ontologia na antiguidade: a via para a descoberta do ser

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ONTOLOGIA NA ANTIGUIDADE: A VIA PARA A DESCOBERTA DO
SER – DE TALES DE MILETO A ARISTÓTELES
DIAS, Diego Carvalho 1
SOUZA, Franciscarlo de2
1 INTRODUÇÃO
A procedência da filosofia está intrinsecamente ligada à procura pelo princípio de
todas as coisas. Os filósofos da Grécia antiga, afirmam que conhecemos algo quando
conhecemos sua causa, isto é, aquilo pelo qual algo existe. Nessa mesma perspectiva explicar
é unificar, ou seja, quem se propõe a explicar algo deve estar apto a reduzir a multiplicidade a
um princípio originário único causador de todas as coisas – a arché.
Este é o grande eixo temático desta pesquisa, apresentar a arché pela filosofia pagã
antiga, enumerando assim, os filósofos que deram início a busca desta pergunta: de onde
provém, qual o princípio de todas as coisas?
Elencados neste aspecto de responder a questão da arché, encontram-se presentes
nesta linha que caminha para a descoberta do ser, alguns pensadores aqui citados; Tales de
Mileto, Anaximandro, Anaxímenes e Heráclito de Éfeso que se destacam dentro dos jônicos
que demonstram a arché meio aos elementos da natureza, também outros que herdam dos
jônicos esta linha são os pitagóricos, centralizando-se em seu fundador; Pitágoras, que
focalizou sua reflexão sobre o princípio das coisas nos números.
Perceber-se-á, porém, que ainda neste instante a arché fora visada na physis, ou seja,
na física. Com Parmênides de Elea, fundador do eleatismo, veremos um passo metafísico em
direção ao pensamento exposto até o presente momento histórico, a arché para os jônicos,
assim, em Parmênides analisaremos a descoberta do ser e a negação do não-ser, que ao
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Graduando do curso de Licenciatura em Filosofia, pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – Campus
Maringá. E-mail: [email protected]
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Graduando do curso de Licenciatura em Filosofia, pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – Campus
Maringá. E-mail: [email protected]
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mesmo compasso, ao negar o não-ser, excluirá o devir, e daqui surgira toda uma discussão
realizada por Platão e principalmente por Aristóteles.
Num segundo momento da pesquisa será tratada a questão do ser na filosofia
platônica, desenvolvendo o tema da primeira e segunda navegação visando à doutrina dos
princípios primeiros e supremos e a doutrina do Demiurgo no plano supra-sensível do ser.
A abordagem direcionada a Aristóteles dar-se-á no terceiro momento deste artigo
viabilizando sua Filosofia Primeira; a Metafísica – decorrente a multiplicidade do ser e seus
significados e categorias, na procura da fundamentação do ser como arché, movedor e
essência de todas as coisas.
2 ONTOLOGIA NA ANTIGUIDADE
Na antiguidade grega, o problema crítico parece ser antes de qualquer coisa, “o da
capacidade da razão para conhecer a verdade com certeza” (JOLIVET, 1972, p. 36), que se
encontra entre uma diversidade e contradições de doxas filosóficas concernentes à arché3,
voltados para o problema cosmológico. Neste contexto, estão os filósofos que estudam este
problema nos elementos que o constituem, “na sua origem e nas contínuas mudanças a que
está sujeito” (FRANCA, 1952, p. 33).
Encontram-se neste conceito de estudos, os jônios antigos – Tales de Mileto (624-548
a.C.), Anaximandro (611-547 a.C.) e Anaxímenes (588-524 a.C.) – consideravam o Universo
a partir de um ponto de vista estático, procurando determinar o elemento primordial, a matéria
primitiva de que são compostos todos os seres. E os jônios posteriores – Heráclito de Éfeso
(535-475 a.C.), Empédocles de Agrigento (495-435 a.C.) e Anaxágoras (500-428 a.C.) – que
conduziram uma outra orientação aos estudos cosmológicos, “encarando o Universo no seu
aspecto dinâmico, e procurando resolver o problema do movimento e da transformação dos
corpos” (FRANCA, 1952, p. 33-35).
O princípio se conceitualiza na seguinte explicação inserida por Reale e Antiseri: “o
princípio pode ser definido como aquilo do qual provêm, aquilo no qual se concluem e aquilo
pelo qual existem e subsistem todas as coisas” (2004, v. 1, p. 18), ou seja, é aquilo de que
3
É o princípio de todas as coisas. Segundo Abbagnano é o ponto de partida e fundamento de um
processo qualquer. Os dois significados, “ponto de partida” e “fundamento” ou “causa”, estão
estreitamente ligados na noção desse termo, que foi introduzido na filosofia por Anaximandro (1999,
p. 792).
2
deriva e se resolvem todas as coisas, mesmo permanecendo imutável nas formas que vai
assumindo.
