OFICINA DA PESQUISA ÉTICA, POLÍTICA E SOCIEDADE Prof. Msc. Carlos José Giudice dos Santos [email protected] www.oficinadapesquisa.com.br A FORMAÇÃO DA MORAL OCIDENTAL A FILOSOFIA MODERNA A FILOSOFIA DA ILUSTRAÇÃO Períodos da Filosofia Filosofia antiga - séc. VI a.C. ao séc. VI d.C. Filosofia patrística - séc. I ao séc. VII Grega Latina Filosofia medieval - séc. VIII ao séc. XIV História da Filosofia Filosofia da Renascença - séc. XIV ao séc. XVI Filosofia moderna - séc. XVII a meados do séc. XVIII Filosofia da Ilustração (Iluminismo) – meados do séc. XVIII até início do séc. XIX Filosofia contemporânea – meados do séc. XIX até hoje FILOSOFIA MODERNA [1] Enquanto o período anterior da filosofia (filosofia da renascença) foi marcado pelo rompimento da filosofia com a teologia (igreja), a filosofia moderna, em especial os séculos XVII e XVIII é marcada pela razão como resposta ou explicação para quase tudo. A filosofia moderna tenta conciliar o racionalismo filosófico com o racionalismo científico. Ao longo desse processo, alguns pensadores contestaram esta tentativa de conciliação, ao perceberem que é a experiência, e não a razão, a principal fonte de conhecimento do mundo. FILOSOFIA MODERNA [2] O período compreendido entre os séculos XVII até meados do século XVIII ficou conhecido como Racionalismo Clássico. Segundo Chauí (2005), predomina, nesse período, a ideia de conquista científica e técnica de toda a realidade, a partir da explicação mecânica e matemática do Universo e da invenção das máquinas, graças às experiências físicas e químicas. Existe também a convicção de que a razão humana é capaz de conhecer a origem, as causas e os efeitos das paixões e das emoções e, pela vontade orientada pelo intelecto, é capaz de governá-las e dominá-las, de sorte que a vida ética pode ser plenamente racional. FILOSOFIA MODERNA [3] A mesma convicção orienta o racionalismo político, isto é, a ideia de que a razão é capaz de definir para cada sociedade qual o melhor regime político e como mantê-lo racionalmente. Nunca mais, na história da Filosofia, haverá igual confiança nas capacidades e nos poderes da razão humana como houve no Grande Racionalismo Clássico. Os principais pensadores desse período foram: Francis Bacon, Descartes, Hobbes, Espinosa, Leibniz e Locke. Pode-se dizer que praticamente foi um período de disputa entre o racionalismo continental (europeu) e o empirismo inglês. FRANCIS BACON (*1561/ †1626) Humildade é uma palavra que não existia no dicionário deste inglês que nasceu em Londres. De acordo com De Santi (2013), a grande aspiração de Bacon era fazer uma reforma completa da ciência e da filosofia de seu tempo que tomou a forma de um tratado chamado de Grande Instauração. Ele acreditava que a experiência (e não a razão) era a fonte de conhecimento. Bacon fez parte de uma corrente de pensamento que ficou conhecida como empirismo inglês. Para Bacon, a base para se chegar ao conhecimento é o raciocínio indutivo. Sua frase mais famosa é: “O conhecimento é em si mesmo um poder”. RENÉ DESCARTES (*1596/ †1650) [1] Em oposição ao empirismo inglês de Bacon, surge Descartes, o francês considerado um dos maiores expoentes do racionalismo clássico europeu. Nasceu em uma região conhecida como La Haye em Touraine, que hoje é conhecida como Descartes, em sua homenagem. Chauí (2005) nos ensina que Descartes discute a teoria das ideias inatas (base do racionalismo) em várias de suas obras, mas as exposições mais conhecidas encontram-se em duas delas: no Discurso do método e nas Meditações metafísicas. Nelas, Descartes mostra que nosso espírito possui três tipos de ideias que se diferenciam segundo sua origem e qualidade: RENÉ DESCARTES (*1596/ †1650) [2] 1. Ideias adventícias (isto é, vindas de fora): são aquelas que se originam de nossas sensações, percepções, lembranças; são as ideias que nos vêm por termos tido a experiência sensorial ou sensível das coisas a que se referem. Por serem fruto de nossas experiências sensoriais, muitas vezes estas ideias podem ser enganosas. 