmico. A toxidade dos aldeídos é, geralmente, caracterizada por irritação dos olhos, nariz, garganta e epiderme. Há evidências de que o aldeído fórmico, que também é formado durante a queima da gasolina, apresenta características carcinogênicas. Analogamente às emissões de evaporação de combustível e de combustível não queimado, os aldeídos participam das reações fotoquímicas na atmosfera. Deve-se observar que a solubilidade dos aldeídos nas gotículas d’água e aerossóis possibilita a reação com outras substâncias também solúveis, como os compostos de enxofre, fato que acaba por envolver os aldeídos no processo de formação de chuvas e nevoeiros ácidos. • Dióxido de carbono (CO2): devido a sua intensa participação nos desequilíbrios que afetam o efeito estufa e das implicações a nível global, há uma atenção particular quanto à emissão desta substância que é objeto de acompanhamento e supervisão permanente por diversos órgãos nacionais e internacionais. De uma maneira geral, o CO2 é emitido em veículos a gasolina, a álcool e a diesel. Argumenta-se que o CO2 emitido pelo uso do álcool seria contrabalançado pelo processo de fixação desta substância, necessário para o desenvolvimento da cana de açúcar ou qualquer outra cultura visando à produção de combustíveis, resultando na retirada deste gás da atmosfera. Esta característica colocaria o álcool em vantagem sobre a gasolina e o diesel, que pelo fato de ser renovável não acarretaria no acúmulo do CO2 na atmosfera. Entretanto esta argumentação apresenta algumas controvérsias. Na Tabela 1 estão apresentados os principais poluentes, suas características, suas fontes emissoras e seus efeitos sobre a saúde e o meio ambiente. 14 Tabela 1. Poluentes Atmosféricos POLUENTES CARACTERÍSTICAS FONTES PRINCIPAIS EFEITOS GERAIS SOBRE A SAÚDE EFEITOS AO MEIO AMBIENTE Partículas totais Partículas de materiais sólidos ou em líquidos que ficam suspensos no ar processos na veículos Suspensão (PTS) Fontes antropogênicas: Quanto menor o tamanho Danos à vegetação, industriais, da partícula maior o efeito automotores à saúde. Causam efeitos diminuição da aerossol, fumaça, fuligem, etc. Faixa (exaustão), poeira de rua, significativos em pessoas visibilidade e de tamanho <100 micra. ressuspensão, queima de com doença pulmonar, contaminação biomassa. Fontes naturais: asma e bronquite. solo. Agravamento de doenças Danos veículos respiratórias vegetação, aerossol prematuras. forma de poeira, neblina, do polens, aerossol marinho e de solo. Partículas Inaláveis (PM 10) Partículas de materiais sólidos ou Processo líquidos que ficam suspensos no ar industrial, na automotores forma de poeira, neblina, aerossol, fumaça, fuligem, etc. Faixa secundário de tamanho < 10 micra. atmosfera). de combustão e (formado e mortes à diminuição na visibilidade contaminação da e do solo. Dióxido de Enxofre (SO2) Gás incolor e de forte odor. Pode Processos de combustão de Desconforto ser transformado em SO3, que na óleo diesel e carvão. respiração, na Pode levar a doenças formação de chuva presença de vapor de água passa respiratórias, agravamento ácida, que causa rapidamente a H2SO4. O SO2 é um de doenças respiratórias e corrosão importante precursor dos sulfatos, cardiovasculares materiais e danos à que existentes. vegetação. combustão Agravamento da asma e Pode veículos da bronquite e diminuição formação de chuva processos da resistência às infecções ácida, que causa respiratórias. corrosão são componentes um dos das principais já aos partículas inaláveis. Dióxido de Gás marrom avermelhado, com Processo nitrogênio (NO2) odor forte e muito irritante. Pode envolvendo de levar a levar a formação de acido nítrico, automotores, nitratos (o qual contribui para o industriais, usinas térmicas aumento das partículas inaláveis na que utilizam óleo ou gás e materiais e danos à atmosfera) e compostos orgânicos incinerações. vegetação. aos tóxicos. Monóxido Carbono (CO) de Gás incolor, inodoro e levemente Combustão incompleta em Altos níveis de CO estão inflamável. veículos automotores. associados à diminuição dos reflexos e da capacidade aprendizado. Ozônio (O3) Gás incolor e inodoro em baixas Não é emitido diretamente Irritação nos olhos e vias Danos concentrações e é na atmosfera. É produzido respiratórias, diminuição vegetação. fotoquimicamente da capacidade pulmonar. o principal componente da névoa fotoquímica. pela radiação solar sobre os Exposição óxidos de nitrogênio e concentrações compostos resultar de sensações de voláteis. orgânicos a à altas pode aperto no peito, tosse e chiado na respiração. 15 3.3. PROCONVE O Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos AutomotoresPROCONVE, estabelecido e regulamentado desde 1986 pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, através de várias Resoluções e suportado pela Lei nº 8.723/93, estabelece as diretrizes, prazos e padrões legais de emissão admissíveis para as diferentes categorias de veículos e motores, nacionais e importados. O PROCONVE tem como base a experiência dos países desenvolvidos e exige que os veículos e motores novos atendam a limites máximos de emissão, em ensaios padronizados e com combustíveis de referência. O programa impõe ainda a certificação de protótipos, veículos, combustíveis alternativos, o recolhimento e o reparo dos veículos ou dos motores em desconformidade com a produção ou com o projeto, e proíbe a comercialização dos modelos de veículos não homologados segundo seus critérios. Todos os novos modelos de veículos e motores nacionais e importados são submetidos obrigatoriamente à homologação quanto à emissão de poluentes. Para tal, são analisados os parâmetros de engenharia do motor e do veículo relevantes à emissão de poluentes, sendo também submetidos a rígidos ensaios de laboratório, onde as emissões reais são quantificadas e comparadas aos limites máximos em vigor. O PROCONVE estabelece, baseado na Resolução CONAMA 315/02, novas etapas e limites para o controle das emissões de veículos leves, pesados e motores de aplicação veicular, e considera a qualidade do combustível e a concepção tecnológica do motor como os principais fatores da emissão dos poluentes. Para a obtenção da uma menor emissão possível, faz-se necessário dispor de tecnologias avançadas de combustão e de dispositivos de controle de emissão, bem como de combustíveis "limpos" (baixo potencial poluidor). O gerenciamento nacional fica a cargo do IBAMA, com a participação da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo – CETESB atuando como agente técnico conveniado. Este, juntamente com o IBAMA, é co-responsável pela implantação, operacionalização e atualização técnica do PROCONVE. 16 3.4. COMBUSTÃO O acréscimo das concentrações de poluentes na atmosfera são resultados de emissões provenientes de processos de combustão. O ar e a matéria orgânica são insumos básicos para a reação de combustão, sendo caracterizado como matéria orgânica as substâncias com alto teor do elemento químico carbono. As reações de combustão são exotérmicas liberam energia - consomem oxigênio (O2) e produzem basicamente dióxido de carbono (CO2) e água (H2O). O processo de combustão completa é aquele em que todo combustível encontra a quantidade estequiométrica de ar necessária para sua queima, representado pela Equação 1: CnHm + O2 +N2 → CO2 + H2O + N2 (1) Admitindo-se que a gasolina, o álcool e o diesel podem ser representados pelas respectivas fórmulas C8H18, C2H5OH, C18H38, pode-se considerar a seguintes equações estequiométricas para as reações de combustão: Gasolina: C8H18 + 12,5 O2 + 47 N2 8 CO2 + 9 H2O + 47 N2 Álcool: C2H5OH + 3 O2 + 11,28 N2 2 CO2 + 3 H2O + 11,28 N2 Diesel: C18H38 + 27,5 O2 + 103 N2 18 CO2 + 19 H2O + 103 N2 Na combustão incompleta, a relação combustível/ar não é a estequiométrica, o que ocasiona uma queima imperfeita com geração de poluentes. A gasolina pura ao reagir completamente com o oxigênio, forma basicamente H2O e CO2. Porém, em decorrência de fatores de tempo, imperfeição no contato dos reagentes e a presença de compostos indesejáveis (como o enxofre), a reação de combustão ocorrida no motor não se completa, resultando em hidrocarbonetos não queimados e CO. A combustão do diesel sofre influência dos mesmos fatores citados que prejudicam a reação e acabam formando material particulado e NOX. Estes três compostos 17 CO, HC e NOx - que são formados em grande quantidade a partir da combustão de combustíveis fósseis, constituem os principais poluentes veiculares emitidos atualmente. Nos veículos leves, automóveis, camionetas e furgões, as emissões são originárias de quatro fontes principais: o carburador, o tanque de combustível, o cárter e o escapamento, sendo que as emissões provenientes do escapamento representam cerca de 80% das emissões totais veiculares. (BAJAY e BERNI, 1994). 3.5. FUNCIONAMENTO DE UM MOTOR – CICLO DIESEL E CICLO OTTO O motor de combustão interna é uma máquina que utiliza a energia térmica gerada pela queima de algum combustível para gerar energia mecânica. Esta queima deveria gerar apenas CO2 e água, no entanto, devido a vários fatores, isso não ocorre. Existem dois tipos de motores: os de Ciclo Otto e os de Ciclo Diesel. Estes se diferenciam pela forma como o combustível é injetado nos motores, o que faz com que haja diferença nos tipos de emissões. 3.5.1. CICLO DIESEL Nos motores de ciclo Diesel, que são geralmente utilizados em veículos pesados, a combustão ocorre por compressão. O ar é admitido na câmara de combustão e então é comprimido pelo cilindro. Com o aumento da pressão ocorre um aumento de temperatura até aproximadamente 600ºC. A seguir, o diesel é injetado na câmara, fazendo com que se inicie a reação de combustão. Essa injeção causa a formação de regiões ricas e pobres em oxigênio na câmara, levando à geração de material particulado e NOX (Melchiors, 2007). O esquema de um motor ciclo Diesel é demonstrado na Figura 2. 