Gestão Mercadológica Professor conteudista: Marcelo S. Zambon Sumário Gestão Mercadológica Unidade I 1 INFLUÊNCIA DO MARKETING ........................................................................................................................ 8 1.1 Sistema de Informação em Marketing (SIM) e sua importância para a tomada de decisões mercadológicas das organizações e dos clientes .................... 14 1.2 Da Pesquisa de Marketing (PM) ao Sistema de Informação de Marketing (SIM) ...... 17 1.3 O Sistema de Informação (SI).......................................................................................................... 19 1.4 O Sistema de Informação de Marketing (SIM): contexto .................................................... 21 1.5 Quanto aos modelos de Sistemas de Informação de Marketing (SIMs) ........................ 25 1.5.1 Sistema de inteligência de marketing ............................................................................................ 25 1.5.2 A pesquisa de marketing ..................................................................................................................... 27 1.5.3 Resumo sobre o Sistema de Informação de Marketing (SIM) .............................................. 29 1.6 Caso para estudo: você tem clientes demais ............................................................................ 31 2 LANÇAMENTO DE NOVOS PRODUTOS .................................................................................................... 38 2.1 O processo de desenvolvimento e lançamento de novos produtos ................................ 39 2.2 Classificando novos produtos (tipos de novos produtos) .................................................... 40 2.3 O processo de desenvolvimento de novos produtos ............................................................. 42 2.4 Novas ideias para novos produtos ................................................................................................ 45 2.4.1 Brainstorming .......................................................................................................................................... 46 2.4.2 Grupo foco (focus group) .................................................................................................................... 48 2.5 Atenção às características dos novos produtos ....................................................................... 49 2.5.1 Design do produto.................................................................................................................................. 49 2.5.2 Segurança do produto .......................................................................................................................... 50 2.6 A embalagem ......................................................................................................................................... 50 2.7 O rótulo .................................................................................................................................................... 52 3 PRECIFICAÇÃO: ESTABELECENDO O PREÇO DOS PRODUTOS NA ÓTICA DO MARKETING ...................................................................................................................................... 52 3.1 Uma análise mercadológica da formação de preço ............................................................... 54 3.2 Preço na perspectiva do vendedor ................................................................................................ 56 3.3 Preço na perspectiva do comprador ............................................................................................. 56 3.4 Principais determinantes da boa precificação ......................................................................... 57 4 A COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL ............................................................................................................. 58 4.1 No Brasil ................................................................................................................................................... 59 4.2 As bases da comunicação (modelo clássico de comunicação) .......................................... 59 4.2.1 A mensagem ............................................................................................................................................. 61 4.2.2 Modelo clássico de comunicação segundo Ogden e Crescitelli (2007) e a comunicação de marketing .................................................................................................................... 63 4.2.3 Distinção entre forma e meios de comunicação ....................................................................... 64 4.3 O mix da comunicação de marketing .......................................................................................... 65 4.4 Reflexão complementar .................................................................................................................... 67 4.5 Endomarketing ...................................................................................................................................... 69 5 A COMUNICAÇÃO DE MARKETING .......................................................................................................... 70 5.1 Entendendo a comunicação de marketing ................................................................................ 72 5.2 A marca e a comunicação ................................................................................................................ 73 5.2.1 Marcas segundo o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI)........................... 76 5.3 O branding e o brand equity............................................................................................................ 81 6 O PLANO DE COMUNICAÇÃO NO PLANEJAMENTO ORGANIZACIONAL .................................... 86 6.1 Plano de negócio .................................................................................................................................. 86 6.2 Planejamento de marketing (plano de marketing) ................................................................ 87 6.3 Planejamento de mídia ...................................................................................................................... 89 6.4 Planejamento estratégico ................................................................................................................. 90 Unidade II 7 A CONSTRUÇÃO DO POSICIONAMENTO: RELEMBRANDO A COMUNICAÇÃO........................ 93 7.1 A diferenciação ..................................................................................................................................... 94 7.2 Os micro e macromodelos do processo de comunicação .................................................... 96 8 A COMUNICAÇÃO INTEGRADA DE MARKETING ................................................................................. 97 8.1 Entendendo a estrutura e forma de comunicação da Comunicação Integrada de Marketing ............................................................................................. 102 8.2 Formas de comunicação da Comunicação Integrada de Marketing............................. 104 8.2.1 Formas tradicionais ..............................................................................................................................104 8.2.2 Formas complementares.................................................................................................................... 113 8.2.3 Formas inovadoras ............................................................................................................................... 116 9 ÉTICA NA COMUNICAÇÃO ......................................................................................................................... 118 10 TIPOS DE VAREJO ........................................................................................................................................120 10.1 Tipos de varejo ..................................................................................................................................120 GESTÃO MERCADOLÓGICA Unidade I APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA E DO CONTEÚDO Disposições gerais para compreensão da disciplina a ser estudada. Leia com atenção todas as informações presentes neste material e atente para o fato de esta disciplina (Gestão Mercadológica) ser a continuação da Administração 5 Mercadológica. Você observará que ela é interessante e intensa, seus conhecimentos são facilmente reconhecidos no cotidiano por meio dos distintos veículos de comunicação que as organizações e a sociedade utilizam. É importante dizer que os conhecimentos intrínsecos a essa disciplina não são 10 apenas relativos às organizações; eles também são aplicáveis às pessoas. Ementa O marketing no dia a dia das organizações. Desenvolvimento de novos produtos e do relacionamento com os clientes. 15 Planejamento estratégico de marketing e o posicionamento do produto e/ou oferta ao segmento ideal. Ciclo de vida do produto. Embalagem e rotulagem. O processo de precificação. Construção de novas marcas. Tipos de varejo. Comunicação mercadologia. Compra por impulso e dissonância cognitiva. 20 Objetivos gerais Preparar o discente para entender, compreender e utilizar o marketing no cotidiano da organização e em seu contexto competitivo, capacitar para o desenvolvimento de novos 1 Unidade I produtos, serviços e ideias, proporcionando o produto certo, ao cliente certo, da maneira certa. Objetivos específicos Desenvolver as capacidades de: 5 a. avaliar tipos de novos produtos e suas características relevantes; b. compreender a importância da embalagem e da rotulagem; c. entender e desenvolver o processo de precificação; 10 d. gerir a construção da marca ideal para o produto/serviço novo; e. conhecer os tipos de varejo; f. comunicar o produto e marca ao mercado-alvo (Modelo AINDA – atenção, interesse, desejo e ação); 15 g. compreender o processo de compra, compra por impulso e dissonância cognitiva. Iniciação em marketing Primeiramente gostaria de destacar a você, aluno, que as disciplinas Administração Mercadológica (anterior a esta 20 disciplina) e esta (2), Gestão Mercadológica, também poderiam ser conhecidas como Marketing I e Marketing II, ou, ainda, por Administração de Marketing I e II. Essa orientação é importante para que você compreenda que tais nomenclaturas fazem referência ao mesmo assunto, ou seja, 25 são compreendidas como sinônimos. Além disso, a bibliografia sobre o tema é vasta, logo, você pode pesquisar a partir de qualquer um de tais nomes. 2 GESTÃO MERCADOLÓGICA Quanto às leituras, lembre-se de que muitos livros poderão ser estudados e abordados como pesquisa ao assunto. Você não deve tomar como totais os conhecimentos abordados neste material. Na verdade, este livro-texto representa apenas uma 5 fração dos conteúdos e abordagem do marketing (na ótica da gestão de marketing). Em outras palavras, existe uma infinidade de bons livros e autores que você pode estudar para ampliar seus conhecimentos. Mas atenção, não tome como verdade irrevogável ou imutável 10 as aplicações e/ou conhecimentos de marketing, pois, antes de tudo, ele se encontra em constante desenvolvimento, logo, traz novas abordagens de entendimento e aplicação. Além disso, existe muito material de boa qualidade disponível na rede mundial de computadores (Internet). Utilize–os a seu 15 favor, mas atenção para não utilizar material inadequado e para não plagiar. A Internet é uma ótima e importante ferramenta para as ações de marketing, porém, nem tudo é de qualidade. Fique atento. O estudo de marketing 20 A abordagem deste material é teórico-prática, logo, contextualizada. Com ela você poderá entender bastante sobre as ações do marketing no cotidiano das organizações e dos clientes (etc.), simplesmente observando o que é feito para atrair e reter clientes e, claro, pensando em como fazê-lo de maneira 25 mutuamente benéfica (para as organizações e para eles). Leia o trecho a seguir (o mesmo foi extraído do livro-texto da disciplina Administração Mercadológica). Tal leitura ajudará a se inteirar um pouco mais acerca dos estudos sobre marketing: Pense, por exemplo, quando você assiste à tevê, e durante o intervalo da novela das oito da rede Globo, você assiste a 3 Unidade I um comercial de uma montadora chamando a atenção para o lançamento da mais nova versão de seu veículo “X”: • Quem fez o comercial? • Como foi elaborada aquela campanha? • Quem solicitou o comercial? • Quanto custa aquele espaço publicitário daquela emissora de televisão? • Quanto custou o desenvolvimento da campanha? • A quem a mesma se destina, ou seja, qual é o públicoalvo daquela campanha televisiva? • Qual foi o retorno do comercial ao anunciante? • etc. Pense também que, na empresa em que você trabalha, todos estão envolvidos em uma ação (ou campanha de marketing) para aumentar as vendas e, consequentemente, aumentar seu retorno financeiro e sua participação de mercado. Pense nas seguintes condições: • ‘Condição A’: a empresa em questão é um banco; • ‘Condição B’: a empresa é uma padaria; • ‘Condição C’: a empresa é um supermercado; • ‘Condição D’: a empresa é uma loja de autopeças; • ‘Condição E’: a empresa é uma farmácia. Será que, genericamente, as ações de marketing serão tão diferentes entre si? Para cada uma das condições expostas acima, naturalmente, não. O que mudará na verdade é o contexto em que cada organização está inserida, por exemplo, seu setor de atuação, seus concorrentes, sua localização, 4 GESTÃO MERCADOLÓGICA total de clientes e potenciais clientes, se já investe ou está disposta a investir em estratégias para atrair e reter clientes, etc. Com isso, muitas delas poderão utilizar ações de marketing que são conceitualmente iguais, mas com aplicações redimensionadas para cada caso. Pensando nisso, você pode entender que a finalidade do marketing envolve fazer com que as organizações cresçam, desenvolvam-se, portanto, que não morram, que não sejam destruídas por falta de visão, coragem e principalmente por falta de conhecimento (fazendo uma alusão ao livro Crescer, não destruir: cinco maneiras de implementar na sua empresa uma nova dinâmica de crescimento, de Robert M. Tomasko). A aplicação do marketing busca fazer com que sua empresa seja campeã em vendas, que sua equipe, não importando o tamanho da empresa e das equipes, seja vencedora, ou seja, que todas – trabalhando juntas – tragam bons resultados para a empresa (essa aplicação, logo, busca do marketing, me faz lembrar do livro Show de vendas, de Frank Bettger). O marketing deve preocupar-se em encantar o cliente, em fazer com que o mesmo deseje fazer negócio com a sua empresa e não com os concorrentes. Encantar o cliente significa ir além do básico, compreende a entrega de valor substancial ao cliente, sendo que tal valor deve ser capaz de gerar receita para a organização. Mas atenção: nenhuma empresa consegue encantar clientes se não tiver profissionais comprometidos com essa finalidade e se não tiver desenvolvido a capacidade de amá-los. Ou seja, para que alguma organização seja capaz de encantar os clientes, ela precisa, antes de tudo, gostar muito deles, amá-los (essa aplicação do marketing pode ser mais bem explorada se você ler o livro Encantar o cliente dá lucro: revolucione a sua empresa e ame os seus clientes, de Joel J. Santos). 5 Unidade I O marketing preocupa-se ainda com sua relação com a tecnologia, em especial quando sistemas de gerenciamento do relacionamento com o cliente são desenvolvidos, tais como os sistemas de Customer Relationship Management 5 (CRM) e sistemas de Data Base Marketing (DBM), geralmente compreendidos como os sistemas de gerenciamento dos bancos de dados de marketing. Aliás, vale lembrar que nunca foi tão importante uma boa base de dados sobre os clientes quanto agora, pois é preciso conhecer o cliente e ter acesso a ele, em 10 especial, para não consumir recursos (financeiros e humanos) em vão. Mas o marketing não para por aí; ele também oferece inter-relação com outros sistemas de apoio gerencial, como do Enterprise Resource Planning (ERP), o Supply Chain, etc. (alguns 15 livros interessantes sobre o assunto são: CRM series call center 1 to 1: um guia executivo para transformar call centers em centros de interação com clientes; CRM: o revolucionário marketing de relacionamento com o cliente, de Ronald Swift, entre outros). O marketing também deve preocupar-se com suas aplicações dentro das empresas, ou seja, o marketing realizado com os funcionários e para os funcionários. Ele precisa atentar para a preparação dos funcionários sobre os produtos ou serviços de que a organização dispõe: formas de pagamento e de acesso ao produto, etc. Além disso, precisa preocupar-se com a boa relação dos funcionários com tudo isso, e claro, precisa preocupar-se com a boa relação da organização com cada um deles. Neste momento, preparação e treinamento são palavras de ordem, pois pessoas bem treinadas certamente executam melhor suas tarefas. Empresas devidamente atentas conseguem atender aos seus clientes, em especial, quando eles fazem parte da folha de pagamento (uma leitura que não pode ser esquecida neste momento é a do livro Endomarketing: como praticá-lo com sucesso, de Saul Faingaus Bekin). 