macroglossia

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CEFAC
Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica
Motricidade Oral
MACROGLOSSIA
Aleksandra Holanda Pinho de Souza
Fortaleza
1999
CEFAC
Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica
Motricidade Oral
MACROGLOSSIA
Aleksandra Holanda Pinho de Souza
Monografia apresentada ao Centro de
Especialização em Fonoaudiologia Clínica Motricidade oral, como requisito para o
título de especialista.
Orientadora: Mirian Goldemberg
Fortaleza
1999
RESUMO
O
objetivo
deste
estudo
é
aprofundar
o
conhecimento
fonoaudiológico sobre a macroglossia.
Tem-se
como
foco
principal
a
conceituação,
causas,
conseqüências e o tratamento da macroglossia por diferentes profissionais.
Existe uma série de divergências sobre o tratamento, alguns
profissionais sugerem cirurgia e outros tratamentos.
Este trabalho pretende dar uma contribuição para profissionais da
saúde e familiares de pacientes, visto que este é um problema freqüente e muito
pouco estudado.
SYNTHESIS
The objective of this study is to make deeper the knowledge
phonoaudiológico about Tonge Enlargement (Macroglossia).
the main focus are concept, causes and consequences and
macroglossia treatment by different professionals.
There are a lof of duergences about treatment; some suggest
surgery and o thers treatment.
This paper intend to give a contribution to health professionals. This
problem is so frequent and hardly studied.
Dedico este trabalho ao meu esposo
Djanilson, ao meu filho Gabriel e aos meus
pais
Sebastião
e
Lucimar
pela
compreensão, carinho e paciência nos
difíceis momentos da realização deste
trabalho.
AGRADECIMENTO
Agradeço a DEUS pela conclusão deste trabalho.
à minha orientadora Mirian Goldemberg pela sua contribuição
para desenvolvimento desta pesquisa.
à Aldeiza Maria Pereira pela orientação pedagógica do trabalho.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
07
CONCEITO
09
CAUSAS
11
CAUSAS DO ALARGAMENTO DA LÍNGUA (macroglossia)
21
CONSEQÜÊNCIAS
23
TRATAMENTO
25
CONSIDERAÇÕES FINAIS
28
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
29
INTRODUÇÃO
Durante muito tempo, considerou-se a língua como indicador de
enfermidades generalizadas, assim, este órgão está exposto às influências do
desenvolvimento temático, químico, infeccioso e neoplásico. Uma das conseqüências
dessas manifestações clínicas é a Macroglossia aumento excessivo da língua.
Cabe ressaltar que os lactentes podem apresentar a língua
proporcinalmente maior que as demais estruturas bucais, macroglossia fisiológica, e à
7
medida em que o neonato se desenvolve, os ógãos bucais vão se recuperando
gradualmente sem crescimento e a língua parecerá normal de tamanho.
Observa-se a partir de sessões com pacientes portadores de
mongolismo ou síndrome de Down a preocupação dos pais com o problema mais
relacionado com a parte estética da macroglossia, esquecendo de outras
características mais graves da síndrome. Partindo deste aspecto, decidiu-se
desenvolver estudos relacionados com a macroglossia.
Dessa forma, busca-se nesta pesquisa abordar a macroglossia,
que acomete uma quantidade considerável de neonatos e adultos, enfatizando
conceitos, suas causas, consequências acarretadas e o tratamento adequado
Para realização deste trabalho, fez-se estudo bibliográfico, onde
foram coletados dados referentes ao objeto de estudo.
Em virtude dos fatos mencionados anteriormente, a presente
pesquisa encontra-se sistematizada da seguinte forma:
Através deste trabalho, faz-se uma discussão teórica sobre os
conceitos, causas e conseqüências e tratamento adequado para cada patologia.
Espera-se a partir desta pesquisa, um estudo mais abrangente
sobre cada caso, visando contribuir com informações que possam auxiliar outros
profissionais na área da fonoaudiologia.
