Efetividade do Método Pilates Realizado no Solo ou nos Aparelhos

Propaganda
UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO
PROGRAMA DE MESTRADO E DOUTORADO EM
FISIOTERAPIA
MAURÍCIO ANTÔNIO DA LUZ JUNIOR
EFETIVIDADE DO MÉTODO PILATES REALIZADO
NO SOLO OU NOS APARELHOS NO TRATAMENTO
DA DOR LOMBAR CRÔNICA NÃO ESPECÍFICA
SÃO PAULO
2013
MAURÍCIO ANTÔNIO DA LUZ JÚNIOR
EFETIVIDADE DO MÉTODO PILATES REALIZADO NO
SOLO OU NOS APARELHOS NO TRATAMENTO DA DOR
LOMBAR CRÔNICA NÃO ESPECÍFICA
Defesa apresentada ao Programa de
Mestrado e Doutorado em Fisioterapia
da Universidade Cidade de São Paulo,
sob orientação da Profa. Dra. Cristina
Maria Nunes Cabral e co-orientação do
Prof. Dr. Leonardo Oliveira Pena Costa,
como requisito para obtenção do título
de Mestre.
SÃO PAULO
201
Ficha Elaborada pela Biblioteca Prof. Lúcio de Souza. UNICID
L979e
Luz Júnior, Maurício Antônio da.
Efetividade do método pilates realizado no solo ou
nos aparelhos no tratamento da dor lombar crônica não
específica. / Maurício Antônio da Luz Júnior. --- São
Paulo, 2013.
70 p.
Bibliografia
Dissertação (Mestrado) – Universidade Cidade de
São Paulo - Orientadora: Profa. Dra. Cristina Maria
Nunes Cabral.
1. Dor lombar. 2. Modalidades de fisioterapia. 3.
Técnicas de exercício e de movimento. I. Cabral,
Cristina Maria Nunes, orient. II. Título.
CDD 615.82
MAURÍCIO ANTÔNIO DA LUZ JÚNIOR
EFETIVIDADE DO MÉTODO PILATES REALIZADO NO
SOLO OU NOS APARELHOS NO TRATAMENTO DA DOR
LOMBAR CRÔNICA NÃO ESPECÍFICA
Defesa
apresentada
ao
Programa
de
Mestrado e Doutorado em Fisioterapia da
Universidade Cidade de São Paulo, sob
orientação da Profa. Dra. Cristina Maria
Nunes Cabral e co-orientação do Prof. Dr.
Leonardo Oliveira Pena Costa, como
requisito para obtenção do título de Mestre.
Área de Concentração: Avaliação, Intervenção e Prevenção em Fisioterapia
Data da Qualificação: 28 de Fevereiro de 2013
Resultado: _________________________________________
BANCA EXAMINADORA
Profa. Dra. Cristina Maria Nunes Cabral ____________________________________
Universidade Cidade de São Paulo
Prof. Dr. Richard Eloin Liebano
____________________________________
Universidade Cidade de São Paulo
Profa. Dra. Débora Bevilaqua Grossi
Universidade de São Paulo
____________________________________
AGRADECIMENTOS
Esta dissertação simboliza o fim de uma importante etapa da minha vida e a
realização de um sonho. Gostaria de agradecer a DEUS e todos os familiares,
professores e amigos de curso que fiz ao longo desses dois anos e de forma direta ou
indireta contribuíram para este trabalho.
Ao meu pai Maurício Antônio da Luz, um exemplo de dedicação e
determinação, um exemplo de PAI. Muito obrigado pelos ensinamentos e por me fazer
sempre acreditar nos meus sonhos.
À Nilda Ap. Alves dos Santos Luz que além de MÃE, tornou-se meu braço
direito na vida profissional, me ajudando a construir um grande sonho, pois assumiu
parte das minhas obrigações e assim como eu, vive a fisioterapia.
À minha esposa Carla Cristiane Fernandes Luz, com quem divido minhas
alegrias e minhas tristezas, a quem conto minhas angustias e meus medos e que sempre
esteve ao meu lado, me apoiando ao longo desses anos.
À querida Prof. Dra. Cristina Maria Nunes Cabral, minha orientadora, pela
competência científica, profissionalismo e principalmente pela disponibilidade ao longo
desses anos. Mesmo no momento mais importante da sua vida, quando foi mãe, não
deixou de estar presente e conduzir de forma brilhante o trabalho.
Ao Prof. Dr. Leonardo Oliveira Pena Costa, pela disponibilidade, pelos
ensinamentos e principalmente pelas contribuições diretas ao longo desses anos.
À Fernanda Ferreira Fuhro e Ana Carolina Taccolini Manzoni e Naiane Teixeira
Bastos de Oliveira que foram fundamentais nas coletas de dados e na execução deste
trabalho.
Aos professores Dr. Richard Eloin Liebano e Dra. Débora Bevilaqua Grossi
pelas contribuições durante a qualificação deste trabalho.
Ao CNPq por ter aprovado o projeto e disponibilizado recursos para aquisição
dos equipamentos do método Pilates através do edital 479645/2011-6
Aos funcionários Clínica Luz Fisioterapia que se dedicaram aos pacientes,
possibilitando a minha dedicação ao trabalho.
Aos pacientes envolvidos no projeto e que de forma preciosa contribuíram para a
realização do trabalho.
À Universidade Cidade de São Paulo pela estrutura fornecida para minha
formação acadêmica.
SUMÁRIO
Prefácio..................................................................................................................
i
Resumo................................................................................................................... ii
Abstract..................................................................................................................
CAPÍTULO 1:
Contextualização.............................................................................................
iv
1
Referências bibliográficas............................................................................... 9
CAPÍTULO 2: Effectiveness of mat Pilates or equipment-based Pilates in
patients with chronic non-specific low back pain: a protocol of a randomised 13
controlled trial.................................................................... ...................................
Abstract...........................................................................................................
14
Background.....................................................................................................
14
Methods/Design .............................................................................................
15
Discussion.......................................................................................................
17
References....................................................................................................... 18
Appendix 1...................................................................................................... 19
CAPÍTULO 3: Efetividade do método Pilates realizado no solo ou em
aparelhos em pacientes com dor lombar crônica não específica: estudo
controlado aleatorizado..........................................................................................
32
Página de título...............................................................................................
33
Resumo...........................................................................................................
34
Introdução.......................................................................................................
35
Métodos........................................................................................................... 37
Resultados.......................................................................................................
42
Discussão........................................................................................................
47
Referências bibliográficas............................................................................... 52
CAPÍTULO 4: Considerações finais...................................................................... 56
Referências bibliográficas............................................................................... 59
i
PREFÁCIO
Esta dissertação de mestrado aborda tópicos relacionados à eficácia do método
Pilates no tratamento da dor lombar crônica não específica, escrita em quatro capítulos,
que podem ser lidos independentemente, sendo que cada capítulo possui sua própria
lista de referências bibliográficas. O Programa de Mestrado e Doutorado em
Fisioterapia da Universidade Cidade de São Paulo permite a inclusão de artigos
publicados, aceitos ou submetidos em seu formato de publicação ou submissão no corpo
do exemplar da dissertação. Desta forma, ao decorrer da leitura, será observado que o
capítulo 2 já foi publicado.
O capítulo 1 é uma introdução à dissertação e fornece uma visão geral da
literatura sobre a dor lombar e o método Pilates. O capítulo 2 tem como objetivo
apresentar um projeto de pesquisa completo de um estudo aleatorizado controlado
publicado no BMC Musculoskeletal Disorders, devidamente aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da Universidade Cidade de São Paulo (PP 13610106) e registrado no
Registros Brasileiros de Ensaios Clínicos (http://www.ensaiosclinicos.gov.br/rg/RBR7tyg5j/). O capítulo 3 tem como objetivo descrever os resultados finais de um estudo
controlado aleatorizado que investigou a efetividade do método Pilates realizado no solo
ou nos aparelhos no tratamento de pacientes com dor lombar crônica não específica.
Este documento está apresentado no formato requerido pelas normas da Physical
Therapy
Journal,
que
podem
ser
encontradas
em
http://ptjournal.apta.org/site/misc/ifora_clinical_trials.xhtml, exceto para tabelas, que
estão localizadas no corpo do texto e não separadamente, para facilitar a leitura. Por
fim, o capítulo 4 consiste em uma visão geral dos principais achados dos capítulos 2 e 3,
destacando suas implicações clínicas e direções para futuras pesquisas.
ii
RESUMO
Esta dissertação de mestrado teve como objetivo geral verificar a efetividade do
método Pilates realizado no solo e nos aparelhos no tratamento da dor lombar crônica
não específica. Os objetivos específicos foram: 1) investigar a efetividade do método
Pilates realizado no solo e nos aparelhos no tratamento da dor lombar crônica não
específica; e 2) apresentar dados finais de um estudo controlado aleatorizado e
identificar diferenças entre as variáveis analisadas antes, seis semanas e seis meses após
aleatorização de pacientes com dor lombar crônica não específica.
A dor lombar é um problema grave de saúde pública que afeta todo mundo.
Atualmente estima-se que 39% dos adultos sofrerão ao menos um episódio de dor
lombar ao longo de suas vidas. No Brasil, 13,5% sofrem com problemas crônicos na
coluna. Os custos com seu tratamento envolvem uma grande quantia financeira. Nos
Estados Unidos, os gastos ficam entre 12 e 90 bilhões de dólares, no Reino Unido os
valores são de aproximadamente 12 bilhões de libras, e na Suíça, no ano de 2005, os
gastos representaram 2,6% do produto interno bruto. Os exercícios têm sido o
tratamento mais eficaz, a curto e longo prazo, pois reduzem dor e incapacidade. Uma
técnica muito usada no tratamento dos pacientes com dor lombar crônica não específica
é o método Pilates, que pode ser dividido em mat Pilates (exercícios realizados no solo)
e Pilates com aparelhos. Um número crescente de estudos sobre o efeito do método
Pilates na dor lombar crônica não específica vem sendo publicado.
Três revisões sistemáticas publicadas recentemente sobre a eficácia do método
Pilates no tratamento da dor lombar apresentaram resultados discrepantes e sugeriram
que novos ensaios clínicos sejam publicados. Desta forma, o capítulo 2 descreve o
projeto de pesquisa completo do estudo controlado aleatorizado com avaliador cego.
Foram incluídos neste estudo 86 pacientes de ambos os gêneros com dor lombar crônica
não específica distribuídos aleatoriamente em dois grupos de tratamento: Grupo mat
Pilates que recebeu exercícios do método Pilates realizados somente no solo usando
colchonete, bola suíça e faixas elásticas; e Grupo Aparelhos que recebeu o programa de
exercícios do método Pilates utilizando os aparelhos Cadillac, Reformer, Ladder Barrel
e Step Chair. Os desfechos investigados foram: intensidade da dor, efeito global
percebido, capacidade funcional geral e específica do paciente e cinesiofobia antes, seis
semanas e seis meses após a aleatorização.
iii
O estudo proposto nesse projeto de pesquisa foi iniciado em outubro de 2011 e
finalizado em novembro de 2012. Assim, o capítulo 3 apresenta os resultados deste
estudo que teve como objetivo analisar a efetividade do método Pilates realizado no
solo ou nos aparelhos no tratamento da dor lombar crônica não específica nos desfechos
propostos para análise no baseline e nos follow-ups de seis semanas e seis meses. Não
houve diferença estatisticamente significante para nenhum desfecho a curto prazo, mas
encontramos melhora significante a médio prazo para incapacidade (média das
diferenças = 3,0 pontos; IC 95% 0,6 a 5,4), incapacidade específica do paciente (média
das diferenças = -1,1; IC 95% -2,0 a -0,1) e cinesiofobia (média das diferenças = 4,9; IC
95% 1,6 a 8,2) a favor do método Pilates realizado com aparelhos. Portanto, conclui-se
que o método Pilates realizado com aparelhos é mais eficaz se comparado com os
exercícios realizados no solo, pois há melhora da incapacidade, incapacidade específica
do paciente e cinesiofobia que se mantém ao longo do tempo.
