Rotulagem ambiental: uma survey de atitude acerca da motivação das mulheres na compra de cosméticos na cidade de Porto Alegre(RS) Liese Lopes Vizcaychipi1 Maria Regina DAmbrosi da Silva Uster2 Jaqueline Silva Rosa3 Rose Borba de Lima Cardoso4 Resumo: O objetivo deste artigo é verificar se a presença da rotulagem ambiental nas embalagens de cosméticos motiva o comportamento de compra das consumidoras na cidade de Porto Alegre (RS). Para esse estudo, realizou-se uma survey de atitude, cujo método caracteriza-se por uma abordagem qualitativa de cunho descritivo. A coleta de informações ocorreu através da aplicação de um questionário com 100 consumidoras de cosméticos. Os resultados obtidos, a partir da análise das respostas, permitem afirmar que as pessoas apresentam preocupação com o meio ambiente, e isso motiva o comportamento de compra. Sendo a questão ambiental muito discutida nos dias atuais, as organizações precisam se atualizar e buscar em novas tecnologias que forneçam a mesma qualidade do produto com menor impacto ambiental. O cuidado com o meio ambiente e a estrutura denominada marketing verde podem constituir-se em uma estratégia exitosa, assim como a aquisição de rótulos ambientais em suas linha de produtos, que tem como propósito informarem ao consumidor acerca das características dos produtos e sua relação com o meio ambiente. Palavras-Chave: Marketing Verde. Comportamento do Consumidor. Rotulagem ambiental. Abstract: The purpose of this article is to verify if the presence of environmental labeling on the packaging of cosmetics motivates the purchasing behavior of consumers in Porto Alegre City, Rio Grande do Sul State. For this study, we carried out an attitude survey, which method is characterized by a qualitative approach by a descriptive way . Data collecting occurred through the application of a questionnaire with 100 of cosmetic consumers. The results obtained from the analysis of the responses, have revealed that people have concerns about the environment, and this motivates consumer behavior. As the environmental issue< span> much discussed today, organizations need to update and get into new technologies that provide the same quality product with less environmental impact. Care about the environment and the structure called green marketing can turn into a successful strategy, as well as the acquisition of environmental labels on t heir product line, which aims to inform consumers about product characteristics and its relationship with the the environment. Keywords: Green Marketing. Consumer Behavior. Environmental Labelling. 1 Graduanda do curso de administração da Faculdade Monteiro Lobato (FATO), em Porto Alegre, (RS).E-mail: [email protected] 2 Adminsitradora e pós-graduada em Marketing, formação em Dinâmicas de Grupo pela SBDG, Porto Alegre, (RS), professora da Faculdade Monteiro Lobato (FATO), em Porto Alegre (RS) e da Faculdade Cenecista de Osório (Facos), em Osório (RS).E-mail; [email protected] 3 Mestre em Administração de empresas e pós-graduanda em Educação Biocêntrica. Professora da Faculdade da Serra Gaúcha (FSG), em Caxias do Sul (RS). Integrante do Grupo de pesquisa GEMAC da Unisinos e revisora técnica da Rea – Revista de Administração da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).E-mail: Já[email protected] 4 Mestre em Gerência de Serviços pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Graduada em Administração pela Faculdade Cenecista de Osório. Coordenadora e Docente do Curdo de Administração da FACOS/CNEC (Osório). [email protected] Revista Gestão Premium/Cursos de Administração e Ciências Contábeis – FACOS/CNEC Osório Dez/2011 Página 64 Introdução A sustentabilidade é uma temática contemporânea e emergente nos dias atuais. Ela nasce justamente na confluência entre a utilização e a manutenção dos recursos naturais. Hoje, no planeta, estão sendo retirados mais recursos naturais do que é reposto, e isto poderá trazer muitos problemas às gerações futuras. O homem desenvolveu a capacidade de produção e de controle dos seus elementos naturais em um período muito curto de tempo; a tecnologia está se desenvolvendo muito rápido, o que aumenta a qualidade de vida do ser humano, porém gera-se uma contaminação excessiva do ambiente natural, assim como lixos que demoram anos para se deteriorar no solo (DIAS, 2010). Neste cenário, os problemas ambientais têm pressionado as organizações a mudarem suas estratégias, adequando-se às necessidades de seus clientes e à qualidade de vida do planeta em que vivem. Neste ínterim, a problemática de pesquisa pauta-se no questionamento: as consumidoras de cosméticos são motivadas a comprar quando observam a presença de uma rotulagem ambiental. De forma a responder esta problemática, o objetivo do trabalho é verificar se a presença da rotulagem ambiental nas embalagens de cosméticos motiva o comportamento de compra de suas consumidoras na cidade de Porto Alegre (RS). Trata-se de uma pesquisa survey de atitude de abordagem quantitativa. Para tanto, elaboraram-se objetivos específicos, quais sejam: Analisar se existe entendimento por parte dos consumidores sobre o que é uma rotulagem ambiental; Verificar se as informações ambientais nas embalagens de cosméticos são relevantes para a intenção de compra e Verificar se as consumidoras de cosméticos se importam com a questão ambiental na hora da compra. A Rotulagem Ambiental é um assunto atual que cresce cada vez mais e está sendo abordado no mundo inteiro. Ela ajuda os consumidores a distinguir quais os produtos que cumprem à legislação acerca das condições ambientalmente saudáveis e,contribuem para a evolução da produção industrial (ROTULAGEM AMBIENTAL, 2002). A saúde do planeta está cada vez mais debilitada e um dos aspectos que somatiza esta