8
9
CONCEITO
Macroglossia ou ainda glossosporos são termos utilizados para
designar o aumento de volume da língua como um todo, maior que o normal,
observando-se com maior freqüência do que nas aglossias (ausência completa da
língua) e microglossia (língua pequena).
Pode-se conceituar a macroglossia a partir de alguns autores:
Para TOMMASI (1989), a macroglossia é o “aumento da língua
decorrente de um crescimento muscular exagerado, sendo uma condição congênita,
pode estar associado a diversos distúrbios hipertróficos generalizados ou regionais”.
Já RALPH e MACDONALD (1976) falam que macroglossia é uma
língua maior que a normal1, pode ser uma situação congênita ou secundária2.
Há uma relação entre a concepção anterior sobre a macroglossia
com a de PERSAUD, (1994): “Língua excessivamente grande não é comum é
resultado de uma hipertrofia generalizada. Em geral estes casos são decorrência de
linfogioma ou de hipertrofia muscular”.
Em síntese, Macroglossia é um termo não - específico, referindose somente à presença de uma língua alargada, podendo ser por uma hipertrofia
muscular congênita ou tumoral, dando um distúrbio no desenvolvimento da língua.
Segundo PERELLÓ (1995) “a língua pode estar exageradamente
aumentada de tamanho, fundamentalmente por duas razões ou porque se instaurou
um processo patológico intrínseco na musculatura lingual, como um processo
1
Na congênita, a criança nasce com a macroglossia e se torna notória com seu desenvolvimento. Esta forma de
macroglossia é devido a um desenvolvimento exagerado da musculatura lingual. RALPH e MCDONALD, 1976
10
tumoral ou por um processo infeccioso - inflamatório (glote)”. Dentre os processos
tumorais,
as
entidades
mais
freqüentemente
responsáveis
por
formar
as
macroglossias são os hemangiomas ou linfongiomas que aparecem em tenra idade.
2
Macroglossia secundária (adquirida) é devido ao relaxamento da musculatura lingual, qualquer que seja sua base
etiológica Waldo, 1965.
11
CAUSAS
Macroglossia não é uma doença única, mas uma figura clínica que
pode ser causada por uma variedade de fatores.
Segundo alguns autores, eles descrevem que a causa da
macroglossia podem ser primária, congênita ou secundária.
Para SHAFER, HINE, LEVY (1987), a macroglossia pode ser
secundária em consequência de um tumor da língua e congênita devido ao
desenvolvimento excessivo da musculatura que pode ou não estar associada à
hipertrofia muscular generalizada ou a hipertrofia unilateral.
Já NELSON (1965), acredita que uma verdadeira hipertrofia da
língua é bastante rara. Pode ser congênita em forma de linfangioma ou hipertrofia
muscular e a língua alcança o tamanho que seja possível retê-la na boca, resultando
dificuldade na lactência e mais adiante na fala.
BERESFORD 1981, define e dá como causa principal da
macroglossia um linfangioma.
DECHAUME 1969 mostra que a causa é obscura; pode ter
origem linfático linfangioma congênito ou origem muscular, hipertrofia muscular, com
mais freqüência são os que se reconhece tardiamente quando a conseqüência são
acidentes inflamatórios no momento da dentição, a língua aumenta de volume, então
pode sair a cada instante da boca. Depois tudo volta à normalidade.
12
Segundo os autores citados, são unânimes em afirmar que a
macroglossia é de origem congênita, devido ao desenvolvimento excessivo da
musculatura e a secundária a um tumor na língua.
Para NELSON (1965) é rara uma verdadeira hipertrofia muscular.
Já MCDONALD (1976) “a macroglossia pode ser uma situação
congênita ou secundária. Na macroglossia congênita a criança nasce com a
malformação e se torna mais notória com o seu desenvolvimento. Esta forma de
macroglossia é devido a um desenvolvimento exagerado da musculatura lingual”.
