UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO PROGRAMA DE MESTRADO E DOUTORADO EM FISIOTERAPIA MAURÍCIO ANTÔNIO DA LUZ JUNIOR EFETIVIDADE DO MÉTODO PILATES REALIZADO NO SOLO OU NOS APARELHOS NO TRATAMENTO DA DOR LOMBAR CRÔNICA NÃO ESPECÍFICA SÃO PAULO 2013 MAURÍCIO ANTÔNIO DA LUZ JÚNIOR EFETIVIDADE DO MÉTODO PILATES REALIZADO NO SOLO OU NOS APARELHOS NO TRATAMENTO DA DOR LOMBAR CRÔNICA NÃO ESPECÍFICA Defesa apresentada ao Programa de Mestrado e Doutorado em Fisioterapia da Universidade Cidade de São Paulo, sob orientação da Profa. Dra. Cristina Maria Nunes Cabral e co-orientação do Prof. Dr. Leonardo Oliveira Pena Costa, como requisito para obtenção do título de Mestre. SÃO PAULO 201 Ficha Elaborada pela Biblioteca Prof. Lúcio de Souza. UNICID L979e Luz Júnior, Maurício Antônio da. Efetividade do método pilates realizado no solo ou nos aparelhos no tratamento da dor lombar crônica não específica. / Maurício Antônio da Luz Júnior. --- São Paulo, 2013. 70 p. Bibliografia Dissertação (Mestrado) – Universidade Cidade de São Paulo - Orientadora: Profa. Dra. Cristina Maria Nunes Cabral. 1. Dor lombar. 2. Modalidades de fisioterapia. 3. Técnicas de exercício e de movimento. I. Cabral, Cristina Maria Nunes, orient. II. Título. CDD 615.82 MAURÍCIO ANTÔNIO DA LUZ JÚNIOR EFETIVIDADE DO MÉTODO PILATES REALIZADO NO SOLO OU NOS APARELHOS NO TRATAMENTO DA DOR LOMBAR CRÔNICA NÃO ESPECÍFICA Defesa apresentada ao Programa de Mestrado e Doutorado em Fisioterapia da Universidade Cidade de São Paulo, sob orientação da Profa. Dra. Cristina Maria Nunes Cabral e co-orientação do Prof. Dr. Leonardo Oliveira Pena Costa, como requisito para obtenção do título de Mestre. Área de Concentração: Avaliação, Intervenção e Prevenção em Fisioterapia Data da Qualificação: 28 de Fevereiro de 2013 Resultado: _________________________________________ BANCA EXAMINADORA Profa. Dra. Cristina Maria Nunes Cabral ____________________________________ Universidade Cidade de São Paulo Prof. Dr. Richard Eloin Liebano ____________________________________ Universidade Cidade de São Paulo Profa. Dra. Débora Bevilaqua Grossi Universidade de São Paulo ____________________________________ AGRADECIMENTOS Esta dissertação simboliza o fim de uma importante etapa da minha vida e a realização de um sonho. Gostaria de agradecer a DEUS e todos os familiares, professores e amigos de curso que fiz ao longo desses dois anos e de forma direta ou indireta contribuíram para este trabalho. Ao meu pai Maurício Antônio da Luz, um exemplo de dedicação e determinação, um exemplo de PAI. Muito obrigado pelos ensinamentos e por me fazer sempre acreditar nos meus sonhos. À Nilda Ap. Alves dos Santos Luz que além de MÃE, tornou-se meu braço direito na vida profissional, me ajudando a construir um grande sonho, pois assumiu parte das minhas obrigações e assim como eu, vive a fisioterapia. À minha esposa Carla Cristiane Fernandes Luz, com quem divido minhas alegrias e minhas tristezas, a quem conto minhas angustias e meus medos e que sempre esteve ao meu lado, me apoiando ao longo desses anos. À querida Prof. Dra. Cristina Maria Nunes Cabral, minha orientadora, pela competência científica, profissionalismo e principalmente pela disponibilidade ao longo desses anos. Mesmo no momento mais importante da sua vida, quando foi mãe, não deixou de estar presente e conduzir de forma brilhante o trabalho. Ao Prof. Dr. Leonardo Oliveira Pena Costa, pela disponibilidade, pelos ensinamentos e principalmente pelas contribuições diretas ao longo desses anos. À Fernanda Ferreira Fuhro e Ana Carolina Taccolini Manzoni e Naiane Teixeira Bastos de Oliveira que foram fundamentais nas coletas de dados e na execução deste trabalho. Aos professores Dr. Richard Eloin Liebano e Dra. Débora Bevilaqua Grossi pelas contribuições durante a qualificação deste trabalho. Ao CNPq por ter aprovado o projeto e disponibilizado recursos para aquisição dos equipamentos do método Pilates através do edital 479645/2011-6 Aos funcionários Clínica Luz Fisioterapia que se dedicaram aos pacientes, possibilitando a minha dedicação ao trabalho. Aos pacientes envolvidos no projeto e que de forma preciosa contribuíram para a realização do trabalho. À Universidade Cidade de São Paulo pela estrutura fornecida para minha formação acadêmica. SUMÁRIO Prefácio.................................................................................................................. i Resumo................................................................................................................... ii Abstract.................................................................................................................. CAPÍTULO 1: Contextualização............................................................................................. iv 1 Referências bibliográficas............................................................................... 9 CAPÍTULO 2: Effectiveness of mat Pilates or equipment-based Pilates in patients with chronic non-specific low back pain: a protocol of a randomised 13 controlled trial.................................................................... ................................... Abstract........................................................................................................... 14 Background..................................................................................................... 14 Methods/Design ............................................................................................. 15 Discussion....................................................................................................... 17 References....................................................................................................... 18 Appendix 1...................................................................................................... 19 CAPÍTULO 3: Efetividade do método Pilates realizado no solo ou em aparelhos em pacientes com dor lombar crônica não específica: estudo controlado aleatorizado.......................................................................................... 32 Página de título............................................................................................... 33 Resumo........................................................................................................... 34 Introdução....................................................................................................... 35 Métodos........................................................................................................... 37 Resultados....................................................................................................... 42 Discussão........................................................................................................ 47 Referências bibliográficas............................................................................... 52 CAPÍTULO 4: Considerações finais...................................................................... 56 Referências bibliográficas............................................................................... 59 i PREFÁCIO Esta dissertação de mestrado aborda tópicos relacionados à eficácia do método Pilates no tratamento da dor lombar crônica não específica, escrita em quatro capítulos, que podem ser lidos independentemente, sendo que cada capítulo possui sua própria lista de referências bibliográficas. O Programa de Mestrado e Doutorado em Fisioterapia da Universidade Cidade de São Paulo permite a inclusão de artigos publicados, aceitos ou submetidos em seu formato de publicação ou submissão no corpo do exemplar da dissertação. Desta forma, ao decorrer da leitura, será observado que o capítulo 2 já foi publicado. O capítulo 1 é uma introdução à dissertação e fornece uma visão geral da literatura sobre a dor lombar e o método Pilates. O capítulo 2 tem como objetivo apresentar um projeto de pesquisa completo de um estudo aleatorizado controlado publicado no BMC Musculoskeletal Disorders, devidamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Cidade de São Paulo (PP 13610106) e registrado no Registros Brasileiros de Ensaios Clínicos (http://www.ensaiosclinicos.gov.br/rg/RBR7tyg5j/). O capítulo 3 tem como objetivo descrever os resultados finais de um estudo controlado aleatorizado que investigou a efetividade do método Pilates realizado no solo ou nos aparelhos no tratamento de pacientes com dor lombar crônica não específica. Este documento está apresentado no formato requerido pelas normas da Physical Therapy Journal, que podem ser encontradas em http://ptjournal.apta.org/site/misc/ifora_clinical_trials.xhtml, exceto para tabelas, que estão localizadas no corpo do texto e não separadamente, para facilitar a leitura. Por fim, o capítulo 4 consiste em uma visão geral dos principais achados dos capítulos 2 e 3, destacando suas implicações clínicas e direções para futuras pesquisas. ii RESUMO Esta dissertação de mestrado teve como objetivo geral verificar a efetividade do método Pilates realizado no solo e nos aparelhos no tratamento da dor lombar crônica não específica. Os objetivos específicos foram: 1) investigar a efetividade do método Pilates realizado no solo e nos aparelhos no tratamento da dor lombar crônica não específica; e 2) apresentar dados finais de um estudo controlado aleatorizado e identificar diferenças entre as variáveis analisadas antes, seis semanas e seis meses após aleatorização de pacientes com dor lombar crônica não específica. A dor lombar é um problema grave de saúde pública que afeta todo mundo. Atualmente estima-se que 39% dos adultos sofrerão ao menos um episódio de dor lombar ao longo de suas vidas. No Brasil, 13,5% sofrem com problemas