Português Intercultural

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Português Intercultural
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Francisco Edviges Albuquerque
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Projeto do Livro de Português Intercultural
Autor
Francisco Edviges Albuquerque
Revisão Final
Francisco Edviges Albuquerque
Sinval Martins de Sousa Filho
Todos os direitos reservados: Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio
de processo, especialmente por sistemas gráficos, microfilmicos, fotográficos, reporgráficos,
fonográficos, videográficos, internet, note-book. A violação dos direitos autorais é punível como
crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal, cf. Lei nº 6.895, de 17/12/80) com pena de prisão
e multa, conjuntamente com busca e apreensão e indenizações diversas (art. 102, 103 parágrafo
único, 104, 105, 106 e 107 itens 1, 2 e 3 da Lei nº 9.610 de 19/06/98. Lei dos Direitos Autorais).
Esta publicação foi viabilizada através de recursos da:
Coordenação Geral de Educação Indígena
FUNAI – Fundação Nacional do Índio
Apoio:
PROEX - Pró-Reitoria de Extensão
e Assuntos Comunitários
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Português Intercultural
Universidade Federal do Tocantins
Reitor
Alan Barbiero
Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Comunitários
Marluce Zacariotti
Diretor do Campus de Araguaína
Luiz Eduardo Bovolato
Coordenador do Projeto de Português Intercultural
Francisco Edviges Albuquerque
Coordenação Geral de Educação Indígena FUNAI/Brasília
Maria Helena de Sousa Silva Fialho
Administração Executiva Regional FUNAI/Araguaína
Cleso Fernandes de Moraes
Chefe do Setor de Educação Indígena FUNAI/Araguaína
Corina Maria Rodrigues Costa
Coordenação de Educação Indígena SEDUC
Aldeli Alves Mendes Guerra
Revisão
Francisco Edviges Albuquerque
Sinval Martins de Sousa Filho
Capa e Fotografia
Francisco Edviges Albuquerque
Josévaldo Bringel da Cruz
Diagramação
Josévaldo Bringel da Cruz
Digitação
João Paulo de Castro Paim
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Albuquerque, Francisco Edviges.
Português Intercultural/Francisco Edviges Albuquerque - FortalezaCE – Printcolor, 2008. 270p.
Projeto do Livro de Português Intercultural
ISBN .........
1. Português como segunda língua, 2. Educação Indígena, 3. Índios do
Tocantins. I. Albuquerque, Francisco Edviges.
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Índice para catálogo sistemático:
1. Gramática: Português Intercultural
2. Português como segunda língua
1º Edição
Editora:
Printcolor Gráfica e Editora
Rua Epaminondas Frota, 420 - Vila União
CEP: 60420-000 - Fortaleza/Ceará
Fone: (85) 3257-9283
[email protected]
[email protected]
- 2008 6
Português Intercultural
Sobre o Autor
Francisco Edviges Albuquerque – Doutor em Letras pela Universidade Federal Fluminense
(UFF) e Mestre em Letras e Linguística pela Universidade Federal de Goiás (UFG). É professor
Adjunto do Colegiado de Letras da Universidade Federal do Tocantins(UFT), Campus de
Araguaína. Atualmente coordena o Projeto de Apoio Pedagógico à Educação Escolar Indígena
Apinayé, o Centro de Estudos Etnolinguístico e Cultural e o Laboratório de Línguas Indígenas
da UFT/Campus de Araguaína, através de parcerias da UFT/FUNAI/SEDUC. Há 14 anos trabalha
com os povos Apinayé, povo com o qual desenvolveu diversos projetos de pesquisas, inclusive
os que foram voltados para a tese Doutorado e a dissertação de Mestrado. Atualmente, tem
dedicado-se às pesquisas sobre as línguas indígenas Apinayé e Krahô. Há 8 anos trabalha como
assessor/professor de Língua Portuguesa e das Línguas Indígenas Apinayé e Krahô no Curso de
Formação em Magistério Indígena do Estado do Tocantins/SEDUC. Faz parte do corpo docente
dos professores do Ensino Médio Integrado Krahô e Javaé, na Modalidade EJA. Trabalha no
Curso de Formação Continuada dos professores indígenas e não-indígenas que atuam nas escolas
indígenas do Estado do Tocantins.
É membro do Conselho Estadual de Educação Indígena do Estado do Tocantins representado
a UFT e faz parte do Colegiado da Licenciatura Intercultural da UFG/UFT, ministrando aulas de
Português Brasileiro I e Línguas Indígenas I
É organizador dos seguintes livros: Matemática e Ciências Apinayé (2007), História e
Geografia Apinayé (2007), Narrativas e Cantigas Apinayé (2007), Alfabetização Apinayé (2007)
e Medicina Tradicional Apinayé (2007). Publicou os artigos: A Estrutura dos verbos em Apinayé
e Estrutura dos Nomes em Apinayé e A Situação Sociolinguística dos Apinayé de Mariazinha,
além de vários outros trabalhos voltados para os aspectos da situação sociolinguística dos Povos
Apinayé.
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Agradecimentos
Meus Agradecimentos especiais à Maria Helena de Sousa Silva Fialho, pelo apoio e pela
valorosa contribuição que tem concedido aos Projetos desenvolvidos nas escolas indígenas Apinayé,
ao longo de sua permanência junto à Coordenação Geral de Educação Indígena da FUNAI, no que
se refere à elaboração e publiação de material didático-pedagógico para as escolas dos referidos
povos.
Agradeço, especialmente, à Corina Maria Rodrigues Costa, por sua dedicação e empenho
aos projetos voltados para Educação Escolar Indígena, especialmente, por sua imensurável
contribuição às ações desenvolvidas pelo projeto de Apoio Pedagógico à Educação Escolar
Indígena Apinayé, bem como por sua presença constante nas atividades didático-pedagógicas
desenvolvidas, através das Visitas Técnicas realizadas nas escolas indígenas Apinayé, ao longo de
oitos anos de implantação do referido Projeto, nas escolas Indígenas de São José e Mariazinha, bem
como pelo incentivo e participação efetiva na elaboração de todo o material didático, produzido
para as escolas desses povos.
Quero expressar a minha gratidão a todos os professores indígenas do Estado do Tocantins
por me permitirem os mais agradáveis momentos de descontração durante as etapas do Curso de
Formação em Magistério Indígenas do Estado do Tocantins-SEDUC, repassando-me conhecimentos
valiosos de suas culturas, de suas línguas e de seus povos.
Agradeço também ao Professor Sinval Martins de Sousa Filho, por todas as sugestões, bem
como pela valiosa contribuição, através do prefácio e da revisão do livro.
Agradeço ainda à professora Aldeli Alves Mendes Guerra, coordenadora de Educação
Indígena/SEDUC, pelo apoio que nos tem concedido, através das ações do Projeto de Apoio
Pedagógico à Educação Indígena Apinayé.
Finalmente, agradeço à Davanita, minha esposa, minhas filhas Maria Tereza e Mariana
Albuquerque, pelo incentivo e apoio às pesquisas junto aos povos indígenas do Estado do Tocantins.
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Apresentação
Este material didático é resultado de uma experiência de oito anos de trabalho como professor
do Curso de Formação em Magistério Indígena do Estado do Tocantins, através da Secretaria de
Educação e Cultura – SEDUC-TO. O livro que trata do Português Intercultural, usado mormente
pelos indígenas do Estado do Tocantins, está dividido em três partes, sendo a primeira um estudo
sobre os Aspectos Fonológicos e Ortográficos do Português padrão (falado em diversos países); a
segunda, sobre os Aspectos Morfossintáticos da língua portuguesa padrão e a terceira, intitulada,
Texto: Leitura e Reflexão traz textos escritos a partir do português intercultural.
Os referidos textos foram produzidos pelos professores indígenas Apinayé, Krahô, Karajá,
Karajá-Xambioá, Javaé e Xerente, no decorrer das etapas do Curso de Formação em Magistério
Indígena do Estado do Tocantins, bem como através das ações desenvolvidas nas escolas indígenas
Apinayé pelo Projeto de Apoio Pedagógico à Educação Indígena Apinayé. Os textos que compõem
o livro constituem um banco de textos do português intercultural, versando temas como as narrativas
do dia-a-dia dos povos indígenas do Tocantins, bem como textos que narram a história oral desses
povos e de seus mitos. A linguagem é peculiar, uma vez que nasce de um contato intercultural e de
uma maneira particular de ver o mundo e de organizar o conhecimento.
É importante dizer que a produção deste livro partiu da iniciativa e da reivindicação dos
professores indígenas do Estado do Tocantins. Ele nasce, então, com o objetivo de contribuir
para elaboração de uma educação escolar diferenciada, com materiais didáticos produzidos
com a participação efetiva dos referidos professores. Desta forma, os textos retratam os aspectos
sociolinguísticos e culturais desse povo e toda a gama de relação que eles (os indígenas) estabelecem
com a natureza e com o Outro.
Infelizmente, ainda existe pouco material didático nas escolas indígenas do Tocantins.
E os materiais produzido pelos professores indígenas ainda são mais escassos. Assim, a prática
pedagógica de elaboração dos textos em Português Intercultural tomou por base as interações
cotidianas das sociedades indígenas, nos diversos domínios sociais desses povos, bem como da
realidade didático/pedagógica e histórica vivenciada pelos professores indígenas em sala de aula e
pelos aspectos da história de cada povo ao longo do contato com a sociedade envolvente.
Para isso, os textos obedecem às características estruturais das línguas e da sociedade
indígena, levando em consideração as relações culturais entre os vários povos indígenas do Estado
do Tocantins, o que os possibilitará entender a interculturalidade. Desta forma, esperamos que este
trabalho possa contribuir para uma prática pedagógica que vá além da sala de aula. Esperamos que
o livro seja um pontapé inicial para outras construções sociais dos professores indígenas envolvidos
na educação escolar do Tocantins.
Queremos ressaltar, também, a importância dos aspectos que aparecem nos textos em relação
à forma e o significado dos recursos da língua indígena ou dos povos indígenas que possuem
o português como segunda língua, nas atividades de ensino/aprendizagem de gramática. Estes
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aspectos estão presentes nos textos, enfatizando a necessidade de trabalhar com o significado, com
as condições linguísticas de significação, de produção de efeitos de sentido entre os interlocutores
para a comunicação. Fazemos essa ressalva porque sabemos que a tradição escolar tem privilegiado
o trabalho apenas com a forma, com a estrutura gramatical, isto é, tem centrado-se na classificação
dos elementos linguísticos.
Para Azeredo ( 2000), o que é valorizado, na escola, é o papel cultural da palavra,
particularmente, na modalidade escrita, como instrumento de aquisição, criação e veiculação
do conhecimento, com uma tendência a deixar na sombra sua importância como expressão de
comportamento social como modo pelo qual se define o “tom” das interações humanas. Essa
dimensão social da língua se imprime em sua extraordinária maleabilidade e adaptabilidade às
circunstâncias comunicativas, aos interesses dos falantes e aos caprichos do tempo e da história.
Esperamos que as ideias consubstanciadas, neste livro, sejam de fundamental importância
para o público-alvo a que se destinam, especialmente, aos professores indígenas do Estado do
Tocantins, que têm o português como segunda língua, não apenas como matéria de atualização do
saber sobre a língua indígena/português e as políticas de ensino/aprendizagem, mas, sobretudo,
como promoção de uma reflexão coletiva e estímulo a uma concepção crítica dos conteúdos e
estratégias dos trabalhos em sala de aula das escolas indígenas do Estado do Tocantins.
Francisco Edviges Albuquerque
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Prefácio
A tarefa a mim destinada nessa parte “avulsa” do livro de Francisco Edviges de Albuquerque
muito me satisfaz e orgulha. A palavra prefácio é utilizada para designar um discurso produzido a
propósito de um texto que antecede e introduz. O prefácio inclui-se na matéria paratextual ou avulsa
de uma obra, isto é, no conjunto de discursos da responsabilidade de leituras do texto principal, o
próprio livro. Assim como tento, de alguma forma, deixar claro o que faço nessa seção do livro,
Francisco, a partir da seleção cuidadosa de textos valiosos, procura deixar tudo muito explicado
para os alunos que vão construir o Português Intercultural.
O livro é feito do material mais intercultural do meio educacional: textos – tecidos
engenhosamente na interculturalidade. Do que falam os textos que compõem o livro voltado aos
alunos indígenas das etnias Apinayé, Krahô, Karajá, Javaé, Xambioá, Xerente e de outras tantas
sociedades indígenas? Os textos que integram a obra didática de Albuquerque falam do jeito de
viver do indígena do Brasil Central. Sim, assim: falam de um ser que se constitui no encontro
com o mundo em toda a sua potencialidade. Falam de um homem global, aberto e propenso às
mudanças, mas que valoriza o passado e toda tradição histórica e fundadora de “divíduos”.
Sabemos que desde muito cedo os indígenas brasileiros convivem com duas culturas. De
acordo com um indígena Pikobyé, do Maranhão, “a gente aprende duas culturas. Quem vai pro forró,
dança forró. Quem vai pro regue (reggae), dança regue. E quem vai pras reuniões diárias do pátio,
aprende cultura Pikobyé”. É nesse sentido que os textos elencados no livro Português Intercultural
explicita as relações culturais entre os vários povos indígenas, o que os possibilitará entender a
interculturalidade. Fica claro, a partir do estudo no livro em questão, que a interculturalidade é o
que pode possibilitar a paz em meio à diversidade de povos do mundo.
A paz advém da sustentabilidade, esta que pode ser experimentada e vivenciada a partir das
aulas que trazem os temas Homem, Natureza e Meio Ambiente tão presentes no livro Português
Intercultual. Ao mostrar como os Xerente fazem roça, como fazem o manejo da terra sem prejudicar
o solo, o que está em jogo é também a leitura do que vem a ser a sustentabilidade relacionada
à Interculturadade. Aproveitando a reflexão, é preciso dizer também que para muitos indígenas,
infelizmente, “a nossa roça hoje é na cidade. Se não fosse a cidade não teríamos comida. Ninguém
quer plantar roça. Ninguém quer pensar na sustentabilidade” (J. Gavião).
Enfim, no livro, os temas de referência “Diversidade e Sustentabilidade” - baseados nos
eixos pedagógicos da interculturalidade e da transdisciplinaridade - apontam para busca de uma
formação baseada no diálogo, na convivência entre os diferentes, na afirmação das diferenças.
Desta feita, Francisco segue a dica do mestre maior da educação brasileira, o senhor Paulo Freire.
Freire postulava a Educação para a Libertação, sendo que o fundamento principal da Pedagogia
de Paulo Freire é a relação homem-realidade, homem e realidade, ambos inacabados, mas em
permanente relação de tal modo que o homem transforma a realidade, ressente em si os efeitos
desta transformação, isto é, o homem natureza e vive dela. Por isso, é necessário que ocorra o
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diálogo entre Homem e Mundo. Para Freire, o diálogo é o que conduz à liberdade. De acordo
com os princípios do livro de Francisco, a interculturalidade e a transdisciplinaridade facilitam o
diálogo.
Além dos belíssimos e funcionais textos escritos por professores indígenas, o livro Português
Intercultural ainda apresenta muitos elementos de análise lingüística relacionadas a fenômenos
gramaticais da língua portuguesa. O especial é que toda a referida reflexão está voltada para o
aluno que tem o português como Língua Dois e Língua Franca ao mesmo tempo. Nesse sentido,
o ineditismo da obra Português Intercultural inaugura o que ainda é preciso fazer para muitos
e muitos alunos indígenas e para outras pessoas que não possuem só a língua portuguesa como
materna, mas a usa cotidianamente em suas interações sociais.
Conhecendo bem o Doutor Francisco Edviges de Albuquerque sei de onde nasce o Livro
em questão: da sua luta constante em favor da educação escolar indígena e dos povos indígenas
do Brasil. Francisco tem mestrado em Letras e Lingüística pela Universidade Federal de
Goiás (1999) e doutorado em Letras pela Universidade Federal Fluminense pela Universidade
Federal Fluminense (2007). Conta com vasta experiência na área de Lingüística, com ênfase em
Sociolingüística e Dialetologia, e tem atuado principalmente nos seguintes temas: educação, língua
Apinayé, sociolingüística, arte e cultura indígena e língua portuguesa, língua Apinayé, língua
Krahô. Assessor do Curso de Formação de professores Indígenas do estado do Tocantins desde
de 2000, ministrando aulas de Língua Portuguesa para as etnias Karajá,. Javaé, Karajá-Xambioá,
Xerente, Krahô e Apinayé.
Enfim, pela experiência intercultural de Francisco, os alunos terão muitos encontros com a
interculturalidade, especialmente, desenvolvida pelos povos indígenas do Estado do Tocantins.