2.1 Tales de Mileto
Filósofo do fim do século VII até a primeira metade do século VI a.C. É o fundador do
problema referente à arché, - mas não sendo ele o criador deste termo, mas Anaximandro - ou
seja, o princípio de todas as coisas, tendo como o princípio do seres a água.
Isso demonstra também que a Terra está sobre a água – derivando talvez essa
concepção de observar que a umidade é a nutrição de todas as cousas (SIC),
e que até o calor nela nasce e vive: ora, aquilo que tudo se origina é
necessariamente o princípio de todas as cousas; destas considerações
derivam tais concepções, e por terem natureza úmida as sementes de todas as
cousas, e de ser a água nas cousas úmidas o princípio da sua natureza
(MONDOLFO, 1971, v. 1, p. 39-40).
Assim, conclui que a água é o princípio de todas as coisas, pois, constata que este
elemento líquido está presente em todos os tipos de lugares onde há vida, e onde ele não se
encontra presente não existe vida.
2.2 Anaximandro de Mileto
Também filósofo do fim do século VII, mas vive até a segunda metade do século VI
a.C. É sucessor e discípulo de Tales, também critico da teoria apresentada por seu mestre, por
não haver sustentação em muitos dos seus argumentos respectivos à água como arché, então,
o princípio e elemento primordial dos seres é o infinito. Porém, diz “não haver um princípio
primordial: pois seria um limite” (MONDOLFO, 1971, v. 1, p. 41), deste modo, expõe que do
princípio gerador infinito (natureza) surgem todas as coisas.
O termo usado por Anaximandro é á-peiron, que significa aquilo que
esta privado de limites, tanto externos (ou seja, aquilo que é
espacialmente e, portanto, quantitativamente infinito), como internos (isto é,
aquilo que é qualitativamente indeterminado). Precisamente por ser
quantitativamente i-limitado, o princípio á-peiron pode dar origem a todas as
coisas, de-limitando-se de vários modos. Esse princípio abarca e circunda,
governa e sustenta tudo, justamente porque, como de-limitação e determinação dele, todas as coisas geram-se a partir dele, nele con-sistem e
nele existem (REALE; ANTISERI, 2004, v. 1, p. 17).
3
Acerca disto, o á-peiron é a arché, podendo desta forma, tornarem-se todas as coisas
que são diversas tanto por qualidade como por quantidade, e em si mesmo, é privado de
determinações qualitativas e quantitativas, sendo infinito espacialmente, mas indefinido
quantitativamente.
2.3 Anaxímenes de Mileto
Viveu no século VI a.C. foi discípulo de Anaximandro e prossegue a discussão sobre o
princípio, mas criticando a solução proposta pelo seu mestre, o á-peiron. Ele insere como
princípio das coisas o ar infinito que está difuso por toda parte, em inexaurível movimento.
Pensa que o “princípio” deva ser infinito, sim, mas que deva ser pensado
como ar infinito, substância aérea ilimitada. Escreve ele: “Exatamente como
a nossa alma (ou seja, o princípio que dá a vida), que é ar, se sustenta e se
governa, assim também o sopro e o ar abarcam o cosmo inteiro”. E o motivo
pelo qual [...] concebe o ar como “o divino” é agora claro com base no que já
dissemos sobre os dois filósofos anteriores de Mileto. [...] escolheu o ar
como “princípio” [porque] sentia necessidade de introduzir uma realidade
originaria que dela permitisse deduzir todas as coisas, de modo mais lógico e
racional do que fizera Anaximandro. Além disso, o ar se presta melhor do
qualquer outro elemento às variações e transformações necessárias para fazer
nascer as diversas coisas (REALE; ANTISERI, 2004, v. 1, p. 21).
O ar sustenta e governa o universo gerando todas as coisas transformando-se mediante
a condensação em água e terra, em fogo pela rarefação. “A variação dessa tensão da realidade
dá a nós a origem de todas as coisas, introduzindo uma causa dinâmica da qual Tales ainda
não havia comentado e que Anaximandro tornara órfico” (REALE; ANTISERI, 1990, v. 1, p.
35). Desta forma, fornece uma causa em perfeita harmonia com a arché.
2.4 Heráclito de Éfeso
Nasceu na cidade de Éfeso entre os séculos VI e V a.C., e não fora uma pessoa
pública, apesar de ser solicitado a isso. Seus escritos, pensamentos são obscuros, de
complicada compreensão, ele é influenciado pelos filósofos de Mileto, que percebiam um
dinamismo universal das coisas que nascem, crescem e aparecem.
Heráclito aprofunda sua pesquisa sobre a arché, dentro desta influência, afirmando
que “tudo escorre, onde o devir é uma característica estrutural de toda realidade, não um devir
4
caótico, mas de forma dinâmica ordenada de um contrário ao outro, e é nesta luta de
contrários que se compõe em harmonia” (REALE; ANTISERI, 2004, v. 1, p. 23). Por meio de
tal reflexão, expõe o fogo como princípio, arché, origem das coisas.