2. Ideias fictícias: são aquelas que criamos em nossa fantasia e imaginação, compondo seres inexistentes com pedaços ou partes de ideias adventícias que estão em nossa memória. Por exemplo, cavalo alado, fadas, elfos, duendes, dragões, etc. RENÉ DESCARTES (*1596/ †1650) [3] 3. Ideias inatas: são aquelas que não poderiam vir de nossa experiência sensorial porque não há objetos sensoriais ou sensíveis para elas, nem poderiam vir de nossa fantasia, pois não tivemos experiência sensorial para compô-las a partir de nossa memória. Para Descartes, as ideias inatas são inteiramente racionais e só podem existir porque já nascemos com elas. Por exemplo, a eo infinito (pois não temos qualquer experiência do infinito), as ideias matemáticas (a matemática pode trabalhar com a ideia de uma figura de mil lados, o quiliógono, e, no entanto, jamais tivemos e jamais teremos a percepção de uma figura de mil lados). RENÉ DESCARTES (*1596/ †1650) [4] Essas ideias, diz Descartes, são “a assinatura do Criador” no espírito das criaturas racionais, e a razão é a luz natural inata que nos permite conhecer a verdade. Como as ideias inatas são colocadas em nosso espírito por Deus, serão sempre verdadeiras, isto é, sempre corresponderão integralmente às coisas a que se referem, e, graças a elas, podemos julgar quando uma ideia adventícia é verdadeira ou falsa e saber que as ideias fictícias são sempre falsas (não correspondem a nada fora de nós). A frase mais famosa de Descartes é: “Penso, logo existo!”. THOMAS HOBBES (*1588/ †1679) [1] Nasceu em Westport (atual Malmesbury – Inglaterra) em um tempo de grandes incertezas, e as suas ideias refletem a realidade que viveu. Sua principal obra (Leviatã) defende a monarquia e o poder absoluto dos reis em uma época em que o movimento liberal defendeu a redução do poder da realeza. Quando aconteceu a Revolução Gloriosa e a assinatura da Bill of Rights (que assegurava a propriedade privada, a liberdade e o poder do parlamento, entre outras coisas), suas ideias ficaram sem espaço. Hobbes acreditava que o homem não possui uma [...] THOMAS HOBBES (*1588/ †1679) [2] [...] disposição natural para a vida em sociedade, e afirmava que a natureza humana é regida pelo egoísmo e pela autopreservação. Assim, o instinto humano abriria caminho para uma violência contra o próximo, ao mesmo tempo que obrigaria os homens a celebrar um “contrato social” para garantir uma paz comum que garantisse um mínimo de segurança. Entretanto, Hobbes era pessimista quanto ao fato de sermos capaz de manter a paz sem uma liderança forte e centralizadora. Sua frase mais famosa (“O homem é o lobo do homem”), na verdade, foi criada pelo dramaturgo romano Plauto, no início da era cristã (± ano 200). ESPINOSA (*1632/ †1677) [1] “Maldito seja ele de dia e maldito seja de noite. Maldito seja quando se deita e maldito seja ele quando se levantar. Maldito seja quando sair, e maldito seja quando regressa”. Com essas palavras (e mais algumas), a Sinagoga de Amsterdã anunciava a quem quisesse ler a condenação do “herege” Baruch de Espinosa em 27 de julho de 1656. Foi expulso da religião judaica, renegado pelos familiares, e de quebra, ainda teve os seus textos incluídos no index (lista de livros proibidos pela Igreja Católica). Ficou impedido também de ministrar aulas na prestigiosa Universidade de Heidelberg, porque não podia ensinar nada que fosse contrário à religião. ESPINOSA (*1632/ †1677) [2] Espinosa foi considerado um herege porque acreditava que Deus e a natureza eram dois nomes distintos para a mesma coisa, ou seja, a vontade de Deus se manifestava por meio das leis