crônicos na coluna. Os custos com seu tratamento envolvem uma grande quantia financeira. Nos Estados Unidos, os gastos ficam entre 12 e 90 bilhões de dólares, no Reino Unido os valores são de aproximadamente 12 bilhões de libras, e na Suíça, no ano de 2005, os gastos representaram 2,6% do produto interno bruto. Os exercícios têm sido o tratamento mais eficaz, a curto e longo prazo, pois reduzem dor e incapacidade. Uma técnica muito usada no tratamento dos pacientes com dor lombar crônica não específica é o método Pilates, que pode ser dividido em mat Pilates (exercícios realizados no solo) e Pilates com aparelhos. Um número crescente de estudos sobre o efeito do método Pilates na dor lombar crônica não específica vem sendo publicado. Três revisões sistemáticas publicadas recentemente sobre a eficácia do método Pilates no tratamento da dor lombar apresentaram resultados discrepantes e sugeriram que novos ensaios clínicos sejam publicados. Desta forma, o capítulo 2 descreve o projeto de pesquisa completo do estudo controlado aleatorizado com avaliador cego. Foram incluídos neste estudo 86 pacientes de ambos os gêneros com dor lombar crônica não específica distribuídos aleatoriamente em dois grupos de tratamento: Grupo mat Pilates que recebeu exercícios do método Pilates realizados somente no solo usando colchonete, bola suíça e faixas elásticas; e Grupo Aparelhos que recebeu o programa de exercícios do método Pilates utilizando os aparelhos Cadillac, Reformer, Ladder Barrel e Step Chair. Os desfechos investigados foram: intensidade da dor, efeito global percebido, capacidade funcional geral e específica do paciente e cinesiofobia antes, seis semanas e seis meses após a aleatorização. iii O estudo proposto nesse projeto de pesquisa foi iniciado em outubro de 2011 e finalizado em novembro de 2012. Assim, o capítulo 3 apresenta os resultados deste estudo que teve como objetivo analisar a efetividade do método Pilates realizado no solo ou nos aparelhos no tratamento da dor lombar crônica não específica nos desfechos propostos para análise no baseline e nos follow-ups de seis semanas e seis meses. Não houve diferença estatisticamente significante para nenhum desfecho a curto prazo, mas encontramos melhora significante a médio prazo para incapacidade (média das diferenças = 3,0 pontos; IC 95% 0,6 a 5,4), incapacidade específica do paciente (média das diferenças = -1,1; IC 95% -2,0 a -0,1) e cinesiofobia (média das diferenças = 4,9; IC 95% 1,6 a 8,2) a favor do método Pilates realizado com aparelhos. Portanto, conclui-se que o método Pilates realizado com aparelhos é mais eficaz se comparado com os exercícios realizados no solo, pois há melhora da incapacidade, incapacidade específica do paciente e cinesiofobia que se mantém ao longo do tempo. Os resultados apresentados nessa dissertação são importantes para mostrar a diferença clínica existente entre mat Pilates e o Pilates realizado com aparelhos e auxiliar os fisioterapeutas em suas tomadas de decisões clínicas. As revisões sistemáticas sobre a eficácia do método Pilates no tratamento da dor lombar crônica apontam a diferença metodológica dos ensaios clínicos publicados até o momento e que novos estudos, maiores e com melhor qualidade metodológica devem ser publicados. Espera-se que o estudo atual cubra parte da deficiência encontrada na literatura. iv ABSTRACT The primary aim of this master thesis was to evaluate the effectiveness of mat Pilates and equipment-based Pilates in patients with chronic non-specific low back pain. The specific aims were: 1) to investigate the effectiveness of Pilates method on mat and equipment-based Pilates in the treatment of patients with chronic non-specific low back pain; and 2) to present the results of a randomized controlled trial and identify difference between variables before, six weeks and six months after the randomization of patients with chronic non-specific low back pain. Low back pain is a serious public health problem that affects the entire world. It is estimated that 39% of adults will experience at least one episode of low back pain during their lives. In Brazil, 13.5% of the population suffer with chronic problems in their spine. The costs of the treatment involve a large amount of financial expenses. In the United States the costs are between 12 to 90 billion dollars, in the UK the cost are about 12 billion pounds and in Switzerland, in 2005, the costs represent 2,6% of gross national product. Exercise is the most effective treatment in the short and long term, because reduces pain and disability. Pilates method exercises are commonly used in the treatment of these patients. Pilates method can be divided into mat Pilates (exercises performed on mat) and equipment-based Pilates exercises. A growing number of studies concerning the effect of the Pilates method has been published. Three recently systematic reviews about the effectiveness of the Pilates method in the treatment of patients with low back pain showed conflicting results, and suggested that new clinical trials must be published. Chapter 2 describes the full research project of a randomized controlled trial with blinded assessor. Eighty six patients of both genders with chronic non-specific low back pain were included. They were randomized into two treatment groups: mat Pilates Group that received the Pilates method performed using only the mat, Swiss ball and elastic bands; and equipmentbased Pilates Group that received the program of exercises using Pilates equipment (Cadillac, Reformer, Ladder Barrel and Step Chair). The outcomes investigated were: pain intensity, general and specific disability, global perceived effect and kinesiophobia before, six weeks and six months after randomization. The study proposed in this project was started in October 2011 and ended in November 2012. Chapter 3 presents the results of this study that analyzed the effectiveness of mat Pilates or equipment-based Pilates in the treatment of patients with v chronic non-specific low back pain in clinical outcomes proposed. There were no statistically significant differences for any outcome in the short term, but we found a significant improvement in the medium-term disability (mean difference = 3.0 points, CI 95% 0.6 to 5.4), specific disability (mean difference = -1.1, CI 95% -2.0 to -0.1) and kinesiophobia (mean difference = 4.9, CI 95% 1.6 to 8.2) favoring the equipment-based Pilates. Therefore, it can be concluded that the equipment-based Pilates is more effective when compared to the mat Pilates because improves disability and kinesiophobia. This improvement is maintained over the time. The results presented in this thesis are important to show the difference between mat Pilates and equipment-based Pilates and to assist physiotherapists in their clinical decision making. Systematic reviews about the effectiveness of the Pilates method in the treatment of patients with low back pain indicate the methodological difference of published clinical trials and that new studies and with larger sample and better quality should be published. The present study can contribute with this gap in literature. CAPÍTULO 1 CONTEXTUALIZAÇÃO 2 Contextualização A dor lombar é definida como dor ou desconforto localizado abaixo do último arco costal até a região das pregas glúteas inferiores, com ou sem irradiação para membros inferiores. A dor lombar pode ser classificada em três grupos: 1) dor lombar não específica relacionada à dor mecânica de origem musculoesquelética, que pode variar com atividade física, postura e com o tempo, encontrada em aproximadamente 95% dos casos; 2) dor lombar por compressão de raiz nervosa que pode surgir a partir de uma hérnia discal, estenoses da coluna ou cicatrizes cirúrgicas, caracterizada por dor irradiada para o membro inferior até o pé ou a perna unilateralmente com parestesia, redução de força e reflexos tendinosos profundos, representando aproximadamente 4% da população com dor lombar; e 3) dor lombar por patologias graves da coluna vertebral incluindo doenças inflamatórias, tumores, osteoporose, espondilite anquilosante, fraturas, ou síndrome de cauda equina, representando menos de 1% da população com dor lombar1, 2. Pacientes com dor lombar devem também ser classificados quanto à duração dos sintomas em aguda (episódios dolorosos com duração de até seis semanas), subaguda (episódios dolorosos com duração de seis a 12 semanas) e crônica (episódios dolorosos com duração maior do que 12 semanas)2. Apesar da dificuldade em realizar estudos de prevalência e da diferença metodológica entre os trabalhos de prevalência em relação a dor lombar publicados até o momento, a revisão sistemática3 mais recente sobre o tema estimou que 39% dos adultos sofrerão ao menos um episódio de dor lombar ao longo de suas vidas. A prevalência pontual foi de aproximadamente 18%, enquanto a prevalência nos últimos 12 meses foi de aproximadamente 30%. No Brasil, uma pesquisa realizada com mais de 390 mil participantes pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, chamada de Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, em 2008, apontou o problema na coluna como a segunda maior queixa dos brasileiros, sendo que aproximadamente 13,5% da população relataram sofrer com problemas crônicos na coluna4. Os custos com o tratamento da dor lombar demonstram que se trata de um grave problema de saúde pública que afeta praticamente todo o mundo e envolve o gasto de grandes quantias financeiras para seu tratamento5-7. Os custos diretos foram divididos em 20% com o tratamento médico (13% com cuidados primários e 7% com especialistas), 17% com o tratamento fisioterápico, 17% com medicamentos, 5% com 3 cirurgias e 5% com quiropraxia e osteopatia. Os 