6 GESTÃO MERCADOLÓGICA Outra palavra de ordem dentro do marketing é “marca”. O marketing deve preocupar-se com a criação e o desenvolvimento das marcas no mercado. Para isso, é preciso saber o que são marcas, qual seu valor, como criá-la, etc. No marketing, a palavra branding é geralmente associada à gestão de marcas e a todas as necessidades que se tem relacionadas a elas. Esse é outro assunto farto na literatura mercadológica e que não pode deixar de ser estudado (recomendo a você duas leituras interessantes; são elas: Marca: valor do intangível, de Gilson Nunes e David Haigh; e Gestão estratégica de marcas, de Marcos Machado e Kevin Lane Keller). Destaco o assunto administração do relacionamento com o cliente (aliás, assunto tão importante que em algumas universidades tornou-se disciplina), cada vez mais presente no cotidiano das organizações, e, claro, fundamental para o bom resultados das mesmas (sugiro a leitura do livro Gestão do relacionamento como clientes, de Marcelo S. Zambon e Fábio Gomes da Silva; e sugiro Comportamento do cliente, dos autores Sheth, Mittal e Newman). Eu poderia listar mais uma infinidade de assuntos abordados pelo marketing, mas no momento vou parar por aqui. Mas que fique a seguinte mensagem: você encontrará um mundo incrível de literaturas sobre o assunto marketing e a ele relacionadas. Faça uma visita a livrarias e pesquise sobre assuntos de seus interesse dentro do marketing; por exemplo, marketing de serviços, marketing industrial, marketing de causa, marketing turístico, marketing de lugar, marketing de guerra, etc. Nota: gostaria de esclarecer que as reflexões relacionadas aos livros acima representam a importância da leitura e seus diferentes momentos. É importante fazer leituras atualizadas. É excelente. Porém, é igualmente importante lembrar que algumas são clássicas, portanto, podem ser praticadas a 7 Unidade I qualquer tempo. Outras, não tão clássicas assim, muitas vezes também podem ser lidas a qualquer momento porque representam conhecimento seguro e relevante sobre o assunto que abordam. Após essa introdução de contextualização, espero que esteja ainda mais inspirado a estudar marketing. Agora fica a sugestão para que você leia sobre marketing. Procure ter acesso a livros da área, busque compreender o que cada um aborda, a que se destinam, etc. Com isso, você poderá verificar que existem muitas abordagens diferentes sobre o 5 assunto e que o mesmo é rico em literatura, tanto generalista como direcionada. 1 INFLUÊNCIA DO MARKETING Talvez o mais importante a dizer sobre a influência do marketing no cotidiano das organizações é que, de fato, ele é muito marcante e pode levar muitas organizações ao sucesso. 10 Em outras palavras, as organizações o praticam, muitas vezes, até sem saber, estão envoltas por ele (até mesmo o praticado pelos concorrentes) e sempre necessitarão de ações de marketing (de alguma natureza) para terem melhores chances de se desenvolver. Para as pessoas, a realidade é exatamente a mesma. Pense, por 15 exemplo, por quantas ações de marketing você passa todos os dias. Quantas, por exemplo, você vê, ouve ou lê por meio de televisão, revistas, jornais, outdoors, panfletos, etc. Como ele está ao redor das pessoas e das organizações, pense em como reconhecê-lo, como aproveitar-se dele, 20 como torná-lo útil para as outras pessoas ou organizações. Sobretudo, como tomar proveito do potencial do mesmo? A resposta para essa pergunta tende à simplicidade: preste atenção a tudo a seu redor, observe o que as organizações estão fazendo para chamar sua atenção, o que os concorrentes 8 GESTÃO MERCADOLÓGICA de tais organizações fazem. Logo, pesquise, procure saber o que acontece. Esteja bem informado. Ainda nessa visão de marketing no dia a dia das organizações, pode-se destacar que uma das maneiras mais notáveis de 5 entendê-lo e de compreender sua aplicação e potencial se dá por meio da análise do ciclo de vida dos produtos: 10 15 As estratégias de marketing que funcionam bem para jornais não são as mesmas que funcionam para programas de busca na Internet. Há muitas razões para as diferenças, mas uma das mais importantes é que esses produtos estão em diferentes estágios de seu ciclo de vida. Os produtos, como os seres vivos, podem ser vistos passando por certos estágios de vida. O ciclo de vida do produto é, portanto, um modelo dos estágios do histórico de vendas e lucros de um produto (Churchill; Peter, 2005, p. 238). Partindo das colocações de Churchill e Peter, fica claro que o modelo de ciclo de vida do produto auxilia na análise do estágio de sua maturidade (ou de uma indústria). Além 20 disso, permite comparações mais seguras com os principais concorrentes. Ele pode ainda ser utilizado para avaliar o estágio de desenvolvimento e maturidade de uma marca. Um dado importante para o qual você deve ficar atento é: quando se aborda o ciclo de vida de um produto, por exemplo, 25 de aparelhos de fax, videocassetes, discos de vinil, etc., refere-se propriamente ao desenvolvimento de seu ciclo como um todo (introduzido, crescido, maturo e declinado ou não). Logo, a visão do ciclo de vida vai além de pensar no sucesso ou no fracasso de uma versão específica de um produto (por exemplo, uma linha 30 de aparelhos de fax da Panasonic). Pode referir-se à indústria de discos de vinil, por exemplo. 9 Unidade I O ciclo de vida de um produto visa olhar além das fronteiras da organização, não necessariamente se preocupando com a competência da empresa avaliada, mas sim olhando para a viabilidade de um produto no mercado. Basicamente, a 5 questão seria, por exemplo: vale a pena investir em pesquisas tecnológicas e em esforços de mercado, objetivando aumentar a produção e venda de fitas VHS? Por meio da análise do ciclo de vida do produto, é possível chegar a uma resposta segura para essa questão. Veja a figura a seguir. Ela representa um esboço tradicional para entendimento do ciclo de vida do produto. Trata-se de sua curva-padrão, podendo ser alterada de acordo com a realidade de cada produto analisado. Aliás, alguns produtos, felizmente, mesmo já com muita idade, não se encontram em declínio e 15 talvez levem décadas para chegar a ele; por exemplo, a CocaCola (que, como produto, teria a curva abaixo até o ponto de maturidade, não havendo declínio). 10 $ Maturidade Crescimento Declínio Introdução t Os produtos têm ciclos de vida cada vez mais curtos, e muitos produtos em indústrias maduras são revitalizados por meio da 20 diferenciação e da segmentação do mercado (lembre-se do livro-texto da disciplina Administração Mercadológica). É frequentemente difícil identificar com precisão quando cada estágio do ciclo de vida começa e/ou termina. Por esse motivo, a prática é caracterizá-los quando as taxas de 25 crescimento ou declínio se tornam bastante pronunciadas (vultuosas/marcantes/visíveis) em termos de números = 10 GESTÃO MERCADOLÓGICA resultados financeiros. Ainda assim, as empresas devem avaliar a sequência normal do ciclo de vida e a duração média de cada estágio, até mesmo para, comparativamente, saber se seu produto está melhor colocado que o de um concorrente 5 ou não. Logo, um profundo conhecimento de cada um desses estágios é essencial para os profissionais de administração e marketing, pois cada oferta de marketing requer estratégias diferentes para suas finanças, produção, logística e promoção em cada um de seus ciclos de vida. 10 Resumidamente, veja os estágios do ciclo de vida: 1. Introdução O produto é apresentado ao mercado por meio de um esforço de marketing intenso e focado, visando estabelecer uma identidade clara e promover ao máximo o conhecimento do produto. Muitas compras de teste ou por impulso acontecerão nessa fase. É o período de crescimento lento das vendas. É preciso visão a longo prazo, pois o lucro é ainda inexistente nessa etapa, em que grandes despesas de lançamento são necessárias. Estratégias para a fase de introdução do produto: • • • • desnatamento rápido; desnatamento lento; penetração rápida; penetração lenta. 2. Crescimento Neste estágio, há uma rápida aceitação de mercado e uma melhoria significativa no lucro. O mercado apresenta uma abertura à expansão, que deve ser explorada. Caracterizado 11 Unidade I por vendas crescentes, este estágio também traz concorrentes. As ações de marketing buscam sustentação e as repetições de compra do consumidor. Estratégias para a fase de crescimento: • melhoria da qualidade e adição de novas características; • acrescentar novos modelos e produtos de flanco; • entrar em novos segmentos de mercado; • aumentar a cobertura de mercado e entrar em novos canais de distribuição; • mudar o apelo de propaganda de conscientização sobre o produto para preferência do produto; • reduzir preços para atrair novos consumidores. 3. Maturidade É o momento de redução no crescimento das vendas, porque o produto já foi aceito pela maioria dos consumidores potenciais. Este estágio se torna evidente quando alguns concorrentes começam a deixar o mercado, a velocidade das vendas é dramaticamente reduzida e o volume de vendas se estabiliza. O lucro estabiliza-se até entrar em declínio por conta do aumento das despesas de marketing para defender o produto da concorrência. Nesta fase, os consumidores fiéis repetem suas compras. Estratégias para a fase de maturidade: Modificação do mercado: • expansão dos consumidores; • expansão da taxa de consumo. 12 GESTÃO MERCADOLÓGICA Modificação do produto: • melhoria da qualidade; • melhoria de características; • melhoria de estilo (design). Modificação do composto de marketing: • preço; • distribuição; • propaganda; • promoção de vendas; • venda pessoal; • marketing direto; • serviços. 4. Declínio Período de forte queda nas vendas e no lucro. Este estágio pode ser causado por competição feroz, condições econômicas desfavoráveis, mudanças nas tendências ou outros fatos. É o momento de desaceleração, eliminação ou revitalização, com a introdução de um novo produto/serviço e seu próprio ciclo de vida. Estratégias para a fase de declínio: • identificação dos produtos fracos: a. manter; b. modificar; c. abandonar; • manter o nível de investimento; • aumentar o investimento; 13 Unidade I • reduzir o investimento: a. retrair seletivamente; b. recuperar ao máximo; c. desacelerar rapidamente. O estudo do ciclo de vida dos produtos normalmente remeterá ao estudo das informações existentes na organização e no mercado, o objetivo do negócio e as demandas dos clientes, o perfil executivo dos gestores e a agilidade da empresa frente à 5 concorrência, etc.; logo, é necessário levantar, explorar, analisar e registrar as informações tanto quanto possível e de tantas fontes quanto se identificar... É necessário desenvolver um bom Sistema de Informação de Marketing (SIM) e utilizá-lo. 1.1 Sistema de Informação em Marketing (SIM) e sua importância para a tomada de decisões mercadológicas das organizações e dos clientes Para que o exercício de planejamento de marketing seja 10 adequadamente executado, é preciso que ele repouse sobre uma base sólida. Para tanto, é imperativo que se coloque à disposição dos responsáveis pelo planejamento de marketing todas as informações possíveis a respeito, por exemplo: • dos desejos e necessidades dos consumidores; 15 • das ações dos concorrentes; • da evolução do mercado; • das capacitações e dos recursos disponíveis da empresa; • da evolução das vendas e dos lucros da empresa; • do comportamento das variáveis ambientais, etc. 20 14 Somente com base em informações desse tipo é possível avaliar corretamente os riscos e as consequências das várias GESTÃO MERCADOLÓGICA linhas de ação alternativas e escolher aquela que melhor convenha à empresa na ocasião. Há contínuas e aceleradas mudanças sociais, econômicas, tecnológicas e culturais que caracterizam o ambiente de 5 marketing da organização, logo, das relações dessas com seus clientes. Tal realidade, associada às mudanças vividas no seio das próprias organizações, com acréscimos e perdas de capacitações, novas estruturações, alterações nas políticas e estratégias, aquisições e incorporações, disponibilidade ou não de recursos 10 de vários tipos, dificuldades momentâneas, etc. fazem com que a tarefa do administrador (e homem de marketing) fique cada vez mais complexa e arriscada. A forma de reduzir esse risco é dispor do máximo de conhecimento a respeito dessas variáveis. Daí a importância do SIM, principalmente, quando o fim é 15 conhecer o melhor possível as características comportamentais dos clientes (como pensam, do que gostam e do que não gostam, como reagem a certos estímulos, etc.). O conhecimento dessas variáveis envolve dois importantes aspectos: 20 • disponibilidade de informação com qualidade (condição necessária, mas não suficiente); • o uso da informação envolve desde o saber dar-lhe valor, saber tirar a informação certa, até saber interpretá-la de forma correta. Atenção: às vezes, a empresa dispõe de grande quantidade de informações, mas de baixa qualidade, o que acaba comprometendo todo o processo de planejamento mercadológico. Informações incorretas sobre clientes, por exemplo, podem levar a decisões e estratégias equivocadas e grandes perdas. Contudo, quando a empresa dispõe de grande quantidade de informações de boa qualidade, mas os tomadores de decisões não percebem a importância de seu 15 Unidade I uso e tomam decisões confiando apenas na sua intuição e experiência, pode se comprometer significativamente o planejamento de marketing e destruir uma oportunidade potencial. Por fim, há empresas que dispõem de grande quantidade de dados com qualidade, os quais são usados para fundamentar decisões, mas o são de forma errada, quer por incapacidade dos responsáveis pelas decisões de fazer a triagem dos dados corretos, quer por interpretá-los de forma errônea, gerando, com isso, um comprometimento do processo como um todo (Mattar, 1982). Deve ficar claro que o SIM depende de informações corretas, numerosas e bem compiladas. Mesmo profissionais de marketing ligados à atividade de propaganda, grandes defensores da criatividade, reconhecem que esse processo fica mais difícil se 5 não se dispuser de informações, aliás, das informações certas no momento certo. Sobre o SIM e o processo de coleta de informações é importante dizer que existe grande necessidade de coletar informações, o que pode ser feito de maneira direta ou indireta. 10 Ou seja, quando se acumulam informações relativas ao problema a ser resolvido, a coleta é direta. Quando se buscam informações sobre tudo o que puder colaborar numa solução, mesmo que à primeira vista possa parecer não ter nada a ver com o problema, é coleta indireta (Duailibi; Simonsen apud Mattar, 1982). As decisões de marketing, alimentadas pelo SIM, são normalmente tomadas em ambiente complexo e em continuada mutação. São difíceis de serem tomadas e representam grandes riscos que apenas serão reduzidos à medida que se dispuser de informação adequada em quantidade e qualidade. Imagine que 20 suas decisões envolvem as seguintes variáveis: econômicas (por exemplo, renda), geográficas (localidade), culturais (valores e crenças) e sociais (enquanto modo de vida), clientes ativos, tudo de uma só vez. 15 16 GESTÃO MERCADOLÓGICA Em marketing, a necessidade de informação é particularmente aguda por ser a área funcional da empresa que mais interage com as variáveis do ambiente externo em constante mutação. Os consumidores, por exemplo, reagem a mudanças políticas 5 e econômicas, etc., bem como os seus concorrentes reagem às estratégias bem-sucedidas lançadas por sua empresa. Pense em qual seria o sentido de SIM se não fosse capaz de compreender a organização, seu micro e macroambientes e seus clientes, que são, na verdade, os responsáveis por sua existência 10 e pelo destino de todas as suas atividades. 1.2 Da Pesquisa de Marketing (PM) ao Sistema de Informação de Marketing (SIM) A literatura de marketing, no período anterior à primeira metade da década de 1960, aborda a problemática da informação de marketing apenas por meio da pesquisa. Logo, a pesquisa de marketing estava voltada para o ambiente externo da empresa, mais precisamente, para o mercado. Porém, a necessidade de 15 informação para o planejamento e o controle em marketing é muito mais ampla e extravasa outras fontes do ambiente externo (como o macroambiente e o extra-ambiente), além do interno. Após aquela data, os autores de marketing passaram a 20 tratar a problemática da informação de forma mais integrada e sistêmica, provavelmente pela influência do desenvolvimento e da difusão da teoria dos sistemas, conforme aborda Alvin Toffler (1980). Atualmente, cristaliza-se a ideia de que somente por meio da utilização do SIM é que serão fornecidos os pré25 requisitos para o desempenho das atividades de planejamento e controle de marketing. É possível crer que o que leva esse pensamento a tomar força são as variadas e profundas visões e revisões que se tem sobre os clientes e seu potencial de interferir no processo de oferta e 30 demanda. Basta lembrar que hoje é considerado perda de tempo 17 Unidade I fazer para vender; é preciso ouvir (o cliente) para então fazer e só depois lhe entregar (vender). Assim, para que seja possível entender que o SIM é um desdobramento da pesquisa de marketing, tem-se: 5 10 A pesquisa de marketing é a investigação sistemática, controlada, empírica e crítica de dados com o objetivo de descobrir e (ou) descrever fatos e (ou) de verificar a existência de relações presumidas entre fatos (ou variáveis) referentes ao marketing de bens, serviços e ideias, e o marketing como área de conhecimento de administração (Mattar, 2001, p. 15). Ainda segundo Mattar (2001, p. 15), o processo de pesquisa de marketing compreende quatro diferentes etapas, a saber: 15 • reconhecimento e formulação de um problema de pesquisa; • planejamento da pesquisa; • execução da pesquisa; • comunicação dos resultados. Agora leia a seguinte definição de SIM proposta por Samara 20 e Barros (2007, p. 4): 25 18 Um Sistema de Informação de Marketing (SIM) é a estrutura presente na empresa que reúne, seleciona, interpreta e mantém um fluxo de informações a respeito do ambiente global de marketing no qual a empresa está inserida: microambiente (empresa, fornecedores, intermediários de mercado, clientes, concorrentes e públicos de relacionamentos) e o macroambiente (ambientes demográfico, sociocultural, físico, tecnológico, econômico, político e legal). Sugestão de leitura complementar: MATTAR, Fauze N. Pesquisa de marketing (edição compacta). São Paulo: Atlas, 1996. GESTÃO MERCADOLÓGICA 1.3 O Sistema de Informação (SI) Sistema é um conjunto de partes interdependentes que conjuntamente compõem um todo unitário, efetuando uma dada função (O’Shaughnessy, 1976). Um sistema é composto por três elementos básicos: [1] entradas, [2] processador e 5 [3] saídas; e um elemento acessório: o controle. Um sistema construído requer ainda a definição de seu objetivo. Na figura a seguir, é apresentado o esquema básico de um sistema. Esquema básico de um sistema Entradas Saídas Processador Controle Fonte: Churman, 1972. Resumidamente: as entradas são tudo o que o processador 10 do sistema recebe para processar, armazenar e produzir saídas. O processador ou processamento é o elemento que transforma as entradas em saídas, podendo efetuar várias operações, como calcular, juntar, transformar, armazenar, selecionar, etc. As saídas são os produtos finais do sistema, o resultado do 15 processamento. Um SI tem o objetivo de fornecer informações pertinentes a um determinado assunto, a alguém interessado. Os elementos de um SI são: dados, processador, informações e controle. Outra visão possível da figura acima é sob a ótica da informação: 20 Elementos de um sistema de informação Dados Processador Informações Controle Fonte: Churman, 1972. 