18 Figura 2 - Motor Diesel (Fonte: Planeta Sustentável) 3.5.2.CICLO OTTO O motor de ciclo Otto é utilizado em veículos leves e é alimentado por vários combustíveis como álcool, gasolina ou Gás Natural Veicular – GNV. Neste tipo de motor a combustão ocorre por explosão. Esta ocorre quando a mistura de combustível e ar entra no cilindro e é comprimida, sendo a ignição feita através de uma centelha, provocando a queima. Neste tipo de motor é maior há formação de HC e CO, dependendo da relação entre ar e combustível. (Melchiors, 2007). O esquema de um motor ciclo Otto é demonstrado na Figura 3. Figura 3 - Motor do Ciclo Otto (Fonte: Planeta Sustentável) 3.6. FATORES QUE INFLUENCIAM NAS EMISSÕES VEICULARES 3.6.1. CARACTERÍSTICAS DA FROTA: ANO, MODELO E CATEGORIA VEICULAR As características dos veículos (tamanho, potência, peso) interferem no consumo de combustível e, conseqüentemente, nas emissões de poluentes. A idade do veículo também é um fator determinante para as emissões, pois as indústrias automobilísticas estão sempre em busca de novas soluções e tecnologias, ou seja, quanto mais novos os veículos, menos poluidores eles serão. Além disso, o uso do veículo provoca desgaste de peças e componentes afetando as características do motor e provocando a elevação nos índices de emissão (Monteiro, 1998). 19 3.6.2. TIPO E COMPOSIÇÃO DO COMBUSTÍVEL O tipo de combustível utilizado define a qualidade da queima da mistura arcombustível dentro do motor, influenciando na formação dos poluentes. A quantidade de enxofre presente no óleo diesel influencia diretamente a emissão de compostos de enxofre – SOX – e de material particulado. Além disso, os SOX são corrosivos e interferem na durabilidade dos motores, o que também interfere na qualidade da queima de combustível e conseqüentemente nas emissões de poluentes. A quantidade de impurezas presentes nos combustíveis também compromete a eficiência da combustão, causando um aumento nas emissões de CO e HC (Monteiro, 1998). 3.6.3. MODO DE OPERAÇÃO / SISTEMA DE TRÁFEGO LOCAL A emissão de poluentes depende diretamente das condições de tráfego e do modo de operação do veículo. Situações críticas como engarrafamentos e elevado tempo de semáforo aumentam consideravelmente as emissões de CO e CO2. Variáveis como velocidade utilizada, comportamento e estilo de dirigir de cada motorista pode provocar sensíveis diferenças no consumo e nas emissões de poluentes. No regime de marcha lenta o motor opera com uma mistura rica, ou seja, um excesso de combustível para a quantidade de ar aspirada pelo motor. Nestas condições há um aumento no consumo de combustível, comprometendo a eficiência da combustão e, conseqüentemente, elevando as taxas de emissão de poluentes. O excesso de peso em um veículo também pode causar danos ao motor, além de aumentar o consumo de combustível. Portanto, a condição mais favorável para a diminuição das emissões de poluentes é quando o veículo trafega com velocidade constante (Monteiro, 1998). 20 4. METODOLOGIA DO INVENTÁRIO Realizar um inventário sobre a emissão de poluentes de fontes móveis se faz necessário para diagnosticar o estado da qualidade do ar, avaliando as contribuições das emissões de poluentes pelos veículos em circulação. Um inventário de emissões do ar pode variar de um simples resumo das emissões estimadas, compilado a partir de dados publicados, até um inventário completo e apurado, usado para embasar resoluções. Assim, como existem diferentes tipos de inventários de emissões, seu uso é variado e em constante expansão (USEPA - United States Environmental Protection Agency, 1994). Entre os métodos utilizados para elaboração de um inventário há o que utiliza as estimativas dos fatores de emissão do veículo. Esses fatores estimam as emissões de fontes móveis quando combinados com as correções para os valores de quilometragem acumulada [kmAc], as estimativas de consumo de combustível e a autonomia de combustível da frota. Dados médios, locais ou regionais podem ser usados, dependendo da disponibilidade. O Inventário do Rio Grande do Sul é baseado em estudos anteriormente elaborados na FEPAM, adequados às metodologias aceitas nacionalmente e em consenso com os principais institutos internacionais. A partir dos dados disponíveis para o Estado considerase que a adaptação da metodologia “Botton Up” é a que melhor se harmoniza ao cenário gaúcho. A mesma possibilita a quantificação e identificação das emissões de poluentes de forma desagregada, ou seja, partindo dos consumidores finais e do uso dos veículos para avaliar o consumo total de combustíveis no Estado. A metodologia adotada neste trabalho foi baseada nos métodos para elaboração de inventários de emissões veiculares utilizada pela "Environmental Protection Agency", dos Estados Unidos, adequadas e corrigidas para a frota circulante do RS. As correções levam em consideração o praticado pela CETESB e pelo IEMA. Os procedimentos adotados para uma modelagem completa devem incluir todos os veículos licenciados aptos a utilizar as estradas da região. Ainda, numerosas características para cada tipo de veículo são necessárias antes dos cálculos totais. Estas 21 características incluem, entre outras, ano do modelo, a distribuição de idade, categoria (tipo de veículos), a quilometragem anual aproximada.. De forma abrangente o inventário foi dividido em duas etapas. Na primeira etapa, foram realizados o levantamento e organização dos dados da frota veicular, do consumo de combustíveis, da qualidade dos combustíveis e da autonomia dos veículos e fatores de emissão obtidos junto à CETESB. Posteriormente, dados intermediários e emissões totais foram calculados aplicando-se a metodologia modificada. As tabelas com os limites de emissão estão apresentadas no Anexo III. 4.1. PRIMEIRA ETAPA – LEVANTAMENTO, ORGANIZAÇÃO DOS DADOS E LEGISLAÇÃO AMBIENTAL Tendo em vista, a necessidade de um consistente embasamento teórico para este tipo de estudo, a confiabilidade nos dados adquiridos juntos aos respectivos Órgãos e/ou Institutos são imprescindíveis para que os mesmos permitam traduzir, a partir dos resultados gerados, a maior aproximação possível das quantidades de poluentes lançadas na atmosfera. Os dados oriundos do DETRAN/RS consistem na informação mais relevante para o cálculo do Inventário. Somam-se a esses dados as informações referentes ao consumo dos combustíveis gasolina, álcool e diesel, de suma importância para a caracterização das emissões atmosféricas. Junto à Agência Nacional do Petróleo - ANP foram obtidos os volumes dos combustíveis consumidos. Há uma considerável discrepância entre o real volume consumido e os valores fornecidos pela referida Agência, pois não é possível afirmar que um veículo abastecido em determinado município transite apenas no mesmo. Desta forma, para minimizar essas discrepâncias, obter os resultados de emissões no RS, identificar as áreas e frotas alvo e contribuir para o embasamento técnico de programas de melhorias da qualidade do ar, o Estado foi dividido em Macrorregiões. A determinação das Macrorregiões levou em consideração os aspectos ambientais tais como a influência das características geográficas e climáticas, as áreas de possível circulação dos veículos da região, a divisão territorial utilizada pelo DETRAN/RS e o número de veículos. 22 Os 496 municípios do Estado foram agrupados em 8 (oito) Macrorregiões e inventariadas as emissões dos principais poluentes, em conformidade com os limites e parâmetros exigidos na metodologia escolhida. A partir destas informações foi possível traçar o perfil da frota e os veículos foram agrupados, para fins dos cálculos, por tipos de combustíveis e ano de fabricação desde pré-1980 até o ano de 2009. Neste estudo foram considerados apenas os veículos a combustão interna movidos por gasolina, álcool, flex e diesel; sendo as motos consideradas separadamente devido a sua contribuição elevada nas emissões. A CETESB desenvolveu as bases técnicas que culminaram, juntamente com a Resolução CONAMA Nº 18/1986, no estabelecimento do já descrito PROCONVE, posteriormente complementado por outras Resoluções CONAMA, que estabelece as diretrizes, prazos e padrões legais de emissão admissíveis para as diferentes categorias de veículos e motores, nacionais e importados. Os limites de emissão para veículos leves e pesados são determinados pela Lei Federal Nº 8723 de 29 de outubro de 1993. 