debilidade, assenta-se na quantidade exagerada de embalagens descartadas no meio ambiente. Embalagens e produtos ecológicos Revista Gestão Premium/Cursos de Administração e Ciências Contábeis – FACOS/CNEC Osório Dez/2011 Página 65 permitem que o consumidor proteja o planeta de produtos que causam destruição, incorrendo numa postura sócio-ambiental eticamente correta. Nesse sentido, ao mencionar a responsabilidade não apenas consigo próprio e semelhantes, mas com o planeta, tem-se no Marketing verde, o qual se alia ao contexto organizacional, de forma a transformar a imagem de uma empresa dentro da sociedade ao longo dos anos, em vilãs do meio ambiente e causadora de problemas ambientais, agentes de transformações sociais, contribuindo para uma maior qualidade de vida de seus consumidores, incentivando um consumo responsável essencial para poder manter uma qualidade de vida no planeta (DIAS, 2007) A proposta deste trabalho está estrutura em: Introdução, apresenta a temática de pesquisa, problemática de trabalho e objetivo geral. No capítulo 2, tem-se o referencial teórico, com as bases teóricas acerca do marketing Verde, rotulagem ambiental, comportamento do consumidor verde e etapas da decisão de compra. No capítulo 3, a metodologia apresenta a classificação da pesquisa, os métodos de coleta e análise dos dados. No capítulo 4, apresentam-se os resultados do levantamento. Na seqüencia tem-se as considerações finais seguidas das referências bibliográficas. 1 Referencial teórico Esse capítulo apresenta a sustentação teórica para tratar a temática em questão. 1.1 Marketing verde O termo marketing verde pode ter diferentes denominações dependendo do autor, algumas delas são: Marketing ecológico, marketing ambiental, ecomarketing e marketing sustentável.Neste trabalho, será usado apenas o termo marketing verde para facilitar o entendimento do leitor (FISK 1974 et al apud Dias, 2007). Segundo Plonsky apud Gonçalves, Pachi e Forzela (2005, p. 227) Marketing verde consiste em “todas as atividades que tenham propósito de gerar e facilitar quaisquer Revista Gestão Premium/Cursos de Administração e Ciências Contábeis – FACOS/CNEC Osório Dez/2011 Página 66 mudanças que venham a satisfazer as necessidades e desejos humanos, contando que a satisfação destas necessidades e desejos ocorram com um impacto mínimo no meio ambiente”. A atuação do marketing como um todo é entendido pela sociedade como uma ferramenta que estimula o crescimento do consumo; em contrapartida, o marketing verde vem como um aliado na solução deste problema, quando usado de forma correta para encorajar o consumidor a ter atitudes saudáveis e responsáveis (GONCALVES, PACHI; FORZELA, 2005). O marketing verde pode beneficiar uma organização em vários aspectos, em primeiro porque esta idéia vem ao encontro dos valores de muitas pessoas; alguns clientes se sentem bem ao comprar produtos que não prejudicam ao meio ambiente; a empresa também economiza com a produção desses produtos, pois não terá que gastar dinheiro para tratar o lixo posteriormente. Outra motivação assenta-se no cumprimento das leis ambientais (CHURCHILL; PETER, 2000). Uma definição mais objetiva sobre o marketing verde dado por Peattie apud Dias (2010) afirma que o marketing verde possui caráter processual, baseia-se na gestão integral, a qual envolve a identificação, antecipação e satisfação dos desejos dos clientes e da sociedade de forma sustentável e rentável. Kotler apud DIAS (2007) colocara que o objetivo do sistema de marketing verde é a potencializarão da qualidade de vida e, esta por sua vez, incorpora não apenas a quantidade e a qualidade dos bens e serviços de consumo, mas também a qualidade no que se refere ao meio ambiente. Nesta perspectiva Donaire (2007) argumenta que os fatores ambientais têm ganhado grande importância na avaliação das estratégias de marketing de uma organização, devido às leis que estão ficando cada vez mais rigorosas e, a crescente conscientização ambiental da sociedade. Isso acaba por gerar novas oportunidades no mercado, como a entrada de novos produtos e serviços, devidamente avaliados para garantir a competitividade da empresa e preservar a sua imagem frente aos seus consumidores. Segundo Angeli (2002, p. 20) “O principio mercadológico para a eficiência requer fazer bem as coisas para o mercado. O principio ético demanda fazer coisas boas para a sociedade”, por esta razão as organizações devem mudar as suas estratégias e focar mais na qualidade de vida dos seus consumidores. Barbieri Revista Gestão Premium/Cursos de Administração e Ciências Contábeis – FACOS/CNEC Osório Dez/2011 Página 67 (2007) fala sobre a “produção mais limpa” (cleaner production) que se constitui uma estratégia ambiental preventiva, envolvendo o produto a ser oferecido, com o objetivo de minimizar os impactos negativos exercidos sobre o meio ambiente. Este modelo de produção vem sendo desenvolvido desde 1980 pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (ONUDI). A Associação Brasileira da indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Limpeza, elaborou um Guia Ambiental para orientar e mostrar as organizações que pertencem a este setor, sobre a importância de se adaptar a uma produção mais limpa. Este guia foi elaborado com o intuito de incentivar as empresas a saírem em busca de desenvolvimentos mais sustentáveis, aumentando assim a competitividade, a inovação e a responsabilidade ambiental no setor de cosméticos. (ABIHPEC, 2011). Ao se adotar uma filosofia de marketing verde, a empresa deve entender que não se trata apenas de um conjunto de técnicas para comercializar produtos que não prejudiquem o meio ambiente, esta filosofia é também uma forma de articular as relações entre os consumidores, a empresa e a sociedade. A preservação do meio