19 Unidade I Os dados são as entradas do SI. Podem ser coletados nas mais diversas fontes possíveis e, basicamente, da forma como se apresentam e se localizam, não têm utilidade por si. Para que sejam relevantes e úteis, faz-se necessário que os dados 5 sejam coletados, triados, reunidos, armazenados, enfim, que se convertam em informações. Toda essa atividade de coleta, classificação, armazenagem de dados e a emissão de relatórios é feita pelo processador do sistema. A visão de Woiller (1974) pode ser útil nesse momento. 10 Segundo ele, o SIM faz parte do sistema de informação da empresa (ou sistema de informação empresarial), devendo ser considerado, portanto, um subsistema. Para Jay Forrester, citado por Woiller (1974), pode-se dividir o sistema-empresa em três subsistemas: de decisão, de ação e de informação. O subsistema 15 de decisão aciona o de ação, que, por sua vez, alimenta o de informação necessário para a tomada de decisão, conforme a figura a seguir. O sistema empresa e seus subsistemas Subsistema de decisão Subsistema de informação Subsistema de ação Fonte: Churman, 1972. Segundo Woiller (1974), para que um subsistema de 20 informação possibilite a tomada de decisões no nível de planejamento estratégico, planejamento e controle operacionais e planejamento e controle administrativos, ele deve ser concebido em dois níveis distintos: • o primeiro nível, o mais baixo, incorpora as decisões operacionais (vendas, produção, finanças, administração 20 GESTÃO MERCADOLÓGICA 5 10 e outras) e poderá ser desenvolvido de forma manual ou mecanizada. Ele deve atender às necessidades de cada área funcional para esse nível de decisão e, na medida do possível, levar em conta as interligações com as decisões operacionais de outras áreas; • o segundo nível deve atender às necessidades para a tomada de decisões estratégicas e administrativas de cada área funcional, bem como possibilitar a quantificação, em termos financeiros, de todas as atividades desenvolvidas ou previstas. Para a decisão em nível estratégico, é necessário considerar também as informações sobre a empresa e o meio ambiente em que opera. Conforme essas colocações, o sistema de informações de marketing é um subsistema de informações do sistema-empresa. 15 Para efeito deste trabalho, o subsistema de informações de marketing será tratado como um sistema. 1.4 O Sistema de Informação de Marketing (SIM): contexto O objetivo fundamental de um SIM é ajudar os gerentes a tomarem decisões melhores (Uhl, 1981). Em síntese, é um centro de consulta à disposição dos executivos da empresa (Samara; 20 Barros, 2007, p. 4). O conceito de SIM nasceu com as críticas que se faziam às deficiências da pesquisa de marketing: basicamente as de não atender às necessidades do planejamento. Segundo Uhl (1881), apesar de os objetivos, nas definições de SIM e pesquisa de 25 marketing, serem essencialmente os mesmos, na prática, ocorre a diferença. No passado, as principais críticas dos gestores à pesquisa de marketing eram: 1. produz dados irrelevantes; 21 Unidade I 2. preocupa-se com a pesquisa de problemas não repetitivos; 3. possui falhas em prover informações de marketing suficientemente relevantes e compensadoras. 5 10 A definição mais completa e consagrada, no passado, de SIM, foi a de Cox e Good (1967), transcrita abaixo, e que em 1980 Kotler passou a utilizar: É um complexo estruturado e interagente de pessoas, máquinas e procedimentos destinados a gerar um fluxo ordenado e contínuo de dados, coletados de fontes internas e externas à empresa, para uso como base na tomada de decisões em áreas de responsabilidade específica da administração de marketing (Cox; Good, 1967, p. 24-45). 15 Atualmente, outros autores de marketing adotam outras definições, como McCarthy (1982): “(...) é uma forma organizada de levantamento e análise de dados para se obterem informações que ajudem os administradores de marketing a tomar decisões”. Para Stanton (1980), o SIM trata de uma 20 (...) estrutura de ação contínua, composta de pessoas, equipamentos e processos voltados para o futuro, destinados a gerar e processar o fluxo de informações de modo a ajudar nas decisões a serem tomadas pela diretoria, dentro do plano geral de comercialização da empresa. 25 Algumas das principais vantagens do SIM são: • pode proporcionar mais informação dentro das limitações de tempo exigidas pela empresa; 30 22 • pode levar a uma melhor integração das informações, sobretudo no caso de descentralizadas organizações de grande porte; GESTÃO MERCADOLÓGICA • permite maior exploração do conceito de marketing, especialmente o do marketing de relacionamento com os clientes; 5 • pode proporcionar a recuperação seletiva de informação: os usuários recebem apenas o que querem e necessitam, evitando desperdício de tempo e esforço; • pode levar ao reconhecimento mais rápido das tendências que se desenvolvem; 10 • permite uso mais eficiente do material recolhido pelas empresas no decorrer de suas atividades, como, por exemplo, vendas por produto, por cliente e por região; • permite melhor controle do plano de marketing da empresa; 15 • pode evitar que informações importantes sejam suprimidas, por exemplo, indicações de que um produto deve ser retirado do mercado; • pode reduzir o intuitivamente; 20 número de decisões tomadas • permite filtrar o fluxo total de informações, identificando as que realmente interessam. Já a necessidade e o uso crescente de SIM são, segundo Boyd e Massy (adaptados por Zambon, 2007), justificados pelas seguintes tendências que afetam o marketing — logo, as organizações de quaisquer setores: 25 30 • aumento contínuo do número de grandes empresas multinacionais que estão expandindo suas linhas de produto; • crescentes gastos com pesquisa e desenvolvimento e a quantidade de produtos novos lançados no mercado, especialmente nesse novo milênio, em que a atenção ao cliente deixou de ser, definitivamente, falácia para virar requisito; 23 Unidade I • aumento da competição e ciclos de vida dos produtos cada vez mais curtos; 5 • a crescente utilização de planejamento estratégico para produtos, mercados e clientes, pelos profissionais de marketing; • uso crescente de técnicas analíticas, cada vez mais sofisticadas, em marketing, incluindo modelos e cenários; 10 • crescente disponibilidade e barateamento de equipamentos de processamento eletrônico de dados, com a consequente baixa nos custos de processamento e arquivamento. Nesse sentido, essa lista pode ser ampliada com as tendências apresentadas por Kotler (1980), que apontou: mudança de marketing local para nacional e internacional; transição de 15 necessidades do consumidor para desejos do consumidor; e transição de concorrência de preço para de não preço, ou seja, passa a valer a noção de valor do cliente. Já Santon (1980) destaca: ocorre a diminuição do prazo concedido ao executivo para tomar decisões; a atividade de 20 marketing fica bem mais complexa e ampla em seu campo de ação; cresce a insatisfação do consumidor (dificuldade de satisfazer o consumidor), o que remete a organização a novas formas de pensar e agir, focadas nas necessidades e desejos e, especialmente, nas necessidades reais (que vão além das 25 necessidades declaradas) dos consumidores. Além disso, Kotler (1976) cita as reclamações dos executivos com relação à existência de informações não confiáveis ou incorretas (más informações de marketing), ou seja, do SIM: • há excesso de informações do tipo errado; 30 24 • não há informação do tipo certo; GESTÃO MERCADOLÓGICA • a informação está tão dispersa pela empresa que é necessário fazer um grande esforço para localizar fatos simples; 5 • importantes informações são suprimidas por subordinados quando imaginam que poderão repercutir desfavoravelmente sobre o seu desempenho; • informação importante chega tarde demais para ser usada; 10 • a informação chega de tal forma que não dá ideia de sua exatidão e não há ninguém a quem se possa recorrer para obter confirmação. 1.5 Quanto aos modelos de Sistemas de Informação de Marketing (SIMs) O que primeiramente deve ser dito é que não há sistemas padronizados de informações nem um sistema de informação que sirva de modelo geral para todas as organizações. Muitos 15 autores, inclusive Kotler, já em 1968, tentaram descrever pelo menos um roteiro genérico que poderia ser considerado, quando a questão é discutir o desenvolvimento e a implementação de um SIM. Portanto, o que os modelos farão, no máximo, é ajudar a preparar sua visão do que está por vir e então buscar fazer 20 a coisa certa, mas não serão métodos prontos, simplesmente aplicáveis. Nesse sentido, vale estudar o sistema de inteligência de marketing e a pesquisa de marketing como forma de alicerçar o pensamento funcional do SIM. 1.5.1 Sistema de Inteligência de Marketing 25 O Sistema de Inteligência de Marketing pode ser definido como a maneira pela qual os executivos da empresa se mantêm atualizados e informados sobre modificações de condições no 25 Unidade I macroambiente e no ambiente interno (microambiente) em que as tarefas são realizadas. Há uma preocupação constante em aprimorar e melhorar esse sistema. O sistema de inteligência pode ser melhorado por meio do 5 aprimoramento das atividades de inteligência; da utilização de recursos adicionais de inteligência; e da aquisição de informações de terceiros. Os habituais agentes de inteligência de marketing são os vendedores, por serem a “linha de frente” da estrutura de 10 marketing, e os dados que eles podem coletar têm potencial para serem transformados em importantes informações. Outra maneira de se agir de forma inteligente é obter o maior número de informações de caráter público que os concorrentes oferecem, além de serviços fornecidos por firmas especializadas 15 em pesquisa de mercado e em obtenção de informações (por exemplo, institutos de pesquisa ou empresas que realizam as pesquisas e as publicam em matérias de revista ou jornais, etc.). Para que o sistema de inteligência não se torne distorcido 20 e irrelevante, é importante aperfeiçoar-se continuamente a atividade de processamento de inteligência. Isso pode ser feito por meio de serviços de: • avaliação: para se determinar o grau de importância e a validade da informação obtida; 25 • condensação: para se racionalizar a apresentação das informações; • disseminação: para que a informação chegue às pessoas certas, da forma mais correta e oportuna; 30 26 • armazenagem e substituição: para que os arquivos contenham apenas informações úteis (Kotler, 1968). GESTÃO MERCADOLÓGICA Resumindo: o sistema de inteligência fornece aos executivos os dados dos acontecimentos, daí sua importância, pois alimenta o processo de tomada de decisão, tornando-o mais eficaz. 1.5.2 A pesquisa de marketing É o processo sistemático e objetivo de geração de informação 5 para ajudar na tomada de decisões de marketing. Esse processo inclui a especificação de como a informação é desejada, o desenho do método da informação, o gerenciamento e a implementação da coleta de dados, a análise dos resultados e a comunicação das descobertas e suas implicações (Zikmund, 2006, p. 3). A pesquisa de marketing visa oferecer aos executivos da organização informações sobre problemas e oportunidades em áreas relacionadas a levantamento de mercado, teste de preferência de produto, previsão de vendas por região, eficácia da propaganda, etc. Ela geralmente exige especialização dos 15 executores, principalmente em estatística, elaboração de questionários, definição de amostras, etc. 10 Usualmente, a pesquisa de marketing é aplicada no levantamento de dados sobre: • características de mercado; 20 • potenciais de mercado; • análises de vendas; • estudos de produtos da concorrência; • potencial de aceitação de novos produtos; • previsão a curto prazo; 25 • previsão a longo prazo; • tendências de negócios (Zikmund, 2006, p. 4). 27 Unidade I Nota: esses dados podem ser tratados com técnicas sofisticadas, tais como escala não métrica multidimensional, modelos econométricos, modelos amplos de marketing, laboratórios de testes de marketing e modelos multiatributivos 5 de atitudes. Os procedimentos adotados numa pesquisa de marketing eficaz são os seguintes: • definição do problema: perfeita identificação do que se deseja pesquisar; 10 • projeto de pesquisa: definido o problema, o projeto de pesquisa desenvolve os objetivos que se pretende alcançar e por quais meios se fará isso, decidindo-se que método de coleta de dados empregar, que instrumentos de pesquisa acionar e que plano de amostragem adotar; 15 • trabalho de campo: essa é a etapa mais cara e mais sujeita a erros do trabalho de pesquisa. Exige uma supervisão muito acurada para evitar viés (erros), tanto do entrevistador quanto do entrevistado, e precisa obter cooperação dos integrantes da amostra para não se distorcer todo o resultado da pesquisa; 20 • análise de dados: fase que transforma os dados em informações desejadas (utilizáveis), com a aplicação de técnicas estatísticas; 25 • preparação de relatório: o relatório deve conter as descobertas e as recomendações pertinentes, numa forma “administrativamente orientada”, como afirma Kotler. Portanto, uma pesquisa de marketing, para ser significativa e útil, deve conter as seguintes características: • incorporar método científico na sua elaboração; 30 28 • ser criativa, apresentando inovações quanto aos meios de se resolver um problema; GESTÃO MERCADOLÓGICA • utilizar métodos múltiplos, adaptados ao problema, objetivando obter maior confiança nos dados coletados; • apresentar interdependência de modelos e dados; 5 • ser feita uma boa análise do valor e do custo da informação. 1.5.3 Resumo sobre o Sistema de Informação de Marketing (SIM) SIM: serve de apoio ao processo de tomada de decisão. Informação é a combinação de muitos dados, baseada no conhecimento de pessoas que os interpretam e utilizam para uma finalidade pensada. 10 SIM: processo pelo qual pessoas, equipamentos e procedimentos coletam, analisam e distribuem informações necessárias, precisas e atualizadas para os profissionais de marketing. Alguns fatos sobre o SIM: 15 • existe um excesso de dados e, em proporção muito alta, dados errados, não confiáveis; • os dados se encontram dentro da empresa, porém, de forma dispersa, e exigem grande esforço para serem localizados; 20 • dados importantes são suprimidos por conveniência política (interesses) ou por serem polêmicos; • dados importantes chegam tarde demais; • muitas fontes de dados (importantes) não são encontradas; 25 • a interpretação dos dados é muito pessoal; 29 Unidade I • dados e informações são formas de poder (objeto do desejo); formam-se feudos internos e externos (panelinhas). Objetivos do SIM: 5 • evitar surpresas desagradáveis; • identificar ameaças e oportunidades (SWOT); • obter e manter vantagem competitiva; • reduzir o tempo de resposta ao mercado; • reduzir custos (maximizar os resultados); 10 • acompanhar mudanças de valores, hábitos, necessidades, tecnologias que envolvem os consumidores (as pessoas); • aprimorar e revisar continuamente o planejamento de longo e curto prazos; 15 • contribuir para a identificação da melhor estratégia a seguir. Origem dos dados: 20 • dados primários: são exclusivos, únicos, sob encomenda, específicos. São levantados por meio de pesquisa – levantamentos específicos ou dirigidos; • dados secundários: são públicos, acessíveis por qualquer empresa ou pessoa; por exemplo: jornais, revistas, relatórios, associações, governo, teses ou pessoas; 25 • a origem de tais dados podem ser: interna (áreas ou departamentos da organização) e externa (do mercado, macroambiente); • podem ter caráter: oficial e/ou informal. 30 GESTÃO MERCADOLÓGICA 1.6 Caso para estudo: você tem clientes demais Nota: caso extraído do site www.1to1center.com.br, um dos melhores sites (e grupo empresarial) sobre o assunto relacionamento e gestão de clientes disponíveis atualmente. Você tem clientes demais? 5 Por Bruce Kasanoff Livre-se dos clientes de menor valor para cultivar os mais valiosos e colher lucros, não apenas receitas. 10 15 20 25 A maioria das empresas depende hoje de estratégias que derivam da padronização feita para o mercado de massa. Nesse sistema, o produto é mais importante do que o cliente e o desenvolvimento de produtos é feito com base nas necessidades do cliente “médio”. O motor principal de uma empresa desse tipo é à busca de maior participação de mercado e o sucesso é medido pelo número bruto de clientes novos adquiridos pela empresa. Está ficando mais difícil vencer esse jogo. No melhor dos casos, esse tipo de empresa consegue apenas localizar todos os clientes dispostos a comprar seus produtos por determinado preço. Chega o momento em que a única maneira de continuar crescendo é reduzir o preço, já que todas as pessoas dispostas a comprar pelo preço antigo já compraram. A concorrência também desempenha um papel. Basta um único concorrente agressivo ou irracional começar a reduzir os preços para pressionar as margens da empresa pioneira. As empresas que operam em mercados de massa, aquelas que se concentram em mercados de nicho e as firmas que 31 Unidade I fazem marketing por bancos de dados – todas enfrentam esses desafios. 