Os resultados apresentados nessa dissertação são importantes para mostrar a
diferença clínica existente entre mat Pilates e o Pilates realizado com aparelhos e
auxiliar os fisioterapeutas em suas tomadas de decisões clínicas. As revisões
sistemáticas sobre a eficácia do método Pilates no tratamento da dor lombar crônica
apontam a diferença metodológica dos ensaios clínicos publicados até o momento e que
novos estudos, maiores e com melhor qualidade metodológica devem ser publicados.
Espera-se que o estudo atual cubra parte da deficiência encontrada na literatura.
iv
ABSTRACT
The primary aim of this master thesis was to evaluate the effectiveness of mat
Pilates and equipment-based Pilates in patients with chronic non-specific low back pain.
The specific aims were: 1) to investigate the effectiveness of Pilates method on mat and
equipment-based Pilates in the treatment of patients with chronic non-specific low back
pain; and 2) to present the results of a randomized controlled trial and identify
difference between variables before, six weeks and six months after the randomization
of patients with chronic non-specific low back pain.
Low back pain is a serious public health problem that affects the entire world. It
is estimated that 39% of adults will experience at least one episode of low back pain
during their lives. In Brazil, 13.5% of the population suffer with chronic problems in
their spine. The costs of the treatment involve a large amount of financial expenses. In
the United States the costs are between 12 to 90 billion dollars, in the UK the cost are
about 12 billion pounds and in Switzerland, in 2005, the costs represent 2,6% of gross
national product. Exercise is the most effective treatment in the short and long term,
because reduces pain and disability. Pilates method exercises are commonly used in the
treatment of these patients. Pilates method can be divided into mat Pilates (exercises
performed on mat) and equipment-based Pilates exercises. A growing number of studies
concerning the effect of the Pilates method has been published.
Three recently systematic reviews about the effectiveness of the Pilates method
in the treatment of patients with low back pain showed conflicting results, and
suggested that new clinical trials must be published. Chapter 2 describes the full
research project of a randomized controlled trial with blinded assessor. Eighty six
patients of both genders with chronic non-specific low back pain were included. They
were randomized into two treatment groups: mat Pilates Group that received the Pilates
method performed using only the mat, Swiss ball and elastic bands; and equipmentbased Pilates Group that received the program of exercises using Pilates equipment
(Cadillac, Reformer, Ladder Barrel and Step Chair). The outcomes investigated were:
pain intensity, general and specific disability, global perceived effect and kinesiophobia
before, six weeks and six months after randomization.
The study proposed in this project was started in October 2011 and ended in
November 2012. Chapter 3 presents the results of this study that analyzed the
effectiveness of mat Pilates or equipment-based Pilates in the treatment of patients with
v
chronic non-specific low back pain in clinical outcomes proposed. There were no
statistically significant differences for any outcome in the short term, but we found a
significant improvement in the medium-term disability (mean difference = 3.0 points,
CI 95% 0.6 to 5.4), specific disability (mean difference = -1.1, CI 95% -2.0 to -0.1) and
kinesiophobia (mean difference = 4.9, CI 95% 1.6 to 8.2) favoring the equipment-based
Pilates. Therefore, it can be concluded that the equipment-based Pilates is more
effective when compared to the mat Pilates because improves disability and
kinesiophobia. This improvement is maintained over the time.
The results presented in this thesis are important to show the difference between
mat Pilates and equipment-based Pilates and to assist physiotherapists in their clinical
decision making. Systematic reviews about the effectiveness of the Pilates method in
the treatment of patients with low back pain indicate the methodological difference of
published clinical trials and that new studies and with larger sample and better quality
should be published. The present study can contribute with this gap in literature.
CAPÍTULO 1
CONTEXTUALIZAÇÃO
2
Contextualização
A dor lombar é definida como dor ou desconforto localizado abaixo do último
arco costal até a região das pregas glúteas inferiores, com ou sem irradiação para
membros inferiores. A dor lombar pode ser classificada em três grupos: 1) dor lombar
não específica relacionada à dor mecânica de origem musculoesquelética, que pode
variar com atividade física, postura e com o tempo, encontrada em aproximadamente
95% dos casos; 2) dor lombar por compressão de raiz nervosa que pode surgir a partir
de uma hérnia discal, estenoses da coluna ou cicatrizes cirúrgicas, caracterizada por
dor irradiada para o membro inferior até o pé ou a perna unilateralmente com
parestesia, redução de força e reflexos tendinosos profundos, representando
aproximadamente 4% da população com dor lombar; e 3) dor lombar por patologias
graves da coluna vertebral incluindo doenças inflamatórias, tumores, osteoporose,
espondilite anquilosante, fraturas, ou síndrome de cauda equina, representando menos
de 1% da população com dor lombar1, 2. Pacientes com dor lombar devem também ser
classificados quanto à duração dos sintomas em aguda (episódios dolorosos com
duração de até seis semanas), subaguda (episódios dolorosos com duração de seis a 12
semanas) e crônica (episódios dolorosos com duração maior do que 12 semanas)2.
Apesar da dificuldade em realizar estudos de prevalência e da diferença
metodológica entre os trabalhos de prevalência em relação a dor lombar publicados
até o momento, a revisão sistemática3 mais recente sobre o tema estimou que 39%
dos adultos sofrerão ao menos um episódio de dor lombar ao longo de suas vidas. A
prevalência pontual foi de aproximadamente 18%, enquanto a prevalência nos últimos
12 meses foi de aproximadamente 30%. No Brasil, uma pesquisa realizada com mais
de 390 mil participantes pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, chamada
de Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, em 2008, apontou o problema na
coluna como a segunda maior queixa dos brasileiros, sendo que aproximadamente
13,5% da população relataram sofrer com problemas crônicos na coluna4.
Os custos com o tratamento da dor lombar demonstram que se trata de um
grave problema de saúde pública que afeta praticamente todo o mundo e envolve o
gasto de grandes quantias financeiras para seu tratamento5-7. Os custos diretos foram
divididos em 20% com o tratamento médico (13% com cuidados primários e 7% com
especialistas), 17% com o tratamento fisioterápico, 17% com medicamentos, 5% com
3
cirurgias e 5% com quiropraxia e osteopatia. Os 36% restantes foram relacionados
com os custos hospitalares (internação, atendimento ambulatorial, cirurgias e exames
por imagem e saúde mental)8. Já os custos indiretos com o tratamento da dor lombar
apresentam maiores estimativas de gastos quando comparados com os custos diretos.
Estima-se que os Estados Unidos gastam de 12 a 90 bilhões de dólares com serviços
médicos e medicamentos para o tratamento da dor lombar crônica, sendo que entre
sete e 29 bilhões de dólares são gastos nos custos indiretos, como afastamento e
aposentadoria ocasionados pela dor lombar crônica. No Reino Unido, estes custos
chegam a aproximadamente 12 bilhões de libras esterlinas e na Austrália superam os
nove bilhões de dólares australianos8. Na Suíça, em 2005, os custos diretos e indiretos
somaram a quantia de 6,6 bilhões de euros, o que representou aproximadamente 2,6%
do Produto Interno Bruto daquele ano9. No Brasil, ainda não há estimativa para os
custos relacionados à dor lombar crônica.
A exata etiologia da dor lombar não específica ainda é desconhecida, sabendose apenas que é multifatorial10. Assim, as condições congênitas, inflamatórias,
infecciosas, tumorais, degenerativas e mecânico-posturais poderiam estar associadas
com a dor lombar. As alterações mecânico-posturais também podem ser classificadas
como dor lombar não específica, que representa grande parte das dores referidas pela
população e pode acontecer em decorrência de características sócio demográficas,
fatores físicos e psicossociais, hábitos, movimentos repetitivos, atividades de
empurrar e puxar e postura de trabalho estática ou sentada10-12. A dor lombar também
pode estar associada às disfunções e deficiências dos músculos transverso do abdome,
multífidos, músculos do assoalho pélvico, extensores da coluna e diafragma12-14.
Uma revisão sistemática recente15 apontou que o prognóstico para dor lombar
aguda é favorável, já que há uma redução considerável da dor e incapacidade nas
primeiras seis semanas e uma continuidade na redução da dor e incapacidade durante
um ano. No caso da dor lombar crônica, o prognóstico não foi tão favorável. Mesmo
que tenha ocorrido uma melhora nas seis primeiras semanas, a dor e incapacidade
apresentaram pequena redução considerando o período entre a sexta semana e um
ano. Alguns fatores estão associados ao tempo de recuperação, como licenças médicas
anteriores devido à dor lombar, altos índices de incapacidade e dor no início da
cronicidade, baixos níveis de escolaridade e maior risco percebido de dor persistente6.
O tratamento da dor lombar não específica depende da duração dos sintomas5,
16, 17
. Na fase aguda os tratamentos recomendados pelas diretrizes europeias de prática
4
clínica são17: fornecer informações adequadas, tranquilizando o paciente em relação
ao fato da dor lombar não ser uma doença grave e apresentar recuperação rápida e
satisfatória na maioria dos pacientes; controlar adequadamente os sintomas, com
prescrição de medicamentos para o alívio da dor e terapia manual para pacientes que
não estejam conseguindo retornar as atividades; instruir o paciente a permanecer ativo
o máximo possível e retornar precocemente às atividades normais, incluindo
atividades de trabalho; e fornecer cartilha educativa com orientações para diminuir a
influência das crenças na dor lombar, principalmente na persistência após episódio
agudo ou na sua recorrência2,
17, 18
. Nesta fase não são recomendados tratamentos
passivos como repouso, massagem, ultrassom terapêutico, eletroterapia, laser e tração,
principalmente se forem a única forma de tratamento 1, 11, 17.
Na fase subaguda é recomendado acompanhamento multidisciplinar,
exercícios, terapia cognitivo-comportamental e também fornecer cartilha educativa
com a mesma intenção da dor lombar aguda16. Já no tratamento da dor lombar crônica
é recomendada a prescrição de medicamentos (analgésicos simples, anti-inflamatórios
não esteróides, opióides fracos, antidepressivos e relaxantes musculares), terapia
cognitivo-comportamental, exercícios supervisionados, intervenções educativas,
acompanhamento multidisciplinar, Back School, manipulação e mobilização5, 19, 20. Os
exercícios têm sido o tratamento mais eficaz, a curto e longo prazo, pois reduzem a
dor e a incapacidade. Ainda nesta fase é recomendado tratamento com terapia manual,
exercícios de coordenação, alongamento, exercícios resistidos e de estabilização
lombar21.
Uma técnica de exercícios usada atualmente para o tratamento de pacientes
com dor lombar é o método Pilates12,
22, 23
. Essa técnica foi criada por Joseph
Hubertus Pilates aproximadamente em 192624. O primeiro livro com a descrição da
técnica, denominada até então de Contrologia, foi publicado em 193424. Nesse
período, muitos dançarinos começaram a praticar o método Pilates, influenciados por
um famoso dançarino da época que voltou aos palcos após ser reabilitado de dores nas
costas. O segundo livro25 com descrições de exercícios foi publicado em 1945. Os
primeiros exercícios foram desenvolvidos no solo; com o tempo foram criados
aparelhos em que os exercícios eram realizados contra a resistência de molas. Desta
forma o método pode ser dividido em duas grandes categorias: mat Pilates (exercícios
realizados no solo) e exercícios com aparelhos26. Os exercícios de mat Pilates podem
incluir a utilização de colchonetes, bola suíça, magic circle e faixas elásticas que
5
foram acrescentadas ao método ao longo dos anos. Os exercícios com aparelhos
utilizam o Cadillac, Lader Barrel, Step Chair e Reformer. Esses aparelhos são
compostos por molas e polias, que podem facilitar ou dificultar os movimentos
(Figura 1).
