LP-Long Play: surgimento, auge comercial, depreciação e seu

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FÁBIO FERNANDO SIQUEIRA DOS SANTOS
LP-Long Play: surgimento, auge comercial,
depreciação e seu processo de revalorização
enquanto mídia analógica
Assis
2010
2
FÁBIO FERNANDO SIQUEIRA DOS SANTOS
LP-Long Play: surgimento, auge comercial,
depreciação e seu processo de revalorização
enquanto mídia analógica
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis como
requisito do Curso de Graduação em Comunicação
Social com Habilitação em Jornalismo.
Orientador: MSc. David Lucio de Arruda Valverde
Área de Concentração: Ciências Sociais Aplicadas
Assis
2010
3
LP-Long Play: surgimento, auge comercial,
depreciação e seu processo de revalorização
enquanto mídia analógica
FÁBIO FERNANDO SIQUEIRA DOS SANTOS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis como
requisito do Curso de Graduação em Comunicação
Social com Habilitação em Jornalismo pela seguinte
comissão examinadora.
Orientador: MSc. David Lucio de Arruda Valverde
Analisador 1: Msc. Maria Lídia de Maio Bignotto
Assis
2010
4
FICHA CATALOGRÁFICA
SANTOS, Fábio
LP-Long Play: surgimento, auge comercial, depreciação e seu processo de revalorização
enquanto mídia analógica / Fábio Fernando Siqueira dos Santos. Fundação Educacional do
Município de Assis – Instituição Municipal de Ensino Superior de Assis – Assis, 2010.
Páginas: 48p.
Orientador: MSc. David Lucio de Arruda Valverde
Trabalho de Conclusão de Curso – Instituição Municipal de Ensino Superior de Assis
1 compact disk; 2 disco de vinil; 3 LP; 4 mídia; música.
CDD: 070
Biblioteca da FEMA
5
DEDICATÓRIA
A Deus: Meu caminho não foi fácil, mas tu Senhor me encheste
de vida, luz, força e esperança para alcançar essa vitória. E
consegui! Louvarei e glorificarei teu nome para sempre.
Minha esposa, Valquiria Fernanda, que mesmo privada da
minha presença por várias noites, soube compreender e me
apoiou durante a elaboração deste trabalho. Agradeço todos os
dias por ter você em minha vida.
Aos meus queridos e amados filhos Fábio Vinicius, Isadora
Rosa Santos e Paulo Henrique, foi pensando em plantar e
cultivar um futuro melhor para eles que enfrentei com prazer e
alegria todas as dificuldades encontradas. Que essa vitória
sirva de exemplo para suas vidas de que vale a pena lutar por
um ideal.
Aos meus pais Manoel Fernando, Maria Anunciada e irmãos,
Adriano e Caroline pela dedicação infinita e por representarem
minha razão de viver e lutar por meus sonhos.
Amo vocês!
Fábio
6
AGRADECIMENTOS
Às minhas colegas de trabalho, Nayara e Bruna, que muito me
apoiaram em vários momentos desta jornada;
Aos amigos, Anderson (feijão) e Sidnei (neizinho)
sempre
presentes nos melhores momentos de minha vida,
Aos professores da graduação, que estiveram conosco,
durante toda essa caminhada, contribuindo intensamente para
nosso aprendizado.
Em especial, ao orientador, Prof. MSc. David Lucio de Arruda
Valverde pela contribuição nos ensinamentos sem os quais a
conclusão deste seria impossível.
Grato,
Fábio
7
EPÍGRAFE
“Sucesso não é o final,
falhar não é fatal:
é a coragem para continuar que conta”.
Winston Churchil
8
RESUMO
A música tem o poder de influenciar toda uma sociedade.Sua função social vai além
da construção interpessoal e de mobilização cultural O disco de vinil existe há muito
tempo e, com a evolução dos tempos surgiu o compact disk, que fez com que esta
midia desaparecesse das lojas. Contudo, gradativamente vem ressurgindo no
mercado. Entretanto nunca foi esquecido pelos colecionadores. Este trabalho tem
como objetivo esclarecer as circunstâncias nas quais se insere novamente de um
material áudio-fônico superado pelas descobertas de mídias que são atualmente
representativas da modernidade. Pretende-se também demonstrar a opinião dos
profissionais que utilizam a tecnologia atual como forma de acompanhar os avanços
nesse segmento. A principal questão que se apresenta para discussão corresponde
ao por quê uma mídia considerada ultrapassada pelas novas tecnologias em áudio,
voltou a ser explorada comercialmente nos dias atuais. Utilizou-se como
metodologia uma pesquisa e campo de natureza exploratória.
Palavras-chave: compact disk; disco de vinil; LP; mídia; música.
9
ABSTRACT
Music has the power to influence the morale of a people, its social construction goes
beyond the interpersonal and cultural mobilization of the vinyl record has long existed
and brought much joy to admirers of music, with the changing times came the
compact disk, which made this instrument gradually disappeared from the shops and
the market is resurgent, but it was never forgotten by collectors. This study aims to:
clarify through literature review the circumstances in which it takes place again for
many, may seem incomprehensible a ransom, an audio-phonic overcome by the
findings of media that are now the essence of modernity, through in-depth research,
with extensive discussion and the views of those who favor the old form of the tunes
on LPs vocalize; Demonstrate the views of professionals using current technology as
a means of monitoring progress in this segment. We used this methodology is a
research field and exploratory in nature. The main issue appears to correspond to the
discussion why a media considered outdated by new technologies in audio, came to
be exploited commercially today. As a result, it was found that despite faithful
collectors store, format, inserts, color, sound different and ancient aura are calling the
attention of younger people.
Keywords: compact disk; hard vinyl; LP; media, music.
10
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................11
2 A MÚSICA NO TEMPO E NA HISTÓRIA ..........................................14
2.1 A IDENTIDADE SOCIAL E INDIVIDUAL PELA MÚSICA ......................... 19
3. O DISCO DE VINIL ...........................................................................23
3.1. HISTORICIDADE ..............................................................................23
3.2. ANALÓGICO VERSUS DIGITAL ........................................................28
3.3. O PAPEL DA INDÚSTRIA FONOGRAFICA NA ATUALIDADE............... 33
4 METODOLOGIA...................................................................................37
5. RESULTADOS..................................................................................38
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................41
7 FONTES...............................................................................................43
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................45
9 ANEXOS...............................................................................................46
9 ANEXO A – ROTEIRO DE ENTREVISTA............................................47
9 ANEXO B – ENTREVISTA COM OS LOCUTORES............................49
11
1. INTRODUÇÃO
O disco de vinil existe há muito tempo e trouxe muita alegria aos admiradores
da música, com a evolução dos tempos surgiu o compact disk, que fez com que este
instrumento desaparecesse das lojas com tal segmento.
No ano de 1948 chegava ao Brasil o disco de vinil LP-Long Play, esse que
delineou por muitos anos como um material de qualidade, durabilidade e
tecnicamente inconfundível aos ouvidos menos apurados de sensibilidade áudiofônica.
O presente trabalho se justifica pelo fato de não haver ampla bibliografia
pertinente ao tema desenvolvida por especialistas na área da Comunicação Social,
bem como pelo fato de não serem elucidadas as etapas da popularização que teve
seu auge na década de 1950, sendo substituída pela nova mídia no inicio de 1990
no Brasil, momento esse que surge o CD-Compact Disk, produto este digitalizado,
compacto e de fácil transporte podendo ser até mesmo ser ouvido em um receptor
portátil.
Tem-se os seguintes objetivos nesta pesquisa:
Esclarecer por meio de revisão de literatura as circunstâncias nas quais se
insere novamente o que para muitos, pode parecer um resgate incompreensível, de
um material áudio-fônico superado pelas descobertas de mídias que são atualmente
a essência da modernidade, por meio de uma pesquisa aprofundada, com ampla
discussão e com as opiniões de todos aqueles que são a favor da velha forma de
sonorizar as melodias em LPs;
Demonstrar a opinião dos profissionais que utilizam a tecnologia atual como
forma de acompanhar os avanços nesse segmento.