4.2. SEGUNDA ETAPA – CÁLCULOS INTERMEDIÁRIOS E TOTAIS DAS EMISSÕES ATMOSFÉRICAS Na segunda etapa foram calculadas as taxas de emissões atmosféricas, através da Equação 2: E = Fe. Km. N. 10-6 (2) onde, E= taxa de emissão (t/ano); Fe= fator de emissão (g/km); km = quilometragem média rodada por veículo (km/dia); N= número de veículos. A Equação 2 foi aplicada para cada ano de fabricação: E ano de interesse = ∑ E ano a ano (3) 23 Como o Estado não apresenta dados reais ou equipamentos capazes de mensurar a quilometragem média rodada pelos veículos, esta defasagem foi estimada utilizando equação (4) de cálculo das taxas de emissões atmosféricas: E = Fe. A. C. N. 10-6 (4) onde: E = taxa de emissão (t/ano); Fe = Fator de emissão (g/km); A = autonomia dos veículos (km/L); C = consumo de combustíveis (L/ano); N= número de veículos. Na Equação 4 foram necessárias algumas adequações devido às diferenças tecnológicas dos veículos, em virtude do ano de fabricação. Desta maneira, esta equação é resolvida efetuando-se cálculos intermediários descritos nos organogramas para ciclo Otto e ciclo Diesel apresentados nas Figuras 4 e 5, respectivamente. As emissões totais para cada poluente no ano de interesse foram a soma das emissões de todos os veículos em circulação no ano de 2009. Figura 4. Organograma dos cálculos Ciclo Otto. Quilometragem do Veículo (km/ano) Ônibus e Microônibus (I) km estimada da frota ponderada Caminhões, caminhonetes e camionetas (II) Consumo do Veículo (L/ano) Fatores de Emissão corrigidos para massa Consumo Ponderado em massa (I) e (II) Fatores de Emissão por categoria (I) e (II) Correção dos Fatores de Emissão devido à adição de biodiesel km estimada da frota corrigida Cálculo das Emissões Atmosféricas (I) e (II) Consumo médio da frota corrigido (L) Emissões Atmosféricas Totais e por Municípios da RMPA Consumo estimado da frota (L) ponderada Fator de correção: ANP/ consumo 24 Figura 5. Organograma dos cálculos Ciclo Diesel É importante considerar os cálculos intermediários tendo em vista que um carro com tecnologia mais antiga apresenta maiores taxas de emissões de poluentes em comparação a um veículo zero quilômetro. Considerando o desgaste que ocorrem devido ao sucateamento e ao uso dos veículos, foi possível aproximar uma curva para os dados locais e estimar o quanto os veículos são deteriorados com o passar dos anos e também uma quilometragem acumulada até o ano atual. Conforme previsto, uma conseqüência desta quilometragem acumulada é o aumento, mesmo que sob manutenção adequada, dos fatores de emissão corrigidos, especialmente do CO e dos HC. Na metodologia as correções utilizadas são concernentes com o utilizado no 1º Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários, inclusive no que se faz referência a Iui. conforme Figuras 6 e 7. Figura 6. Equação apresentada no Inventário Nacional Brasileiro 25 Figura 7. Organograma apresentado no Inventário Nacional. Ainda, para corrigir o fator de uso, fez-se necessário a utilização das curvas de sucateamento para automóveis e comerciais leves, cujos dados foram plotados no Software Excel Microsoft Office obedecendo as faixas etárias de fabricação, Figura 8. A partir da curva obtida dos dados de Uria, 1996 foi aproximada uma linha de tendência polinomial de 5ª ordem que permitiu caracterizar o fator de uso a ser aplicado a cada ano de fabricação correspondente ao veículo em circulação no ano de 2009. Figura 8. FONTE: FEPAM – a partir dados Uria, 1996 O IEMA – Instituto de Energia e Meio Ambiente, faz a utilização da Distribuição de Weibull, - uma função estatística amplamente usada em análise de confiabilidade e de tempos de vida e, consequentemente, tem sido utilizada para representar o 26 sucateamento de veículos, e, portanto, adequada para estimativas de frotas veiculares baseadas em dados de licenciamento ou vendas de veículos novos a partir dos dados da ANFAVEA. Também tem sido utilizada no modelo de emissões proposto pela IPIECA (International Petroleum Industry Environmental Conservation Association). Todavia, para o Inventário gaúcho a aproximação para cada uma das macrorregiões foi feita separadamente para a caracterização da intensidade de uso, fazendo a aproximação polinomial citada. Este fator de uso ou intensidade de uso é imprescindível para aproximar a quilometragem rodada pelo veículo partindo do princípio que um veículo novo do ciclo Otto percorre 22.000 km (CETESB) ao ano e não é possível afirmar que um veículo novo rode o mesmo que um veículo com tecnologia anterior. Sendo assim, é pertinente a adequação destas estimativas desde que consideradas a variação da área (área física) e que seja desconsiderado os efeitos de dispersão na atmosfera para estimar a km rodada. As seqüências de correções representam, especificamente, a estimativa de consumo de combustível e a autonomia de combustível da frota. Dados médios locais ou regionais podem ser usados, dependendo da disponibilidade. Os fatores de emissão corrigidos para veículos usados são obtidos multiplicando-se os fatores de emissão dos veículos no ano em questão por um fator de deterioração (FD). Como a frota veicular é calculada para o final de cada ano, o fator de deterioração é aplicado, inclusive, nos veículos fabricados no último ano. Desta forma, o fator de emissão corrigido para uma determinada quilometragem passa a ser: Fecorrigido = FE x FD (5) O fator de deterioração foi calculado conforme as recomendações da USEPA. Contudo, não foi possível aplicar este cálculo de forma direta devido ao lapso de tempo entre a tecnologia dos veículos que rodam nos Estados Unidos e no Brasil. Assim, adotou-se para os veículos nacionais anteriores a 1980 até 1991 os fatores de deterioração dos modelos pré68 dos EUA. Para os veículos fabricados entre 1992 e 1996, os fatores dos modelos 1982 norte-americanos e para os veículos fabricados a partir de 1997, os fatores de deterioração dos veículos modelo 1990. A respeito dos fatores de emissão o Inventário Nacional aponta as dificuldades existentes e justifica o uso dos fatores de emissão para veículos/motores novos, também apresentados no Anexo VI. 27 5. O RIO GRANDE DO SUL EM MACRORREGIÕES E O PERFIL DA FROTA CIRCULANTE No que concerne elaboração do Inventário de Emissões Atmosféricas do RS , para cada macrorregião são apresentados os municípios que compõem, a distribuição da frota, o consumo de combustíveis e a contribuição das emissões veiculares na qualidade do ar. MACRORREGIÕES DO PCPV 12345678- RMPA SERRA CENTRAL MISSÕES NORTE SUL CAMPANHA LITORAL NORTE Figura 9- As macrorregiões do RS O Estado do RS ocupa uma área aproximada de 272 mil km2, com uma população de 10.500.900 habitantes (IBGE,2005) com uma motorização de 4.138.550 unidades e um crescimento anual médio de aproximadamente 5%. As figuras 10, 11, 12 e 13, demonstram o crescimento da frota ao longo dos anos, a distribuição dos veículos nas macrorregiões contempladas no Plano, a distribuição do consumo de combustíveis e a distribuição por tipo de veículos, respectivamente. 28 19 98 19 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 20 09 Nº de Veículos 5000000 4500000 4000000 3500000 3000000 2500000 2000000 1500000 1000000 500000 0 Anos Figura 10. Evolução da Frota em Circulação. Distribuição Frota 25% % de veículos 20% 15% 10% 5% 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 20 09 98 97 96 95 94 93 92 91 90 89 88 -8 7 -8 5 86 84 80 Pr é 80 -8 3 0% Ano de Fabricação RMPA SERRA CENTRAL MISSÕES NORTE SUL CAMPANHA LITORAL FIGURA 11. Evolução Frota Circulante por Macro Região em 2009 A maioria da frota circulante no Estado utiliza gasolina, com predominância dos automóveis e das motocicletas. 29 Distribuição da Frota por Tipo de Combustível GNV; 1,1% Álcool; 4,6% Flex; 12,6% Diesel; 8,8% Gasolina; 72,9% GNV Flex Gasolina Diesel Álcool FIGURA 12. Distribuição da frota por tipo de combustível em 2009 Distribuição da Frota por Tipo de veículo no RS ônibus 0,68% microônibus 0,31% motos 20,52% caminhonetas 4,53% caminonetas 4,75% automóveis 64,27% caminhões 4,94% automóveis caminhões caminonetas ônibus microônibus motos caminhonetas FIGURA 13. Distribuição da frota por tipo de veículos em 2009 30 5.1. Macrorregião 1 - Região Metropolitana de Porto Alegre - RMPA A macrorregião RMPA é composta por 31 municípios que abrangem aproximadamente 10 mil km2 e uma população de 3.893.841 habitantes. Os municípios são: • ALVORADA • ESTEIO • PORTO ALEGRE • ARARICÁ • GLORINHA • ST.ANTÔNIO DA PATRULHA • ARROIO DOS RATOS • GRAVATAÍ • SÃO JERÔNIMO • CACHOEIRINHA • GUAÍBA • SÃO LEOPOLDO • CAMPO BOM • IVOTI • SAPIRANGA • CANOAS • MONTENEGRO • SAPUCAIA DO SUL • CAPELA DE SANTANA • NOVA HARTZ • TAQUARA • CHARQUEADAS • NOVA SANTA RITA • TRIUNFO • DOIS IRMÃOS • NOVO HAMBURGO • VIAMÃO • ELDORADO DO SUL • PAROBÉ • ESTANCIA VELHA • PORTÃO A macrorregião RMPA está localizada conforme a Figura 14: Figura 14 - Macrorregião RMPA 31 Esta macrorregião possui uma frota circulante de 1.575.472 veículos com uma distribuição por tipo de combustível conforme a Figura 15. Figura 15 - Frota circulante Macrorregião 1 – RMPA O perfil da frota circulanete predominante, gasolina, distribuída por ano de fabricação na Macro 1 – RMPA é demonstrado na Figura 16. 12% % de veículos 10% 8% 6% 4% 2% 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 20 09 98 97 96 95 94 93 92 90 91 89 88 Pr é 80 80 -8 3 84 -8 5 86 -8 7 0% Ano de Fabricação Figura 16 - Frota circulante por ano de fabricação Macrorregião 1 – RMPA 5.2. Macrorregião 2 - Serra A macrorregião Serra é composta por 44 municípios que abrangem aproximadamente 18 mil km2 e uma população 992.146 habitantes. Os municípios são: • ANTONIO PRADO • BOM JESUS • CARLOS BARBOSA • BENTO GONÇALVES • CAMBARA DO SUL • CAXIAS DO SUL • BOA VISTA DO SUL • CANELA • CORONEL PILAR 32 • COTIPORÃ • MONTE BELO DO SUL • SANTA TEREZA • FAGUNDES VARELA • MORRO REUTER • SÃO FRANCISCO DE PAULA • FARROUPILHA • NOVA ARAÇÁ • SÃO JOSÉ DO HORTÊNCIO • FLORES DA CUNHA • NOVA BASSANO • SÃO JOSÉ DOS AUSENTES • GARIBALDI • NOVA PÁDUA • SÃO MARCOS • GRAMADO • NOVA PETRÓPOLIS • SERAFINA CORREA • GUAPORÉ • NOVA PRATA • TRÊS COROAS • IGREJINHA • NOVA ROMA • UNIÃO DA SERRA • IPÊ • PICADA CAFÉ • VERANÓPOLIS • JAQUIRANA • PRESIDENTE LUCENA • VILA FLORES • VISTA ALEGRE DO PRATA • LINDOLFO COLLOR • PROTÁSIO ALVES • MONTAURI • SANTA MARIA DO HERVAL A macrorregião Serra está localizada conforme a Figura 17: Figura 17 - Macrorregião 2 - Serra Esta macrorregião possui uma frota circulante de 489.491 veículos com uma distribuição por tipo de combustível conforme a Figura 18. 33 Figura 18 - Frota circulante Macrorregião 2 – Serra O perfil da frota circulante predominante, gasolina, distribuída por ano de fabricação na Macro 2 – SERRA é demonstrado na Figura 19. 