Prof. Dr.Sinval Martins de Sousa Filho
Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás
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Sumário
Primeira parte: Aspectos Fonológicos e Ortográficos
1. Fonemas e Grafemas da Língua Portuguesa.............................................................................20
1.1. Correspondência entre Grafemas e Dígrafos com os Fonemas da Língua Portuguesa.............21
1.2. Classificação dos fonemas vocálicos da língua portuguesa....................................................25
1.2.1. O fonema vocálico /a/: som e grafemas................................................................................25
1.2.2. Formas de escrita dos sons orais de /a/:...........................................................................25
1.2.3. O fonema vocálico /a/: realização como nasal ou nasalizado /ã/...........................................26
1.2.4. Resumo da pronúncia e da grafia do fonema /a/..................................................................27
1.2.5. Fonemas vocálicos /e/, / ɛ/: Sons e Grafemas...........................................................................27
1.2.6. Formas de escrita dos sons orais de [e]...........................................................................27
1.2.7. O fonema vocálico /e/: realização como nasal ou nasalizado /ẽ/............................................28
1.2.8. Resumo da pronúncia e da escrita do fonema /e/..........................................................28
1.2.9. Pronúncia do fonema vocálico /ε/, oral tônico.......................................................................29
1.2.10. Formas de escrita do fonema oral /e/.................................................................................29
1.2.11. Resumo da pronúncia e da escrita /ε/....................................................................................29
1.2.12. O fonema vocálico /i/: sons e grafemas.............................................................................29
1.2.13. Formas de escrita dos sons orais de /i/................................................................................30
1.2.14. O fonema vocálico /i/ pronunciado com [ĩ] nasalizado..................................................30
1.2.15. Formas de escrita dos sons nasalizados de /i/.................................................................30
1.2.16. O fonema vocálico /i/ pronunciado com /j/ semivogal oral ou nasal ...............................30
1.2.17. Resumo da pronúncia e da escrita do fonema /i/.............................................................31
1.2.18. Os fonemas vocálicos /o/, /ɔ /: sons e grafemas...............................................................32
1.2.19. Formas de escrita dos sons de /o/...................................................................................32
1.2.20. O fonema vocálico /o/ pronunciado com [õ] nasalizado ou nasal...................................32
1.2.21. Formas de escrita dos sons nasalizados de /o/...............................................................33
1.2.22. Resumo da pronúncia e da grafia do fonema vocálico /o/..............................................33
1.2.23. O fonema vocálico /o/ pronunciado como [ ɔ ] oral em posição tônica.........................33
1.2.24. Formas de escrita dos som oral de [ɔ].............................................................................33
1.2.25. Resumo da pronúncia e da escrita do fonema / ɔ /........................................................34
1.2.26. O fonema vocálico /u/: sons e grafemas..............................................................................34
1.2.27. Formas de escrita dos sons orais de /u/...........................................................................35
1.2.28. Fonema vocálico /u/ pronunciado com [ũ] nasalizado......................................................35
1.2.29. Formas de escrita dos sons nasalizados de [ũ]....................................................................35
1.2.30. O fonema vocálico /u/ pronunciado como [w] semivogal oral ou nasalizado......................35
1.2.31. Resumo da pronúncia e da escrita do fonema /u /.............................................................36
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1.3. Fonemas consonantais da Língua Portuguesa...........................................................................37
1.3.1. Fonemas consonantais /p/, /b/: sons e grafemas........................................................................37
1.3.2. Formas de escrita do som oral, realizado por /p/.......................................................................37
1.3.4. O fonema consonantal /b/ é sempre pronunciado com /b/ oral...................................................37
1.3.5. Formas de escrita do som oral de /b/......................................................................................37
1.4. Os fonemas consonantais /t/, /d/: sons e grafemas.......................................................................38
1.4.1. O fonema consonantal /t/ realiza-se como /t/ e /ʧ/......................................................................38
1.4.2. Formas de escrita dos sons orais realizados como /t/ e [ʧ]...........................................................38
1.4.3. Realiza-se com [ʧ], em palavras como ....................................................................................38
1.4.4. O fonema consonantal /d/ realizado com [d] e [ ʤ]......................................................................38
1.4.5. Formas de escrita dos sons orais de /d/:.....................................................................................39
1.5. Os fonemas consonantais /k/ e /g/: sons e grafemos.....................................................................39
1.5.1. O fonema consonantal /k/ é realizado sempre como [k] oral....................................................39
1.5.2. Formas de escritas dos sons orais que realizam /k/..................................................................39
1.5.3. O fonema consonantal /g/ pronunciado sempre com [g] oral....................................................40
1.5.4. Formas de escrita do fonema oral /g/.....................................................................................40
1.6. Os fonemas consonantais /f/, /v/: fonemas e grafemas...............................................................41
1.6.1 . O fonema consonantal /f/ é sempre pronunciado com [f] oral..................................................41
1.6.2. Formas de escrita do som oral realizado pelo /f/.....................................................................41
1.6.3. O fonema consonantal /v/ é sempre pronunciado como [v] oral..............................................41
1.6.4. Formas de escrita do som oral [v]............................................................................................41
1.7. Os fonemas consonantais /s/, /z/: sons e grafemas......................................................................42
1.7.1. O fonema consonantal /s/ é pronunciado sempre com [s] oral..................................................42
1.7.2. Formas de escrita dos sons orais de /s/...................................................................................42
1.7.3. O fonema consonantal /z/ é sempre pronunciado como [z] oral..................................................44
1.8. Os fonemas consonantais /ʃ / , /ʒ /: sons e grafemas........................................................................46
1.8.1. O fonema consonantal /ʃ / é sempre pronunciado com [ʃ] oral...................................................46
1.8.2. Formas de escrita do som [ʃ] em alguns contextos:.................................................................46
1.8.3. O fonema consonantal /ʒ/ é sempre pronunciado como [ʒ] oral.................................................47
1.8.4. Formas de escrita do som [ʒ] oral...........................................................................................47
1.9. Os fonemas consonantais /m/, /n/, /ɲ/: sons e grafemas......................................................48
1.9.1. O fonema consonantal nasal /m/.................................................................................................48
1.9.2. Formas de escrita do som de [m]..........................................................................................48
1.9.3. O fonema consonantal nasal /n/.............................................................................................49
1.9.4. Formas de escrita do som de /n/.............................................................................................49
1.9.5. O fonema consonantal nasal /ɲ/ é pronunciado com [ɲ]...........................................................49
1.9.6. Formas de escrita do som de /ɲ/.............................................................................................49
1.10. Os fonemas consonantais /l/, /ʎ/: sons e grafemas..................................................................50
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1.10.1. O fonema consonantal /l/ é pronunciado como [l], oral lateral..................................................50
1.10.2. Com [ɫ] oral velarizado, na final de sílaba...............................................................................50
1.10.3. Formas de escrita do som de /l/.....................................................................................51
1.10.4. Com [ɫ] próximo de [u] ocorre no final de sílaba..........................................................51
1.10.5. O fonema consonantal / ɫ/ pronunciado como [ɫ], oral linguodental.......................................51
1.10.6. Formas de escrita do som oral do fonema /ɫ/.......................................................................51
1.11. Os fonemas consonantais /r/, /R/: sons e grafemas.....................................................................52
1.11.1. O fonema consonantal /r/ é pronunciado com [r] oral........................................................52
1.11.2. Formas de escrita do som oral de /r/....................................................................................52
1.11.3. O fonema consonantal /R/ é pronunciado com [R] oral.......................................................52
1.11.4. Formas de escrita do som do fonema /R/............................................................................52
1.12. Considerações ortográficas sobre o grafema H......................................................................53
1.12.1. Emprego do H.....................................................................................................................53
1.13. Signos ortográficos relacionados com entonação...................................................................54
1.13.1. O grupo destinado a marcar as pausas....................................................................................54
1.13.2. O grupo cuja função essencial é marcar a melodia e a entonação..........................................55
1.14. Divisão Silábica.........................................................................................................................60
1.15. Acento ortográfico.................................................................................................................64
1.16. Notações Léxicas....................................................................................................................66
1.17. Sílaba.......................................................................................................................................66
1.18. Acentuação dos Proparoxítonos..............................................................................................68
1.19. Acentuação dos Paroxítonos...................................................................................................69
1.20 Acentuação dos oxítonos....................................................................................................70
1.21. Acentuação dos Monossílabos...............................................................................................71
1.22. Casos Especiais......................................................................................................................72
Segunda parte:Aspectos Morfossintáticos
2. As palavras: classificação, flexão, grau, derivação e conexão..................................................76
2.1.As palavras: estrutura e formação.................................................................................................76
2.1.1. Aspectos morfológicos do português...................................................................................77
2.1.2. Língua portuguesa: estrutura das palavras..............................................................................77
2.2. Sinopse morfológica do português............................................................................................78
2.3. Considerações preliminares sobre as classes gramaticais.........................................................79
2.4. Pressupostos Teóricos..............................................................................................................80
2.5. A classe do nome: substantivo, adjetivo, artigo, pronome e numeral.............................80
2.5.1. O substantivo.......................................................................................................................80
2.6. O adjetivo ....................................................................................................................89
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2.7. O artigo...................................................................................................................................91
2.7.1. Definição, gênero e classificação.......................................................................................91
2.7.2. Contrações entre artigos e preposições..................................................................................92
2.8. O pronome..............................................................................................................................93
2.8.1. Definições, gênero, número e classificação.........................................................................93
2.9. Os numerais...............................................................................................................................97
2.10. A classe do verbo: verbo e advérbio.......................................................................................104
2.10.1. Definição de verbo.........................................................................................................104
2.10.2. Flexão dos verbos............................................................................................................106
2.11. Irregularidades: formas nominais: particípio e gerúndio..........................................................125
2.12. As vozes verbais: ativa passiva e reflexiva.......................................................................126
2.13. O aspecto verbal: relação com o significado e com o tempo. Perífrases.............................127
2.14.Advérbio............................................................................................129
2.15.Classes de conexão: preposições e conjunções.....................................................................141
2.15.1 A preposição......................................................................................................................141
2.16. A conjugação: definição, classificação e origem. As locuções conjuntivas..........................153
2.17. Exercício de preposições e conjunções..................................................................................154
2.18.A interjeição, classe gramatical independente...................................................................159
2.18.1. Definição e classificação................................................................................................159
2.18.2 Classificação das interjeições............................................................................................160
2.19. Exercício sobre as classes gramaticais.................................................................................161
2.20. Palavras: regência, concordância, função e ordem...............................................................162
2.20.1. Sintagma............................................................................................................................162
2.20.1.1. Sintagma Verbal..............................................................................................................164
2.20.1.2. Sintagma Nominal.........................................................................................................164
2.21. Funções sintagmáticas na Língua Portuguesa.....................................................................167
2.21.1. Termos Essenciais da Oração...........................................................................................167
2.21.1.1. Sujeito.............................................................................................................................167
2.21.1.2. Predicado.......................................................................................................................169
2.21.2. Termos integrantes da oração..........................................................................................171
2.21.3. Termos acessórios da oração...........................................................................................172
2.21.4. Advérbios, locuções ou expressões adverbiais................................................................173
2.21.5. Substantivo, palavras substantivas ou pronomes substantivos...................................174
2.21.6. Resumo do sintagma verbo-nominal..............................................................................174
2.21.7. Exercícios de sintagmas.................................................................................................175
2.21.8. Sintagma oracional: regência...........................................................................................179
2.21.9. A concordância verbo-nominal.......................................................................................179
2.21.10. A ordem sintática pronominal.....................................................................................181
16
Português Intercultural
2.21.11. Normas sintáticas que regem os pronomes pessoais retos e de tratamento..........................181
2.21.12. Normas sintáticas que regem os pronomes oblíquos pessoais e não-pessoais......................181
2.21.13. A ordem sintática da oração........................................................................................182
2.21.14. Orações simples e compostas.......................................................................................184
2.21.15. Classificação morfossintática da oração simples........................................................185
2.21.16. Classificação da oração composta................................................................................186
2.21.17. Orações coordenadas sindéticas...................................................................................186
2.21.18. Exercícios de concordância, regência e função............................................................189
Terceira Parte: Texto: Leitura e Compreensão
3. Texto: Leitura e Compreensão...................................................................................................194
3.1. Separe os desenhos por categorias..........................................................................................194
3.2. Separe as plantas por categorias..........................................................................................195
3.3. Dê o nome das gravuras em português e na sua língua materna.....................................197
3.4. Separe os desenhos por categorias..........................................................................................198
3.5. Separe as borboletas por cores...............................................................................................199
3.6. Tomando como base o desenho...........................................................................................200
3.7. Na escola de sua aldeia.........................................................................................................201
3.8. Observe os desenhos abaixo e escreva..................................................................................202
3.9. Chuva é Vida........................................................................................................................203
3.10. Pescaria................................................................................................................................204
3.11.Terra Furada..........................................................................................................................205
3.12. Observe o desenho abaixo...................................................................................................207
3.13. A Casa Apinajé....................................................................................................................208
3.14. Pescaria................................................................................................................................210
3.15.Iremex................................................................................................................212
3.16. A Terra Indígena Apinajé......................................................................................................213
3.17. Roça de Toco........................................................................................................................215
3.18.A História das Caçadas Apinajé..........................................................................................217
3.19. Tinguizado no lago..............................................................................................................219
3.20. Colheita da bacaba...............................................................................................................221
3.21. A natureza............................................................................................................................222
3.22. As crianças..........................................................................................................................224
3.23. Moqueado.............................................................................................................................226
3.24. O Aconselhamento...............................................................................................................228
3.25. Krãkamrêk...........................................................................................................................230
3.26. Cuidados Básicos para Preservação dos Rios......................................................................232
Português Intercultural
17
3.27. O tatu....................................................................................................................................234
3.28. O Menino.............................................................................................................................236
3.29. Corrida de Tora Pequena Ĩknõ e Grande Ĩsitro.......................................................................239
3.30. História do Lutador................................................................................................................241
3.31. OTamanduá............................................................................................................................242
3.32. História da Batata.................................................................................................................243
3.33. Mito do Hôhpore em Krahô...................................................................................................245
3.34. O Fim de Luto Krahô............................................................................................................247
3.35. O Casamento do Sapo com o Veado Mateiro........................................................................249
3.36. Arco e Flecha.......................................................................................................................251
3.37. O Jabuti e a Mucura.............................................................................................................253
3.38. O Veado Mateiro.................................................................................................................256
3.39. Uma Caçada........................................................................................................................258
3.40. Os Índios Krahô..................................................................................................................260
3.41. O Surgimento do Homem Branco Contado pelo Povo Krahô...............................................263
3.42. A Buzina.............................................................................................................................265
3.43. O Macaco e o Jabuti............................................................................................................266
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Português Intercultural
Primeira Parte
Aspectos Fonológicos e Ortográficos
Português Intercultural
19
1. Fonemas e Grafemas da Língua Portuguesa
Definir o que seja língua é algo complexo e envolve variáveis linguísticas e extralinguísticas.
Atualmente, a definição mais usada é a que reconhece ser a língua o conjunto das palavras e
expressões usadas por um povo e o conjunto de regras da sua gramática, que é concretizada pelo
discurso de seus falantes, por meio da interação entre eles.
A língua portuguesa, assim como as demais línguas indígenas, serve-se um código, ou
conjunto de signos, produzidos pelos falantes dessa língua. Cada um desses signos distingue-se
dos demais por ser único. Ao serem formulados juntos, graças a uma série de oposições distintivas
que põem em relevo seus traços, provocam contrastes precisos que possibilitam a cognição e a
compreensão. A palavra / bordunə / ( borduna ), por exemplo, apresenta sete sons divisíveis ( [b]
[o] [r] [d] [u] [n] [a] ), que são articuladas com tom, força e ritmo característicos e torna possível
a significação: instrumentos ou armas de luta para os índios.
Após aprovação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), o alfabeto da Língua
Portuguesa passou a ser formado por vinte e seis (26) letras, cada uma delas com uma forma
maiúscula e outra minúscula.
Letra
Nome da Letra
A, a
a
B, b
Bê
C, c
Cê
D, d
dê
E,e
é
F, f
efe
G, g
gê/guê
H, h
agá
I, i
I
Letra
Nome da Letra
J, j
jota
K,k
Ka
L, l
Ele
M, n
eme
N, n
ene
O, o
ó
P, p
pê
Q, q
quê
R, r
erre
Letra
Nome da Letra
S, s
esse
T, t
tê
U, u
U
V, v
Vê
W, w
Dáblio
X, x
xis
Y, y
Ípsilon
Z, z
zê
Adaptado de Silva (2008) e Azeredo (2008).
Observação: Além dessas letras, usam-se, na ortografia da Língua Portuguesa, o ç (ce-cedilhado)
e os dígrafos: rr (erre duplo), ss (esse duplo), ch (ce-agá), lh (ele-agá), nh (ene-agá), qu (que-u) e
gu (guê-u).
A partir do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, as letras K, W, Y são usadas em
casos especiais:
a) Nos antropônimos( nomes de pessoas) e topônimos ( nomes de lugares) originários
de outras línguas e seus derivados: Franklin, Darwin, Wagner Byron, Kamêr, Davi Waiminem,
Kunuka, Kurikala, Yahe, Werebedu, Krôkrôk, dentre outros.
b) Em siglas e símbolos e mesmo em palavras adotadas como unidades de medidas de
20
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curso internacional. K- potássio ( de Kalium); W- Oeste( West); Kg- quilograma; Km-quilômetro;
Yd-jarda (yard).
c) Usadas também no alfabeto da maioria das Línguas Indígenas do estado do Tocantins. Dentre
esses indígenas, apenas os Xerente não possuem a letra Y em seu alfabeto.
1.1. Correspondência entre Grafemas e Dígrafos com os Fonemas da Língua Portuguesa
a. A. Primeira letra do alfabeto; grafia do fonema / a / e dos sons oral [a] asa e nasalizado [ã] canto.
Letra maiúscula: A.
b. Bê. Segunda letra do alfabeto; grafia do fonema / b / e dos sons [b] bela, [bi] substantivo.
Letra maiúscula: B.
c. Cê. Terceira letra do alfabeto; grafia do fonema / k /, / s / e dos sons [k] cada, [ki] aspecto e [s]
cédula.
Letra maiúscula: C.
cê-cedilha. Letra c, com uma vírgula na parte inferior ( ç ). É uma variante da letra c, com o som
[s] caçador; ocorrendo somente antes de a, o, u.
ch. Dígrafos compostos das letras c e h; grafia do fonema /ʃ/, som [ʃ] chuchu.
d. Dê. Quarta letra do alfabeto; grafia do fonema /d/ e dos sons [d]; antes de a, o, u, e, como dado,
duro, dedo, dela. Porém antes de i, realiza-se, de modo geral,com [ʤ] dia, idade.
Letra maiúscula D.
e. É. Quinta letra do alfabeto; grafia dos fonemas /e/, /ε/, /i/ e dos sons oral aberto [ε] pé, oral
fechado [e] mesa, oral fechado [i] pele, e nasalizado [ẽ] agenda.
Letra maiúscula: E.
f. Efe. Sexta letra do alfabeto; grafia do fonema /f/, sons [f] faca.
Letra maiúscula: F.
g. Gê. Sétima letra do alfabeto; grafia dos fonemas /g/, antes de a, o, u, com o som de [g] gato, gola,
gula; e antes de e, i, com o som /ʒ /, como nas palavras gelo, girafa.
Letra maiúscula: G.