O princípio para Heráclito se identifica com o fogo, que é perfeita expressão
do movimento perene, e justamente na dinâmica da guerra dos contrários (o
fogo vive da morte do combustível, transformando-o continuamente em
cinzas, mas se manifesta harmonicamente como chama de modo constante).
O fogo está estreitamente ligado com o conceito de racionalidade (= logos),
razão de ser da harmonia do cosmo. [...] Esse fogo é como raio que governa
todas as coisas. E aquilo que governa todas as coisas é inteligência, é razão,
é logos, é lei racional. (REALE; ANTISERI, 2004, v. 1, p. 22;24).
Com esse princípio, Heráclito torna-se um “elo de união entre os jônios antigos e
posteriores, contrapondo a mutabilidade de todas as coisas, onde tudo se encontra em
perpetuo fluxo, a realidade esta sujeita a um vir-a-ser continuo” (FRANCA, 1952, p. 34). Ou
seja, o fogo como arché produz toda atividade interna das coisas, provocando uma oscilação
continua natural, num curso perene.
2.5 O princípio para Pitágoras e seus seguidores
Enquanto crescia rapidamente a Escola Jônica na Ásia Menor, na Magna Grécia surgia
a primeira escola do Ocidente, “a Escola Pitagórica, tendo como um dos mais notáveis
personagens da antiguidade; Pitágoras, século VI a.C.” (FRANCA, 1952, p. 36.).
“Os pitagóricos herdam dos predecessores a problemática do princípio, mas a
deslocam sobre um nível novo e mais elevado” (REALE; ANTISERI, 2004, v. 1, p. 21),
portanto, o princípio da realidade é para os pitagóricos não um componente físico, encontrado
meio a natureza, mas o ou os números. Pitágoras aprofundando suas investigações acerca dos
números “explica que todos os fenômenos mais expressivos que ocorrem, são demonstráveis
por números, e assim, se manifestam” (JOLIVET, 1972, p. 36).
O número é o fundamento de tudo, é o princípio essencial de que são
compostas todas as coisas. O “Ser” é a grande Unidade [...], o número
perfeito do qual emanam todos os outros seres do mundo, grandiosa
harmonia matemática. [...] Os corpos formados por números constam como
estes de par e impar ou de finito e infinito. (FRANCA, 1952, p. 39).
O número, enfim, é a causa de todas as coisas, é também as determinantes de suas
essências, juntamente com uma relação recíproca com as outras. São os fundamentos últimos
5
da realidade, ou seja, o limite (princípio determinado e determinante) e o ilimitado (princípio
indeterminado). Logo, se tudo que esta ao redor é número, “tudo é ordem e o universo inteiro
aparece como um Kósmos (= ordem), que deriva dos números, enquanto tal é perfeitamente
cognoscível em suas partes” (REALE; ANTISERI, 1990, v. 1, p. 45).
2.6 Parmênides e a teoria do ser e o princípio da não-contradição absoluta
Fundador da Escola eleática nos séculos VI-V a.C., Parmênides de Eléia é um filósofo
inovador radical. Nele a cosmologia, após profunda reflexão, toma como ponto de vista
conceitual, transformando-a numa ontologia, ou seja, a teoria do ser. Parmênides “propõe uma
idéia, doutrina contraditoriamente oposta à de Heráclito, onde o real é o ser e não o devir e
este é apenas aparência do sensível, pois, se o ser estivesse sujeito à mudança, viria do nãoser, que é absurdo” (JOLIVET, 1972, p. 37).
Então, ele propõe a univocidade do ser, demonstrando assim, uma acepção absoluta do
ser, onde, o ser é tomado como único e absoluto e o não-ser consisti em vista do contrário, ou
seja, o não-ser não é absoluto e não é unívoco, pois, se fosse, anularia o absolutismo e a
univocidade do ser.
[...] o ser é e não pode não ser; o não ser não é e não pode ser de modo
algum. Pois bem, eu te direi [...] apenas em que caminhos de busca se pode
pensar: um que é o ser é e não é que não seja [...]. é necessário dizer e pensar
que o ser seja: com efeito, o ser é, o nada não é. Um só caminho resta ao
discurso: o que o ser é. (REALE; ANTISERI, 1990, v. 1, p. 50-51).