ambiente deve estar impregnada em toda a organização. Não basta apenas anunciar os benefícios que o produto oferece ao meio ambiente, é importante prestar atenção no processo de fabricação do mesmo; se na fase inicial da produção houver algum item que contamine o solo e que não está sendo informado ao consumidor, pode acarretar perda de confiança por parte do cliente que pode vir a ser irreparável e toda e qualquer campanha ambiental feita em torno do produto estará fracassada (DIAS, 2010). Kotler e Keller (2006) afirmam que as organizações veem esse tipo de marketing como uma oportunidade para melhorar a sua reputação dentro da sociedade, aumentar o valor da marca, da fidelidade do seu cliente, e com isso levantar o seu faturamento e aparecer mais na mídia. Essas empresas acreditam que os consumidores tendem a procurar, cada vez mais, indícios de boa cidadania que mais do que apenas um produto sustentável, englobam benefícios racionais e emocionais. Revista Gestão Premium/Cursos de Administração e Ciências Contábeis – FACOS/CNEC Osório Dez/2011 Página 68 Problemas ambientais podem ser tratados sob um espectro estratégico na empresa e, com isso, a organização busca uma vantagem competitiva no mercado. Possuir práticas de prevenção da poluição podem minimizar e evitar prejuízos ao meio ambiente (BARBIERI, 2007). O marketing verde tem funções a serem seguidas, de caráter geral e específico, dentre eles está o aspecto Informativo, que fornece ao consumidor informações sobre temas ambientais, explicando sobre os processos produtivos. O aspecto Educativo as pessoas têm mais conhecimento sobre os problemas ambientais e suas carências, podendo utilizá-lo no cotidiano. Já no aspecto acerca do Estímulo, tem-se ações benéficas ao meio ambiente como separação de lixo reciclável e o descarte das embalagens corretamente; além disso o marketing verde pode modificar comportamentos no que diz respeito ao consumo da água e da energia assim como modificar os valores da sociedade reforçando a vontade de proteger o meio ambiente, assim como a fauna e flora. (DIAS, 2007). A área de marketing deve se preocupar também com a assistência técnica e orientações necessárias para esclarecer eventuais dúvidas dos clientes com relação ao produto oferecido, assegurando-se também de que os produtos sejam usados e descartados de forma correta. Com isso, o marketing da empresa terá a oportunidade de inserir a questão ambiental em sua estratégia e política de atuação (DONAIRE, 2007). Nesse sentido, Dias (2010) corrobora com Donaire (2007) complementando ainda acerca das certificações e rotulagens ambientais (Selos Verdes), os quais constituem estratégias visíveis de informações aos consumidores conferidas por organizações externas, as quais asseguram qualidade ambiental ao produto bem como aos processos a ele associados. Percebe-se a importância da rotulagem ambiental para o reconhecimento de um produto ecologicamente correto. No item seguinte, abordar-se-á o significado e objetivos da rotulagem ambiental, bem como a motivação que ela exerce na hora da compra de cosméticos. Revista Gestão Premium/Cursos de Administração e Ciências Contábeis – FACOS/CNEC Osório Dez/2011 Página 69 1.2 Rotulagem ambiental Segundo Kotler e Keller (2006 pg. 387) “o Rótulo pode ser uma simples etiqueta presa ao produto ou um processo gráfico elaborado que faça parte da embalagem. Pode trazer apenas o nome da marca ou conter muitas informações.” Os selos ou rótulos ambientais tem a finalidade de esclarecer ao consumidor as características do produto que são benéficas ao meio ambiente, como biodegradabilidade, retornabilidade, porcentagem da embalagem que é reciclada, entre outras (BARBIERI, 2007). A rotulagem ambiental possui diferentes nomenclaturas, isso devido aos inúmeros selos que são aplicados aos produtos para identificá-los como ambientalmente corretos; no entanto, há algumas diferenças entre os selos ambientais, conforme quadro 1, a seguir: Classificação Selo Verde Certificação Ambiental Rótulos de Fabricantes Rótulos de Terceira Parte Rótulos Mandatários Rótulos Voluntários: Dimensão nome que se dá a qualquer programa que verifica os cuidados com o meio ambiente ou a adoção de produções mais limpas refere-se a um processo pelo qual a empresa precisa passar, onde haverá mudanças de gestão e políticas com relação ao meio ambiente, o certificado é concedido a empresa após uma auditoria e tem um prazo de validade, para ser renovado é necessário uma nova auditoria. estes evidenciam se um produto é reciclável, retornável, biodegradável, dentre outros. Porém, quem fornece esses rótulos são os próprios fabricantes,sendo estes, éticos ou não em suas informações são programas de rotulagem implementados nas embalagens por instituições independentes do fabricante são rótulos obrigatórios e podem ser de caráter informativo, de alerta ou avisos de risco. Um exemplo deste rótulo, é a figura da caveira nos defensivos agrícolas. são involuntários e independentes, aplicados por terceiros a quem se disponha integrar determinado sistema Quadro 1: Selos Ambientais Fonte: Adaptado de GODOY e BIAZIN (2000) apud CAMPANHOL; ANDRADE; ALVES, (2003). Revista Gestão Premium/Cursos de Administração e Ciências Contábeis – FACOS/CNEC Osório Dez/2011 Página 70 Um produto ecologicamente correto é aquele que tem a mesma finalidade de produtos equivalentes, porém, causa um dano ao meio ambiente inferior aos seus concorrentes, isto durante todo o seu ciclo de vida, incluindo suas embalagens (DIAS, 2007). Para receber o rótulo ecológico ou “verde” o produto deve passar por testes e ser classificado em certos padrões exigidos pela ISO 14000, eles identificam produtos ambientalmente seguros e não prejudiciais ao meio ambiente (CHURCHILL; PETER, 2000). As