A - Alongamento lateral da Sereia
B – Alongamento da Coluna
C - Cem
D - Alongamento lateral
(Aparelho: Step Chair)
E – Alongamento da Coluna
(Aparelho: Reformer)
F – Fortalecimento abdominal
(Aparelho: Cadillac)
Figura 1 – Ilustração de exercícios do método Pilates.
O método Pilates é constituído de seis princípios básicos: centralização,
concentração, controle, precisão, fluidez e respiração diafragmática22, 27 e é composto
por exercícios de alongamento e fortalecimento muscular, os quais contribuem para
melhora do condicionamento físico, aumento da consciência corporal e melhora da
postura26, 28. A ativação do Powerhouse é a característica principal do método, que
representa a contração dos músculos transverso do abdômen, perineais, glúteos e
multífidos durante a respiração diafragmática10,
13, 22, 26
quando são realizados
exercícios isotônicos, com o objetivo de diminuir as compressões articulares e causar
6
uma alteração na inclinação da pelve10, 13, 22. Por isso, os exercícios do método Pilates
se assemelham aos de estabilização da coluna29.
Ao longo dos anos, com o aumento no número de praticantes, o método Pilates
passou por adaptações30. Atualmente, considera-se o método tradicional, composto
por exercícios mais vigorosos, com ritmo rápido e grau de dificuldade elevado, sendo
realizados somente por praticantes saudáveis e com alta flexibilidade; e método
modificado, com exercícios adaptados às condições dos praticantes e um aumento
gradual da dificuldade, respeitando as habilidades e características individuais13, 22,
fazendo com que seja apropriado para pacientes de todas as idades, gestantes e para
reabilitação30. O método Pilates modificado surgiu na década de 90, quando os
osteopatas passaram a recomendar o método Pilates para seus pacientes por ser uma
atividade que não utiliza sobrecarga em seus exercícios30. Assim, o método
modificado é o empregado pelos estudos publicados10, 13, 28, 31-36 até o momento e
também no presente estudo.
Um número crescente de trabalhos sobre os efeitos do método Pilates no
tratamento da dor lombar crônica vem sendo publicado37. Alguns trabalhos têm
destacado benefícios como melhora da força, amplitude de movimento, coordenação,
equilíbrio, simetria muscular, flexibilidade e propriocepção, e também definição
corporal e melhora geral da saúde13, 37. Uma revisão sistemática12 publicada em 2008
observou melhora da função geral e redução da dor em adultos com dor lombar
crônica não específica, após um programa de exercícios do método Pilates adaptado
às situações de cada paciente. Estudos posteriores a essa revisão sistemática
observaram melhora da descarga de peso na marcha e redução da dor10 e melhora da
dor quando o método Pilates foi associado a relaxamento e exercícios para
treinamento da postura32. Quando se avalia a estabilização lombar, realizando o
fortalecimento dos músculos abdominais e lombares, os resultados também foram
satisfatórios29.
Outras três revisões sistemáticas foram publicadas recentemente. Lim et al.37
realizaram uma revisão sistemática com meta-análise com o objetivo de comparar a
dor e incapacidade de pacientes com dor lombar crônica não específica tratados com
método Pilates em relação a uma intervenção mínima ou massagem terapêutica, Back
School, exercícios de estabilização e fisioterapia convencional. Os resultados
demonstraram melhora superior do método Pilates em relação à dor, mas não em
relação à incapacidade. Apesar dos resultados satisfatórios, os autores concluíram que
7
os dados devem ser analisados com cautela, já que os estudos apresentam baixa
qualidade metodológica e alta heterogeneidade e sugerem a realização de novos
ensaios controlados aleatorizados para avaliar os efeitos do método Pilates no
tratamento da dor lombar crônica não específica. Seguindo a mesma linha, Posadzki
et al.39 concluíram que, apesar de alguns estudos apresentarem resultados favoráveis
em relação à dor e incapacidade, ainda são escassas as evidências para o método
Pilates, devido a não padronização dos estudos e também a baixa qualidade
metodológica dos trabalhos publicados até o momento. Portanto, maiores e melhores
ensaios controlados são necessários. Por outro lado, Pereira et al.40 não encontraram
resultados satisfatórios em relação a dor e incapacidade e ainda concluem que o efeito
do método Pilates é semelhante a um grupo de pacientes que seguem com os cuidados
usuais para a dor lombar. Os mesmos autores também descrevem a falta de definição
quanto à duração e número de sessões realizadas e que o principal fator para isso são
as diferenças metodológicas e os pequenos ensaios controlados realizados até o
momento da publicação dessa revisão.
Considerando que nos últimos anos o número de fisioterapeutas que utilizam o
método Pilates em seus programas de reabilitação tem aumentado, o número de
ensaios controlados do método Pilates para o tratamento da dor lombar também vem
aumentando. Dos nove ensaios clínicos10, 13, 15, 28, 31-36 publicados até o momento, com
amostras que variam entre 17 e 87 participantes, oito trabalhos avaliaram somente dor
e incapacidade. Sete desses ensaios propuseram a realização de exercícios somente da
técnica mat Pilates10,
13, 31, 32, 34-36
, um propôs exercícios realizados no Cadillac e
Reformer33 e um propôs uma junção de exercícios do mat Pilates e os realizados no
Reformer28. Apenas um estudo36 avaliou o efeito global percebido, expectativa de
melhora e cinesiofobia, já que o medo de realizar exercícios pode estar associado à
não ativação dos músculos estabilizadores da coluna; isso sugere que a cinesiofobia
deve ser investigada para auxiliar a tomada de decisões clínicas pelos
fisioterapeutas41. A hipótese é que expor o paciente à realização de exercícios pode
diminuir os medos e as crenças em relação ao seu problema42. Além disso, até o
momento, nenhum estudo comparou a efetividade dos exercícios do método Pilates
realizados no solo ou em aparelhos.
É imprescindível conhecer as aplicações e forma de utilização do método
Pilates, além de comparar o mat Pilates e o Pilates realizado com aparelhos,
oferecendo ao paciente a técnica de forma adequada às alterações apresentadas por
8
ele. Apesar da proposta do atual estudo não ser comparar os custos reais das técnicas
mat Pilates e Pilates realizado com aparelhos, podemos considerar que a principal
diferença para o fisioterapeuta é em relação ao investimento, já que a aquisição dos
aparelhos requer um investimento financeiro maior, e esse valor tende a ser repassado
aos pacientes.
Assim, o objetivo geral desta dissertação de mestrado é verificar a efetividade
do método Pilates realizado no solo comparado com o realizado nos aparelhos no
tratamento da dor lombar crônica não específica, fornecendo evidências aos
profissionais e auxiliando em suas tomadas de decisões clínicas. Os objetivos
específicos são: 1) investigar a efetividade do método Pilates realizado no solo e nos
aparelhos no tratamento da dor lombar crônica não específica; e 2) apresentar os
resultados de um estudo controlado aleatorizado e identificar diferenças entre dor,
incapacidade geral e específica, efeito global percebido e cinesiofobia, após seis
semanas e seis meses da aleatorização em pacientes com dor lombar crônica não
específica.
9
Referências Bibliográficas
1.
Waddell G. The Back Pain Revolution. 2nd ed. Edinburgh: Churchill
Livingstone; 2004.
2.
Burton AK, Balague F, Cardon G, Eriksen HR, Henrotin Y, Lahad A, et al.
Chapter 2. European guidelines for prevention in low back pain: November 2004. Eur
Spine J. 2006;15 Suppl 2:S136-68.
3.
Hoy D, Bain C, Williams G, March L, Brooks P, Blyth F, et al. A systematic
review of the global prevalence of low back pain. Arthritis Rheum. 2012;64(6):202837.
4.
Barros MB, Francisco PM, Zanchetta LM, Cesar CL. Trends in social and
demographic inequalities in the prevalence of chronic diseases in Brazil. PNAD:
2003- 2008. Cien Saude Colet. 2011;16(9):3755-68.
5.
Airaksinen O, Brox JI, Cedraschi C, Hildebrandt J, Klaber-Moffett J, Kovacs
F, et al. Chapter 4. European guidelines for the management of chronic nonspecific
low back pain. Eur Spine J. 2006;15 Suppl 2:S192-300.
6.
Costa LM, Maher CG, McAuley JH, Hancock MJ, Herbert RD, Refshauge
KM, et al. Prognosis for patients with chronic low back pain: inception cohort study.
BMJ. 2009;339:b3829.
7.
Henschke N, Maher CG, Refshauge KM, Herbert RD, Cumming RG, Bleasel
J, et al. Prognosis in patients with recent onset low back pain in Australian primary
care: inception cohort study. BMJ. 2008;337:a171.
8.
Dagenais S, Caro J, Haldeman S. A systematic review of low back pain cost of
illness studies in the United States and internationally. Spine J. 2008;8(1):8-20.
9.
Wieser S, Horisberger B, Schmidhauser S, Eisenring C, Brugger U, Ruckstuhl
A, et al. Cost of low back pain in Switzerland in 2005. Eur J Health Econ.
2011;12(5):455-67.
10.
da Fonseca JL, Magini M, de Freitas TH. Laboratory gait analysis in patients
with low back pain before and after a pilates intervention. J Sport Rehabil.
2009;18(2):269-82.
11.
Deyo RA. Measuring the functional status of patients with low back pain.
Arch Phys Med Rehabil. 1988;69(12):1044-53.
12.
La Touche R, Escalante K, Linares MT. Treating non-specific chronic low
back pain through the Pilates Method. J Bodyw Mov Ther. 2008;12(4):364-70.
10
13.
Gladwell V, Head S, Haggar M, Beneke R. Does a Program of Pilates
Improve Chronic Non-Specific Low Back Pain? J. Sports Med. 2006;15(15):338-50.
14.
Pengel LH, Herbert RD, Maher CG, Refshauge KM. Acute low back pain:
systematic review of its prognosis. BMJ. 2003;327(7410):323.
15.
Costa LM, Maher CG, Hancock MJ, McAuley JH, Herbert RD, Costa LO.
The prognosis of acute and persistent low-back pain: a meta-analysis. CMAJ.
2012;184(11):E613-24.
16.
Chou R, Qaseem A, Snow V, Casey D, Cross JT, Shekelle P, et al. Diagnosis
and treatment of low back pain: a joint clinical practice guideline from the American
College of Physicians and the American Pain Society. Ann Intern Med.
2007;147(7):478-91.
17.
van Tulder M, Becker A, Bekkering T, Breen A, del Real MT, Hutchinson A,
et al. Chapter 3. European guidelines for the management of acute nonspecific low
back pain in primary care. Eur Spine J. 2006;15 Suppl 2:S169-91.
18.
Coudeyre E, Tubach F, Rannou F, Baron G, Coriat F, Brin S, et al. Effect of a
simple information booklet on pain persistence after an acute episode of low back
pain: a non-randomized trial in a primary care setting. PLoS One. 2007;2(8):e706.
19.
Burton AK, Waddell G, Tillotson KM, Summerton N. Information and advice
to patients with back pain can have a positive effect. A randomized controlled trial of
a
novel
educational
booklet
in
primary
care.
Spine
(Phila
Pa
1976).
1999;24(23):2484-91.
20.
Hayden JA, van Tulder MW, Malmivaara A, Koes BW. Exercise therapy for
treatment of non-specific low back pain. Cochrane Database Syst Rev.
2005(3):CD000335.
21.
Delitto A, George SZ, Van Dillen LR, Whitman JM, Sowa G, Shekelle P, et
al. Low back pain. J Orthop Sports Phys Ther. 2012;42(4):A1-57.