naturais. Essa ideia obrigava a rever o conceito de um Deus que controlava tudo, buscando explicações racionais para tudo, inclusive os milagres. Assim, a ideia de um Deus que necessita ser cultuado e agradado deveria ser afastada, pois não passava de uma superstição utilizada de maneira conveniente pela Igreja para ter o poder de perdão e assim angariar poder. Passando para o campo político, a superstição ajuda a criar regimes autoritários baseados na religião (DE SANTI, 2013). LEIBNIZ (*1646/ †1716) [1] Nasceu em Leipzig (Alemanha) e foi um dos maiores matemáticos que o mundo já conheceu. Acreditava que o nosso mundo é o melhor entre os mundos possíveis porque foi criado à imagem de um organismo perfeito, Deus, que segue uma lógica racional. De acordo com Chauí (2005), Leibniz estabeleceu uma distinção entre verdades de razão e verdades de fato. As verdades de razão enunciam que uma coisa é, necessária e universalmente, não podendo de modo algum ser diferente do que é e de como é. O exemplo mais evidente das verdades de razão são as ideias matemáticas. Por exemplo, é impossível que o triângulo não tenha três lados e que a soma de seus ângulos não seja igual a soma de dois ângulos retos; LEIBNIZ (*1646/ †1716) [2] As verdades de razão são inatas. Isso não significa que uma criança, por exemplo, nasça conhecendo a matemática e sabendo realizar operações matemáticas, demonstrar teoremas ou resolver problemas nessa área do conhecimento. Significa que nascemos com a capacidade racional, puramente intelectual, para conhecer ideias que não dependem da experiência para serem formuladas e para serem verdadeiras. As verdades de fato, ao contrário, são as que dependem da experiência, pois enunciam ideias que são obtidas através da sensação, da percepção e da memória. As verdades de fato são empíricas e se referem a coisas que poderiam ser diferentes do que são, mas que são como são porque [...] LEIBNIZ (*1646/ †1716) [3] [...] há uma causa para que sejam assim. As verdades de fato são verdades porque para elas funciona o princípio da razão suficiente, segundo o qual tudo o que existe, tudo o que percebemos e tudo aquilo de que temos experiência possui uma causa determinada e essa causa pode ser conhecida. Pelo princípio da razão suficiente – isto é, pelo conhecimento das causas – todas as verdades de fato podem tornar-se verdades necessárias e serem consideradas verdades de razão, ainda que para conhecê-las dependamos da experiência. Leibiniz defendeu que Deus escolhe sempre os caminhos que permitam o máximo de bem no mundo, e se existe o mal e o sofrimento, são meros estágios para um bem superior. JOHN LOCKE (*1632/ †1704) [1] Nasceu em Wrington (Inglaterra) e era médico. Teve a oportunidade de tratar do Conde de Shaftesbury (fundador de um partido liberal que buscava restringir os poderes da realeza) e foi convidado a ser seu médico particular. Depois desse convite, Locke começou a refletir sobre o homem e a sociedade. Foi um dos expoentes do empirismo inglês, criando a teoria da “tábula rasa”. Segundo Locke, o homem nasce como uma folha em branco, sem qualquer ideia inata, e todo o seu conhecimento é definido apenas pelas experiências obtidas por meio dos sentidos. No campo da política, Hobbes defendeu a ideia de que deveria haver um “contrato social” na base de cada estado. JOHN LOCKE (*1632/ †1704) [2] A partir da ideia do contrato social, Locke acreditava que o poder de um homem não podia derivar de Deus, como apregoavam os reis absolutistas da época, e discordando de Hobbes, não acreditava na necessidade de um líder absolutista para manter o pacto social. John Locke acreditava que os poderes deveriam ser separados e limitados, e que o estado tinha a missão de proteger os direitos fundamentais do homem, tais como o direito à vida, à propriedade e à liberdade. Sua