Clima econômico mundial melhora, mas continua piorando

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Fevereiro 2015
Versão em português
Indicador IFO/FGV de
Clima Econômico da América Latina
OUTUBRO/2014
JANEIRO/2015
80
75
Clima econômico mundial melhora, mas continua piorando na
América Latina. Momento ainda é de cautela
O indicador Ifo/FGV de Clima Econômico da América Latina (ICE) - elaborado em
parceria entre o Instituto alemão Ifo e a FGV tendo como fonte de dados a Ifo
World Economic Survey (WES) – apresentou queda de 6,3%, ao passar de 80, em
outubro de 2014, para 75 pontos, em janeiro de 2015. O recuo decorre de piora
tanto das avaliações em relação ao estado atual dos negócios quanto das
expectativas em relação aos meses seguintes: o Indicador da Situação Atual
(ISA) caiu 9,4%; e o Indicador de Expectativas (IE) recuou 4,2%. Todos os
indicadores se encontram na zona desfavorável do ciclo e a piora generalizada
sinaliza avanço na deterioração do clima econômico.
Gráfico 1: Indicador de Clima Econômico do mundo e da América
Latina (em pontos)
Situação Atual
140
130
64
58
120
106
110
100
90
Expectativas
80
70
75
60
50
Indicador de Clima Econômico América Latina
jan/15
jan/14
jan/13
jan/12
jan/11
jan/10
jan/09
jan/08
jan/07
jan/06
jan/05
jan/04
jan/03
jan/02
jan/01
40
jan/00
92
jan/99
96
Indicador de Clima Econômico Mundo
No plano mundial, o clima econômico registrou suave melhora, ao passar de 105
pontos, em outubro de 2014, para 106 pontos, em janeiro de 2015. O Indicador da Situação Atual manteve-se
estável, em 98 pontos, mas o de Expectativas avançou 2%. A relativa estabilidade do resultado mundial reflete
duas tendências opostas. Nos Estados Unidos, após interrupção da trajetória de alta em outubro de 2014, o ICE
voltou a crescer (8,3%). Na União Europeia, o anúncio pelo Banco Central Europeu de uma política monetária
expansionista (quantitative easing, QE) fez com que todos os indicadores melhorassem, levando o ICE a avançar de
104 pontos para 113 pontos. Em contrapartida, a China, segunda maior economia mundial, registrou queda no ICE
puxada pela piora nas expectativas. No Japão e na Índia, o clima econômico apresentou melhora. No entanto,
dado o peso da China no continente asiático, o clima econômico não mudou na região entre as sondagens de
outubro de 2014 e janeiro de 2015. Entre os BRICS, a Rússia lidera o ranking do pior ICE (Gráfico 2).
Sondagem Econômica da América Latina Ifo/FGV
Fevereiro de 2015
Na sondagem anterior, a piora do clima econômico mundial puxado pelas expectativas sugeria piora do cenário
mundial. Por este motivo, os resultados desta edição devem ser tomados com cautela. Uma recuperação mais
consistente da economia mundial dependerá do resultado do QE na Europa e da evolução da economia chinesa.
Os Estados Unidos, em situação mais confortável, são uma exceção neste cenário de incertezas.
Gráfico 2: Indicador de Clima Econômico de países/regiões selecionadas
(em pontos)
160
140
120
100
131
132
119
121
113
104
129 133
128
118
145 151
147
142
125
112
102
100
89
85
80
89 85
78 81
85
82
70 73
58
60
55
45
57 57
40
20
0
União
Européia
Estados
Unidos
Japão
Alemanha
França
jul/14
Reino
Unido
out/14
China
Índia
Rússia
África do
Sul
Brasil
jan/15
No grupo de países latinos pesquisados pela Sondagem da América Latina, o clima econômico apresentou melhora
na Argentina, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai. No entanto, apenas Paraguai e Peru registraram indicadores na zona
favorável. A melhora do ICE no Peru em 13% indica que a queda nos preços dos metais, associado à menor
demanda da China, ainda não é vista como um fator que possa levar o país a uma situação recessiva. No Paraguai e
no Uruguai a melhora do indicador reflete o apoio às políticas adotadas pelos atuais governos. Na Argentina,
apesar da melhora, o país continua na zona desfavorável e motivo para a melhora não é muito claro, podendo
estar relacionado à diminuição da tensão com os fundos abutres ou ao empréstimo concedido pela China para a
construção de projetos de infraestrutura no país. No Chile não houve mudança econômica relevante, mas foi
afastado o temor que o atual governo implementasse grandes mudanças no sistema educacional e em outras
áreas da política social, dada as restrições orçamentárias.