5 10 15 20 25 Um número cada vez maior de empresas está procurando uma saída, fazendo a transição para a concorrência focada no cliente. Essas empresas utilizam práticas de negócios one-to-one para satisfazer as necessidades de cada cliente valioso. Note bem: não estamos falando das necessidades de todos os clientes, mas apenas dos clientes de maior valor. A concorrência focada no cliente muda a “direção” do sucesso. Você começa com um cliente importante, fornecendo um produto ou serviço sob medida para esse cliente. Em seguida, você começa a procurar outros meios de satisfazer as necessidades específicas desse cliente. A meta primordial é aumentar a participação no cliente, não a participação no mercado. Você atinge o sucesso quando retém os clientes existentes e incrementa o volume de negócios transacionados com eles. Muitas vezes as estratégias que visam aumentar a participação no cliente resultam em margens maiores sobre transações subsequentes com o mesmo cliente. Isso porque a empresa fornece produtos e serviços cada vez mais afinados com as necessidades do cliente. Quanto maior a compatibilidade do produto com as necessidades do cliente, mais valioso o produto será aos olhos dele. Soluções feitas sob medida 30 32 Os partidários da escola da padronização serão tentados a interromper sua leitura neste ponto, para exclamar: “Mas o atendimento sob medida custa mais caro e esse custo mais alto anulará o aumento das margens!”. A ideia de que a única maneira de reduzir o custo é padronizar o produto está ultrapassada. A personalização não precisa custar GESTÃO MERCADOLÓGICA mais. Aliás, graças à queda veloz do custo do poder de computação, pode até custar menos. O avanço tecnológico tornou a personalização não apenas economicamente viável, mas lucrativa também. 5 10 15 20 25 30 Por exemplo, a Hertz adapta seus serviços aos clientes #1 Club Gold, não apenas lhes permitindo contornar as filas e tendo um carro esperando por eles, com o nome de cada cliente exibido num quadro luminoso, mas lembrando-se de suas preferências em termos de marca, modelo, ajuste do banco e assim por diante. A Hertz descobriu que custa menos atender esses clientes do que os clientes menos valiosos. Lembrando-se de suas preferências, a Hertz consegue eliminar serviços de que não precisam ou que não valorizam. Um dos itens de maior custo para qualquer empresa é o estoque. A empresa focada no cliente tende a ter muito menos estoque porque o produto final não é montado até o recebimento do pedido, reduzindo-se dessa forma o custo do carregamento e o desperdício. Em muitos casos, a Dell Computer sequer encomenda uma peça antes de vender o produto final para o qual precisa da peça. Com isso, a Dell reduziu o nível de estoque ao equivalente de sete dias de produção em média, obtendo lucros e crescimento extraordinários. A British Airways está instalando um software novo, o System ESS da Industrie-Matematik International, que permitirá à companhia aérea oferecer aos clientes as revistas e itens pessoais de sua preferência ao tomarem assento no avião. Em breve, a BA entregará a cada voo a exata combinação de materiais necessária para atender às necessidades individuais de cada cliente. Os clientes da BA não serão os únicos a usufruir os benefícios desse novo processo de personalização em massa. Haverá benefícios para a empresa também. Graças ao System ESS, a British 33 Unidade I Airways poderá eliminar o desperdício e reduzir o estoque de forma dramática através da coordenação das entregas efetuadas por sua rede mundial de fornecedores. Mais iguais que os outros 5 10 15 20 25 30 34 O mais importante é que o tratamento individualizado pode levar ao aumento dos lucros. Mas nem todos os clientes merecem tal tratamento. De modo geral, aqueles que o justificam têm as seguintes características: 1. Alto valor vitalício (Lifetime Value - LTV), atual ou em potencial: são esses clientes que trazem lucro, prestígio ou oportunidades promocionais através de suas interações com a empresa. 2. Necessidades complexas ou especiais: quanto mais as necessidades de determinado cliente diferem das necessidades de outros clientes, maior será a tendência de esse cliente valorizar o tratamento individualizado. Se você quer apenas um hambúrguer barato, basta procurar qualquer loja McDonald’s ou Burger King. Mas se estiver morrendo de vontade de comer sashimi feito com uma espécie rara e potencialmente venenosa de peixe, provavelmente você preferirá dirigir-se a um especialista de sushi que já conhece e em quem confia. 3. Vontade de colaborar: para fornecer produtos ou serviços realmente sob medida, a empresa precisa obter as especificações do cliente, ou pelo menos informações sobre suas preferências, seguidas de feedback contínuo do cliente para saber se está satisfazendo suas necessidades. Na maioria dos casos, essas informações só podem ser obtidas através do próprio cliente. Dez anos atrás, a Custom Research Inc. (CRI) procurou aumentar suas margens de lucro, focando exclusivamente GESTÃO MERCADOLÓGICA 5 10 15 20 em clientes de alto volume que voltavam sempre e pertenciam às 500 maiores empresas segundo a Fortune. Em 1989, a CRI incrementou a população de clientes de maior valor de 25 para 34, ao mesmo tempo reduzindo quase pela metade o tamanho da clientela total. Atualmente, a CRI tem índices de retenção muito altos e receitas fortes, podendo manter o foco no fornecimento de serviços da maior qualidade. “Relacionamentos são fundamentais para o negócio da CRI. Mais de 60 por cento de nossos projetos novos são obtidos através de relacionamentos existentes,” diz Beth Rounds, vice-presidente sênior. Antes de embarcar num projeto novo, a CRI compara as necessidades do cliente em potencial com a capacitação da empresa. Se não forem altamente compatíveis, a CRI recomenda algumas outras empresas de pesquisa que considera mais indicadas para satisfazer as necessidades em questão. A estratégia parece estar funcionando bem. No ano passado a CRI recebeu o prêmio Malcolm Baldrige, o mais importante dos EUA na área de qualidade. Com apenas 105 profissionais em tempo integral, a empresa é uma das menores a conquistar esse prestigioso prêmio até hoje. Como demitir clientes 25 30 A ideia de recusar propostas de negócios deve parecer bastante radical para os partidários da antiga escola do mercado de massa. Mas a dura realidade é que a maioria das empresas tem recursos limitados. Uma iniciativa que visa atender sob medida os clientes valiosos precisa ser financiada antes de gerar resultados. Esses recursos financeiros terão de sair de algum lugar. Na maioria dos casos, a lógica indicaria que a empresa parasse de vender para clientes que dão prejuízo ou lucro marginal. Em certos 35 Unidade I casos a empresa talvez queira até parar completamente de trabalhar com esses clientes. 5 10 15 20 25 30 36 No ano passado, apresentei uma série de palestras a especialistas em planejamento financeiro. De cidade em cidade, conheci dois tipos de planejador com características bem distintas. O primeiro grupo era composto de planejadores bem-sucedidos que muitas vezes explicavam como conseguiam delicadamente levar clientes de pouco valor e pouco potencial a procurar outro profissional, não raro um colega menos experiente. A segunda categoria, que aceitava todos os clientes que os procuravam, queixava-se sem parar da falta de tempo, do excesso de trabalho e dos lucros minguados que conseguiam obter. Qual dos dois grupos tem a estratégia empresarial mais inteligente? A FedEx tem 850 mil itens de hardware ou software instalados em clientes ao redor do mundo, número que inclui o VirtualOrder, seu novo sistema de comércio eletrônico. Esses sistemas não apenas ajudam os clientes a serem mais eficientes, mas fornecem uma quantidade de conhecimentos altamente valiosos à FedEx. A empresa utilizou seus sistemas avançados de informação para calcular a lucratividade de cada cliente. Em seguida, os vendedores da FedEx procuraram os clientes não lucrativos para negociar preços mais altos, ou simplesmente fecharam suas contas. Quando a poeira baixou, a FedEx havia deliberadamente rejeitado clientes que, juntos, geravam 150 mil encomendas por dia. Através de esforços desse tipo, a FedEx consegue permanecer focada no cultivo de relacionamentos duradouros com seus clientes mais lucrativos. A interação com esse grupo permite à empresa satisfazer as necessidades específicas desses clientes no setor de GESTÃO MERCADOLÓGICA transporte expresso de modo rápido e eficiente. Qualquer cliente que quisesse mudar para um concorrente teria de abandonar os sistemas que está habituado a usar e reensinar ao concorrente tudo que a FedEx já sabe. 5 Receitas versus lucros Chegou a hora em que as empresas líderes terão de fazer a simples, mas difícil opção: querem focar em transações ou relacionamentos? 10 15 20 25 30 Mensurar o sucesso em termos de transações muitas vezes leva as empresas a recompensar aqueles vendedores que trazem receitas e desprezar ou minimizar o lucro. Basta observar a equipe típica de vendas na última semana do trimestre. Veja como o pessoal corre para fechar qualquer negócio nos dias finais, de modo a aumentar suas comissões. Mas pode apostar que muitos desses negócios darão prejuízo para a empresa. Em geral, não há qualquer incentivo que leve os vendedores a procurar negócios mais lucrativos. O foco é colocado exclusivamente na geração de mais receita. Esse tipo de estratégia faz com que as empresas aceitem todos e quaisquer clientes, até mesmo aqueles que nunca serão lucrativos. Tais clientes incluem os que nunca se dão por satisfeitos, se preocupam demais com preços ou não possuem os meios para reagir positivamente ao tratamento positivo. Mensurar sucesso em termos de relacionamentos é uma estratégia mais inteligente para o longo prazo. A empresa focada em relacionamentos começa por calcular não apenas o valor presente de determinado cliente, mas também o valor estratégico desse cliente, o quanto vale potencialmente no longo prazo. Esse tipo de 37 Unidade I empresa procura cada vez mais cultivar clientes cujo valor é robusto no longo prazo. 5 10 15 20 Essa estratégia não é nova. Há décadas, empresas como a Neiman-Marcus e a Nordstroms vêm se esforçando, sobretudo para atender às necessidades de clientes sofisticados, deixando o mercado de massa para a Sears e a Kmart. A novidade é que em termos econômicofinanceiros se tornou muito mais factível a qualquer empresa personalizar seus produtos ou serviços em alguns aspectos para clientes individuais. Temos a felicidade de viver numa era caracterizada pela queda vertiginosa dos custos do processamento de dados, pela proliferação de meios avançados como a web e sistemas telefônicos interativos e pela criação de pacotes de software cuja capacitação parece no limite da mágica. Os lucros não são mais derivados da padronização para o mercado de massa, mas da personalização. Chegou o momento em que você deve auditar sua base de clientes e passar a cultivar aqueles cujo valor é suficientemente alto para justificar o tratamento one-to-one. 2 LANÇAMENTO DE NOVOS PRODUTOS O termo “novo produto” é um tanto confuso, porque seu significado varia muito. Na realidade, há diversas definições “corretas” para o termo. Um produto pode ser novo para o 25 mundo, para o mercado, para o produtor ou para o vendedor, ou pode ser uma combinação disso (Lamb Jr.; Hair Jr.; McDaniel, 2004, p. 326). Nessa visão, é possível dizer que os novos produtos são importantes para sustentar o crescimento e o lucro de muitas 30 organizações e para substituir itens (ou outros produtos) obsoletos no mercado. 38 GESTÃO MERCADOLÓGICA 2.1 O processo de desenvolvimento e lançamento de novos produtos Sem sombra de dúvida, uma das atividades mais marcantes para uma organização e seu departamento de marketing é o processo de desenvolvimento e lançamento de um novo produto. Tal atividade é importante porque significa, por meio 5 de diferentes métodos, analisar o mercado, mais especificamente os clientes e consumidores, bem como a capacidade criativa e produtiva das organizações, para então desenvolver novas ideias que tragam à tona novos produtos que beneficiem tanto o mercado como a organização. Criar um produto novo, na maioria das vezes, não é fácil. Porém, compete aos profissionais de todos os setores, não apenas os de marketing, apresentar suas ideias inovadoras no que se refere ao lançamento de algo totalmente novo ou à adaptação de algo que já existe em um novo contexto de uso, ou com 15 novas características físicas ou novas funções agregadas. 10 Um novo produto pode ser entendido como um produto que, de alguma maneira, é novo para a organização (Churchill, 2000, p. 292). Ou seja, o produto pode não ser novo para o mercado, mas pode ser novo para aquela organização 20 porque agora a mesma passou a fabricá-lo. Além disso, outro entendimento possível é: um novo produto representa um bem, serviço ou ideia que é percebido como novo por alguns consumidores em potencial (Moreira; Pasquale; Dubner; 1999, p. 256). Essa interpretação sugere que um produto é definido como novo pelos consumidores e clientes, portanto, depende deles tal condição. Mas atenção: assumir que um produto será considerado como “novo” apenas a partir da opinião dos consumidores é muito arriscado e pode, sobretudo, trazer 30 problemas de comunicação com os clientes mais bem informados sobre produtos e lançamentos. 25 39 Unidade I Já que um produto pode ser considerado como “novo” por meio de diferentes abordagens, é importante esclarecer os modos mais importantes de identificá-lo. 2.2 Classificando novos produtos (tipos de novos produtos) Há muitos meios de classificar novos produtos. Por exemplo: 5 inovações contínuas (ou seja, as mudanças ocorrem em produtos existentes; podem ser vistas com a evolução de um produto existente) ou inovações descontínuas (ou seja, os produtos são completamente novos, não existe antecessor e o mesmo não é fruto da evolução de um produto existente). Os produtos podem ser também inovações voltadas para tecnologia (que vêm de pesquisa e desenvolvimento) ou inovações voltadas para os clientes (que vêm da análise de necessidades e desejos dos consumidores) (Churchill, 2005, p. 262). Essas duas formas aqui apresentadas são importantes 15 porque representam duas grandes tendências do mercado: desenvolver novas tecnologias que integrem funções e melhorem a vida das pessoas e desenvolver produtos a partir do que os clientes realmente requerem e dizem, ou seja, lança-se o produto a partir das necessidades e até mesmo dos desejos dos 20 clientes (sempre que possível e viável). 10 Segundo Churchill e Peter (2005), do ponto de vista da empresa, uma classificação útil de novos produtos é: 25 40 • produtos novos para o mundo: são invenções que não existiam anteriormente, incluindo produtos como televisores, computadores e impressoras a laser. São muitas vezes revolucionários e podem mudar o modo como as pessoas vivem e trabalham. Geralmente trazem consigo novas demandas não pensadas anteriormente; GESTÃO MERCADOLÓGICA 5 • novas categorias de produtos: produtos novos para uma empresa, mas não novas invenções. Incluem o primeiro xampu da Procter & Gamble, a linha de produtos de peru da Sadia e os cintos e camisas da Levi’s. Naturalmente, os produtos citados não foram lançados para o mundo por essas empresas; o que elas fizeram foi incluir em suas linhas de produtos o “xampu, produtos a base de peru, cintos e camisas” que outras marcas já fabricavam com sucesso; 10 • adições a linhas de produtos: esses produtos são extensões de linha como o sabão Omo Máquina em relação ao sabão em pó Omo tradicional, a Kaiser Light em relação a cerveja Kaiser tradicional e o Gol com quatro portas em relação ao Gol com duas; 15 25 • melhorias em produtos: são produtos novos na medida em que representam versões alteradas de produtos já existentes. Os exemplos incluem motocicletas HarleyDavidson com injeção de combustível, os antigos videocassetes da Panasonic que podiam ser programados para gravar programas a partir de números designados no guia de TV e patins Metroblade, da Rollerblade, que têm um tênis removível. Outros exemplos mais atuais, os televisores da LG conhecidos como “Time Machine”, com HD interno, que possibilita a gravação de mais de 33 horas de programação; 30 • reposicionamentos: produtos reposicionados para novos usos ou mercados, como o de bicarbonato de sódio como desodorizador de geladeiras, de uma loção para pele como repelente de insetos e das lâminas Gillette Sensor para mulheres e não só para homens. 20 41 Unidade I Tipos de novos produtos Produtos novos para o mundo Reposicionamentos vo! Novas categorias de produtos No Melhorias em produtos Adições a linhas de produtos Fonte: adaptado de Churchill; Peter, 2005, p. 263. Importante Outras mudanças podem ser feitas num produto que o tornem novo em algum sentido, mas as apresentadas aqui certamente são as mais comuns e possivelmente aquelas com as quais você vai se deparar em seu cotidiano, apenas prestando atenção aos produtos ao seu redor. 2.3 O processo de desenvolvimento de novos produtos Como um novo produto pode representar o sucesso de uma organização, é importante conhecer de maneira sucinta o processo de desenvolvimento de novos produtos. Além, 5 é claro, de saber que tais processos podem sofrer mutações dependendo da circunstância ou condição da organização e do mercado-alvo. Minimamente, um processo de desenvolvimento de um novo produto pode ser assim apresentado (veja o quadro a seguir): 42 GESTÃO MERCADOLÓGICA Processo de desenvolvimento de um novo produto 1. Geração de ideias Para que qualquer novo produto seja possível, muitas ideias deverão ser geradas à luz de novas possibilidades para o mercado. É importante enfatizar que a busca de novas ideias deve começar pelos desejos e necessidades dos clientes, ou seja, as novas ideias deverão atender a tais necessidades e/ou desejos ou, pelo menos, deverão ser capazes de gerar novos desejos e/ou novas necessidades. 2. Triagem de ideias Análise e seleção da ideia viável. 3. Análise comercial Análise dos profissionais de marketing para saber se a ideia pode ser comercialmente bem-sucedida, ou seja, se haverá demanda para o produto ou serviço decorrente da ideia. Nesse caso, inclui: a. Previsão de vendas: quanto de vendas o novo produto por gerar? b. Teste de conceito: pede-se aos clientes potenciais que avaliem fotos e outras características do produto. c. Previsão de custos: previsão de se o produto pode ser produzido e comercializado com lucro. 43 Unidade I 4. Desenvolvimento do produto 5. Teste de marketing Usado para testar e/ou conhecer a aceitação do produto. Deve avaliar o real potencial do produto sem os custos de uma introdução em grande escala. 