certificações de rotulagem ambientais estão trabalhando cada vez mais para conseguirem passar a garantia de que os atributos ecológicos declarados nos produtos são reais, o que é um benefício ao consumidor, que não ficará mais em dúvida se está adquirindo um produto saudável para o meio ambiente (DIAS, 2007). Segundo o escopo da ISO, foram criados três tipos de Rotulagens ambientais com o intuito de normalizar a relação entre produtos e consumidores, que são eles: Rotulagem Tipo I - Programas de Selos Verdes (NBR ISO 14024); Rotulagem Tipo II – Auto Declarações ambientais (NBR ISO 14021) e Rotulagem Tipo III – Inclui avaliações de ciclo de vida (NBR ISO 14025). CALONARDE (2000) apud MOTTA; RIZZO; OLIVEIRA (2006) sustenta que para se pensar verdadeiramente em um produto ambientalmente correto, não se pode deixar de levar em consideração a avaliação do ciclo de vida, que diz respeito a todo o processo produtivo, assim como matérias-primas que compõe a fabricação, sua utilização, descarte ou possível reutilização. Para Barbieri (2007) os rótulos ambientais podem ser identificados apenas por símbolos aplicados ao produto ou nas suas embalagens, com a finalidade de informar que aquele produto possui qualidades ecológicas. O mesmo autor fala que quanto mais organizações diferenciarem seus produtos com relação aos seus impactos ao meio ambiente, mais possibilidades essas declarações ambientais tem de se tornarem estratégia de marketing da empresa. Dias (2010) também adere à ideia de que a certificação ambiental nas embalagens pode ser adotada como uma estratégia de marketing, o que abre novas oportunidades de mercado para as empresas se diferenciarem dos concorrentes Revista Gestão Premium/Cursos de Administração e Ciências Contábeis – FACOS/CNEC Osório Dez/2011 Página 71 mais convencionais e posicionarem-se como marcas ambientalmente corretas e socialmente responsáveis. A ideia de que a organização tem uma visão sustentável faz com que os consumidores se sintam bem ao comprar tal produto e apoiar tal empresa (NICKELS; WOOD, 1999). Para Kotler e Keller (2006) a embalagem é muito importante na decisão de compra de um determinado produto, e é considerada por muitos profissionais como o quinto P (do inglês packaging), juntamente com o produto, preço, praça e promoção, todos os detalhes devem ser escolhidos com muito cuidado, pois qualquer mudança pode impactar diretamente nas vendas. Por esta razão, as informações contidas nos rótulos também são de grande importância para esclarecer ao consumidor sobre as características e os benefícios do produto. Os consumidores verdes esperam que as embalagens além de atenderem aos seus objetivos primordiais, que seria a proteção do produto, conservação e armazenamento do produto, atendam também aos critérios ambientais, com informações nos rótulos que esclareçam ao consumidor e que indiquem a qualidade ambiental do produto e da embalagem (DIAS, 2007). Nesse sentido, Andrade (2002) pontua alguns dos principais objetivos da rotulagem ambiental, os quais dizem respeito a um maior interesse e conscientização ambiental pelos consumidores; a disponibilização de informações claras e corretas aos consumidores de forma a oportunizar uma escolha consciente; a melhora da imagem e das vendas com rotulagem ambiental e estímulo às organizações que investem em pesquisas e desenvolvimento de produtos sustentáveis, reduzindo e minimizando os impactos ambientais. A ABNT (2010) também indica os benefícios da rotulagem ambiental em uma organização, os quais se assentam na consciência dos consumidores que procuram adquirir produtos de forma ecologicamente correta, além de garantir a eles que a empresa está preocupada com gerações futuras e a preservação do meio ambiente. Com a reciclagem, a organização pode reduzir seus custos, diferencia-se no mercado proporcionando maior visibilidade de sua marca e otimiza as chances de exportação. Revista Gestão Premium/Cursos de Administração e Ciências Contábeis – FACOS/CNEC Osório Dez/2011 Página 72 O consumo sustentável gera inúmeras discussões, pois envolve todos os materiais gastos, indo desde a produção de produtos e serviços básicos, até a chegada ao seu consumidor final e de que maneira este último irá utilizá-lo. Todos estes pontos têm sido estudados incansavelmente devido ao crescimento exagerado do consumo e a diminuição dos recursos naturais para tais necessidades, tudo isso leva a uma necessidade clara de mudança de estilo de vida, estilos que valorizem a qualidade de vida e o atendimento das necessidades básicas, mais do que a produção materialista e infindável. (BORN, 2002). Trigueiro (2005) apresenta uma colocação do Presidente do Instituto Akatu5, acerca do consumo consciente, comentando sobre os 4 R’s da reciclagem, sendo que o primeiro deles é o repensar sobre o ato de consumo, o que induz naturalmente ao segundo que é o reduzir , o terceiro é o reutilizar e por último o reciclar. Muitos autores se referem a este mesmo tema abordando apenas 3 R’s, porém atualizações mais recentes deste conceito já falam em 4 e até 5 R’s. O Instituto Sócio Ambiental (ISA)6 já acredita que todos devem seguir os 5 R’s, os quais dizem respeito a: Repensar hábitos e atitudes; Reduzir a geração e o descarte; Reutilizar para aumentar a vida útil dos produtos; Reciclar para transformar em um novo produto e Recusar produtos que agridam a saúde e o ambiente. Como se pode analisar, não basta os consumidores se conscientizarem e praticarem os 4 R’s, o quinto R é tão importante quanto os outros, pois recusando um produto que agride ao meio ambiente, o consumidor está pressionando as organizações a repensarem as suas atitudes e reformularem as suas estratégias para começar uma produção mais sustentável. Esta negativa na aquisição é pautada em certas preferências e motivações que o consumidor aquilata no momento de sua compra, uma vez que se tem um novo perfil de consumidor, que precisa ser estudado mais profundamente, um consumidor 5 É uma organização não governamental, sem fins lucrativos que trabalha pela conscientização e mobilização da sociedade para o consumo consciente. Defende o ato do consumo consciente como um instrumento fundamental do mundo. Mais informações no site http://www.akatu.org.br/. 