Mas para que tudo isso, o ser como arché, surgisse em Parmênides e para que
possamos compreender, foi necessário, em sonhos, um diálogo de uma deusa com ele, donde
surge seu poema; Sobre a natureza e onde esta deusa apresenta três vias:
A primeira via afirma que o ser existe e não pode não existir, e que o não-ser
não existe, e disso tira toda uma série de conseqüências. Primeiramente, fora
do ser não existe nada e, portanto, também, o pensamento é ser (não é
possível, para Parmênides, pensar o nada); em segundo lugar, o ser é nãogerado (porque de outro modo deveria derivar do não-ser, mas o não-ser não
existe); em terceiro lugar, é incorruptível (porque de outro modo deveria
terminar no não-ser). Alem disso, não tem passado nem futuro (de outro
modo, uma vez passado, não existiria mais, ou, na espera de ser no futuro,
ainda não existiria), e, portanto existe em um eterno presente, é imóvel, é
homogêneo (todo igual a si, porque não pode existir mais ou menos ser), é
perfeito (e, portanto pensável como esferiforme), é limitado (enquanto no
limite se observava um elemento de perfeição) e uno. A segunda via é a do
6
erro, a qual, confiamos nossos sentidos, admite que existe o devir, e cai, por
conseguinte, no erro de admitir a existência do não-ser. A terceira via
procura certa mediação entre as duas primeiras, reconhecendo que também
os opostos, como a luz e a noite, devam identificar-se no ser (a luz é, a noite
é, e portanto ambas são, ou seja, coincidem no ser) (REALE; ANTISERI,
2004, v. 1, p. 32).
Percebemos deste modo que as nossas relações com as “coisas” dentro da perspectiva
do devir e de sua complexidade, ou seja, a multiplicidade de ‘causas’ entre eu e o objeto, a
relação, que são abarrotadas pelos nossos sentidos são falsas em suas percepções e ações.
Desta maneira, ele afirma a imutabilidade do ser. Dá-se assim, que “os sentidos percebem as
realidades mutáveis, múltiplas, contingentes, mas é a razão que percebe nestas realidades a
arché de todas elas: o ser” (FRANCA, 1952, p. 39).
Contudo, observamos que a univocidade do ser de Parmênides nisto resume-se: o ser
que é nunca poderá ir para o ‘estágio’ do não-ser, simplesmente porque o não-ser não é, não
existe, e mesmo que existisse, seria, e ainda se o não-ser fosse algo, dele não poderia brotar,
surgir o ser, porque o ‘ser’ é permanente e o não-ser também seria. Não há movimento, devir,
pois, se o ‘ser agora’ futuramente se torna-se o ‘ser depois’ acorreria um movimento entre o
‘ser agora’ e o ‘ser depois’ que meio a estes dois, o movimento que se daria seria o não-ser, e
o não-ser não é, logo, não pode estar entre um ser que era, deixou de ser e que agora é,
“conclui-se que o ser é imutável, unívoco, imóvel, indivisível, homogêneo, continuo e eterno”
(MONDOLFO, 1971, v. 1, p. 83-85).
3. A QUESTÃO PLATÔNICA DO SER
3.1 A primeira e a segunda navegação
Platão nasceu em Atenas, por volta de 428 a.C., discípulo de Sócrates, mas “com
influências heraclitas, e com essas influências em seu pensamento, forma um sistema
metafísico
que
esta
centralizado
no
mundo
divino
das
idéias”
(PADOVANI;
CASTAGNOLA, 1984, p. 117).
Sua inovação no pensamento filosófico incidiu na descoberta de uma realidade
superior à deste mundo sensível, ou seja, uma dimensão supra-sensível do ser, que consisti
em, uma existência de uma espécie de ser não-físico, que pode ser encontrada em seu
pensamento pela ilustração da segunda navegação. Porém, devemos entender o significado da
7
primeira navegação, que esta fundamentada na tentativa de explicar a arché pelos elementos
da physis4.
A primeira navegação era entregue às forças físicas do vento e das velas do
navio, e representa emblematicamente a filosofia dos Naturalistas que
explicavam a realidade apenas como elementos físicos (ar, água, terra, fogo
etc.) e forças físicas a eles ligadas (REALE; ANTISERI, 2004, v. 1, p. 137).
Desta maneira, Platão apresenta-nos uma descoberta metafísica de forma simbólica
com a segunda navegação, onde esta era utilizada quando os ventos que moviam, forçavam as
velas do navio para que ele navega-se cessavam e, assim, recorria-se aos remos.
A segunda navegação entrava em jogo quando as forças físicas dos ventos,
na bonança, não eram mais suficientes, e era então entregue as forças
humanas que impulsionavam o navio com os remos: para Platão ela
representa a filosofia que, com as forças da razão, se esforçava para
descobrir as verdadeiras causas da realidade, para alem das causas físicas.
(REALE; ANTISERI, 2004, v. 1, p. 137).
Por meio desta, observamos que Platão na primeira navegação demonstra que nós
permaneceríamos sempre aprisionados se optássemos pelos sentidos e o mundo sensível, mas
se seguíssemos a segunda navegação poderíamos nos libertar radicalmente dos sentidos e do
sensível, apresentando-nos essa possibilidade através de um mundo supra-sensível onde há
um raciocínio, intelecto puro: o Ser.