12
A principal questão se apresenta para discussão corresponde ao por quê uma
mídia considerada ultrapassada pelas novas tecnologias em áudio, voltou a ser
explorada comercialmente nos dias atuais.
Outra questão que preocupa este estudo é o fato de se ter apenas uma
empresa, localizada na cidade de Belford Roxo, no Estado do Rio de Janeiro, que
teve suas atividades encerradas no ano de 2007. Reabrirá ainda nesse ano de 2010
no mês de setembro, com capacidade de prensar até 40 mil LPs mês.
Acrescente-se a isso, o fato de se saber como a empresa pretende atender a
demanda do mercado, já que o vinil é um produto analógico e rústico.
Acredita-se que a empresa que possui a fábrica de LPs vini deckdisk em
parceria com a Polysom, possa novamente revigorar no mercado, oferecendo para
aqueles adeptos do produto, a antiga sensação de romantismo do conservadorismo
No entanto, fica uma preocupação quanto à qualidade a ser oferecida e
também ao monopólio comercial, já que no Brasil o custo de se manter uma fábrica
de um produto como este possa encarecer demasiadamente o preço final do
produto, tornando-o artigo de luxo para uma elite econômica, caracterizando aí uma
especificidade de perfil consumerista, que também precisa ser avaliado.
Este
trabalho
dividiu-se
em
dois momentos. O
primeiro momento,
caracterizou-se pela metodologia baseada em consulta arquivos de jornais e
revistas, após a coleta, os artigos fichados e catalogados, analisados e interpretados
com base nas teorias pertinentes. Utilizou-se também fontes eletrônicas disponíveis
na Internet, como forma de complementar os materiais coletados, permitindo o
confronto entre dados tradicionais e eletrônicos.
No segundo momento, realizou-se entrevista com profissionais de rádios que
conheceram e trabalharam com discos de vinis e hoje usam o compact disk.
13
Ao final, analisou-se os dados para descrever a opinião dos profissionais,
visto que alguns dizem que o CD, por trazer uma sonoridade muito cristalina, acaba
tirando o peso do som. O vinil preserva mais graves. Outros defendem o aspecto
técnico do manuseio das bolachas. Existe uma certa pressão que o disco impõe em
torno da mudança de lado, do retorno da música, ou da criação de efeitos com os
dedos. Enfim, o ressurgimento do disco de vinil e do toca-discos terá ou não
sucesso?
14
2. A MÚSICA E O SER HUMANO NO TEMPO E NA HISTÓRIA
Segundo Ferreira (2005) os Neandertais podem ter dado início a uma
atividade que seria objeto de fascínio do Homem, que só surgiu 100 mil anos depois,
até os dias de hoje. Não se sabe qual a funcionalidade das flautas de ossos usadas
por esses hominídeos1, mas talvez esses sejam os registros mais antigos de que se
tem conhecimento e que revelam a presença da música até a pré-história.
A música esta presente em nossas vidas desde amais tenra idade, exemplo
disso, bebês ao nascerem imediatamente ganham de presente uma caixinha de
música e verifica-se que normalmente se acalmam com a presença da música.
Para Beber (2009) a música esteve e está presente em todas as civilizações,
exercendo forte influência sobre as diversas culturas. E bem provável, portanto, que
ela tenha provocado mudanças importantes no rumo da história dessas sociedades.
A música funciona como meio de o homem exprimir seus
sentimentos e de se comunicar, a música é um indicador da época,
revelando, para os que sabem como ler suas mensagens
sintomáticas, um modo de reordenar acontecimentos sociais e
mesmo políticos (SCHAFER, 2001, p. 23).
De acordo com Schafer (2001) atribuíram à música diversas funções, seja de
caráter mágico-religioso, ritualístico, catártico, comunicacional, mobilizatório, ou
mesmo de entretenimento. Direcionando sentimentos e ações, a atividade musical
de cada época teve um objetivo. O homem da pré-história batia mãos e pés de
forma ritmada, pedindo proteção aos deuses. Diversas passagens bíblicas mostram
1
Os hominídeos constituíram uma família da ordem dos primatas cuja única espécie atual é o homem
(Homo sapiens sapiens). Os fósseis indicam a existência, no gênero Homo, das espécies extintas H.
habilis e H. erectus, das subespécies de H. sapiens de Neandertal e de Cro-Magnon e, em épocas
mais remotas, de antecessores de outros géneros, o Ramapithecus e o Australopithecus ( disponível
no site http://heitornahistoria.blogspot.com/2009_03_01_archive.html)
15
que judeus e cristãos tinham a música como hábito. Mais tarde ela evoluiu, assim
como os instrumentos musicais e as técnicas de produção e gravação. Há a música
para subverter as massas, como nas ditaduras autoritárias e nos regimes totalitários,
e também para a revolução, seja ela política como a Marselhesa, seja social como o
rock.
Ferreira (2005) relata que Freud referiu-se à arte em geral em vários de seus
escritos. Entretanto, não dedicou-se a música para análise, o que resultou na falta
de uma teoria específica sobre o tema por parte do psicanalista. Estudiosos chegam
a afirmar até que Freud desprezava a música, pois, de acordo com este, algo
interferia no seu gozo.
Pode-se verificar que apesar da música um prazer geral para a maioria das
pessoas, podem existir indivíduos que não consiga aprecia-la.
De acordo com Sekeff (2002, p.35 apud FERREIRA, 2005), no entanto, a
indiferença do psicanalista à referida arte parte de sua tentativa frustrada de não
conseguir entender o que na música lhe causava emoção.
Sekeff (2002, apud FERREIRA, 2005, p.35) acrescenta ainda a relação de
desconforto de Freud com a música desde a infância, quando os estudos de piano
de sua irmã lhe tiravam a concentração. A música o incomodava tanto ao ponto
de pedir aos pais que se desfizessem do piano. Mesmo sem saber como e porque a
música afetava os sentidos, Freud não poderia negar o fato de que ela é capaz de
influenciar os humores do homem.
Enfim, conforme afirma Ferreira (2005) várias teorias explicam ainda a
importância da música para as diferentes sociedades do planeta, principalmente se
levar em consideração o fato de aquela estar presente em quase todas estas
16
culturas. Talvez sua principal função fosse a de facilitar a convivência e a motivação
para atividades em conjunto dos povos antigos.
Uma das hipóteses mais aceitas hoje é a de que a música teve
função primordial na formação e sobrevivência dos grupos e na
amenização de conflitos. Se ela existe e persiste, é porque provoca
respostas que agem como um forte fator de coesão social (GIRARDI,
2004, p,76).
No século V a.C., Pitágoras formulou a hipótese de a música ser responsável
por manter a ordem do Universo, regendo a harmonia entre os astros e os homens.
Para ele, a música refletiria os números do macrocosmo. Os chineses preocupam-se
com o efeito moral do som. Este teria influência não só sobre a sociedade como
também sobre o cosmos, que dependeria das vibrações musicais (FERREIRA,
2005).
Pode-se notar que muitos estudiosos viam e veem a música como parte
fundamental para o nosso desenvolvimento.
Para Corazza (2005) a teoria da evolução de Charles Darwin fala também da
importância da música, pois segundo ele, a fêmea se sentiria atraída pelo macho
que cantasse melhor. Esta associação entre música e comportamento sexual, ocorre
tanto no processo de conquista humano, como nos rituais de acasalamento dos
animais.
Verifica-se que no homem, mais especificamente, os efeitos da música
podem ser percebidos tanto psíquica como fisiologicamente. A vivência musical é
capaz de suscitar experiências emocionais, intelectuais e comportamentais,
estimulando o sistema sensorial, afetivo, mental, motor e o organismo em sua
totalidade.