6 É uma associação sem fins lucrativos, qualificada como organização da sociedade civil de interesse publico (oscip) fundada em 22 de abril de 1994. Para saber mais acesse www.socioambiental.org. Revista Gestão Premium/Cursos de Administração e Ciências Contábeis – FACOS/CNEC Osório Dez/2011 Página 73 com novos valores (sustentáveis) e novos comportamentos (conscientes) frente ao meio ambiente. 1.3 Comportamento do consumidor verde O comportamento do cliente é conceituado por Sheth, Mittal e Newman (2001) como um conjunto de atividades físicas e mentais realizadas pelos consumidores que possui a finalidade de decidir se irão comprar ou não determinado produto. Empresas em todo o mundo identificam no conhecimento profundo do comportamento do consumidor uma chave importante para o sucesso. Segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005) o comportamento do consumidor é estruturado a partir das razões que o levam a consumir os produtos e serviços, a forma como as pessoas consomem estes produtos e também à forma como descartam estes. Nesse sentido, tem-se o consumidor verde que pode ser definido como aquele que busca um produto que exerce o mínimo impacto possível ao meio ambiente, é um consumidor novo e que tende a ser muito lucrativo para as empresas que se adaptarem a esta realidade (OTTMAN, 1994). Determinados clientes acreditam que a qualidade de vida não se relaciona apenas com a qualidade dos produtos e serviços disponíveis no mercado e sim com a qualidade do meio ambiente em que se vivem, estes clientes gostariam que as empresas pensassem mais ecologicamente, pois se sentiriam melhores ao adquirir produtos que não prejudiquem o meio ambiente (ANDRADE, 2003 apud BRANDALISE; LEZANA; ROJO, 2009). O Comportamento do consumidor verde começou a ser analisado como estratégia para melhorar o meio ambiente, sendo considerado verde aquele que além da variável preço e qualidade, leva em consideração a questão ambiental, preferindo produtos que não agridam o meio ambiente, buscando intimamente “comprar um futuro melhor”. O meio ambiente deixou de ser visto apenas como uma questão de como se usam os recursos e passou-se a analisar o quanto se usam desses recursos, ampliando o espectro de análise ao incluir a variável justiça (PORTILHO, 2004). Revista Gestão Premium/Cursos de Administração e Ciências Contábeis – FACOS/CNEC Osório Dez/2011 Página 74 Cada vez mais os consumidores estão se conscientizando e ficando mais exigentes com relação à qualidade dos produtos, devido às novas tecnologias, os clientes não estão mais aceitando essa postura predatória das organizações quando se diz respeito ao meio ambiente, cresce no consumidor o sentimento de proteção e preservação do planeta (ANGELI, 2002). Para Dias (2007, p. 32) “Este novo consumidor ecológico manifesta suas preocupações ambientais no seu comportamento de compra, buscando produtos que considera que causam menos impacto negativo ao meio ambiente”. Consumidores verdes se preocupam com a quantidade de papéis gastos pelas empresas com propagandas ou postagem de catálogos, os profissionais de marketing devem estudar estes casos e procurar maneiras de minimizar esses excessos, sem com isso sacrificar suas vendas (CHURCHILL; PETER, 2000). O consumidor está adotando uma postura mais responsável, deixando de adquirir produtos em grande quantidade para consumir apenas o necessário, a era da descartabilidade e do consumismo está ficando para trás, os consumidores estão reaproveitando o necessário e reciclando o que é possível. As empresas precisam se adequar e seguir a mesma tendência (ANGELI, 2002). Conforme o mesmo autor, o consumidor verde vem assumindo um papel importante no cenário empresarial, ele vem crescendo em quantidade e exigindo qualidade das organizações, estão dispostos a pagar mais caro por produtos feitos sem agredir ao meio ambiente e que reciclam materiais na sua produção, dão valores a empresas que respeitam a qualidade de vida do consumidor e que acreditam no ser humano (ANGELI, 2002). Segundo uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) no ano de 1998 com 2000 pessoas, ela trazia a seguinte pergunta: Você estaria disposto a pagar mais por um produto que não poluísse o meio ambiente? 68% dos consumidores responderam que estavam dispostos a pagar mais caro, 24% disseram que não desembolsariam mais para proteger o meio ambiente e 8% não opinaram. (CNI 1998 apud CAMPANHOL; ANDRADE; ALVES, 2003). Queiros, Domingos e Abreu (2003, p. 21 apud SILVA, 2008) complementam: “os consumidores estariam dispostos a pagar mais por um produto considerado Revista Gestão Premium/Cursos de Administração e Ciências Contábeis – FACOS/CNEC Osório Dez/2011 Página 75 ecológico, preterindo outros mais baratos, mas poluidores”. Já os autores Motta e Rossi (2003 apud MOTTA, 2007), alegam que os brasileiros não sentem a necessidade de preservar o meio ambiente na hora da decisão de compra, e quando porventura sentem esta necessidade, ela perde o grau de importância comparado ao benefício que o produto pode proporcionar. Mendes (2007) já encontra um outro dado em sua pesquisa, onde aponta que os jovens não estão dispostos a pagar mais por produtos ecológicos, onde 81% dos pesquisados dizem que apenas de vez enquanto ou dependo da ocasião pagariam um valor superior por um