Bolívia, Colômbia, Equador e México registraram queda no ICE. Nos três primeiros casos, a piora deve estar
associada principalmente à queda nos preços do petróleo. No México, após a eleição do Presidente Peña Nieto, o
clima econômico manteve-se, de forma geral, favorável durante 2013 e parte de 2014. A promessa de reformas
para modernizar a economia, entre elas na empresa estatal petrolífera, foi bem recebida pelos especialistas
consultados pela sondagem. No entanto, o caso do desaparecimento dos estudantes na cidade de Iguala e a
demora de reação do governo federal têm sido interpretadas como um dos fatores que minaram, em parte, a
confiança no atual Presidente.
No Brasil, o ICE continua no patamar desfavorável, já que tanto o ISA e o IE mantiveram-se iguais em relação a
outubro de 2014 – 30 e 84 pontos, respectivamente.. Pela Sondagem Econômica da América Latina Ifo/FGV, os
especialistas parecem estar esperando que as medidas prometidas de ajuste macroeconômico entrem em
operação. Além disso, perspectivas de alta de inflação, baixo crescimento e problemas no abastecimento de água
e energia não ajudam na melhora das expectativas.
2
Sondagem Econômica da América Latina Ifo/FGV
Fevereiro de 2015
O Brasil ficou em 10º lugar no ranking do ICE médio dos últimos quatro trimestres, liderado pelo Peru. Chama
atenção a queda da Colômbia que esteve na primeira posição desde julho de 2014. A queda no preço do petróleo
contribui para o aumento do déficit fiscal e da conta corrente do balanço de pagamentos.
Gráfico 3: Indicador do Clima Econômico para países da América Latina
140
131
124
113
110
120
89
63
57
84
90
85
73
75
80
60
105
102 97
100
131
125 127
117
80
112
116
104 95 100
84
55 57 57
47
40
20 20 20
20
0
Argentina
Bolívia
Brasil
Chile
Colômbia Equador
jul/14
out/14
México
Paraguai
Peru
Uruguai Venezuela
jan/15
RANKING DOS PAÍSES
Posição Anterior
Posição Atual
País
4
2
3
1
5
6
8
7
10
9
11
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
Peru
Bolívia
Paraguai
Colômbia
Uruguai
México
Chile
Equador
Argentina
Brasil
Venezuela
ICE Médio dos últimos 4 trimestres
Out/14
124
125
125
131
102
100
91
91
64
68
20
Jan/15
123
122
122
119
102
95
86
84
61
60
20
3
Sondagem Econômica da América Latina Ifo/FGV
Fevereiro de 2015
ANEXO
ÍNDICE DA SITUAÇÃO ATUAL (EM PONTOS)
ISA
jul/12 out/12 jan/13 abr/13 jul/13 out/13 jan/14 abr/14
América Latina
Argentina
Bolívia
Brasil
Chile
Colômbia
Equador
México
Paraguai
Peru
Uruguai
Venezuela
98
60
100
90
130
106
140
104
84
140
148
52
102
72
140
98
154
122
120
100
60
136
120
52
98
78
116
92
172
118
100
100
122
154
144
20
102
60
114
94
164
112
140
114
158
152
110
20
90
88
114
66
140
106
120
100
154
140
130
20
80
74
116
84
140
110
126
66
134
128
112
20
88
74
148
84
132
140
140
82
140
138
114
20
82
44
180
68
108
146
120
78
130
128
136
20
jul/14
out/14
jan/15
72
34
126
42
86
168
100
78
110
112
126
20
64
34
148
30
40
152
116
78
140
82
110
20
58
38
160
30
50
140
140
56
136
100
114
20
Média
10 anos
101
98
103
116
133
125
97
87
104
143
144
63
ÍNDICE DE EXPECTATIVAS (EM PONTOS)
IEX
América Latina
Argentina
Bolívia
Brasil
Chile
Colômbia
Equador
México
Paraguai
Peru
Uruguai
Venezuela
jul/12
92
44
114
118
86
46
60
90
116
94
100
84
out/12 jan/13 abr/13
106
122
100
146
80
78
80
94
158
94
90
84
120
130
100
144
92
94
60
126
158
126
108
40
104
74
100
128
90
100
100
114
166
114
80
36
jul/13
86