frase mais famosa é: “Onde não há lei não há liberdade”. FILOSOFIA DA ILUSTRAÇÃO [1] Esse período também crê nos poderes da razão, chamada de As Luzes, e por esse motivo, ficou conhecido como Iluminismo. De acordo com Chauí (2005), o Iluminismo afirma que: • Pela razão, o homem pode conquistar a liberdade e a felicidade social e política, razão pela qual este efervescente movimento cultural foi decisivo para os ideais da Revolução Francesa de 1789; • A razão é capaz de evolução e progresso, e o homem é um ser perfectível, ou seja, um ser capaz de atingir a perfeição; FILOSOFIA DA ILUSTRAÇÃO [2] • Para o homem atingir a perfeição, ele deve liberar-se dos preconceitos religiosos, sociais e morais, libertarse da superstição e do medo, graças as conhecimento, às ciências, às artes e à moral; • O aperfeiçoamento da razão se realiza pelo progresso das civilizações, que vão das mais atrasadas (também chamadas de “primitivas” ou “selvagens ”) às mais adiantadas e perfeitas (as da Europa Ocidental); • O Iluminismo faz uma distinção entre Natureza e civilização; • FILOSOFIA DA ILUSTRAÇÃO [3] • A Natureza é o reino das relações necessárias de causa e efeito ou das leis naturais universais e imutáveis, enquanto a civilização é o reino da liberdade e da finalidade proposta pela vontade livre dos próprios homens, em seu aperfeiçoamento moral, técnico e político. Nesse período há grande interesse pelas ciências que se relacionam com a ideia de evolução e, por isso, a biologia terá um lugar central no pensamento ilustrado, pertencendo ao campo da filosofia da vida. FILOSOFIA DA ILUSTRAÇÃO [4] Há igualmente grande interesse e preocupação com as artes, na medida em que elas são as expressões por excelência do grau de progresso de uma civilização. Data também desse período o interesse pela compreensão das bases econômicas da vida social e política, surgindo uma reflexão sobre a origem das riquezas das nações, com uma controvérsia sobre a importância maior ou menor da agricultura e do comércio, que se exprime em duas correntes do pensamento econômico: a corrente fisiocrata (a agricultura é a fonte principal das riquezas) e a mercantilista (o comércio é a fonte principal da riqueza das nações). Os principais pensadores do período foram: Montesquieu, Hume, Voltaire, Rousseau e Kant. MONTESQUIEU (*1689/ †1755) [1] Seu verdadeiro nome era Charles-Louis Secondat e nasceu em Brède (França). Era um aristocrata (mais conhecido como Barão de Montesquieu) rico que, influenciado pelas ideias iluministas, acabou por se tornar um dos maiores críticos da realeza francesa e da Igreja. Foi jurista (presidiu a Câmara de Bordeaux) e um grande admirador do sistema político inglês, que já havia retirado o poder absoluto do rei e transferido para o parlamento. MONTESQUIEU (*1689/ †1755) [2] Seus textos ficaram conhecidos pela ironia e pelo sarcasmo, e suas críticas foram fundamentais para formar os conceitos iniciais da futura Revolução Francesa. De Santi (2013) afirma que, a partir de suas viagens pela Europa, chegou à conclusão que os governos eram em sua maioria, repúblicas ou monarquias, e que ambos poderiam ser ou não autoritários. Montesquieu passou a acreditar que a forma mais eficaz de se evitar a tirania seria diluir o poder em três braços: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Esta proposta revolucionária tornou-se a base de organização política da maioria das nações contemporâneas. DAVID HUME (*1711/ †1776) [1] Nasceu na cidade de Edimburgo (Escócia) e ingressou na universidade local com apenas 12 anos de idade, arrebatado pelas discussões filosóficas de seu tempo, que concentravam esforços em descobrir a origem do conhecimento humano (DE SANTI, 2013). Foi um opositor ferrenho do racionalismo, negando a explicação de que as ideias fossem inatas ao ser humano. Hume concluiu