A macroglossia pode também ser normal ou fisiológica como
observa-se, às vezes, ao nascer que a língua da criança normal é proporcionalmente
maior que as demais estruturas da boca, provocando ligeira saliência. Entretanto com
o decorrer do crescimento, as outras estruturas bucais desenvolvem-se numa
velocidade tal que a língua parecerá com seu tamanho normal. Em alguns casos, a
macroglossia está presente ao nascimento, usualmente progredindo e mantendo o
volume e aumentando principalmente nos 3 primeiros anos de vida. A macroglossia
transitória tem as mesmas causas que qualquer outra inchação. Uma picada de inseto
não é comum, mas pode levar a inchações e desconfortos. Pacientes com edemas de
qualquer causa (insuficiência cardíaca e renal), alergias a comidas, reações de
medicamentos, fendas na língua, pessoas com sangramento desordenados devido a
hematomas, podem causar o alargamento da língua (macroglossia).
Para
BURKET,
CASTIGLIANO
(1954),
“a
macroglossia
verdadeira é sintoma comum de cretinismo e mongolismo; é a macroglossia
adquirida em pacientes com amiloidose generalizado”.
TOMMASI (1989), cita que as causas da macroglossia ou
glossosporose, edema, indentações nas bordas e ulcerações da língua que formam o
grupo de achados constantes nos estados agudos de pelagra, anemia perniciosa,
13
glossite pelagrosa, as bordas e a ponta da língua estão edemanciados e
avermelhadas e com o tempo o edema aumenta e a alteração de cor se torna mais
intensa. Mais tarde, aparecem ulcerações profundas nas bordas, e raras vezes, no
dorso da língua.
Segundo PERELLÓ (1998) são raros os casos de macroglossia
sem o acompanhamento de outras enfermidades mentais e endócrinas.
Muitos desses casos mencionados pelos autores acima são
caracterizados por macroglossia; os pacientes geralmente têm muito mais sintomas
característicos das doenças que a macroglossia quase nunca é a queixa principal.
Também ficou claro que também tem casos que devem ser
excluídos, quando o paciente reclama de um alargamento crônico ou língua inchada.
O desenvolvimento diferencial vai depender da patologia que
causa o alargamento da língua que é muito diferente em adultos quando comparado
com o das crianças. Para um melhor diagnóstico e uma melhor compreensão é
necessário mostrar algumas patologias que têm como causa ou sintomas a
macroglossia.
ACROMEGALIA - É a superprodução dos hormônios das
alterações mais importantes induzida pela hiperatividade da glândula hipofisária
anterior ou um dos seus órgãos brancos.
Se houver hiperplasia do lóbulo da hipófise anterior estimula a
produção excessiva do hormônio do crescimento antes dos 6 anos e produzirá
gigantismo hipofisário. Se a fase de crescimento está assim, denomina-se Síndrome
de Acromegalia (FINN, 1976).
14
• Ocorrem nos casos de hiperpituitarismo no adulto, no qual o aumento da língua
também é um achado comum e ocorre provavelmente em conseqüência do
relaxamento muscular concomitante com o crescimento da mandíbula.
• PELAGRA - Doença ocasionada pela carência de ácido nicotínico (também
chamado vitamina G ou PP), caracterizada por eritema, perturbações digestivas
nervosas mentais.
• MIXEDEMA JUVENIL - Surge antes da puberdade em crianças normais, os
sintomas são variáveis conforme o grau de doença. Fácies típico, estatura reduzida,
pele seca, metabolismo baixo, erupção dentária retardada, dentes imperfeitos,
maxilares deformados.
• MIXEDEMA ADULTO - Pode ser conseqüência da excisão cirúrgica ou da atrofia
primária da glândula tireóide ou surgir em decorrência de uma hipofunção do lobo
anterior da hipófise.
• HÉRNIA DO CORDÃO UMBILICAL OU HÉRNIA UMBILICAL - A hérnia do cordão
umbilical é uma lesão rara. Neste caso, o cordão permanece aberto. A hérnia
umbilical deve ser considerada como uma malformação. Em casos de hérnia de
tamanho considerável, podemos encontrar em seu interior o intestino e, em grande
parte, as vísceras abdominais (BERKENFELD, 1930). São mais comuns em
gêmeos univitelinos.