6. Comercialização Estágio em que a administração empenha-se em introduzir o novo produto no mercado (de maneira geral) e na escala definida pela cúpula da organização. Fonte: adaptado de Churchill, 2005, p. 264. O processo de desenvolvimento de novos produtos deve levar em conta também as características particulares de cada mercado para o qual o novo produto será destinado. Por exemplo, criar novos produtos que atendem a demandas específicas de grandes 5 centros urbanos ou exclusivamente a áreas rurais, produtos de tecnologia de segurança veicular ou residencial, produtos que sejam voltados para os homens ou para as mulheres, etc. Além disso, ao desenvolver novos produtos, deve ser levado em consideração se o produto ou serviço destina-se ao mercado 10 interno ou externo. É notório que aprender sobre os clientes e suas necessidades e desejos é especialmente importante, ao criar uma nova estratégia de produto para atender a mercados internacionais, assim como nacionais. Levar em conta as diferenças entre os países pode ditar 15 algumas modificações básicas no produto; por exemplo: carros produzidos para a Inglaterra e para o Japão requerem volantes do lado direito, enquanto no Brasil e nos Estados Unidos, do lado esquerdo. 44 GESTÃO MERCADOLÓGICA 5 10 15 Em alguns casos, as organizações inventam novos produtos para atender às necessidades de um mercado global. Isso é especialmente verificável no setor alimentício, pois, como os gostos variam amplamente, os produtores de alimentos muitas vezes precisam criar produtos que correspondem aos hábitos locais. Para servir à Costa do Marfim, por exemplo, a Nestlé desenvolveu o Bonfoutou, uma versão de um prato local de batata-doce (Churchill; Peter, 2005, p. 265). Os gerentes têm melhor chance de comercializar produtos com sucesso se entenderem como os consumidores aprendem sobre produtos e os adotam. Uma pessoa que compra um produto que nunca tenha experimentado antes pode, no fim das contas, transformar-se em um adotante, um consumidor que ficou suficientemente feliz com sua experiência com o produto que o usará novamente (Lamb Jr.; Hair Jr.; McDaniel, 2004, p. 341). 2.4 Novas ideias para novos produtos As novas ideias para novos produtos podem surgir de 20 diferentes fontes, algumas delas talvez você sequer tenha imaginado. Por exemplo, as novas ideias para os novos produtos podem surgir: • dos próprios funcionários da empresa; • dos clientes e consumidores que a empresa atende; 25 • dos distribuidores; • por meio de pesquisa de mercado e da pesquisa de percepção do cliente; • até mesmo dos concorrentes (diretos e indiretos) (Lamb Jr.; Hair Jr.; McDaniel, 2004, p. 329). 45 Unidade I Logo, é a criatividade o ventre das ideias de novos produtos, o que corresponde a dizer que não importa quem as conceba ou em que momento ou circunstância. O que importa é que uma nova ideia surge por força de algum movimento, como a 5 insatisfação com uma realidade que se deseja que seja melhor (sair de uma situação atual para atingir uma situação ideal). Segundo Lamb Jr., Hair Jr. e McDaniel (2004, p. 330), foram desenvolvidas diversas abordagens técnicas para estimular o pensamento criativo. As duas consideradas mais úteis para gerar 10 novas ideias de produtos são exercícios de brainstorming e de grupo de foco (focus group ou, ainda, grupo focal). 2.4.1 Brainstorming O brainstorming, ou, em tradução livre, “tempestade cerebral”, é mais do que uma técnica de dinâmica de grupo. É uma atividade desenvolvida com o objetivo de explorar o potencial 15 criativo de cada indivíduo, estimulando cada um a apresentar sua ideia ou ideias sobre uma determinada realidade, buscando, com isso, encontrar condições viáveis, após descartar as não aplicáveis de momentos ou aquelas que não são aplicáveis por serem equivocadas. Resumo: Originou-se nos Estados Unidos e sua autoria foi de Alex F. Osborn. Como técnica, o brainstorming é especialmente utilizado nas áreas de relações humanas, publicidade e propaganda. Consiste em fazer com que um grupo de pessoas pense em formas não limitadas de diversificar um produto ou resolver um problema (Lamb Jr.; Hair Jr.; McDaniel, 2004, p. 330). A técnica de brainstorming propõe que um grupo de pessoas (de duas até dez) se reúna e utilize diferenças em 46 GESTÃO MERCADOLÓGICA um produto, ou resolvem um problema (Lamb Jr.; Hair Jr.; McDaniel, 2004, p. 330). A técnica de brainstorming propõe que um grupo de pessoas (de duas até dez) se reúna e utilize diferenças em seus pensamentos para que possa chegar a um denominador comum eficaz e com qualidade, gerando, assim, ideias inovadoras que levem o projeto adiante. A técnica propõe que as pessoas envolvidas nesse método sejam, preferencialmente, de setores e competências diferentes, pois suas experiências diversas podem colaborar com a “tempestade de ideias” que se forma ao longo do processo de sugestões e discussões. Outro aspecto importante do brainstorming é que nenhuma ideia é descartada ou julgada como errada ou absurda. Todas são ouvidas e trazidas até o processo de brainwrite (em tradução livre, “ideia escrita”, ou seja, se escreve o que se pensa e analisa), que se constitui na compilação ou na anotação de todas as ideias ocorridas no processo de brainstorming, em uma reunião com alguns participantes de uma sessão, assim evoluindo até a chegada da solução efetiva. Sua importância também está no fato de que quando se requerem respostas rápidas a questões relativamente simples, o brainstorming é uma das técnicas mais populares e eficazes (ágil). Nota: Alex Faickney Osborn (1888-1966), nascido no Bronx, Nova Iorque, foi um reconhecido publicitário norteamericano, criador e autor das importantes técnicas de criatividade hoje conhecidas como brainstorming. 47 Unidade I 2.4.2 Grupo foco (focus group) O focus group, em português, “discussões de grupo” (também conhecidas como DG), é uma técnica utilizada em pesquisas qualitativas (ou em marketing, mais comumente na pesquisa qualitativa de mercado), na qual se emprega a discussão com 5 um moderador (pessoa que faz as “provocações” para que os demais possam manter-se concentrados no assunto central da discussão). Os grupos podem ser compostos com pelo menos sete e idealmente não mais do que doze participantes (Moreira; Pasquale; Dubner, 1999, p. 137). 10 As DGs costumam durar entre 90 a 120 minutos e devem ser coordenadas por um moderador experiente. O moderador é também um facilitador do processo de discussão, pois ajuda o grupo a interagir sempre que necessário. Normalmente, os focus groups são usados para discussão 15 dos mais diversos temas e, frequentemente, são usados em testes da publicidade: testes de conceito e como pré-fase de estudos quantitativos maiores. Durante a DG, o cliente, ou seja, a empresa contratante, pode observar toda a discussão, através de uma janela espelhada, 20 sem que sua presença seja percebida. Uma câmara de vídeo é usada para gravar a discussão, para ser vista por outros que não puderam estar presentes no momento ou para realizar novas reflexões acerca do que foi discutido. É utilizada, sobretudo, para evitar ou corrigir erros de interpretação. 25 Por fim, ao analisar a DG, os analistas ou pesquisadores examinam mais do que apenas as frases (palavra a palavra) utilizadas pelos participantes. Eles estão interessados também nas expressões faciais, na linguagem corporal e na dinâmica de grupo para idenficar expressões mais seguras sobre a opinião de 30 um tipo sobre um produto, de sua cor, peso, características, etc. 48 GESTÃO MERCADOLÓGICA 2.5 Atenção às características dos novos produtos As características de um novo produto referem-se àquilo que se deseja que o produto ofereça porque tal elemento (característica) foi nele introduzido. Os profissionais de marketing, por exemplo, selecionam quais características um 5 novo produto deverá possuir a partir do que os clientes querem que ele ofereça (faça). Segundo Churchill e Peter (2005, p. 273), as organizações voltadas para o valor (valor para o cliente) procuram não só perguntar aos clientes potenciais e efetivos o que eles desejam, 10 mas também procuram saber o que é provável que esses clientes precisem ou precisarão. Como exemplo: uma importante característica dos produtos para a qual, de modo geral, se deve atentar, é a cor. Imagine como seria para você comprar um veículo tipo caminhonete na cor 15 rosa, com bolas verde-limão e ainda com desenhos que parecem bigodes azuis. É possível dizer que tal veículo chamaria a atenção. Mas que atenção será essa? E como seria o mesmo veículo nas cores prata ou preta? Tente imaginar a enorme diferença para tal característica aparentemente tão simples de ser estabelecida. 2.5.1 Design do produto O design do produto, também chamado de projeto de produto ou desenho industrial, é responsável pelo desenvolvimento de um produto que possa chamar a atenção dos clientes, agradando-os sem que o mesmo seja necessariamente mais caro. Um bom design, além de acrescentar valor a um novo 25 produto, pode levar a produtos mais fáceis de utilizar, bem como mais agradáveis para os sentidos. 20 Um projeto que apresente facilidade de uso e apelo estético a novos produtos pode ser difícil, mas é uma forma 49 Unidade I de diferenciá-los. Por exemplo, um repórter classificou um novo modelo da Honda com prático, de bela engenharia e divertido de dirigir. Lojas de roupas de shoppings centers, especialmente as de grife, lançam novos modelos que fazem 5 sucesso praticamente sem propaganda. Apesar de seu preço mais elevado, os produtos são bonitos e dão status (Churchill; Peter, 2005, p. 274). 2.5.2 Segurança do produto Indo além de a segurança ser uma condição ética (os clientes não podem ser prejudicados pelos produtos ou 10 serviços e seu defeitos) necessária, ela é também uma questão prática, pois clientes e consumidores irritados com produtos que conferem pouca ou nenhuma segurança, ou que não foram pensados para serem adequados a certas circunstâncias, não o compram mais. Ou seja, se os clientes 15 percebem que certo produto não é seguro, tendem a evitá-lo, e com certa frequência o evitarão para sempre, não dando espaço para correções. O assunto segurança para uma organização nunca pode estar no campo de pensamento que afirma “Se não der certo 20 assim, corrigimos depois”, pois os clientes, antes disso, deixam de comprar e migram para os concorrentes. 2.6 A embalagem Como definição simples, a embalagem pode ser explicada da seguinte maneira, segundo Moreira, Pasquale e Dubner (1999, p. 149): “invólucro que acondiciona e protege produtos”. 25 50 Para marketing, uma embalagem é muito mais importante do que normalmente parece. Ela, de maneira geral, serve a vários propósitos que acrescentam valor para os clientes. Por exemplo, ela pode ser funcional, o que facilita o acesso ao produto e à própria estocagem, etc. GESTÃO MERCADOLÓGICA Além disso, a embalagem pode ser utilizada para promover o produto, o que beneficia a organização, já que amplia o potencial de identificação de sua marca e seu produto no mercado, bem como beneficia o cliente, pois proporciona informações. 5 Por fim, a embalagem pode e serve para distinguir o produto de seus concorrentes, talvez sendo essa sua função competitiva mais marcante. O uso da embalagem para distinguir um produto pode ser uma parte importante do composto de marketing para atingir certos mercados-alvo. Por exemplo, para alcançar consumidores mais velhos, os profissionais de marketing podem usar embalagens fáceis de abrir. Para atingir pessoas solteiras, os fabricantes de alimentos podem oferecer embalagens menores ou individuais. Para atingir famílias com filhos, podem usar embalagens com fechos 15 de segurança, a fim de evitar que crianças mexam em produtos perigosos, como remédios ou artigos de limpeza (Churchill; Peter, 2005, p. 276). 10 Partindo dos autores Churchill e Peter (2005), é possível identificar alguns cuidados ou atenções sobre as embalagens: 20 25 30 • quanto ao custo: ao selecionar a embalagem para o produto, a organização deve levar em conta os custos e, claro, quais são as opções possíveis de embalagens (tipos e qualificações) para tal produto. Embalagens muito atraentes, superseguras, podem custar muito caro, ou seja, podem ser totalmente inviáveis para o produto ao qual estariam relacionadas. Portanto, os profissionais de marketing e suas respectivas organizações precisam selecionar as embalagens adequadas para cada caso; • quanto aos desejos e necessidades dos clientes: as embalagens precisam pelo menos, na medida do possível, serem voltadas para os clientes a fim de atenderem à suas necessidades e, se possível, seus desejos. Por exemplo, 51 Unidade I 5 no caso dos refrigerantes, a maioria dos consumidores não se mostra disposto, tampouco interessado, em levar as garrafas retornáveis de volta às lojas. Embora muitos até façam isso, a realidade é que a grande maioria simplesmente não faz. 2.7 O rótulo Como definição simples, um rótulo pode ser assim explicado: é toda e qualquer informação referente a um produto que esteja transcrita em sua embalagem. Logo, o rótulo é uma parte importante das embalagens (Churchill; Peter, 2005, p. 277). Os rótulos podem variar muito. Podem ser desde pequenos e simples, como um adesivo numa maçã que se compra em qualquer rede de supermercado (que serve para identificar o produto com informações como “maçã argentina”, “maça gala”) a rótulos complexos, com informações sobre um solvente que 15 pode ser tóxico quando mal utilizado. 10 Uma importante função do rótulo para o marketing é promover o produto e acrescentar valor para os clientes ao oferecer informações que os ajudem na seleção e no uso. Os rótulos auxiliam os esforços promocionais da organização 20 também por chamarem a atenção do cliente para o produto e seus benefícios; por exemplo, muitos dos produtos alimentícios trazem informações específicas em seus rótulos para chamar a atenção dos consumidores mais preocupados com a saúde com informações como “sem colesterol”, “zero açúcar”, etc. 3 PRECIFICAÇÃO: ESTABELECENDO O PREÇO DOS PRODUTOS NA ÓTICA DO MARKETING 25 52 Para muitos, não existe elemento do composto de marketing (4Ps = Produto, Preço, Praça e Promoção) que mais encante as empresas do que o elemento preço, ou seja, o que trata da precificação — método de estabelecer o preço dos produtos GESTÃO MERCADOLÓGICA = determinação de preço (Moreira; Pasquale; Dubner, 1999, p. 285). Segundo Ferrell; Hartline (2005, p. 216), há pelo menos três razões para se ter muita atenção e cautela com a precificação: 5 • a equação da receita é bastante simples; ela é igual ao preço vezes a quantidade vendida. Existem apenas dois caminhos para a empresa aumentar a receita: aumentar o preço ou o volume de produtos vendidos. Raramente se podem fazer as duas coisas simultaneamente; 10 • a precificação é, sem dúvida, uma das variáveis mercadológicas mais fáceis de mudar, porém, os elementos contemplados devem ser profundamente conhecidos e analisados antes de qualquer alteração. E mais: tudo deve ser feito rapidamente, para evitar perder mercado para concorrentes mais ágeis; 15 • as empresas têm muito trabalho para descobrir e antecipar as estratégias e táticas de precificação das empresas rivais, por isso devem sempre tentar antecipar-se aos movimentos competitivos dos concorrentes. Importante: O fato de os preços serem facilmente mutáveis não significa que a maioria das organizações faça um bom trabalho em termos de fixação de preços de seus produtos e/ou serviços. Pense na relação entre o preço e a receita: Quanto mais alto o preço, maior a receita e maior o lucro obtido em cada venda. Mas as empresas não podem cobrar altos preços sem uma boa razão para isso, pois, se o fizerem, não venderão ou venderão muito menos do que o esperado. 53 Unidade I 3.1 Uma análise mercadológica da formação de preço Para os pequenos empresários e administradores, talvez a formação do preço de venda de um produto ou serviço seja uma das tarefas mais desafiadoras encontradas dentro do composto mercadológico. Apesar de o preço ser um dos elementos mais 5 flexíveis, pode ser rapidamente modificado e adaptado ao mercado ao sabor das variações da demanda e das competências (ou falta delas) de uma organização. O processo de precificar pode ser realizado de diferentes maneiras, mas pense em dois deles neste momento: o preço 10 baseado no volume de vendas e o preço do produto. O primeiro sugere que os ganhos (lucros) estão ligados ao volume total de vendas, ou seja, quanto mais se vende, mais se ganha. O segundo sugere que os ganhos estão relacionados à margem de contribuição de cada produto individualmente, sendo que 15 o resultado de uma venda será visto isoladamente (pelo menos em certa circunstância). Fatores como custo, ponto de equilíbrio, demanda, lucro, margem de contribuição e concorrência, aliados à sensibilidade do consumidor e a seu comportamento de compra, tornam 20 complexo o assunto, que hoje é chamado de precificação. Dentre os vários estudos sobre preço, Parentes (2000, p. 165) aponta “(...) o comportamento do mercado consumidor como um dos principais determinantes que o varejista deve considerar quando estiver definindo suas políticas de preço”. O comportamento 25 de escolha do comprador sofre mudanças com o passar do tempo. Alguns outros fatores, além do preço, também são levados em consideração para a tomada de decisão no momento da compra. A relação do custo (preços e ofertas) com o benefício (qualidade, variedade, ambientação, atendimento, etc.) que a 30 empresa irá ofertar ao comprador terá que estar de acordo com 54 GESTÃO MERCADOLÓGICA um conjunto de características macroambientais, como, por exemplo, a moda e conceitos vigentes à época, que influenciarão na decisão de compra. A existência de sensibilidade ao preço demonstra o perfil 5 dos consumidores: uns são pouco sensíveis ao preço, são influenciados pela compra de produtos exclusivos e que lhes dão alto valor de satisfação; outros são muito sensíveis e influenciados pela compra de produtos substitutos, que podem ser comparados, pela qualidade, em relação ao melhor custo-benefício. Segundo Kotler (1998, p. 372), o preço permanece ainda como um dos elementos mais importantes na determinação da participação de mercado de uma empresa e em sua rentabilidade. É preciso deixar claro que o consumidor possui uma renda limitada. Por isso busca, em um produto ou serviço, 15 a maior satisfação possível, mas que seja compatível com suas possibilidades financeiras de compras. 