36% restantes foram relacionados com os custos hospitalares (internação, atendimento ambulatorial, cirurgias e exames por imagem e saúde mental)8. Já os custos indiretos com o tratamento da dor lombar apresentam maiores estimativas de gastos quando comparados com os custos diretos. Estima-se que os Estados Unidos gastam de 12 a 90 bilhões de dólares com serviços médicos e medicamentos para o tratamento da dor lombar crônica, sendo que entre sete e 29 bilhões de dólares são gastos nos custos indiretos, como afastamento e aposentadoria ocasionados pela dor lombar crônica. No Reino Unido, estes custos chegam a aproximadamente 12 bilhões de libras esterlinas e na Austrália superam os nove bilhões de dólares australianos8. Na Suíça, em 2005, os custos diretos e indiretos somaram a quantia de 6,6 bilhões de euros, o que representou aproximadamente 2,6% do Produto Interno Bruto daquele ano9. No Brasil, ainda não há estimativa para os custos relacionados à dor lombar crônica. A exata etiologia da dor lombar não específica ainda é desconhecida, sabendose apenas que é multifatorial10. Assim, as condições congênitas, inflamatórias, infecciosas, tumorais, degenerativas e mecânico-posturais poderiam estar associadas com a dor lombar. As alterações mecânico-posturais também podem ser classificadas como dor lombar não específica, que representa grande parte das dores referidas pela população e pode acontecer em decorrência de características sócio demográficas, fatores físicos e psicossociais, hábitos, movimentos repetitivos, atividades de empurrar e puxar e postura de trabalho estática ou sentada10-12. A dor lombar também pode estar associada às disfunções e deficiências dos músculos transverso do abdome, multífidos, músculos do assoalho pélvico, extensores da coluna e diafragma12-14. Uma revisão sistemática recente15 apontou que o prognóstico para dor lombar aguda é favorável, já que há uma redução considerável da dor e incapacidade nas primeiras seis semanas e uma continuidade na redução da dor e incapacidade durante um ano. No caso da dor lombar crônica, o prognóstico não foi tão favorável. Mesmo que tenha ocorrido uma melhora nas seis primeiras semanas, a dor e incapacidade apresentaram pequena redução considerando o período entre a sexta semana e um ano. Alguns fatores estão associados ao tempo de recuperação, como licenças médicas anteriores devido à dor lombar, altos índices de incapacidade e dor no início da cronicidade, baixos níveis de escolaridade e maior risco percebido de dor persistente6. O tratamento da dor lombar não específica depende da duração dos sintomas5, 16, 17 . Na fase aguda os tratamentos recomendados pelas diretrizes europeias de prática 4 clínica são17: fornecer informações adequadas, tranquilizando o paciente em relação ao fato da dor lombar não ser uma doença grave e apresentar recuperação rápida e satisfatória na maioria dos pacientes; controlar adequadamente os sintomas, com prescrição de medicamentos para o alívio da dor e terapia manual para pacientes que não estejam conseguindo retornar as atividades; instruir o paciente a permanecer ativo o máximo possível e retornar precocemente às atividades normais, incluindo atividades de trabalho; e fornecer cartilha educativa com orientações para diminuir a influência das crenças na dor lombar, principalmente na persistência após episódio agudo ou na sua recorrência2, 17, 18 . Nesta fase não são recomendados tratamentos passivos como repouso, massagem, ultrassom terapêutico, eletroterapia, laser e tração, principalmente se forem a única forma de tratamento 1, 11, 17. Na fase subaguda é recomendado acompanhamento multidisciplinar, exercícios, terapia cognitivo-comportamental e também fornecer cartilha educativa com a mesma intenção da dor lombar aguda16. Já no tratamento da dor lombar crônica é recomendada a prescrição de medicamentos (analgésicos simples, anti-inflamatórios não esteróides, opióides fracos, antidepressivos e relaxantes musculares), terapia cognitivo-comportamental, exercícios supervisionados, intervenções educativas, acompanhamento multidisciplinar, Back School, manipulação e mobilização5, 19, 20. Os exercícios têm sido o tratamento mais eficaz, a curto e longo prazo, pois reduzem a dor e a incapacidade. Ainda nesta fase é recomendado tratamento com terapia manual, exercícios de coordenação, alongamento, exercícios resistidos e de estabilização lombar21. Uma técnica de exercícios usada atualmente para o tratamento de pacientes com dor lombar é o método Pilates12, 22, 23 . Essa técnica foi criada por Joseph Hubertus Pilates aproximadamente em 192624. O primeiro livro com a descrição da técnica, denominada até então de Contrologia, foi publicado em 193424. Nesse período, muitos dançarinos começaram a praticar o método Pilates, influenciados por um famoso dançarino da época que voltou aos palcos após ser reabilitado de dores nas costas. O segundo livro25 com descrições de exercícios foi publicado em 1945. Os primeiros exercícios foram desenvolvidos no solo; com o tempo foram criados aparelhos em que os exercícios eram realizados contra a resistência de molas. Desta forma o método pode ser dividido em duas grandes categorias: mat Pilates (exercícios realizados no solo) e exercícios com aparelhos26. Os exercícios de mat Pilates podem incluir a utilização de colchonetes, bola suíça, magic circle e faixas elásticas que 5 foram acrescentadas ao método ao longo dos anos. Os exercícios com aparelhos utilizam o Cadillac, Lader Barrel, Step Chair e Reformer. Esses aparelhos são compostos por molas e polias, que podem facilitar ou dificultar os movimentos (Figura 1). A - Alongamento lateral da Sereia B – Alongamento da Coluna C - Cem D - Alongamento lateral (Aparelho: Step Chair) E – Alongamento da Coluna (Aparelho: Reformer) F – Fortalecimento abdominal (Aparelho: Cadillac) Figura 1 – Ilustração de exercícios do método Pilates. O método Pilates é constituído de seis princípios básicos: centralização, concentração, controle, precisão, fluidez e respiração diafragmática22, 27 e é composto por exercícios de alongamento e fortalecimento muscular, os quais contribuem para melhora do condicionamento físico, aumento da consciência corporal e melhora da postura26, 28. A ativação do Powerhouse é a característica principal do método, que representa a contração dos músculos transverso do abdômen, perineais, glúteos e multífidos durante a respiração diafragmática10, 13, 22, 26 quando são realizados exercícios isotônicos, com o objetivo de diminuir as compressões articulares e causar 6 uma alteração na inclinação da pelve10, 13, 22. Por isso, os exercícios do método Pilates se assemelham aos de estabilização da coluna29. Ao longo dos anos, com o aumento no número de praticantes, o método Pilates passou por adaptações30. Atualmente, considera-se o método tradicional, composto por exercícios mais vigorosos, com ritmo rápido e grau de dificuldade elevado, sendo realizados somente por praticantes saudáveis e com alta flexibilidade; e método modificado, com exercícios adaptados às condições dos praticantes e um aumento gradual da dificuldade, respeitando as habilidades e características individuais13, 22, fazendo com que seja apropriado para pacientes de todas as idades, gestantes e para reabilitação30. O método Pilates modificado surgiu na década de 90, quando os osteopatas passaram a recomendar o método Pilates para seus pacientes por ser uma atividade que não utiliza sobrecarga em seus exercícios30. Assim, o método modificado é o empregado pelos estudos publicados10, 13, 28, 31-36 até o momento e também no presente estudo. Um número crescente de trabalhos sobre os efeitos do método Pilates no tratamento da dor lombar crônica vem sendo publicado37. Alguns trabalhos têm destacado benefícios como melhora da força, amplitude de movimento, coordenação, equilíbrio, simetria muscular, flexibilidade e propriocepção, e também definição corporal e melhora geral da saúde13, 37. Uma revisão sistemática12 publicada em 2008 observou melhora da função geral e redução da dor em adultos com dor lombar crônica não específica, após um programa de exercícios do método Pilates adaptado às situações de cada paciente. Estudos posteriores a essa revisão sistemática observaram melhora da descarga de peso na marcha e redução da dor10 e melhora da dor quando o método Pilates foi associado a relaxamento e exercícios para treinamento da postura32. Quando se avalia a estabilização lombar, realizando o fortalecimento dos músculos abdominais e lombares, os resultados também foram satisfatórios29. Outras três revisões sistemáticas foram publicadas recentemente. Lim et al.37 realizaram uma revisão sistemática com meta-análise com o objetivo de comparar a dor e incapacidade de pacientes com dor lombar crônica não específica tratados com método Pilates em relação a uma intervenção mínima ou massagem terapêutica, Back School, exercícios de estabilização e fisioterapia convencional. Os resultados demonstraram melhora superior do método Pilates em relação à dor, mas não em relação à incapacidade. Apesar dos resultados satisfatórios, os autores concluíram que 7 os dados devem ser analisados com cautela, já que os estudos apresentam baixa qualidade metodológica e alta heterogeneidade e sugerem a realização de novos ensaios controlados aleatorizados para avaliar os efeitos do método Pilates no tratamento da dor lombar crônica não específica. Seguindo a mesma linha, Posadzki et al.39 concluíram que, apesar de alguns estudos apresentarem resultados favoráveis em relação à dor e incapacidade, ainda são escassas as evidências para o método Pilates, devido a não padronização dos estudos e também a baixa qualidade metodológica dos trabalhos publicados até o momento. Portanto, maiores