14% 12% % de veículos 10% 8% 6% 4% 2% 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 20 09 98 97 96 95 94 93 92 91 89 90 88 Pr é 80 80 -8 3 84 -8 5 86 -8 7 0% Ano de Fabricação Figura 19 - Frota circulante por ano de fabricação Macrorregião 2 – SERRA 5.3. Macrorregião 3 – Central A macroregião Central é composta por 82 municípios que abrangem aproximadamente 22 mil km2 e uma população 867.522 habitantes. Os municípios são: • AGUDO • BOQUEIRÃO DO LEÃO • CRUZEIRO DO SUL • ALTO FELIZ • BROCHIER • DIONA FRANCISCA • ANTA GORDA • BUTIÁ • DOIS LAJEADOS • ARROIO DO MEIO • CACHOEIRA DO SUL • DOUTOR RICARDO • ARROIO DO TIGRE • CANDELARIA • ENCANTADO • ARVOREZINHA • CANUDOS DO VALE • ENCRUZILHADA DO SUL • BARÃO • CAPITÃO • ESTRELA • BARROS CASSAL • CERRO BRANCO • FAXINAL DO SOTURNO • BOM PRINCÍPIO • COLINAS • FAZENDA VILANOVA • BOM RETIRO DO SUL • COQUEIRO BAIXO • FELIZ 34 • FONTOURA XAVIER • PANTANO GRANDE • SÃO VALENTIM • FORMIGUEIRO • PARAÍSO DO SUL • SÃO VENDELINO DO SUL • FORQUETINHA • PARECI NOVO • SEGREDO • GENERAL CAMARA • PASSA SETE • SÉRIO • GRAMADO XAVIER • PASSO DO SOBRADO • SILVEIRA MAIRTINS • HARMONIA • PAVERAMA • SINIMBU • HERVEIRAS • PINHAL GRANDE • SOBRADINHO • IBARAMA • POÇO DAS ANTAS • TABAÍ • ILOPÓLIS • POUSO NOVO • TAQUARI • IMIGRANTE • PROGRESSO • TEUTONIA • ITAPUCA • PUTINGA • TRAVESSEIRO • IVORÁ • RELVADO • TUNAS • LAGOA BONITA DO SUL • RESTINGA SECA • TUPANDI • LAGOÃO • RIO PARDO • VALE DO SOL • LAJEADO • ROCA SALES • VALE REAL • LINHA NOVA • SALVADOR DO SUL • VALE VERDE • MARATÁ • SANTA CLARA DO SUL • VENÂNCIO AIRES • MARQUES DE SOUZA • SANTA CRUZ DO SUL • VERA CRUZ • MATO LEITÃO • SANTA MARIA • VESPASIANO CORREA • MINAS DO LEÃO • SÃO JOÃO DO POLESINE • WESTFALIA • MUÇUM • SÃO JOSÉ DO HERVAL • NOVA BRÉSCIA • SÃO PEDRO DA SERRA • NOVA PALMA • SÃO SEBASTIÃO DO CAÍ • NOVO CABRAIS • SÃO SEPÉ A macrorregião Central está localizada conforme a Figura 20: Figura 20 - Macrorregião 3 - Central 35 Esta macrorregião Central possui uma frota circulante 377.349 veículos com uma distribuição por tipo de combustível conforme a Figura 21. CENTRAL 8% 4% GASOLINA GASOLINA (MOTOS) 29% DIESEL 59% ÁLCOOL FIGURA 21. Frota Circulante Macrorregião 3 - CENTRAL O perfil da frota circulante predominante, gasolina, distribuída por ano de fabricação na Macro 3 - CENTRAL é demonstrado na Figura 22. 18% 16% 12% 10% 8% 6% 4% 2% 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 20 09 98 97 96 95 94 93 92 91 90 89 88 8 80 0 -8 84 3 -8 86 5 -8 7 0% Pr é % de veículos 14% Ano de Fabricação Figura 22 - Frota circulante por ano de fabricação Macrorregião 3 – CENTRAL 36 5.4. Macrorregião 4 – Missões A macrorregião Missões é composta por 104 municípios que abrangem aproximadamente 39 mil km2 e uma população 995.731 habitantes. Os municípios são: • AJURICABA • FORTALEZA DOS VALES • SALVADOR DAS MISSÕES • ALECRIM • GARRUCHOS • SANTA BARBARA DO SUL • ALEGRIA • GIRUÁ • SANTA ROSA • ALTO ALEGRE • GUARANI DAS MISSÕES • SANTO ÂNGELO • AUGUSTO PESTANA • HORIZONTINA • SANTO ANTÔNIO DAS MISSÕES • BARRA DO GUARITA • HUMAITA • SANTO AUGUSTO • BOA VISTA DO CADEADO • IBIRAPUITÃ • SANTO CRISTO • BOA VISTA DO INCRA • IBIRUBÁ • SÃO JOSE DO INHACORÁ • BOA VISTA DO BURICA • IJUI • SÃO LUIZ GONZAGA • BOM PROGRESSO • INDEPENDÊNCIA • SÃO MARTINHO • BOSSOROCA • INHACORÁ • SÃO • BOZANA • ITACURUBI • BRAGA • JACUIZINHO • CAIBATE • JOIA • CAMPINA DAS MISSÕES • LAGOA MIGUEL DAS MISSÕES DOS • TRÊS SÃO NICOLAU • SÃO PAULO DS MISSÕES • SÃO PEDRO DO BUTIA • CAMPO NOVO CANTOS • SÃO VALÉRIO DO SUL • CAMPOS BORGES • MATO QUEIMADO • SEDE NOVA • CANDIDO GODOI • MIRAGUAI • SELBACH • SENADOR • CATUIPE • MORMAÇO • CERRO LARGO • NÃO ME TOQUE SALGADO FILHO • CHIAPETA • NOVA CANDELARIA • SETE DE SETEMBRO • COLORADO • NOVA RAMADA • SOLEDADE • CONDOR • NOVO MACHADO • TAPERA • TENENTE PORTELA • CORONEL BARROS • PARAMBI • CORONEL BICACO • PEJUÇARA • TIO HUGO • CRISSIUMAL • PIRAPÓ • TIRADENTES DO SUL • CRUZ ALTA • PORTO LUCENA • TRÊS DE MAIO • PORTO MAUÁ • TRÊS PASSOS • PORTO VERA CRUZ • TUCUNDUVA TUPARENDI • DERRUBADAS • DEZESSEIS NOVEMBRO • PORTO XAVIER • • DOUTOR MAURICIO CARDOSO • QUINZE DE NOVEMBRO • UBIRETAMA • ENTRE IJUIS • REDENTORA • VICTOR GRAEFF • ESPERANÇA DO SUL • ROLADOR • VISTA GAÚCHA • VITÓRIA DAS MISSÕES DE • ESPUMOSO • ROQUE GONZALES • ESTRELA VELHA • SALDANHA MARINHO • EUGÊNIO DE CASTRO • SALTO DO JACUI 37 A macrorregião Missões está localizada conforme a Figura 23: Figura 23 - Macrorregião 4 - Missões Esta macrorregião possui uma frota circulante 389.227 veículos com uma distribuição por tipo de combustível conforme a Figura 24. FIGURA 24 - Frota circulante Macrorregião 4 – Missões 38 O perfil da frota circulante predominante, gasolina, distribuída por ano de fabricação na Macro 4 - MISSÕES é demonstrado na Figura 25. 25% % de veículos 20% 15% 10% 5% 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 20 09 98 96 97 95 94 93 92 91 89 90 88 Pr é 80 80 -8 3 84 -8 5 86 -8 7 0% Ano de Fabricação Figura 25 - Frota circulante por ano de fabricação Macrorregião 4 – MISSÕES 5.5. Macrorregião 5 - Norte A macroregião Norte é composta por 125 municípios que abrangem aproximadamente 34 mil km2 e uma população 1.047.324 habitantes. Os municípios são: • ÁGUA SANTA • CHAPADA • GRAMADO DOS LOUREIROS • ALM TAMANDARÉ DO SUL • CHARRUA • GUABIJU • ALPESTRE • CIRIACO • IBIACA • AMETISTA DO SUL • CONSTANTINA • IBIRAIARAS • ANDRÉ DA ROCHA • COQUEIROS DO SUL • IPIRANGA DO SUL • ARATIBA • COXILHA • IRAÍ • AUREA • CRISTAL DO SUL • ITATIBA DO SUL • BARAO DE COTEGIPE • CRUZALTENSE • JABOTICABA • BARRA DO RIO AZUL • DAVID CANABARRO • JACUTINGA • BARRA FUNDA • DOIS IRMAOS DAS MISSOES • LAGOA VERMELHA • BARRACAO • ENGENHO VELHO • LAJEADO DO BUGRE • BENJAMIN CONSTANT DO SUL • ENTRE RIOS DO SUL • LIBERATO SALZANO • BOA VISTA DAS MISSOES • EREBANGO • MACHADINHO • CACIQUE DOBLE • ERECHIM • MARAU • CAIÇARA • ERNESTINA • MARCELINO RAMOS • CAMARGO • ERVAL GRANDE • MARIANO MORO • CAMPESTRE DA SERRA • ERVAL SECO • MATO CASTELHANO • CAMPINAS DO SUL • ESMERALDA • MAXIMILIANO DE ALMEIDA • CAPAO BONITO DO SUL • ESTAÇÃO • MONTE ALEGRE DOS CAMPOS • CARAZINHO • FAXINALZINHO • MUITOS CAPõES • CARLOS GOMES • FLORIANO PEIXOTO • MULITERNO • CASCA • FREDERICO WESTPHALEN • NICOLAU VERGUEIRO • CASEIROS • GAURAMA • NONOAI • CENTENÁRIO • GENTIL • NOVA ALVORADA • CERRO GRANDE • GETULIO VARGAS • NOVA BOA VISTA 39 • NOVO BARREIRO • RODEIO BONITO • SEBERI • NOVO TIRADENTES • RONDA ALTA • SERTÃO • NOVO XINGU • RONDINHA • SEVERIANO DE ALMEIDA • PAIM FILHO • SAGRADA FAMILIA • TAPEJARA • PALMEIRA DAS MISSOES • SANANDUVA • TAQUARUÇU DO SUL • PALMITINHO • SANTA CECILIA DO SUL • TRÊS ARROIOS • PARAÍ • SANTO ANTONIO DOPALMA • TRÊS PALMEIRAS • PASSO FUNDO • SANTO ANTONIO DO PLANALTO • TRINDADE DO SUL • PAULO BENTO • SANTO EXPEDITO DO SUL • TUPANCI DO SUL • PINHAL • SAO DOMINGOS DO SUL • VACARIA • PINHAL DA SERRA • SAO JOAO DA URTIGA • VANINI • PINHEIRINHO DO VALE • SÃO JORGE • VIADUTOS • PLANALTO • SAO JOSE DAS MISSOES • VICENTE DUTRA • PONTÃO • SAO JOSE DO OURO • VILA LÂNGARO • PONTE PRETA • SÃO PEDRO DAS • VILA MARIA • QUATRO IRMAOS • SAO VALENTIM • VISTA ALEGRE • RIO DOS INDIOS • SARANDI MISSOES A macrorregião Norte está localizada conforme a Figura 26: Figura 26- Macrorregião 5 – Norte Esta macrorregião possui uma frota circulante 428.543 veículos com uma distribuição por tipo de combustível conforme a Figura 27. 40 Figura 27- Frota circulante Macrorregião 5 – Norte O perfil da frota circulante predominante, gasolina, distribuída por ano de fabricação na Macro 5 - NORTE é demonstrado na Figura 28. 20% 18% % de veículos 16% 14% 12% 10% 8% 6% 4% 2% 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 20 09 98 96 97 95 94 93 92 91 89 90 88 Pr é 80 80 -8 3 84 -8 5 86 -8 7 0% Ano de Fabricação Figura 28 - Frota circulante por ano de fabricação Macrorregião 5 – NORTE 5.6. Macrorregião 6 - Sul A macroregião Sul é composta por 40 municípios que abrangem aproximadamente 60 mil km2 e uma população 1.201.592 habitantes. Os municípios são: • ACEGUÁ • CANDIOTA • HERVAL • AMARAL FERRADOR • CANGUÇU • HULHA NEGRA • ARAMBARÉ • CAPÃO DO LEÃO • JAGUARÃO • ARROIO DE PADRE • CERRITO • LAVRAS DO SUL • ARROIO GRANDE • CERRO GRANDE DO SUL • MARIANA PIMENTEL • BAGÉ • CHUÍ • MORRO REDONDO • BARÃO DO TRIUNFO • CHUVISCA • PEDRAS ALTAS • BARRA DO RIBEIRO • CRISTAL • PEDRO OSÓRIO • CAÇAPAVA DO SUL • DOM FELICIANO • PELOTAS • CAMAQUÃ • DOM PEDRITO • PINHEIRO MACHADO 41 • PIRATINI • SÃO JOSÉ DO NORTE • TAPES • RIO GRANDE • SÃO LOURENÇO DO SUL • TURUÇU • SANTA VITÓRIA DO PALMAR • SENTINELA DO SUL • • SANTANA DA BOA VISTA • SERTÃO SANTANA A macrorregião Sul está localizada conforme a Figura 29: Figura 29 - Macrorregião 6 - Sul Esta macrorregião possui uma frota circulante 447467 veículos com uma distribuição por tipo de combustível conforme a Figura 29. 42 Figura 30 - Frota circulante Macrorregião 6 – Sul O perfil da frota circulante predominante, gasolina, distribuída por ano de fabricação na Macro 6 - SUL é demonstrado na Figura 30. 20% 18% % de veículos 16% 14% 12% 10% 8% 6% 4% 2% 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 20 09 98 97 96 95 94 93 92 91 90 89 88 Pr é 80 80 -8 84 3 -8 5 86 -8 7 0% Ano de Fabricação Figura 31 - Frota circulante por ano de fabricação Macrorregião 6- SUL 5.7. Macrorregião 7 - Campanha A macrorregião Campanha é composta por 46 municípios que abrangem aproximadamente 77 mil km2 e uma população 1.191.320 habitantes. Os municípios são: • AGUDO • ALEGRETE • FAXINAL FORMIGUEIRO • MATA IBARAMA • NOVA PALMA • NOVA ESPERANÇA DO SOTURNO • BARRA DO QUARAÍ • • CACEQUI • • CACHOEIRA DO SUL • ITAARA • CERRO BRANCO • ITAQUI • DILERMANDO • IVORÁ • DO DE • MAÇAMBARA • MANOEL VIANA SUL • PARAÍSO DO SUL AGUIAR • JAGUARI • PINHAL GRANDE DONA FRANCISCA • JARI • QUARAÍ • JULIO DE CASTILHOS • QUEVEDOS 43 • RESTINGA SECA • ROSÁRIO DO SUL • SANTA • MARGARIDA DO SUL • SANTANA • SANTIAGO • SÃO BORJA • LAGOA BONITA DO SUL • SÃO SEPÉ • SÃO VICENTE DO SUL • SILVEIRA MARTINS • SÃO GABRIEL • SÃO JOÃO DO POLESINE DO LIVRAMENTO SÃO FRANCISCO DE ASSIS • • SÃO MARTINHO DA • TOROPI • TUPANCIRETÃ • UNISTALDA SERRA • URUGUAIANA SÃO PEDRO DO SUL • VILA NOVA DO SUL A macrorregião Campanha está localizada conforme a Figura 32. Figura 32 - Macrorregião 7 - Campanha 44 Esta macrorregião possui uma frota circulante 373375 veículos com uma distribuição por tipo de combustível conforme a Figura 33. Figura 33 - Frota circulante Macrorregião 7 – Campanha O perfil da frota circulante predominante, gasolina, distribuída por ano de fabricação na Macro 7 – CAMAPNHA é demonstrado na Figura 34. 