10 É possível acreditar que boa parte dos consumidores adora as liquidações. Com isso, as empresas fornecem preços baixos, na confiança de alavancar suas vendas e, consequentemente, 20 os negócios. Essa abordagem funciona, mas não é absoluta, logo, não é a realidade de todos os consumidores, produtos e mesmo empresas. Além disso, tal abordagem funciona na medida em que ocorre a economia de escala, associada à produção em massa de bens e serviços, o que resulta em 25 reduções de custos e, a cada redução de custos, possivelmente, em redução de preços. De acordo com Cobra (2001, p. 199), é importante que a empresa adquira conhecimento acerca das preferências de seus consumidores para transformá-lo na sabedoria da plena 30 satisfação de necessidades e desejos explícitos e ocultos, procurem os consumidores preços menores ou maiores, desde que os produtos e serviços possam ser traduzidos em satisfação da relação custo-benefício. 55 Unidade I Adotar políticas de preço corretas significa determinar o preço, não somente com base na decisão financeira, mas incorporando o processo global de marketing da organização. As informações recebidas da análise mercadológica, juntamente 5 com a análise financeira, deverão contribuir para estruturar adequadamente o processo de formação de preço. É útil lembrar que, em marketing, é importante ter “o produto certo, para o cliente certo, ao preço certo e na hora certa”. 3.2 Preço na perspectiva do vendedor Por sua própria natureza, aqueles que vendem tendem a 10 inflar os preços porque querem receber o máximo possível na troca com o comprador. Da perspectiva do vendedor existem quatro questões fundamentais que se tornam importantes em estratégias de precificação (Ferrell; Hartline, 2005, p. 218): • custo; 15 • demanda; • valor do consumidor; • preço dos concorrentes. O custo é uma importante consideração em qualquer estratégia de precificação. Além disso, quando a disponibilidade 20 do produto é limitada, as empresas também devem levar em consideração os custos de oportunidade em sua estratégia de precificação. Outro fator, a demanda de mercado, também é uma questão fundamental na hora de estabelecer o preço – o fato de uma organização cobrir seus custos não significa que os 25 consumidores irão pagar seu preço. 3.3 Preço na perspectiva do comprador Sob muitos aspectos, a perspectiva do comprador na precificação é o oposto da perspectiva do vendedor. Onde vendedores tendem a elevar os preços, compradores geralmente 56 GESTÃO MERCADOLÓGICA veem os preços como sendo mais baixos do que está sendo ditado pela realidade do mercado (Ferrell; Hartline, 2005, p. 219). Para os compradores, o preço é o que será dado em troca por um produto. 5 10 15 20 Da perspectiva do comprador, duas questões fundamentais determinam a estratégia de precificação para a maioria das empresas: • o valor percebido: o que os compradores darão em troca do produto depende, em grande parte, do valor que percebem no próprio produto; • a sensibilidade ao preço: diferentes compradores e diferentes mercados-alvo têm diferentes perspectivas de valor; alguns são mais sensíveis do que outros até mesmo pelo volume de recursos de que dispõem ou não. Embora o preço monetário seja fundamental, alguns compradores dão mais importância a outros elementos da equação do valor. Para alguns, um bom valor tem a ver com a qualidade do produto; já para outros, depende da disponibilidade e da qualidade percebida dos produtos suplementares (Ferrell; Hartline, 2005, p. 220). 3.4 Principais determinantes da boa precificação • É necessário que os custos da organização estejam claramente colocados e avaliados; 25 • é preciso conhecer muito bem os motivos da precificação estabelecida e, claro, é requerido que seja facilmente explicável para quem quer que seja; • os preços deverão ser realistas, mensuráveis e realizáveis para que as vendas sejam concretizadas; 30 • a demanda deve ser conhecida, a fim de aferir se a mesma realmente existe e se é grande o suficiente para viabilizar o negócio, etc. Sugestão de estudo Para mais conhecimento sobre o assunto precificação, fica a sugestão de estudar o capítulo oito (“Estratégia de precificação”, p. 216-247) de: FERREL, O. C.; HARTLINE, Michael D. Estratégia de marketing. São Paulo: Thomson, 2005. 57 Unidade I 4 A COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 5 Comunicação – ato ou efeito de comunicar-se. Ato ou efeito de emitir, transmitir e receber mensagens por meio de métodos e/ou processos convencionados, quer através da linguagem falada ou escrita, quer de outros sinais, signos ou símbolos, quer de aparelhamento técnico especializado, sonoro e/ou visual (Moreira; Pasquale; Dubner, 1999, p. 98). A comunicação empresarial pode ser entendida como uma atividade estratégica para os gestores das organizações 10 (exemplo: para os diretores e presidentes das empresas). Ela engloba, nas organizações, por exemplo, supervisão da assessoria de imprensa, planejamento, implementação e condução das ações de comunicação interna – o que envolve o público interno, ou seja, os funcionários da empresa e todo 15 e qualquer relacionamento com o público externo, no âmbito corporativo. Além disso, as atividades de comunicação empresarial englobam a atenção e o cuidado com a imagem corporativa, ou seja, com a marca da empresa (não confundir com as marcas 20 dos produtos, por exemplo, o produto Coca-Cola e a empresa The Coca-Cola Company) e, assim, cuida de sua imagem (valores e conduta ética da empresa). Os profissionais dessa área continuamente se preocupam com o relacionamento da empresa como um todo com a 25 sociedade e seus stakeholders (interlocutores). Eles olham esse relacionamento não de forma multifacetada, ou seja, apenas como clientes, fornecedores, parceiros, mas principalmente como formadores de opinião e membros de uma sociedade que podem auxiliar ou não na preservação da imagem da empresa. 30 Trabalham na área de comunicação empresarial principalmente jornalistas, relações públicas e publicitários, mas, no Brasil, os postos de gerência-sênior e de diretoria têm sido ocupados 58 GESTÃO MERCADOLÓGICA por profissionais de outras áreas, como administradores e especialistas em marketing. Entenda os termos: Imprensa é a designação coletiva dos veículos de comunicação que exercem o jornalismo e outras funções de comunicação informativa em contraste com a comunicação puramente propagandística ou de entretenimento. 4.1 No Brasil A partir da década de 1960, principalmente depois da fundação da Associação Brasileira de Editores de Revistas e 5 Jornais de Empresa (ABERJE), marca que representa atualmente a Associação Brasileira de Comunicação Empresarial e a Associação Brasileira de Comunicação Organizacional, a comunicação empresarial evoluiu de forma bastante acentuada, chegando a um status estratégico, fundamental para a excelência nos 10 relacionamentos das empresas e instituições com os seus inúmeros públicos e perfis. A fundação da ABERJE, em 8 de outubro de 1967, foi obra de um grupo de jornalistas e relações-públicas, executivos de importantes empresas multinacionais e brasileiras, sediadas 15 basicamente em São Paulo. Esse grupo era liderado por Nilo Luchetti, gerente da Pirelli, considerado pai da comunicação empresarial brasileira de relações humanas. 4.2 As bases da comunicação (modelo clássico de comunicação) Para que não ocorram análises equivocadas sobre a comunicação e suas bases, este é o momento de explicar de 20 maneira simplificada o seu funcionamento tradicional. 59 Unidade I Para a comunicação acontecer, são necessários alguns elementos. Dentre eles, destacam-se, em sua primeira versão, o emissor, a mensagem e o receptor. Assim, num primeiro momento, pode-se ver a comunicação entre dois pontos ou 5 duas pessoas como a primeira forma de comunicação, em que o indivíduo A é o emissor e transmite qualquer mensagem para o indivíduo B, que é o receptor. Outros fatores também devem ser levados em conta quando se estudam as bases do processo de comunicação. Por exemplo, 10 é importante compreender que ela não se dá num buraco negro. Ela existe em algum lugar e pode sofrer influências, advindas de outros elementos (situações e personagens) presentes em tal ambiente; portanto, ela tem lugar e forma. Além disso, há a possibilidade de existirem múltiplos 15 envolvidos (interlocutores do processo de comunicação) que, por sua vez, podem influenciar o conteúdo da comunicação, e essa é capaz de variar muito rapidamente ou sofrer análises que vão desde uma situação mais complexa e profunda até cair em discursos vazios que não dão conta de dizer algo relevante (em 20 termos populares, “Ficou no blá, blá, blá”). Por fim, pense que existem signos durante a comunicação que podem influenciar, fortemente, o sentido do que é comunicado, bem como os meios que se empregam para transmitir tais signos, ou a comunicação de maneira geral, 25 podem variar muito. Entendendo os termos: Habilidades comunicativas definem-se como sendo duas habilidades comunicadoras, a escrita (retórica) e a palavra falada (oratória), duas decodificadoras, a leitura e a audição, e o pensamento ou raciocínio. Suas atitudes, a facilidade de linguagem, a capacidade de comunicação 60 GESTÃO MERCADOLÓGICA influenciam os próprios pensamentos; sendo assim, as palavras das quais o indivíduo dispõe e a maneira como ele as reúne e organiza influenciam aquilo sobre o que se pensa, como se pensa e se realmente se pensa. Além do que foi apontado acima, é importante destacar a filosofia de Platão, pois foi ele quem introduziu a ideia de que o pensamento requer símbolos mentais, ou seja, imagens que o homem leva consigo. 5 A teoria que afirma que a linguagem do homem influencia a sua percepção e o seu pensamento, em suma, que a linguagem de uma pessoa determina em parte o que ela vê, o que pensa a seu respeito e o método que usa para refletir e tomar decisões. Outro aspecto da comunicação a que se deve chamar a 10 atenção é: as atitudes da fonte da comunicação (do emissor) podem influenciar no resultado geral da comunicação (mensagem), chegando a pelo menos três formas de percepção do público-alvo (receptor): favorável (ou positiva), desfavorável (ou negativa) ou indiferente. 4.2.1 A mensagem 15 Os fatores que afetam a fidelidade da mensagem são: o código, o conteúdo, o tratamento. Abordando esses itens, devem ser considerados mais dois pontos, os elementos de cada um e o modo como eles são estruturados. Qualquer coisa que existe para o homem e que é por ele 20 conhecida de alguma forma exige uma estrutura. Não se pode falar de coisa alguma sem impor a ela uma estrutura, sem denominá-la, sem lhe dar uma forma. O homem pode perceber o mundo da mesma forma que Willian James a ele se referiu, “uma florescente, vibrante confusão”, mas o homem não pode 25 funcionar no mundo, não pode falar sobre o mundo enquanto não o estruturar de algum modo. 61 Unidade I Usando a palavra, pode-se mudar o sentido dos elementos e estruturas na medida em que se muda o debate. O código da mensagem pode ser definido como qualquer grupo de símbolos capaz de ser estruturado de maneira a ter 5 significação para alguém. Os idiomas são códigos que contêm elementos (sons, letras, palavras) que estão dispostos em certas ordens e têm significação. Entende-se por código tudo o que contém um grupo de elementos, um conjunto de métodos para combinar esses 10 elementos de forma significativa (sintaxe). Para saber se um determinado conjunto de símbolos constitui um código, basta isolar o seu vocabulário e verificar se há modos sistemáticos (estruturas) de combinar seus elementos (música, dança, pintura). 15 O conteúdo da mensagem pode ser definido como o material de mensagem, escolhido pela fonte para exprimir seu objetivo. O tratamento da mensagem pode ser definido como sendo as decisões que a fonte de comunicação (emissor) toma para 20 selecionar e dispor tanto o código quanto o conteúdo. O canal pode ser definido como os veículos que transmitem (levam) uma mensagem. Como forma de auxiliar no entendimento, veja o quadro proposto a seguir: Fonte 62 Mensagem Canal Receptor Habilidade comunicadora Elementos Visão Habilidade comunicadora Atitudes Estrutura Audição Atitudes Conhecimento Conteúdo Tato Conhecimento Sistema social Tratamento Olfato Sistema social Cultura Código Gosto Cultura GESTÃO MERCADOLÓGICA Enfim, o que é a mensagem? Ela é, dentre outras coisas, o que se pretende dizer; o que se diz; o que se entende; o que se pensa ter entendido. Enfim, a mensagem requer muitos cuidados para não se transformar em um problema e para comunicar bem. 4.2.2 Modelo clássico de comunicação segundo Ogden e Crescitelli (2007) e a comunicação de marketing 5 Veja a figura a seguir, proposta pelos autores: Fluxograma do processo de comunicação Emissor Codificação Mensagem Decodificação Receptor Mídia Ruído Resposta Fonte: Ogden; Crescitelli, 2007, p. 13. Para tais autores, no caso específico da comunicação de marketing, a dificuldade no processo de comunicação é maior, pois, na maioria das vezes, o objetivo da comunicação não é 10 apenas informar, mas também persuadir, motivar, criar a empatia do receptor por meio da mensagem que for proposta. Por isso, o trabalho sobre o conteúdo da mensagem e a forma de entregá-la é tão importante. Sendo assim, é necessário um processo de codificação da mensagem mais elaborado, que deve 15 incluir sutilezas, nuances e um domínio absoluto do repertório do receptor. Fazer uma comunicação eficaz requer do emissor profundo conhecimento de valores, atitudes e reações dos repectores, assim como de todos os fatores que os influenciam. Sem esses 20 conhecimentos, fica muito difícil elaborar uma comunicação, ou 63 Unidade I codificar uma mensagem, com o nível de sensibilidade necessário para impactar o público-alvo. Por essa razão, é tão difícil e complexo desenvolver uma comunicação globalizada, pois o modo de decodificação muda 5 de país para país, de região para região, conforme mudam os valores, crenças, hábitos e culturas locais (Ogden; Crescitelli, 2007, p. 14). Visto sob a ótica da Comunicação Integrada de Marketing (CIM), o fluxo de processo de comunicação clássica fica assim: O emissor é como a organização que emite a mensagem, cujas premissas foram definidas no plano de marketing, a mensagem é a definição do conteúdo e a formatação da comunicação; e o receptor são os diferentes públicos envolvidos na cadeia de comercialização. 10 4.2.3 Distinção entre forma e meios de comunicação As formas de comunicação são as modalidades de comunicação existentes que constituem uma espécie de mix de instrumentos de comunicação, oferecendo à gestão a possibilidade de aplicá-los diferentemente em situações variadas. Por sua vez, os meios de comunicação são as mídias, ou 20 seja, os veículos de comunicação responsáveis pela transmissão da comunicação propriamente dita. Veja a representação (em figura) a seguir: 15 Diferenciação de forma e meio de comunicação Emissor Mensagem Organização Informação Forma Meio Receptor Propaganda Promoção Merchandising Publicidade Marketing direto Venda pessoal etc. Rádio Tv Correio Internet Telefone etc. Mercado, Público-alvo. Fonte: adaptado de Ogden; Crescitelli, 2007, p. 16. 64 GESTÃO MERCADOLÓGICA 4.3 O mix da comunicação de marketing Naturalmente, existem outras hipóteses ou explicações para este item, mas, segundo Kotler e Keller (2006, p. 533), o mix da comunicação de marketing é composto por seis formas essenciais de comunicação. São elas: 5 10 • propaganda: qualquer forma paga de apresentação e promoção não pessoais de ideias, mercadorias ou serviços por um anunciante identificado; • promoção de vendas: uma variedade de incentivos de curto prazo para estimular a experimentação ou a compra de um produto ou serviço; • eventos e experiências: atividades e programas patrocinados pela empresa e projetados para criar interações relacionadas à marca, diariamente ou em ocasiões especiais; 15 20 25 • relações públicas e assessoria de imprensa: uma variedade de programas elaborados para promover ou proteger a imagem de uma empresa ou de seus produtos; • marketing direto: utilização do correio, telefone, fax, e-mail ou Internet para se comunicar diretamente com clientes específicos e potenciais ou lhes solicitar uma resposta direta; • vendas pessoais: interação pessoal (cara a cara) com um ou mais compradores potenciais com vistas a apresentar produtos ou serviços, responder a perguntas e tirar pedidos. É importante que fique claro que praticamente tudo comunica algo para os clientes, seja o estilo e o preço do produto, a cor e a forma da embalagem, a roupa e o comportamento 30 do vendedor, a decoração do local, a identificação visual da 65 Unidade I empresa (a estética externa e interna e a organização dos ambientes). Sendo assim, todos os contatos que um cliente ou potenciais clientes tiverem com uma marca deve transmitir uma 5 impressão que forneça motivos para os clientes lembrarem-se positivamente da marca. Ou seja, os elementos negativos devem ser identificados e corrigidos de tal forma que não se faça nada de “errado”. A ideia é bem simples: fortaleça a imagem da marca; com 10 isso, a da empresa e de todos os seus produtos. Jamais forneça elementos que enfraqueçam a visão do cliente sobre quaisquer aspectos da organização. Uma maneira fácil de entender a atuação dos elementos do composto de comunicação propostos por Kotler e Keller (acima) 15 é a visão dos elementos numa plataforma comum, que auxilia a identificação de cada elemento e seu exercício prático. O quadro a seguir procura demonstrar, com exatidão, tais elementos contidos na plataforma sugerida. Plataformas comuns da comunicação de marketing 66 Vendas pessoais Marketing direto Propaganda Promoção de vendas Eventos /experiências Relações públicas Anúncios impressos e eletrônicos Concursos, jogos, loterias e sorteios Esportes Kits para a imprensa Apresentações de Catálogos vendas Espaço externo das embalagens Prêmios e brindes Diversão Palestras Reuniões de vendas Malas-diretas Encartes da embalagem Amostragem Festividades Seminários Programas de incentivo Telemarketing Filmes Feiras setoriais Artes Relatórios anuais Amostras Vendas pela tevê Manuais e brochuras Exposições Causas Doações Feiras e exposições Mala-direta via fax Cartazes e folhetos Demonstrações Passeios pela fábrica Publicações E-mail Catálogos Cupons Museus corporativos Relações com a comunidade, lobby Correio de voz GESTÃO MERCADOLÓGICA Propaganda Promoção de vendas Eventos /experiências Relações públicas Reimpressão de anúncios Reembolsos parciais Atividades de rua Outdoors Financiamento a juros baixos Painéis Diversão Displays nos pontos de venda Concessões de troca Material audiovisual Programas de fidelidade Vendas pessoais Marketing direto Mídia de identidade empresarial Revista corporativa Símbolos e logotipos Promoções nos pontos de venda integradas com a propaganda Fitas de vídeos / DVDs Fonte: Kotler; Keller, 2006, p. 533. 