Português Intercultural
21
gu. Dígrafo compostos das letras g e u; grafia do fonema /g/, som [g] guerra.
h. Agá. Oitava letra do alfabeto; não apresenta nenhum fonema ou som em português, como nas
palavras: hino história, mas compõe os dígrafos ch, lh, nh, nas palavras, cacho, palha, ninho.
Letra maiúscula: H
i. I. Nona letra do alfabeto; grafia do fonema /i /, sons oral [i] filha, nasalizado [ĩ] índio, semivogal
[j] pai.
Letra maiúscula: I.
j. Jota. Décima letra do alfabeto; grafia do fonema /ʒ /, som /ʒ / hoje.
Letra maiúscula: J.
k. Ka. A partir do novo Acordo Ortográfico, passou a fazer parte faz parte do alfabeto da Língua
Portuguesa. A grafia do fonema /k/, com o som de [k], como: Kant, Karla, Karoline; e nas línguas
indígenas do Estado do Tocantins, como em: Kamêr (bacaba), kai (você), kro (macaco) krĩ (aldeia)
Letra maiúscula: K.
l. Ele. Décima primeira letra do alfabeto; grafia do fonema / l /, sons alveolar [l] vela, e velar [ɫ]
sal, sol
Letra maiúscula: L.
lh. Dígrafo composto de letras l e h; grafia do fonema / ʎ / coelho, colheita.
m. Eme. Décima segunda letra do alfabeto; grafia do fonema /m/,sons [m] mesa, mala.
Transforma-se em dígrafos vocálicos, quando ocorre depois de vogal, na mesma sílaba,como em,
tempo, tombo, tampa.
Letra maiúscula: M.
n. Ene. Décima terceira letra do alfabeto; grafia do fonema /n/, sons [n], nada, nele. Transforma-se
em dígrafo vocálico quando ocorre depois de vogal, na mesma sílaba,como em, canto, pente, ponto.
Letra maiúscula: N.
nh. Dígrafos compostos das letras n e h; grafia do fonema/ɲ/ ninho, pinho.
o. Ó. Décima letra do alfabeto: grafia do fonemas /ɔ/, /o/, /u/, sons oral aberto [ɔ ] só, oral fechado
[o] ovo, oral fechado [u] machado e nasalizado [õ] ontem.
Letra maiúscula: O.
22
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p. Pê. Décima letra do alfabeto; grafia do fonema /p/, sons [p] polo, palha.
Letra maiúscula: P.
q. Quê. Décima sexta letra do alfabeto; grafia do fonema /k/, sons [k] queda, quilo.
Letra maiúscula: Q.
qu. Dígrafo composto das letras q e u; grafia do fonema /k/, som de [k] quero, querida.
r. Erre. Décima sétima letra do alfabeto; grafia do fonema /r/, /R/, com os sons:
- Vibrante simples [ɾ] caro, Vera.
- Vibrante múltipla [ř] carro, corra, corre.
- Uvular [ R] varro
- Retroflexo [ɻ ] porta, carta, amor.
- Velar [ X ] rua, varre, rota
Letra maiúscula: R.
rr. Dígrafo composto de duas letras rr; grafia do fonema /R/ varre, serra.
s. Esse. Décima oitava letra do alfabeto; grafias dos fonemas /s/ e /z/, sons [s], no início de sílaba,
como em, sol, sala, sela, sola; com som de [z], ocorrendo entre vogais como, casa, asa, brasa,
casinha, casebre.
Letra maiúscula: S.
sc. Dígrafo composto das letras s e c; grafia do fonema /s/, som [s]; ocorrendo somente antes das
vogais e, i, como em, consciência, descer.
sc. Dígrafo composto das letras s e ç; grafia do fonema /s/, som [s]; ocorrendo somente antes das
vogais a, o, como em, desça, nasça, cresça. Nunca ocorre antes de e , i.
ss. Dígrafo composto de duas letras s; grafia do fonema /s/, som [s] massa, assa, passa, nesse.
t. Tê. Décima nona letra do alfabeto; grafia do fonema /t/, sonos [t], antes de a, e, o, u, como em,
talo, tela, tolo, tudo. Antes de i, possui o som de [ʧ], como em, tia, titio.
Letra maiúscula: T.
u. U. Vigésima letra do alfabeto; grafia do fonema /u/, sons oral fechado [u] uva, nasalizado [ũ]
fundo, semivogal [w] pau.
Português Intercultural
23
Letra maiúscula: U.
v. Vê. Vigésima primeira letra do alfabeto; grafia do fonema /v/, sons [v] viola, veado, vela, vila.
Letra maiúscula: V.
w. Dáblio. Passou a fazer parte do alfabeto da Língua Portuguesa, a partir do novo Acordo
Ortográfico de (1990), em nomes de pessoa e lugar originários de outras línguas. Grafia do fonema
/u/, /v/; sons [u] wilson, [v] wágner, porém, faz parte também do alfabeto das línguas indígenas do
Estado do Tocantins: wakõ (quati), wari (pássaro), wewe (borboleta), wapsã (cachorro).
Letra maiúscula: W.
x. Xis. Vigésima segunda letra do alfabeto; grafia dos fonemas /s/, /ʃ/, e /z/, sons de [ks], táxi, sexo,
[s] máximo, [z] exílio e [ʃ] xadrez.
Letra maiúscula: X.
xc. Dígrafo composto das letras x e c; grafia do fonema /s/, som [s], ocorre antes de e, i, como em
exceto, excitar.
y. Ípsilo, ípsilon. Passou a fazer parte do alfabeto da Língua Portuguesa, a partir da implantação
do novo Acordo Ortográfico de (1990), em nomes de lugares e de pessoas, originários de outras
línguas. Grafia do fonema /i/; som [i] yago, ygor , mas existe na maioria das língua indígenas do
Estado do Tocantins, exceto, no alfabeto da Língua Xerente, como: Yahe, pry(estrada), pyt (sol),
yhy (vento), pyka (terra).
Letra maiúscula : Y.
z. Zê. Vigésima terceira letra do alfabeto; grafia dos fonemas /z/ e /s/, sons [z] zero, [s] feliz.
Letra maiúscula: Z.
24
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1.2 Diagrama das partes do Aparelho Articulatório.
Fonte: Masip/2000
1.2 Classificação dos fonemas vocálicos da língua portuguesa
1.2.1. O fonema vocálico /a/: som e grafemas
O fonema vocálico /a/ é pronunciado com [a] oral. Possui uma maior abertura dos lábios do
que as demais vogais, a língua fica suavemente estendida no espaço da mandíbula inferior, tocando
com suas bordas ambos os lados.
1.2.2. Formas de escritas dos sons orais de /a/
a) a, sem acento ortográfico: casa, aldeia, menina
b) á, com acento ortográfico agudo: pátio, malária, canário
c) à, com acento ortográfico grave: Eu vou à escola às sete horas.
Português Intercultural
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1.2.3. O fonema vocálico /a/: realização como nasal ou nasalizado /ã/
Ocorre quando há o abaixamento do véu palatino e parte do fluxo de ar passa pela cavidade
nasal, produzindo, assim, um segmento nasal ou nasalizado, como em: ím[ã], irm[ã]o, t[ã]mpa.
a) a, â: ocorre em sílabas tônicas e antes de um segmento nasal na sílaba seguinte. Como
podemos observar nos exemplos abaixo:
[ã]ma - ama, ch[ã]ma - chama, c[ã]ma - cama, pl[ã]no - plano, p[ã]no - pano, [ã]nimo - ânimo,
[ã]mbar - âmbar.
b) an, ân: não ocorre antes de p e b, na língua portuguesa.
b[ã]nca - banca, t[ã]nta - tanta, [ã]nta - anta, [ã]ngulo - ângulo, [ã]ngelo – ângelo.
c) am, âm: ocorre antes de p e b, na língua portuguesa.
t[ã]mpa - tampa, l[ã]mpada - lâmpada, interc[ã]mbio - intercâmbio, Z[ã]mbia - Zâmbia, ocorrendo
antes de ditongo átono crescente nasalizado.
Ocorre também com verbos na terceira pessoa do plural, como nos exemplos que seguem,
com ocorrência de ditongo nasalizado.
mor[ãw] - moram, cant[ãw]- cantam, mat[ãw] - matam.
d) ã: ocorre também nos ditongos ou tritongos nasalizados, além de ocorrerem com nasal.
p[ãw] - pão, m[ãw] - mão, est[ãw] - estão, Jo[ãw] - João, tup[ã] - tupã, f[ã] - fã, maç[ã] - maçã.
1.2.4. Resumo da pronúncia e da grafia do fonema /a/
Fonema
/a/
26
Sons
[a] oral
[ã] nasalizado
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Letras
a, á, à
a, â
am, âm, an, ân
ã
Exemplos
pai, pátio, às vezes
cama, âmbito,
estudam, relâmpago, anta, ângulo,
mãe, sabão, porção, irmã
Exercício
a) Leia o texto abaixo e observe as grafias realizadas pelo fonema /a/:
O Povo Apinajé *
Antigamente, o povo Apinajé tinha sua cultura própria, sem interferência dos não-indígenas.
Praticavam várias brincadeiras e rituais, como corrida de tora, da flecha, dança de rua, dentre
outras. Naquela época, a cultura era tão linda, os mais velhos ensinavam as crianças e os jovens a
cantarem e dançarem. Os índios não tinham roupa e usavam só uma tanguinha. Todos só andavam
pintados, bem bonitos. Quando a festa começava, todos iam para o pátio cantar. Era muita gente e
cantavam até de manhã. As mulheres iam para a casa, e os homens ficavam no pátio, esperando as
mulheres chegar com a comida que elas iam preparar. Outros homens iam trabalhar na roça, mas na
volta traziam a tora; e as mulheres já esperavam os homens, no pátio, com comida e água. Quando
eles chegavam, todos iam cantar; depois da cantiga, todos iam para o rio tomar banho. Ao voltarem
do rio, outros contadores chamavam-nos novamente para o pátio, para continuarem as cantigas e as
danças. Todos esses rituais se repetiam até amanhecer o dia.
Mas hoje, infelizmente, a cultura dos povos Apinajé está muito diferente daquela época.
São poucos os rituais que os Apinajé praticam.
* Diana Amnhiàk Apinajé. Curso de formação em Magistério Indígena SEDUC, Pedro Afonso, jan. 2008.
b) Aponte as grafias que transcrevem o som oral de [a]
c) Indique as grafias do som nasalizado de [ã]
1.2.5. Fonemas vocálicos /e/, / ɛ /: Sons e Grafemas
O fonema vocálico /e/ é pronunciado como [e] oral, possui uma pequena abertura dos
lábios, e o dorso da língua eleva-se contra o palato duro, apoiando-se nos incisivos inferiores.
1.2.6. Formas de escrita dos sons orais de [e]
a) e, sem acento gráfico como em: ema, peba, vela, canela, perna, borboleta.
b) é, com acento gráfico agudo (´) como em: pé, café, pajé, Apinajé, colégio.
c) ê, com acento gráfico circunflexo (^) como em: mês, você, vê, três, lê. ipê.
Português Intercultural
27
1.2.7. O fonema vocálico /e/: realização como nasal ou nasalizado /ẽ/
Ocorre quando o véu palatino se abre, deixando o ar passar pela cavidade nasal e oral,
simultaneamente:
a) e, ê: ocorrem em sílaba tônica, antes de um segmento nasal, na sílaba seguinte, como em:
pequeno, veneno, moreno, sereno.
b) en, ên: ocorrem antes de consoantes que não sejam p, b, como em: tento, vento, gente,
pente, ausência, paciência, frequência.
c) em, êm, ém: na língua portuguesa ocorrem antes das consoantes p, b, como em: tempo,
membro, têm, vêm, ninguém, refém, vintém, alguém.
1.2.8 . Resumo da pronúncia e da escrita do fonema /e/
Fonema
/e/
Sons
[e] oral
[ẽ] nasalizado
Letras
e, ê, é
ê, e, en, ên,
em, êm, em
Exemplos
ema, você, café
tênis, tênia, venenosa, dela, pente,
dente, gente, frente, tendência,
transparência,frequência, setembro, têm,
vêm, refém, alguém
Exercício
a) No texto abaixo, observe as grafias do fonema /e/:
A Aldeia Cachoeira *
A Aldeia Cachoeira é em forma de círculo, onde cada casa possui uma saída para o pátio.
Possui 338 habitantes, possui um cacique, membros da comunidade, conselho indígena e chefe de
posto da FUNAI. As casas são cobertas de palha de piaçava, com paredes de adobe e palha de najá.
Os Krahô fazem festa, praticam danças, correm com a tora e, à noite, os homens cantam no pátio.
Além disso, na aldeia tem o posto da FUNAI, onde o chefe faz relatório, certidão de nascimento e
se comunica com as demais aldeias, através do rádio amador.
Nessa aldeia, há também um posto de saúde, onde os índios se tratam das doenças.Há um
colégio, onde os professores ensinam as crianças e os jovens e repassam os conhecimentos da
cultura não-indígena. Possui também um poço artesiano, que distribui água para as casas. Possui
um campo de futebol, onde os jovens, com freqüência, praticam esporte. Há também um telefone
comunitário (orelhão), que os índios usam para fazer suas ligações.
Existem muitas mangueiras, pés de caju e de abacaxi. À tarde os mais velhos têm o hábito de
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ficar na frente de suas casas para contar suas histórias e repassarem seus conhecimentos e tradições
para os mais novos. Possui um local chamado de wỳhtỳ (espécie de hotel), onde a comunidade se
reúne e discute todos os problemas do povo Krahô.
* Edivaldo Wakê Krahô. Curso de formação em Magistério Indígena. Pedro Afonso. Jan. 2008.
b) Retire do texto as grafias que representam o som de [e]
c) Quais dessas grafias representam o som de [ẽ]?
1.2.9. Pronúncia do fonema vocálico / ε /, oral tônico
O fonema vocálico / ε / será sempre pronunciado com [ε], em posição tônica.
Possui uma maior distância entre a língua e o palato, em relação a abertura dos lábios, visto
que o contato da parte da língua com os dentes incisivos é mais leve do que em [e]. Assim os lábios
ficam mais tensionados, puxados para os lados.
1.2.10. Formas de escrita do fonema oral /e/
a) e: sem acento gráfico: vela, mela, flecha, canela, panela, mel.
b) é: com acento gráfico agudo(´): café, céu, pajé, pé.
1.2.11. Resumo da pronúncia e da escrita /ε/
Fonema
/ε/
Sons
[ε] oral
Letras
e, é
Exemplos
alerta, café
1.2.12. O fonema vocálico /i/: sons e grafemas
O fonema vocálico /i/ é pronunciado com [i] oral. Possui a abertura dos lábios relativamente
estreita, elevando-se o dorso da língua contra o palato duro, tocando-o em ambos os lados; e a
ponta da língua apóia-se nos dentes incisivos inferiores.
Português Intercultural
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1.2.13. Formas de esccrita dos sons orais de / i /:
a) i: sem acento gráfico, como em: girafa, engolir, sair, rio, bacia.
b) í: com acento gráfico agudo (´), como em: índio, país, raízes, polícia.
c) e: sem acento gráfico: O fonema /e/ se realiza com som de [i], no final da palavra em
sílaba átona, como em: verde, pote, pente, ele, dente, bebe.
d) y: sem acento gráfico: nesse caso, será representado pelo símbolo /j/,exercendo o papel
de semivogal. Portanto não desempenha o papel de núcleo da sílaba, uma vez que, segundo, Ulisses
e Pasquale (2004), as semivogais necessariamente acompanham alguma vogal, com a qual formam
sílabas, como em: canário, pai, história, índio, colégio.
1.2.14 . O fonema vocálico / i / pronunciado como [ ĩ ] nasalizado
Nesse caso há uma abertura no véu palatino, possibilitando a passagem de ar, simultaneamente,
pela cavidade nasal e oral, como em: índio, tinta, limpo, balinha, farinha.
1.2.15. Forma de escrita dos sons nasalizados de / i /
a) i, í: ocorrem em sílaba tônica, antes de consoante nasal, iniciando a sílaba seguinte: país,
martírio, dínamo, mínimo, tainha, farinha, inato, inativo, dinheiro, indígena.
b) in, ín: ocorrem antes de consoante, exceto, antes de p e b: inchaço, incêndio, incomum,
indiano, índio, índice, síndrome.
c) im, ím: ocorrem apenas antes de p, b: impróprio, impacto, impedir, imprimir, impune,
ímpar, ímpeto.
1.2.16. O fonema vocálico / i / pronunciado como / j / semivogal oral ou nasal
Nesse caso, / j / se realiza como semivogal junto com a vogal do núcleo da sílaba.
a) i: próximo de vogal nasal ou oral: dói, foi, índio, família, cãibra.
30
Português Intercultural
b) en: realiza junto de vogal nasalizada e em palavras derivadas: trenzinho, vinténs,
parabéns, reféns.
c) em, êm, ém: ocorrem junto de vogal nasalizada: tem, vem, têm, vêm, também, alguém,
ninguém, refém.
1.2.17. Resumo da pronúncia e da escrita do fonema /i/
Fonema
/i/
Sons
[ i ] oral
[ i ] nasalizado
[ j ] semivogal
Letras
i, í, e
i, í, in,
ín, im, ím
i,
e, en,
em, em, em
Exemplos
cacique, país, nome
dinheiro,mínimo,vinda,
síntese, limpo, ímpar
índio, pais, história,
mãe, põe, trenzinho,entre,
ferem, vêm, ninguém
Exercício
a) De acordo com o texto abaixo, analise as grafias do fonema /i/.
O Veado Mateiro e o Catingueiro*
Numa tarde, os veados se encontraram na divisa da mata com a chapada e passaram a
conversar.
- O veado mateiro perguntou ao catingueiro:
- Será que na chapada é mais seguro?
- O veado Catingueiro respondeu:
- Sim, é mais seguro; e o inimigo não pega a gente.
- O Catingueiro perguntou ao Mateiro:
- E você, também acha que na mata é mais seguro?
- Sim, claro - respondeu o Mateiro. Na mata, o inimigo não vê a gente, não, pega e não
mata, porque a mata é muito fechada.
- O Catingueiro falou:
- Isso era o que eu queria saber.
- E você, corre bem na mata? - Perguntou o Catingueiro.
- O Mateiro respondeu.