25% % de veículos 20% 15% 10% 5% 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 20 09 98 96 97 95 94 92 93 91 89 90 88 Pr é 80 80 -8 3 84 -8 5 86 -8 7 0% Ano de Fabricação Figura 34 - Frota circulante por ano de fabricação Macrorregião 7- CAMPANHA 5.8. Macrorregião 8 - Litoral A macrorregião Litoral é composta por 24 municípios que abrangem aproximadamente 8 mil km2 e uma população 296.732 habitantes. Os municípios são: 45 • • ARROIO DO SAL MOSTARDAS • BALNEÁRIO PINHAL • OSÓRIO • CAPÃO DA CANOA • PALMARES DO SUL • CAPIVARI DO SUL • RIOZINHO • CARAÁ • ROLANTE • CIDREIRA • TAVARES • DOM PEDRO DE ALCÂNTARA • TERRA DE AREIA • IMBÉ • TORRES • ITAITI • TRAMANDAÍ • MAMPITUBA • TRÊS CACHOEIRAS • MAQUINÉ • TRÊS FORQUILHAS • MORRINHOS DO SUL • XANGRILÁ A macrorregião Litoral está localizada conforme a Figura 35: Figura 35 - Macrorregião 8 - Litoral 46 Esta macrorregião possui uma frota circulante 107332 veículos com uma distribuição por tipo de combustível conforme a Figura 36. Figura 36 - Frota circulante Macrorregião 8 – Litoral O perfil da frota circulante predominante, gasolina, distribuída por ano de fabricação na Macro 8 - LITORAL é demonstrado na Figura 37 18% 16% 12% 10% 8% 6% 4% 2% 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 20 09 98 97 96 95 93 94 92 91 90 89 88 80 80 -8 3 84 -8 86 5 -8 7 0% Pr é % de veículos 14% Ano de Fabricação Figura 37 - Frota circulante por ano de fabricação Macrorregião 8- LITORAL 47 6. CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS O perfil da emissão de poluentes, com relação à quantidade, depende do tipo de combustível e do motor empregado. Por esta razão, um veículo movido a gasolina não polui da mesma forma que outro veículo a álcool, um veículo a diesel ou uma motocicleta. Os veículos novos são menos poluidores devido às soluções tecnológicas fornecidas pelas indústrias automobilísticas. Do ponto de vista ambiental, o Brasil já produz um dos melhores combustíveis do mundo, sendo pioneiro em relação à adição de compostos oxigenados à gasolina - atualmente em 25% de álcool. O ingresso da frota de veículos movidos a GNV e/ou caráter flexível (álcool/gasolina) deve modificar o quadro de emissões atuais, promovendo a melhoria da qualidade do ar. A estimativa das emissões poderá ser melhorada quando os postos de inspeção e manutenção forem implementados, pois será possível obter uma noção mais precisa da quilometragem rodada pela frota a cada ano. O consumo de combustíveis no RS, em 2009, segundo o banco de dados da ANP, foi o seguinte: gasolina: 2.245.508 (m3/ano); diesel: 2.771.292 (m3/ano); álcool : 403.028 (m3/ano), conforme Figura 38. Distribuição dos Combustíveis RS/2009 Gasolina C 41% Gasolina C Etanol Óleo Diesel 52% Óleo Diesel Etanol 7% FIGURA 38. Distribuição dos combustíveis em 2009 Fonte: Sistema de Informações de Movimentação de Produtos (SIMP) 1 - Gasolina C foi composta, em 2009, por 75% de Gasolina A e 25% de Etanol Anidro2 - Mistura de Biodiesel (3% até junho, 4% de julho em diante) e Diesel. 48 As melhorias nos combustíveis apresentam impactos diretos na qualidade do ar atmosférico, podendo isto ser observado nas reduções dos índices de SO2 obtidos pela estação manual de monitoramento da FEPAM que associou a redução das concentrações à diminuição gradual dos teores de enxofre no diesel na época monitorada. A estação de monitoramento manual realizou as medições na região com elevado fluxo da frota de ônibus que utilizam diesel como combustível e os resultados são apresentados na Figura 39. FIGURA 39. Evolução das emissões de SO2 no tempo em Porto Alegre 49 7. DISTRIBUIÇÃO DAS PRINCIPAIS FONTES FIXAS COM ALTO POTENCIAL POLUIDOR NAS MACRORREGIÕES O Estado do Rio Grande do Sul através da FEPAM buscou nos últimos anos, um mapeamento completo das principais fontes com alto potencial poluidor. Desta forma, os pedidos de licenciamento de novos empreendimentos estão sujeitos à rigorosa análise técnica no que tange os impactos ambientais. As distribuições destes empreendimentos nas macrorregiões estão apresentadas na Figura 40. Tendo em vista a contribuição das emissões das fontes fixas com potencial poluidor na degradação da qualidade do ar, é importante que o mapeamento seja feito para que, somadas às fontes móveis, possa se caracterizar com maior precisão o efeito da 3000 2500 2000 1- RMPA 1500 2- SERRA 3- CENTRO 1000 4- MISSÕES 500 5- SUL 6- CAMPANHA 7- NORTE 8- LITORAL M ín i m o no Pe qu e éd io M G ra nd e on al 0 Ex ce pc i Número de Empreendimentos dispersão de poluentes no ar de cada macrorregião. Porte do Empreendimento Figura 40. Distribuição dos empreendimentos por potencial poluidor nas macrorregiões. 50 8. USO DE BIODIESEL – METODOLOGIA ADAPTADA A variação na quantidade de poluentes emitidos depende de vários fatores, entre eles a quantidade de combustível utilizado, o tipo de motor, a sua regulagem, a manutenção, o modo de dirigir e o tipo de fonte móvel. As maiores quantidades de poluentes emitidos são provenientes dos automóveis, no entanto, caminhões e ônibus correspondem a uma parcela significativa nestas emissões. O tráfego de veículos pesados, que compõem a frota diesel, contribui significativamente com a poluição do ar, pois emite grandes quantidades de NOX, CO, HC e MP. O Brasil sempre precisou importar óleo diesel para suprir a sua demanda, no entanto, no ano de 2006 tornou-se um país auto-suficiente na produção de petróleo. Em 2004 foram produzidos 1,49 milhões de barris de petróleo por dia e consumidos 1,7 milhões barris de derivados de petróleo. O consumo de diesel no país pode ser dividido em três grandes setores: o de transportes, que representa mais de 75% do total consumido; o agropecuário, que representa cerca de 16% do total; e o de transformação, que utiliza o diesel na geração de energia elétrica e corresponde à cerca de 5% do seu consumo total (website: biodieselbr). A busca por um combustível que reduzisse os níveis de emissões tornou o biodiesel uma alternativa vantajosa em níveis ambientais e econômicos. O interesse mundial no desenvolvimento de biocombustíveis e o aumento das pesquisas científicas levaram a USEPA a elaborar o Relatório Técnico – Análise dos Impactos das Emissões com o uso de Biodiesel, que contém informações utilizadas como referência-base nas emissões com o uso de biodiesel (USEPA, 2002). O biodiesel pode ser utilizado em uma mistura com diesel ou mesmo substituí-lo totalmente. É importante verificar quais as proporções das misturas de biodiesel com diesel que apresentam as propriedades físico-químicas de acordo com os limites estabelecidos pela agência reguladora de combustíveis no Brasil, a ANP – Agência Nacional de Petróleo. Pesquisas realizadas com motores de ciclo diesel demonstraram que misturas até 5% de biodiesel funcionam perfeitamente como um aditivo ao combustível mineral e não comprometem a eficiência e nem a durabilidade do motor. A ANFAVEA 51 Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores - reconheceu o resultado das pesquisas e informou que manterá a garantia para os motores abastecidos com a mistura que começou em 2% e já chegou em 5% no ano de 2010 – meta que era anteriormente prevista para 2013. A principal vantagem do biodiesel é a presença de uma significativa porcentagem de oxigênio em sua composição que é em torno de 11 %. Isso representa um menor poder energético, no entanto, contribui para o aumento do número de cetano e a redução nas emissões de poluentes. O método mais comum para a obtenção de biodiesel é a transesterificação, uma reação química de óleos vegetais com um álcool (metanol) na presença de um catalisador. Esse processo separa a glicerina dos óleos, que é removida através da decantação, separando os compostos sólidos dos líquidos deixando o óleo mais fino e reduzindo a sua viscosidade. Após a transesterificação, a viscosidade dos ésteres metílicos de óleos vegetais - VOME - é reduzida em 85-90% do valor do óleo original. A estequiometria da reação de transesterificação requer 3 mols de álcool por um mol de triglicerídeo para render 3 mols de ésteres de ácidos graxos e 1 mol de glicerina - glicerol bruto, cuja equação química é demonstrada na Figura 41 A reação é reversível na natureza e, portanto, é necessário o uso de excesso de álcool para mudar favoravelmente a reação para o lado do produto (Ghai et al., 2008). Figura 41 - Reação de Transesterificação de Triglicerídio. (Fonte: Fachhochschule coburg – University of Applied Sciences) 52 Com a utilização do biodiesel os principais poluentes seguem uma tendência de diminuição das emissões, exceto o NOX, que tende a ter uma pequena elevação, como pode ser visto na Figura 42. Figura 42 - Emissões de compostos regulamentados em relação ao diesel com o uso de biodiesel, enfatizando o aumento de NOx. (FONTE: Fachhochschule coburg – University of Applied Sciences) O aumento na emissão de NOX deve-se às grandes quantidades de oxigênio na molécula de biodiesel e à melhora nas condições de combustão. Esta melhoria se deve a maiores temperatura e a pressão na câmara de combustão, potencializando a formação de