17
A música relaciona-se com a mente humana, pois responde às
necessidades do indivíduo por meio de gratificação e auxilia na
defesa contra forças diversas, como a ansiedade e o medo. Ela age
na percepção, integrando e associando experiências e induzindo
uma ação. Atua no equilíbrio afetivo e emocional, estimula a
criatividade, a inteligência e a memória, aumentando a capacidade
de atenção. Para Aristóteles, a música tem diversas funções, já
que pode servir para a educação, para o repouso da alma e,
principalmente, para proporcionar a catarse; trata-se de uma forma
de purificação espiritual e expurgação moral dos espectadores,
tocados pelas paixões que movem as personagens de uma tragédia
(1998, CATARSE apud FERREIRA, 2005, p.1249).
Sekeff (2002, p. 93) relata que as primeiras referências acerca da ação da
música sobre o homem remontam aos papiros médicos egípcios datados de 1.500
anos a.C., que
foram descobertos pelo antropólogo
inglês Flandres Petrie em
Kahum, por volta de 1899. Esses papiros tratam do encantamento da música sobre
as mulheres, estimulando sua fertilidade.
A música apesar de ser conhecida desde os primórdios tempos, só foi
oficializada como terapia no século XX por estudiosos como Wilhen van de Wall,
Izabel Parkman, Clara Maria Liepmann, entre outros. A música vem sendo utilizada
como elemento terapêutico há trinta mil anos (FERREIRA, 2005).
A música é uma forma de se comunicar e expressar sensações, sentimentos
e pensamentos, através da organização e relacionamento expressivo dado entre o
som e o silêncio (BEBER, 2009).
Santos (1997 apud CONSONI, 2009), menciona que não se pode imaginar
um mundo sem som e, se houver a analise, pois quase todos os sons que se ouve
durante dia-a-dia, são como instrumentos musicais tocando alguma melodia, e isso
vai desde os pingos de uma torneira, os trovões, a chuva, as cigarras cantando lá
fora, o arrastar de um chinelo ao andar, as ondas do mar explodindo na praia e
tantos outros. Música é a arte de coordenar fenômenos acústicos para produzir
efeitos estéticos.
18
Em seus aspectos mais simples e primitivos, a música é manifestação
folclórica, comum a quase todas as culturas: nesse caso, essencialmente anônima e
apoiada na transmissão oral, espelha particularidades étnicas determinadas. Com o
fim do isolamento cultural que a geografia impôs à humanidade durante séculos e
com a crescente urbanização, muitas tradições desse caráter estão ameaçadas de
total desaparecimento (SANTOS, 1997 apud CONSONI, 2009).
Além de todas as considerações apresentadas por estudiosos da música, no
século XVIII, à música foi atribuido um efeito tríplice: excitante, calmante e
harmonizante (SANTOS, 1997 apud CONSONI, 2009).
Constata-se então que a música faz parte da educação desde há muito
tempo, sendo que, já na Grécia antiga, era considerada como fundamental para a
formação dos futuros cidadãos, ao lado da matemática e da filosofia.
A música é a forma mais antiga de nos expressarmos. De fato, a
música é o homem e o homem é a música, pois ela toca em
sentimentos profundos fazendo com que respondamos com todo o
nosso ser (SANTOS, 1997).
Conclui-se então que a música tem um poder muito grande na vida do ser
humano, ela vai muito mais além do lazer de escutar um disco ou ensinar como um
processo pedagógico, podendo servir até mesmo para fins terapêuticos, como
exemplo, o caso da Musicoterapia, ciência que utiliza a música e seus elementos
sonoros como terapia para a obtenção de uma potencialidade do individuo,
resultando numa melhor qualidade de vida.
19
2.1. A IDENTIDADE SOCIAL E INDIVIDUAL PELA MÚSICA
A música tem o poder de influenciar a moral de um povo, sua função social
vai além da construção interpessoal e da mobilização cultural.
De acordo com Roederer (2002) a música, enquanto modo de comunicação,
exerceu ao longo da história da humanidade o papel de construtora das relações
interpessoais e de mobilizadora cultural de cada novo período histórico que surgia.
Ela em sua forma de experiência estética, demonstra um meio de alcançar uma
coerência comportamental em um grande grupo de pessoas. Segundo o autor, em
um passado distante, essa função social da música teve seu valor de sobrevivência,
já que o ambiente humano cada dia mais complexo demandava ações coletivas
coerentes por parte da sociedade humana.
Nota-se então que, a música desempenha papel fundamental na vida das
pessoas, pois ela representa mais do que um fenômeno social com o objetivo de
manter as funções tradicionais em diferentes sociedades, no que diz respeito à
evolução da espécie, como também cria cenários para os relacionamentos
humanos.
Para Merriam (1964 apud POLI, 2008), a música inserida em um contexto
sócio-político-cultural opera como um mecanismo de liberação de emoção em
relação a um determinado grupo de pessoas de forma conjunta. A música, então, é
definida como um meio de interação social produzida por especialistas, produtores
destinada a outras pessoas - receptores.
Com isso a música é considerada é um fenômeno humano capaz de existir
apenas quando há interação social (MERIAM, 1964 apud POLI, 2008).
20
Constata-se que a música atua, atua tanto sobre o comportamento individual
quanto social fazendo com que ocorra a interação social.
A música, carrega um significado social, tanto por estar em relação com o
contexto social, quanto por possibilitar aos sujeitos a construção de múltiplos
sentidos singulares e coletivos, contribuindo na influência social em virtude de sua
capacidade de induzir afeto. Sua importância se deve aos processos determinados
na relação entre música e afeto como tomada de decisão, formação de uma primeira
impressão, formação de julgamentos relativos a membros de um mesmo grupo,
mensagens persuasivas, entre outros (POLI, 2008).
Essa consciência afetiva pode ser vista como as emoções e os
sentimentos do indivíduo, que interagem na atividade humana
configurando na construção dos significados singulares da música,
de acordo com a sua própria reflexão acerca de si e de suas
experiências. Além disso, para a autora, a música, ao despertar a
afetividade, constrói a forma como o sujeito significa o mundo que o
cerca. Ou seja, os significados e sentidos ressoam nas vivências do
sujeito e são construídos na sua relação com a música
(WAZLAWICK ET AL, 2007, p.110).
Acredita-se que tais significados, partem das vivências afetivas do sujeito,
demonstrando a utilização viva da música, uma vez que mudam, desconstroem-se e
são recriados, porque também são constituídos pelos sentidos, ligados ao uso da
música de modo idiossincrático e em relação ( POLI, 2008).
Segundo Cutrim (2009) a ausência de educação musical é comparável ao
analfabetismo funcional, pois diferencia o escutar de ouvir. No escutar, os ouvidos
estão captando tudo, independentemente da vontade e apreciação, compara-se ao
manter-se ligados 24 horas, e isso é uma realidade até no momento do sono, ou
seja, não se pode desligar os ouvidos. É muito comum escutar-se música ante a um
trânsito barulhento, com fones de ouvido na rua, no carro com pessoas falando em
cima da música, em lugares públicos coletivos, como praias, com caixinhas de som
21
em alto volume e até distorcendo, fazendo com que as pessoas gritem para poder
conversar, impedindo a conversa em tom normal de voz, sem forçá-la; enfim, em
diversas situações semelhantes a essa.
Cutrim (2009) define este processo como escutar música, não de ouvir
música.