- Sim, sou prático, nenhuma árvore me atrapalha. E você, na chapada, Catingueiro? Conte
um pouco. Pediu o Mateiro.
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- O Catingueiro respondeu :
- É muito limpo, a gente vê tudo, até uma onça quando vem em direção da gente.
- O Mateiro soltou uma risada...
- É mesmo? Você gosta mesmo da sua chapada?
- O Catingueiro respondeu:
- Sim, gosto muito. E você gosta da mata, Mateiro?
- O mateiro respondeu:
- Sim, eu gosto.
E lá, eles passaram a se confraternizar e a se respeitar.
* Gilvan h. krahô.15ª etapa Curso de Formação em Magistério Indígena. Pedro Afonso, jan. 2008
b) Leia o texto acima e aponte as grafias do som oral [i].
c) Quais as grafias que transcrevem o som de [ĩ]?
d) Aponte as grafias que transcrevem o som semivogal de [j] oral ou nasalizado.
1.2.18. Os fonemas vocálicos /o/, / ɔ /: sons e grafemas
O fonema vocálico /o/ é pronunciado como [o] oral, ocasionando um avanço dos lábios
para fora, dando uma abertura em forma oval. O dorso da língua recolhe-se para o interior da boca
e o ápice da língua desce até tocar os alvéolos inferiores.
1.2.19. Formas de escrita dos sons de /o/:
a) o: sem acento gráfico, como em: hoje, sou, vou, bolo, tolo, tijolo, ovo.
b) ô: com acento gráfico circunflexo ( ^ ), como em: pôr, bisavô vovô, pôs.
c) ó: com acento agudo ( ´ ), como em: órgão, órfão, óleo
1.2.20. O fonema vocálico / o / pronunciado como [ õ ] nasalizado ou nasal.
Há uma abertura do véu palatino, deixando o ar passar, simultaneamente, pelas cavidades
oral e nasal.
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1.2.21. Formas de escrita dos sons nasalizados de /o/
a) o, ô: ocorrem em sílaba tônica, antes de consoantes nasal, na sílaba seguinte.: homem,
goma, vômito, nômade, vôlei.
b) om: ocorre antes de p e b e no final de sílaba: ombro, competição, comprar, compadre,
combate.
c) on, ôn: ocorrem antes de consoante, exceto antes de p e b: onde, onda, ponta, consta,
côncavo, cônego, cônjuge.
d) õ: ocorre nos ditongos nasais: peões, aviões, anões, estações.
1.2.22. Resumo da pronúncia e da grafia do fonema vocálico /o/
Fonema
/o/
Sons
[o] oral
[õ] nasalizado
Letras
o, ô
o, ô, on, ôn,
ôm, om,
õ
Exemplos
sou, vou, vovô, bisavô,
gomo, vovô, avô, onda, cônego, vômito,
acompanhado, ombro
anões, limões
1.2.23. O fonema vocálico /ɔ/ pronunciado como [ɔ] oral em posição tônica
Há uma maior abertura dos lábios do que [o] fechado, arredondando-os com pouca tensão,
nesse caso, a língua recolhe-se na cavidade bucal, e a ponta da língua aproxima-se dos dentes
incisivos inferiores.
1.2.24. Formas de escrita dos som oral de [ ɔ ]
a) o: sem acento gráfico, como em: morte, porte, olhos, novos, povos.
b) ó: com acento agudo ( ´ ) como em: nó, pó, vovó, automóvel, jiló, cipó.
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1.2.25. Resumo da pronúncia e da escrita do fonema /ɔ/
Fonema
/ɔ/
Sons
[ɔ] oral
Letras
o
ó
Exemplos
morte, porte, fole,mole,
Exercício
a) Leia o seguinte texto e assinale as grafias do fonema /o/.
Aldeia Javaé*
A minha aldeia possui uma população de 38 índios, composta de oito famílias. Fica no
centro da Ilha do Bananal. Nossa aldeia é muito boa. Nós fazemos as roças, plantamos banana,
mandioca, batata doce, inhame e melancia.
Os índios Javaé pescam no lago e no rio, com canoa e matam os peixes para se alimentar.
Na minha aldeia tanto os homens, como as mulheres dançam para apresentar nossa cultura.
Fazemos artesanatos para vender para os não - indígenas.
Essa aldeia possui uma escola e tem água encanada. Há em todas as casas tem torneiras para
servir água para as famílias.
Tem em nossa aldeia, criamos porcos, pato, galinha e cachorro.
* Jodivan Javaé. 15ª etapa do Curso de Formação em Magistério Indígena - SEDUC. Pedro Afonso, jan. 2008
b) De acordo com o texto acima, aponte as grafias do som oral [o].
c) Quais dessas grafias transcrevem o som nasalizado de [õ]?
1.2.26. O fonema vocálico /u/: sons e grafemas
O fonema vocálico /u/ pronunciado como [u] oral, forma uma abertura oval; e o dorso da
língua recolhe para a cavidade bucal, elevando-se para o palato mole, mantendo a ponta da língua
suspensa na cavidade bucal.
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1.2.27. Formas de escrita dos sons orais de /u/
a) u: sem acento gráfico, como em: jumento, jucá, tatu urubu.
b) o: sem acento gráfico, ocorre no fina de palavra, em sílaba átona, como em: agosto, alho,
canto, pranto, choro.
c) ú: com acento gráfico (´): ocorre em sílaba tônica, formando hiato com vogal anterior,
seguido ou não de s, nunca seguido de nh: como em, baú, jaú, grajaú, saúde, saúva.
d) u: nesse caso, não corresponde a nenhum fonema: guerra, quilo, porque, quero, guerreiro.
1.2.28. Fonema vocálico / u / pronunciado como [ ũ] nasalizado
Nesse caso, há uma abertura do véu palatino, permitindo a passagem de ar, simultaneamente,
tanto pela cavidade nasal como pela bucal.
1.2.29. Formas de escrita dos sons nasalizados de [ũ]
a) u, ú: ocorrem em sílaba tônica, antes de consoante: único, úmido, cúmulo.
b) um, úm: ocorrem antes de p e b, e no final de sílaba: cumprimentar, cumprir, algum,
nenhum, cúmplice.
c) un, ún: ocorrem antes de consoante, exceto, antes de p e b: untar, fundo, profundo,
imundo, fundação, fundura, húngaro.
1.2.30. O fonema vocálico / u / pronunciado como [w] semivogal oral ou nasalizado
Nesse caso, não desempenha o papel de núcleo da sílaba, visto que se realiza numa só
emissão, junto com a vogal central da sílaba.
a) u : ocorre junto de vogal oral ou nasalizada: quando, qual, quarta.
b) am: ocorre com vogal átona nasalizada, nas formas verbais de 3ª pessoa do plural:
morreram, choraram, cantaram, dançaram, correram.
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c) o: ocorre junto da vogal a nasalizado e tônica: pão, mão, anão, não, vão.
1.2.31. Resumo da pronúncia e da escrita do fonema / u /
Fonema
/u/
Sons
sem som
[u] oral
[ũ] nasalizado
[w] semivogal
Letras
u
u, ú, o
u, ú, un, ún
um, um
u
o, am
Exemplos
quero, guerra
orgulho, baú, calado
uma,número, fundo ,húngaro
algum, álbum, cúmplice
linguiça, quase, vou
pão, mão, dançaram
Exercício
a) Leia o texto abaixo e reconheça as grafias do fonema /u/:
A Anta *
A anta é um animal muito grande, mamífero e selvagem. Em relação aos outros animais
selvagens, a anta é muito grande. Ela só pare um filhote, mas já nasce do tamanho de um veado.
Portanto, ela é muito forte, possui uma carne muito saborosa. É um animal muito pesado. Chega a
pesar 300 quilos, e a medir um metro e meio de comprimento, por um metro de altura. Possui nariz
comprido, olhos e orelhas pequenas.
Os Xerente só encontram a anta, à noite, esperando e caçando, mas com muito cuidado.
Ela se alimenta de frutas silvestres e de manga. A anta pode ser criada em casa, na aldeia ou
nas fazendas. Serve para carregar lenha, arroz, farinha, mandioca e outros alimentos. Ela pode
substituir o jumento de carga.
Para o Povo Xerente, a carne de anta serve de alimento; e a gordura serve para remédio
* Carlinhos K. Xerente. 15ª etapa do Curso de Formação em Magistério Indígena SEDUC. Pedro Afonso, jan. 2008.
b) Quais as grafias que não apresentam som de [u]?
c) Identifique as grafias que apresenta o som oral [u].
d) Quais delas apresenta o som nasalizado [u] ?
e) Aponte as grafias que apresentam o som semivogal de [w] oral ou nasalizado.
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1.3. Fonemas consonantais da Língua Portuguesa
1.3.1. Fonemas consonantais /p/, /b/: sons e grafemas.
O fonema consonantal /p/ é sempre pronunciado como /p/ oral. Para realização desse
fonema, os lábios se unem para impedir a livre passagem de ar pela boca, antes do momento da
explosão, não havendo vibração das cordas vocais, visto que é um fonema desvozeado.
1.3.2. Forma de escrita do som oral, realizado por / p /
EX.: pé, pássaro, pele, pulo, porco, pato, paca, posto, porta, perigo, pajé, apito
1.3.4. O fonema consonantal / b / e sempre pronunciado como / b / oral.
Realiza-se igualmente ao /p/, mas com uma diferença, visto que no momento da implosão,
há vibração das coras vocais, uma vez que é um fonema vozeado.
1.3.5. Forma de escrita do som oral de /b/
EX:. bacaba, beber, biblioteca, bolo, buriti, bicicleta.
Exercício
a) Leia o texto que segue e identifique as grafias os fonemas /p/ e /b/:
Aldeia Morrinho*
Minha aldeia foi fundada em 1999. Desde a fundação possui cinco famílias.
Próximo desta aldeia, existe um rio, chamado rio preto, onde pescamos e matamos os
bichos, como paca e tatu.
Em nossa aldeia, temos uma escola bem equipada com material escolar básico, lápis,
borracha, caneta, livros e dicionário.
Para nossa sobrevivência e bem-estar da comunidade, praticamos as atividades de roça-detoco, plantando arroz, feijão, milho, batata doce. Assim, nós vivemos até hoje na mesma aldeia,
no mesmo local, como os mesmos usos, costumes, língua e tradições. Todos nós trabalhamos
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em conjunto para o bem-estar de nossa comunidade, tanto nas roças como em outras atividades.
Portanto, desta forma, trabalhamos, para proporcionar um futuro para nossas crianças.
* Dalton S. M. Xerente. 15ª etapa do Curso de Formação de Professores Indígenas. SEDUC. Pedro Afonso, 2008.
1.4. Os fonemas consonantais /t/, /d/: sons e grafemas
1.4.1. O fonema consonantal /t/ realiza-se como /t/ e /ʧ/
É realizado com [t] linguodental oral antes dos sons [a], [e], [ε], [o], [ɔ], [u]. Para produção
deste fonema, a língua toca nos dentes superiores, bem como na região alveolar, impedindo a
passagem de ar pela boca antes do momento da explosão.
Como é um fonema desvozeado, as cordas vocais não vibram no momento da implosão.
Todavia, os falantes de português dos estados do Tocantins e de Goiás produzem um vozeamento
junto ao /t/, que passa a [ʧ].
Assim, /t/, no Tocantins, é realizado como [ʧ] oral palatalizado antes do som [i], representado
pelos grafemas i, e. Este último ocorre no final de palavra em sílaba átona. Nesse caso, o dorso da
língua pressiona-se contra o palato.
1.4.2. Formas de escrita dos sons orais realizados pelo /t/ e [ʧ]
EX.: telha, tarefa, terra, todo, tudo, batalha, anta, tora, paparuto.
1.4.3. Realiza-se com [ ʧ ], em palavras como
EX.: tiro, pátio, tia, tijolo, gente, dente, pente.
1.4.4. O fonema consonantal /d/ realizado como [d] e [ʤ]
É realizado com [d ] oral linguodental, diante dos sons [a], [e], [ε], [o], [ɔ], [u], produzido
semelhante ao /t/, mas com uma diferença de que, no momento da implosão, as cordas vocais
vibram, visto que é um fonema vozeado.
A realização como [ʤ] oral palatizado, também, é uma das características da fala tocantinense
e ocorre antes do som [i] representado pelos grafemas i, e. Este último ocorre no final de palavra,
em sílaba átona. É realizado com o dorso da língua, pressionando-se contra o palato.
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1.4.5. Formas de escrita dos sons orais de /d/
EX.: dado, dedo, dudu, dúzia, doze, dezena, tudo, toda, dia, diário, desde, onde, idade,cidade,
realidade,verdade.
Exercício
a) Leia o texto abaixo, verifique as grafias realizadas pelos fonemas /t/ e /d/:
A Canoa*
A canoa é o meio de transporte dos índios Karajá. É um transporte muito importante, pois é
a única navegação que possuem. A fabricação das canoas é feita somente pelos homens, uma vez
que é muito difícil de ser construída.
Quando um homem quer construir uma canoa, vai à mata, à procura do “landi” que é
a única árvore que serve para a fabricação da canoa. Para fazer uma canoa, o homem demora
aproximadamente uns vinte dias. Existem canoas de todos os tamanhos, desde aquela que cabe
somente uma pessoa, até aquela que cabe mais. O mais importante é saber que a canoa é o principal
meio de transporte aquático para os índios Karajá.
*Guido H. Karajá. 14ª Curso de Formação de Professores Indígenas. SEDUC-TO. Paraíso, 2006.
1.5. Os fonemas consonantais /k/ e /g/: sons e grafemas
1.5.1. O fonema consonantal /k/ é realizado sempre como [k] oral
O fonema é realizado com a elevação do pós-dorso em direção à região pós-palatal, com a
adaptação do véu palatino às paredes da faringe, impedindo a passagem de ar pela cavidade nasal,
não provocando vibração nas cordas vocais, uma vez que é um fonema desvozeado.
1.5.2. Formas de escritas dos sons orais que realizam /k/
O som [k] é escrito com os seguintes grafemas: c, q, k, x.
a) com c: Escreve-se com c antes de a, o, u:
Ex.: casa, cala, curral, cura, cavalo, corpo, curto, curioso, jacaré, corrida, cururu.
b) com qu: Ocorre antes de e, i:
Ex.: quero, querida, quebrar, quilo, quiabo, quilômetro.
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c) com qu: Ocorre antes de e, i, articulando-se o u que representa [w] uma semivogal:
Ex.: frequência, cinquenta, tranquilo.
d) com x: Ocorre em qualquer posição, formado junto com [s] o som [ks]:
Ex.: táxi, durex, pirex, sexo, paroxítona.
e) com k: Escrevem-se k os nomes próprios personativos(antropônimos) e locativos(
topônimos), bem como nos nomes de origem de outras línguas:
Ex.: Kátia, Kelly, Kaiser(alemão), basket(inglês); as palavras de origem indígenas como:
kàj(machado; Krahô), krare(criança –Apinayé), kuti (sapo – Xerente, kau (ontem –Karajá)
1.5.3. O fonema consonantal /g/ pronunciado sempre como [g] oral
É realizado igualmente ao /k/, mas como é um fonema vozeado, no momento da implosão,
há vibração das cordas vocais.
1.5.4. Formas de escrita do fonema oral /g/
O som [g] é escrito da seguinte forma:
a) com g: Ocorre antes de a, o, u.
Ex.: gato, gamela, galinha, galo, gota, goiaba, guloso, seguro.
b) com gu: Ocorre antes de e, i:
Ex.: guerra, guerreiro, guia, seguia.
Exercício
a) De acordo com o texto abaixo, assinale, as grafias que realizam os fonemas /k/ e /g /.
Dia da Caçada*
No dia seguinte, fomos caçar eu e meus amigos. Na mata, encontramos um porco-queixada.
Meus amigos atiraram no porco e o mataram. Pegamos o porco, levamos para aldeia. Quando
chegamos lá com o porco, todos se juntaram para ver o tamanho do bicho e para ajudar a cortar a
carne, tratá-la, para assar e cozinhar.
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Deixamos uma parte da carne para secar, porque dura mais um pouco, mais ou menos uma
semana.
* João S. Xerente. 15ª etapa do Curso de Formação de Professores Indígenas. SEDUC-TO. Pedro Afonso, 2008.
1.6. Os fonemas consonantais /f/, /v/: fonemas e grafemas
1.6.1. O fonema consonantal /f / é sempre pronunciado como [f] oral
Para realização deste fonema, o lábio inferior eleva-se um pouco, com uma ligeira inclinação
para dentro, entre os dentes incisivos superiores e inferiores, para que o ar escape, produzindo um
som sibilante, de modo que o véu palatino adapta-se às paredes da faringe, impedindo a passagem
de ar pela cavidade nasal. Não há vibração das cordas vocais, no momento da implosão, visto que
é um fonema desvozeado.
1.6.2. Formas de escrita do som oral realizado pelo / f /
Ex.: filho, falha, farinha, fúria, férias, fígado, folha, faca, facão, furo
1.6.3. O fonema consonantal /v/ é sempre pronunciado como [v] oral
É produzido semelhante ao /f/, mas com uma diferença, visto que, no momento da implosão,
há vibração das cordas vocais, uma vez que é um fonema vozeado.
1.6.4. Forma de escrita do som oral [v]
Ex.: vala, vela, vila, votar, vulto.
Exercício
a) De acordo com o texto abaixo, encontre as grafias que realizam os fonemas /f/ e/v/.
Jogo de Flecha*
Na aldeia Cachoeira, pertencente ao povo Krahô, os índios praticam o jogo de flecha, que
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é um esporte vivo, o qual é sempre praticado e ensinado para as crianças, para elas não deixem
morrer este esporte tão importante para os Krahô.
Quando a comunidade precisa realizar o jogo de flechas, divide-se em os dois partidos:
inverno (Catàmjê) e o verão (Wacmẽjê). Entre si, os profissionais disputam de dois em dois, ou
seja, dois competidores do Catàmjê enfrentam juntos outros dois do Wacmêjê.