4.4 Reflexão complementar Para fazer uma reflexão complementar um tanto quanto distinta, veja a imagem abaixo e pense nas questões que seguem. Trata-se de uma análise que visa mostrar que imagens, assim como gestos e pequenas frases, podem fazer muito mais do que 5 apenas mostrar o próprio objeto. Questões • O que você acha da maçã vermelha? 67 Unidade I • Qual o propósito (em comunicação) de dentre todas as maçãs verdes uma ser vermelha? • Será que a maçã vermelha conseguiu atingir o objetivo de chamar a atenção e se destacar frente às demais? 5 Respostas Naturalmente, a maçã vermelha chama mais atenção do que as demais, porque todas as outras são verdes. Trata-se de, sem deixar de ser maçã, ser mais atraente do que as demais, por ser positivamente diferente em algo. Seu propósito é justamente 10 chamar mais a atenção do que as demais. E é claro que ela consegue chamar mais a atenção do que qualquer maçã verde. Sapatos Clarks Questões 15 • Como você entende a imagem? (Pense nisso antes de ler a próxima questão.) • Se você fosse o responsável pela campanha de marketing que desenvolveu a imagem acima, como explicaria a escolha/criação da imagem, ou seja, o que ela pretende dizer? 68 GESTÃO MERCADOLÓGICA Respostas Parece claro que a mensagem que a campanha quis transmitir é simples, mais ou menos assim: “Você vai gostar tanto dos nossos sapatos que nem para tomar banho deixará de 5 usá-los”. Em outras palavras, a campanha pretende convencer, criativamente, de que os sapatos da marca Clarks são tão bons que quem os utiliza não se dá conta de que está de sapatos, e mais, jamais quer retirá-los. 4.5 Endomarketing O endomarketing é uma atividade de marketing, batizada 10 em 1990 por Saul Bekin, em seu livro Fundamentos do endomarketing. Endo, originário do grego, significa “posição ou ação no interior”, ou seja, “movimento para dentro”. Sendo assim, o endomarketing é um conjunto de ações de marketing institucional dirigido para o público interno 15 (colaboradores, fornecedores, acionistas, vendedores, clientes). São as ações de comunicação que a empresa deve realizar para consolidar a sua boa imagem junto aos colaboradores. O endomarketing busca a satisfação do público interno e o seu comprometimento com os objetivos organizacionais. 20 O endomarketing pode ser estudado ou aplicado, dividido em fases mais ou menos como estas: • levantamento de informações; • preparação para mudanças; • integração (dos esforços internos); 25 • construção (de um plano de ação que inclui pessoas, organação, marca, etc.); • superação (implementação de planos e correção de falhas). 69 Unidade I Mas fique atento ao seguinte: existem diferenças entre os termos endomarketing e marketing interno. O primeiro, devido ao nome, é usualmente confundido com o segundo. Na verdade, o marketing interno está relacionado às ações de 5 treinamento ou qualificação dos colaboradores (funcionários) da empresa, visando a um melhor serviço para o cliente (consumidor). Com esse objetivo, o marketing interno pode utilizar o endomarketing. 5 A COMUNICAÇÃO DE MARKETING O contexto de marketing reflete a realidade das organizações 10 e seus mercados. O aumento da competição é apenas uma das variáveis presentes na maioria das indústrias. O marketing moderno exige mais do que a criação de um bom produto a um preço adequado para torná-lo acessível para a maioria dos clientes que se deseja atingir. Hoje, segundo Kotler (2006, 15 p. 532), para a maioria das organizações, o problema não é comunicar, mas “o que dizer, como dizer, para quem dizer e com que frequência dizer”. As comunicações se tornam cada vez mais difíceis à medida que um número cada vez maior de organizações 20 precisa praticamente berrar para atrair a atenção dos clientes e consumidores. Novas e diferentes formas de comunicar-se precisam ser empenhadas a todo o momento para conseguir que os clientes deem atenção suficiente para garantir o processo de negociação. 25 Pode-se dizer sobre a comunicação que: • Está cada vez mais difícil! • Há cada vez mais emissores! • Requer mais criatividade! • Mais clientes se irritam com certos tipos de mensagem! 30 70 • Mais segmentado está o mercado! GESTÃO MERCADOLÓGICA Leia o caso a seguir (Kotler; Keller, 2006, p. 532): 5 10 15 20 25 30 O minúsculo automóvel Mini foi vendido por apenas sete anos nos Estados Unidos, durante os anos 1960, até ser retirado do mercado devido à entrada em vigor de uma severa legislação referente à emissão de poluentes. Em março de 2002, a BMW decidiu relançar nos Estados Unidos um novo e modernizado Mini Cooper, tendo como alvo o público urbano moderno que desejava um carro bacana, divertido, pequeno e que custasse menos de 20 mil dólares. Com somente 20 milhões de dólares para gastar com o lançamento, os profissionais de marketing do Mini decidiram promover uma campanha de comunicação de guerrilha, com o uso inusitado de cartazes, pôsteres, anúncios impressos e iniciativas locais. Nada de anúncios na tevê. O Mini foi colocado na caçamba de três Ford Excursion e circulou em feiras de automóveis nacionais e em 21 cidades importantes. O carro apareceu em outros lugares incomuns, como dentro de um estádio, entre os assentos, como se fosse um torcedor, e dentro da Playboy como pôster dobrável no centro da revista. Cartazes sem imagens proclamam frases como “Golias perdeu”. Muitas comunicações eram vinculadas a um site brilhantemente planejado, que oferecia as informações necessárias sobre o produto. O resultado da criativa campanha: durante a primavera de 2002, os consumidores chegaram a passar seis meses na lista de espera pelo carro (Lundegaard, 2004, p. 111-116). Naturalmente, a comunicação de marketing poder ser altamente recompensadora, mas também pode ser um desastre total. Por isso é importante conhecer muito bem o produto e/ou serviço sobre o qual se vai comunicar. Além disso, é fundamental conhecer o público-alvo e a melhor maneira de falar com ele. 71 Unidade I 5.1 Entendendo a comunicação de marketing A comunicação de marketing pode ser entendida como o meio pelo qual as organizações buscam informar, persuadir e lembrar os consumidores, direta ou indiretamente, sobre os produtos e/ou serviços e sobre as marcas que comercializam 5 (Kotler; Keller, 2006, p. 532). De certa forma, a comunicação de marketing é a representante da marca de uma empresa ou produto (é a voz da marca) e é o meio pelo qual ela estabelece um diálogo e constrói relacionamentos com os consumidores, já que busca interagir com o mesmo (mais ou menos como a 10 prática de uma ação que provoca uma reação). A comunicação de marketing serve de diversas formas aos consumidores. Na verdade, colabora com eles (mesmo sendo esse seu objetivo, ela é capaz de informar e orientar, daí a ideia de que a mesma colabora com as pessoas destinadas de maneira 15 geral). Por exemplo, um consumidor pode: • conhecer como e por que o produto é usado; • saber a qual tipo de pessoa o produto é destinado, quando e onde; • receber informações sobre quem é o fabricante; 20 • saber o que a empresa e a marca representam; • orientar-se sobre o que fazer em caso de dúvidas ou defeito; • receber incentivos e/ou recompensas se experimentar o produto, etc. Em outras palavras, a comunicação de marketing permite às 25 organizações conectarem suas marcas a outras pessoas, lugares, eventos, marcas, experiências, sensações e objetivos. Logo, além de informar sobre a existência de algo, ela busca gerar relacionamento por meio da informação e do compromisso, seus alicerces básicos. 72 GESTÃO MERCADOLÓGICA Uma realidade que não pode passar despercebida sobre a comunicação de marketing é que ela pode gerar posicionamento, pode posicionar a marca na memória dos clientes e criar uma imagem de marca mais forte e sustentável. Ou seja, pode ajudar as 5 organizações a criarem e manterem marcas notadas por grande parcela da população, fazendo com que os respectivos produtos ligados a tais marcas sejam preferidos por muitos indivíduos (clientes e potenciais clientes). Nesse caso, a comunicação de marketing pode contribuir para a formação do brand equity 10 (vide item 2.3). 5.2 A marca e a comunicação Antes de continuar as reflexões sobre a comunicação de marketing, é de suma importância conceituar e compreender profundamente o que é marca. A marca é um tipo de representação simbólica de uma 15 entidade, qualquer que ela seja, algo que permite identificá-la de um modo imediato: por exemplo, um sinal de presença, uma simples pegada, o cheiro que permanece no ar. Na teoria da comunicação, pode ser um signo, um símbolo ou um ícone. Uma simples palavra pode referir uma marca. 20 Segundo Moreira, Pasquale e Dubner (1999, p. 231), marca é a identificação sob a forma de nome, símbolo, termo, desenho ou alguma combinação de todos que diferencia um produto de seus similares. Atualmente, o termo é frequentemente utilizado como referência a uma determinada empresa: nome, marca verbal, 25 imagens ou conceitos que distinguem o produto, serviço ou a própria empresa dos seus concorrentes. Quando se fala em marca, é comum se referir a uma representação gráfica no âmbito e na competência do designer gráfico, em que a marca 30 pode ser representada graficamente por uma composição de um símbolo e/ou logotipo, tanto isolado quanto combinado. 73 Unidade I Entretanto, o conceito de marca é bem mais abrangente do que sua representação gráfica. Uma empresa, por meio de seu nome fantasia e de sua representação gráfica, comunica a “promessa” de um produto, seu diferencial frente aos 5 concorrentes que o faz especial e único. O profissional de comunicação e marketing busca associar as marcas a uma personalidade ou a uma imagem mental positiva. Assim, pretende “marcar” a imagem na mente do consumidor, isto é, associar a imagem à qualidade do produto. Em função 10 disso, uma marca pode formar um importante elemento temático para a publicidade. Uma marca possui vários níveis de significado; entre eles: cultura, atributos ou benefício. É fundamental entender que ela é mais intangível do que tangível, pois o consumidor 15 de determinada classificação demográfica tem sensações, experiências e percepções diferentes sobre a mesma marca em relação a outro consumidor classificado demograficamente da mesma forma. Entendendo os termos: Nome fantasia é o nome comercial, nome de fachada. É a designação utilizada por uma instituição (empresa, associação, etc.), seja pública ou privada, sob a qual ela se torna conhecida ao público. Essa denominação opõe-se à razão social, que é o nome utilizado perante os órgãos públicos de registro das pessoas jurídicas. O nome fantasia pode ser formado a partir de palavras ou expressões oriundas da razão social (exemplo: CocaCola, cuja razão social é The Coca-Cola Company), bem como pode ser criado a partir da criatividade do empresário e de sua assessoria de marketing (exemplo: a grife de roupas Forum). Igualmente, o nome fantasia pode ser a fonte para a elaboração da razão social. 74 GESTÃO MERCADOLÓGICA De acordo com as regras de direito comercial, o registro de um nome fantasia é feito perante os órgãos de registro de marcas e patentes, sendo resguardado o direito à sua utilização ao primeiro que o registra. O impacto do nome fantasia junto ao mercado consumidor justifica os altos investimentos que são feitos pelas grandes empresas. Muitos nomes, inclusive, conseguem virar sinôminos do produto que vendem ou do serviço que prestam, figura de linguagem conhecida como metonímia (marca pelo produto), tal como ocorre, por exemplo, na letra da canção “Gita (eu sou)”, de Raul Seixas e Paulo Coelho, em que há referência aos “peg-pags do mundo” para dizer “supermercado”. A utilização do nome fantasia se dá em diversos momentos, desde a sua colocação na fachada do estabelecimento comercial até a sua aposição nos produtos fabricados, passando pela veiculação em material de publicidade. Resumidamente, é possível dizer que as marcas são importantes para a comunicação porque servem como referência. Ou seja, a marca do produto é comunicada, faz alusão à empresa dona do produto ou do serviço, representa um autoconceito 5 da organização (missão, visão e valores para com o social e o ambiente). Além disso, lembre-se de que a comunicação constrói as marcas na mente das pessoas. Embora seu nome possa nascer na mente criativa de um empresário, por exemplo, é por meio 10 da comunicação que ela chega às pessoas e torna-se um diferencial comparativo quando alguém está interessado em adquirir algo. 75 Unidade I Resumidamente, algumas respostas simples para a pergunta “Por que uma marca é importante?” a seguir: • porque serve como referência; • porque distingue; 5 • porque identifica; • porque transfere segurança; • porque se constrói em conceitos; • porque seleciona. 5.2.1 Marcas segundo o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) Um outro dado importante é que, no Brasil, o Instituto 10 Nacional de Propriedade Industrial (INPI) é responsável pelo registro das marcas. Segundo a lei brasileira, uma marca é todo sinal distintivo, visualmente perceptível, que identifica e distingue produtos e serviços de outros análogos, de procedência diversa, bem como 15 certifica a conformidade dos mesmos com determinadas normas ou especificações técnicas. Para obter o registro de uma marca, é necessário apresentar o pedido ao INPI, que o examinará com base nas normas legais estabelecidas pela Lei da Propriedade Industrial e nos atos e 20 resoluções administrativos. Sobre as marcas, veja a seguir algumas perguntas frequentes respondidas no site do INPI: 1. Como registrar? R.: Em primeiro lugar, é aconselhável realizar uma busca prévia da marca para saber se já existe alguma depositada ou registrada(s) classe(s) pretendida(s). 76 GESTÃO MERCADOLÓGICA O pedido de marca deverá ser requerido em formulário próprio, recolhida a retribuição devida e anexados determinados documentos e apresentados outros para conferência, conforme for o caso. Para que se realize a busca ou se efetive o depósito, o interessado deverá se dirigir à sede do INPI ou a uma das delegacias ou representações dos órgãos existentes nos estados brasileiros. 2. O que é registrável como marca? R.: São registráveis como marca os sinais distintivos visualmente perceptíveis, não compreendidos nas proibições legais (art. 122 da LPI). Dispõe, portanto, esta norma legal, que: • a marca deve consistir em sinal visualmente perceptível; • os sinais visualmente perceptíveis devem revestir-se de distintividade, para se prestarem a assinalar e distinguir produtos ou serviços dos demais, de procedência diversa; • a marca pretendida não pode incidir em quaisquer proibições legais, seja em função da sua própria constituição, do seu caráter de liceidade ou da sua condição de disponibilidade. 3. O que não é registrável como marca? R.: Os sinais irregistráveis estão compreendidos no art. 124 da LPI. A Lei Marcária brasileira não protege os sinais sonoros, gustativos e olfativos. 77 Unidade I 4. O que é marca nominativa? R.: É aquela constituída por uma ou mais palavras no sentido amplo do alfabeto romano, compreendendo, também, os neologismos e as combinações de letras e/ou algarismos romanos e/ou arábicos. 5. O que é marca figurativa? R.: É aquela constituída por desenho, figura ou qualquer forma estilizada de letra e número, isoladamente. 6. O que é marca mista? R.: É aquela constituída pela combinação de elementos nominativos e figurativos ou de elementos nominativos, cuja grafia se apresente de forma estilizada. 7. O que é marca tridimensional? R.: É aquela constituída pela forma plástica de produto ou de embalagem, cuja forma tenha capacidade distintiva em si mesma e esteja dissociada de qualquer efeito técnico. 8. O que é marca coletiva? R.: É aquela que visa identificar produtos ou serviços provindos de membros de uma determinada entidade. 9. O que é marca de certificação? R.: É aquela que atesta a conformidade de um produto ou serviço com determinadas normas ou especificações técnicas notadamente quanto a qualidade, natureza, material utilizado e metodologia empregados. 78 GESTÃO MERCADOLÓGICA 10. Quais são os direitos e deveres do titular? R.: A marca registrada garante a propriedade e o uso exclusivo em todo o território nacional por dez anos. O titular deve mantê-la em uso e prorrogá-la de dez em dez anos. 11. Quando ocorre a perda do direito? R.: O registro da marca extingue-se pela expiração do prazo de vigência, pela renúncia (abandono voluntário do titular ou pelo representante legal), pela caducidade (falta de uso da marca) ou pela inobservância do disposto no art. 217 da LPI. 12. Pessoa física pode requerer o registro? R.: A pessoa física pode requerer o registro de marca, desde que comprove a atividade exercida, através de documento comprobatório, expedido pelo órgão competente. Verificase a habilitação profissional diante do órgão ou entidade responsável pelo registro, inscrição ou cadastramento. 13. Como acompanhar o andamento dos processos? R.: O andamento dos processos deve ser acompanhado pela publicação oficial, ou seja, a Revista da Propriedade Industrial (RPI) disponível para download em nosso site. 14. Qual é o custo do registro? R.: Para o registro de marca, o interessado pagará uma taxa inicial correspondente ao depósito do pedido. Não havendo obstáculos processuais (exigência, oposição, etc.), 79 Unidade I deverá ser paga ao final do exame a taxa referente à proteção do primeiro decênio e a expedição do certificado de registro. Para microempresas e pessoa física, os valores para depósito e primeiro decênio da marca são reduzidos em 50%. Consulte aqui os preços. 