Entre outras malformações destacáveis, a macroglossia em um
dos irmãos; possibilidade de se tratar de um rara síndrome (LEHMANN, 1975).
• INTERPOSIÇÃO DE LÍNGUA - É a pressão contínua da língua sobre os dentes,
particularmente na região anterior. Ao invés de postar-se o dorso da língua contra o
15
palato e sua extremidade anterior aos dentes superiores durante a deglutição, a
língua é empurrada contra os dentes antero-inferiores que, além de migrarem,
lateralizam-se.
RAY e SANTOS (1970) dividiram o paciente com interposição da
língua em dois grupos:
1. Aqueles nos quais o hábito de interposição faz parte de uma
síndrome, incluindo um palato hipossensível, é macroglossia.
2. Aqueles nos quais o hábito é adquirido na infância ou na vida
adulta.
• GLOSSITE MEDIANA RÔMBICA - Manifesta-se clinicamente como uma área
avermelhada, mamilonada ou plana, na região da boca, em especial na mucosa
jugal e língua.
• HEMANGIOMA - Neoplasia caracterizada pela proliferação de vasos, que se
apresentam de início como brotos endoteliais e posteriormente formam capilares ou
espaços maiores denominados cavernosos. Os hemangiomas são mais freqüentes
no sexo feminino e comprometem comumente os lábios, mucosa jugal e palato.
• HEMANGIOMA JUVENIL - É um tumor da infância e, nas regiões bucais, ocorre
com maior freqüência nas glândulas parótidas e submandibulares ou nos lábios. Os
pacientes geralmente têm menos de dois ou três anos de idade e muitos somente
alguns meses.
O crescimento exagerado da língua é capaz de causar má
oclusão, mordida aberta, classe III Angla, desenvolvimento da mandíbula e padrão
anormal de crescimento da maxila, fonação. Nos casos de menor severidade,
16
encontram-se as marcas dos dentes, e nos mais severos a língua permanece, em
parte, fora da cavidade bucal pelo tamanho alcançado.
• CRETINISMO - É uma doença crônica, congênita ou adquirida, que começa na vida
fetal ou em crianças em tenra idade, resulta de uma deficiência de hormônios da
tireóide.
No cretinismo, a tireóide pode estar congenitamente ausente ou
muito reduzida de tamanho a seu parênquima e substituído por tecido fibroso ou
linfócitos. Por esse motivo, todo o desenvolvimento da criança é atrasado tanto
mentalmente como no seu desenvolvimento psicomotor - apresenta macroglossia,
boca aberta propiciando quase sempre a baba, pescoço curto e grosso.
• CISTOS CONGÊNITOS DA BASE DA LÍNGUA - que recomeça como origem
restos, vestígios do conduto tirolingual de BOCHDALE, mucuides colordes (bócios
linguals).
Apresenta
a
nossa
sintomatologia
transtorno
na
sucção,
deglutição inclusive transtornos respiratórios quando seu volume é importante à
inspição e palpação digital confirma a existência do quisto cuja a evolução é mais ou
menos lenta (DECHAUME, 1969).
• SÍNDROME DE HURLER - A Síndrome de Hurler foi primeiro descrita em 1917 por
Hurler; 2 anos mais tarde, VAN PFAUNDLER sugeriu a GERTRUD HURLER que
um relato de 2 casos desta Síndrome fosse publicado e desde então, o distúrbio
tem sido referido como SÍNDROME DE HURLER ou PFAUNDLER.
É um distúrbio hereditário do tecido conjuntivo, ocorrendo tanto na
forma ligada ao sexo como na recessiva autossômica, a doença envolve uma
alteração grave nos mucopolissacarídeos. Nessa síndrome, ocorre a presença de
17
macroglossias, acarretando mordida aberta, com a língua em protusão entre os dentes
(ZEGARELLI, HUTSCHER E HYMAN, 1982).