Duas pessoas vão para frente das casas e outras duas ficam ao lado do pátio. Todos eles
estão com os arcos e flechas nas mãos. Eles vão jogando nos caminhos que interligam o pátio e as
casas. Aquele que for melhor vai passando o outro que está ao lado. O jogo começa às oito horas e
só termina quando uns ganham dos outros. A distância é de trezentos metros. Porém, o jogo pode
ser empatado também, conforme os profissionais.
Ao meio dia, o dono da pensão (wỳhtỳ) vai fazer muita comida, levar até o pátio e entregar
para comunidade almoçar, depois que o jogo terminar.
* Gregório H. Krahô. 15ª etapa do Curso de Formação de Professores Indígena - SEDUC - TO. Pedro Afonso. 2008.
1.7. Os fonemas consonantais / s /, / z /: sons e grafemas
1.7.1. O fonema consonantal / s / pronunciado sempre como [s] oral
Para a produção desse fonema, os lábios ficam entreabertos, para o ar sair livremente e o prédorso da língua adapta-se aos alvéolos, para a passagem de ar, produzindo um som sibilante, com o
ápice da língua apoiado nos incisivos inferiores, de modo que o véu palatino adapte-se às paredes
da faringe, impedindo a passagem de ar pela cavidade nasal. Como é um fonema desvozeado, não
há vibração das cordas vocais.
1.7.2. Formas de escritas dos sons orais de / s /
a) com s: No início de palavra, antes de a, e, i, o, u.
Ex.: sala, sela , sistema, sola sul.
- Nas marcas de plural: Ex.: balas, malas, belas, bolas, tatus, jacarés, urubus.sapos, antas,
veados
- No final de sílaba, desde que não seja no final de palavras, antes de consoante:
Ex.: mastigar, mesmo, mistura, pôster, custo, cesto.
- Depois do prefixo trans, seguido de consoante: Ex.: transbrasiliana, transcultural,
transporte, transpor.
- No final de sílaba, precedida de consoante: Ex.: bíceps, vinténs, parabéns, tríceps.
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Português Intercultural
b) com c: No início de sílaba, seguida de e, i:
Ex.: cedo, cebola, celeiro, cela, civilização, civil, cívico, cicatriz, cipó, cerca.
c) com ç: Antes de a, o, u:
Ex.: cabaça, cabeça, criança, vidraça, cachaça, iguaçu, caiçara, juçara, miçanga,
esperança.
Na primeira pessoa do singular do presente do indicativo e no presente do subjuntivo dos
verbos terminados em:
a) cer: Ex.: conheço, esclareço, adoeço, conheça, esclareça, adoeça, aconteça
b) nos sufixos, aço, aça, ação, çar, iça, iço, uça, uço, anca:
Ex.: aço: melaço, cangaço, bagaço.
aça: vidraça, praça., carcaça, barcaça
ação: admiração, administração, proibição, publicação, votação
iça: carniça, preguiça, justiça.
iço: caniço, roliço, postiço.
uça: dentuça.
uço: dentuço.
ança: esperança, criança, matança.
çar: aguçar, espreguiçar, almoçar.
c) nas palavras de origem indígena e africana: Ex.: açaí, paraguaçu, araçá, sanhaço, paçoca,
miçanga, cachaça, moçoró, uruaçu
d) com x: Palavra de origem latina, antes de consoante.
Ex.: expressão, exterminar, extraordinário, expatriar.
e) com ss: Entre vogais.
Ex.: esse, essa, nosso, amasse, bebesse, vendesse, chovesse, perdesse, cantasse, dezesseis,
sessenta, dezessete, fossa, massa.
- Em palavras compostas de prefixo terminado por vogal, quando a palavra seguinte iniciase por s:
Ex.: ressurgir, ressentido, ressecar, pressupor, bissexual, minissaia, girassol.
f) No pretérito imperfeito do subjuntivo:
Ex.: cantasse, amasse, vendesse, comesse, partisse, sumisse.
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g) Em nomes que se relacionam com verbos cujos radicais tenham:
ced - cess: ceder - cessão; exceder - excesso.
gred - gress: agredir - agressão; progredir - progresso.
prim - press: oprimir - opressão; imprimir - impressão.
tir - ssão: omitir - omissão; discutir - discussão; permitir - permissão.
h) com sc: Palavras que conservam a grafia, meramente, por razões etimológicas, uma vez
que um grande número de palavras latinas são escritas assim.
Ex.: acréscimo, crescer, nascer, seiscentos, consciência.
i) com sc: Quando o dígrafo sc antecede uma vogal que não seja e, i, bem como na primeira
pessoa do presente do indicativo e em todas as pessoas do presente do subjuntivo dos verbos
terminados em scer.
Ex.: renasço, renasça, cresço, cresça, cresçamos, nasçamos.
j) com xc: O dígrafo consonantal xc ocorre quando precede as vogais e, i:
Ex.: excelente, exceção, excitar, excitação.
1.7.3. O fonema consonantal /z/ é sempre pronunciado como [z] oral
O fonema consonantal /z/ é produzido igualmente a /s/, mas com a diferença de que, no
momento da implosão, há vibração das cordas vocais, uma vez que é um fonema vozeado.
1.7.4. Formas de escrita dos sons orais de /z/
O som de [z] se realiza da seguinte forma na escrita:
a) com z: No início de palavras como:
Ex.: zero, zebra, Zazá, Zé, Zico, zurra.
b) nos sufixo - izar; zinho: Ex.: civilizar, canalizar, profetizar, colonizar, indiozinho,
narizinho, rapazinho.
c) no sufixo - eza, nos nomes substantivos derivados de adjetivo: Ex.: beleza, tristeza,
riqueza, fortaleza.
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d) com x: Em palavras de origem latina:
Ex.: exótico, exigente, exato, exagero.
e) com s:
- Entre vogais:
Ex.: casa, asa, vaso, mesa, liso, precisar, pesquisa.
- Nos sufixos - esa, esia, isa,: nos radicais de substantivos.
Ex.: freguesa, baronesa, cortesia, camponesa, poetisa, freguesia, duquesa.
- No sufixo - oso:
Ex.: oleoso, famoso, jeitoso, corajoso.
- No sufixo - são:
Ex.: ilusão, fusão, faisão, reclusão, ilusão, decisão, difusão.
- Nas formas verbais pôr e querer e seus derivados:
Ex.: puser, pusera, compusera, quisesse, quisera.
- Após ditongos:
Ex.: lousa, pausa, coisa, cousa.
- O s do prefixo - trans: antes de vogal.
Ex.: transamazônica, trânsito, transitar, transação.
Exercício
a) Leia o texto seguinte e identifique as grafias realizadas pelos fonemas /s/, /z/:
O Lago*
Pela manhã, o povo Krahô da Aldeia Rio Vermelho realizou uma reunião, para discutir
sobre a tinguizada. A discussão se deu da seguinte forma: primeiro toda a comunidade indígena
concordou em realizar a tinguizada e depois acertaram como seria atividade.
Então, no dia seguinte, todos os homens da aldeia saíram para procurar o timbó no mato.
À tarde todos trouxeram o timbó, e se reuniram para marcar o dia. Em seguida, realizaram
uma corrida da tora, na própria aldeia.
À noite, conversaram e procuram saber quem tirou o timbó e quem não tirou. Daí, todos
juntos foram retirar e formar os molhos, para bater no rio e matar os peixes. Começaram bater o
tingui ainda de madrugada, para embriagar os peixes e flechar com mais facilidade. Eles mataram
muitos peixes naquele dia.
* Ilton I. krahô. 15ª Etapa do curso de Formação de Professores Indígenas - SEDUC-TO. Pedro Afonso. 2008.
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1.8. Os fonemas consonantais / ʃ / , / ʒ /: sons e grafemas
1.8.1. O fonema consonantal /ʃ / é sempre pronunciado como [ʃ] oral
Esse fonema é pronunciado com o pré-dorso da língua adaptado ao pré-palato, de modo
que o ar escape, produzindo um som sibilante, com o recuo da ápice da língua, de forma que o ar
expirado passa entre os incisivos superiores e inferiores. Assim, o véu palatino adapta-se às paredes
da faringe, para impedir que a corrente de ar escape pela cavidade nasal.
No momento da implosão, não há vibração das cordas vocais, visto que é um fonema
desvozeado.
1.8.2. Formas de escrita do som [ʃ] em alguns contextos
a) com ch: No início de sílabas ou palavras, diante de vogal:
Ex.: chave, chaveiro, chá, cheio, chuchu, cochila, mochila.
- Depois de in en, an,:
Ex.: inchaço, inchar, enchente, encher, Anchieta.
b) com x: No início de sílaba ou palavra, antes de vogal:
Ex.: xaxado, xadó, xerém, xexéu.
c) Depois de sílaba iniciada por en:
Ex.: enxada, enxoval, enxame, enxofre, enxertar.
d) Depois de ditongo:
Ex.: baixo, faixa, peixe, feixe, frouxa, queixo.
e) Depois de sílaba inicial me:
Ex.: mexer, mexerico, mexido, mexicano, mexilhão.
f) Com palavras de origem indígena ou africana:
Ex.: abacaxi, capixaba, Xavante, pixaim, xará, xingar, Xerente
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1.8.3. O fonema consonantal /ʒ/ é sempre pronunciado como [ʒ] oral
É realizado igual ao /ʃ/, mas com uma diferença, porque no momento da implosão, as
cordas vocais vibram, porque é um fonema vozeado.
1.8.4. Formas de escrita do som [ʒ] oral
com g:
a) Antes de -eo:
Ex.: geografia, geologia, geomarfologia, geofísica.
- No início de sílaba, seguido de -est:
Ex.: gestante, gesticular, gestação.
b) Antes dos sufixos, -entésimo, -ésimo, -inal, -ional:
Ex.: quingentésimo, milésimo, regional, regionalismo, marginal, marginalizar.
- Antes de -ia, -io, -ião, -ioso:
Ex.: magia, geologia, astrologia, pedagogia, relógio, vestígio, religião, religioso.
- Antes dos sufixos -ismo, -inoso, -onário:
Ex.: neologismo, cartilaginoso, legionários.
- Antes dos sufixos -élico, -enético, -ético, -ica, -ico, e nas palavras proparoxítonas:
Ex.: evangélico, higiênico, genética, energético, geológico, demagógico.
- Antes da sílaba -gem, no final de palavras:
Ex.: ferrugem, ferragem, bagagem, garagem, ramagem, carruagem, bobagem.
com j:
- No início de sílaba, antes de a, o, u:
Ex.: jaca, janela, jogo, nojo, jumento, juazeiro, juçara, jacá, Júlio.
- No modo subjuntivo dos verbos terminados em jar:
Ex.: arranje, suje, esbanje.
- Nas palavras de origem indígena ou africana:
Ex.: jê, jiboia, jirau, jiló, canjica, jerimum, jia, laje, pajé, canjerê, bajé, Javaé, Apinajé,
acarajé,Itapajé.
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Exercício
a) Leia o texto seguinte e identifique as grafias realizadas pelos fonemas /ʃ/ e /ʒ/:
Uma Festa na Aldeia*
No dia 5 de julho, aconteceu uma festa na Aldeia Bela Vista. Os velhos e os rapazes cantaram
e dançaram durante a nomeação dos meninos de casa em casa. Nas aldeias Xerente, durante as
várias festas, existem diversos tipos de dança: Dança do Padi, do Macaco, do Jacaré e dos Peixes.
Também durante as festas acontece a corrida de toras. Os homens que pertencem aos
partidos Stêromkwa e Hâstâmhâ correm com flechas e toras de buriti. Como as toras são muito
pesadas, dois homens correm com elas.
Durante a festa, os meninos correm com a flechas e as meninas dançam à noite, enquanto
os pajés cantam e tocam maracá. Durante as festas, as pessoas vão ao pátio para comerem carne de
anta moqueada com paparuto de mandioca e peixe assado.
Portanto, durante todas as festas, as crianças, jovens e adultos se pintam para se identificarem
com cada clã a que pertencem.
* João B. W. Xerente. 15ª Etapa do Curso de Formação de Professores Indígenas. SEDUC-TO. Pedro Afonso, 2008.
1.9. Os fonemas consonantais /m/, /n/, / ɲ/: sons e grafemas
1.9.1. O fonema consonantal nasal /m/
O fonema consonantal nasal /m/, no início de sílaba é realizado como [b], mas diferente,
porque, o véu palatino se mantém aberto, permitindo a passagem de ar, simultaneamente, pela
cavidade nasal, no momento da articulação, e pela cavidade bucal após a explosão.
1.9.2. Formas de escrita do som de [m]
Ex.: mãe, manhã, meu, minha, mala, melado, mula, miar, milho, mandioca, melancia.
O fonema /m/ quando vem após vogal, no final de sílaba, forma um dígrafo vocálico, visto
que sua articulação desaparece ao nasalizar a vogal que o precede.
Ex.: campo, tampa, tempo, tímpano, tombo, tumba.
O fonema [m] será realizado como consonantal, quando vem antes de vogal, no início de
sílaba.
Ex.: mesa, mala, mola, mela, melo.
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Português Intercultural
1.9.3. O fonema consonantal nasal /n/
O fonema consonantal nasal /n/ é pronunciado como [d ], mas com uma diferença, visto que
o véu palatino se mantém aberto, permitindo a passagem de ar, simultaneamente, pelas cavidades
nasais e orais, após a explosão.
1.9.4. Formas de escrita do som de /n/
O fonema /n/ será realizado como fonema consonantal, quando ocorre antes de vogal,
iniciando sílaba.
Ex:. nota, neto, ninho, nulo, janela,
Porém, quando / n / vem no final de sílaba, sua articulação desaparece ao nasalizar a vogal
anterior, formando um dígrafo vocálico, como em:
Ex.: anta, antes, durante, onde, índio, profundo.
1.9.5. O fonema consonantal nasal /ɲ / é pronunciado como [ɲ]
Na produção desse fonema, o dorso da língua adapta-se ao palato e aos alvéolos, para
impedir a passagem de ar pela cavidade bucal, e a ponta da língua toca os incisivos inferiores,
mantendo contato com o véu palatino, para permitir a passagem do ar, simultaneamente, pelas
cavidades nasais e orais.
1.9.6. Formas de escrita do som de /ɲ/
O fonema consonantal / ɲ / ocorre no início de sílaba, nasalizando a vogal precedente, da
sílaba anterior.
Ex.: manha, senha, minha, farinha, tainha, bainha, ninho.
Exercício
a) Leia o texto abaixo e, em seguida, assinale as grafias realizadas pelos fonemas /m/, /n/,
/ɲ/:
O Casamento Apinayé *
Na cultura Apinayé, quando uma moça quer se casar, os pais dela chegam para os pais do
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rapaz e em nome da moça pedem o moço em casamento. Se o rapaz gostar da menina e a menina
gostar do rapaz, os pais deles vão as casas do padrinho e da madrinha para informar sobre o acordo
do casamento.
Então, a madrinha e o padrinho marcam a data para que as madrinhas combinem a preparação
do matrimônio.
Preparam a festa. Os padrinhos vão caçar, pescar, arrancar mandioca para fazerem o
paparuto. Nesse dia, todos vão comemorar com muitos presentes.
Depois que o paparuto estiver pronto, vão entregar o bolo para a madrinha da noiva. Eles
sempre fazem em termo de troca com o bolo. Depois da troca, mais ou menos ao meio dia, eles
vão preparar a pintura e os enfeites dos noivos. Depois de o noivo estar pronto, o irmão da menina
leva-a para o noivo.
Após a entrega da menina, as madrinhas choram, depois comem, tomam café, suco e comem
bolo. O cacique aconselha os dois para que eles nunca se separam. Depois de tudo isso, os noivos
estão casados para sempre.
* José Eduardo Apinayé. Projeto de Apoio pedagógico à educação Indígena Apinayé
1.10. Os fonemas consonantais /l/, / ʎ/: sons e grafemas
1.10.1. O fonema consonantal /l/ é pronunciado como [l], oral lateral
É realizado pelo contato ou aproximação da ponta da língua com os alvéolos e com os
incisivos superiores e as bordas laterais da língua abaixam-se, permitindo a passagem do ar pelas
laterais, havendo, portanto, vibração das cordas vocais no momento da implosão, visto que é um
fonema vozeado.
1.10.2. Com [ɫ] oral velarizado, na final de sílaba
Nesse caso, há um pequeno recuo da ponta da língua, elevando o dorso, tornando um som
velar mais próximo de [u].
1.10.3. Formas de escrita do som de /l/
O [l] ocorre no início de sílaba, antes de qualquer vogal.
Ex.: lata, leite, litro, lodo, luto.
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1.10.4. Com [ɫ] próximo de [u] ocorre no final de sílaba
Ex.: animal, canal, anel, fuzil, azul, mal, mel, anzol.
1.10.5. O fonema consonantal /ʎ/ pronunciado como [ʎ], oral linguodental
É produzido pelo contato do dorso da língua contra o palato duro, impedindo a passagem
de ar pela cavidade nasal, uma vez que as bordas da língua abaixam-se, permitindo a passagem de
ar pelas laterais. Como é um fonema vozeado, as cordas vocais vibram no momento da implosão.
1.10.6. Formas de escrita do som oral da fonema /ʎ/
O fonema / ʎ / ocorre somente no início de sílaba.
Ex.: calha, malha, telha, trilha, ilha, colher, milho, pedregulho.
Exercício
a) De acordo com o texto abaixo, identifique as grafias realizadas pelos fonemas /l/, /ʎ/.
A Importância do Pé de Buriti para os Krahô*
O pé de buriti é muito importante para o povo Krahô. Dele utilizamos tudo, a palha, o olho,
a fruta, o caule e o talo.
Os Krahô confeccionam seus artesanatos da seguinte forma: com a palha fazem o cofo,
esteira, chapéu indígena, que é muito utilizado nas festas. Com o olho da palha amarram as madeiras
para construir suas casas.
Com as frutas fazem cebereba, azeite e utilizam o caroço para fazer remédio para quem está
com problema de vista.
Com o talo fazem tapete, abano, peneira para peneirar a massa de mandioca e enfeite para a
borduna. O pé de buriti não existe na chapada. Só existe nos brejos, pois ele precisa de muita água
para sobreviver.