15. A busca prévia é obrigatória? R.: A busca prévia de marca não é obrigatória, entretanto, é aconselhável ao interessado realizá-la antes de efetuar o depósito, na classe que o signo visa assinalar, com o intuito de verificar se já existe marca anteriormente depositada/ registrada. Essa busca pode ser solicitada na sede do INPI ou em uma das Delegacias ou Representações existentes nos estados brasileiros. Consulte aqui os preços relativos às certidões de busca. 16. Quando pode ser efetivada a transferência de titularidade? R.: A petição de transferência pode ser efetivada a qualquer momento depois do depósito do pedido de registro de marca. 17. Qual é o tempo de duração de um registro de marca? R.: O registro de marca vigorará pelo prazo de dez anos, contados da data da concessão do registro, prorrogáveis por períodos iguais e sucessivos. O pedido de prorrogação deverá ser formulado durante o último ano de vigência do registro, instruído com o comprovante do pagamento da respectiva retribuição. 80 GESTÃO MERCADOLÓGICA Se o pedido de prorrogação não tiver sido efetuado até o termo final da vigência do registro, o titular poderá fazêlo nos 6 (seis) meses subsequentes, mediante o pagamento de retribuição adicional. 18. Qual é o sistema de registro de marca adotado pelo Brasil? R.: O sistema de registro de marca adotado pelo Brasil é atributivo de direito, isto é, a sua propriedade e o seu uso exclusivo só são adquiridos pelo registro. 19. O que vem a ser direito do usuário anterior? R.: Toda pessoa que, de boa-fé, usava no país, há pelo menos 6 (seis) meses, marca idêntica ou semelhante, para a mesma atividade ou atividades afins, pode reivindicar o direito de precedência ao registro. Fonte: http://www.inpi.gov.br/faq/marcas/marcas.htm?tr1. Acesso em: 30/09/2007. 5.3 O branding e o brand equity O branding é o trabalho de construção de uma marca junto ao mercado. Sua execução é tomada por ações que posicionam a marca e a divulgam no mercado. O posicionamento é a técnica por meio da qual os mercadólogos tentam criar uma 5 imagem ou identidade para um produto, marca ou empresa. É o espaço que um produto ocupa na mente do consumidor em um determinado mercado. O posicionamento de um produto é como compradores potenciais o veem e é expresso pela relação de posição entre os competidores. 10 As ações de branding podem ser manifestadas e arquitetadas por meio do brand equity. Essa nova denominação se mostra 81 Unidade I como um conjunto de recursos, inerentes à uma marca, que se agrega ao valor de algo, proporcionando share por um produto ou serviço. A teoria do brand equity foi elaborada por David C. Aaker, busca explicar que há um conjunto de interações entre a 5 marca e todos os seus públicos. Uma dinâmica de relações que tem como objetivo potencializar as percepções acerca de uma marca, que é fundamentada, acima de tudo, na cultura, na visão e nos valores da empresa. O brand equity, segundo Moreira, Pasquale e Dubner (1999, 10 p. 67), é o valor agregado, resultado da transformação de um produto numa marca. O conceito de brand equity atribui a determinadas marcas um valor superior ao que os consumidores lhe atribuem. Mas a definição que realmente parece ser mais clara é a de Kotler e Keller (2006, p. 270). Brand equity é o valor 15 agregado atribuído a produtos e serviços. Além dessas definições, ainda é possível dizer que o brand equity é o conjunto de ativos e passivos ligados a uma marca. O valor da marca, que na linguagem anglo-saxônica é designado por brand equity, por ser um conceito sobre o qual 20 nos últimos anos muito se tem escrito e falado, está envolto em alguma confusão. Foram e são propostas muitas definições: umas simplesmente qualitativas; outras, financeiras, outras na perspectiva de valor apenas para a organização; outras, na perspectiva do consumidor, o que resultou numa certa 25 ambiguidade. Por outro lado, essa situação teve, do ponto de vista da gestão de marcas, um impacto positivo, na medida em que demonstrou a necessidade de as organizações se focalizarem nas estratégias de marca e analisarem os 30 modelos mais adequados para avaliarem um dos seus ativos mais valiosos. De acordo com o conceito de brand equity, o modo como as associações de marca são formadas não importa. Ou seja, se 82 GESTÃO MERCADOLÓGICA o consumidor faz uma associação forte, favorável e exclusiva da marca Subaru com os conceitos “ar livre”, “ativo” e “rústico”, por causa da exibição de um anúncio na tevê que mostra o carro percorrendo um terreno acidentado em diferentes épocas 5 do ano, ou se ele cria essas associações pelo fato de a Subaru patrocinar competições de esqui, caiaque e mountain bike, o impacto em termos de brand equity é idêntico, qualquer que seja a causa. Integração da comunicação de marketing com a 10 construção do brand equity Propaganda Conscientização da marca Promoção de vendas Eventos e experiências Imagem da marca Programa de comunicação de marketing Relações públicas e assessoria de imprensa Brand equity Respostas à marca Relações com a marca Vendas pessoais Marketing direto Fonte: Kotler; Keller, 2006, p. 534. É muito importante saber que as atividades de marketing (seja no contexto da comunicação de marketing, de branding, de brand equity e das demais formas e ferramentas de marketing) devem ser sempre “integradas” de forma que possam 15 garantir a transmissão de uma mensagem clara, facilmente 83 Unidade I identificável e explicável, coerente e objetiva, além disso, deve ser estrategicamente bem posicionada. Segundo Kotler e Keller (2006, p. 535): 5 10 O ponto de partida do planejamento da comunicação de marketing é levantar todas as interações potenciais que os clientes no mercado-alvo possam ter com a marca da empresa. Por exemplo, quando uma pessoa está interessada em comprar um computador novo, vai conversar com outras, olhar anúncios na televisão, ler artigos, procurar informações na Internet e examinar computadores em uma loja. Ainda de acordo com os autores citados acima, o profissional de marketing precisa avaliar que tipo de 15 experiências e exposições exercem mais influências em cada etapa do processo de compra. Tal compreensão poderá ajudar a organização a alocar recursos para a comunicação de maneira mais acertada, evitando desperdícios e a ajudará também a projetar e implementar os programas de comunicação mais 20 adequados, tanto para a organização quanto para os clientes ou potenciais clientes. Na figura acima, você pode verificar a relação dos programas de comunicação de marketing com o processo de desenvolvimento do brand equity. Na figura abaixo, poderá 25 observar uma relação mais abrangente de como as marcas demonstram-se na forma de contato com o mercado. Ou seja, por meio de que formas as pessoas (clientes e potenciais clientes) entram em contato com a marca e, com isso, com a empresa. 84 GESTÃO MERCADOLÓGICA Marcas como forma de contato com o mercado Ações civis Embalagens Produtos e serviços Relações públicas Nome e slogan Impressos Websites Mala direta Anúncios impressos, de rádio e tv Aromas e cheiros Pontos de contato da marca 10 15 Funcionários Uniformes e frota de veículos Sons Promoção de vendas 5 Cartão de visita Arquitetura de lojas e sede Videos de treinamento Através da perspectiva da construção do brand equity, os profissionais de marketing devem avaliar todas as opções possíveis de comunicação de acordo com critérios de eficácia (em que medida a opção funciona bem) e de eficiência (quanto custa). Essa visão ampla das atividades de construção da marca é particularmente importante quando os profissionais de marketing avaliam as estratégias de melhoria da conscientização da marca. Tal conscientização depende do número de exposições relacionadas à marca e das experiências acumuladas pelos consumidores. Qualquer coisa que faça o consumidor notá-la e prestar atenção nela pode aumentar sua conscientização sobre a mesma, pelo 85 Unidade I menos em termos de reconhecimento (Kotler; Keller, 2006, p. 535). Atente para que a “conscientização da marca”, tratada por Kotler e Keller na citação acima, pode ser interpretada como 5 referência ao “reconhecimento” e ao “posicionamento” da marca na mente das pessoas. O trabalho de gerar associações a uma marca (aumentando sua identificação), assim como o trabalho de gerar relações com a marca (cliente-empresa) e de gerar respostas da marca 10 ao mercado podem ser desenvolvidos de várias maneiras. Todas as opções possíveis de comunicação de marketing devem ser consideradas com a intenção de criar o conhecimento e a imagem da marca desejados. Criar e manter uma marca é algo trabalhoso, mas algumas 15 marcas podem chegar ao desejado contexto de “marca sinônimo de produto” - quando o nome (a marca) é que identifica o produto. Por exemplo: “Vai ao supermercado comprar um BomBril da Assolan.” 6 O PLANO DE COMUNICAÇÃO NO PLANEJAMENTO ORGANIZACIONAL Para que a comunicação de marketing atinja os resultados 20 esperados, é necessário que seja realizado o planejamento adequado do uso dos esforços e recursos. Mas essa não é uma tarefa fácil ou simples, requer uma acurada atenção do que se deseja fazer, quando, para quem, como e por quê. Para ajudar nesse contexto, veja a seguir algumas explicações que podem 25 contribuir para o que fazer. 6.1 Plano de negócio É o documento formal que contém uma declaração da missão, a descrição dos bens ou serviços da empresa, uma 86 GESTÃO MERCADOLÓGICA análise de mercado, projeções financeiras e uma descrição das estratégias da direção para alcançar os objetivos da organização (Moreira; Pasquale; Dubner, 1999, p. 279). O plano de negócios (do inglês business plan), também 5 chamado “plano empresarial”, é um documento que especifica, em linguagem escrita, um negócio que se quer iniciar ou que já está iniciado. Ele é, normalmente, escrito pelos empreendedores, quando há intenção de se iniciar um negócio, mas também pode ser utilizado como ferramenta de 10 marketing interno (endomarketing) e gestão. Pode ser uma representação do modelo de negócios a ser seguido. Reúne informações tabulares e escritas de como o negócio é ou deverá ser. Do ponto de vista da comunicação de marketing, o plano de 15 negócios também pode ser utilizado para comunicar o conteúdo a investidores de risco, que podem decidir se aplicam recursos no empreendimento ou não. Em outras palavras, o plano de negócios pode ser utilizado para atrair novos investidores e investimentos. Para E. Bolson, plano de negócio “(...) é uma obra de planejamento dinâmico que descreve um empreendimento, projeta estratégias operacionais e de inserção no mercado e prevê os resultados financeiros”. Segundo o mesmo autor, a estratégia de inserção no mercado talvez seja a tarefa mais importante e 25 crucial do planejamento de novos negócios. 20 6.2 Planejamento de marketing (plano de marketing) O planejamento de marketing (do inglês marketing planning) pode ser visto como uma prévia da ação futura, além de fixar alvos contra os quais o desenvolvimento pode ser mensurado. Frequentemente, o processo de planejamento de marketing é identificado como “estratégico” e é mostrado 87 Unidade I como consistindo em vários estágios (Leppard; McDonald, 1991). O processo de planejamento de marketing envolve vários estágios, por exemplo (Lewis; Littler, 2001, p. 234): 5 • a coleta de informações sobre o ambiente externo; • a identificação de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças (= análise SWOT); • a definição das hipóteses em relação à empresa e a seu ambiente; 10 • a fixação dos objetivos de marketing à luz dos três primeiros estágios; • a formulação de estratégias visando ao cumprimento desses objetivos; 15 • a preparação de programas definindo o timing das atividades, dos custos e das receitas; • a definição das responsabilidades; • os meios de monitorar o desempenho. A finalidade do plano de marketing é assegurar que a organização possua os rudimentos para implementar, monitorar 20 e controlar a estratégia (estratégia geral do negócios e demais estratégias/operações táticas complementares). Sendo assim, é importante que o plano de marketing contenha objetivos específicos em termos de vendas (volume de vendas), lucro e participação de mercado; também requer o desenvolvimento e 25 a implementação de estratégias de preço, de comunicação, etc. (Lewis; Littler, 2001, p. 234). Uma outra forma resumida de apresentar o plano de marketing é o quadro que segue. 88 GESTÃO MERCADOLÓGICA Um plano de marketing é um planejamento para a marca e para as linhas de produtos, visando atingir as metas da empresa. Normalmente, é composto das seguintes partes: - resumo executivo e sumário; - situação atual de marketing; - análise de oportunidades e questões; - objetivos; - programas de ação; - demonstrativo de resultados projetados; - implementação; - controles e realimentação. 6.3 Planejamento de mídia O planejamento de mídia envolve a seleção das mídias mais apropriadas para a transmissão de mensagens de marketing às audiências-alvo. Antes de preparar seu plano, as organizações devem decidir sobre seus mercados-alvo e objetivo de 5 comunicação. A seleção da mídia pode ser afetada por fatores como a cobertura e a frequência desejadas, o impacto e a continuidade dos anúncios. Para Lewis e Littler (2001, p. 243), globalmente, as organizações desejam ser eficazes em termos de custos em suas 10 escolhas de mídia, logo, as escolhas que estarão diretamente relacionadas aos custos relativos das mídias disponíveis. Na medida em que a seleção da mídia é atingida pelos itens destacados acima, é fundamental considerá-los, pois, além de o planejamento da mídia envolver recursos 15 financeiros e humanos, ele visa ao retorno do empenho de tais recursos. 89 Unidade I 6.4 Planejamento estratégico O planejamento estratégico pode ser entendido como o processo gerencial que permite estabelecer um direcionamento a ser seguido pela organização, com o objetivo de se obter uma melhor relação entre a organização e seu ambiente. Sendo 5 assim, ele diz respeito à formulação de objetivos para a seleção de programas de ação e para sua execução, levando em conta as condições internas e externas à organização e sua evolução esperada. Além do compromisso de conquistar e reter clientes 10 satisfeitos, as organizações bem-sucedidas devem estar sempre prontas a se adaptar a mercados em contínua mudança. O planejamento estratégico orientado ao mercado cumpre exatamente essa função, pois busca manter uma flexibilidade viável de seus objetivos, habilidades e recursos, enquanto 15 mantém um compromisso com o lucro, com o crescimento e com a sua missão organizacional. O estabelecimento de um planejamento estratégico de marketing envolve cinco atividades: • definição da missão corporativa; 20 • análise da situação; • formulação de objetivos; • formulação de estratégias; • implementação, feedback e controle. Apenas como efeito de esclarecimento: 25 90 A missão corporativa diz respeito a compreender qual é o negócio exato a que a organização se presta. Também deve compreender quem é o cliente, o que deve ser oferecido de valor para ele, etc. Tais indagações precisam ser respondidas pelas organizações que almejam o crescimento contínuo. A GESTÃO MERCADOLÓGICA missão deve ser definida em função de necessidades, e não de produtos. Por exemplo, a Xerox não quer fabricar copiadoras, mas ajudar a melhorar a produtividade dos escritórios, e a Missouri-Pacific 5 Railroad não quer dirigir ferrovias, mas movimentar pessoas e bens. Portanto, as melhores missões são aquelas que buscam atender às necessidades dos clientes, dos acionistas, da sociedade e também dos funcionários. Na análise da situação é que se apresentam os dados 10 históricos relevantes sobre o mercado, a empresa e o produto. Faz-se uma análise de como o composto mercadológico tem sido usado, e tem-se uma visão de como a concorrência tem atuado. Nesse momento, é imprescindível o bom uso da pesquisa de mercado1. 15 20 Além da pesquisa de mercado, podem ser utilizadas as análises SWOT2 e/ou a Matriz BCG3; todas são boas formas de analisar o panorama macro e microambiental. É importante destacar também que na análise da situação (análise ambiental), algumas variáveis devem ser observadas; são elas: • variáveis ambientais; • variáveis culturais/sociais; • variáveis demográficas; • variáveis econômicas; Pesquisa de mercado: resumidamente, pode ser entendida como coleta, análise, apresentação e utilização de dados a respeito de atitudes, bens, características, comportamentos, hábitos, motivações, necessidades, opiniões ou sentimentos de indivíduos, grupos, órgãos ou instituições. 2 Análise SWOT: a sigla SWOT vem das iniciais das palavras inglesas strenghts (forças), weaknesses (fraquezas), opportunities (oportunidades) e threats (ameaças), pois esses são justamente os pontos a serem analisados. 3 Matriz BCG é uma análise gráfica desenvolvida por Bruce Henderson para a empresa de consultoria empresarial americana Boston Consulting Group, em 1970. Seu objetivo é dar suporte à análise de portfólio de produtos ou de unidades de negócio, baseando-se no conceito de ciclo de vida do produto. Ela é utilizada para alocar recursos em atividades de gestão de marcas e produtos (marketing), planejamento estratégico e análise de portfólio. 1 91 Unidade I • variáveis jurídicas/políticas; • variáveis psicológicas; • variáveis tecnológicas. Após essas atitudes (acima), parte-se para a formulação 5 dos objetivos, exatamente aqueles que se deseja atingir, é claro. Então, executa-se a formulação de estratégias, ou seja, os passos que a organização deverá seguir para atingir os objetivos previamente estabelecidos. Após a formulação de estratégias, é chegado o momento de realizar sua implementação, seu 10 feedback e seu controle, justamente para verificar se os objetivos eram alcançáveis, implementados corretamente (com a estratégia correta) e também se deram retorno (feedback) a cada um dos envolvidos sobre os resultados de suas ações e/ou setores. 92