56
100
84
36
138
80
112
136
82
80
20
out/13 jan/14 abr/14
96
80
100
106
68
116
74
112
122
110
78
20
102
80
100
94
76
136
74
124
140
126
86
20
98
106
100
74
82
128
80
118
130
140
82
20
jul/14
96
80
100
68
92
94
46
126
100
112
82
20
out/14 jan/15
96
60
100
84
110
82
52
116
110
150
80
20
92
88
60
84
120
40
20
112
118
162
86
20
Média
10 anos
101
85
90
110
108
104
78
102
112
120
119
70
ÍNDICE DE CLIMA ECONÔMICO (EM PONTOS)
ICE
América Latina
Argentina
Bolívia
Brasil
Chile
Colômbia
Equador
México
Paraguai
Peru
Uruguai
Venezuela
jul/12 out/12 jan/13 abr/13 jul/13 out/13 jan/14 abr/14 jul/14 out/14 jan/15
95
52
107
104
108
76
100
97
100
117
124
68
104
97
120
122
117
100
100
97
109
115
105
68
109
104
108
118
132
106
80
113
140
140
126
30
103
67
107
111
127
106
120
114
162
133
95
28
88
72
107
75
88
122
100
106
145
111
105
20
88
77
108
95
104
113
100
89
128
119
95
20
95
77
124
89
104
138
107
103
140
132
100
20
90
75
140
71
95
137
100
98
130
134
109
20
84
57
113
55
89
131
73
102
105
112
104
20
80
47
124
57
75
117
84
97
125
116
95
20
75
63
110
57
85
90
80
84
127
131
100
20
Média 10
anos
101
92
96
113
120
114
87
95
108
132
132
66
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Sondagem Econômica da América Latina Ifo/FGV
Fevereiro de 2015
Nota Metodológica
A Sondagem Econômica da América Latina serve ao monitoramento e antecipação de tendências econômicas, com base em
informações prestadas trimestralmente por especialistas nas economias de seus respectivos países. A pesquisa é aplicada com a
mesma metodologia - simultaneamente - em todos os países da região, método que permite a construção de um ágil e abrangente
retrato da situação econômica de países e blocos econômicos. Em janeiro de 2015, foram consultados 1071 especialistas econômicos
em 117 países, dos quais 133 da América Latina.
A pesquisa gera informações tanto de natureza qualitativa quanto quantitativa. O Índice de Clima Econômico (ICE) é o indicadorsíntese, composto por dois quesitos de natureza qualitativa, o índice da Situação Atual (ISA) e o Índice de Expectativas (IE), que tratam,
respectivamente, da situação econômica geral do país no momento e nos próximos seis meses.
As respostas individuais são combinadas para cada país sem qualquer ponderação. Para se chegar ao valor médio de cada índice,
atribui-se 9 pontos às respostas positivas (+), 5 às respostas indiferentes (=) e 1 às respostas negativas (-). O ICE é uma media aritmética
dos dois índices que o compõem.
O procedimento de agregação de dados para determinado grupo de países ou continente é feito de acordo com a participação relativa
do comércio exterior (exportações + importações) de cada país em relação ao total da região.
Segundo critérios específicos da pesquisa, a fase do ciclo econômico em que se encontra o país no momento é determinada por uma
combinação entre ISA e IE. Quando os dois índices superam o limite médio de 5 pontos, a economia está na fase de expansão. Quando
ambos estão abaixo de 5 pontos, há recessão. A fase de piora ocorre quando o ISA é superior e o IE inferior a 5 pontos. E a fase de
recuperação com IE superior e ISA inferior a 5 pontos.
Os indicadores nesse informe são apresentados considerando o valor 5 como 100. Assim, indicadores acima de 100 estão na zona
favorável e abaixo de 100 na zona desfavorável.
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