* Edivaldo P. Krahô. 12ª Etapa do Curso de Formação de Professores Indígenas. SEDUC-TO. Paraíso do Tocantins, 2006.
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1.11. Os fonemas consonantais /r/, /R/: sons e grafemas
1.11.1. O fonema consonantal /r/ é pronunciado como [r] oral
O fonema /r/ é produzido pelo contato ou aproximação da ponta da língua com os alvéolos
e dos incisivos superiores.
O véu palatino adapta-se às paredes da faringe, impedindo a passagem do ar pela cavidade
nasal. Como é um fonema vozeado, as cordas vocais vibram no momento da implosão.
1.11.2. Formas de escrita do som oral de /r/
a) [r]: Este fonema só é realizado de forma plena, entre vogais ou após consoante.
Ex.: caro, barato, careca, curicaca, garoto, brasa, brisa, Brasil, obrigado.
1.11.3. O fonema consonantal /R/ é pronunciado com [R] oral
Este fonema é produzido pelo contato da parte posterior da língua contra o véu palatino, numa
vibração contra o pós-dorso da língua repetindo várias vezes sucessivas o movimento vibratório.
As coradas vocais vibram, no momento da implosão, uma vez que é um fonema vozeado.
1.11.4. Formas de escrita do som do fonema /R/
Este fonema é realizado por meio de um r, no início ou no fim de sílaba, bem como por dois
r, quando ocorre entre vogais.
a) com r/rr: Ex.: rádio, rede, rio, rua, amarrado, carro, corrida.
b) com r: Ex.: carta, porta, partido, corda, curto, certo.
Exercício
a) De acordo com o texto seguinte, analise as grafias dos fonemas /r/, /R/.
A Festa do Tamanduá*
O Povo Xerente costuma realizar suas festas culturais. Estas festas vêm acontecendo desde
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muito tempo.
Durante as festas, acontecem muitas realizações culturais, como corrida da Tora Curta e
corrida da Tora Grande (ĩsitro).
No final da festa do povo Xerente, dois homens são preparados para imitarem o Tamanduá
(Padi). A preparação é feita por dois homens mensageiros, que se cobrem e se enfeitam com palha
de najá e com outros tipos de palha.
Após as festas, todas as mulheres levam comida ao pátio, no centro da aldeia; os homens
sentam com as comidas; e o Tamanduá sai do mato para aldeia onde estão os homens.
As festas são finalizadas com a comemoração das meninas. O Tamanduá também participa
e, após a nomeação das meninas, todos os homens sentam em círculo com as comidas, para o
Tamanduá escolher a mais saborosa.
Quando o Tamanduá pega a comida, a mulher do homem, que preparou a comida, corre atrás
do Tamanduá, para pegar a comida de volta, para o homem não comer sozinho. Nesse momento,
acontece também a troca de comida com as demais pessoas. Assim, finalizam as festas do povo
Xerente, em homenagem ao Tamanduá (Padi)
*Nélson S. Xerente. 14ª Etapa do Cursao de Formação em Magistério Indígena. SEDUC-TO. Paraíso, julh, 2007
1.12. Considerações ortográficas sobre o grafema H
Este grafema não é propriamente uma consoante, mas um símbolo que, segundo Bechara
(2003), por razão etimológica e de tradição escrita da língua portuguesa, conserva-se no início de
várias palavras e no final de algumas interjeições:
Ex.: horário, hoje, homem, história, ah! eh! oh!
1.12.1. Emprego do H
a) Por razão etimológica, ou seja, quando a palavra originária tem H:
Ex.: hoje, homem, horizonte, humano.
b) No interior do vocábulo, quando fizer parte dos dígrafos ch, lh, nh, que representam os
fonemas palatais.
Ex.: chá, chave, palha, calha, ninho, farinha.
OBS: Não se escreve h, depois de c ( a não ser que faça parte do dígrafo ch ) nem depois de
p, r e t:
Ex.: cristão, fósforo, farmácia, retórico, teatro.
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De acordo com Luft (1987), não se usa H, quando a etimologia não a justifica, como nas
palavras abaixo:
Ex.: ombro, ontem, úmido, arpejar, arpejo.
1.13. Signos ortográficos relacionados com entonação
De acordo com Cunha e Cintra (1985), as entonações de pontuação usadas na língua
portuguesa podem ser classificadas em dois grupos, conforme descrevemos a seguir:
1.13.1. O grupo destinado a marcar as pausas
a) vírgula ( , );
Signo ortográfico que serve para marcar o ritmo do discurso, transcrevendo a quantidade e
tom, uma vez que a cadência ocasiona a elevação do contorno entonacional final, sua descida ou
sua suspensão.
Assim, numa perspectiva morfossintática, segundo Masip (2000), a vírgula será usada:
- Quando ocorre inversão morfossintática:
Ex.: Na próxima semana, iremos a Tocantinópolis.
Se quiser correr com a tora, poderemos combinar o dia.
- Para indicar supressão do verbo:
Ex.: Os Apinajé gostam de correr com a tora, os Krahô, de dançar no pátio.
- Entre enunciados concatenados:
Ex: Todos os dias os Apinajé acordam cedo, vão ao pátio, conversam com o cacique,
discutem as decisões da aldeia e vão para roça.
- Após o vocativo:
Ex.: Cacique, explique-me suas decisões.
José, você já fez suas tarefas?
b) ponto ( . );
Signo ortográfico que corresponde, na fala, a uma pausa prolongada, caracterizada pelo
contorno entonacional final descendente. O ponto pode ser classificado em:
- Simples, que existe entre orações, o ponto-e-parágrafo entre parágrafo é o ponto final, que
encerra um enunciado.
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Português Intercultural
- Não se coloca após ponto de interrogação ou exclamação.
Ex.: como você pegou aquele peixe ontem? Cuidado!
- Não usa o ponto para separar datas, páginas ou número de telefone.
- Usa-se o ponto depois de abreviaturas.
Ex.: Sr. Cacique da aldeia; D. Antônio de Morais.
c) ponto-e-vírgula ( ; ).
Este signo ortográfico serve para indicar uma pausa menos marcada pelo ponto e marcada
pela vírgula.
Portanto segundo, Cunha e Cintra (1985), a imprecisão do ponto-e-vírgula faz com que o seu
emprego dependa substancialmente do contexto. Assim, podemos estabelecer, que em princípio,
ele é usado:
- Para separar um longo período entre vírgula, especialmente, em enunciados enumerativos.
Ex.: Os índios foram para mata colher coco babaçu; palha; lenha; bacaba; juçara; oiti;
cajuí de todos os tamanhos.
- Com valor adversativo.
Ex.: Passei o dia caçando; porém, não irei ao pátio cantar.
- Com valor conclusivo.
Ex.: Os alunos andam muito ocupados com as roças; por isso não têm freqüentado às
aulas.
- Entre orações coordenadas assindética sem vínculo lógico entre si.
Ex.: Saí de casa cedo; as portas das casas da aldeia já estão abertas.
1.13.2. O grupo cuja função essencial é marcar a melodia e a entonação:
a) dois pontos ( :) ;
Sinal ortográfico que serve para indicar, na escrita, uma sensível suspensão da voz na
melodia de um pensamento não concluído. Os dois pontos são empregados para anunciar:
- Uma citação (geralmente depois de verbo ou expressão que signifique dizer, responder,
perguntar e sinônimos).
Ex.: Como a mulher nada disse, o índio perguntou:
Queres ou não queres ir à roça comigo?
- Uma enumeração explicativa.
Ex.: Se não fossem os velhos, outros seriam: pajés, guerreiros, jovens, os feiticeiros da
aldeia.
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- Um esclarecimento, uma síntese ou uma consequência do que foi enunciado.
Ex.: Em sua aldeia não mando: só visito e faço parte dos rituais.
O índio não estava zangado: estava cansado e triste.
b) ponto de interrogação ( ? );
Signo ortográfico de caráter entonacional, composto de um sub-ponto com uma abertura à
esquerda. Portanto, segundo Sacconi (1990), esse signo marca uma pausa com melodia característica
de entonação ascendente. É usado no final de qualquer pergunta direta, mesmo que essa pergunta
não exija uma resposta. Ocorre nos seguintes casos:
- Nas orações interrogativas diretas.
Ex.: Cacique, você pode explicar essa história direito?
Você vai pescar?
- Não se usa esse signo nas interrogativas indiretas.
Ex.: O cacique perguntou se a mulher ia para a mata com ele.
A mãe perguntou se o filho iria pescar.
- Nos casos em que a pergunta envolve certa dúvida, costuma-se fazer seguir de reticências
o ponto de interrogação.
Ex.: Então?.... que foi isso?... trovão?...
- Os signos de interrogação não permitem o ponto final.
Ex.: Quando José vem de Araguaína?
- O signo de interrogativo, posto entre parênteses, indica dúvida, ironia e surpresa.
Ex.: O professor chegou cedo (?) e a aula terminou ao meio dia (?)
Estes meninos estudam (?), não saem de casa (?)
c) ponto de exclamação ( ! );
O signo ortográfico que marca uma pausa e uma entonação não uniformes. Seu emprego
está diretamente relacionando à Estilística e não à Gramática. Usa-se esse signo nos seguintes
casos:
- No final de frases exclamativas.
Ex.: Como é bonito esse cocar!
Ah! Que água fria!
- Nas interjeições e locuções interjetivas.
Ex.: Silêncio!, oh!, ah!
Coitada da índia!
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- Após imperativo.
Ex.: Não vás!, volta, menina! Não vás!
Agarrem esse menino!
Agarrem! Agarrem!
d) reticências ( ... );
Signo ortográfico que indica a interrupção ou a conclusão imperfeita de um enunciado.
Assim como o ponto de exclamação, está mais ligado à Estilística do que à Gramática. Usam-se,
principalmente, nos seguintes casos:
- Para indicar suspensão ou interrupção do discurso.
Ex.: No pátio; pela manhã, iremos...
- Para indicar hesitações ou breve interrupção no discurso.
Ex.: Eu não comi paparuto porque... porque... porque eu tinha comido muita carne.
- Para realçar uma palavra ou expressão.
Ex.: Não havia motivo para tanto... medo. Hoje em dia, nas matas não tem “caça” e...
acabou tudo.
- Para indicar ironia ou palavra inconveniente.
Ex.: Aquele... nem participa das rituais no pátio.
e) aspas ( “ ” );
As aspas são usadas nos seguintes casos:
- Para reprodução de uma citação textual.
Ex.: O cacique já havia falado “o pátio é nossa primeira escola. Lá nós aprendemos tudo
sobre nossa cultura”.
- Para destacar significado especial, irônico ou ambiguidade de alguma palavra ou expressão.
Ex.: Veja como esse menino é “educado” jogou o papel no chão.
f) parênteses ( );
Os parênteses possuem a função de intercalar, num contexto, comentários ou indicações
acessórias. São usados nos seguintes casos:
- Para indicar um dado preciso.
Ex.: data (2008), número de página de uma obra (159), ou país (Brasil);
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- Para indicar escritas comerciais, com letras ou algarismos.
Ex.: R$ 2.000,00 (dois mil reais).
- Para indicar referências bibliográficas.
Ex.: (fig. 20), (cf. tabela 20), (p. 135, Rio de Janeiro, 2008).
g) colchetes ( [ ] ) ;
Signo ortográfico, que serve para encerrar palavras ou orações que pertencem a textos
mais amplos já citados dentro de parênteses. Segundo Masip (2000), possuem o mesmo perfil
entonacional que o travessão.
Ex.: Os escritores do romantismo brasileiro (especialmente José de Alencar [1829 - 1877)
eram homens extraordinários.
h) travessão ( − );
Signo gráfico, que é usado no corpo de um enunciado, caracterizando a descida ou a
ascensão tonal, que, além de oscilar, os falantes normalmente, baixam o tom para marcar seu
caráter secundário no enunciado.
O travessão é usado principalmente nos seguintes casos:
a) Para separar orações do tipo:
Ex.: Venham logo − gritou o velho!
A caça foi atingida, afinal − gritou o guerreiro.
b) Nos diálogos, para indicar a mudança dos interlocutores:
Ex.: − Por que não foi caçar ontem? − perguntou o índio.
− Porque minha mulher estava doente − respondeu o cacique.
c) Para marcar ponto extremos de um percurso:
Ex.: A rodovia de Tocantinópolis − Maurilândia.
Os rios Araguaia − Tocantins.
d) Em lugar de parênteses ou vírgula:
Ex.: Kunuka − irmão de Mikũ − chegará amanhã.
i) hífen ( - );
Traço horizontal, que equivale a metade de um travessão. Indica a interrupção de uma
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palavra no final da linha ou a existência de alguma palavra composta. Segundo Martins e Zilberknop
(1999), só admitem hífen elementos morfologicamente individualizado, ou seja, com integridade
gráfica e semântica. Normas do emprego do hífen, segundo o Novo Acordo Ortográfico de 1990:
- Em nomes compostos, tais como:
Ex.: super-resistente;
ex-diretor;
couve-flor;
erva-doce;
segunda-feira;
semi-interna;
anti-higiêncio;
mal-humorado;
bem-te-vi;
guarda-chuva
- Em nomes gentílicos (nomes que indicam a nação à qual pertence):
Ex.: porta-alegrense
mato-grossense
sul-africano
norte-americano
-Antes de sufixo de origem tupi-guarani:
Ex.: araçá-guaçu;
capim-mirim;
capim-açu.
Ceará-mirim
- Nos nomes de semana:
Ex.: segunda-feira;
quarta-feira;
sexta-feira;
- Nas formas verbais oxítonas, quando conjugadas com os pronomes clíticos lo(s), la(s) ou
nas ênclises ou nas mesóclises:
Ex.: dir-te-ei
diz-me,
dê-me
dar-te-ia
amá-lo
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- Antes de prefixos que os exigem:
Ex.: pré-vestibular
pré-escolar
pós-graduação
- Na divisão silábica:
Ex.: quar-to
sub-li-nhar
ca-rac-te-ri-zar
con-vi-ver
cons-ci-ên-cia
pers-pec-ti-va
nas-cer
pa-pa-gai-o
ma-nha
Observação: Não se separam por hífen os ditongos (á-gua, am-bí-guo), nem nos dígrafos
ch, lh, nh, (cacho, macho, calha, palha, ninho, farinha).
1.14. Divisão Silábica
Fundamentando-se nos princípios gerais da divisão silábica, Bechara (2003), Silva (2008)
e Azeredo (2008), afirmam que a divisão silábica de qualquer vocábulo é assinalado pelo hífen;
em regra se faz pela soletração e não pelos seus elementos constitutivos, segundo a etimologia. Já
segundo Azeredo (2000), por ser uma unidade delimitável por pausa no corpo do vocábulo, a sílaba
tem uma importância fundamental no eixo sintagmático da língua. É na sequência das sílabas,
por exemplo, que podemos perceber o fenômeno da intensidade, responsável pelo contraste entre
sílabas fortes(tônicas) e fracas (átonas).
Com base nesses pressupostos teóricos, a seguir sintetizamos as normas de divisão
silábica proposta por Luft (1987) e Braga (1980). Para estes autores, a divisão silábica obedece
à soletração. Por isso devemos, primeiramente, reconhecer as sílabas da palavra, o que fazemos
pelos pausas, pronunciando lentamente a palavra, observando onde ocorre pausa, sem alterar a
pronúncia do todo. Assim, temos: tra-ve, ca-dei-ra; cal-ma; ad-je-ti-vo. Note que: Deus, dois, meus
são monossílabos, pronunciados, portanto, sem pausa. Se houvesse pausa, teríamos dissílabos, com
pronúncia diferente. Facilmente compreendemos isso, comparando ai (monossílabo, sem pausa)
com a-í (dissílabo, com pausa). A separação de sílabas é fácil e segue a orientação seguinte.
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a) Pausa:
Ex: cra-vo, fei-ti-ço, ob-je-to, ad-je-ti-vo
Essas palavras nos mostram que ficam, numa sílaba, as letras que representam os fonemas
pronunciados de um só impulso, de uma só vez, seguidos de pausa:
Obs:. A pausa indica o fim da sílaba.
b) Vogais:
Ex: a-la, al-ma , pneu, ra-iz
Cada sílaba tem uma vogal básica, que é seu ponto de apoio. Por isso, na separação, não
podemos deixar um grupo de letras sem vogal básica: pneu-má-ti-co; subs-tan-ti-vo; ad-vo-ga-do;
pers-pi-caz. Também, em cada sílaba, fica somente uma vogal-base.
Obs: Cada sílaba tem uma vogal-base
c) Ditongos e tritongos:
Ex: mui-to, á-gua, i-guais, sa-guão
As letras que representam as vogais e as semivogais dos ditongos e dos tritongos permanecem
juntas na mesma sílaba: seus, in-tui-to, quais, Pa-ra-guai, U-ru-guai.
d) Hiatos:
Ex: ca-í-da , du-e-lo, vo-ar, ju-iz, Sa-a-ra
As letras que representam as vogais dos hiatos ficam em sílabas diferentes: ju-í-za,
cri-an-ça, pa-ís, (distinto de pais), le-ais, mo-í-do, su-a-ve.
e) Letras Iguais:
Ex: ca-a-tin-ga, co-o-pe-rar.
Separam-se as letras iguais, quer vogais, quer consoantes:
Ex: a-na-crô-ni-co, ba-al, fe-é-ri-co, fri-ís-sis-si-mo, ter-ra, cor-rer, mas-sas, mis-sas.
f) Grupo de Consoante:
- Grupos iniciais
Ex: dra-ga, tra-to, plei-to, pneu, blo-co
As consoantes iniciais ficam na primeira sílaba, seguidas de vogal-base, como em: pra-ta,
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blu-sa, psi-co-lo-gi-a, psí-qui-co, mne-mô-ni-co, gno-mo, tche-co, trans-por.
g) Grupos mediais
Ex: ad-ver-tir, op-ção, rit-mo, sub-ju-gar
Os grupos mediais, que representam consoantes pronunciadas separadamente, com pausa,
ficam em sílabas diferentes: ab-di-car, ad-no-mi-nal, ad-ver-tên-cia, op-tar, rit-ma-do, sub-me-ter.
Também se separam da consoante seguinte o m e o n: cam-po, lem-brar, tem-plo, sin-to, re-cin-to.