e melhores ensaios controlados são necessários. Por outro lado, Pereira et al.40 não encontraram resultados satisfatórios em relação a dor e incapacidade e ainda concluem que o efeito do método Pilates é semelhante a um grupo de pacientes que seguem com os cuidados usuais para a dor lombar. Os mesmos autores também descrevem a falta de definição quanto à duração e número de sessões realizadas e que o principal fator para isso são as diferenças metodológicas e os pequenos ensaios controlados realizados até o momento da publicação dessa revisão. Considerando que nos últimos anos o número de fisioterapeutas que utilizam o método Pilates em seus programas de reabilitação tem aumentado, o número de ensaios controlados do método Pilates para o tratamento da dor lombar também vem aumentando. Dos nove ensaios clínicos10, 13, 15, 28, 31-36 publicados até o momento, com amostras que variam entre 17 e 87 participantes, oito trabalhos avaliaram somente dor e incapacidade. Sete desses ensaios propuseram a realização de exercícios somente da técnica mat Pilates10, 13, 31, 32, 34-36 , um propôs exercícios realizados no Cadillac e Reformer33 e um propôs uma junção de exercícios do mat Pilates e os realizados no Reformer28. Apenas um estudo36 avaliou o efeito global percebido, expectativa de melhora e cinesiofobia, já que o medo de realizar exercícios pode estar associado à não ativação dos músculos estabilizadores da coluna; isso sugere que a cinesiofobia deve ser investigada para auxiliar a tomada de decisões clínicas pelos fisioterapeutas41. A hipótese é que expor o paciente à realização de exercícios pode diminuir os medos e as crenças em relação ao seu problema42. Além disso, até o momento, nenhum estudo comparou a efetividade dos exercícios do método Pilates realizados no solo ou em aparelhos. É imprescindível conhecer as aplicações e forma de utilização do método Pilates, além de comparar o mat Pilates e o Pilates realizado com aparelhos, oferecendo ao paciente a técnica de forma adequada às alterações apresentadas por 8 ele. Apesar da proposta do atual estudo não ser comparar os custos reais das técnicas mat Pilates e Pilates realizado com aparelhos, podemos considerar que a principal diferença para o fisioterapeuta é em relação ao investimento, já que a aquisição dos aparelhos requer um investimento financeiro maior, e esse valor tende a ser repassado aos pacientes. Assim, o objetivo geral desta dissertação de mestrado é verificar a efetividade do método Pilates realizado no solo comparado com o realizado nos aparelhos no tratamento da dor lombar crônica não específica, fornecendo evidências aos profissionais e auxiliando em suas tomadas de decisões clínicas. Os objetivos específicos são: 1) investigar a efetividade do método Pilates realizado no solo e nos aparelhos no tratamento da dor lombar crônica não específica; e 2) apresentar os resultados de um estudo controlado aleatorizado e identificar diferenças entre dor, incapacidade geral e específica, efeito global percebido e cinesiofobia, após seis semanas e seis meses da aleatorização em pacientes com dor lombar crônica não específica. 9 Referências Bibliográficas 1. Waddell G. The Back Pain Revolution. 2nd ed. Edinburgh: Churchill Livingstone; 2004. 2. Burton AK, Balague F, Cardon G, Eriksen HR, Henrotin Y, Lahad A, et al. Chapter 2. European guidelines for prevention in low back pain: November 2004. Eur Spine J. 2006;15 Suppl 2:S136-68. 3. Hoy D, Bain C, Williams G, March L, Brooks P, Blyth F, et al. A systematic review of the global prevalence of low back pain. Arthritis Rheum. 2012;64(6):202837. 4. Barros MB, Francisco PM, Zanchetta LM, Cesar CL. 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Patient in standing position with one leg on the barrel with his/her knee in 90 degrees of flexion with rotation and abduction of the hip. Stretching of gluteus muscle Patient peels down the spine (in a Ccurve). Repeat 4-10 times. Return to the starting position. Patient in lying position with the side of the body on the barrel. Spinal tilt The body should be aligned and relaxed. The free arm should stretches up and over the body. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. 21 Patient in lying position on the barrel, forehead down. Your body aligned and relaxed. Stretching the back muscles The body should be aligned and relaxed. The free arm should stretches up and over the body. Return to the starting position. Patient sit up on his/her side on the barrel, with the feet resting on the step. Strengthening the oblique muscles Patient activates the powerhouse and contracts the oblique muscles by bending the trunk sideways. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. Patient sits up on the barrel, with his/her feet resting on the step. Strengthening of abdominal muscles Patient activates the powerhouse while peeling down the spine. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. 2. Step chair Strengthening of abdominal muscles and stretching of back muscles Patient stands behind the step chair, with the body in C-Curve position with the hands on the step. Press the step down. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. 22 Patient sits on the chir, with the body in C-Curve position, legs abducted and hands on the step. Strengthening of abdominal muscles Press the step down. Repeat 4-10 times. Return to the starting position Patient sits on his/her side on the chair, with one hand on the step. Strengthening of oblique muscles The free arm should stretch up and over the body. Press the step down. Repeat 4-10 times. Return to the first position. 3. Cadillac Patient sits up tall with straight legs abducted and hands on the bar. Push through round back Then patient C-Curves from the base of his/her spine and pull the bar down, stretching the spine. Retrograde the C-Curve, keeping the shoulders down. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. Patient sits on the side of the table, legs hanging off with one arm pushing the bar down. Side Stretch The free arm should stretch up and over the body diagonally. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. 23 Patient sits up tall with both legs stretched in front of the Cadillac. Port-de-Bras One hand holds the bar, while the other arm stretches the opposite diagonal side, stretching the oblique muscles. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. Patient in lying on his/her side with one foot on the bar and knees flexed. Hip Opener Patient pushes the bar up while straightening both legs. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. Patient in supine position with his/her hands holding the bar. Roll Up Patient pushes the bar while making a the C-Curve. Patient lifts the back off the table. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. Patient lying supine with his/her legs in the loop of the Trapeze. Bridge Patient activates the powerhouse, while lifts the pelvis off the table. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. 24 Patient in standing position not facing the Cadillac with his/her hands holding the bars and feet supported on the foot base. Stretching of back muscles Patient lift the feet from the foot base stretching the back muscles. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. Patient kneels down on the Cadillac with hands holding the bar. Patient pushes the bar downwards and peels the spine down. Cat kneeling Patient then pushes the bar forward and extends the trunk. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. 4. Reformer Strengthening of the gluteus and stretching of the hamstrings Patient stands beside the Reformer, with both hands on the bar, one leg on the carriage and the other one on the floor. The leg positioned on the carriage slides it. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. Patient in standing position on the carriage with his/her hands holding the bar, slides the carriage. Elephant This exercise aims to stretch the back and lower limb muscles. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. 25 Patient sits on the carriage with the hands holding the bar with the feet on the reformer’s base. Stretching of hamstrings - Ccurve With the knees in 90 degrees, the patient slides the carriage making a C-curve and stretching the hamstrings. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. Patient kneels on the carriage with both hands holding the bar. then activates the Knee stretch series: Patient powerhouse and slides the carriage. round back Repeat 4-10 times. Return to the starting position. Patient sits on his/her side on the carriage with one hand holding the bar. Stretching the spinal muscles The free arm should stretch up and over the body while sliding the carriage. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. Patient in prone position with both arms straight holding the handles, both legs should be completely extended. The hundred Patient activates the powerhouse while slides the carriage. Emphasis should be done on the abdominal muscles. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. 26 Patient in prone position on the carriage with both feet on the bar. Running Patient simulates running by flexing and extending the knees. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. Mat Pilates exercises Patient in supine with the upper limbs along the body. Swan Patient extends the trunk using both arms, keeping the pelvis on the mat and arching the upper thoracic spine. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. Patient kneels and sits on his/her ankles. Child's Pose for Pilates Patient flexes the trunk towards the mat using his/her arms. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. Patient in supine with knees flexed and both feet on the mat. Patient moves the chin towards the chest making a C-curve and lifting the back from the mat. The modified hundred Patient should maintain this position while moving the arms upwards and backwards using the powerhouse. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. 27 Patient in supine with both legs straight keeping the body aligned. Patient’s upper limbs must be fully flexed. Roll Up Patient moves the chin towards the chest making a C-curve, lifting the back from the mat and moving both hands towards the feet. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. One Leg Circle Patient in supine with one leg supported on the mat while the other is flexed without support. Patient should move the leg simulating a circle figure. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. Patient sits with the body aligned with the arms along the body. Spine Twist Patient moves the hand towards the contralateral foot. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. Patient sits with knees and hips flexed with the hands holding the legs above the ankles. Rolling like a Ball Patient should lift both feet from the mat, rolling backwards. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. 28 Patient in supine with one leg flexed and one hand holding the one leg above the ankle. The other leg should be in 45 degrees of flexion. Single Leg Stretch Patient should keep the C-curve moving the back from the mat during the exercise, alternating each of the legs. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. Patient in supine with both knees flexed and with both hands positioned on the back of the neck. Chest Lift with Rotation Patient should flex and rotate the trunk, moving the elbow toward the contralateral knee. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. Patient in supine with both legs straight keeping the body aligned. Double Leg Stretch Patient flexes the trunk, hips and knees, moving the forehead towards the knees, hugging both legs. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. Patient in supine with knees flexed and both feet on the mat. Shoulder Bridge Patient should keep the back and upper limbs on the mat, lifting the hips from the mat only. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. 29 Patient in supine with arms along the body Roll over Patient should lift both lower limbs up to 90 degrees of hip flexion. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. Patient in prone supported by the forearms (sphinx position). One Leg Kick Patient flexes one of the knees up to 90 degrees and then kicks backwards (twice), alternating the legs. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. Patient sits with both legs and arms abducted. The Saw Patient flexes and rotates the trunk moving one hand towards the contralateral foot, alternating the movements. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. Patient in lateral decubitus with the body aligned. The head is supported by on the hands while the other hand touches the mat. Side Kick Patient kicks with one leg using all range of motion backwards and forwards. Alternating the sides. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. 30 Patient in lateral decubitus with the body aligned. The head is supported by on the hand while the other hand touches the mat. Side Leg Lifts Patient lifts both legs. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. Patient in prone position with both legs close to each other and hand behind the back. Double Leg Kick Patient extends the trunk and flexes both lower limbs simultaneously. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. Patient sits with his/her legs straight and apart from each other. Spine Stretch Patient move his/her hands towards the feet making a C-curve. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. Patient in prone position with lower limbs close to each other with his/her upper limbs fully extended. Swimming Patient extends one upper limb and the contralateral lower limb simultaneously. Then patient starts simulating a swimming (crawl stroke). Repeat 4-10 times. Return to the starting position. 31 Patient sits with both lower limbs flexed with a side support to one side only. The opposite hand touches the mat in order to provide balance and support. Mermaid Side Stretch The free hand moves above the head bending the trunk towards to hand that is touching the mat, then change sides. Repeat 4-10 times. Return to the starting position. CAPÍTULO 3 Efetividade do método Pilates realizado no solo ou em aparelhos em pacientes com dor lombar crônica não específica: estudo controlado aleatorizado 33 Efetividade do método Pilates realizado no solo ou em aparelhos em pacientes com dor lombar crônica não específica: estudo controlado aleatorizado Effectiveness of mat Pilates or equipment-based Pilates in patients with chronic non-specific low back pain: a randomized controlled trial Maurício Antônio da Luz Júnior1, Leonardo Oliveira Pena Costa1,2, Fernanda Ferreira Fuhro3, Ana Carolina Taccolini Manzoni3, Naiane Teixeira Bastos de Oliveira1 e Cristina Maria Nunes Cabral1* 1. Programa de Mestrado em Fisioterapia, Universidade Cidade de São Paulo – São Paulo SP – Brasil 2. Musculoskeletal Division, The George Institute for Global Health, Sydney NSW – Australia 3. Departamento de Fisioterapia, Universidade Cidade de São Paulo– São Paulo SP – Brasil * Contato do autor correspondente: Cristina Maria Nunes Cabral – Rua Cesário Galeno 475, CEP: 03071-000, Telefone: +55 11 21781565, São Paulo, São Paulo, Brasil, e-mail: [email protected] 34 Resumo Introdução: O método Pilates tem sido largamente utilizado para o tratamento da dor lombar crônica. Até o momento, nenhum estudo comparou o mat Pilates com o Pilates realizado nos aparelhos. Objetivos: Comparar a efetividade do método Pilates realizado no solo e nos aparelhos em pacientes com dor lombar crônica não específica. Desenho: Ensaio controlado aleatorizado. Local: Clínica privada de fisioterapia no Brasil Participantes: Oitenta e seis pacientes com dor lombar crônica não específica (com duração de sintomas maior que três meses). Intervenções: Foram realizadas doze sessões de exercícios do método Pilates. Os exercícios eram realizados no solo ou nos aparelhos de Pilates durante seis semanas. Avaliações: Os desfechos primários foram intensidade da dor e incapacidade. Os desfechos secundários foram efeito global percebido, incapacidade específica do paciente e cinesiofobia. Todos os desfechos foram avaliados antes da aleatorização, seis semanas após e seis meses após aleatorização. Resultados: Não houve diferença estatisticamente significante a curto prazo em nenhum dos desfechos avaliados. Em seis meses, foi observada melhora estatisticamente significante para a incapacidade (diferença entre as médias=3,0 pontos, IC 95% 0,6 a 5,4), incapacidade específica (diferença entre as médias=-1,1 pontos, IC 95% -2,0 a -0,1) e cinesiofobia (diferença entre as médias=4,9 pontos, IC 95% 1,6 a 8,2) a favor do método Pilates realizado com aparelhos. Conclusão: O método Pilates realizado com aparelhos foi mais eficaz que o método realizado no solo pois mantém um efeito a médio prazo para incapacidade e cinesiofobia, mas não para intensidade da dor em pacientes com dor lombar crônica. 35 Introdução A dor lombar crônica (aquela com pelo menos 3 meses de duração) é um importante problema de saúde pública1-3 e envolve um grande custo com o seu tratamento4. Uma revisão sistemática recente5 demonstrou que 39% dos adultos sofreram ao menos um episódio de dor lombar durante suas vidas. Uma pesquisa6 realizada no Brasil apontou que 13,5% da população relata sofrer com problemas crônicos na coluna, representando a segunda maior queixa dos brasileiros. Os exercícios terapêuticos são indicados pelas diretrizes clínicas1, 7 como um tratamento eficaz para reduzir a dor e a incapacidade a curto e longo prazo nesses pacientes8. Uma técnica de exercícios usada atualmente para o tratamento de pacientes com dor lombar é o método Pilates9-11. O método tradicional, composto por exercícios mais vigorosos, com ritmo rápido e grau de dificuldade elevado, passou por adaptações ao longo dos anos12. Surgiu assim o método modificado, com exercícios adaptados a cada paciente, que consiste num aumento gradual da dificuldade dos exercícios, respeitando as habilidades e características individuais11, 17. Com isso a técnica passou a ser indicada para pacientes de todas as idades e para reabilitação12. O método Pilates é constituído de seis princípios básicos: centralização, concentração, controle, precisão, fluidez e respiração diafragmática10, 13. O Powerhouse (contração dos músculos transverso do abdômen, perineais, glúteos e multífidos durante a respiração diafragmática) é a principal característica do método10, 14-16, o que faz com que se assemelhe aos exercícios de estabilização da coluna17. O método Pilates também pode ser dividido em mat Pilates (exercícios realizados no solo) e exercícios com aparelhos (realizados nos aparelhos denominados Cadillac, Lader Barrel, Step Chair e Reformer, os quais são compostos por molas e polias)16. Uma revisão de 36 literatura18 sugere que exercícios realizados com aparelhos são mais seguros, mais fáceis de aprender, além de estabilizar melhor o corpo. Três revisões sistemáticas19-21 publicadas recentemente sobre a eficácia do método Pilates no tratamento da dor lombar crônica apresentam resultados contraditórios. Por exemplo, Lim et al.19 demonstraram melhora superior do método Pilates em relação à dor, mas não em relação à incapacidade. Posadzki et al.21 observaram resultados favoráveis do método Pilates em relação à dor e incapacidade. Por outro lado, Pereira et al.20 não encontraram resultados superiores em relação à dor e incapacidade e ainda concluem que o efeito do método Pilates é semelhante aos pacientes que mantêm os cuidados usuais com a dor lombar. Todas as revisões citam a baixa qualidade e as diferenças metodológicas dos ensaios controlados analisados comprometeram a avaliação da eficácia do método Pilates. Dos ensaios clínicos14, 15, 22-28 publicados até o momento, com amostras que variam entre 17 e 87 participantes, sete14, 15, 22-26 utilizaram somente o mat Pilates para o tratamento, um propôs exercícios realizados no Cadillac e Reformer28 e um propôs uma junção de exercícios do mat Pilates com os realizados no Reformer27. Apenas um estudo24 avaliou o efeito global percebido, expectativa de melhora e cinesiofobia, enquanto os demais14, 15, 22, 23, 25-28 só avaliaram dor e incapacidade. A literatura recente demonstra divergência em relação às evidências do método Pilates no tratamento da dor lombar crônica e, até o momento, nenhum estudo comparou o mat Pilates com o Pilates realizado com aparelhos. Portanto, o objetivo deste estudo foi comparar a efetividade do método Pilates realizado no solo ou nos aparelhos, fornecendo evidências aos profissionais e auxiliando nas tomadas de decisões clínicas. 