que parte do nosso raciocínio se baseia em acontecimentos que nossa experiência define como “prováveis” de acontecer. DAVID HUME (*1711/ †1776) [2] Por exemplo, dizer que um objeto vai cair se for solto, ou que uma roupa vai molhar se for exposta à chuva, ou que a água vai ferver se for exposta ao calor são previsões baseadas naquilo que nós vivenciamos, em que existe uma relação de causa e efeito. Ao mostrar como se forma o princípio da causalidade, Hume não está dizendo apenas que as ideias da razão se originam da experiência, mas está afirmando também que os próprios princípios da racionalidade são derivados da experiência (CHAUÍ, 2005). DAVID HUME (*1711/ †1776) [3] De acordo com Aranha (1993), Hume então considera que todas as inferências derivadas da experiência, por indução, são efeitos do costume e não do raciocínio. Assim, para Hume, o hábito é, pois, o grande guia da vida humana. É aquele princípio único que faz com que a experiência nos seja útil e nos leve a esperar, no futuro, uma sequência de acontecimentos semelhante às que se verificaram no passado. VOLTAIRE (*1694/ †1778) [1] Nasceu em Paris (França) e chamava-se FrançoisMarie Arouet. No ano de 1715 morreu o extravagante Luís XIV, rei da França. Seu herdeiro era seu neto, Luís XV, nesta época, muito novo para assumir o trono. Em razão disso, o governo passou a ser exercido por um regente até que Luís XV completasse a maioridade para assumir o trono. Nesta época, um sarcástico escritor parisiense publicava críticas ao governo provisório, e por esta razão, foi perseguido e preso na temida fortaleza de Bastilha. VOLTAIRE (*1694/ †1778) [3] Quando finalmente recuperou a sua liberdade, cerca de 11 meses depois, Arouet adotou o pseudônimo que o tornaria famoso: Voltaire. Não foi a primeira vez que foi preso. Em 1726, após discussão com um nobre, voltou a ser preso e propôs um exílio voluntário como pena alternativa à prisão. Graças a esse exílio, cumprido na Inglaterra, teve contato com as ideias de John Locke, o que acabou por torná-lo um crítico ainda mais ácido da realeza francesa e da Igreja. VOLTAIRE (*1694/ †1778) [4] Voltaire passou a ser conhecido como um ferrenho defensor da liberdade de expressão, do direito a um julgamento justo e da separação política entre Igreja e Estado. Voltaire foi também um dos impulsores do despotismo esclarecido, um sistema político conveniente em que não havia uma oposição direta ao rei, mas que sustentava que o monarca devia se cercar de pensadores que o aconselhariam a governar segundo a razão. Sua frase mais famosa é: “Não concordo com uma palavra do que dizes, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-las”. ROUSSEAU (*1712/ †1778) [1] Jean-Jacques Rousseau nasceu em Genebra (Suiça). Era músico de formação e criou uma nova forma de notação musical, que não foi adotada pela Academia de Ciências de Paris por ser considerada muito complicada. Entretanto, esta experiência de entrar em contato com grandes nomes da academia o colocou em contato com Denis Diderot, um dos idealizadores da primeira Enciclopédia e um dos líderes do Iluminismo. A partir deste encontro, Rousseau abandonou cada vez mais a música e passou a abraçar cada vez mais a filosofia. ROUSSEAU (*1712/ †1778) [2] Rousseau concordou com a ideia de Hobbes e Locke que a humanidade evoluiu de um estado natural para um estágio de civilização a partir de um pacto conhecido como “contrato social”. Entretanto, enquanto Hobbes considerava o homem como um ser egoísta e selvagem, Rousseau defendia justamente o inverso. Para ele o homem é bom e livre por natureza, mas estas virtudes inatas são corrompidas pelas necessidades da vida em sociedade. Estas ideias são defendidas nas primeiras linhas de sua obra mais famosa “Do Contrato Social”. ROUSSEAU (*1712/ †1778) [3] Rousseau defendia que “[...] o