produto sustentável. É importante estudar o comportamento do consumidor para poder compreender melhor os clientes e o processo de consumo em si, isso ajuda os gerentes a tomarem decisões corretas, a entender melhor o seu mercado alvo, fornecimento de uma base de conhecimento sobre seus consumidores e a compreender fatores da ciência social que influenciam o comportamento humano (MOWEN; MINOR, 2003). Os autores Blackwell, Miniard e Engel (2005) salientam que o consumidor é influenciado por diversos fatores determinantes na hora da sua escolha por um produto, que são os fatores culturais, sociais, pessoais e psicológicos. Para Kotler e Keller (2006) os fatores culturais são bastante importantes no comportamento de compra, pois diz respeito a valores adquiridos dentro da família durante toda a infância e adolescência, assim como a cultura das escolas e outras instituições que formam um indivíduo. As classes sociais também dizem muito sobre as atitudes de um consumidor, os que constituem as classes mais altas possuem preferências e motivações por produtos e marcas diferentes dos consumidores que pertencem às classes sociais mais baixas. Durante a avaliação de alternativas de compra, os consumidores colocam mais valor em determinados produtos ao invés de outros, isto se deve a cultura a qual ele pertence e ao conhecimento adquirido ao longo dos anos, as variáveis culturais afetam todo o processo de aquisição de um produto (BLACKWELL; ENGEL; MINIARD; 2000). Revista Gestão Premium/Cursos de Administração e Ciências Contábeis – FACOS/CNEC Osório Dez/2011 Página 76 Os fatores sociais são influenciados por grupos de referências, que de alguma maneira exercem algum tipo de influencia sobre o indivíduo, existem os diretos que podem ser chamados de grupo de afinidade (família, amigos, colegas, vizinhos) e os indiretos que diz respeito ao comportamento de uma pessoa (KOTLER; KELLER, 2006). “Um grupo de referência é qualquer pessoa ou grupo de pessoas que influência, significativamente, o comportamento de um indivíduo” (BLACKWELL; ENGEL; MINIARD, 2000. p. 461). Os fatores pessoais dizem respeito a raça, genética, idade e personalidade de um indivíduo, cada consumidor é diferente um do outro e grande parte dessa individualidade encontra resposta na genética, mais especificamente no DNA de cada um (SHETH; MITTAL; NEWMAN, 2001). Por último, têm-se os fatores psicológicos que falam dos estímulos que influenciam a decisão final de compra sendo eles: a motivação, pois cada ser humano possui várias necessidades a serem supridas o tempo inteiro; a percepção que é a a maneira que o individuo capta as informações ao seu redor e as organiza para poder construir uma imagem significativa dos acontecimentos; a aprendizagem que consiste nas mudanças de comportamento dos indivíduos devido às experiências adquiridas e a memória que são todas as experiências e informações acumuladas pelas pessoas ao longo de suas vidas, que podem ser classificadas como memória de curto prazo e memória de longo prazo. (KOTLER; KELLER, 2006). Percebe-se que os fatores sinalizados pelos autores acima constituem aspectos fundamentais às organizações que podem transformá-los em oportunidades de negócios desde que os vislumbrem de forma estratégica, respeitando as etapas do processo de decisão de compra. 1.3.1 Etapas da decisão de compra Qualquer decisão que um consumidor tenha para adquirir um produto ou serviço terá passos a serem seguidos; em algumas compras esses procedimentos serão mais bem estudados e analisados e em outras não fará tanta diferença, tudo vai depender do grau de envolvimento do consumidor no processo de escolha (SHETH; MITTAL; Revista Gestão Premium/Cursos de Administração e Ciências Contábeis – FACOS/CNEC Osório Dez/2011 Página 77 NEWMAN, 2001). A etapa de decisão de compra de um consumidor é analisada através de cinco estágios, que são os seguintes: Reconhecimento da necessidade, Busca das informações, Avaliação das alternativas, Decisão de compra e Póscompra. (BLACKWELL; ENGEL; MINIARD; 2000). O reconhecimento de uma necessidade não satisfeita gera um processo de busca e satisfação que acarreta na utilização de um bem ou serviço, com o intuito de atingir o estado de equilíbrio (SAMARA; MORSH, 2006). Segundo Blackwell, Miniard e Angel (2005) uma maneira de ativar a necessidade de um consumidor é oferecer algo novo e inusitado, e mostrar o quanto o consumidor de sentirá bem e mais feliz com a aquisição deste produto. Para Kotler e Keller (2006) os profissionais de marketing precisam estudar os seus consumidores para poder conseguir identificar quais são as circunstâncias que despertam/desencadeiam o reconhecimento de uma necessidade. Quanto à Busca de informação, segundo passo proposto na decisão de compra, diz respeito a busca de informações referente ao produto necessário para cobrir a necessidade, se a situação for de baixo envolvimento, a busca pode ser muito rápida ou apenas não existir, em situações de alto envolvimento a busca é bastante intensa, pois lida com produtos mais caros e de vida longa (SAMARA; MORSH, 2006). Nesse sentido, Kotler e Keller (2006) indicam que o consumidor obtém a maior parte das informações referentes ao produto que irá adquirir através dos meios comercias. Na sequência, tem-se o terceiro passo que se refere à Avaliação das alternativas que foram encontradas na fase anterior, por esta razão é importante os profissionais de marketing ficarem atentos aos critérios que estão sendo usados pelos consumidores para esta avaliação (SAMARA; MORSH, 2006). Na quarta etapa, tem-se a Decisão de Compra. Aqui o consumidor irá tomar a decisão de qual produto e em qual loja comprar. Durante a fase de avaliação ele escolhe algumas marcas preferidas com a intenção de comprar e alguns fatores podem influenciar na escolha final, tais como a distância da loja, o vendedor e a forma de pagamento (KOTLER; KELLER, 2006). Por último, tem-se o Comportamento pós-compra. Após a compra efetuada o consumidor tende a ficar atento aos comentários e as opiniões para ter a certeza de que fez a compra certa, Revista Gestão Premium/Cursos de Administração e Ciências Contábeis – FACOS/CNEC Osório Dez/2011 Página 78 desta maneira os profissionais de marketing devem trabalhar avaliações que façam o cliente se sentir bem frente a escolha que fez (KOTLER; KELLER, 2006). Ao se mencionar as aspirações e motivações que consubstanciam uma compra, não se pode deixar de mencionar que estas aspirações também podem dizer respeito à sustentabilidade e consciência ao meio ambiente. 