maiores quantidades de NOX através da junção de oxigênio com o nitrogênio presente no ar. As reduções nas emissões específicas de CO e HC também podem ser explicadas pela presença de oxigênio na molécula de biodiesel, uma vez que a disponibilidade deste comburente na câmara de combustão desloca a reação no sentido da queima do combustível. Dessa forma a reação de combustão ocorre de forma mais eficiente e emite uma maior quantidade de CO2 como produto final. O material particulado é formado principalmente a partir da combustão incompleta do diesel. Com a melhora na reação de queima de combustível, devido ao uso do biodiesel, ocorre uma diminuição significativa nas emissões de MP. Os estudos de emissões partem, conforme o direcionamento da USEPA, da utilização dos fatores de emissão, que por sua vez são valores estimados obtidos por modelos computacionais que podem variar ao longo dos anos. Diante disto, inúmeros 53 estudos são relacionados aos diversos cenários que envolvem o uso do biodiesel. Dentre as abordagens existem variações como tipo de óleo vegetal adicionado, porcentagem da mistura, rota metílica ou etílica, tipo de catalisador. O tipo de mensuração de emissões utilizada também pode variar entre análise dinamométrica de motor em bancada e análise de gases do escapamento do veículo, que são dependentes da utilização de amostras comerciais ou preparadas em laboratório. Os fatores de emissão são obtidos em g/KWh tanto em abordagens nacionais quanto internacionais. Os valores das Tabelas 3 e 4 são utilizados nos cálculos das estimativas das emissões atmosféricas. Esses valores são obtidos em função das velocidades médias, da temperatura ambiente, da tecnologia dos veículos, entre outras variáveis. De acordo com as normas exigidas, a CETESB executa cálculos anuais para os fatores de emissão, que servem como referência para todos os trabalhos no Brasil elaborados nesta área (CETESB, 2008). Tabela 2. Fatores de Emissão de Poluentes – Nacional. FASE PROCONVE I II III IV (parcial) V (parcial) CO HC NOX Particulados (2) 1,86 1,62 0,85 0,86 (2) 0,68 0,54 0,29 0,17 (2) 10,70 6,55 6,16 4,67 (2) 0,660 0,318 0,120 0,080 FONTE: CETESB, 2008. Tabela 3 Fatores de Emissão de Poluentes – Internacional. Norma Européia (Ano de Adoção) EURO II (1996) EURO III (2000) EURO IV (2005) EURO V (2008) CO HC NOX Particulados 4,00 2,00 1,50 1,50 1,10 0,70 0,45 0,45 7,00 5,00 3,50 3,50 0,15 0,10 0,05 0,05 FONTE: Trielli, 2007. As fases I, II e III do PROCONVE que são apresentadas na Tabela 2 já foram atendidas. Atualmente estão vigorando as fases IV e V, conforme a Resolução CONAMA Nº 315/02. Durante a elaboração do inventário foi considerada a correlação exponencial fornecida pela curva da Figura 43, no que faz referência aos fatores de emissão. A adequação ao biodiesel é realizada pela aplicação da Equação 6 acrescida dos 54 valores do coeficiente “a” da Tabela 4 e, ainda, considerando as variáveis “b” como aproximadamente nulas, transformando o segundo termo em um valor unitário. Figura 43 - Média das emissões com o uso de diferentes porcentagens de biodiesel em motores ciclo diesel, “referência-base”. (Fonte: USEPA) Epoluente,ano = exp[a × (vol %biodiesel )]× exp b Tabela 4 - Valores do coeficiente “a” da Equação 2. (Fonte: USEPA) 8.1. Calculadora de Emissões O National Biodiesel Board (NBB) é uma associação que representa a indústria do biodiesel e coordena o desenvolvimento de pesquisas sobre este combustível nos Estados Unidos. Um recurso disponível no site do NBB é uma ferramenta que, a partir do fornecimento dos dados de volume de diesel e a mistura de biodiesel, calcula a 55 porcentagem de redução de emissões e a redução na massa de poluentes emitidos para os seguintes poluentes: PM, HC, CO, NOX, SO2 e CO2, conforme Figura 44. Este modelo fornece as reduções médias, sendo que os valores reais podem variar devido ao tipo de motor e ano do veículo. Os valores obtidos a partir da calculadora de emissões do NBB foram utilizados neste trabalho com a finalidade de estabelecer uma comparação com os valores calculados através da metodologia descrita anteriormente. É importante ressaltar que esta ferramenta tem como base o modelo de cálculo de emissões da EPA. Figura 44. Ferramenta NBB para comparativo de emissões 56 9. RESULTADOS A partir dos cálculos realizados obteve-se a contribuição de cada macrorregião para as emissões de poluentes totais no Rio Grande do Sul. Na Figura 45 e na Tabela 5 estão apresentados os resultados da contribuição das emissões totais de poluentes em cada macrorregião e o total do Estado, respectivamente. Emissões Totais de Poluentes 10% 4% 1- RMPA 2- SERRA 8% 3- CENTRO 40% 4- MISSÕES 9% 5- SUL 6- CAMPANHA 9% 7- NORTE 8% 8- LITORAL 12% Figura 45. Contribuição das emissões totais de poluentes no RS em 2009 Tabela 5 Emissões em 1000t/ano por tipo de poluente EMISSÕES ESTADO (1000ton/ano) NOx GASOLINA GASOLINA (motos)* CO HC RCHO 14,80 283,81 19,11 0,21 10,40 0,40 * 5,15 86,47 ÁLCOOL 7,59 54,03 DIESEL 36,84 6,52 2,09 64,38 430,83 33,63 TOTAL MP 2,03 * 1,62 * 0,78 0,61 2,40 * As emissões atmosféricas oriundas das motos são consideradas em separado devido ao perfil diferenciado de autonomia e consumo de combustíveis e a maior contribuição nas emissões de poluentes. A partir da análise dos resultados das contribuições das emissões por tipo de combustível no estado do RS, é possível perceber que as emissões de CO são mais 57 significativas no Ciclo Otto do que no Ciclo Diesel, enquanto que o NOX possui as maiores emissões no Ciclo Diesel, como foi verificado por diversos autores, dentre os quais cita-se Kirchstetter et al., 1998 e CARB, 1996. A quantidade absoluta das emissões de material particulado na frota à gasolina é superior às emissões da frota diesel. No entanto, o resultado por número de veículos demonstra que as emissões de material particulado são mais expressivas na frota diesel. O motivo pelo qual as emissões totais geradas por veículos a gasolina são maiores em relação aos outros combustíveis é a existência de uma predominância de veículos movidos a gasolina na frota total. Além disso, o motor que opera à diesel é mais eficiente do que o motor do Ciclo Otto, pois no Ciclo Diesel a combustão se dá através de uma alta taxa de compressão, produzindo uma queima mais completa e de maior eficiência. O motor de um caminhão propulsionado a diesel possui uma eficiência térmica que varia em torno de 44 a 46%, enquanto que o melhor motor com Ciclo Otto atinge apenas 30% de eficiência térmica. A circulação veicular é uma das responsáveis por uma significativa porção das emissões de óxido de nitrogênio e partículas inaláveis (PI10). Também são significativas as emissões de compostos orgânicos voláteis (COVs), que juntamente com os óxidos de nitrogênio são os precursores de ozônio na atmosfera (Baird, 2002) . Os veículos também são os principais responsáveis pelas emissões de monóxido de carbono, conforme observado nos resultados expressos pelos inventários de emissões e pelos dados de monitoramento da qualidade do ar, que acusam picos de concentração em áreas e horários de intenso fluxo de veículos. O monóxido de carbono é o principal parâmetro indicador da poluição veicular. Os estudos disponíveis referentes à contribuição das fontes móveis na deterioração da qualidade do ar, em consenso com os resultados apresentados neste inventário, permitem afirmar que a circulação de veículos em grandes centros urbanos é uma das principais fontes de emissão de ruídos e da maioria dos poluentes. O dióxido de enxofre é uma das exceções, pois é emitido predominantemente por setores industriais e de geração de energia. 58 A seguir são apresentados os resultados das emissões de poluentes para cada macrorregião do Estado. As contribuições em massa são referentes às frotas gasolina, álcool e diesel. 9.1. Macrorregião 1 – Região Metropolitana de Porto Alegre As emissões de poluentes na RMPA, representadas na Figura 46, correspondem a 40% do total de poluentes emitidos pela frota circulante em todo o Estado do RS. Figura 46. - Emissões atmosféricas da Macrorregião 1 - RMPA 9.2. Macrorregião 2 – Serra As emissões de poluentes na macrorregião da Serra, representadas na Figura 47 correspondem a 12% do total de poluentes emitidos pela frota circulante em todo o Estado do RS. 59 Figura 47 - Emissões atmosféricas da Macrorregião 2 – Serra 9.3. Macrorregião 3 – Central As emissões de poluentes na macrorregião Central, representadas na Figura 48, correspondem a 8% do total de poluentes emitidos pela frota circulante em todo o Estado do RS. Figura 48 - Emissões atmosféricas da Macrorregião 3 - Central 9.4. Macrorregião 4 – Missões As emissões de poluentes na macrorregião das Missões, representadas na Figura 49, correspondem a 9% do total de poluentes emitidos pela frota circulante em todo o Estado do RS. 60 Figura 49 - Emissões atmosféricas da Macrorregião 4 - Missões 9.5. Macrorregião 5 – Norte As emissões de poluentes na macrorregião Norte, representadas na Figura 50, correspondem a 10% do total de poluentes emitidos pela frota circulante em todo o Estado do RS. Figura 50 - Emissões atmosféricas na Macrorregião 5 - Norte 61 9.6. Macrorregião 6 – Sul As emissões de poluentes na macrorregião Sul, que estão representadas na Figura 51, correspondem a 9% do total de poluentes emitidos pela frota circulante em todo o Estado do RS. Figura 51 - Emissões atmosféricas da Macrorregião 6 - Sul 9.7. Macrorregião 7 – Campanha As emissões de poluentes na macrorregião da Campanha, que estão representadas na Figura 52, correspondem a 8% do total de poluentes emitidos pela frota circulante em todo o Estado do RS. Figura 52 - Emissões atmosféricas da macrorregião 7 - Campanha 62 9.8. Macrorregião 8 – Litoral As emissões de poluentes na macrorregião Litoral, que estão representadas na Figura 53, correspondem a 4% do total de poluentes emitidos pela frota circulante em todo o Estado do RS. Figura 53 - Emissões atmosféricas da macrorregião 8 – Litoral A partir dos resultados das contribuições individuais de cada macrorregião foi possível observar que a RMPA, seguida da macrorregião da Serra, apresentam os maiores valores de emissões de poluentes. Esse resultado já era esperado já que estas duas macrorregiões detêm juntas cerca de metade da frota total do Estado, sendo que aproximadamente 38% correspondem a RMPA, e 12% a Serra. 