homem nasce livre, e por toda parte está acorrentado. Aquele que julga ser senhor dos demais é, de todos, o maior escravo”. Para Rousseau, o homem se afastou do estado natural a partir do momento em que tomou um pedaço de terra e passou a chamá-lo de seu. Estava criada a noção de propriedade privada, e a partir deste ponto, a única maneira de se manter o controle seria a partir da criação de leis, que acabariam por restringir a liberdade natural. ROUSSEAU (*1712/ †1778) [4] Rousseau defendia os ideais de uma república democrática, substituindo o Estado mantido nas mãos de reis e da Igreja por um governo formado por cidadãos eleitos, que seriam responsáveis em elaborar leis de acordo com a vontade geral. Suas ideias influenciaram (muito) os ideais da Revolução Francesa, e chegaram a influenciar também, cerca de cem anos mais tarde, o pensamento político de Karl Marx. Uma de suas frases mais famosas é: “Para conhecer os homens, é preciso vê-los agir”. KANT (*1724/ †1804) [1] Immanuel Kant nasceu em Königsberg (antiga cidade alemã, hoje chamada Kaliningrado e pertencente à Rússia). Ele jamais saiu de sua cidade natal, nunca se casou e nunca teve filhos. O fato de viver em uma cidade portuária ajudou a ter contato com diferentes culturas. Interessado desde o inicio pela ciência newtoniana, já constituída plenamente no seu tempo, e preocupado com a confusão conceitual a respeito do debate sobre a natureza do nosso conhecimento, Kant questiona na sua obra Crítica da razão pura, se é possível uma "razão pura" independente da experiência. Daí seu método ser conhecido como criticismo. KANT (*1724/ †1804) [2] Em sua famosa obra “Crítica da razão pura”, Kant coloca um “freio” nas ideias racionalistas ao demonstrar como e por que a nossa racionalidade não é absoluta (ou seja, não pode responder a tudo). As ideias de Kant o tornaram famoso ainda em vida, uma vez que se diferenciou dos filósofos anteriores ao propor de forma convincente um modelo que combinasse o racionalismo com o empirismo. Kant argumentou que dentro do espaço e do tempo deve existir alguma coisa que possa ser percebida pelos sentidos. Ao mesmo tempo, ele afirma não ser possível estudar o espaço sem um conhecimento prévio sobre ele. KANT (*1724/ †1804) [3] Para exemplificar esta ideia, considere, por exemplo, a cadeira em que você está sentado(a). Sem as sensações (sensibilidade - empirismo), você seria incapaz de saber que existem objetos como cadeiras. Entretanto, sem o entendimento (razão – racionalismo), que permite você pensar e criar conceitos e definições, você também não saberia que o objeto em que você está sentado é uma cadeira. Kant também estudou sobre como o homem deve proceder em relação aos seus semelhantes para chegar à felicidade a partir de um postulado que ele definiu como “imperativo categórico”. KANT (*1724/ †1804) [4] Segundo o imperativo categórico de Kant, o homem deve agir de modo que a sua ação possa se tornar o princípio de uma lei válida para qualquer pessoa. Uma de suas frases mais famosas resume este princípio categórico, ao propor que “[...] a moral não nos ensina a sermos felizes, mas como devemos nos tornar dignos da felicidade”. Muitos filósofos costumam consideram Kant um novo divisor de águas na filosofia, assim como Sócrates foi antes dele. Isto se deve ao fato de Kant ter tornado obsoletos vários debates mantidos até ali pelos filósofos modernos. Bibliografia Consultada ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofando: introdução à filosofia. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1993. CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2005. DE SANTI, Alexandre (Editor). Guia da filosofia. São Paulo: Abril, 2013. MADJAROF, Rosana. Mundo dos Filósofos. 1997-2011. <Disponível em: www.mundodosfilosofos.com.br>. Acesso em: 27 mar. 2015.