22.
da Silva A, Mannrich G. Pilates na reabilitação: uma revisão sistemática.
Fisioter. Mov. 2009;22(3):449-55.
23.
Ozer Kaya D, Duzgun I, Baltaci G, Karacan S, Colakoglu F. Effects of
calisthenics and pilates exercises on coordination and proprioception in adult women:
a randomized controlled trial. J Sport Rehabil. 2012;21(3):235-43.
24.
Latey P. The Pilates method: history and philosophy. J Bodyw Mov Ther.
2001;5(4):275-82.
11
25.
Pilates JH, Miller WJ. Return to Life Through Contrology. New York: J. J.
Augustin; 1945.
26.
Muscolino JE, Cipriani S. Pilates and the “powerhouse”—I. J Bodyw Mov
Ther. 2004;8(1):15-24.
27.
Wells C, Kolt GS, Bialocerkowski A. Defining Pilates exercise: a systematic
review. Complement Ther Med. 2012;20(4):253-62.
28.
Rydeard R, Leger A, Smith D. Pilates-based therapeutic exercise: effect on
subjects with nonspecific chronic low back pain and functional disability: a
randomized controlled trial. J Orthop Sports Phys Ther. 2006;36(7):472-84.
29.
Queiroz BC, Cagliari MF, Amorim CF, Sacco IC. Muscle activation during
four Pilates core stability exercises in quadruped position. Arch Phys Med Rehabil.
2010;91(1):86-92.
30.
Penelope L. Updating the principles of the Pilates method—Part 2. J Bodyw
Mov Ther. 2002;6(2):94-101.
31.
Rajpal N, Arora M, Chauhan V. The study on efficacy of Pilates and
McKenzie exercises in postural low back pain- A rehabilitative protocol. Physiother
Occup Ther J. 2008;1(1):33-56.
32.
Curnow D, Cobbin D, Wyndham J, Boris Choy ST. Altered motor control,
posture and the Pilates method of exercise prescription. J Bodyw Mov Ther.
2009;13(1):104-11.
33.
Wajswelner H, Metcalf B, Bennell K. Clinical Pilates versus general exercise
for chronic low back pain: randomized trial. Med Sci Sports Exerc. 2012;44(7):1197205.
34.
Quinn K, Barry S, Barry L. Do chronic low back pain patients benefit from
attending Pilates classes after completing conventional physiotherapy treatment?
Physiother Ireland. 2011;32(1):5-12.
35.
Donzelli S, Di Domenica E, Cova AM, Galletti R, Giunta N. Two different
techniques in the rehabilitation treatment of low back pain: a randomized controlled
trial. Europa medicophysica. [Randomized Controlled Trial]. 2006;42(3):205-10.
36.
Miyamoto GC, Costa LO, Galvanin T, Cabral CM. Efficacy of the Addition of
Modified Pilates Exercises to a Minimal Intervention in Patients With Chronic Low
Back Pain: A Randomized Controlled Trial. Phys Ther. 2012:[Epub ahead of print].
12
37.
Lim EC, Poh RL, Low AY, Wong WP. Effects of Pilates-based exercises on
pain and disability in individuals with persistent nonspecific low back pain: a
systematic review with meta-analysis. J Orthop Sports Phys Ther. 2011;41(2):70-80.
38.
Siqueira FB, Teixeira-Salmela LF, Magalhães LdC. Análise das propriedades
psicométricas da versão brasileira da escala tampa de cinesiofobia. Acta ortop bras.
2007;15:19-24.
39.
Posadzki P, Lizis P, Hagner-Derengowska M. Pilates for low back pain: a
systematic review. Complement Ther Clin Pract. 2011;17(2):85-9.
40.
Pereira LM, Obara K, Dias JM, Menacho MO, Guariglia DA, Schiavoni D, et
al. Comparing the Pilates method with no exercise or lumbar stabilization for pain and
functionality in patients with chronic low back pain: systematic review and metaanalysis. Clin Rehabil. 2012;26(1):10-20.
41.
Unsgaard-Tondel M, Nilsen TI, Magnussen J, Vasseljen O. Are Fear
Avoidance Beliefs Associated with Abdominal Muscle Activation Outcome for
Patients with Low Back Pain? Physiother Res Int. 2012:[Epub ahead of print].
42.
George SZ, Wittmer VT, Fillingim RB, Robinson ME. Comparison of graded
exercise and graded exposure clinical outcomes for patients with chronic low back
pain. J Orthop Sports Phys Ther. 2010;40(11):694-704.
CAPÍTULO 2
EFFECTIVENESS OF MAT PILATES OR EQUIPMENT-BASED
PILATES IN PATIENTS WITH CHRONIC NON-SPECIFIC LOW
BACK PAIN: A PROTOCOL OF A RANDOMISED
CONTROLLED TRIAL
14
15
16
17
18
APPENDIX 1
20
Equipment-based Pilates Exercises
1. Barrel
Patient in standing position with
one leg on the barrel.
Stretching the
hamstrings
Patient peels down the spine (in a Ccurve).
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
Patient in standing position on the
side of the barrel with one leg on
the barrel.
Stretching the
adductor muscles
Patient stretches up and over the
body.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
Patient in standing position with
one leg on the barrel with his/her
knee in 90 degrees of flexion with
rotation and abduction of the hip.
Stretching of
gluteus muscle
Patient peels down the spine (in a Ccurve).
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
Patient in lying position with the
side of the body on the barrel.
Spinal tilt
The body should be aligned and
relaxed.
The free arm should stretches up
and over the body.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
21
Patient in lying position on the
barrel, forehead down.
Your body aligned and relaxed.
Stretching the back
muscles
The body should be aligned and
relaxed.
The free arm should stretches up
and over the body.
Return to the starting position.
Patient sit up on his/her side on the
barrel, with the feet resting on the
step.
Strengthening the
oblique muscles
Patient activates the powerhouse
and contracts the oblique muscles
by bending the trunk sideways.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
Patient sits up on the barrel, with
his/her feet resting on the step.
Strengthening of
abdominal muscles
Patient activates the powerhouse
while peeling down the spine.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
2. Step chair
Strengthening of
abdominal muscles
and stretching of
back muscles
Patient stands behind the step
chair, with the body in C-Curve
position with the hands on the step.
Press the step down.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
22
Patient sits on the chir, with the
body in C-Curve position, legs
abducted and hands on the step.
Strengthening of
abdominal muscles
Press the step down.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position
Patient sits on his/her side on the
chair, with one hand on the step.
Strengthening of
oblique muscles
The free arm should stretch up and
over the body.
Press the step down.
Repeat 4-10 times.
Return to the first position.
3. Cadillac
Patient sits up tall with straight legs
abducted and hands on the bar.
Push through
round back
Then patient C-Curves from the
base of his/her spine and pull the
bar down, stretching the spine.
Retrograde the C-Curve, keeping the
shoulders down.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
Patient sits on the side of the table,
legs hanging off with one arm
pushing the bar down.
Side Stretch
The free arm should stretch up and
over the body diagonally.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
23
Patient sits up tall with both legs
stretched in front of the Cadillac.
Port-de-Bras
One hand holds the bar, while the
other arm stretches the opposite
diagonal side, stretching the oblique
muscles.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
Patient in lying on his/her side with
one foot on the bar and knees
flexed.
Hip Opener
Patient pushes the bar up while
straightening both legs.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
Patient in supine position with
his/her hands holding the bar.
Roll Up
Patient pushes the bar while making
a the C-Curve.
Patient lifts the back off the table.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
Patient lying supine with his/her
legs in the loop of the Trapeze.
Bridge
Patient activates the powerhouse,
while lifts the pelvis off the table.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
24
Patient in standing position not
facing the Cadillac with his/her
hands holding the bars and feet
supported on the foot base.
Stretching of back
muscles
Patient lift the feet from the foot
base stretching the back muscles.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
Patient kneels down on the Cadillac
with hands holding the bar.
Patient pushes the bar downwards
and peels the spine down.
Cat kneeling
Patient then pushes the bar forward
and extends the trunk.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
4. Reformer
Strengthening of
the gluteus and
stretching of the
hamstrings
Patient stands beside the Reformer,
with both hands on the bar, one leg
on the carriage and the other one
on the floor.
The leg positioned on the carriage
slides it.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
Patient in standing position on the
carriage with his/her hands holding
the bar, slides the carriage.
Elephant
This exercise aims to stretch the
back and lower limb muscles.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
25
Patient sits on the carriage with the
hands holding the bar with the feet
on the reformer’s base.
Stretching of
hamstrings - Ccurve
With the knees in 90 degrees, the
patient slides the carriage making a
C-curve
and
stretching
the
hamstrings.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
Patient kneels on the carriage with
both hands holding the bar.
then
activates
the
Knee stretch series: Patient
powerhouse and slides the carriage.
round back
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
Patient sits on his/her side on the
carriage with one hand holding the
bar.
Stretching the
spinal muscles
The free arm should stretch up and
over the body while sliding the
carriage.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
Patient in prone position with both
arms straight holding the handles,
both legs should be completely
extended.
The hundred
Patient activates the powerhouse
while slides the carriage.
Emphasis should be done on the
abdominal muscles.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
26
Patient in prone position on the
carriage with both feet on the bar.
Running
Patient simulates running by flexing
and extending the knees.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
Mat Pilates exercises
Patient in supine with the upper
limbs along the body.
Swan
Patient extends the trunk using both
arms, keeping the pelvis on the mat
and arching the upper thoracic
spine.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
Patient kneels and sits on his/her
ankles.
Child's Pose for
Pilates
Patient flexes the trunk towards the
mat using his/her arms.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
Patient in supine with knees flexed
and both feet on the mat.
Patient moves the chin towards the
chest making a C-curve and lifting
the back from the mat.
The modified
hundred
Patient should maintain this
position while moving the arms
upwards and backwards using the
powerhouse.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
27
Patient in supine with both legs
straight keeping the body aligned.
Patient’s upper limbs must be fully
flexed.
Roll Up
Patient moves the chin towards the
chest making a C-curve, lifting the
back from the mat and moving both
hands towards the feet.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
One Leg Circle
Patient in supine with one leg
supported on the mat while the
other is flexed without support.
Patient should move the leg
simulating a circle figure.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
Patient sits with the body aligned
with the arms along the body.
Spine Twist
Patient moves the hand towards the
contralateral foot.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
Patient sits with knees and hips
flexed with the hands holding the
legs above the ankles.
Rolling like a Ball
Patient should lift both feet from
the mat, rolling backwards.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
28
Patient in supine with one leg flexed
and one hand holding the one leg
above the ankle. The other leg
should be in 45 degrees of flexion.
Single Leg Stretch
Patient should keep the C-curve
moving the back from the mat
during the exercise, alternating each
of the legs.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
Patient in supine with both knees
flexed and with both hands
positioned on the back of the neck.
Chest Lift with
Rotation
Patient should flex and rotate the
trunk, moving the elbow toward the
contralateral knee.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
Patient in supine with both legs
straight keeping the body aligned.
Double Leg Stretch
Patient flexes the trunk, hips and
knees, moving the forehead
towards the knees, hugging both
legs.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
Patient in supine with knees flexed
and both feet on the mat.
Shoulder Bridge
Patient should keep the back and
upper limbs on the mat, lifting the
hips from the mat only.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
29
Patient in supine with arms along
the body
Roll over
Patient should lift both lower limbs
up to 90 degrees of hip flexion.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
Patient in prone supported by the
forearms (sphinx position).
One Leg Kick
Patient flexes one of the knees up
to 90 degrees and then kicks
backwards (twice), alternating the
legs.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
Patient sits with both legs and arms
abducted.
The Saw
Patient flexes and rotates the trunk
moving one hand towards the
contralateral foot, alternating the
movements.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
Patient in lateral decubitus with the
body aligned. The head is supported
by on the hands while the other
hand touches the mat.
