O brincar no referencial curricular nacional para a

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3. O brincar no referencial curricular nacional para a educação Infantil-RCNEI:
Nos Referenciais Curriculares Nacionais da Educação Infantil, o Vol. I aborda um
capítulo exclusivo sobre o tema brincar e, com muita pertinência, cita:
“Nas brincadeiras, as crianças transformam os conhecimentos que já possuíam
anteriormente em conceitos gerais com os quais brincam. Por exemplo, para assumir
um determinado papel numa brincadeira, a criança deve conhecer alguma de suas
características. Seus conhecimentos provêm da imitação de alguém ou de algo
conhecido (...)” (1998:27)
Neste sentido e longe de ser apenas uma atividade espontânea da criança, o ato
de brincar é uma aprendizagem social, que influencia e insere a criança no contexto
em que vive, acumulando as várias experiências para sua cultura lúdica.
Para tanto, considerar o momento do ato lúdico, do brincar, é um fator primordial
para o qual, nós, adultos, temos de voltar o olhar e a percepção, a fim de compreendêlo e respeitá-lo.
As principais idéias que o RCNEI aponta em relação ao brincar são:
• O brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento e a
educação das crianças pequenas.
• As crianças quando brincam buscam descobrir as diversas possibilidades de
resolver problemas que lhes são colocados, pela realidade imediata ou não, externa
ou interna.
• Brincar é uma atividade sociocultural que se origina nos valores, hábitos e
normas de uma determinada comunidade ou grupo social.
• Para que se torne uma atividade lúdica dentro do ambiente escolar, o brincar
implica a possibilidade de fazer escolhas: certa autonomia para escolher os
companheiros, o papel a ser assumido no interior de um determinado tema, o enredo
etc.
Tais escolhas dependem unicamente da vontade de quem brinca.
Há diferença entre jogo e brinquedo?
As crianças nos ensinam que uma das maiores qualidades do brinquedo é a sua
não-seriedade. O brinquedo não é sério para as crianças porque permite a elas fazer
fluir sua fantasia, sua imaginação. Justamente por não ser sério ele se torna
importante. É a não-seriedade que dá seriedade ao brinquedo.
Vamos imaginar crianças brincando. Se essa situação fosse marcada por um
clima severo, rígido, sem escolhas, dificilmente a criatividade infantil encontraria
canais de expressão e o brinquedo perderia sua graça, seu sentido mais profundo.
Felizmente, as crianças fazem do brinquedo uma ponte para seu imaginário, um meio
pelo qual expressam suas emoções e criações. Uma boneca permite à criança várias
formas de brincadeiras, desde a manipulação até a realização de brincadeiras como
“mamãe e filhinha”.
Quando a criança brinca, ela joga, imita e representa. Não podemos imaginar a
infância sem seus risos e brincadeiras.
De acordo com KISHIMOTO (1999), o brinquedo estimula a representação, a
expressão de imagens que evocam aspectos da realidade. Ao contrário, jogos, como
xadrez e jogos de construção, exigem, de modo explícito ou implícito, o desempenho
de certas habilidades definidas por uma estrutura preexistente no próprio objeto e suas
regras.
O brinquedo pode representar certas realidades. Representar é permitir a
evocação de algo, mesmo em sua ausência. O brinquedo coloca a criança na
presença de reproduções de tudo o que existe em seu cotidiano, a natureza e as
relações humanas. Pode-se dizer que um dos objetivos do brinquedo é dar à criança
um substituto dos objetos reais, para que possa manipulá-los.
O brinquedo torna-se um suporte da brincadeira.
De acordo com Vygotsky (1989), é no brinquedo que a criança aprende a agir
numa esfera cognitiva. O autor, segundo sua concepção, defende que a criança
comporta-se de forma mais avançada do que nas atividades da vida real, tanto pela
vivência de uma situação imaginária, quanto pela capacidade de subordinação às
regras pelo prazer de brincar.
Brinquedos do acervo: Laboratório de Pedagogia- LAB - BrinquedotecaUniversidade Paulista -UNIP campus Sorocaba e Campinas –SP / Brasil.
Referências históricas sobre o jogo e o brinquedo
A história do brinquedo compreende a história do homem. Para Kishimoto (1999,
p 30), “eram representações que tinham significados no mundo adulto, voltado para
práticas sociais ou religiosas, que na mão das crianças viraram brinquedos”.
Existem registros de brinquedos infantis, provenientes de diversas culturas que
remontam à época pré-histórica, demonstrando que é natural ao homem brincar,
independente de sua origem e do seu tempo.
No entanto, o brincar é aprendido, passado de geração a geração. Segundo a
autora, muitos objetos não nasceram como brinquedos, foram sendo incorporados
pelas crianças. Como é o caso atual do telefone celular, que é descartado, quando fica
ultrapassado, e, na maioria das vezes, vai parar nas mãos da criança.