• LIPOMAS - observa-se particularmente na idade adulta; tem o volume de uma noz,
esferóide, por excepcional polilobulado; sua consistência oscila desde a flutuação e
dureza hueso (segundo sua natureza histologia). Atinge na parte anterior da língua,
sobre sua borda. Uma vez superficial, submucoso, outras vezes intersticial,
intermuscular ou intramuscular; converte-se secundariamente em submucoso;
confunde-se como tecidos periféricos; está situado no interior de uma cápsula
fibrosa.
No exame histológico revela lipomas puros, lipomas compostos,
fibrolipomas mixomatosos, cartilaginosos, osseos, dermóides.
Clinicamente se observa essa evolução lenta tanto no caso de um
lipoma ou como outro visão ocasiona nenhum transtorno, exceto alterações macânicas
se muito volumoso. No lugar, não dá nenhuma complicação.
• AMILOIDOSE - É uma condição na qual uma glicoproteína, o amilóide, é depositada
de forma característica em vários tecidos e órgãos. Pode ocorrer secundariamente
à determinada doença inflamatória crônica, como tuberculose, ou pode estar
presente primariamente não associada com nenhuma doença básica ou mais
freqüentemente associada com o mielomia múltiplo. A natureza precisa é
desconhecida. A macroglossia é encontrada em quase metade dos pacientes com
amiloidose primária e aquela associada ao mieloma, sendo uma importante
manifestação da doença, embora tardia. A língua é infiltrada por amilóide e trona-se
grande, firme e imóvel.
18
Histologicamente, a língua alargada contém numerosas artérias
espessas e espalha-se através delas, onde estão massas de material dando pigmento
positivo a reação por amilóide. As fibras musculares também contêm amilóide (BORK,
HOEDE 1993).
A maioria dos pacientes reclamam de um alargamento na língua e
inchações que têm uma variedade de aparências. Freqûentemente parecem ser
normais, levando a um falso diagnóstico. Em outros casos pode estar inchado coberto
com nódulos e endurecidas. Os dentes podem deixar impressões na borda da língua e
como os progressos infiltrados, maloclusões dentais podem seguir. Raramente lesões
hemorrágicas podem ocorrer na língua.
• HIPOTIREÓIDE INFANTIL - Pode causar severo retardamento mental se não tratado
adequadamente com substituição da tireóide. Em áreas endêmicas, o diagnóstico é
feito. O melhor teste é medir o nível de hormônio hipotiestimulativo. Outras
características clínicas é a insuficiência respiratória, hipotonia muscular e
retardamento psicomotor. Sinais orais envolvem macroglossia e desenvolvimento
dental retardado,. (BORK, HOED, KORTING, BURGDORF, YOUNG, 1996).
• LINFANGIOMA - É uma lesão caracterizada pela presença de numerosos vasos
linfáticos congênitos aparecendo logo após o nascimento, com tumores ou
crescimento semelhante a tumor que podem ocorrer em qualquer região da pele ou
membrana mucosa. A localização mais freqüente é na língua. A superfície da língua
é extremamente irregular à papilária. Os nódulos têm aparência de uma bolha e
geralmente mede 1mm a 3mm, embora alguns passam a ser quase do tamanho de
uma uva, (BHASKAR 1989).
A maioria é róseo, embora alguns passam a ser roxos, indicando
um componente. A modularidade irregular da superfície da língua com projeções
19
cinzentas e rosadas é o sinal mais comum da doença e quando associado com a
macroglossia é patognomônica do linfangioma.
• SÍNDROME DE DOWN, mongolismo - É a aberração cromossômica mais
prevalente. Em 95% dos casos há um cromossomo extra livre (trissomia 21), nos
casos restantes há um cromossomo adicional ligado a outro cromossomo
(translocação).
Geralmente está associada a retardo mental moderado ou grave.