Side Kick
Patient kicks with one leg using all
range of motion backwards and
forwards. Alternating the sides.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
30
Patient in lateral decubitus with the
body aligned. The head is supported
by on the hand while the other
hand touches the mat.
Side Leg Lifts
Patient lifts both legs.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
Patient in prone position with both
legs close to each other and hand
behind the back.
Double Leg Kick
Patient extends the trunk and flexes
both lower limbs simultaneously.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
Patient sits with his/her legs straight
and apart from each other.
Spine Stretch
Patient move his/her hands towards
the feet making a C-curve.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
Patient in prone position with lower
limbs close to each other with
his/her upper limbs fully extended.
Swimming
Patient extends one upper limb and
the contralateral lower limb
simultaneously. Then patient starts
simulating a swimming (crawl
stroke).
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
31
Patient sits with both lower limbs
flexed with a side support to one
side only.
The opposite hand touches the mat
in order to provide balance and
support.
Mermaid Side
Stretch
The free hand moves above the
head bending the trunk towards to
hand that is touching the mat, then
change sides.
Repeat 4-10 times.
Return to the starting position.
CAPÍTULO 3
Efetividade do método Pilates realizado no solo ou em
aparelhos em pacientes com dor lombar crônica não
específica: estudo controlado aleatorizado
33
Efetividade do método Pilates realizado no solo ou em aparelhos em pacientes
com dor lombar crônica não específica: estudo controlado aleatorizado
Effectiveness of mat Pilates or equipment-based Pilates in patients with chronic
non-specific low back pain: a randomized controlled trial
Maurício Antônio da Luz Júnior1, Leonardo Oliveira Pena Costa1,2, Fernanda Ferreira
Fuhro3, Ana Carolina Taccolini Manzoni3, Naiane Teixeira Bastos de Oliveira1 e
Cristina Maria Nunes Cabral1*
1. Programa de Mestrado em Fisioterapia, Universidade Cidade de São Paulo –
São Paulo SP – Brasil
2. Musculoskeletal Division, The George Institute for Global Health, Sydney
NSW – Australia
3. Departamento de Fisioterapia, Universidade Cidade de São Paulo– São Paulo
SP – Brasil
* Contato do autor correspondente: Cristina Maria Nunes Cabral – Rua Cesário
Galeno 475, CEP: 03071-000, Telefone: +55 11 21781565, São Paulo, São Paulo,
Brasil, e-mail: [email protected]
34
Resumo
Introdução: O método Pilates tem sido largamente utilizado para o tratamento da dor
lombar crônica. Até o momento, nenhum estudo comparou o mat Pilates com o
Pilates realizado nos aparelhos.
Objetivos: Comparar a efetividade do método Pilates realizado no solo e nos
aparelhos em pacientes com dor lombar crônica não específica.
Desenho: Ensaio controlado aleatorizado.
Local: Clínica privada de fisioterapia no Brasil
Participantes: Oitenta e seis pacientes com dor lombar crônica não específica (com
duração de sintomas maior que três meses).
Intervenções: Foram realizadas doze sessões de exercícios do método Pilates. Os
exercícios eram realizados no solo ou nos aparelhos de Pilates durante seis semanas.
Avaliações: Os desfechos primários foram intensidade da dor e incapacidade. Os
desfechos secundários foram efeito global percebido, incapacidade específica do
paciente e cinesiofobia. Todos os desfechos foram avaliados antes da aleatorização,
seis semanas após e seis meses após aleatorização.
Resultados: Não houve diferença estatisticamente significante a curto prazo em
nenhum dos desfechos avaliados. Em seis meses, foi observada melhora
estatisticamente significante para a incapacidade (diferença entre as médias=3,0
pontos, IC 95% 0,6 a 5,4), incapacidade específica (diferença entre as médias=-1,1
pontos, IC 95% -2,0 a -0,1) e cinesiofobia (diferença entre as médias=4,9 pontos, IC
95% 1,6 a 8,2) a favor do método Pilates realizado com aparelhos.
Conclusão: O método Pilates realizado com aparelhos foi mais eficaz que o método
realizado no solo pois mantém um efeito a médio prazo para incapacidade e
cinesiofobia, mas não para intensidade da dor em pacientes com dor lombar crônica.
35
Introdução
A dor lombar crônica (aquela com pelo menos 3 meses de duração) é um
importante problema de saúde pública1-3 e envolve um grande custo com o seu
tratamento4. Uma revisão sistemática recente5 demonstrou que 39% dos adultos
sofreram ao menos um episódio de dor lombar durante suas vidas. Uma pesquisa6
realizada no Brasil apontou que 13,5% da população relata sofrer com problemas
crônicos na coluna, representando a segunda maior queixa dos brasileiros. Os
exercícios terapêuticos são indicados pelas diretrizes clínicas1, 7 como um tratamento
eficaz para reduzir a dor e a incapacidade a curto e longo prazo nesses pacientes8.
Uma técnica de exercícios usada atualmente para o tratamento de pacientes
com dor lombar é o método Pilates9-11. O método tradicional, composto por exercícios
mais vigorosos, com ritmo rápido e grau de dificuldade elevado, passou por
adaptações ao longo dos anos12. Surgiu assim o método modificado, com exercícios
adaptados a cada paciente, que consiste num aumento gradual da dificuldade dos
exercícios, respeitando as habilidades e características individuais11, 17. Com isso a
técnica passou a ser indicada para pacientes de todas as idades e para reabilitação12. O
método Pilates é constituído de seis princípios básicos: centralização, concentração,
controle, precisão, fluidez e respiração diafragmática10, 13. O Powerhouse (contração
dos músculos transverso do abdômen, perineais, glúteos e multífidos durante a
respiração diafragmática) é a principal característica do método10, 14-16, o que faz com
que se assemelhe aos exercícios de estabilização da coluna17. O método Pilates
também pode ser dividido em mat Pilates (exercícios realizados no solo) e exercícios
com aparelhos (realizados nos aparelhos denominados Cadillac, Lader Barrel, Step
Chair e Reformer, os quais são compostos por molas e polias)16. Uma revisão de
36
literatura18 sugere que exercícios realizados com aparelhos são mais seguros, mais
fáceis de aprender, além de estabilizar melhor o corpo.
Três revisões sistemáticas19-21 publicadas recentemente sobre a eficácia do
método Pilates no tratamento da dor lombar crônica apresentam resultados
contraditórios. Por exemplo, Lim et al.19 demonstraram melhora superior do método
Pilates em relação à dor, mas não em relação à incapacidade. Posadzki et al.21
observaram resultados favoráveis do método Pilates em relação à dor e incapacidade.
Por outro lado, Pereira et al.20 não encontraram resultados superiores em relação à dor
e incapacidade e ainda concluem que o efeito do método Pilates é semelhante aos
pacientes que mantêm os cuidados usuais com a dor lombar. Todas as revisões citam
a baixa qualidade e as diferenças metodológicas dos ensaios controlados analisados
comprometeram a avaliação da eficácia do método Pilates. Dos ensaios clínicos14, 15,
22-28
publicados até o momento, com amostras que variam entre 17 e 87 participantes,
sete14,
15, 22-26
utilizaram somente o mat Pilates para o tratamento, um propôs
exercícios realizados no Cadillac e Reformer28 e um propôs uma junção de exercícios
do mat Pilates com os realizados no Reformer27. Apenas um estudo24 avaliou o efeito
global percebido, expectativa de melhora e cinesiofobia, enquanto os demais14, 15, 22, 23,
25-28
só avaliaram dor e incapacidade.
A literatura recente demonstra divergência em relação às evidências do
método Pilates no tratamento da dor lombar crônica e, até o momento, nenhum estudo
comparou o mat Pilates com o Pilates realizado com aparelhos. Portanto, o objetivo
deste estudo foi comparar a efetividade do método Pilates realizado no solo ou nos
aparelhos, fornecendo evidências aos profissionais e auxiliando nas tomadas de
decisões clínicas.
37
Método
Desenho do estudo
Este ensaio controlado aleatorizado com avaliador cego foi realizado no Brasil
e foi registrado prospectivamente no Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (RBR7tyg5j) em agosto de 2011 e o início da coleta de dados foi em outubro de 2011. O
protocolo do estudo junto com a descrição detalhada dos exercícios foi publicado
anteriormente29.
Local e Participantes
O estudo foi realizado em uma clínica privada de Fisioterapia na cidade de
Campo Limpo Paulista, São Paulo, Brasil, entre outubro de 2011 e julho de 2012.
Foram selecionados pacientes encaminhados para tratamento fisioterapêutico após
consulta médica, que apresentavam dor lombar com duração superior a três meses, de
ambos os sexos, com idade entre 18 e 60 anos. As contraindicações para a realização
de exercício físico foram avaliadas por meio do Physical Activity Readiness
Questionnaire (PAR-Q)
30
, sugerido como padrão mínimo de avaliação pré-
participação, pois pode identificar, por alguma resposta positiva, os participantes que
necessitam de avaliação e liberação médica prévia. Os critérios de exclusão foram
prática prévia do método Pilates, gravidez, cirurgias prévias de coluna vertebral e
membros inferiores, história de fratura da coluna vertebral, desordens inflamatórias,
reumáticas e neurológicas, doença metabólica sistêmica, hérnia de disco com
comprometimento de raiz nervosa, tumor, infecção, osteoporose, deformidade
estrutural, não compreender a escrita e fala da língua portuguesa, e participantes que
realizaram tratamento fisioterapêutico para dor lombar nos últimos seis meses.
38
Aleatorização e Alocação secreta
Um esquema de aleatorização simples foi realizada usando o Microsoft Excel
para Windows por um pesquisador independente que não estava envolvido com o
recrutamento dos participantes e nem com as avaliações. Após a avaliação inicial, os
participantes foram encaminhados ao fisioterapeuta responsável pela intervenção e
foram distribuídos aleatoriamente em um de dois grupos, pelo método de
aleatorização simples, através da utilização de envelopes opacos, selados e
sequencialmente numerados. Os grupos de intervenção foram: Grupo mat Pilates que
recebeu tratamento com exercícios realizados somente no solo usando colchonete,
bola suíça e faixas elásticas, e Grupo Aparelhos que recebeu tratamento com
exercícios do método Pilates realizados nos aparelhos Cadillac, Reformer, Ladder
Barrel e Step Chair.
Intervenções
As sessões tiveram duração de uma hora, com frequência de duas vezes por
semana, durante um período de seis semanas. Na primeira sessão, os pacientes dos
dois grupos eram treinados para realizarem a ativação do Powerhouse, que representa
a contração dos músculos transverso do abdômen, perineais, glúteos e multífidos
durante a respiração diafragmática.
10, 14-16
Na sessão seguinte, todos os participantes
iniciavam o tratamento específico relembrando a ativação do mesmo. Foram
realizados, em média, 15 a 20 exercícios por sessão, sendo que cada exercício era
repetido no máximo 10 vezes, respeitando o limite de cada participante. Todos os
exercícios foram adaptados e modificados, sendo realizados em três níveis de
dificuldade: básico, intermediário e avançado. Por exemplo, o “hip opener” é um
exercício básico no qual o paciente, sentado com abdução dos membros inferiores,
39
leva a sua mão em direção ao pé contralateral. Esse exercício era dificultado pelo
aumento da amplitude de movimento dos membros inferiores e da flexão do tronco
até tocar o pé contralateral com ambas as mãos. Da mesma forma, o “roll up” é um
exercício avançado, no qual o paciente fica em decúbito dorsal e inicia flexionando a
coluna e contraindo os músculos abdominais até retirar as costas do solo e levar as
mãos na direção dos pés. Uma forma de facilitar a realização deste exercício era
orientando o paciente a realizar apenas a contração do abdômen, progredir com a
retirada das escápulas do solo, até que a retirada total das costas e encostar as mãos
nos pés fosse possível.