63 10.CONCLUSÕES O Primeiro Inventário das Emissões Atmosféricas de Fontes Móveis do Rio Grande do Sul na sua abrangência e importância versou sobre a compilação do maior número de parâmetros e, desta forma, foi apresentado como uma ferramenta a ser considerada nas decisões que envolvem a frota veicular quando do estabelecimento de novas políticas públicas. Apesar de o Estado não apresentar índices críticos de poluição atmosférica é consenso que a quantidade total de poluentes atmosféricos lançados e a inserção diária de novos veículos na frota estadual tendem a um acréscimo nos índices. Ainda, é importante que este trabalho seja permanentemente revisto porque é de extrema importância a elaboração de diagnósticos que fortaleçam as tomadas de decisões relativas ao planejamento ambiental estratégico. Portanto, acrescentam-se as seguintes recomendações para os trabalhos futuros: - Realizar anualmente o Inventário de Emissões Atmosféricas de Poluentes Atmosféricos para avaliação da contribuição das emissões das fontes fixas e fontes móveis do Estado; - Parceria com secretarias de saúde do Estado e municipais para desenvolver e aplicar metodologias de avaliação do grau do dano à saúde pública causado pela emissão de poluentes atmosféricos e ruído por veículos automotores. - Parceria com centros climáticos; Finalizando, é sempre válido ressaltar que esta estimativa é teórica e procura se aproximar da emissão de fato já que a emissão real de poluentes depende de diversos outros fatores que não foram levados em consideração. Sendo assim, a metodologia utilizada para avaliar a quantidade de poluentes emitidos é eficaz pode ser utilizada como uma forma mais simples e rápida de se ter uma noção dos impactos que uma mudança na matriz energética poderá causar ao meio ambiente. 64 11.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • BAIRD, Colin. Química Ambiental. 2. Ed. Bookman, 2002, 622 p. • CARB, 1996. Predicted California on-road motor vehicle emissions. In: EMFAC7G, vol. I. Mobile Source Emission Inventory Branch, California Air Resources Board, Sacramento, CA. • CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – Relatório de Qualidade do Ar do Estado de São Paulo 2007, Maio, 2008. • CORONADO, Christian Rodriguez; CARVALHO JR., João Andrade de; SILVEIRA, José Luz. Biodiesel CO2 emissions: A comparison with the main fuels in the Brazilian market. Fuel Processing Technology, 2009, p. 204-211. • FAIZ, A.; Weaver. C. S.; Walsh, M. 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L.; Estimativa das Emissões de MP e NOx da Frota Diesel, IEMA, São Paulo, 2008 • TEXEIRA, E.C.; Feltes, S.; Santana, E.R.R.; Estudo das Emissões de Fontes Móveis na Região Metropolitana de Porto Alegre, Rio Grande Do Sul. Química Nova, Vol. 31, No. 2, 244-248, 2008. • URIA, L.A.B, Emissão de Gases de Efeito Estufa no Setor de Transportes e seu Potencial de Aquecimento Indireto: o Caso dos Automóveis e Veículos Comerciais Leves no Brasil. Tese de M.Sc., COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil ,1996 • USEPA, A Comprehensive Analysis of Biodiesel Impacts on Exhaust Emissions, Draft Technical Report, 2002. • USEPA, Procedures for Emission Inventory Preparation - Volume IV: Mobile Sources, Emission Planning and Strategies Division, Office of Mobile Sources and Technical Support Division Office of Air Quality Planning and Standards, Dezembro,1992. • USEPA; Introduction To The Emission Inventory Improvement Program., Steering Committee Emission Inventory Improvement Program , Julho, 1997. • VARON, J.; MARIK, P.E.; FROMM, R.E. & GUELER, A. Carbon monoxide poisoning: a review for clinitians. The Journal of Emergency Medicine, v. 17, n. 1, p. 87-93, Elsevier, USA, 1999. Websites*: ANP: www.anp.gov.br; acesso: Biodieselbr: www.biodieselbr.com.br, CETESB/ PROCONVE/ CONAMA: www.cetesb.sp.gov.br; DETRAN/RS: www.detran.rs.gov.br, Portoweb: www.portoweb.com.br * Os websites foram acessados em diversas datas ao longo da pesquisa. 66 ANEXOS ANEXO I. Síntese da Metodologia e Parâmetros Considerados no Inventário de Emissões Atmosféricas de Fontes Móveis do Estado do Rio Grande do Sul O Inventário RS, de uma forma mais abrangente, foi dividido em duas etapas: a primeira que consistiu no levantamento e organização de dados da frota veicular do RS, do consumo de combustíveis, da qualidade dos combustíveis, da autonomia dos veículos e dos fatores de emissão. A segunda etapa consistiu na execução dos cálculos intermediários e dos cálculos das taxas de emissões dos poluentes em questão: monóxido de carbono [CO], óxidos de nitrogênio [NOx], material particulado [MP], hidrocarbonetos [HC] e aldeídos [R-CHO]. Entre os métodos utilizados para elaboração de um inventário há o que utiliza as estimativas dos fatores de emissão do veículo. Esses fatores estimam as emissões de fontes móveis quando combinados com as correções para os valores de quilometragem acumulada [kmAc], as estimativas de consumo de combustível e a autonomia de combustível da frota. Dados médios locais ou regionais podem ser usados, dependendo da disponibilidade. A metodologia adotada neste trabalho foi baseada nos métodos para elaboração de inventários de emissões veiculares utilizada pela "Environmental Protection Agency", dos Estados Unidos, adequadas e corrigidas para a frota circulante do RS. As correções levam em consideração o praticado pela CETESB e pelo IEMA. Tendo em vista, a necessidade de um consistente embasamento teórico para este tipo de estudo, a confiabilidade nos dados adquiridos juntos aos respectivos Órgãos e/ou Institutos são imprescindíveis para que os mesmos permitam traduzir, a partir dos resultados gerados, a maior aproximação possível das quantidades de poluentes lançadas na atmosfera. 67 Seguem as considerações feitas: • ANO DE ESTUDO: 2009; • METODOLOGIA: EPA (Móbile Sources) – fórmula geral; correções do Fator de Deterioração levando em consideração as diferenças tecnológicas entre Brasil e EUA, para os principais poluentes extraídos do Appendix 42 – Tabela H46; relatório técnico de biodiesel – adaptação dos fatores de emissão; FEPAM – adequações técnicas para a carência de dados no que concerne a km rodada dos veículos; CETESB – fatores de emissão frota leve; motos; IEMA/MMA/IPCC/ANFAVEA – fatores de emissão frota diesel, metodologia adequada para obtenção dos fatores em massa de combustível/ massa de poluente; fator de uso/sucateamento da frota ANP – dados de consumo, considerando: consumo por município, gasolina, álcool, diesel – separado em diesel metropolitano e interior, para não levar em consideração os utilizados em outras fontes: marítimo, residencial, etc.; CONAMA/PROCONVE – consideração de todas as fases e exigências do Programa Nacional; REFAP – características e propriedades físico-químicas do combustível utilizado no RS; DETRAN/RS – dados da frota circulante do estado: Frota por tipo - automóveis, caminhões, camionetas/caminhonetas, microônibus, motocicletas/motonetas, ônibus; Frota por categoria - gasolina, álcool, flex – Ciclo Otto; ciclo Diesel; GNV Frota por ano – toda a frota circulante do Estado agrupadas nos tipos e categorias para todos os anos a partir de pré-80 até 2009 – ciclo Otto e as fases– P1,P2,P3,P4 e P5 - ciclo Diesel, conforme PROCONVE; 68 • DIVISÃO DO ESTADO: Os 496 municípios do Estado foram agrupados em 8 (oito) Macrorregiões e inventariadas as emissões dos principais poluentes, em conformidade com os limites e parâmetros exigidos na metodologia escolhida. A determinação das Macrorregiões levou em consideração os aspectos ambientais tais como a influência das características geográficas e climáticas, as áreas de possível circulação dos veículos da região, a divisão territorial utilizada pelo DETRAN/RS e o número de veículos. • CONSONÂNCIA COM O INVENTÁRIO NACIONAL 2010: Os Programas e Projetos de pesquisa da FEPAM sempre buscaram condizer com as práticas nacionais e internacionais. Neste contexto, os esforços foram importantes, pois os organogramas gerais que demonstram os caminhos dos cálculos intermediários utilizados na elaboração do Inventário gaúcho são coerentes com o apresentado no Inventário Nacional, o trabalho do RS apresenta-se de forma mais detalhada por separar o Ciclo Otto do Ciclo Diesel. É importante considerar os cálculos intermediários tendo em vista que um carro com tecnologia mais antiga apresenta maiores taxas de emissões de poluentes em comparação a um veículo zero quilômetro. Considerando o desgaste que ocorrem devido ao sucateamento e ao uso do veículos, foi possível aproximar uma curva para os dados locais e estimar o quanto os veículos são deteriorados com o passar dos anos e, também uma quilometragem acumulada até o ano atual. É importante ressaltar a metodologia e as correções utilizadas são concernentes com o utilizado no 1º Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários, conforme Figura 3. • RESULTADOS: o Inventário RS apresenta como principais resultados: o perfil da 69 frota do RS; o consumo de combustíveis, a contribuição total das emissões de poluentes, a quantificação destas emissões em cada