Ouvir música é um ritual, que poucos dedicam-se e não sabem o
quanto de saúde perdem com esse deleite. No escutar, você não
aprecia as notas musicais, seus harmônicos e a voz do cantor ou
cantora, côro e tudo que nela está. Simplemente porque há uma
sobreposição de barulho ambiental ou simplesmente muitas vozes
sobrepondo-se à música. Já ouvir música, é um ritual: Você se posta
numa sala, num sofá, por exemplo, silêncio total ou quase e assim,
de boca bem fechada, ouve! Aprecia a música e a extensão da voz
ou vozes do cantor. Ou simplesmente música, erudita ou não,
necessariamente não precisa ser uma canção. Neste momento, você
está apreciando a música, treinando seu cérebro para cada vez mais
perceber sons (CUTRIM, 2009, p. 7)
Ferreira (2005) diz que ao analisar a evolução da música no século no século
XX, percebe-se que, que das artes, a música parece ser a mais mutável tendo em
vista todas suas mudanças. Apesar disso, é bem verdade que estudiosos tentaram,
durante a história, estabelecer uma forma para a canção. Estipularam compassos,
nomes das notas, desenhos de partitura, tons, andamentos, modo, escalas e claves;
regras e notações para se produzir um som que soe harmoniosamente belo. Mas,
mutante que é, a música foi uma das artes que mais se adaptou às diversas
modificações sofridas pela sociedade, inclusive à necessidade de se criar uma
notação para ela. Isso aconteceu no seu modo de produção, até que computadores
e sintetizadores passassem a substituir músicos e instrumentos.
Posterior a esta evolução, verifica-se que a música teve que se adaptar aos
moldes da Indústria Cultural, que ditava as regras para o a emissão e recepção da
música.
Ferreira (2005) afirma que a música é mutável também, pois tem influência
sobre o ser humano, visto que sua flexibilidade permitiu, ainda, que a canção
atingisse os níveis mais profundos da mente; e imaginação, como se sabe, é
variável de pessoa para pessoa.
22
Diante disso, ela é polissêmica, ou seja, revela significados variados para os
diferentes povos e culturas, pois não impõe significados nem induz interpretações,
principalmente por lidar, a princípio, com sensações, e não com o visível, mas a
maior adaptação a que a música se sujeitou aconteceu exatamente pelo
desenvolvimento da imagem e de uma sociedade que passava a ser cada vez
menos acústica para se tornar predominantemente visual. Verifica-se que a música
muitas vezes é submissa, outras vezes direcionadora, pode ser
imagem e não deixou de
associada à
ter seu espaço e em nenhum momento perdeu sua
importância. Seu principal papel foi o de complementar sonoramente elementos
visuais.
A música, arte mutante, foi se infiltrando, garantindo seu espaço, e
se moldando à nova sociedade condicionada ao novo ambiente
criado pelas novas tecnologias. As transformações ocorridas na
essência da música muito modificaram as relações entre pessoas,
povos e ideologias (FERREIRA, 2005, p. 78)
Observa-se que a inversão de papéis quando o público deixou de ir até à
canção por se identificar com um estilo e a música passou a ir até o público,
tentando se moldar a seu gosto, entretanto, verifica-se também, e principalmente, a
perda da abstração musical através de imagens que clareiam, ao mesmo tempo que
induzem, o que a canção quer transmitir, como também pode-se perceber que, se a
produção de sentido sofre limitações, o novo estilo de se fazer e reproduzir música
muito tem a dizer sobre a sociedade atual. Até uma nova cultura foi instaurada, a do
audiovisual. Uma cultura que exige uma nova função, ou uma nova forma para a
velha música (FERREIRA, 2005).
23
3. O DISCO DE VINIL
3.1. HISTORICIDADE
Segundo Nascimento (2007) a música executada em tempo real é
diferenciada daquela cujo som é produzido por um dispositivo mecânico que lê
gravação feita anteriormente. Mas, nem sempre foi assim, pois até a invenção do
gramofone, a própria idéia de música ao vivo não existia, pois a música só podia ser
mesmo ao vivo. O acesso à arte musical era restrito a quem podia freqüentar os
espaços fechados e as salas de concerto daqueles tempos.
O primeiro produto industrial capaz de gravar sons num suporte
material foi o fonógrafo, criado por Thomas Edison e patenteado em
1878. O fonógrafo gravava sons num cilindro recoberto de cera. Era
um sistema caro, o que inviabilizava a fabricação em série (
NASCIMENTO, 2007, p. 1).
A revolução teve seu início em 1886, quando Emile Berliner2 desenvolveu ,
nos Estados Unidos, o gramofone, com disco plano para registrar os sons, em
substituição ao cilindro de Edison, e a matriz de impressão dos discos, para
produção em grande escala. A música foi assim libertada dos espaços confinados e
levada à imortalidade, tornando-se logo um produto acessível ao consumo popular
(NASCIMENTO, 2007).
Sabe-se que o disco de vinil teve seu primeiro aparecimento em 1948, caindo
em desuso os antigos discos de goma-laca com capacidade de 78 rotações, que até
então eram utilizados. Apresentavam –se mais leves, mais maleáveis e resistentes a
choques, quedas e manuseio, apresentam melhor qualidade com a capacidade de
2
O principal artesão na invenção do disco plano, nasceu em 1851 em Hanover, Alemanha. Cedo
imigrou para os EUA onde exerceu diversos trabalhos. Autodidata, instalou um pequeno laboratório
onde realizava suas experiências sobre o telefone inventado por Bell. Em 1883, após varias
pesquisas baseadas nos trabalhos de Martinville, Cros e Bell-Tainter, desenvolveu finalmente os
princípios da fonotipia que consistia no registro dos sons naturais na forma de modulação lateral
sobre um disco plano.
24
reprodução de um número maior de músicas e consequentemente oferecendo
melhor qualidade sonora (NASCIMENTO, 2007).
De acordo com Maia Jr (2010) os compact discs (CDs) surgiram ao final da
década de 1980 e início da década de 1990, essa invenção prometia maior
capacidade, durabilidade e clareza sonora, sem a apresentação de chiados, fazendo
os discos de vinil desaparecerem quase por completo no final do Século XX.
Diante de tal situação, finda-se a venda comercial dos discos de vinil, o que
causou descontentamento de alguns audiófilos que preferiam o vinil, alegando que
tal produto possuia um meio de armazenamento mais fiel que o CD.
Os discos de vinil foram produzidos em diferentes formatos, tais como: CD em
formato de disco de vinil. LP, Long Play (festadovinil.blogspot.com/.../conhecendoum-pouco-do-vinil.html).
Este disco de vinil apresentava-se no formato de 31 cm de diâmetro tocado a
33 1/3 rotações por minuto, possuindo uma capacidade normal de cerca de 20
minutos por lado. O formato LP era utilizado, usualmente, para a comercialização de
álbuns completos (festadovinil.blogspot.com/.../conhecendo-um-pouco-do-vinil.html).
O Extended Play3, apresentava-se na forma de disco medindo 17 cm de
diâmetro e era tocado a 45 rotações por minuto. Sua capacidade normal era de
cerca de 8 minutos por lado. O EP normalmente continha em torno de quatro faixas.
O Single4:, conhecido como compacto simples, apresentava no formato de
disco com 17 cm de diâmetro, tocado usualmente a 45 rotações por minuto. A sua
capacidade normal rodava os 4 minutos por lado. O single era geralmente
empregado para a divulgação das músicas de trabalho de um álbum completo a ser
3
Extended
Play,
EP:
abreviatura
do
inglês,
disponível
no
site
(festadovinil.blogspot.com/.../conhecendo-um-pouco-do-vinil.html).
4
Single abreviatura do inglês Single Play: (festadovinil.blogspot.com/.../conhecendo-um-pouco-dovinil.html).
25
posteriormente
lançado
(festadovinil.blogspot.com/.../conhecendo-um-pouco-do-
vinil.html).
E finalmente o Máxi5:, disco com formato de disco com 31 cm de diâmetro e
era tocado a 45 rotações por minuto, possui capacidade era de cerca de 12 minutos
por lado (festadovinil.blogspot.com/.../conhecendo-um-pouco-do-vinil.html).
Segundo Nascimento (2007) o primeiro disco gravado no Brasil, intitulado O
lundu Isto é Bom, de Xisto de Paula Bahia, primeira música gravada no país, na
interpretação do cantor, com gravação. no Rio de Janeiro no ano de 1902, pela
Casa Edison, de Frederico Figner, um checoslovaco de origem judaica que trouxe
dos Estados Unidos o gramofone de Berliner.