A maioria dos indivíduos portadores desta moléstia são
agradáveis, afetuosos e colaboradores.
Dentre algumas características físicas que apresentam, podemos
citar: baixa estatura, cavidade orbitária menor que a normal, olhos pequenos e
oblíquos com poucas pregas epicânticas, nariz achatado, mãos curtas e largas,
pescoço curto e largo, macroglossia, pragnatismo freqüente.
Apresentam microdontia, diastemas, dentes conóides, retenção
dos dentes deciduos além do tempo normal, padrão de erupção irregular,
possibilidade de anodontia, dentes supranumerários, enfim as anomalias são tantas
que se torna difícil enumerá-las.
As últimas características citadas, macroglossias, pragnatismo,
microdontia, diastemas, etc. são fatores que impedem o estabelecimento de uma
oclusão normal.
• NEUROFIBROMATOSE MÚLTIPLA - (doença de Recklinghausen) - É uma doença
hereditária com múltiplas deformações. Na boca, as lesões podem ocorrer nos
tecidos moles e/ou no interior dos maxilares. A língua é a região mais comumente
afetada. Se são profundas, a língua fica aumentada.
20
• NEOROFIBROMA e SCHWANOMA - São duas entidades distintas. Entretanto por
serem similares, serão consideradas juntas. As únicas diferenças entre eles são as
suas características histológicas. São tumores benignos originados de bainha de
nervos que são vistos na língua, lábios, palato e bochechas
Geralmente apresentam-se com pequenos crescimentos sísseis
de superfície lisa, na mucosa bucal.
Várias
outras
patologias
ou
síndromes
são
também
caracterizadas por macroglossia, como a Síndrome de Winchester, o paciente tem
apresentado deformidade, opacidade corneais, uma pele grossa e macroglossia. A
Displasia ectodermal anidiótica, a Síndrome de Chust-Sumers - Touroéne, é
caracaterizado por alopecia, anormalidades dentais e em alguns casos por um
alargamento da língua. A Sindrome de Zellneegen caracteriza-se por Dawtismo,
defeitos cardíacos, anormalidades faciais e macroglassia. A Síndrome de HajduCheney é uma forma de acro-osteolises congenital e tem macroglossia como uma
característica.
A Síndrome de Beckwith - Wiedemann quase sempre o paciente
apresenta macroglossia,onfalocele e hipertrofia de vários órgãos ou até mesmo
gigantismo, freqüentemente desenvolve a hidranion durante a gravidez por causa da
dificuldade em engolir causada pelo alargamento fetal da língua (MITCHELL,
STANDISH, FAST, 1969).
Existem diversas anormalidades congênitas ou adquiridas do
esqueleto facial que tem como uma das características a macroglossia, onde muitas
vezes ela impede o indivíduo a uma boa articulação, alimentação e mal oclusão. Por
esse objetivo principal é que foi de suma importância falar um pouco de cada uma das
patologias que podem ter como característica a macroglossia.
21
22
CAUSAS DO ALARGAMENTO DA LÍNGUA (Macroglossia)
*Alargamento transitório da língua
- angioedema
- picada de inseto
- hematoma
- abcessos
- intoxicação por medicamentos e alimentos.
*Alargamento persistente da língua
- tumores
- hemangioma
- linfangioma
- cistos
*Deposição metabólica
- amiloidoses
- proteinose lipódicas
- escleredema de Buschke
- desordens lipozimais (mucopolissacaridoses e outros)
* Malformações congenitais
- trissomia
- Síndrome de Winchester
23
- displasia ectodermal anidiótica
- Síndrome Zellweger
- Síndrome de Hajdu-cheney
- Síndrome de Beckwith - wildemann
* Desordens hormonais
- acromegalia
- sífilis - lepra
- sarcóides
- processo inflamatórios crônicos
- síndrome Melkerson-Rosental
24
CONSEQÜÊNCIAS
A língua ocupa toda a cavidade bucal e pode provocar os
diastemas ao nível das arcadas. O aumento das forças linguais, ao repouso, rompe o
equilíbrio lábios-língua.