37 Método Desenho do estudo Este ensaio controlado aleatorizado com avaliador cego foi realizado no Brasil e foi registrado prospectivamente no Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (RBR7tyg5j) em agosto de 2011 e o início da coleta de dados foi em outubro de 2011. O protocolo do estudo junto com a descrição detalhada dos exercícios foi publicado anteriormente29. Local e Participantes O estudo foi realizado em uma clínica privada de Fisioterapia na cidade de Campo Limpo Paulista, São Paulo, Brasil, entre outubro de 2011 e julho de 2012. Foram selecionados pacientes encaminhados para tratamento fisioterapêutico após consulta médica, que apresentavam dor lombar com duração superior a três meses, de ambos os sexos, com idade entre 18 e 60 anos. As contraindicações para a realização de exercício físico foram avaliadas por meio do Physical Activity Readiness Questionnaire (PAR-Q) 30 , sugerido como padrão mínimo de avaliação pré- participação, pois pode identificar, por alguma resposta positiva, os participantes que necessitam de avaliação e liberação médica prévia. Os critérios de exclusão foram prática prévia do método Pilates, gravidez, cirurgias prévias de coluna vertebral e membros inferiores, história de fratura da coluna vertebral, desordens inflamatórias, reumáticas e neurológicas, doença metabólica sistêmica, hérnia de disco com comprometimento de raiz nervosa, tumor, infecção, osteoporose, deformidade estrutural, não compreender a escrita e fala da língua portuguesa, e participantes que realizaram tratamento fisioterapêutico para dor lombar nos últimos seis meses. 38 Aleatorização e Alocação secreta Um esquema de aleatorização simples foi realizada usando o Microsoft Excel para Windows por um pesquisador independente que não estava envolvido com o recrutamento dos participantes e nem com as avaliações. Após a avaliação inicial, os participantes foram encaminhados ao fisioterapeuta responsável pela intervenção e foram distribuídos aleatoriamente em um de dois grupos, pelo método de aleatorização simples, através da utilização de envelopes opacos, selados e sequencialmente numerados. Os grupos de intervenção foram: Grupo mat Pilates que recebeu tratamento com exercícios realizados somente no solo usando colchonete, bola suíça e faixas elásticas, e Grupo Aparelhos que recebeu tratamento com exercícios do método Pilates realizados nos aparelhos Cadillac, Reformer, Ladder Barrel e Step Chair. Intervenções As sessões tiveram duração de uma hora, com frequência de duas vezes por semana, durante um período de seis semanas. Na primeira sessão, os pacientes dos dois grupos eram treinados para realizarem a ativação do Powerhouse, que representa a contração dos músculos transverso do abdômen, perineais, glúteos e multífidos durante a respiração diafragmática. 10, 14-16 Na sessão seguinte, todos os participantes iniciavam o tratamento específico relembrando a ativação do mesmo. Foram realizados, em média, 15 a 20 exercícios por sessão, sendo que cada exercício era repetido no máximo 10 vezes, respeitando o limite de cada participante. Todos os exercícios foram adaptados e modificados, sendo realizados em três níveis de dificuldade: básico, intermediário e avançado. Por exemplo, o “hip opener” é um exercício básico no qual o paciente, sentado com abdução dos membros inferiores, 39 leva a sua mão em direção ao pé contralateral. Esse exercício era dificultado pelo aumento da amplitude de movimento dos membros inferiores e da flexão do tronco até tocar o pé contralateral com ambas as mãos. Da mesma forma, o “roll up” é um exercício avançado, no qual o paciente fica em decúbito dorsal e inicia flexionando a coluna e contraindo os músculos abdominais até retirar as costas do solo e levar as mãos na direção dos pés. Uma forma de facilitar a realização deste exercício era orientando o paciente a realizar apenas a contração do abdômen, progredir com a retirada das escápulas do solo, até que a retirada total das costas e encostar as mãos nos pés fosse possível. Nos casos em que a realização de adaptações não foi possível, os exercícios eram substituídos por outro com o mesmo objetivo. O nível de dificuldade para cada exercício foi determinado de acordo com as necessidades individuais e aumentou a medida que os participantes conseguiram realizá-lo de forma correta, sem compensações posturais25, 29, 37, progredindo, por exemplo, no número de repetições (não superior a 10), aumento na amplitude de movimento ou até mesmo na carga. A descrição completa dos exercícios utilizados em ambos os tratamentos está apresentada no protocolo publicado29. Avaliação dos Desfechos Clínicos As avaliações foram realizadas antes do tratamento, seis semanas e seis meses após a aleatorização. A avaliação inicial foi presencial, enquanto as demais foram realizadas por telefone. O avaliador era cego, pois não sabia em qual grupo cada participante foi alocado. Não foi possível realizar o cegamento do paciente e fisioterapeuta por causa do tipo de estudo e intervenção. 40 Os desfechos primários, como descritos no protocolo29 foram intensidade da dor e incapacidade. A intensidade da dor foi avaliada pela Escala Numérica de Dor31 composta por 11 pontos, sendo que o zero representa “nenhuma dor” e 10 “a pior dor possível”. O participante classificou a sua média de dor nos últimos sete dias. A incapacidade foi avaliada pelo Questionário Roland Morris de Incapacidade32 composto por 24 questões do tipo sim ou não, relacionadas às atividades normais da vida diária e cada resposta afirmativa corresponde a um ponto. Sua pontuação final foi determinada pela somatória dos valores obtidos, sendo que quanto maior a pontuação maior a incapacidade. Os desfechos secundários também descritos no protocolo29 foram efeito global percebido, incapacidade específica do paciente e cinesiofobia. O efeito global percebido foi avaliado com a Escala de Percepção do Efeito Global33, uma escala numérica de 11 pontos em que -5 representa “extremamente pior”, zero “sem modificação” e 5 “completamente recuperada”. Nessa escala, uma maior pontuação significa melhor recuperação da condição. A incapacidade específica foi avaliada com a Escala Funcional Específica do Paciente34, na qual os participantes identificam três importantes atividades que tinham dificuldade ou que eram incapazes de executar devido à dor lombar crônica e assinalavam em uma escala de 11 pontos o quanto se sentem capazes de realizar as atividades identificadas, sendo que zero é “incapaz de realizar a atividade” e 10 é “capaz de realizar a atividade como realizava antes da lesão”. A pontuação foi através da média das três notas e quanto maior a pontuação, maior a capacidade específica. A cinesiofobia foi avaliada com a Escala Tampa para Cinesiofobia35 que consiste em um questionário composto por 17 questões que abordam dor e intensidade dos sintomas. Os escores variam de um a quatro pontos, sendo que a resposta “discordo totalmente” equivale a um ponto, “discordo 41 parcialmente” a dois pontos, “concordo parcialmente” a três pontos, e “concordo totalmente” a quatro pontos. Para o escore total final é necessária a inversão dos escores das questões 4, 8, 12 e 16. O escore final pode variar entre 17 e 68 pontos, sendo que quanto maior a pontuação, maior o grau de cinesiofobia. Todas as escalas descritas acima foram aplicadas nas avaliações realizadas antes do tratamento, após seis semanas e seis meses de tratamento. Todas as escalas foram adaptadas e validadas para o português brasileiro36. Antes da primeira sessão de tratamento, a expectativa em relação ao tratamento foi avaliada com a Escala de Expectativa de Melhora que avaliou a expectativa de melhora que o paciente esperava antes do tratamento, se aleatorizado no Grupo mat Pilates e Grupo Aparelhos. Essa escala é composta por uma escala numérica de 11 pontos, sendo que zero representa “nenhuma melhora” e 10 “a maior melhora possível”. Imediatamente após a primeira sessão, foi avaliada a credibilidade em relação ao tratamento com a Escala de Credibilidade em Relação ao Tratamento37, composta por quatro questões que avaliam o quanto o participante mostra confiança na melhora dos seus sintomas e também em relação ao tratamento que está sendo proposto. Os escores variam de zero a seis, sendo que zero significa “nada confiante” e seis significa “totalmente confiante”. Análise Estatística O estudo foi delineado para detectar uma diferença clinicamente importante de um