Por fim, pode-se afirmar com a maior certeza possível concernente a segunda
navegação platônica, que ela nos conduz “ao reconhecimento da existência de dois planos do
ser: um fenomênico e visível; outro, invisível e metafenomênico, captável apenas com a
mente e, por conseguinte, puramente inteligível” (REALE; ANTISERI, 2004, v. 1, p. 139) e
também unidamente com este último “constitui uma conquista que assinala, ao mesmo tempo,
a fundação e a etapa mais importante da história da metafísica: todo o pensamento ocidental
seria condicionado por esta distinção” (REALE; ANTISERI, 1990, v. 1, p. 136).
Após a segunda navegação platônica (e somente depois dela) é que se pode
falar de material e imaterial, sensível e supra-sensível, empírico e
metaempírico, físico e suprafísico. E é à luz dessas categorias qu8e os físicos
anteriores se revelam materialistas e que a natureza e o cosmos não
4
Physis: o termo é fundamental no pensamento grego [...], costuma-se traduzi-lo por natureza, que tendo em
vista este último, do latim entende-se como produzir, fazer crescer, gerar, formar, crescer e etc. Assim concebese physis como física, não em seu conteúdo, mas em seus elementos sensíveis presentes em nosso mundo
(MORA, 2001, tomo 3, p. 2271).
8
aparecem mais como totalidade das coisas que existem, mas apenas como
totalidade das coisas que aparecem. O verdadeiro ser é constituído pela
realidade inteligível (REALE; ANTISERI, 1990, v. 1, p. 136).
Assim podemos concluir que a segunda navegação estabelece a grande notícia e a
questão essencial da filosofia platônica. Este novo modo de filosofar é impulsionado pelos
remos dos raciocínios e dos postulados racionais, levando à conquista da dimensão suprasensível, ou seja, metafísica do ser. Deste modo, o descobrimento da teoria das Idéias5
constituiu o início da segunda navegação. Possibilitando explicar as ‘coisas’ não mais por si
mesmas, mas em função das realidades inteligíveis. O mundo sensível prontamente não é
mais adotado como verdadeira causa, mas sim, como via para a concretização dessa
verdadeira causa; a arché.
3.2 A doutrina dos princípios primeiros e supremos
Enquanto a conjectura das Idéias abrange a primeira fase da segunda navegação, a
doutrina dos Princípios Primeiros e Supremos constitui assim, sua etapa final. “Com a
Doutrina dos Princípios do Uno e da Díade6, denota-se de uma outra questão, que expõe um
valor ascendente, apropriado de avalizar um efeito suficiente – defronte aos obstáculos da
teoria das Idéias” (RELAE; ANTISERI, v. 1, 2004, p. 137). Estes Princípios Supremos são o
Uno e a Díade, como citado anteriormente, vejamos suas definições:
O Uno não é, evidentemente, o número um, mas um princípio formal, que é
fonte de determinação em relação ao princípio material; a Díade, que não é o
número dois, mas uma multiplicidade ideal indeterminada que serve de
substrato para a ação delimitante do Uno que a República compara ao Bem
(BRISSON, 2003, p. 60).
5
A teoria das Idéias configura-se num dos eixos de sustentação dos escritos platônicos. Lembremos que nosso
autor chegou à teoria das Idéias mediante a introdução de “postulados”, com o intuito de superar a filosofia da
physis, solucionando definitivamente as questões referentes à geração, à corrupção e ao ser das coisas. Por meio
da teoria das Idéias, ele pretende fundar uma verdadeira metafísica e uma nova epistemologia (ROSSI, E. G.
2008, p. 47).
6
Enquanto princípios originários e constitutivos de todo o ser, o Uno e a Díade não são ser, pois são anteriores a
ele. Por sua vez, a unidade como princípio de determinação está acima do ser, o princípio material indeterminado
[i.é., a Díade] como não-ser está abaixo do ser (ROSSI, 2008, p. 61).
9
Enfim, nos diálogos estes princípios são nos apresentados na sua função de limite e
ilimitado7, ou seja, um princípio determinante e outro indeterminado nas suas relações
estruturais.
3.3 O plano supra-sensível do ser
Este plano é estabelecido através do mundo das Idéias e pelos princípios primeiros.