uma das 8 macrorregiões para apontar e identificar as regiões mais críticas e, consequentemente, direcionar ações ANEXO II – Um Relato Sobre a Formação de Ozônio na Troposfera O ozônio pode ser normalmente encontrado na Estratosfera, que está situada entre 15 e 50km acima da superfície terrestre. Entretanto, altas concentrações deste gás são freqüentemente encontradas na Troposfera - camada da atmosfera situada a até 15km de altura da superfície terrestre. Em baixas altitudes, o ozônio é considerado um poluente e, portanto, deve-se fazer o possível para evitar a sua formação (Baird, 2002). Os reagentes que dão origem ao ozônio troposférico são poluentes emitidos principalmente pela combustão incompleta de combustíveis fósseis: os óxidos de nitrogênio e os compostos orgânicos voláteis (COVs), que são constituídos por hidrocarbonetos e derivados. Os centros urbanos são locais que possuem uma alta concentração destes poluentes devido à presença de intenso tráfego veicular e áreas industriais, e é por isso que essas são as regiões com a maior incidência de ozônio troposférico. A formação do ozônio ocorre através da reação fotoquímica entre os óxidos de nitrogênio, os compostos orgânicos voláteis e o oxigênio presente na atmosfera, catalisada pela radiação solar. Portanto, em regiões com altas concentrações de poluentes e elevada incidência de luz solar ocorrerá uma maior formação de ozônio. A presença do ozônio na Troposfera acarreta em vários prejuízos para o meio ambiente, entre eles a formação do Smog Fotoquímico, que é uma neblina que contem altos níveis de O3 e NOX. Para que ocorra a formação do Smog algumas condições devem ser satisfeitas, como tráfego substancial de veículos, temperatura e radiação solar moderadamente elevadas e pouca movimentação das massas de ar. Essas condições caracterizam perfeitamente a situação dos centros urbanos. A névoa fotoquímica causa irritação nas vias respiratórias e nos olhos, danos às plantações, à vegetação natural e aos materiais em geral (Baird, 2002) 70 Portanto, a melhor maneira para evitar o aparecimento de ozônio nas camadas mais baixas da atmosfera, e conseqüentemente evitar que episódios de Smog Fotoquímico ocorram, é reduzindo as emissões dos poluentes precursores, NOX e COVs. ANEXO III - Emissões de CO2 As elevadas taxas de crescimento populacional e de industrialização acarretaram em um aumento no consumo de combustíveis fósseis e, conseqüentemente em uma elevação nas emissões de gases, entre eles o CO2. O dióxido de carbono é lançado na atmosfera através da reação completa de combustão, e recentemente foi classificado pela EPA como um poluente. Dessa forma, é de extrema importância que sejam avaliados os impactos de diversos combustíveis sobre o meio ambiente através da quantificação das emissões de CO2. O diagnóstico do PACE – Plano ar, Clima e Energia, um convênio entre o governo francês e a FEPAM apontou no seu relatório intermediário que as maiores contribuições de GEE são oriundas do transporte. Através da reação estequiométrica da combustão e dos valores de densidade, é obtido o valor de massa de CO2 emitida para cada m³ de combustível consumido. Para a gasolina são emitidas 2,316 toneladas, para o álcool 1,511 toneladas, para o diesel são 2,683 toneladas e para o biodiesel feito a partir de óleo de soja são emitidas 2,48 toneladas de CO2. Comparando as emissões pode-se perceber que o diesel é o combustível que mais emite CO2, enquanto o álcool possui as menores emissões. Entretanto, devemos ressaltar que durante a produção da biomassa, que dá origem ao álcool, ocorre a captura de CO2 e, portanto, as emissões totais desse combustível deve ser ainda menor (Coronado, 2009). A comparação entre as emissões de CO2 para os veículos que utilizam cada tipo de combustível em 2007 no Brasil pode ser observada na Figura 54 . 71 18 16 14 Ton CO2 12 10 8 6 4 2 0 Gasolina Flex Álcool Diesel Total Tipo de Veículo Figura 54 - Emissão de CO2 pelos veículos brasileiros em 2007 (Fonte: Coronado, 2009) Com a inserção de porcentagens de biodiesel no diesel, as emissões veiculares de CO2 tendem a aumentar devido a maior oxigenação do biodiesel, como já mencionado anteriormente. Entretanto, assim como o álcool, o biodiesel captura enormes quantidades deste poluente durante o seu ciclo de vida, fazendo com que a sua utilização seja favorável ao meio ambiente. 72 ANEXO IV - Projeto Estruturante em Agroenergia do Rio Grande do Sul No ano de 2005, a FEPAM, junto com quatro instituições - FEPAGRO, CIENTEC, UNISINOS e UFRGS - conquistou junto ao Governo Federal uma cota para desenvolvimento de projeto em presença da CHAMADA PÚBLICA MCT/FINEP/Ação Transversal - Projetos Estruturantes dos Sistemas Estaduais de C, T & I 08/2005. O conjunto de projetos, subdivididos em temáticas, apresentou uma proposta para abordagem do impacto do uso de Biodiesel no Estado, cabendo à FEPAM e à UFRGS a Temática Ambiental, cujos subprojetos estão apresentados a seguir: a) Análise de impacto ambiental de culturas (mamona, girassol e mandioca) passíveis de utilização para produção de biodiesel no RS; b) Estudo das emissões veiculares (diesel e biodiesel nas proporções de 2, 5, 10 e 20%) e das condições ambientais na Região Metropolitana de Porto Alegre; c) Elaboração de um inventário de fontes móveis a partir do levantamento das condições de tráfego nas principais vias da RMPA; d) Aplicação de modelagem atmosférica buscando os pontos e poluentes de maior impacto para condições anteriores e posteriores a utilização do biodiesel (2, 5, 10 e 20%). 73 ANEXO V - Descrição do Modelo de Dispersão de Poluentes Para aplicações neste projeto, dois modelos de dispersão podem ser utilizados: Weather Research and Forecasting - Chemical (WRF-Chem) e Comprehensive Air Quality Model with EXTENSIONS (CAMx). O modelo WRF-Chem surgiu a partir da implemetação de módulos químicos dentro do modelo Weather Research and Forecasting (WRF), permitindo a realização de previsões meteorológicas e da qualidade do ar de forma simultânea. Em particular, foram inseridos diferentes "pacotes químicos" na estrutura do modelo, oferecendo a possibilidade de uma avaliação on-line da evolução dos poluentes de maior interesse. Na avaliação on-line o transporte de poluentes é feito usando as mesmas coordenadas e as mesmas parametrizações físicas da meteorologia. Em contrapartida, o modelo CAMx utiliza os campos meteorológicos provenientes do modelo WRF (modelagem off-line). Ambos modelos, WRF-Chem e CAMx, simulam a emissão, dispersão, reação química e remoção de poluentes na atmosfera através da solução da equação da continuidade de poluentes para cada espécie química em um sistema de grade tridimensional. O modelo WRF foi concebido para simular e prever fenômenos atmosféricos. Este apresenta um código numérico que permite efetuar simulações em escalas que variam da escala local até a escala global. O modelo é composto por um módulo dinâmico (baseado nas equações prognósticas do movimento), um módulo para a termodinâmica úmida (nuvens e precipitação), um módulo dedicado ao balanço radiativo e um outro dedicado a parametrização da turbulência na camada limite planetária. O modelo permite simular fenômenos através da técnica de aninhamento de grade, pela qual a estrutura de escala maior é representada pela grade mais externa, de menor resolução, enquanto os detalhes da circulação local são reproduzidos com a grade mais interna, de maior resolução. O CAMx é um modelo de dispersão fotoquímico que permite tratar a poluição atmosférica de gases e partículas (ozônio, PM2.5, PM10) em escalas que variam da sub-urbana a continental. O CAMx pode ser acoplado a diversos modelos meteorológicos (entre estes, o modelo WRF) e pode receber informações sobre as fontes de emissão de 74 muitos pré-processadores. Este modelo tem sido empregado extensivamente por agências ambientais, instituições de pesquisa e empresas de consultoria, visando controlar a qualidade do ar e servir de subsídio para pesquisas sobre a dispersão de poluentes e a química da atmosfera. O modelo também é indicado pela U.S. EPA para utilização em estudos de dispersão de ozônio. As simulações numéricas seguirão duas etapas principais: • Na primeira etapa será realizada a implementação dos modelos WRF-Chem ou WRF- CAMx sobre uma área, cobrindo o Estado do Rio Grande do Sul, dando-se ênfase às fontes móveis e aos maiores conjuntos de fontes fixas da RMPA. O uso deste domínio permitirá a representação das circulações em escala regional. As circulações locais serão consideradas através de grades aninhadas; • A segunda etapa será dividida em dois passos. No primeiro, simulações serão realizadas considerando-se somente os poluentes precursores do ozônio. No segundo passo, o modelo WRF-Chem ou WRF-CAMx será utilizado considerando os módulos de reação química para o tratamento do ozônio. A partir disso, será possível avaliar os resultados através de comparações com os dados de concentração obtidos pelo monitoramento. As informações de entrada para as simulações são compostas por dados meteorológicos, em níveis de pressão e em superfície (análises NCEP (National Center for Environmental Predictions) contento vento, temperatura e umidade), e por dados das fontes móveis na RMPA. As informações de saída dos modelos são as previsões compostas por dados meteorológicos e dados de concentrações de poluentes. 75 ANEXO VI – TABELAS E FATORES DE EMISSÃO Tabela Fatores de Emissão Veículos Leves 76 Continuação Fatores de Emissão Veículos Leves 77 Tabela Fatores de Emissão Veículos Pesados Tabela Motos Fatores de Emissão Veículos 78 Continuação Motos Fatores de Emissão Veículos Considerações abordadas no Inventário Nacional a respeito dos fatores de emissão: 79