ponto na intensidade da dor na Escala numérica de dor31 (estimativa para desvio padrão=1,4), de um ponto na Escala funcional específica do paciente34 (estimativa para desvio padrão=1,4), de um ponto na Escala de percepção do efeito global33 (estimativa para desvio padrão=1,3) e de quatro pontos no Questionário Roland 42 Morris de Incapacidade32 (estimativa para desvio padrão=4,9). Estas diferenças entre os grupos foram escolhidas com base nas diferenças minimamente importantes para pacientes com dor lombar38. Foram consideradas as especificações de α=0,05, poder estatístico de 80% e perda de follow-up de 15%. O cálculo amostral descrito resultou em uma amostra de 86 participantes. Foi realizada a dupla entrada de dados e a análise seguiu os princípios da intenção de tratar. Para toda a análise estatística, o nível de significância foi fixado em α=0,05. Os efeitos da intervenção sobre a intensidade da dor, incapacidade geral e específica, efeito global percebido e cinesiofobia foram calculados utilizando modelos lineares mistos, que considera os grupos de tratamento, tempo (baseline, follow-up de seis semanas e seis meses) e os termos de interação entre grupos de tratamento versus tempo. A análise entre os grupos da Credibilidade em relação ao tratamento e da Expectativa de melhora foi realizada pelo teste T de student para amostras independentes. Os dados foram analisados pelo software SPSS Statistics 19 para Windows por um estatístico cego que recebeu os dados codificados. Resultados Cento e cinquenta e sete pacientes com dor lombar crônica foram encaminhados para a clínica de Fisioterapia no período de outubro de 2011 a maio de 2012 (Figura 1). Destes pacientes inscritos, 71 foram excluídos, em que 26 não quiseram participar e 45 não preenchiam os critérios de elegibilidade (13 faziam prática regular de atividade física, 17 apresentavam idade superior a 60 anos, 11 apresentavam comprometimento severo da coluna e 4 realizaram cirurgia na coluna). 43 71 pacientes excluídos: 45 não eram elegíveis e 26 não quiseram participar Inscrição (n=157) Randomização (n=86) 43 participantes alocados no Grupo mat Pilates 43 participantes avaliados em 6 semanas Alocação 42 (97,7%) participantes avaliados em 6 meses Follow-Up 1 43 participantes analisados Análise 43 participantes alocados no Grupo Aparelhos 42 (97,7%) participantes avaliados em 6 semanas 41 (95,3%) participantes avaliados em 6 meses 43 participantes analisados Figura 1: Fluxograma do estudo As características demográficas da amostra estão descritas na Tabela 1. O Grupo mat Pilates foi composto por 34 mulheres e nove homens, com média de idade de 43,5 anos (DP=8,6) e o Grupo Aparelhos incluiu 32 mulheres e 11 homens, com média de idade de 38,8 anos (DP=9,9). No Grupo mat Pilates, 41,9% dos participantes realizaram tratamento fisioterapêutico prévio e o principal tratamento foi a eletroterapia (77,8%) e no Grupo Aparelhos, 23,3% realizaram tratamento fisioterapêutico prévio, sendo que 50% deles realizaram eletroterapia. 44 Em relação ao uso de medicamentos, 48,8% dos participantes do Grupo mat Pilates faziam uso de medicamento no baseline, sendo que 33,3% usavam analgésicos, 23,8% usavam anti-inflamatórios e 42,9% usavam relaxantes musculares. Já no Grupo Aparelhos, 51,2% fizeram uso de medicamento no baseline, sendo que 9,1% usavam analgésicos, 50% usavam anti-inflamatórios e 40,9% usavam relaxantes musculares. Foram oferecidas 516 sessões de tratamento para cada grupo, no total. No Grupo mat Pilates, foram registradas 48 faltas (média de sessões realizadas por participante=10,8; DP=2,1) representando aproveitamento de 91,4% das sessões oferecidas. No Grupo Aparelhos, foram registradas 30 faltas (média de sessões realizadas por participantes=11,3; DP=1,6) representando aproveitamento de 94,2% das sessões oferecidas. Além disso, no follow-up de seis semanas foi registrada uma perda no grupo mat Pilates (%) realizado com aparelhos e no follow-up de seis meses foi registrada uma perda no grupo mat Pilates (%)e duas perdas no grupo Aparelhos(%), representando uma alta aderência ao tratamento, assim como uma reduzida perda amostral. 45 Tabela 1 - Características da amostra na linha de base Características Participantes mat Pilates (n = 43) Aparelhos (n = 43) 43,5 (8,6) 38,8 (9,9) Masculino 9 (20,9) 11 (25,6) Feminino 34 (79,1) 32 (74,4) Duração da dor lombar (meses) 85,3 (101,7) 61,5 (78,5) Massa (Kg) 71,4 (13,0) 74,9 (12,5) 1,63 (0,09) 1,66 (0,09) 27,04 (4,6) 26,8 (4,1) Solteiro 10 (23,3) 8 (18,6) Casado 28 (65,1) 33 (76,7) 3 (7) 2 (4,7) 2 (4,7) 0 (0) Ensino fundamental 15 (34,9) 12 (27,9) Ensino médio 18 (41,9) 22 (51,2) Ensino superior 10 (23,3) 7 (16,3) Pós graduação 0 (0) 2 (4,7) 4,6 (3,9) 4,9 (2,7) 18 (41,9) 10 (23,3) 1 (2,3) 0 (0) 21 (48,8) 22 (51,2) Intensidade da dor (0-10) 6,3 (2,1) 5,6 (2,3) Incapacidade (0-24) 10,8 (5,4) 10,2 (5,5) Incapacidade específica do paciente (0-10) 4,8 (2,2) 4,8 (1,8) Efeito global percebido (-5 a 5) -1,6 (2,2) -0,9 (2,5) Cinesiofobia (17-68) 39,7 (8,0) 39,5 (7,9) Idade (anos) Sexo Altura (m) 2 Índice de massa corporal (kg/m ) Estado Civil Divorciado Viúvo Escolaridade Renda (salários mínimos) Tratamento fisioterapêutico Sim Outro tipo de tratamento Sim Uso de medicamento Sim As variáveis categóricas estão expressas em número (percentuais) e as variáveis contínuas estão expressas em média (desvio-padrão). 46 As médias e desvios-padrão da Escala de expectativa de melhora e Escala de credibilidade em relação ao tratamento podem ser encontradas na Tabela 2. Não foi observada diferença estatisticamente significante entre os grupos. Tabela 2 – Expectativa de melhora e Credibilidade em relação ao tratamento Se Grupo mat Pilates (n=86) Se Grupo Aparelhos (n=86) p 8,9 (1,5) 9,0 (1,4) 0,09 Grupo mat Pilates (n=42) Grupo Aparelhos (n=41) O quão confiante você sente que este tratamento pode ajudá-lo a aliviar a sua dor? (0-6) O quão confiante você sente que este tratamento irá ajudar a lidar com a sua dor? (0-6) 5,3 (1,0) 5,4 (0,8) 0,54 5,4 (0,8) 5,5 (0,8) 0,63 O quão confiante você estaria para recomendar este tratamento para um amigo que apresente queixas similares as suas? (0-6) 5,6 (0,9) 5,7 (0,6) 0,34 O quanto este tratamento faz sentido pra você? (0-6) 5,7 (0,6) 5,8 (0,5) 0,58 Expectativa de melhora (0-10) Credibilidade em relação ao tratamento Dados expressos em média e desvio-padrão. Na comparação entre os grupos, como descrito na Tabela 3, os resultados não mostraram diferença estatisticamente significante para nenhum desfecho no follow-up de seis semanas. No follow-up de seis meses, houve diferença estatisticamente significante com melhora superior no grupo Aparelhos para os desfechos incapacidade (diferença entre as médias=3,0 pontos, IC 95% 0,6 a 5,4), incapacidade específica (diferença entre as médias=-1,1 pontos, IC 95% -2,0 a -0,1) e cinesiofobia (diferença entre as médias=4,9 pontos, IC 95% 1,6 a 8,2). 47 Tabela 3 – Diferenças entre os grupos nos follow-ups de seis semanas e de seis meses Desfecho Médias não ajustadas (DP) mat Pilates x Aparelhos mat Pilates Aparelhos Diferença entre médias ajustadas (IC a 95%) p Follow-up de 6 semanas 3,5 (2,6) 2,8 (2,5) 0,3 (-1,1 a 1,7) 0,69 Follow-up de 6 meses 4,8 (2,7) 4,0 (2,9) -0,1 (-1,5 a 1,3) 0,94 Follow-up de 6 semanas 3,4 (3,1) 3,8 (5,1) -1,0 (-3,4 a 1,4) 0,41 Follow-up de 6 meses 7,8 (6,1) 4,0 (4,9) 3,0 (0,6 a 5,4) 0,01* Follow-up de 6 semanas 7,5 (2,1) 7,6 (1,8) -0,1 (-1,1 a 0,9) 0,85 Follow-up de 6 meses 6,2 (2,8) 7,3 (2,0) -1,1 (-2,0 a -0,1) 0,04* Follow-up de 6 semanas 3,0 (1,8) 3,5 (1,8) 0,1 (-1,1 a 1,4) 0,82 Follow-up de 6 meses 0,7 (3,2) 2,5 (2,4) -1,2 (-2,4 a 0,1) 0,08 Follow-up de 6 semanas 35,3 (6,6) 34,1 (7,8) 0,8 (-2,5 a 4,1) 0,62 Follow-up de 6 meses 40,0 (9,9) 34,9 (7,9) 4,9 (1,6 a 8,2) <0,01* Intensidade da dor (0-10) Incapacidade (0-24) Incapacidade específica do paciente (0-10) Efeito global percebido (-5 a 5) Cinesiofobia (17-68) * Diferença estatisticamente significante entre os grupos (p<0,05) Discussão Este é o primeiro ensaio controlado aleatorizado que comparou o mat Pilates e o Pilates realizado com aparelhos em pacientes com dor lombar crônica não específica. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes entre os grupos para nenhum dos desfechos avaliados em seis semanas após o tratamento. Os resultados podem ser considerados clinicamente importantes em ambos os grupos, já que a diferença entre as médias na avaliação antes do tratamento e seis semanas após, para os desfechos dor, incapacidade geral e específica e efeito global percebido foram superiores aos valores considerados clinicamente importantes para pacientes com dor lombar crônica não específica38. Foi encontrada melhora estatisticamente significante 48 após seis meses para os desfechos incapacidade, incapacidade específica e cinesiofobia no grupo que recebeu o tratamento do método Pilates realizado com aparelhos. Um ponto forte deste estudo é em relação ao recrutamento dos participantes. Assim, todos os pacientes incluídos do estudo procuraram um clínico por causa da dor lombar e foram encaminhados por esse clínico para o serviço de fisioterapia. Após o primeiro contato com o fisioterapeuta, os pacientes eram convidados a participar do estudo. Os atendimentos ocorreram em uma clínica privada de Fisioterapia. Os resultados deste estudo podem ser generalizados para pacientes com características semelhantes ao do estudo, ou seja, pacientes com dor lombar crônica com muito tempo de duração, que buscam tratamento clínico e são encaminhados ao serviço de fisioterapia, algo que se assemelha com a realidade dos serviços de saúde no Brasil. Em relação ao tratamento, acreditamos que o método Pilates foi bem conduzido, já que o número de sessões e o tempo de duração