Desta forma observamos de maneira simplificada, a Doutrina do Demiurgo:
A atividade que o Demiurgo exerce ao criar não é absoluta, pois ele não cria
do nada. Ele cria contemplando um modelo inteligível e plasmando-o num
princípio material informe. Sua atividade é, verdadeiramente, uma atividade
ordenadora, pois faz do caos cosmo, leva da desordem à ordem. No entanto,
se a doutrina do Demiurgo não é uma doutrina criacionista propriamente dita
(não ao menos como o criacionismo bíblico), ela é o que podemos chamar de
sem-criacionismo – “a mais alta forma de criacionismo alcançada pelo
pensamento helênico”. Platão entende o ser em todos os níveis como um
misto, como “algo in-determinado que é determinado, um excesso
comedido, um mais-e-menos-hamonizado”. O não-ser, por sua vez, é
caracterizado como “o Princípio material do excesso, do mais-e-menos, da
desordem”. O Demiurgo é a causa inteligente – eficiente – que explica
qualquer misto, pois é ele que faz passar do não-ser ao ser, de uma realidade
informe a uma estruturação desta em função do modelo que sempre é, por
meio da mediação entre o ser eterno e a realidade sensível, servindo-se de
uma complexa articulação geométrica. Com efeito, o Deus platônico criou o
universo, o tempo, os animais, os vegetais, os minerais e todas as coisas das
quais derivam as coisas que são geradas – os quatro elementos da natureza:
água, ar, fogo e terra. E como o Demiurgo é um Deus pessoal, portanto
distinto das criaturas, sua atividade não é um simples agir da Inteligência em
função do inteligível (do Bem), mas é um querer a realização desse
inteligível (2008, p. 85-87).
Entendemos deste modo, que há um Artífice, onde este é a arché, pois produziu a
imagem num mundo ideal, porém, produziu uma cópia, que é esta realidade sensível, donde é
modelado conforme a Idéia do mundo ideal, assim sendo o Artífice e o Mundo Ideal são
eternos e deles tudo subsiste.
4 A FUNDAMENTAÇÃO DA ONTOLOGIA EM ARISTÓTELES
7
Quanto ao núcleo da doutrina dos Princípios, podemos caracterizá-lo da seguinte forma: o ser é produto de dois
princípios originários e é, portanto, uma síntese, um misto de unidade e de multiplicidade, de determinante e
indeterminado, de limitante e ilimitado Neste misto de unidade e multiplicidade, identidade e diferença se
implicam reciprocamente, no sentido de que tudo aquilo que é é, ao mesmo tempo, idêntico e também diverso:
idêntico a si mesmo e diverso dos outros (Ibidem).
10
Aristóteles nascido em Estagira em 384/383 a.C. em Atenas aos dezessete anos
ingressou na escola de Platão e permaneceu nela por vinte anos (MONDOLFO, v. 2, 1973, p.
07). “O Estagirita foi um gênio universal, assimilando todos os conhecimentos anteriores e
acrescentou-lhes o trabalho próprio” (FRANCA, 1952, p. 53), entretanto, seu principal
trabalho foi à Metafísica8, um conjunto de quatorze livros escritos em tempos diferentes, mas
que compõe um desenvolver concernente a questão do ser.
4.1 A multiplicidade do ser
Na investigação em torno do ser, “Aristóteles retoma a temática debatida pelos
Eleáticos e a resolve, refutando a tese da univocidade do ser” (REALE; ANTISERI, v. 1,
2004, p. 193), ou seja, a tese de que existe um só tipo de ser em sentido absoluto, que se opõe
ao não-ser em sentido absoluto, proclamada por Parmênides. “Aristóteles revelou como a
natureza, a physis, compreende tudo aquilo que tem em si o principio do movimento ou da
quietude, logo, tudo aquilo que é móvel9”. “Assim, sua ‘filosofia primeira’, apresentas-nos
um estudo do ser como tal, dos seus princípios e causas ultimas, prescindindo das suas
determinações sensíveis” (FRANCA, 1952, p. 55). Desta maneira o Filósofo, como se referia
Santo Tomás de Aquino a Aristóteles conceitua o ser como:
O ser é tudo aquilo do qual se pode dizer que ‘é’, onde este último verbo
vem usado sem qualificações particulares, como: verdadeiramente,
imutavelmente, eternamente, mas em todos os sentidos nos quais pode ser
usado no linguajar comum, isto é, no linguajar baseado naquela espécie de
grande convenção, nunca estipulada mas universalmente aceita, que é o
acordo sobre os significados das palavras, capaz de tornar compreensível a
todos os falantes (BERTI, 1993, p. 54. Tradutor: BELINI).
Com isso, o Estagirita demonstra um ser experimentável a todos nós, mas não uma
experiência sensível, e sim supra-sensível, perceptível com os olhos da razão e da ‘fé’.
8
A metafísica significa além da física, é a principal das ciências teoréticas, as quais, por sua vez, são as ciências
mais elevadas. [...] toca uma espécie de primado absoluto (REALE; ANTISERI, v. 1, 2004, p. 193). É ainda,
justo saber que a expressão metafísica – tà metà ta phisiká – não é de Aristóteles. Portanto, além do resto, pesa
sobre a obra que nos propomos a ler também esta circunstância que implica uma série de graves problemas, ou
seja, que o seu título é espúrio, ilegítimo e a palavra, até mesmo desconhecida pelo seu Autor. (Apostila de
Estudos – Parte II: Aristóteles).
9
BERTI, E. Lições de introdução à metafísica (apostila). Tradutor: BELINI, L. A. 2009, p. 13.