O crescimento exagerado da língua é capaz de causar
maloclusão, mordida aberta, classe III Angle, desenvolvimento da mandíbula e padrão
anormal de crescimento da maxila e fonação. Nos casos de menor severidade,
encontram-se as marcas dos dentes, e nos mais severos a língua permanece, em
parte, fora da cavidade bucal pelo tamanho alcançado.
SHAFER, HINE, LEVY, (1987) acrescentam que a macroglossia
de qualquer tipo pode causar deslocamento dos dentes e mal oclusão, por causa da
força dos músculos e da pressão exercida pela língua sobre os dentes. Nesta
condição, é comum a presença nas bordas laterais da língua, de marcas onde os
dentes se encaixam perfeitamente.
Para BERESFORD (1981), “a macroglossia congênita causa a
separação dos dentes e mordida aberta”.
NELSON (1965) concorda com Shafer, Hine, Levy dizendo que em
todos os casos os dentes são impedidos pela ação da língua e sua oclusão resulta em
extremo defeito.
TOMMASI (1989) afirma em dizer que é evidente que portadores
de macroglossias desenvolvem má oclusão.
O paciente sempre reclama da sensação de alargamento da
língua, mas no estágio inicial o observador pode ver muito pouco. A proporção que o
25
largamento prossegue os pacientes têm problemas com a fala, com a mastigação e
especialmente com a degustação.
A língua sendo volumosa a boca fica entreaberta e faz com que a
criança ou paciente apresente sialorréia. Podem ocorrer também problemas de ordem
respiratória; também a epiglote é pressionado para baixo. Macroglossia pode resultar
um pragnatismo.
A macroglossia tem como coseqüência dificuldade no ato de falar
e na sucção e alargamento marcado por inchação com elevação contra o palato e
interferência na respiração. A língua anormalmente grande, devido a uma reação
alérgica, causará um agravamento transitório da língua, edema angionemótico; tanto
na reação alérgica como no traumatismo podem causar agravamento tal que é
necessário uma traquestomia para as vias aéreas livres (MCDONALD, 1996)
BURKET (1954) descreve pacientes portadores de macroglossias
apresentando linguagem lenta torpe e voz grave.
A macroglossia especialmente nas crianças portadoras de
trissomia 21 , produz transtornos articulatórios que não podem ser reduzidos pela
reeducação e persistem até depois da glossectomia.
ZOLLNER e COLS (1980) descreveram um caso de macroglossia
em um portador de Síndrome de Down de 25 anos, a qual se desenvolveu de modo
mosntruoso após o paciente ter mordido a própria língua. Os autores acreditam que
decorra de uma obliteração dos vasos linfáticos e sangüíneos face ao traumatismo.
TAHERI (1995) descreve um caso de impossibilidade de falar pela
presença de dois quistos linfáticos na língua. A fala recuperou-se totalmente depois da
extirpação dos mesmos.
26
A macroglossia provoca muitas conseqüências de acordo com
autores acima, mas vai depender do período que ela surge e a patologia que ela
causa (linfangioma, síndrome de Down, Hipotireoidismo.
27
TRATAMENTO
“A língua é a chave da voz”.
Fleuschtinger
Salienta-se, neste capítulo, a importância que deve dar o
fonoaudiólogo ao órgão da língua, pelo papel que representa para adequada
sobrevivência humana, nas funções de sucção, deglutição, fonação e respiração.
Acresenta-se que a língua é um órgão de grande flexibilidade, por
ser composto de um conjunto extremamente complexo de fibras musculares e também
de grande sensibilidade.
Todos os músculos da língua tem importância na emissão da
maior parte dos fonemas menor no [p] [t] [b] onde atua pouco. Por isso, a hipertrofia
muscular, acarretam defeitos não só estéticos como funcionais (arcada dentária,
fisonomia, mastigação, fonação, sucção e deglutição).