Ex: a-blu-ção, a-fli-to, a-bra-ço, a-trai
Os grupos em que a segunda consoante é l ou r (bl, cl, fl, br, dr, pr, etc) permanecem na
mesma sílaba: a-bla-ti-vo, in-clu-ir, o-mo-pla-ta, o-blí-qua, a-bri-go, em-bru-lho, o-brei-ro.
Obs: Merecem cuidado os grupos BL e BR que, de acordo com a pronúncia, ora ficam em
uma só ou em sílaba diferente. Mas, é possível uma orientação. Vejamos o quadro seguinte:
BL
Ab-le: ab-le-gar, ab-le-ga-ção;
Sub-la: sub-la-cus-tre;
Sub-le: sub-le-gen-da, sub-lei-to, sub-le-nho-so, sub-le-var, e cognatos
Sub-li: sub-li-mi-nar, sub-li0ne-ar, sub-lin-gual, sub-li-nhar, e cognatos, sub-li-te-ra-to, sub-li-tera-tu-ra;
Sub-lo: sub-lo-bu-la-do, sub-lo-car, e cognatos;
Sub-lu: sub-lu-nar;
BR
Ab-ro: ab-ro-gar, e cognatos;
Ab-ru: ab-rup-ção, ab-rup-te-la, ab-rup-to.
h) Digrafo ch, lh, nh:
Ex: ma-cha-do, ma-lha, ne-nhum, nho-nhô
Os dígrafos ch, lh e nh nunca se separam:
Ex: en-char-car, a-li-nhar, a-lhei-o, em-pe-ci-lho.
i) S entre consoantes:
Ex: abs-tra-ir, des-cer, nas-cer, subs-cri-ção
Entre consoantes, o s fica sempre no final da sílaba precedente: abs-tra-ção, nas-ci-men-to,
ins-cri-to, in-ters-tí-cio, pers-pi-caz, res-ci-são, subs-tan-ti-vo, tungs-tê-nio.
62
Português Intercultural
j) Translineação:
- Não se deixa uma letra isolada no fim ou no começo de linha. Assim, não se divide em
final de linha: aí, saí, água, rua, era, uma, aqui, ali, iguais, aço, etc.
Observação: Na translineação de uma palavra composta ou de uma combinação de palavra em que
há um hífen, ou se a divisão coincidir com o final de um dos elementos, deve, por clareza gráfica,
repetir-se o hífen no início da linha imediatamente, por exemplo: vice - - almirante; ex- -alferes.
Exercício
1) Separe as sílabas de:
advogado:________________________________________________________________
auscultar:________________________________________________________________
bloqueio:_______________________________________________________________
ressuscitar:_______________________________________________________________
guia:___________________________________________________________________
consignar:________________________________________________________________
candeeiro:________________________________________________________________
cafeeiro:_________________________________________________________________
teus:____________________________________________________________________
objetar:__________________________________________________________________
aumento:________________________________________________________________
transeunte:_______________________________________________________________
ruim:____________________________________________________________________
filhinho:_________________________________________________________________
assassino:________________________________________________________________
sublime:_________________________________________________________________
recepção:________________________________________________________________
sublocar:_________________________________________________________________
1.15. Acento ortográfico
O acento de intensidade ou prosódico, em português, está sempre marcado ortograficamente,
visto que o maior número de palavras, nesta língua, é paroxítona.
Transcrevemos, a seguir, a noção de acento abordado por Bechara (2003), Braga (1980) e por
Azeredo (2008).
Português Intercultural
63
a) Acentuação - é o modo de proferir um som ou grupo de sons com mais relevo do que
outros. Este relevo se denomina acento. Diz-se que o acento é de intensidade (acento de força,
acento dinâmico ou acento expiratório ), quando o relevo consiste no maior esforço expiratório.
Diz-se que o acento é musical (acento de altura ou tom), quando o relevo consiste da elevação ou
maior altura da voz.
b) Acento de intensidade - Numa palavra nem todas as sílabas são proferidas com a mesma
intensidade e clareza. Em sólida, poderoso, barro, material, há uma sílaba que se sobressai às demais
por ser proferida com mais esforço muscular e mais nitidez e, por isso, se chama tônica: sólida,
barro, poderoso, material. As outras sílabas se dizem átonas e podem estar antes (pretônicas) ou
depois (postônicas) da tônica, em poderoso, temos:
Po
átona
pretônica
de
átona
pretônica
ro
tônico
-
so
átona
postônica
Dizemos que nas sílabas fortes repousa o acento tônico do vocábulo (acento da palavra ou
acento vocabular).
Existem ainda as sílabas semifortes chamadas subtônicas que, por questões rítmicas,
compensam o seu afastamento da sílaba tônica, fazendo que se desenvolva um acento de menor
intensidade - acento secundário.
c) Posição de acento tônico- Em português, quanto à posição do acento tônico, os vocábulos
de duas ou mais sílabas podem ser:
- oxítonas: o acento tônico recai na última sílaba: material, principal, café;
- paroxítonas: o acento recai na penúltima sílaba: barro, poderoso, Pedro;
- proparoxítonas: o acento tônico recai na antepenúltima sílaba: sólida, felicíssimo,
relâmpago.
Obs: Em português, geralmente, a sílaba tônica coincide com a sílaba tônica da palavra
latina de que se origina.
Há vocábulos, como os que vimos até agora, que têm individualidade fonética e, portanto,
acento próprio, ao lado de outro sem essa individualidade. Ao serem proferidos acostam-se ou ao
vocábulo que vem antes ou ao que os segue. Por isso, são chamados clíticos (que se inclinam), e
serão proclíticos inclinam para o vocábulo seguinte (o homem, eu sei, vai ver, mar alto, não viu)
ou enclítico, inclinam-se para o vocábulo anterior (vejo-me, dou-a, fiz-lhe).
Os clíticos são geralmente monossilábicos que, por não terem acento próprio, também se
64
Português Intercultural
dizem átonas. Os monossilábicos de individualidade fonética se chamam tônicos.
Alguns dissílabos podem ser também clíticos ou átonos: para (reduzido a pra) ver, quero
crer, quero porque quero.
A tonicidade ou atonicidade de monossílabos e de algum dissílabo depende sempre do
acento da frase.
d) Acento de intensidade e significado da palavra - o acento de intensidade desempenha
importante papel linguístico, decisivo para a significação da palavra. Assim, sábia é adjetivo
sinônimo de erudita; sabia é a forma do pretérito imperfeito do indicativo do verbo saber; sabiá é
substantivo designativo de conhecido pássaro.
e) Acento principal e acento secundário - Em rapidamente, a sílaba ra possui um acento de
intensidade menos forte que a sílaba men, e se ouve mais distintamente do que as átonas existentes
nas palavras. Dizemos que a sílaba men contém o acento principal e ra o acento secundário da
palavra. A sílaba em que recai o acento secundário chama-se, como vimos, subtônica.
Geralmente ocorre o acento secundário na sílaba do radical dos vocábulos polissílabos
derivados, cujos primitivos possuam acento principal: rápido - rapidamente. Há de se prestar atenção
em certos enganos de pronúncia de vocábulos com acento secundário: por exemplo, respeita-se o
hiato de tardiamente, e não se acentue fortemente a sílaba inicial: tárdiamente.
f) Acento de insistência e emocional- o português também usa o acento de intensidade para
obter, com o chamado acento de insistência, notáveis efeitos. Entra em jogo ainda a quantidade da
vogal e da consoante, pois, quando se quer enfatizar uma palavra, insiste-se mais demoradamente
na sílaba tônica. Os escritores costumam indicar, na grafia, este alongamento enfático repetindo a
vogal da sílaba tônica:
Em grande homem, alto mar, os adjetivos são átonos; em homem grande, mar alto, já são os
substantivos que se “atonizam”. Em eu lhe disse, os dois pronomes pessoais são átonos proclíticos;
em disse-lhe eu, o pronome eu conserva seu acento próprio. Todo esse conjunto de fatos são devidos
a fenômenos de fonética sintática.
Para Braga (1980), acentuação gráfica é, de modo geral, fácil. Mas o domínio da acentuação
gráfica requer que conheçamos as notações léxicas, que saibamos separar sílabas e classificar os
vocábulos quanto a sílaba tônica. Sem essas noções, torna-se um tanto complicada a acentuação.
1.16. Notações Léxicas
Na escrita, empregamos certos sinais auxiliares, orientando-lhes da pronúncia dos vocábulos.
São as notações léxicas, cujo emprego apresentado no quadro seguinte.
Português Intercultural
65
Acento Agudo
Acento Circunflexo
á,
é,
í,
ó,
ú
â,
ê,
ô
Acento Grave
à
Til
Apóstrofo
ã,
õ
’
Cedilha
ç
Hífen
-
sobre a, e, o,orais, indica tonicidade e timbre aberto:
pálida , cédula, tóxico;
sobre i, u, orais e nasais, indica tonicidade: lírico, límpido, último, único;
sobre e nasal, indica tonicidade: amém.
sobre e, o, orais, indica tonicidade e timbre fechado: pêssego,
fôlego;
sobre a, e, o, nasais, indica tonicidade: lâmpada, autêntica, tônico;
sobre a, oral, indica ocorrência da crase:
à, àquela, àquele, àquilo, às, àqueles, àquelas, também é usado
sobre o a, de certas locuções consagradas pelo uso, mesmo sem
ocorrência de crase, para evitar o duplo sentido: matou à fome ≠
de matou a fome.
sobre a, o, indica nasalidade: irmão, põe.
indica a elisão do e da preposição de, no interior de certos
compostos, em combinação de substantivos: mãe-d’água, copod’água, pau-d’água, pau-d’óleo, pau-d’arco.
sob o c seguido de a, o, u, indica que o c tem o valor de ss:
adoçar, caço, doçura.
une os elementos de acentos compostos: guarda-roupa, párachoque, pós-graduação une os pronomes átonos a verbos: vê-se;
separa as sílabas das palavras: amá-la-ei.
1.17. Sílaba
A correta acentuação gráfica depende do reconhecimento das sílabas e do acento tônico.
Por isso, é importante distinguir e identificar as sílabas de um vocábulo. Pronuncie pausadamente
rápido (rá-pi-do), salada (as-la-da), catolé (ca-to-lé). Observa-se que é possível fazer pausas que
separam elementos dos vocábulos em pequenos grupos. Pois bem, cada grupo constitui uma sílaba.
É variável o número de sílabas dos vocábulos, conforme podemos observar nos exemplos que
seguem:
Ex:
já (já) - uma sílaba = MONOSSÍLABO
casa (ca-sa) - duas sílabas = DISSÍLABO
acento (a-cen-to) - três sílabas = TRISSÍLABO
66
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atestado (a-tes-ta-do) - quatro sílabas = POLISSÍLABO
.............................. mais de quatro sílabas = POLISSÍLABO
Obs:. Merecem atenção vocábulos como os seguintes:
ai (ai) - monossílabo ≠ aí (a-í) - dissílabo;
cai (cai) - monossílabo ≠ caí (ca-í) - dissílabo;
pais (pais) - monossílabo ≠ país (pa-ís) - dissílabo;
doido (doi-do) - dissílabo ≠ doído (do-í-do) - trissílabo.
mágoa(má-goa) –dissílabo ≠ magoa (ma-go-a) trissílabo
a) Sílaba Tônica:
Pronuncie: a sábia sabia que o sabiá era bom. Que diferença notou entre sábia, sabia e
sabiá? Com certeza, observou a mudança da sílaba mais forte, chamada sílaba tônica. Examine:
1a. síl.
SÁ
sa
sa
2a. síl.
bi
BI
bi
3a. síl.
a
a
Á
Exercício
1) Separe as sílabas e sublinhe a sílaba tônica:
relâmpago:_______________________________________________________________
aldeia:__________________________________________________________________
chuva:___________________________________________________________________
pátio:___________________________________________________________________
cacique:_________________________________________________________________
anta:____________________________________________________________________
jacaré:___________________________________________________________________
chefe:___________________________________________________________________
escala:__________________________________________________________________
ribeirão:_________________________________________________________________
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b) Vocábulo quanto a sílaba tônica:
Conforme a posição da sílaba tônica, temos os vocábulos de mais de uma sílaba reunidos
em três grupos.
Sílaba tônica:
Antepenúltima Sílaba
PROPAROXÍTONA
relâmpago
líquido
rápida
Penúltima Sílaba
PAROXÍTONA
casa
pulo
caderno
Última Sílaba
OXÍTONA
cajá
cipó
café
1.18. Acentuação dos proparoxítonos
átono
genérico
côncavo
lâmpada
lírico
cônjuge
relâmpago
médico
bússola
tépido
límpido
cúmplice
pêndulo
córrego
Todos os proparoxítonos levam acento agudo ou circunflexo sobre a vogal tônica, conforme
o quadro seguinte:
Acento Agudo
á (ás-pe-ro)
Acento Circunflexo
âm (lâm-pa-da; â-ma-go)
ân (cân-di-do; pâ-ni-co)
é (e-lé-tri-co)
ê (pês-se-go)
êm (êm-bo-lo; ê-mu-lo)
ên (pên-du-lo; cê-ni-co)
í (hí-pi-co)
ím (ím-pe-to; mí-mi-ca)
ín (pín-ca-ro; cí-ni-co)
ó (ó-pe-ra)
ú (pú-bli-co)
úm (cúm-pli-ce; cú-um-lo)
ún (pú-ni-ca; tú-ni-ca)
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Português Intercultural
ô (fô-le-go)
ôm (cô-mo-do; qui-lô-me-tro)
ôn (côn-ca-vo; tô-ni-co)
1.19. Acentuação dos paroxítonos:
a)
ímã
bônus
álbuns
éter
órgão
órfãs
vírus
látex
jóquei
órgãos
fácil
cáqui
amáveis
hífen
álbum
lápis
bíceps
Levam acento agudo ou circunflexo os paroxítonos terminados por:
ã (s):
ão (s):
ão (s):
ei (s):
i (s):
um, uns:
us:
l:
n:
ps:
r:
x:
órfã, ímãs
bênção, órgãos
bênção, órgãos
pônei, jóqueis
cáqui, júri
álbum, álbuns
ônus, vírus
hábil, fóssil
hífen, Nélson
bíceps, fórceps
caráter, César
ônix, Félix.
Obs: S final não altera a acentuação. Exceto os paroxítonos terminados por EM, os quais
perdem o acento ao receberem S.
Essas terminações, com exceção de N, PS e X, (poucos vocábulos paroxítonos), sempre dão
oxítonos, sem acento. Daí a necessidade do acento nos paroxítonos, para evitar erro de pronúncia.
Assim temos:
irmã (oxít.,sem cento) - ímã (parox., com acento)
revolver (oxít., sem acento) - revólver (parox., com acento)
b) Prefixos em I e R:
Não são acentuadas os prefixos paroxítonos terminados em I e R: anti, arqui, semi, inter,
super:
Ex: anti-higiênico, semi-interno , arquidiocese, inter-resistente, super-homem.
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Exercício:
Todos os vocábulos são paroxítonos. Acentue devidamente:
tunel
gemeo
regua
orgaos
itens
femur
ima
joquei
impar
iris
1.20 Acentuação dos oxítonos
a)
sofá
armazém
avós
café
sabiás
parabéns
ipê
através
cipó
cortês
avô
após
Recebem acento agudo ou circunflexo os oxítonos terminados por:
á (s): cajá, sofás
é (s): rapé, convés
ê (s): caratê, vocês
ó (s): dominó, avós
ô (s): vovô, transpôs
ém, éns: ninguém, deténs
Obs: S final não altera a acentuação.
Esses oxítonos levam acento para não serem pronunciados como paroxítonos, pois essas
terminações dão normalmente paroxítonos, sem acento. Assim temos:
sabia: paroxítonos, sem acento - sabiá: oxítono, com acento
cortes: paroxítono, sem acento - cortês: oxítono, com acento
amem: paroxítono, sem acento - amém: oxítono, com acento.
b)
amá-lo
fazê-lo
vendê-los
impô-las
Acentuam-se as formas verbais oxítonas terminadas em a, e, o, unidas ao pronome lo e
flexões:
Ex: amá-lo, fazê-la, vendê-los, compô-las.
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Português Intercultural
Também não levam acento as formas verbais oxítonas acabadas em i, em igual situação:
uni-lo, dividi-la, reparti-los. Mas com acento: possuí-lo, substituí-lo, etc.
Obs: Com dois acentos, as formas do futuro do pretérito do indicativo: possuí-la-as,
fá-lo-ás, fá-lo-á, amá-lo-á, pô-lo-á, amá-lo-íamos, amá-lo-íeis (pronome mesoclítico).
Exercício:
a) Todos os vocábulos são oxítonos. Acentue, se necessário:
ipe
carito
refens
caju
detens
recem
guarani
parti
atras
vintens
refém
escrevi
dispos
xango
paje
fregues
bangalo
convem
catole
indu
1.21. Acentuação dos monossílabos
a)
má
dás
pó,
pé
rés
já
crê
três
nó
cós
xô
pôs
Obs: Levam acento agudo ou circunflexo os oxítonos tônicos terminados por:
á (s): já, lá, pás, más, (adj.)
é (s): Zé, fé, ré, pés, sé
ê (s): dê, dês, sê
ó (s): mó, pó, só, cós, nós
ô (s): xô, pôs
Nota: S final não altera a acentuação:
Tônicos são os monossílabos que têm autonomia fonética, isto é, podem aparecer sozinhos,
normalmente em perguntas ou respostas: Quando partes? Já. Quem vai comigo? Nós.
b) Acentuem-se os prefixos pós, pré, pró, seguidos de hífen, visto que possuem tonicidade
própria.
Ex: pós-datar, pós-dorsal, pré-eleitoral, pró-reitor.
c) Em oposição a tem e vem (3a. pes. sig.), levam acento circunflexo têm e vêm (3a. pes.
Pl.). Conserva-se esse acento em contêm, convêm, detêm, obtêm, retêm, etc. (3a. pes. Pl.) para
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diferenciar de contém, convém, detém, obtém, retém, etc. (oxítonos terminados por em, com mais
de uma sílaba).