11
Somente no cenário desta complexa problemática se pode compreender a
originalidade e o significado da ontologia aristotélica. Enquanto Parmênides
e Platão (seja ainda em modo diverso) haviam negado, totalmente ou em
partes, dignidade de ser aquilo que não entrava na sua delimitada concepção
do ser e de articulá-la em modo tal a poder fazer englobar nela qualquer
realidade se apresente, seja à razão seja à experiência (Apostila de Estudos –
Parte II: Aristóteles).
Embora o termo experiência não pareça coincidir com o ser, ou, em outras palavras,
não seria contraditório pensar que haja um ente que não seja objeto de experiência. Com estas
idéias expostas concernentes ao ser que pode modificar-se e experimentarmos, percebemos
que “a noção de ente enquanto ente, é de totalidade do ser, de um lado compreende e por
outro excede a experiência, assim seja a experiência ou não a totalidade do ser, vale dizer, o
inteiro” (BERTI, 1993, p. 33. Tradutor: BELINI).
4.2 O ser e seus significados e categorias
O ser enquanto ser não pode equivaler circunscritamente a nada, já que compreende
tudo, o que se pode fazer é uma listagem de seus diversos significados possíveis. Deste modo,
a tese aristotélica apresenta o ser que tem múltiplos significados, em vários níveis. Temos: 1.
O ser em si; segundo a substância e as categorias; 2. O ser como ato e potência; 3. O ser como
acidente; 4. O ser como verdadeiro; e o não-ser como falso.
Assim, Aristóteles redige estes quatro pontos fundamentais, onde reuni todos os
significados possíveis do ser. Também elenca dez categorias que serão concernentes ao
primeiro significado; o ser em si – segundo substância e as categorias:
As categorias que constituem os gêneros supremos do ser são dez:
substância, qualidade, quantidade, relação, ação, paixão, onde, quando, ter e
jazer. Isto significa que aquilo que é chamado de ser ou é substância, ou é
qualidade, ou é qualquer outra categoria (REALE; ANTISERI, v. 1, 2004, p.
193).
As categorias resultam, assim, como elementos e condições necessárias à
conceptibilidade do real com o real, deste modo, “se faltassem alguns destes elementos,
faltaria à realidade de ser concebido” (MONDOLFO, v. 2, 1973, p. 23). Fica de forma mais
clara este significado do ser por meio deste exemplo:
Ser é, por exemplo, um homem; coloquemos Sócrates, e o é a pleno titulo.
Mas ser é também ser musico de Sócrates; todavia, o se musico se refere ao
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ser de Sócrates; mas também neste caso, o ser do correr não existiria se não
existisse o ser daquele que corre. O ser de um determinado peso ou de uma
determinada estatura é um modo de ser, que, porem, supõe o ser de outra
coisa; para ficar ao nosso exemplo, pressupõe Sócrates que há aquele peso e
aquela estatura. E assim por diante (Apostila de Estudos – Parte II:
Aristóteles).
Agora observemos de forma simplificada os outros três pontos referentes ao
significado do ser, exposto por Reale e Antiseri:
Potência e ato são dois significados não definíveis em abstrato, mas
demonstráveis por meio de exemplos ou de experiência direta. Por exemplo,
vidente é aquele que neste momento vê (vidente em ato), mas também
aquele que tem olhos sãos, mas neste momento os fechou, e não esta vendo:
este é vidente porque pode ver, e neste sentido, de olhos fechados, é vidente
em potência. Acidental é aquele que se apresenta de modo casual e fortuito,
e que, portanto, não é nem sempre, nem no mais das vezes, mas apenas às
vezes. Para o ser como acidente não existe ciência, pois a ciência existe
apenas do necessário e não do casual. O ser como verdadeiro se tem quando
a mente reúne coisas que na realidade estão de fato reunidas, ou desune
coisas que na realidade estão desunidas. E do ser verdadeiro ocupa-se a
lógica (v.1, 2004, p. 193-194).
Enfim, a questão ou significado do ser para Aristóteles é a totalidade das coisas
pensáveis e experimentáveis, sem haver exceções, levando em consideração até as coisas
mais humildes e vis.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A descoberta da ontologia na antiguidade passou por várias vias como foi visto até a
sua fundamentação final em Aristóteles. Percebemos que desde o século V a.C. até o século II
a.C., ou seja, de Tales de Milito à Aristóteles a questão da arché; qual ou o que é o princípio
de todas as coisas? Sofreu uma enorme evolução, sempre em busca de uma resposta que
satisfizesse aqueles que a tanto procuram. Também e fundamentalmente outro
questionamento a ser realizado é: o que é o ser? E porque o ser é e o não-ser não é?
Assim, ao ir procurar pelo princípio de todas as coisas, a filosofia antiga ou da
antiguidade pagã, apresenta-se em aspecto da relação com a totalidade do ser e do real. Deste
modo, de Tales de Mileto a Platão esta investigação esteve relacionada a assuntos metafísicos,
ligados à causa da geração, da corrupção e do ser das coisas. Entende-se com isso que a
problemática de fundo apresentava-se da seguinte forma: Por que as coisas se geram? Por que
se corrompem? Por que existem?