No caso de macroglossia, uma de suas causas é a hipertrofia
muscular.
O tratamento da macroglossia depende da etiologia. Às vezes, é
necessária a eliminação de uma posição em forma de cunã (MCDONALD, 1976)
HARDNT E WEYERS (1970) acham que é possível reduzir a
macroglossia cirurgicamente.
TOMMASI (1989) concorda com Hardnt e Weyers dizendo que o
tratamento da macroglossia é a remoção da parte da musculatura do órgão.
NELSON (1965) concorda com ambos autores acima, mas
produzindo alguma adaptação relativa conforme o crescimento da criança.
28
Para ARAUJO E ARAUJO (1984), a possibilidade da retirada do
fator causal, o que na maioria das vezes é impossível acompanhada de correção
cirúrgica do órgão, é o tratamento clássico empregado.
PERELLÓ (1995) enfatiza-se que o tratamento da macroglossia
em todos os casos é a glossectomia parcial; os períodos de sua adaptação variam de
3 semanas para crianças e 3 meses para adultos. Em 50% dos pacientes, assim
tratados, cosntata-se, ao final deste período, uma grande melhora da inteligibilidade da
fala.
Em alguns casos de fonemas [x] e [n] devem ser reeducados. O
sigmatismo é influenciado de diversas maneiras. (NORDEAN 1965).
Constata-se a partir dos estudos desenvolvidos pelos autores
mencionados anteriormente, que o tratamento da macroglossia é cirúrgico, o que
dependendo de sua etiologia, e produzindo alguma adaptação relativa conforme o
crescimento do paciente, ela se torna necessária com a remoção da causa primária.
MOYERS (1991) acrescenta que o tratamento cirúrgico é contraindicado, a menos que haja uma maloclução acentuada, caso em que é exercida uma
cunã de tecido lingual. Este procedimento heróico é desaconselhavel, a menos que
exista uma maloclusão debilitante.
Pensa-se que o tratamento cirúrgico na macroglossia observada
com determinadas síndromes desenvolvimentais, contribua para estas crianças, porém
estudos de acompanhamento falharam em documentar melhora na articulação (LINCH,
1990).
De acordo com DECHAUME (1969), o tratamento de tumores na
macroglossia é através de incisão e radioterapia.
O ser humano sente a necessidade de comunicar-se, ele se utiliza
de meios compensatórios para desenvolver essa função. O tratamento na maioria dos
29
casos, de pacientes com Síndrome de Down e Cretinismo não fazem a correção do
órgão por não terem sido constatadas melhoras na inteligibilidade da fala.
Depois extremos de tamanho da língua possam causar problemas
na produção sons. A maioria dos falantes adaptam-se bem ao tamanho de sua língua
e efetua os movimentos compensatórios necessários para a fala normal.
30
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebe-se que a macroglossia isoladamente é rara, sempre
vindo acompanhada de uma anomalia e, outras vezes, de tumores benignos.
Em alguns casos, pacientes com Síndrome de Down e Cretinismo
não fazem a correção cirúrgica da língua por não terem sido constatadas melhoras na
inteligibilidade da fala. Assim, o trabalho do fonoaudiólogo deve ser voltado para o
desenvolvimento do sistema estomatognático, proporcionando ao paciente com
distúrbios nessas funções a possibilidade de se tornar o mais independente possível
nos hábitos de alimentação, adequar o tono à postura e mobilidade dos órgãos
fonoarticulatórios.
Segundo os autores estudados, um dos tratamentos é a correção
cirúrgica da língua. No entanto, na vivência do fonoaudiólogo não se observa com
freqüência a utilização do tratamento cirúrgico, e sim, terapêutico. Daí, indaga-se por
que este recurso não ser utilizado com mais frequência.
Cabe a nós, fonoaudiólogos, iniciarmos o quanto mais cedo
acompanhamento de pacientes portadores de macroglossia, objetivando obter um
melhor desempenho tanto nas atividades pré-lingüísticas como lingüísticas.
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