O Brasil foi o primeiro país do mundo responsável pela produção de um disco
com gravações de ambos os lados. Nos países da Europa e Estados Unidos, isso só
foi acontecer anos mais tarde (NASCIMENTO, 2007).
Os primeiros 50 anos de histórias das gravações são denominados de
período acústico mecânico, uma fase que não envolveu nenhuma interferência
eletrônica ou elétrica para produzir uma gravação e reprodução de discos
(NASCIMENTO, 2007).
O primeiro sistema capaz de gravar e reproduzir o som foi criado por Thomas
Alva Edison (1847-1931), que no final de 1877 desenhou e produziu em seu
laboratório em Menlo Park, Nova Jersey, um aparelho denominado phonograph.
Esse aparelho consistia num cone em cujo vértice era colocada uma membrana ou
diafragma com uma agulha no centro e um cilindro metálico revestido de estanho
ligado a uma manivela que, acionada manualmente, fazia o cilindro girar, com o
propósito de gravar ou reproduzir um som (NASCIMENTO, 2007).
5
Máxi: abreviatura do inglês Maxi Single
26
As vibrações sonoras captadas pelo cone e transmitidas para a membrana e
para a agulha eram inscritas nos sulcos em movimentos verticais. O lento
deslocamento lateral do cilindro fazia com que os sulcos fossem gravados numa
espiral. Invertendo-se o processo, dava-se a reprodução, isto é, colocando-se a
agulha no começo das espirais e girando-se o cilindro, as vibrações inscritas no
sulco eram captadas pela agulha que transmitia ao diafragma e ao cone, permitindo
assim a audição dos sons previamente gravados (NASCIMENTO, 2007).
O disco de vinil foi desenvolvido no início da década de 1950 para a
reprodução musical, que usava um material plástico chamado vinil, apresentava-se
em forma de bolacha confeccionado em material plástico, na cor negra, com
capacidade de registrar informações de áudio, as quais podem ser reproduzidas
através de um toca-discos (NASCIMENTO, 2007).
Este disco possui micro-sulcos em forma espiralada, os sulcos são
microscópicos e fazem a agulha vibrar, essa vibração é transformada em sinal
elétrico e por fim amplificado e transformado em som audível (música).que
conduzem a agulha do toca-discos da borda externa até o centro no sentido horário.
Trata-se de uma gravação analógica, mecânica (NASCIMENTO, 2007)..
O vinil é um tipo de plástico muito delicado e qualquer arranhão pode
comprometer a qualidade sonora. Os discos precisam constantemente ser limpos e
estar sempre livres de poeira, ser guardados sempre na posição vertical e dentro de
sua capa e envelope de proteção. A poeira é o pior inimigo do vinil, pois funciona
como um abrasivo, danificando tanto o disco com a agulha.
Do gramofone ao DVD - Nos mais de cem anos que nos separam da primeira
música gravada no Brasil, o sistema de gravação vem se aperfeiçoando. Os
27
primeiros discos evoluíram para os de 78 rpm (rotações por minuto), em que podiam
ser gravadas duas músicas de até 3 minutos cada.
Nascimento (2007) enumera dois para que se escolha a preferência entre
música ao vivo e música mecânica. São eles: o ponto de vista do público e o do
artista.
Tratando-se do lado do público, verifica-se a possibilidade de se gravar sons
num suporte material veio favorecer o acesso da imensa maioria à arte musical. O
que até fins do séc. XIX era privilégio de poucos, tornou-se uma arte popular. De
fato, é difícil imaginar uma casa onde não se encontre um disco com música
gravada.
Por outro lado, a facilidade com que o público tem acesso hoje ao trabalho de
seus artistas através dos CDs e DVDs impulsionou a afluência desse mesmo público
aos grandes shows e às pequenas apresentações ao vivo.
Em relação ao lado do artista, observa-se que a música gravada tem o
condão de possibilitar que o artista tenha seu trabalho conhecido por um número de
pessoas bem maior que o que ele atingiria apenas com apresentações ao vivo. Um
músico que tem CD gravado tem mais chances de divulgar sua arte do que outro
que ainda não gravou um material próprio.
De acordo com Nascimento (2007) gravar um CD não é muito caro, uma vez
gravada a matriz, a duplicação, em quantidades pequenas, é relativamente fácil e
barata. Isto atende aos anseios do artista local que se propõe atingir o público de
sua cidade e localidades vizinhas.
As dificuldades aumentam quando o músico passa a sonhar com uma
distribuição mais abrangente. O primeiro problema a enfrentar é o custo da produção
28
em quantidade. Superado esse obstáculo, vem o mais complexo: a cadeia de
distribuição e a divulgação.
A dicotomia é vã a tentativa de opor música ao vivo e música mecânica. São
lados de uma mesma moeda, aspectos da mesma realidade. Assim, a música
mecânica não pode ser vista como vilã do músico de bar, porque esse mesmo
músico sonha um dia gravar suas canções num CD e distribuí-lo ao maior número
de pessoas possível (NASCIMENTO, 2007).
3.2. ANALÓGICO VERSUS DIGITAL
Os discos de goma-laca de 78 rotações, foram substituídos pelo LP, com o
desuso destes, surgiu o CD, compact disk. Este produto teve ampla aceitação
devido sua praticidade, seu tamanho reduzido e som livre de ruídos. A propaganda
do CD previa o fim inevitável do LP, que é de manuseio difícil e delicado
(www.recriartmidias.com.br/historia_do_vinil.html)
Verifica-se que alguns conhecedores defendem a superioridade do vinil em
relação às mídias digitais em geral (CDs, DVDs e outros). O principal argumento
utilizado é o de que as gravações em meio digital cortam as freqüências sonoras
mais altas e baixas, eliminando harmônicos, ecos e batidas graves e naturalidade e
espacialidade do som. Estas diferenças, no entanto são pouco perceptíveis a
ouvidos destreinados.
Os defensores do som digital argumentam que a eliminação do ruído (o
grande problema do vinil) foi um grande avanço na fidelidade das gravações. Os
problemas mais graves encontrados com o CD no início também foram aos poucos
29
sendo solucionados. O sucessor do CD, o DVD-Audio, oferece fidelidade superior ao
CD, apesar de sua baixa penetração no mercado atual.
É notória e indiscutível a superioridade do compact disc sobre os
aparelhos analógicos, porém esses equipamentos de alta tecnologia,
grande precisão e incrível fragilidade têm uma duração muito menor
do que realmente gostaríamos. Enquanto os discos ópticos duram
décadas, o leitor poderá durar apenas algumas mil horas! É isso
mesmo, muitos destes, durante o uso, já apresentam problemas
muito antes de completar sua primeira milésima hora . Só para
esclarecer, uma unidade óptica era projetada, no início, para durar
até 10.000 horas. Infelizmente, na prática, pelo mau uso e com a
queda de qualidade da produção, estas unidades duram entre 3.000
e 5.000 horas, com otimismo. (KISZWSKI, 2005, p.2)
Até hoje se fabricam LPs e toca-discos, que ainda são objetos de relíquia e
estima para audiófilos e entusiastas de música antiga.
Verifica-se que questão do Vinil versus CD tem sido palco de muitos
e acalorados debates, principalmente na internet, onde existem
várias publicações sobre o tema. Contudo, notam-se defeitos muito
graves na abordagem de um tema que é um misto de científico e
sociológico, sendo o principal deles a falta de uma pesquisa profunda
e fundamentada. Primeiro, a começar pelo termo incorreto
"digitalização", que só é mencionado no Brasil, o termo correto e
usado no resto do mundo é numerização. Numa visão inicial, já
dizemos de saída: O Disco de Vinil é a primeira cópia exata do som
real. O Disco Digital é a segunda cópia inexata do som real. Não
existe som real digital: Originalmente, ele é analógico. E a questão
da exatidão e da inexatidão é matemática (CUTRIM, 2010, p. 1).