2 Metodologia Frente ao objetivo de verificar se a presença da rotulagem ambiental nas embalagens de cosméticos motiva o comportamento de compra de consumidoras na cidade de Porto Alegre (RS), foi realizada neste trabalho uma pesquisa descritiva, denominada Survey de atitude. Este tipo de pesquisa, o qual é considerado um levantamento, proporciona a coleta de informações a um determinado grupo, com um número significativo de pessoas, e mediante análise quantitativa dos dados coletados, obtem-se as conclusões do problema estudado (GIL, 2002). Nesse sentido, Collis e Hussey (2005) também indicam a survey de atitude caso a pesquisa pretenda investigar atitudes de clientes com relação a produtos e serviços. A abordagem proposta nesta pesquisa é a quantitativa, uma vez que reúne, registra e analisa os dados, a partir de valores numéricos que se referem às atitudes e aos comportamentos da população-alvo (MALHOTRA, 2001). Tomou-se como população-alvo mulheres consumidoras de cosméticos da cidade de Porto Alegre (RS). Para tanto, realizou-se uma amostragem não-probabilística por conveniência, a qual é regida pela possibilidade de acesso do pesquisador a alguns elementos da população-alvo (MALHOTRA, 2001). Adotou-se a técnica do questionário para a coleta dos dados, os mesmos foram entregues pessoalmente. É importante destacar que a elaboração do mesmo foi feita pela pesquisadora, firmado em teoria, contendo 11 questões, apresentando a opção de escala likert de 5 pontos (1:discordo totalmente; 2: Discordo; 3: Sem opinião formada; 4:Concordo e 5: Concordo Totalmente. O instrumento utilizado foi submetido à apreciação de profissional especialista da área, o qual o validou. Somado a isto, submeteu-se o questionário a um pré-teste, com cinco consumidoras Revista Gestão Premium/Cursos de Administração e Ciências Contábeis – FACOS/CNEC Osório Dez/2011 Página 79 tentando identificar se o questionário estava claro. Foi possível verificar que as consumidoras não expressaram dúvidas, alegando que conseguiam entender claramente todas as questões; em seguida os questionários foram aplicados com a amostra selecionada para esta pesquisa. A pesquisa foi levada a efeito no mês de maio de 2011, em uma loja do comércio varejista de cosméticos. A aplicação da pesquisa resultou em 100 questionários validados. Para a análise dos dados foi realizada a análise descritiva, que diz respeito a utilização de instrumentos estatísticos para relatar o comportamento de uma variável em uma população ou subpopulação (CONTANDRIOPOULOS et al. apud BEUREN, 2006). Segundo Beuren (2006) pode ser empregada em trabalhos que tem por objetivo identificar a relação entre determinadas variáveis. Fez-se utilização do software Excel para tabulação das respostas a partir das frequências. 3 Análise dos resultados Neste capítulo apresenta-se a análise dos dados referente aos questionários aplicados com as 100 consumidoras de cosméticos na cidade de Porto Alegre (RS). No que se refere ao perfil das mulheres, tem-se que 30 mulheres tinham idade de 18 até 30 anos; 24 mulheres tinham entre 30 e 45 anos; 25 mulheres tinham entre 45 e 60 anos e 21 mulheres possuíam idade maior de 60 anos. De forma a tornar claro a análise deste estudo, elaborou-se um quadro com os objetivos específicos e os autores que ambasaram o estudo como segue a seguir: Objetivos Específicos Analisar se existe entendimento por parte dos consumidores sobre o que é uma rotulagem ambiental. Verificar se as informações ambientais nas embalagens de cosméticos são relevantes para a intenção de compra Principais Autores DIAS (2007) ANGELI (2002) OTTMAN (1994) DIAS (2007) BARBIERI (2007) ANGELI (2002) Verificar se as consumidoras de cosméticos se importam com a questão ambiental na hora da compra. DIAS (2007) ANGELI (2002) Quadro 2: Quadro resumo para elaboração do questionário Fonte: Elaborado pelos autores. Revista Gestão Premium/Cursos de Administração e Ciências Contábeis – FACOS/CNEC Osório Dez/2011 Página 80 No que se refere ao entendimento das consumidoras de cosméticos acerca da rotulagem ambiental, quando indagadas se “a rotulagem ambiental (Rótulos ecológicos) são figuras e/ou informações anexadas ao produto que informam ao consumidor sobre as características benéficas do produto ao meio ambiente .”, obteve-se que 71%7 das mulheres entrevistadas sabem o que é uma rotulagem ambiental ou concordam que ela exista para esclarecer aos consumidores sobre as características do produto com relação ao meio ambiente. Já 24% das respondentes não sabem ou não tem opinião formada, e 5% discordam ou discordam totalmente da afirmativa. Isto vai ao encontro do que Dias (2007) profere ao indicar que cresce o número de consumidoras que esperam que as embalagens atendam também aos critérios ambientais, passando informações nos rótulos, os quais esclareçam ao consumidor a qualidade ambiental do produto e da embalagem. Observe gráfico 1 a seguir: Gráfico 1: O que é rotulagem ambiental? Fonte: Dados da pesquisa (2011). Quanto à relevância