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Notamos que os jônios procuraram através de elementos físicos; o ar, a terra, o fogo e
a água explicar a arché, porém entre os jônios, uma figura que se destaca é Heráclito que
aprofundou o dinamismo universal, chegando a um completo mobilismo, expresso, sobretudo,
na sentença: “Tudo escorre”, o devir é o próprio princípio e não uma característica do
princípio, caracterizando-se por uma constante e harmoniosa passagem de um contrário ao
outro. Enfim, identificou o fogo como a arché, pois o fogo é o que melhor expressa as
características de contínua mudança, do contraste e da harmonia: sendo que ele está continuo
movimento, e é da vida que vive e também da morte do combustível, é contínua
transformação.
Já os pitagóricos, que herdam dos jônios a questão da arché, e a procuram dentro dos
números e não em um elemento da physis, ou seja, o número é o princípio de todas as coisas.
Todavia foi Parmênides, fundador do eleatismo, que descobriu a arché no sentido do ser,
assim, marcando uma etapa decisiva na história da filosofia, pressupondo indubitavelmente a
pesquisa cosmológica dos jônios e dos pitagóricos, mas subtraindo-a ao seu pressuposto
naturalista e tratá-la-á pela primeira vez em plano ontológico.
“Pela primeira vez, com a escola eleática, a substância, se torna por si mesma
princípio metafísico: pela primeira vez, é ela definida não como elemento corpóreo ou
número, mas tão só como substância, permanência e necessidade de ser enquanto ser”
(ABBAGNANO, 1998, p. 880). Também, afirma a não existência do devir, sujeitando o ser
somente e a não existência do não-ser, levando o ser a uma inivocidade, imutabilidade, que
mais a frente é combatida por Aristóteles.
Com Platão a principal inovação de sua filosofia, ou seja, a segunda navegação, é a do
desvendar a dimensão metafísica do ser. Desse modo, Platão aborda em sua filosofia três
pontos focais: a teoria das Idéias (primeira fase da segunda navegação); e a doutrina dos
Princípios Primeiros e Supremos (segunda fase da segunda navegação) e a doutrina do
Demiurgo, que pressupõe tanto a teoria das Idéias quanto a doutrina dos Princípios.
Em Aristóteles a concepção do ser é visada pela multiplicidade, e não pelo unívoco
como afirmava Parmênides, assim, o ser é, e sendo, compreende as coisas, a realidade em
plenitude, demonstra desse modo que não existe apenas um ser único, mas um ser com
diversos significados. Mesmo havendo questionamentos concernentes à univocidade e
equivocidade do ser, Aristóteles resolve este problema com uma via que se apresenta por
meio dos mesmos: o termo. Este pode ser unívoco, porém, seus significados podem referir-se
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a muitos gêneros sem haver relação entre eles. Desta forma, o Estagirita expõe sua idéia sobre
a multiplicidade do ser, contestando assim, a univocidade do ser e dando-nos um ser
experimentável e pensável.
REFERÊNCIAS
ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
BRISSON, L. Leituras de Platão. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003.
FRANCA, Pe. Leonel. Noções de história da filosofia. 13. ed. Rio de Janeiro: Livraria Agir
Editora, 1952.
JOLIVET, Régis. Tratado de filosofia: metafísica. v. 3. 2. ed. São Paulo: AGIR, 1972.
MONDOLFO, Rodolfo. O pensamento antigo: história da filosofia greco-romana. v. 1. São
Paulo: MESTRE JOU, 1971.
__________, Rodolfo. O pensamento antigo: história da filosofia greco-romana. v. 2. São
Paulo: MESTRE JOU, 1973.
MORA, J. F. Dicionário de filosofia. tomo 3. São Paulo: Loyola, 2001.
PADOVANI, Umberto; CASTAGNOLA, Luís. História da filosofia. 14. ed. São Paulo:
Melhoramentos, 1984.
REALE, G; ANTISERI, D. História da filosofia: antiguidade e idade média. v. 1. 2. ed. São
Paulo: Paulinas, 1990.
______, G; ANTISERI, D. História da filosofia: filosofia pagã antiga. v. 1. 2. ed. São Paulo:
Paulus, 2004.
ROSSI, E. G. Platão, a metáfora da segunda navegação e a descoberta do supra-sensível.
Dissertação (graduação). Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Maringá, 2008.
BERTI, E. Lições de introdução à metafísica. (AD USUM STUDENTORUM). Tradutor:
Ms. Luiz A. BELINI. 1993.
Apostila de Estudos – Parte II: Aristóteles. (uso para estudo na disciplina de Filosofia Geral:
Problemas Metafísicos – Prof. Dr. DIAS).
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