da cada sessão também foi o mesmo entre os grupos e o tratamento contou com apenas um fisioterapeuta com sete anos de formação e quatro anos de certificação no método. Os exercícios foram delineados e publicados anteriormente29, o que permite a outros fisioterapeutas com formação no método reproduzir esse tratamento. Além disso, independente da forma de realização (mat Pilates ou em um aparelho), foram escolhidos exercícios sempre com o mesmo objetivo. A limitação do nosso estudo foi o não cegamento do terapeuta e paciente em relação à alocação nos grupos, já que ambos sabiam em qual grupo foram alocados. Esta é uma limitação relativa, já que não há como realizar cegamento de terapeuta e paciente em um ensaio controlado aleatorizado de exercícios. Assim, na literatura não são encontrados estudos que tenham cegado terapeutas ou pacientes utilizando 49 exercícios como forma de tratamento. Uma forma de minimizar o efeito do não cegamento do paciente foi incluindo no estudo somente quem nunca havia praticado o método Pilates. Isso também pode justificar o fato de não terem sido encontradas diferenças estatisticamente significantes na credibilidade em relação ao tratamento e expectativa de melhora entre os grupos. Não foi encontrada diferença estatisticamente significante para a dor, tanto a curto quanto a médio prazo. Uma possível interpretação para esse resultado é que os exercícios, tanto do Grupo mat Pilates quanto do Grupo Aparelhos, foram escolhidos para que trabalhassem de maneira semelhante em relação à ativação dos músculos estabilizadores da coluna lombar, considerando o alongamento e fortalecimento muscular. Estudos que comparam exercícios de estabilização da coluna com exercícios convencionais no tratamento da dor lombar crônica não específica também não têm demonstrado diferenças estatisticamente significantes para dor e incapacidade entre os grupos39, 40. Um estudo28 que compara o método Pilates com exercícios convencionais também não encontrou diferenças significantes em relação à dor e incapacidade a curto e médio prazo. Assim, é provável que seja mais difícil esperar diferenças significantes quando um estudo é desenhado com ambos os grupos de tratamento recebendo exercícios ativos, independente da forma de exercícios utilizado como intervenção. Em relação à incapacidade, os resultados foram favoráveis a médio prazo para o Grupo Aparelhos. Isso pode estar relacionado com o fato de que fazer exercícios em aparelhos facilita o aprendizado e a execução, já que possuem uma melhor estabilização. As recomendações do American College of Sports Medicine18 apontam tais benefícios em aparelhos de musculação, algo que provavelmente também ocorre com aparelhos do método Pilates, já que ambos contam com polias, local correto para 50 realização do exercícios (cadeiras, encostos, alças etc.), além das resistências serem controladas por molas e pesos nos aparelhos de Pilates e nos aparelhos de musculação, respectivamente. Esses benefícios provavelmente também interferiram na cinesiofobia, na medida em que expor o paciente à realização de exercícios pode diminuir os medos e as crenças em relação ao seu problema41. Se essa exposição for facilitada com uma melhor estabilização do paciente e facilidade no aprendizado, é provável que possa ocorrer um favorecimento na diminuição desse medo quando os exercícios são realizados em aparelhos. Um estudo42 publicado recentemente apontou que o medo em realizar exercícios pode estar associado à não ativação dos músculos estabilizadores da coluna. Portanto, a diminuição do medo no Grupo Aparelhos provavelmente ajudou na melhora da incapacidade a médio prazo. Outros estudos que utilizaram o método Pilates para o tratamento da dor lombar crônica não específica podem ser encontrados na literatura. Miyamoto et al.24 encontraram melhora significante a curto prazo para dor e incapacidade no grupo que realizou intervenção através do mat Pilates em relação a uma intervenção mínima, mas não encontraram diferenças a médio prazo. Rydeard et al.27 encontraram diferença estatisticamente significante a curto e médio prazo para dor e incapacidade no grupo que realizou a intervenção através da associação de exercícios do mat Pilates com o aparelho Reformer contra um grupo controle. Os resultados desses estudos24, 27 são semelhantes ao do presente estudo considerando a incapacidade. A diferença dos resultados para a dor pode estar relacionada ao fato dos trabalhos acima compararem o método Pilates com intervenção mínima e grupo controle, e não com outra forma de exercício, como feito em nosso estudo. Os estudos atuais favorecem a hipótese que os exercícios do método Pilates são mais eficazes que uma intervenção mínima ou um grupo controle no tratamento 51 da dor lombar crônica. Nossos resultados sugerem que o método Pilates realizado com aparelhos pode ser mais eficaz que o método realizado no solo pois mantém um efeito a médio prazo para incapacidade e cinesiofobia. 52 Referências Bibliográficas 1. Airaksinen O, Brox JI, Cedraschi C, et al. Chapter 4. European guidelines for the management of chronic nonspecific low back pain. Eur Spine J. 2006;15 Suppl 2:S192-300. 2. Costa LM, Maher CG, Hancock MJ, McAuley JH, Herbert RD, Costa LO. The prognosis of acute and persistent low-back pain: a meta-analysis. CMAJ. 2012;184(11):E613-624. 3. Costa LM, Maher CG, McAuley JH, et al. Prognosis for patients with chronic low back pain: inception cohort study. BMJ. 2009;339:b3829. 4. Dagenais S, Caro J, Haldeman S. A systematic review of low back pain cost of illness studies in the United States and internationally. Spine J. 2008;8(1):820. 5. Hoy D, Bain C, Williams G, et al. A systematic review of the global prevalence of low back pain. 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Nenhum estudo até o momento comparou essas duas formas de intervenção do método Pilates. As revisões sistemáticas publicadas recentemente1-3 sobre o método Pilates no tratamento da dor lombar crônica apresentaram resultados discrepantes, mas todos os autores acreditam que os estudos publicados e analisados apresentam baixa qualidade metodológica e que novos e melhores estudos devem ser realizados. Este estudo foi conduzido para atingir nota 8 na escala PEDro e até o momento apenas dois artigos4, 5 atingiram essa nota, sendo a nota máxima possível para esse tipo de ensaio clínico, em que não é possível o cegamento do fisioterapeuta e do paciente devido à intervenção por exercícios. Esta pesquisa também é o maior ensaio clínico realizado considerando o número de sessões oferecidas através do método Pilates isoladamente. Apenas um artigo6 inseriu um paciente a mais na análise, mas comparou o método Pilates com os exercícios convencionais, além de apresentar perda amostral superior a 15%. Estudos que comparam duas intervenções de exercícios não têm encontrado diferenças estatisticamente significantes entre elas6-8, o que favorece a hipótese de não haver diferenças entre diferentes formas de exercícios no tratamento da dor lombar crônica. Além disso, ao nosso conhecimento, nenhum outro trabalho comparou somente o uso de aparelhos do método Pilates com exercícios livres, apesar das recomendações do American College of Sports Medicine9 apontarem benefícios como maior facilidade de aprendizado e realização dos exercícios e melhora da estabilidade nos aparelhos. No capítulo 3 foram apresentados os resultados do ensaio controlado aleatorizado que comparou os desfechos do Grupo mat Pilates em relação ao Grupo Aparelhos. Novos estudos devem ser realizados para que possamos avaliar o efeito dos exercícios realizados em aparelhos comparados a um grupo controle. Outro desfecho que deve ser melhor investigado é a cinesiofobia. Como já citado nos capitulos anteriores, o medo do paciente de ser exposto a alguma atividade pode influenciar na ativação dos musculos estabilizadores da coluna10. No nosso caso, esse desfecho pode ter ser o ponto chave para diminuição da incapacidade geral e específica a médio prazo, já que um menor medo faz com que o paciente seja mais ativo em relação às suas atividades de vida diária, favorecendo os resultados encontrados a favor do método Pilates realizado com aparelhos após seis meses. 58 Esperamos que os resultados da pesquisa atual auxiliem os fisioterapeutas em suas tomadas de decisões clínicas. Apesar de não avaliarmos os custos do tratamento do método Pilates realizado no solo ou no aparelhos, é evidente que o espaço físico e o investimento para aquisição dos aparelhos são superiores, encarecendo o tratamento. Esse valor é automaticamente repassado ao paciente, mas como os resultados foram mais favoráveis no Grupo Aparelhos, as decisões clínicas devem ser analisadas. Também vale salientar que os atendimentos foram realizados de forma individualizada. Portanto a conclusão deste estudo controlado aleatorizado, como demonstrado no capítulo 3, é que o metodo Pilates realizado com aparelhos é superior aos exercícios do método Pilates realizado no solo, já que os resultados encontrados após seis semanas de tratamento mostraram melhora da incapacidade geral e específica e da cinesiofobia. 59 Referências Bibliográficas 1. Lim EC, Poh RL, Low AY, Wong WP. Effects of Pilates-based exercises on pain and disability in individuals with persistent nonspecific low back pain: a systematic review with meta-analysis. J Orthop Sports Phys Ther. 2011;41(2):70-80. 2. Pereira LM, Obara K, Dias JM, Menacho MO, Guariglia DA, Schiavoni D, et al. Comparing the Pilates method with no exercise or lumbar stabilization for pain and functionality in patients with chronic low back pain: systematic review and metaanalysis. Clin Rehabil. 2012;26(1):10-20. 3. 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