De acordo com Kishimoto (1999), as crianças de hoje continuam brincando com
bola, carrinho, boneca, objetos de casa em miniatura e jogos, muito parecidos com os
antigos. Exemplo: gamão e xadrez são encontrados em civilizações de 4000 a.C.
As regras podem mudar, dependendo da época ou do país, mas o jogo é o
mesmo; geralmente o que muda são os materiais com que são confeccionados os
jogos e brinquedos, tornando-os assim mais sofisticados.
Assim, as matérias-primas utilizadas na confecção de brinquedos como madeira,
palha, tecido, barro, metal, plástico acompanharam o desenvolvimento científico e
tecnológico das outras áreas do conhecimento. Hoje, na maioria dos casos, os
brinquedos não são mais confeccionados com matérias-primas da natureza, passando
a ser industrializados.
Se algumas décadas atrás as meninas só dispunham de bonecas de pano ou de
porcelana para brincar, hoje, podem escolher entre bonecas aromatizadas, em
tamanho natural, confeccionadas de plástico, que chegam cada vez mais perto da
sensação de realidade, pois choram, pedem comida, mamam, etc.
Curiosidade
Quando a boneca Barbie foi lançada, em 1959, chocou o mundo, pois,
acostumadas com as bonecas com corpo de criança, as pessoas se assustaram
ao ver aquele modelo, um corpo inspirado em Brigitte Bardot e Marilyn Monroe,
vestida de maiô. Atualmente esse tipo de boneca incorporou vários acessórios,
correspondendo às Top Model contemporâneas.
Para kishimoto (1999, p 32) “enquanto brinca, a criança
cria e recria, usa o brinquedo com outras funções. O processo de brincar inclui
ações sem caminho preestabelecido. É, por natureza, um ato incerto. O prazer de
brincar vem dessas escolhas”.
Ao ver os brinquedos, a criança é tocada pela sua proposta, experimenta e
reinventa, analisa, compara e cria. Sua imaginação se desenvolve e suas habilidades
também, enriquecendo o seu mundo interior, que participa cada vez mais do mundo
que a cerca.
O brinquedo traduz o real para a realidade infantil, suaviza o impacto provocado
pelo tamanho e pela força dos adultos, diminuindo o sentimento de impotência da
criança.
No entanto, quando esse brinquedo se aproxima muito da realidade, ele dificulta
a criatividade da criança, pois já vem acabado; por exemplo, um carrinho com controle
remoto, que faz tudo sozinho, coloca a criança na posição de mero expectador, pois
sua brincadeira fica resumida à tarefa de desmontá-lo.
Gilles Brougére (2004), aponta que um brinquedo, para ser produzido, deve
basear-se nos interesses de um tripé: “A criança, o adulto e o fabricante”. Os
interesses desses três segmentos estão envolvidos, no entanto, dificilmente
observamos a opinião das crianças prevalecer. Geralmente o que acontece é que em
primeiro lugar vem a preocupação econômica e comercial do fabricante, depois o valor
que os pais podem pagar e, em último lugar, vem o que as crianças querem, o que
necessitam e podem aproveitar de acordo com seu grau de desenvolvimento e
criatividade.
No Brasil, com a revolução industrial, no início do século XX, os brinquedos
saíram do âmbito dos ateliês de artesãos, que trabalhavam basicamente com
carrinhos de madeira e bonecas de pano, e passaram a ser confeccionados com
outros tipos de materiais e modelos. Por exemplo, a Metalúrgica Matarazzo, que
passou a fabricar carrinhos e aviões de lata.
Curiosidade
Aires José Leal Fernandes, diretor de marketing da empresa Estrela, conta
que a produção de brinquedos no Brasil, em maior escala, começou a ser feita
na década de 30 e 40. A Estrela, empresa fundada por um casal de imigrantes
judeus alemães, que vieram para o Brasil fugindo da perseguição aos judeus
que já começava na Europa, em 1937, começou em um espaço de cem metros
quadrados, no Brás (cidade São Paulo), funcionando com quatro máquinas de
costura produzindo bonecas de pano com cabeça de massa.
Na história dos brinquedos tradicionais, existem aqueles que são sazonais
(entram e saem em determinados períodos). O ioiô é um, o outro é o bambolê,
identificado como um dos mais antigos. Sua origem vem dos aros, ou arcos de metal,
que garotos tiravam de barris de madeira os quais estocavam vinhos e alimentos.
Usavam, com uma varinha, para rolar o aro pela rua - brincadeira ainda comum no
interior brasileiro. Há épocas em que o bambolê some. Em outras, volta e conquista as
gerações mais novas.
Brinquedo do acervo: Laboratório de Pedagogia- LAB - BrinquedotecaUniversidade Paulista -UNIP campus Sorocaba e Campinas –SP / Brasil.
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