Pode-se observar no decorrer deste estudo que existem outras diferenças
que marcam um e outro, conforme afirma Cutrim (2010). Para este conhecedor,
partindo-se do ponto de vista técnico-científico, verifica-se o problema do
sampleamento para o digital.
Cutrim (2010) afirma que esta sintetização é feita de forma imperfeita, visto
que o sinal analógico é especializado e é um espelho do som real do que a banda
tocou; o sinal digitalizado ou numerizado é simples, é uma amostra, nem cópia pode
30
ser chamado já que cópia deve ser matematicamente fiel; trata-se de uma
semelhança do sinal, não um espelho do sinal elétrico real.
Para Cutrim (2010) no CD o método é muito menos complexo, chamado de
eletrônico-óptico-digital; já no vinil o método é denominado eletrofísico6; falam que o
analógico colore o som (disfarça as imperfeições); o digital purifica o som, é certo,
mas sacrifica a especialização do sinal; isso aparece com alguma percepção de seu
ouvido na péssima definição dos agudos altos; o vinil tem uma largura de banda útil
teoricamente infinita em Khz, pois não há um limite teórico para inserir-se sons em
um sulco. Enquanto isso, o CD tem uma largura de banda útil 22.05 Khz e o SACD e
concorrentes, em torno de 180 Khz, embora na maioria dos tocadores de discos
digitais essa banda seja limitada em 50 Khz, 75 Khz e 90 Khz pela dificuldade de
determinados amplificadores reproduzirem essa banda de freqüências, de 180 Khz.
A relação sinal-ruído (Noise Floor) do LP é melhor que a do CD acima de 500 hertz:
O Vinil tem uma relação sinal-ruído, abaixo dos 500 hz de -50dB. Acima disso,
ganha do CD:
Segundo Joaquim Manuel Cutrim (2010) a pesquisadora Christine Tam,
afirma que a relação aumenta para -96dB, enquanto a do CD fica em -88dB sinalruído. Nesse quesito, o CD só é melhor nas zonas de silêncio, onde o vinil volta aos
-50dB e o CD mantém -88dB. No entanto, o Vinil conta com o bônus de possuir sons
ultrassônicos no momento da reprodução do som, portados por transientes.
O CD pretende uma fidelidade de aparência por semelhança; o vinil é
fidelidade de essência, pois o sinal é matematicamente perfeito. No
CD há um exemplo do sinal, uma semelhança da realidade, que não
se pode chamar de cópia, pois a cópia é "Algo quase igual",
enquanto o semelhante é apenas "parecido". No sulco do vinil, há um
espelho do sinal elétrico, que por sua vez, é um espelho do som real,
O vinil é uma grande palheta - seus sulcos tocam a agulha como quem toca o captador de
uma guitarra.
6
31
é matematicamente perfeito em seu sinal, como já afirmei. E
finalmente, na vida, não existe o silêncio absoluto: O silêncio
absoluto só existe no CD (!), razão porque o LP se assemelha ainda
mais nesse ponto à realidade do som. Uma orquestra sinfônica ou
uma banda, não tocam só para você: Tocam para uma platéia, e há
ruídos, que, nem por isso, prejudicam a fidelidade do som (CUTRIM,
2010, p. 25).
Kötz (2010) relata que a indústria musical anda um pouco conturbada nos
últimos tempos. O mercado fonográfico, que começou vendendo discos de vinil,
partiu para a fita cassete, que era menor e mais fácil de guardar, em seguida lançou
o Compact Disc, o famoso CD, e, num pulo tecnológico, passou para o mp3. O
formato, que veio acompanhado pelos downloads ilegais, fez com que algumas
bandas encarassem a realidade e passassem a disponibilizar seu material em sites
para downloads.
Segundo um levantamento feito pela Nielsen Soundscan, o mercado musical
nos Estados Unidos e Canadá caiu 14% nas vendas de 2009, um dado bastante
previsível. A novidade é que a produção dos discos de vinil aumentou em 89% de
2008 para 2009, enquanto algumas pessoas deixaram o famoso bolachão para trás,
nomes como U2, Radiohead, Oasis, Bob Dylan e brasileiros como Lenine, Los
Hermanos e Fernanda Takai lançam seus novos trabalhos em disco de vinil (KÖTZ,
2010).
Para Brain (2010) enquanto CDs e DVDs utilizam a tecnologia digital para suas
gravações, o disco de vinil utiliza o método analógico para captar os sons. O áudio
original é analógico por definição. A gravação digital captura dados do sinal
analógico numa determinada velocidade e mede cada dado com determinada
precisão. Ou seja, uma gravação digital não captura o áudio em sua totalidade. Ao
invés disso, aproxima o resultado final ao máximo que pode do original.
32
Segundo os seus entusiastas, os discos de vinil possuem detalhes musicais que
refletem as ondas do áudio original. Assim, nenhuma informação é perdida, como
acontece na gravação feita digitalmente. Portanto, as ondas sonoras de um disco de
vinil podem ser mais precisas, o que atrai colecionadores e profissionais do mundo
da música (BRAIN, 2010).
No Brasil, somente uma empresa fabrica o LP: a Polysom, na segunda metade
de 2008, devido ao volumoso crescimento na venda de vinis nos Estados Unidos e
na Europa, resolveram reativar a empresa. Em setembro do mesmo ano,
começaram as atividades e a empresa voltou com força total ( BRAIN, 2010).
Muitos cantores voltaram a gravar em disco de vinil, conforme pode-se constatar
com a fala seguinte:
Não que eu ache o som do vinil melhor do que o CD, mas o ritual de
se ouvir música com outro tempo de contemplação parecia mais
completo. Eu me deitava no sofá de casa pra simplesmente degustar
um álbum por inteiro. E isso era na época do vinil. Ou eu tinha mais
tempo. Ou era mais jovem. Ou tudo isso junto (FERNANDA TAKAI7).
Nota-se que a diferença básica entre vinil e cd está no material, e
principalmente no fato do vinil ser analógico e o CD ser digital.
Segundo Speaker Brothers (2010) o som analógico do vinil se deve ao fato de
que todas as ondas e frequências da música estão impressas fisicamente no disco,
como uma espécie de alto relevo, sendo assim, com o atrito da agulha lêem-se as
frequências e o som é emitido, por outro lado o CD, por ser um som digital, tem seus
dados guardados em forma de código binário (zeros e ums) e sua curva dinâmica é
de 44100 amostragens por segundo, que é bem aproximado do som original, porém
7
Fernanda Barbosa Takai (Serra do Navio, 25 de agosto de 1971) é uma musicista e
cronista brasileira. Embora ainda vocalista da banda mineira Pato Fu, Fernanda lançou-se
em 2007 uma carreira solo com boa repercussão. Além de cantar, Fernanda toca guitarra,
violão e compõe para a banda.
33
não exatamente. É essa pequena perda que faz muitos conservadores ainda
militarem pelo vinil. Em testes de computador a diferença é realmente muito
pequena.
Na opinião deste aluno, a desvantagem do vinil em relação ao cd está no
preço, na variedade, no espaço que ocupa e na manutenção, pois vinil acumula
poeira e poeira é muito ruim pra eles pois é abrasivo, mas acredito que ambos tem
suas vantagens e desvantagens, cabe a cada um escolher sua forma de trabalhar.
3.3. O PAPEL DA INDÚSTRIA FONOGRAFIA NA ATUALIDADE
O processo de produção em estúdio sofreu diversas modificações ao longo da
história da indústria fonográfica, estando intimamente ligado ao desenvolvimento das
tecnologias de produção e reprodução do som. Inicialmente, este processo consistia
no mero registro de uma performance. As possibilidades de manipulação do material
gravado praticamente não existiam e o resultado final dependia, em última análise,
da capacidade dos músicos e cantores de realizar uma boa performance (
MACEDO, 2008).