das informações ambientais nas embalagens de cosméticos, questionou-se se “As informações nos rótulos dos cosméticos sobre os aspectos do produto que beneficiam ao meio ambiente, são relevantes para a minha intenção de compra”; verificou-se conforme o gráfico 2 que 43% das consumidoras concordam ou concordam totalmente com a afirmativa; 25% discordam ou discordam totalmente da questão. Observa-se que um número significativo de respondentes estão sem opinião formada sobre a pergunta, o que demostra uma certa indecisão sobre as 7 Vale ressaltar que as escalas: concordo e concordo totalmente foram somadas; assim procedeu-se ao discordo e discordo totalmente. Revista Gestão Premium/Cursos de Administração e Ciências Contábeis – FACOS/CNEC Osório Dez/2011 Página 81 informações ambientais nos rótulos serem ou não importantes para elas na hora da compra de um cosmético. Dias (2007) levanta a importância de se informar ao consumidor os atributos positivos dos produtos ao meio ambiente. Este consumidor está crescendo e precisa possuir informações claras, para conseguir fazer uma compra fundamentada e sem dúvidas referentes à veracidade das informações . Gráfico 2: As informações,nos rótulos, são relevantes para a minha intenção de compra? Fonte: Dados da pesquisa (2011). Neste sentido, Barbieri (2007) já pontuara que os selos ou rótulos ambientais tem o objetivo de esclarecer aos consumidores características do produto no que tange à retornabilidade, embalagem reciclável e biodegrabilidade. Na consecução deste trabalho, ao investigar-se sobre a relevância da questão ambiental no momento de compra das consumidoras, obteve-se que 68% das entrevistadas se preocupam com o ciclo de vida de um produto e deixariam de adquirir um cosmético se soubessem que ele está impactando negativamente no meio ambiente. 11% não possuem opinião formada e 21% discordam ou discordam totalmente da afirmativa. Segundo Chehebe (1998 apud BRANDALISE; LEZANA; ROJO, 2009) a avaliação do ciclo de vida de um produto começa desde a fabricação até o descarte pelo consumidor final, todos os impactos ambientais são levados em consideração. Observe gráfico 3 a seguir: Revista Gestão Premium/Cursos de Administração e Ciências Contábeis – FACOS/CNEC Osório Dez/2011 Página 82 Gráfico 3: Deixaria de adquirir um cosmético se soubesse que durante seu ciclo de vida causou algum dano ao meio ambiente? Fonte: Dados da pesquisa (2011). Percebe-se que as consumidoras tomam o ciclo de vida do produto como variável que permeia sua decisão de compra. Isto encontra ressonância nas palavras de Calonarde (2000 apud MOTTA; RIZZO; OLIVEIRA, 2006) o qual sustenta que para se pensar verdadeiramente em um produto ambientalmente correto, não se pode deixar de levar em consideração a avaliação do ciclo de vida. Por meio da análise dos dados, percebeu-se que a rotulagem ambiental é uma variável que contribui nas escolhas de compra das consumidoras de cosméticos na cidade de Porto Alegre (RS). Considerações finais Verificar se a presença da rotulagem ambiental nas embalagens de cosméticos motiva o comportamento de compra das consumidoras na cidade de Porto Alegre (RS) foi o objetivo que norteou este trabalho, e, as evidências indicam que há uma tendência positiva no sentido de ser relevante a rotulagem ambiental nas escolhas de compra das mulheres. Nota-se, também, que as pessoas estão se conscientizando mais em relação ao impacto negativo que o produto pode causar ao meio ambiente, deixando de adquirir produtos que de alguma maneira prejudiquem o ambiente natural. Revista Gestão Premium/Cursos de Administração e Ciências Contábeis – FACOS/CNEC Osório Dez/2011 Página 83 No problema proposto sobre se as consumidoras de cosméticos são motivadas a comprar quando observam a presença de uma rotulagem ambiental. Percebeu-se que a presença da rotulagem ambiental motiva positivamente o comportamento de compra das consumidoras de cosméticos pesquisadas, onde 71% demonstra saber o que é uma rotulagem ambiental, pois responderam que concordam parcial ou totalmente quando perguntadas se uma rotulagem ambiental diz respeito a figuras ou informações anexadas ao produto que informam ao consumidor sobre as características benéficas do produto ao meio ambiente. Foi possível analisar que 43% das mulheres pesquisadas alegaram que as informações nos rótulos são relevantes para a decisão final de compra, assim como a importância da empresa possuir certificações ambientais. Viu-se também que um percentual elevado de consumidoras, ou seja, 68% deixaria de adquirir um cosmético se soubesse que este prejudicaria o meio ambiente, informação esta que pode ser muito útil às organizações que desejam captar clientes indecisos, pode ser um fator decisivo para o consumidor que está na dúvida entre dois produtos. O produto ecológico é um tema novo, está ganhando mercado devido ao aumento da preocupação com a saúde do meio ambiente, e por esta razão sugerem-se estudos nesta área que investiguem a opinião das consumidoras jovens e seja replicada a um número maior de respondentes. Referências ABIHPEC, Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos. Disponível em: http://www.abihpec.org.br. Acesso em: 02/04/2011. ABNT, Procedimento geral da marca ABNT – Qualidade Ambiental. Disponível em: http://www.abntonline.com.br/rotulo/Criterios.aspx. Acesso em: 07/10/2010. ANDRADE, R. O. B. et al. Gestão Ambiental: Enfoque estratégico aplicado ao desenvolvimento sustentável. 2ª Ed. São Paulo: Makron Books, 2002. ANGELI, F. Uma rete ética perl’ economia planetária? 1º fórum mondiale. Ed Copyrigh. Itali, 2002. Revista Gestão Premium/Cursos de Administração e Ciências Contábeis – FACOS/CNEC Osório Dez/2011 Página 84 BARBIERI, J. C. 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