Nos casos em que a realização de adaptações não foi possível, os exercícios
eram substituídos por outro com o mesmo objetivo. O nível de dificuldade para cada
exercício foi determinado de acordo com as necessidades individuais e aumentou a
medida que os participantes conseguiram realizá-lo de forma correta, sem
compensações posturais25, 29, 37, progredindo, por exemplo, no número de repetições
(não superior a 10), aumento na amplitude de movimento ou até mesmo na carga. A
descrição completa dos exercícios utilizados em ambos os tratamentos está
apresentada no protocolo publicado29.
Avaliação dos Desfechos Clínicos
As avaliações foram realizadas antes do tratamento, seis semanas e seis meses
após a aleatorização. A avaliação inicial foi presencial, enquanto as demais foram
realizadas por telefone. O avaliador era cego, pois não sabia em qual grupo cada
participante foi alocado. Não foi possível realizar o cegamento do paciente e
fisioterapeuta por causa do tipo de estudo e intervenção.
40
Os desfechos primários, como descritos no protocolo29 foram intensidade da
dor e incapacidade. A intensidade da dor foi avaliada pela Escala Numérica de Dor31
composta por 11 pontos, sendo que o zero representa “nenhuma dor” e 10 “a pior dor
possível”. O participante classificou a sua média de dor nos últimos sete dias. A
incapacidade foi avaliada pelo Questionário Roland Morris de Incapacidade32
composto por 24 questões do tipo sim ou não, relacionadas às atividades normais da
vida diária e cada resposta afirmativa corresponde a um ponto. Sua pontuação final
foi determinada pela somatória dos valores obtidos, sendo que quanto maior a
pontuação maior a incapacidade.
Os desfechos secundários também descritos no protocolo29 foram efeito global
percebido, incapacidade específica do paciente e cinesiofobia. O efeito global
percebido foi avaliado com a Escala de Percepção do Efeito Global33, uma escala
numérica de 11 pontos em que -5 representa “extremamente pior”, zero “sem
modificação” e 5 “completamente recuperada”. Nessa escala, uma maior pontuação
significa melhor recuperação da condição. A incapacidade específica foi avaliada com
a Escala Funcional Específica do Paciente34, na qual os participantes identificam três
importantes atividades que tinham dificuldade ou que eram incapazes de executar
devido à dor lombar crônica e assinalavam em uma escala de 11 pontos o quanto se
sentem capazes de realizar as atividades identificadas, sendo que zero é “incapaz de
realizar a atividade” e 10 é “capaz de realizar a atividade como realizava antes da
lesão”. A pontuação foi através da média das três notas e quanto maior a pontuação,
maior a capacidade específica. A cinesiofobia foi avaliada com a Escala Tampa para
Cinesiofobia35 que consiste em um questionário composto por 17 questões que
abordam dor e intensidade dos sintomas. Os escores variam de um a quatro pontos,
sendo que a resposta “discordo totalmente” equivale a um ponto, “discordo
41
parcialmente” a dois pontos, “concordo parcialmente” a três pontos, e “concordo
totalmente” a quatro pontos. Para o escore total final é necessária a inversão dos
escores das questões 4, 8, 12 e 16. O escore final pode variar entre 17 e 68 pontos,
sendo que quanto maior a pontuação, maior o grau de cinesiofobia.
Todas as escalas descritas acima foram aplicadas nas avaliações realizadas
antes do tratamento, após seis semanas e seis meses de tratamento. Todas as escalas
foram adaptadas e validadas para o português brasileiro36. Antes da primeira sessão de
tratamento, a expectativa em relação ao tratamento foi avaliada com a Escala de
Expectativa de Melhora que avaliou a expectativa de melhora que o paciente esperava
antes do tratamento, se aleatorizado no Grupo mat Pilates e Grupo Aparelhos. Essa
escala é composta por uma escala numérica de 11 pontos, sendo que zero representa
“nenhuma melhora” e 10 “a maior melhora possível”. Imediatamente após a primeira
sessão, foi avaliada a credibilidade em relação ao tratamento com a Escala de
Credibilidade em Relação ao Tratamento37, composta por quatro questões que
avaliam o quanto o participante mostra confiança na melhora dos seus sintomas e
também em relação ao tratamento que está sendo proposto. Os escores variam de zero
a seis, sendo que zero significa “nada confiante” e seis significa “totalmente
confiante”.
Análise Estatística
O estudo foi delineado para detectar uma diferença clinicamente importante de
um ponto na intensidade da dor na Escala numérica de dor31 (estimativa para desvio
padrão=1,4), de um ponto na Escala funcional específica do paciente34 (estimativa
para desvio padrão=1,4), de um ponto na Escala de percepção do efeito global33
(estimativa para desvio padrão=1,3) e de quatro pontos no Questionário Roland
42
Morris de Incapacidade32 (estimativa para desvio padrão=4,9). Estas diferenças entre
os grupos foram escolhidas com base nas diferenças minimamente importantes para
pacientes com dor lombar38. Foram consideradas as especificações de α=0,05, poder
estatístico de 80% e perda de follow-up de 15%. O cálculo amostral descrito resultou
em uma amostra de 86 participantes.
Foi realizada a dupla entrada de dados e a análise seguiu os princípios da
intenção de tratar. Para toda a análise estatística, o nível de significância foi fixado em
α=0,05. Os efeitos da intervenção sobre a intensidade da dor, incapacidade geral e
específica, efeito global percebido e cinesiofobia foram calculados utilizando modelos
lineares mistos, que considera os grupos de tratamento, tempo (baseline, follow-up de
seis semanas e seis meses) e os termos de interação entre grupos de tratamento versus
tempo. A análise entre os grupos da Credibilidade em relação ao tratamento e da
Expectativa de melhora foi realizada pelo teste T de student para amostras
independentes. Os dados foram analisados pelo software SPSS Statistics 19 para
Windows por um estatístico cego que recebeu os dados codificados.
Resultados
Cento e cinquenta e sete pacientes com dor lombar crônica foram
encaminhados para a clínica de Fisioterapia no período de outubro de 2011 a maio de
2012 (Figura 1). Destes pacientes inscritos, 71 foram excluídos, em que 26 não
quiseram participar e 45 não preenchiam os critérios de elegibilidade (13 faziam
prática regular de atividade física, 17 apresentavam idade superior a 60 anos, 11
apresentavam comprometimento severo da coluna e 4 realizaram cirurgia na coluna).
43
71 pacientes excluídos:
45 não eram elegíveis e
26 não quiseram participar
Inscrição
(n=157)
Randomização (n=86)
43 participantes alocados no Grupo
mat Pilates
43 participantes avaliados em 6 semanas
Alocação
42 (97,7%) participantes avaliados em 6 meses
Follow-Up
1
43 participantes analisados
Análise
43 participantes alocados no
Grupo Aparelhos
42 (97,7%) participantes avaliados em 6 semanas
41 (95,3%) participantes avaliados em 6 meses
43 participantes analisados
Figura 1: Fluxograma do estudo
As características demográficas da amostra estão descritas na Tabela 1. O
Grupo mat Pilates foi composto por 34 mulheres e nove homens, com média de idade
de 43,5 anos (DP=8,6) e o Grupo Aparelhos incluiu 32 mulheres e 11 homens, com
média de idade de 38,8 anos (DP=9,9). No Grupo mat Pilates, 41,9% dos
participantes realizaram tratamento fisioterapêutico prévio e o principal tratamento foi
a eletroterapia (77,8%) e no Grupo Aparelhos, 23,3% realizaram tratamento
fisioterapêutico prévio, sendo que 50% deles realizaram eletroterapia.
44
Em relação ao uso de medicamentos, 48,8% dos participantes do Grupo mat
Pilates faziam uso de medicamento no baseline, sendo que 33,3% usavam
analgésicos, 23,8% usavam anti-inflamatórios e 42,9% usavam relaxantes musculares.
Já no Grupo Aparelhos, 51,2% fizeram uso de medicamento no baseline, sendo que
9,1% usavam analgésicos, 50% usavam anti-inflamatórios e 40,9% usavam relaxantes
musculares.
Foram oferecidas 516 sessões de tratamento para cada grupo, no total. No
Grupo mat Pilates, foram registradas 48 faltas (média de sessões realizadas por
participante=10,8; DP=2,1) representando aproveitamento de 91,4% das sessões
oferecidas. No Grupo Aparelhos, foram registradas 30 faltas (média de sessões
realizadas por participantes=11,3; DP=1,6) representando aproveitamento de 94,2%
das sessões oferecidas. Além disso, no follow-up de seis semanas foi registrada uma
perda no grupo mat Pilates (%) realizado com aparelhos e no follow-up de seis meses
foi registrada uma perda no grupo mat Pilates (%)e duas perdas no grupo
Aparelhos(%), representando uma alta aderência ao tratamento, assim como uma
reduzida perda amostral.
45
Tabela 1 - Características da amostra na linha de base
Características
Participantes
mat Pilates
(n = 43)
Aparelhos
(n = 43)
43,5 (8,6)
38,8 (9,9)
Masculino
9 (20,9)
11 (25,6)
Feminino
34 (79,1)
32 (74,4)
Duração da dor lombar (meses)
85,3 (101,7)
61,5 (78,5)
Massa (Kg)
71,4 (13,0)
74,9 (12,5)
1,63 (0,09)
1,66 (0,09)
27,04 (4,6)
26,8 (4,1)
Solteiro
10 (23,3)
8 (18,6)
Casado
28 (65,1)
33 (76,7)
3 (7)
2 (4,7)
2 (4,7)
0 (0)
Ensino fundamental
15 (34,9)
12 (27,9)
Ensino médio
18 (41,9)
22 (51,2)
Ensino superior
10 (23,3)
7 (16,3)
Pós graduação
0 (0)
2 (4,7)
4,6 (3,9)
4,9 (2,7)
18 (41,9)
10 (23,3)
1 (2,3)
0 (0)
21 (48,8)
22 (51,2)
Intensidade da dor (0-10)
6,3 (2,1)
5,6 (2,3)
Incapacidade (0-24)
10,8 (5,4)
10,2 (5,5)
Incapacidade específica do paciente (0-10)
4,8 (2,2)
4,8 (1,8)
Efeito global percebido (-5 a 5)
-1,6 (2,2)
-0,9 (2,5)
Cinesiofobia (17-68)
39,7 (8,0)
39,5 (7,9)
Idade (anos)
Sexo
Altura (m)
2
Índice de massa corporal (kg/m )
Estado Civil
Divorciado
Viúvo
Escolaridade
Renda (salários mínimos)
Tratamento fisioterapêutico
Sim
Outro tipo de tratamento
Sim
Uso de medicamento
Sim
As variáveis categóricas estão expressas em número (percentuais) e as variáveis contínuas estão
expressas em média (desvio-padrão).
46
As médias e desvios-padrão da Escala de expectativa de melhora e Escala de
credibilidade em relação ao tratamento podem ser encontradas na Tabela 2. Não foi
observada diferença estatisticamente significante entre os grupos.
Tabela 2 – Expectativa de melhora e Credibilidade em relação ao tratamento
Se Grupo mat Pilates
(n=86)
Se Grupo Aparelhos
(n=86)
p
8,9 (1,5)
9,0 (1,4)
0,09
Grupo mat Pilates
(n=42)
Grupo Aparelhos
(n=41)
O quão confiante você sente que este
tratamento pode ajudá-lo a aliviar a
sua dor? (0-6)
O quão confiante você sente que este
tratamento irá ajudar a lidar com a sua
dor? (0-6)
5,3 (1,0)
5,4 (0,8)
0,54
5,4 (0,8)
5,5 (0,8)
0,63
O quão confiante você estaria para
recomendar este tratamento para um
amigo que apresente queixas similares
as suas? (0-6)
5,6 (0,9)
5,7 (0,6)
0,34
O quanto este tratamento faz sentido
pra você? (0-6)
5,7 (0,6)
5,8 (0,5)
0,58
Expectativa de melhora (0-10)
Credibilidade em relação ao
tratamento
Dados expressos em média e desvio-padrão.