Com o surgimento da fita magnética, o processo de gravação
foi se tornando cada vez mais dependente de operações
realizadas após o registro do som. Em primeiro lugar, permitiu
que se fizessem edições de gravações realizadas em
diferentes momentos, selecionando os melhores trechos de
cada take8, para montar a versão definitiva. O próximo passo
foi dado pelo surgimento do overdub – ou overdubbing –,
técnica que possibilita gravar um novo material, ao mesmo
tempo que se ouve (sem apagar) o material já gravado
(RATTON, 2004, p. 108).
8
Gravação completa de uma música ou de uma parte de uma música. Equivale à tomada
de uma cena de um filme (OLIVEIRA In. BURGESS, 2002, p. 3 - N. do T.).
34
Logo em seguida surgiram vieram os gravadores multipistas, ou multitrack9,
que permitiam que cada instrumento fosse gravado independentemente. Esta
técnica oferecia uma grande flexibilidade ao processo de produção, possibilitando
que várias decisões, antes tomadas durante a gravação, pudessem ser adiadas para
outras fases do processo: a edição, a mixagem e a masterização.
Para Macedo (2008) a produção atualmente em estúdio se dá através de
cinco
fases
bem
definidas:
pré-produção,
gravação,
edição,
mixagem
e
masterização, realizadas através do trabalho conjunto de uma equipe de
profissionais, produtores, cantores, instrumentistas, arranjadores, técnicos e
engenheiros de som.
Bahia (1988) diz que um estúdio precisa ter os equipamentos, o ambiente e o
técnico adequados à realização do projeto ou de uma de suas fases. Projetos de
música eletrônica, de música pop, de rock, de jazz ou de música erudita necessitam
de equipamentos e salas diferenciadas. Além disso, para um mesmo projeto podem
ser utilizados vários estúdios diferentes.
O processo de produção musical em estúdio se desenvolveu, por um lado,
intimamente associado ao desenvolvimento das tecnologias de produção musical e,
por outro lado, ao próprio desenvolvimento geral da música, de seus estilos, de suas
concepções e de seus ideais estéticos. Se inicialmente a produção em estúdio se
restringia ao registro de uma performance, hoje existem vários procedimentos
técnicos e musicais que podem ser utilizados para se chegar ao resultado sonoro
desejado, técnicas diversas a serem empregadas em função dos objetivos musicais
e das concepções estéticas que se tem em mente. Desse modo, não podemos falar
que existe um processo, ou uma técnica de produção adotada universalmente pela
9
Gravador que pode gravar e reproduzir mais do que duas pistas (tracks) de áudio,
simultânea e independentemente” (RATTON, 2004, p. 101),
35
indústria fonográfica, mas, sim, que existem procedimentos técnicos e rotinas de
produção diversos, cuja utilização deve ser avaliada a partir dos objetivos musicais
que se tem em mente.
Nas palavras de Burgess:
Não existe uma forma correta ou incorreta de fazer discos. Existe,
sim, uma forma apropriada e uma forma inapropriada de fazer um
disco específico. A sonoridade e a atitude da produção precisa
combinar com a sonoridade e a atitude da música. O princípio geral
afirma que a produção deveria estar totalmente coerente com o estilo
do artista e o conteúdo da música e das letras (BURGESS, 2002, p.
97).
Verificou-se que, o século XX testemunhou o processo de internacionalização
da indústria fonográfica, que teve seu início antes mesmo da incorporação de
empresas brasileiras pelas gravadoras multinacionais, que culminou na formação de
grandes grupos de mídia, representando uma convergência típica da chamada
globalização da economia.
Contudo, somente a interação desta tecnologia em
constante desenvolvimento com a produção intelectual de conteúdos populares, em
um setor que foi se auto-regulamentando através da criação de diversas instituições,
é que resultou nesta estrutura de mercado como observa-se atualmente, onde o
controle dos canais de distribuição se mostra tão importante quanto à própria
produção musical (SILVA, 2001).
Neste início de milênio as questões de maior relevância no estudo da
comunicação social se posicionam no campo dos enfrentamentos que a indústria
cultural deve empreender no sentido de recuperar o espaço perdido para a produção
independente, graças à democratização dos meios eletrônicos e da Internet; fatores
que também resultaram no incremento da pirataria que, esta sim, gera prejuízo
financeiro significativo aos grupos de mídia onde se encontram as maiores
empresas produtoras de música gravada.
36
Em 2007, de acordo com uma pesquisa da Nielsen SoundScan - instituição
que monitora a movimentação da indústria fonográfica, cerca de um milhão de LPs
foram comprados, contra 858 mil em 2006. Baseado nas vendas de 2008 até agora,
esse número pode subir para 1,6 milhão até o fim do ano. Enquanto isso, segundo a
Associação da Indústria Fonográfica da América, o consumo do CD caiu 17,5%
durante o mesmo período. As vendas de toca-discos - que despencaram de 1,8
milhões em 1989 para parcos 275 mil em 2006, de acordo com Associação de
Consumo de Eletrônicos sofreram uma reviravolta no ano passado, quando quase
meio milhão foram vendidos.
Eu não acho o som do vinil melhor. Isso é científico: o som do vinil é
muito melhor. A transformação de sons análogos em digitais
comprovadamente inibe harmônicos importantes. As diferenças mais
sentidas dizem respeito à profundidade do som. No CD, tudo fica
chapado. Porém, essa diferença não justificaria abandonar o CD e
voltar aos vinis. Há ouvintes para os dois (SCHOTT, 2008 em
entrevista com JOÃO AUGUSTO, Diretor da Deckdisc )
Acredita-se que as empresas da indústria fonográfica devem se conscientizar
que precisam mudar a forma de competir nesse novo mercado fonográfico. É
interessante notar que este mercado está mais democrático: a existência de
softwares para gravação de discos em estúdios caseiros, a redução do custo das
tecnologias e equipamentos de gravação e a facilidade de transmissão via internet,
têm fornecido autonomia aos artistas e reduzido o poder de barganha das
gravadoras. Embora esse seja um processo ainda iniciante, parece ser de difícil
reversão. Esse fato torna ainda mais clara a necessidade de as gravadoras
repensarem a forma de competir nesse setor.
37
4 METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa e campo de natureza exploratória
4.1 Local
Esta pesquisa foi realizada em uma Radio no município de Paraguaçu
Paulista , interior Paulista.
4.2 Amostra
A pesquisa será realizada com 4 profissionais de rádio com experiência de 30
anos na profissão.
4.3 Critérios para Exclusão da Amostra
Não fizeram parte da amostra sujeitos que não trabalharam com discos de
vinis.
4.4 Material
Utilizou-se-se um questionário contendo 5 perguntas que foram respondidas
de forma aberta
4.5 Procedimento
Marcou-se horário com cada profissional, explicou-se o objetivo da pesquisa e
gravou-se a conversa para melhor análise dos dados. (ANEXO I).
38
5 RESULTADOS
Verificou-se que os sujeitos da pesquisa tinham informações de que o disco
de vinil está voltando para o mercado, no entanto, não acreditam em seu sucesso,
tendo em vista, que podem adquiri-los em sebos por um preço mais acessível.
Relatam que a qualidade era muito boa.
Continuo comprando vinis, sempre valorizei muito a música, mesmo
com esta tecnologia não abro mão de meus discos. Tenho
aproximadamente 250 (duzentos e cinquenta) Lps e mandei gravar
tudo em cd. Ganho bastante vinis de presente porque sabem que
gosto (J.A, colecionador de vinis há mais há cinqüenta anos).
Os sujeitos da pesquisa, não sabem opinar se com a volta do disco de vinil
haverá demanda de mercado.
Acho que é difícil o disco de vinil voltar a ser vendido no mercado,
mas será bom para combater a pirataria. Sou a favor da evolução da
tecnologia, mas gostaria que voltasse o disco de vinil (S.A.DIAS, 71
ANOS, colecionador de vinis há mais de trinta anos).
Em relação à qualidade dos discos de vinis, é unanimidade dizerem que tanto
um como outro mantêm a mesma qualidade desde que não estejam riscados. Não
observam diferença, outros ainda acham a qualidade do vinil superior.
O áudio do CD é tonalmente desequilibrado. Existe um
evidenciamento maior dos médios e agudos em relação aos tons
mais graves, que desaparecem. Já no caso do LP, existe harmonia
entre os tons. Os médios são mais discretos, recobertos de graves
aveludados”, analisa Joaquim. Ele destaca também que o vinil é um
produto complexo, misto de fotografia, música e texto. “Você
dificilmente tem esse diferencial em um CD, com aquele
encartezinho de letras minúsculas e fotos pequenas.
Os sujeitos da pesquisa acreditam que seja fácil encontrar equipamento para
tocar os discos de vinis caso voltem ao mercado, pois a grande maioria dos
colecionadores já possui o aparelho.
39
Pode-se concluir diante da opinião dos entrevistados que acham boa a volta
dos LP’s, no entanto, pelo que constatou-se já adaptaram à nova mídia. Prova disso,
que apesar de possuírem os vinis, gravam-nos em compact disk e salientam que
são a favor da evolução da tecnologia.
Pesquisas mostram no final da década de 90 o surge o MP3, com isso diminui
a venda dos CDs. Recentemente sites de venda de música em MP3 estão
crescendo e com isso a comercialização de discos cai ainda mais, mas no meio
desta guerra o vinil apresenta uma subida recorde nas vendas ( Disponível no site:
http://www.pipocadebits.com/2009/01/vendas-de-discos-de-vinil-batemrecorde.html).
Segundo uma pesquisa realizada pela Nielsen SoundScan, que monitora a
venda de música desde 1991, a venda de LPs chegou ao seu nível mais alto desde
que teve início o registro. Entre os anos de 2006 e 2007 as vendas subiram 14% e
chegaram a 1,8 milhões de unidades em 2008. Neste mesmo período os CDs
amargaram uma queda de 553 milhões de unidades para 360 milhões em 2008.
Fraga (2009) diz que o armazenamento de músicas em arquivos digitais já
existia desde a década de 80, mas foi somente a partir da criação do formato
MPEG-1 Layer 3, o MP3, que se tornou possível a gravação de músicas em
arquivos menores e mais facilmente manipulados. O MP3 é um padrão internacional
de digitalização de áudio que permite a compressão de sons em até 1/12 do
tamanho
de
outros
formatos,
como
o WAV,
guardando
suas
principais
características em uma qualidade próxima a um compact disc. Mais ou menos na
época da popularização da MP3, a internet se tornou popular no Brasil, com o
surgimento dos primeiros provedores de acesso comercial o que possibilitou a troca
desses arquivos pela rede.
40
Verifica-se diante de pesquisas de mercado que os sites de venda de música
em MP3 (como o ITunes10) estão crescendo muito e a opção de escolher que
músicas de um álbum comprar é muito mais atrativa do que adquirir um CD inteiro.
Incrivelmente quem está dando suporte a esta volta do vinil não são os mais
velhos, que já conheciam o formato, mas sim jovens entre 13 e 24 anos. Uma
geração que cresceu ouvindo a música em formato digital agora abre os horizontes
para um som com mais qualidade.
Ao iniciar esta pesquisa tinha-se a idéia que as pessoas mais velhas veriam a
volta do disco de vinil com grande expectativa, mas conforme constatado, para eles
é indiferente desde que consigam adquirir seus discos, por meio de presente ou
aquisição em sebos.
Diante disso, concorda-se que o aumento da venda dos LPs deu por conta
dos jovens que estão redescobrindo a mídia, entretanto, como dito anteriormente,
existem aqueles que valorizam a música e o disco de vinil, como existem aqueles
que é indiferente desde que exista a música.
O CD já é passado. Talvez ninguém no futuro precise baixar nada.
As músicas e filmes e textos vão estar facilmente disponíveis via
sistemas de transmissão sem fio em qualquer lugar. E talvez
ninguém se interesse mais por música como conhecemos hoje, e sim
por jogos sonoros, onde todos participarão de remixagens eternas do
que até hoje já foi produzido (SÁ, 2006, p. 1).
10
Íon iTTUSB é uma vitrola com porta USB que permite que você passe as músicas dos LPs
para CDs ou direto para MP3. Para operar o aparelho, basta usar o CD de instalação,
conectar o toca-discos a uma porta USB e usar o programa que acompanha o produto. Ele é
compatível com Mac e PC. É possível até configurar a velocidade de rotação, então até os
mais antigos singles podem ser convertidos. Ele está à venda por US$ 110. Fonte:
http://www.onne.com.br/modules.php?name=browse&mode=page&cntid=4548.
41
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A única fábrica de LPs da América Latina, localizada em Belford Roxo, no Rio
de Janeiro, ficou desativada até ser comprada pelo presidente da Deckdisc, no início
deste ano. Prestes a voltar a funcionar, a empresa não tem vínculos com a
gravadora e deve produzir 40 mil peças por mês. Verificou-se que não se fabrica
mais maquinário para prensar discos de vinil, todo o equipamento da Polysom é
reaproveitado. Tudo será recuperado desde a mesa de corte até as prensas. A
empresa vai vender o produto semi-acabado e tentará competir com o mercado
nacional e internacional.
Caberá às gravadoras colocar a capa, embalar e vender. mercado com a
intenção O disco de vinil faz parte da cultura brasileira, pois sempre foi usado e
existem muitos colecionadores.
O disco de vinil é uma mídia desenvolvida no início da década de 50. A partir
do final dos anos 80 e início dos 90, a invenção dos CDs trouxe maior capacidade,
durabilidade e clareza sonora, sob alguns pontos de vista, fazendo com que os
discos de vinil fossem esquecidos e desaparecessem do mercado quase por
completo.
No Brasil, os discos foram produzidos em escala comercial até 1996. Mas, até
hoje, milhares de audiófilos ainda preferem o vinil. Para esses, o armazenamento da
música é mais fiel ao som original, proporcionando, por exemplo, uma melhor .
Hoje, os Long Plays (LPs) estão atraindo bem mais as pessoas que não
viveram a época dos bolachões do que a velha guarda. Apesar de conservar fiéis
colecionadores, formato, encartes, cores, áudio diferenciado e aura antiga estão
chamando a atenção dos mais jovens. Várias bandas tem investindo na volta dos
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vinis. Eles são como quadros, apesar de não ter encarte e a maioria dos que são
comprados em sebos já não possuir a página que trazia as letras das músicas.
Com este trabalho, conclui-se que a qualidade do som dos discos de vinil não
é o único atrativo, verifica-se muitas pessoas, colecionam por hobby, mesmo
reconhecendo a praticidade de CD e do MP3, a relação com os discos de vinil é
diferente
Atualmente, verifica-se que o vinil tem conquistado a cada dia um número
maior de adeptos, quem vivenciou os anos de grande popularidade dos LPs também
possui motivos para querer que eles voltem.
O que pode-se notar no decorrer do trabalho que não existe uma vantagem
prática para o retorno do disco de vinil, mas tem um significado afetivo.
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7. FONTES
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9. ANEXOS
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9. ANEXO A – ROTEIRO DA ENTREVISTA
1- Há quanto tempo o senhor trabalha em Rádio?
2 - Sabe que o disco de vinil está voltando para o mercado?
3 - Acredita que o disco de vinil terá sucesso em sua volta ao mercado?
4 - Com o retorno do disco acredita que será fácil adquirir o aparelho para
tocar?
5 - Acha que o disco de vinil apresenta melhor qualidade que o compact disk?
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9. ANEXO B – ENTREVISTA COM OS LOCUTORES
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