Na comparação entre os grupos, como descrito na Tabela 3, os resultados não
mostraram diferença estatisticamente significante para nenhum desfecho no follow-up
de seis semanas. No follow-up de seis meses, houve diferença estatisticamente
significante com melhora superior no grupo Aparelhos para os desfechos
incapacidade (diferença entre as médias=3,0 pontos, IC 95% 0,6 a 5,4), incapacidade
específica (diferença entre as médias=-1,1 pontos, IC 95% -2,0 a -0,1) e cinesiofobia
(diferença entre as médias=4,9 pontos, IC 95% 1,6 a 8,2).
47
Tabela 3 – Diferenças entre os grupos nos follow-ups de seis semanas e de seis meses
Desfecho
Médias não ajustadas
(DP)
mat Pilates x Aparelhos
mat Pilates
Aparelhos
Diferença entre
médias ajustadas
(IC a 95%)
p
Follow-up de 6 semanas
3,5 (2,6)
2,8 (2,5)
0,3 (-1,1 a 1,7)
0,69
Follow-up de 6 meses
4,8 (2,7)
4,0 (2,9)
-0,1 (-1,5 a 1,3)
0,94
Follow-up de 6 semanas
3,4 (3,1)
3,8 (5,1)
-1,0 (-3,4 a 1,4)
0,41
Follow-up de 6 meses
7,8 (6,1)
4,0 (4,9)
3,0 (0,6 a 5,4)
0,01*
Follow-up de 6 semanas
7,5 (2,1)
7,6 (1,8)
-0,1 (-1,1 a 0,9)
0,85
Follow-up de 6 meses
6,2 (2,8)
7,3 (2,0)
-1,1 (-2,0 a -0,1)
0,04*
Follow-up de 6 semanas
3,0 (1,8)
3,5 (1,8)
0,1 (-1,1 a 1,4)
0,82
Follow-up de 6 meses
0,7 (3,2)
2,5 (2,4)
-1,2 (-2,4 a 0,1)
0,08
Follow-up de 6 semanas
35,3 (6,6)
34,1 (7,8)
0,8 (-2,5 a 4,1)
0,62
Follow-up de 6 meses
40,0 (9,9)
34,9 (7,9)
4,9 (1,6 a 8,2)
<0,01*
Intensidade da dor (0-10)
Incapacidade (0-24)
Incapacidade específica do paciente (0-10)
Efeito global percebido (-5 a 5)
Cinesiofobia (17-68)
* Diferença estatisticamente significante entre os grupos (p<0,05)
Discussão
Este é o primeiro ensaio controlado aleatorizado que comparou o mat Pilates e
o Pilates realizado com aparelhos em pacientes com dor lombar crônica não
específica. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes entre os
grupos para nenhum dos desfechos avaliados em seis semanas após o tratamento. Os
resultados podem ser considerados clinicamente importantes em ambos os grupos, já
que a diferença entre as médias na avaliação antes do tratamento e seis semanas após,
para os desfechos dor, incapacidade geral e específica e efeito global percebido foram
superiores aos valores considerados clinicamente importantes para pacientes com dor
lombar crônica não específica38. Foi encontrada melhora estatisticamente significante
48
após seis meses para os desfechos incapacidade, incapacidade específica e
cinesiofobia no grupo que recebeu o tratamento do método Pilates realizado com
aparelhos.
Um ponto forte deste estudo é em relação ao recrutamento dos participantes.
Assim, todos os pacientes incluídos do estudo procuraram um clínico por causa da dor
lombar e foram encaminhados por esse clínico para o serviço de fisioterapia. Após o
primeiro contato com o fisioterapeuta, os pacientes eram convidados a participar do
estudo. Os atendimentos ocorreram em uma clínica privada de Fisioterapia. Os
resultados deste estudo podem ser generalizados para pacientes com características
semelhantes ao do estudo, ou seja, pacientes com dor lombar crônica com muito
tempo de duração, que buscam tratamento clínico e são encaminhados ao serviço de
fisioterapia, algo que se assemelha com a realidade dos serviços de saúde no Brasil.
Em relação ao tratamento, acreditamos que o método Pilates foi bem conduzido, já
que o número de sessões e o tempo de duração da cada sessão também foi o mesmo
entre os grupos e o tratamento contou com apenas um fisioterapeuta com sete anos de
formação e quatro anos de certificação no método. Os exercícios foram delineados e
publicados anteriormente29, o que permite a outros fisioterapeutas com formação no
método reproduzir esse tratamento. Além disso, independente da forma de realização
(mat Pilates ou em um aparelho), foram escolhidos exercícios sempre com o mesmo
objetivo.
A limitação do nosso estudo foi o não cegamento do terapeuta e paciente em
relação à alocação nos grupos, já que ambos sabiam em qual grupo foram alocados.
Esta é uma limitação relativa, já que não há como realizar cegamento de terapeuta e
paciente em um ensaio controlado aleatorizado de exercícios. Assim, na literatura não
são encontrados estudos que tenham cegado terapeutas ou pacientes utilizando
49
exercícios como forma de tratamento. Uma forma de minimizar o efeito do não
cegamento do paciente foi incluindo no estudo somente quem nunca havia praticado o
método Pilates. Isso também pode justificar o fato de não terem sido encontradas
diferenças estatisticamente significantes na credibilidade em relação ao tratamento e
expectativa de melhora entre os grupos.
Não foi encontrada diferença estatisticamente significante para a dor, tanto a
curto quanto a médio prazo. Uma possível interpretação para esse resultado é que os
exercícios, tanto do Grupo mat Pilates quanto do Grupo Aparelhos, foram escolhidos
para que trabalhassem de maneira semelhante em relação à ativação dos músculos
estabilizadores da coluna lombar, considerando o alongamento e fortalecimento
muscular. Estudos que comparam exercícios de estabilização da coluna com
exercícios convencionais no tratamento da dor lombar crônica não específica também
não têm demonstrado diferenças estatisticamente significantes para dor e
incapacidade entre os grupos39, 40. Um estudo28 que compara o método Pilates com
exercícios convencionais também não encontrou diferenças significantes em relação à
dor e incapacidade a curto e médio prazo. Assim, é provável que seja mais difícil
esperar diferenças significantes quando um estudo é desenhado com ambos os grupos
de tratamento recebendo exercícios ativos, independente da forma de exercícios
utilizado como intervenção.
Em relação à incapacidade, os resultados foram favoráveis a médio prazo para
o Grupo Aparelhos. Isso pode estar relacionado com o fato de que fazer exercícios em
aparelhos facilita o aprendizado e a execução, já que possuem uma melhor
estabilização. As recomendações do American College of Sports Medicine18 apontam
tais benefícios em aparelhos de musculação, algo que provavelmente também ocorre
com aparelhos do método Pilates, já que ambos contam com polias, local correto para
50
realização do exercícios (cadeiras, encostos, alças etc.), além das resistências serem
controladas por molas e pesos nos aparelhos de Pilates e nos aparelhos de
musculação, respectivamente. Esses benefícios provavelmente também interferiram
na cinesiofobia, na medida em que expor o paciente à realização de exercícios pode
diminuir os medos e as crenças em relação ao seu problema41. Se essa exposição for
facilitada com uma melhor estabilização do paciente e facilidade no aprendizado, é
provável que possa ocorrer um favorecimento na diminuição desse medo quando os
exercícios são realizados em aparelhos. Um estudo42 publicado recentemente apontou
que o medo em realizar exercícios pode estar associado à não ativação dos músculos
estabilizadores da coluna. Portanto, a diminuição do medo no Grupo Aparelhos
provavelmente ajudou na melhora da incapacidade a médio prazo.
Outros estudos que utilizaram o método Pilates para o tratamento da dor
lombar crônica não específica podem ser encontrados na literatura. Miyamoto et al.24
encontraram melhora significante a curto prazo para dor e incapacidade no grupo que
realizou intervenção através do mat Pilates em relação a uma intervenção mínima,
mas não encontraram diferenças a médio prazo. Rydeard et al.27 encontraram
diferença estatisticamente significante a curto e médio prazo para dor e incapacidade
no grupo que realizou a intervenção através da associação de exercícios do mat Pilates
com o aparelho Reformer contra um grupo controle. Os resultados desses estudos24, 27
são semelhantes ao do presente estudo considerando a incapacidade. A diferença dos
resultados para a dor pode estar relacionada ao fato dos trabalhos acima compararem
o método Pilates com intervenção mínima e grupo controle, e não com outra forma de
exercício, como feito em nosso estudo.
Os estudos atuais favorecem a hipótese que os exercícios do método Pilates
são mais eficazes que uma intervenção mínima ou um grupo controle no tratamento
51
da dor lombar crônica. Nossos resultados sugerem que o método Pilates realizado
com aparelhos pode ser mais eficaz que o método realizado no solo pois mantém um
efeito a médio prazo para incapacidade e cinesiofobia.
52
Referências Bibliográficas
1.
Airaksinen O, Brox JI, Cedraschi C, et al. Chapter 4. European guidelines for
the management of chronic nonspecific low back pain. Eur Spine J. 2006;15
Suppl 2:S192-300.
2.
Costa LM, Maher CG, Hancock MJ, McAuley JH, Herbert RD, Costa LO.
The prognosis of acute and persistent low-back pain: a meta-analysis. CMAJ.
2012;184(11):E613-624.
3.
Costa LM, Maher CG, McAuley JH, et al. Prognosis for patients with chronic
low back pain: inception cohort study. BMJ. 2009;339:b3829.
4.
Dagenais S, Caro J, Haldeman S. A systematic review of low back pain cost of
illness studies in the United States and internationally. Spine J. 2008;8(1):820.
5.
Hoy D, Bain C, Williams G, et al. A systematic review of the global
prevalence of low back pain. Arthritis Rheum. 2012;64(6):2028-2037.
6.
Barros MB, Francisco PM, Zanchetta LM, Cesar CL. Trends in social and
demographic inequalities in the prevalence of chronic diseases in Brazil.
PNAD: 2003- 2008. Cien Saude Colet. 2011;16(9):3755-3768.
7.
Delitto A, George SZ, Van Dillen LR, et al. Low back pain. J Orthop Sports
Phys Ther. 2012;42(4):A1-57.
8.
Hayden JA, van Tulder MW, Malmivaara A, Koes BW. Exercise therapy for
treatment of non-specific low back pain. Cochrane Database Syst Rev.
2005(3):CD000335.
9.
La Touche R, Escalante K, Linares MT. Treating non-specific chronic low
back pain through the Pilates Method. J. Bodyw. Mov. Ther. 2008;12(4):364370.
10.
da Silva A, Mannrich G. Pilates na reabilitação: uma revisão sistemática.
Fisioter. Mov. 2009;22(3):449-455.
11.
Ozer Kaya D, Duzgun I, Baltaci G, Karacan S, Colakoglu F. Effects of
calisthenics and pilates exercises on coordination and proprioception in adult
women: a randomized controlled trial. J Sport Rehabil. 2012;21(3):235-243.
53
12.
Penelope L. Updating the principles of the Pilates method—Part 2. J Bodyw
Mov Ther. 2002;6(2):94-101.
13.
Wells C, Kolt GS, Bialocerkowski A. Defining Pilates exercise: a systematic
review. Complement Ther Med. 2012;20(4):253-262.
14.
da Fonseca JL, Magini M, de Freitas TH. Laboratory gait analysis in patients
with low back pain before and after a pilates intervention. J Sport Rehabil.
2009;18(2):269-282.
15.
Gladwell V, Head S, Haggar M, Beneke R. Does a Program of Pilates
Improve Chronic Non-Specific Low Back Pain? J Sport Rehabil.
2006;15(15):338-350.
16.
Muscolino JE, Cipriani S. Pilates and the “powerhouse”—I. J. Bodyw. Mov.
Ther. 2004;8(1):15-24.
17.
Queiroz BC, Cagliari MF, Amorim CF, Sacco IC. Muscle activation during
four Pilates core stability exercises in quadruped position. Arch Phys Med
Rehabil. 2010;91(1):86-92.
18.
American College of Sports M. American College of Sports Medicine position
stand. Progression models in resistance training for healthy adults. Med Sci
Sports Exerc. 2009;41(3):687-708.
19.
Lim EC, Poh RL, Low AY, Wong WP. Effects of Pilates-based exercises on
pain and disability in individuals with persistent nonspecific low back pain: a
systematic review with meta-analysis. J Orthop Sports Phys Ther.
2011;41(2):70-80.
20.
Pereira LM, Obara K, Dias JM, et al. Comparing the Pilates method with no
exercise or lumbar stabilization for pain and functionality in patients with
chronic low back pain: systematic review and meta-analysis. Clin Rehabil.
2012;26(1):10-20.
21.
Posadzki P, Lizis P, Hagner-Derengowska M. Pilates for low back pain: a
systematic review. Complement Ther Clin Pract. 2011;17(2):85-89.
22.
Curnow D, Cobbin D, Wyndham J, Boris Choy ST. Altered motor control,
posture and the Pilates method of exercise prescription. J Bodyw Mov Ther.
2009;13(1):104-111.
23.
Donzelli S, Di Domenica E, Cova AM, Galletti R, Giunta N. Two different
techniques in the rehabilitation treatment of low back pain: a randomized
controlled trial. Eur. Medicophys. 2006;42(3):205-210.
54
24.
Miyamoto GC, Costa LO, Galvanin T, Cabral CM. Efficacy of the Addition of
Modified Pilates Exercises to a Minimal Intervention in Patients With Chronic
Low Back Pain: A Randomized Controlled Trial. Phys Ther. 2012:[Epub
ahead of print].
25.
Quinn K, Barry S, Barry L. Do chronic low back pain patients benefit from
attending Pilates classes after completing conventional physiotherapy
treatment? Physiother Ireland. 2011;32(1):5-12.
26.
Rajpal N, Arora M, Chauhan V. The study on efficacy of Pilates and
McKenzie exercises in postural low back pain- A rehabilitative protocol.
Physiother Occup Ther J. 2008;1(1):33-56.
27.
Rydeard R, Leger A, Smith D. Pilates-based therapeutic exercise: effect on
subjects with nonspecific chronic low back pain and functional disability: a
randomized controlled trial. J Orthop Sports Phys Ther. 2006;36(7):472-484.
28.
Wajswelner H, Metcalf B, Bennell K. Clinical Pilates versus general exercise
for chronic low back pain: randomized trial. Med Sci Sports Exerc.
2012;44(7):1197-1205.
29.
da Luz MAJ, Costa LO, Fuhro FF, Manzoni AC, de Oliveira NT, Cabral CM.
Effectiveness of mat Pilates or equipment-based Pilates in patients with
chronic non-specific low back pain: a protocol of a randomised controlled
trial. BMC Musculoskelet. Disord. 2013;14(1):16.
30.
Medicine ACoS, Whaley MH, Brubaker PH, Otto RM. ACSM's Guidelines
For Exercise Testing And Prescription: Lippincott Williams & Wilkins; 2006.
31.
Turk D, Melzack R. Handbook of Pain Assessment. 2 ed. New York: The
Guilford Press; 1992.
32.
Roland M, Morris R. A study of the natural history of back pain. Part I:
development of a reliable and sensitive measure of disability in low-back pain.
Spine (Phila Pa 1976). 1983;8(2):141-144.
33.
Feinstein A. Clinimetrics. New Haven: Yale University Press; 1987.
34.
Stratford P. Assessing Disability and Change on Individual Patients: A Report
of a Patient Specific Measure. Physiother. Can. 1995;47(4):258-263.
35.
Miller R, Kori S, Todd D. The Tampa Scale: a measure of kinesiophobia. Clin
J Pain. 1991;7(1):51–52.
55
36.
Costa LO, Maher CG, Latimer J, et al. Clinimetric testing of three self-report
outcome measures for low back pain patients in Brazil: which one is the best?
Spine. 2008;33(22):2459-2463.
37.
Borkovec TD, Nau SD. Credibility of analogue therapy rationales. J Behav
Ther Exp Psy. 1972;3(4):257-260.
38.
Ostelo RW, Deyo RA, Stratford P, et al. Interpreting change scores for pain
and functional status in low back pain: towards international consensus
regarding minimal important change. Spine. 2008;33(1):90-94.
39.
Macedo LG, Latimer J, Maher CG, et al. Effect of motor control exercises
versus graded activity in patients with chronic nonspecific low back pain: a
randomized controlled trial. Phys Ther. 2012;92(3):363-377.
40.
Unsgaard-Tondel M, Fladmark AM, Salvesen O, Vasseljen O. Motor control
exercises, sling exercises, and general exercises for patients with chronic low
back pain: a randomized controlled trial with 1-year follow-up. Phys Ther.
2010;90(10):1426-1440.
41.
George SZ, Wittmer VT, Fillingim RB, Robinson ME. Comparison of graded
exercise and graded exposure clinical outcomes for patients with chronic low
back pain. J Orthop Sports Phys Ther. 2010;40(11):694-704.
42.
Unsgaard-Tondel M, Nilsen TI, Magnussen J, Vasseljen O. Are Fear
Avoidance Beliefs Associated with Abdominal Muscle Activation Outcome
for Patients with Low Back Pain? Physiother Res Int. 2012:[Epub ahead of
print].
CAPÍTULO 4
CONSIDERAÇÕES FINAIS
57
O objetivo desta dissertação de mestrado foi verificar a efetividade do método
Pilates realizado no solo e com aparelhos no tratamento da dor lombar crônica não
específica. Nenhum estudo até o momento comparou essas duas formas de
intervenção do método Pilates. As revisões sistemáticas publicadas recentemente1-3
sobre o método Pilates no tratamento da dor lombar crônica apresentaram resultados
discrepantes, mas todos os autores acreditam que os estudos publicados e analisados
apresentam baixa qualidade metodológica e que novos e melhores estudos devem ser
realizados. Este estudo foi conduzido para atingir nota 8 na escala PEDro e até o
momento apenas dois artigos4, 5 atingiram essa nota, sendo a nota máxima possível
para esse tipo de ensaio clínico, em que não é possível o cegamento do fisioterapeuta
e do paciente devido à intervenção por exercícios. Esta pesquisa também é o maior
ensaio clínico realizado considerando o número de sessões oferecidas através do
método Pilates isoladamente. Apenas um artigo6 inseriu um paciente a mais na
análise, mas comparou o método Pilates com os exercícios convencionais, além de
apresentar perda amostral superior a 15%.
Estudos que comparam duas intervenções de exercícios não têm encontrado
diferenças estatisticamente significantes entre elas6-8, o que favorece a hipótese de não
haver diferenças entre diferentes formas de exercícios no tratamento da dor lombar
crônica. Além disso, ao nosso conhecimento, nenhum outro trabalho comparou
somente o uso de aparelhos do método Pilates com exercícios livres, apesar das
recomendações do American College of Sports Medicine9 apontarem benefícios como
maior facilidade de aprendizado e realização dos exercícios e melhora da estabilidade
nos aparelhos.
No capítulo 3 foram apresentados os resultados do ensaio controlado
aleatorizado que comparou os desfechos do Grupo mat Pilates em relação ao Grupo
Aparelhos. Novos estudos devem ser realizados para que possamos avaliar o efeito
dos exercícios realizados em aparelhos comparados a um grupo controle. Outro
desfecho que deve ser melhor investigado é a cinesiofobia. Como já citado nos
capitulos anteriores, o medo do paciente de ser exposto a alguma atividade pode
influenciar na ativação dos musculos estabilizadores da coluna10. No nosso caso, esse
desfecho pode ter ser o ponto chave para diminuição da incapacidade geral e
específica a médio prazo, já que um menor medo faz com que o paciente seja mais
ativo em relação às suas atividades de vida diária, favorecendo os resultados
encontrados a favor do método Pilates realizado com aparelhos após seis meses.
58
Esperamos que os resultados da pesquisa atual auxiliem os fisioterapeutas em
suas tomadas de decisões clínicas. Apesar de não avaliarmos os custos do tratamento
do método Pilates realizado no solo ou no aparelhos, é evidente que o espaço físico e
o investimento para aquisição dos aparelhos são superiores, encarecendo o
tratamento. Esse valor é automaticamente repassado ao paciente, mas como os
resultados foram mais favoráveis no Grupo Aparelhos, as decisões clínicas devem ser
analisadas. Também vale salientar que os atendimentos foram realizados de forma
individualizada.
Portanto a conclusão deste estudo controlado aleatorizado, como demonstrado
no capítulo 3, é que o metodo Pilates realizado com aparelhos é superior aos
exercícios do método Pilates realizado no solo, já que os resultados encontrados após
seis semanas de tratamento mostraram melhora da incapacidade geral e específica e
da cinesiofobia.
59
Referências Bibliográficas
1.
Lim EC, Poh RL, Low AY, Wong WP. Effects of Pilates-based exercises on
pain and disability in individuals with persistent nonspecific low back pain: a
systematic review with meta-analysis. J Orthop Sports Phys Ther. 2011;41(2):70-80.
2.
Pereira LM, Obara K, Dias JM, Menacho MO, Guariglia DA, Schiavoni D, et
al. Comparing the Pilates method with no exercise or lumbar stabilization for pain and
functionality in patients with chronic low back pain: systematic review and metaanalysis. Clin Rehabil. 2012;26(1):10-20.
3.
Posadzki P, Lizis P, Hagner-Derengowska M. Pilates for low back pain: a
systematic review. Complement Ther Clin Pract. 2011;17(2):85-9.
4.
Miyamoto GC, Costa LO, Galvanin T, Cabral CM. Efficacy of the Addition of
Modified Pilates Exercises to a Minimal Intervention in Patients With Chronic Low
Back Pain: A Randomized Controlled Trial. Phys Ther. 2012:[Epub ahead of print].
5.
Rydeard R, Leger A, Smith D. Pilates-based therapeutic exercise: effect on
subjects with nonspecific chronic low back pain and functional disability: a
randomized controlled trial. J Orthop Sports Phys Ther. 2006;36(7):472-84.
6.
Wajswelner H, Metcalf B, Bennell K. Clinical Pilates versus general exercise
for chronic low back pain: randomized trial. Med Sci Sports Exerc. 2012;44(7):1197205.
7.
Macedo LG, Latimer J, Maher CG, Hodges PW, McAuley JH, Nicholas MK,
et al. Effect of motor control exercises versus graded activity in patients with chronic
nonspecific low back pain: a randomized controlled trial. Phys Ther. 2012;92(3):36377.
8.
Unsgaard-Tondel M, Fladmark AM, Salvesen O, Vasseljen O. Motor control
exercises, sling exercises, and general exercises for patients with chronic low back
pain:
a
randomized
controlled
trial
with
1-year
follow-up.
Phys
Ther.
2010;90(10):1426-40.
9.
American College of Sports M. American College of Sports Medicine position
stand. Progression models in resistance training for healthy adults. Med Sci Sports
Exerc. 2009;41(3):687-708.
10.
George SZ, Wittmer VT, Fillingim RB, Robinson ME. Comparison of graded
exercise and graded exposure clinical outcomes for patients with chronic low back
pain. J Orthop Sports Phys Ther. 2010;40(11):694-704.
Download