Exercício
Em cada série, há um vocábulo que deve ser acentuado graficamente. Acentue de acordo
com as normas.
a) redea
b) ibero
c) item
d) amem
e) Airton
f) meses
g) Jesus
h) impar
i) parti-lo
j) dividem
devolver
exito
itens
caju
Dinis
mes
germen
cantil
faze-lo(pres.)
(eles) detem
anil
decano
hifen
orgão
Iguatu
nu
opimo
degrau
canta-lo(inf.)
(ele) tem
vendeis
rubrica
hifens
tonel
Davi
juriti
impor
gratuito
dize-la
(ela) vem
1.22. Casos especiais
Há ocorrências de acento que não se explicam pelo fato de ser vocábulo paroxítono ou
oxítono. São os casos especiais.
a) Ditongo ÉI, ÉU, ÓI
Ex:
papéis
anéis
céu
chapéus
véu
heróis
dói
Observa-se que os vocábulos rei, reis, meu, recebeu, foi, depois, aparecem os grupos
vocálicos ei, eu, oi, (ditongos), com a pronúncia fechada (ê, ô). Nos vocábulos relacionados acima
(herói, anéis ...), esses ditongos têm pronúncia aberta (é, ó). Para indicar essa diferença de timbre,
acentuam-se os ditongos abertos éi, éu, ói, que são oxítonos.
Os demais ditongos não levam acento: arcaico, degrau, grau, partiu lousa, inclui gratuito,
fluido. Vocábulos como náutica, Cláudio, náusea, plêiade levam acento por serem proparoxítonas
ou paroxítonas enquadradas nas regras de acentuação, e não por apresentarem este ou aquele
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Português Intercultural
ditongo.
b) I, U acentuados:
Ex:
caí
caís baú
caíste saída baús
miúdo
balaústre
Recebem acento agudo i e u tônicos, precedidos de vogal, sempre que formam silabas
sozinhas ou seguidas de s, formando hiato com a vogal anterior, mas nunca seguido de nh, l, m, n,
r, z, em vocábulos oxítonos e paroxítonos. Observe que são necessárias as três condições básicas,
para que i e u levem acento agudo, segundo descreveremos a seguir:
a) serem tônicas;
b) estarem precedidos de vogal, e
c) ficarem sozinhos na sílaba ou, então, formando sílaba somente com s, porém, não seguido
de nh, l, m, n, r, z.
Nota: Não basta, portanto, que i e u formem hiato com a vogal anterior. Compare: sa-ir
(sem acento) e sa-í (com acento); ju-iz (sem acento) e ju-í-zes (com acento). Numa sílaba, com letra
que não seja s, não levam acento i e u.
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74
Português Intercultural
Segunda Parte
Aspectos Morfossintáticos
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2. As palavras: classificação, flexão, grau, derivação e conexão
Nessa seção, dedicamo-nos a classificação das palavras da Língua Portuguesa, levando
em consideração as bases teóricas dos seguintes autores: Perini (2006), Macambira (1986,
1987), McLeod e Mitchell(1978), Wiesemann e Matos (1980), Câmara Jr( 1986), Basílio(2006),
Lankacker(1972) Élson e Velma (1973),Neves(2001,2004, 2006), Travaglia(1996), Coroa(2005),
Albuquerque (2002,2004), e Almeida 91981).
2.1. As palavras: estrutura e formação.
As palavras, de acordo com Rosa ( 2003) são:
- Conjunto unitário de fonemas, sob o ponto de vista fonológico;
- Conjunto unitário de grafemas, sob a perspectiva ortográfica;
- Formas estáticas ou dinâmicas, composta de uma base léxica (de significado), matizada
por unidades chamadas morfemas, capazes de flexionar, derivar ou combinar, sob o ponto de vista
morfológico.
- Elemento mínimo de estrutura sintática
A Morfologia é o termo empregado, tradicionalmente, para designar o estudo das formas
das palavras de uma língua e suas possíveis combinações, segundo um paradigma. Este paradigma
admite variações de gênero, número pessoa, tempo, modo, conjugação, voz, aspecto, conexão e
derivação.
Podemos, por exemplo, ao dizer: Eu moro na minha aldeia com os meus pais, afirmar que
essa frase, porém, admite as seguintes mudanças:
Ele
Tu
Eu
Nós
Vós
Eles
mora
moras
moro
moramos
morais
moram
na
sua
tua
minha
nossa
vossa
sua
aldeia
com
seus
teus
meus
nossos
vossos
seus
pais
A língua portuguesa, de certo modo, compõe-se de núcleos e margens. A Sintaxe é a parte
da Linguística que estuda o modo como as palavras se constituem e se articulam entre si, pelos
princípios de regência e atração, segundo forem núcleos ou margens, nos níveis (fonológico,
ortográfico e morfossintático):
Ex.: Os macacos espertos comem bananas.
76
Português Intercultural
- Os macacos espertos - Núcleo: macacos, Margem: os espertos;
- Os macacos espertos comem bananas - Núcleo: comem bananas, Margem: os macacos
espertos;
- Comem bananas - Núcleo: comem, Margem: bananas.
2.1.1. Aspectos morfológicos do português
Do ponto de vista gramatical, as palavras compõem-se de uma parte fixa, base do significado,
e de partes móveis, variáveis ou invariáveis, responsáveis pelo dinamismo da língua.
2.1.2. Língua Portuguesa: estrutura das palavras
Apresentamos a estrutura das palavras de forma sintetizada, considerando as bases teóricas
de Infante e Nicola (1991):
Morfema: mínima unidade significativa:
- Raiz: morfema originário irredutível: pedr- Radical: morfema que funciona como segmento lexical da palavra: pedr- Vogal temática: morfema característicos de nomes e verbos: pedra;
- Tema: radical ampliado por uma vogal temática: pedra
- Desinência: morfema indicativo das flexões das palavras:
a) De nome:
- Masculino: menino;
- Plural: meninos;
- Feminino: menina;
- Plural: meninas;
b) De verbo: brincamos:
- Pessoa: primeira;
- Conjunção: primeira;
- Número: plural;
- Voz: ativa;
- Tempo: presente;
- Aspecto (processo verbal): inacabado;
Português Intercultural
77
c) Modo: indicativo;
- Afixo: morfema destinado à formação de derivados:
- Prefixo: situado a frente do radical: renascer
- Vogais e consoantes de ligação: cafeicultor, paulada
- Sufixo; situado após o radical: cabeça, cabecinha;
- Morfema de relação (preposições e conjunções): a, de, e, ou, mas;
- Morfema independente (interjeição): ah!, oh!, ih!, ai!
2.2. Sinopse morfológica do português
De nome
Flexional
(variável)
Do verbo
Eu mato o gato
Morfema
(forma)
Radical
base léxica
gato
Gênero:
Masc.: gato
Fem.: gata
Número:
Sing.: gato
Plur.: gatos
Pessoa
primeira
Número
singular
Tempo
presente
Modo
Indicativo
Conjugação
primeira
Voz
ativa
Aspecto
inacabado
Prefixo
empacotar
Vogal ou consoante de ligação
Tatuzinho
Diminutivo
Gatinho
Derivacional
(afixo)
(invariável)
Modificador
(acidental)
Sufixo
Aumentativo
Gatão
Transformador
(essencial)
lavadeira
De conexão
(invariável)
Preposição e conjugações: com, e
Interjeição: morfema independente
78
Português Intercultural
2.3. Considerações preliminares sobre as classes gramaticais
Ao focalizarmos as classes gramaticais, tomamos por base, sobretudo, os autores voltados
especificamente para os estudos da morfologia e da sintaxe do português, como: Rosa (2003),
Bechara (2003), Cunha e Cintra (1985), Almeida (1981), Cunha (1979), Macambira (1987), Infante
e Nicola (1991), Ulisses e Pasquale (2003), Lemos (1991),Masip (2000), dentre outros. Portanto,
com bases nesses autores, podemos afirmar que: entre as classes gramaticais, há umas que contêm
um semantema, ou seja, uma significação exterior a elas, referente a qualquer coisa do mundo
real, segundo o “recorte” representativo do “mundo dos objetos”. São as palavras lexicas (verbo,
advérbio, nome substantivo e adjetivo). Outras só possuem uma significação interior ou gramatical.
São as palavras gramaticais (pronomes, artigos, preposições, conjunções e interjeições).
O nome e o verbo, na língua portuguesa, refletem a mesma realidade objetiva do mundo
real, segundo uma perspectiva estática ou dinâmica, respectivamente. O significado referese, assim, a um ser ou a um processo. Portanto, faz-se a distinção entre as frases nominais (de
predicado nominal) e as verbais. Nas primeiras, que referem a atribuição de um ser a um outro,
não há propriamente verbo, porque não existe a manifestação dinâmica de um processo. A forma
verbal é uma simples cópula entre dois nomes. Assim, Josué é bom, contrasta com Josué corre.
A diferença entre substantivo e adjetivo não é de natureza semântica, mas funcional. Por
isso se diz que existem pronomes substantivos e pronomes adjetivos, segundo ocupem uma posição
nuclear ou periférica, respectivamente, no interior do sintagma nominal.
De certa forma, os nomes, ou pronomes sem flexão, podem adotar uma função modificadora
de verbos, ou de nomes adjetivos, ou atuar livremente na frase. São os advérbios.
Há outros termos cujo significado existe somente na relação estabelecida entre duas pessoas do
discurso, chamadas pessoas gramaticais: o falante e o ouvinte. São os pronomes. A diferença entre
nomes e pronomes consiste em que aqueles designam ou nomeia no âmbito de um campo simbólico:
José, índio, mandioca, esteira; e estes indicam no âmbito de um campo, mostra ou aponta, ou seja,
dêitico: ele, tu, você....
Há também instrumentos gramaticais que são categorias representadas pelo traço da
dependência semântica de nomes e verbos, como artigo, preposição e conjunção.
As interjeições são vocábulos independentes, que não se refere a nenhuma outra classe
gramatical, nem dependem dela; transmitem apenas emoções, dor , sentimento.
Já os numerais são considerados uma classe gramatical especial, pelo fato de simbolizarem
unidades de medida (cardinais), sequência (ordinais), proporção (multiplicativos) ou parte de um
todo (fracionários), e não seres propriamente ditos.
Português Intercultural
79
2.4 Presupostas teóricos
Com base nos pressupostos teóricos, dos autores, anteriormente citados, podemos afirmar
que as classes gramaticais se classificam:
a) Segundo o critério fonológico - a sua tonicidade em:
- Tônicas: verbos, advérbios, substantivos, adjetivos, numerais, pronomes retos ou de
tratamento, pronomes oblíquos, acompanhados de preposição, artigos indefinidos e interjeições;
- Átonas: pronomes oblíquos sem preposição, artigos definidos e a grande parte das
preposições e conjunções.
b) Segundo o critério semântico - o seu significado em:
- Nome (substantivo, adjetivo): símbolo de representação estática. Serve como tema ou
tópico do verbo. Palavra léxica, que contém significado pleno fora de contexto: aldeia, índio, aldeia
nova, menino feio;
- Verbo (advérbio): símbolo de representação dinâmica. Palavra léxica, que possui
significado pleno fora de contexto: comer bem, comer rapidamente;
- Pronome (advérbio pronominal): elemento dêitico, apenas mostra. Palavra gramatical,
cujo significado está condicionado ao contexto em que for usada: ele, este, aqui, depois;
- Artigo, preposição e conjunção são instrumentos de relação. Palavras gramaticais, cujo
significado está condicionado ao contexto em que forem usadas: o rapaz; o filho de Antônio; José
e Josué correm.
c) Segundo o critério morfossintático - do ponto de vista funcional:
- Primárias: substantivo, verbo, pronome ( elementos nucleares, sintagmáticos);
- Secundários: adjetivo, advérbio, artigo (elementos periféricos, sintagmáticos);
- Terciárias: preposições e conjunções (elementos de conexão entre sintagmas).
2.5. A classe do nome: substantivo, adjetivo, artigo, pronome e numeral
Segundo a classificação dos nomes, Masip (2000) afirma que os nomes reúnem as categorias
de substantivo e adjetivo porque ambas estão intimamente relacionadas: a primeira representa um
tópico, assunto ou tema; a segunda representa uma qualidade ou determinação que enriquece ou
situa aquela.
80
Português Intercultural
2.5.1. O substantivo
a) Definição e classificação
Substantivo é uma palavra:
- Tônica, acentuada ortograficamente algumas vezes: criança, perna, esteira, Davi, lâmpada
- Léxica de significado pleno fora de contexto: árvore, rio;
- Capaz de flexão e derivação: possui gênero - menino, menina; número -meninos, meninas
e aceita graus mediante sufixação - carteira, casinha. Às vezes não se flexiona - lápis, pires.
Quando isso acontece, o artigo e o adjetivo suprem a carência - o lápis, os lápis;
- O ponto de partida ou de chegado do verbo é seu tópico; com em: Rogério corre com a
tora( partida ) e Vejo minha mãe no pátio (chegada)
- Núcleo do sintagma nominal: possui adjetivos e artigos como adjuntos ou elementos
determinantes - Os índios velhos; Estas crianças são tuas; Estes filhos são teus.
- Regida pelo verbo - O pajé obedece ao cacique.
CLASSIFICAÇÃO DOS SUBSTANTIVOS
*Pelo seu significado ou
*Pela sua forma ou dimensão *Pela sua função ou
dimensão semântica:
morfológica:
dimensão sintática:
- Concretos: os seres, reais ou
imaginários, propriamente ditos,
como os nomes de pessoas,
lugares, de instituições, de um
gênero, de uma espécie ou de um
dos seus representantes: homem,
Pedro, Palmas;
- Abstratos: designam noções,
ações, estados e qualidades,
considerados como seres:
saudade, amor; raiva
- Primitivos: compõem-se
de um radical sem derivação:
pedra, campo, homem;
- Derivados: compõem-se
de um único radical com
derivação: cantoria,
acampamento, corrida;
- Animados: designam
seres vivos, que
desempenham a função de
sujeito de uma estrutura
sintática:
- O macaco corre;
- A borboleta voa;
- O porco cresce;
- Simples: compõem-se de
um único radical ou lexema:
porta, aldeia, esteira;
- Inanimados: designam
seres não vivos, que
desempenham a função
de sujeito apenas numa
- Comuns: totalidade dos seres
- Compostos: compõem-se de estrutura sintática:
de uma espécie: país, cidade,
mais de um lexema: beija-flor, - A aldeia fica longe;
estado; homem
bem-te-vi, pé-de-moleque.
- A porta permanece
fechada;
- Coletivos: substantivos comuns
- A chuva causa medo na
que, no singular, designam um
aldeia.
conjunto de seres ou coisas da
mesma espécie: rebanho, boiada,
bando;
- Próprios: indivíduo de uma
determinada espécie: José,
Palmas, Tocantins, Araguaína.
Português Intercultural
81
b) Relação de alguns substantivos coletivos, com base em Sacconi (1990)
Coletivo
Individual
Coletivo
Individual
álbum
alcatéia
antologia
armada
arquipélago
assembléia
associação
atlas
auditório
bagagem
baixela
banca
banda
bando
batalhão
biblioteca
bosque
cabido
cacho
cáfila
câmara
cambada
cancioneiro
caravana
cardume
centenário
chusma
claustro
clero
código
colônia
companhia
concílio
congresso
conjunto
consistório
foto, selo
lobo
texto
navio
ilha
parlamentar
sócio
mapa
espectador
volume
utensílio, prato
examinador
músico
ave, pássaros
companhia
livro
árvore
cônego
banana, uva
camelo, gente
deputado
malandro
canção
peregrino
peixe
cem anos
gente. pessoa
clero, professor
sacerdote
lei
colono
pelotão
clérigo
congressista
unidade
conselheiro
constelação
cordilheira
coro
corpo
(de Exército)
década
dezena
discoteca
divisão
(de exército)
dúzia
elenco
enxame
enxoval
estrela
montanha
cantor
divisão
esquadra
esquadrilha
exército
falange
farândola
fato
fauna
feixe
filatelia
filmoteca
flora
fornada
frota
gado
girândola
hemeroteca
herbário
horda
juizado
junta
laranjal
Coletivo
legião
lustro
manada
molho, feixe
miríada
dez anos
pultidão
dez
ninhada
disco
nuvem
batalhão
orquestra
patrulha
doze
pelotão
artista
penca
abelha
pinacoteca
móveis,
pinheiral
utensílios, roupas pomar
navio
população
avião
prole
corpo
quadrilha
soldado
quadriênio
ladrão,
ramagem
desordeiro
rebanho
cabra
récua
animal
repertorio
lenha, roupa
resma
selo
réstia
filme
romanceiro
planta
século
pão
senado
navio
sínodo
boi
tertúlia
foguete, fogos
trio / triênio
jornal diário
tripulação
planta
tropa
selvagem
turma
juiz
vara
médico
laranja
Individual
soldado
5 anos
animal
flor, chave
indivíduo
pessoa
pinto
gafanhoto, inseto
músico
militar
soldado
banana
quadro
pinheiro
árvore frutífera
habitante
filho
ladrão
4 anos
ramo
ovelha
besta
músico
papel
cebola, alho
poesia, romance
100 anos
senador
bispo
pessoa
três
tripulante
cavalo, soldado
estudante
porco
c) O gênero dos substantivos
De certa forma, como há uma incompreensão semântica de natureza gramatical, os falantes
de língua portuguesa associam as noções de gênero a sexo. Quando, na verdade, o gênero é um
critério morfológico para classificar os nomes, assim como a conjugação o é para classificar os
verbos. O equívoco, às vezes, origina-se da existência de alguns seres sexuados do reino animal
e vegetal. Visto que se consideram masculinas as formas gerais, não-marcadas ou universais; o
feminino indica uma especialização qualquer. O morfema flexivo de gênero em português é um
82
Português Intercultural
só, com pouquíssimos alomorfes: a adição de -a ao feminino, com a supressão da desinência -o,
quando existir no singular: professor + a = professora; gato + a = gata.
Em português, determinados nomes definiram seu gênero, em alguns casos, com o auxílio
dos adjetivos, dos artigos, recurso da língua romântica para reforçar o gênero, uma vez que o
gênero neutro só se conservou nos pronomes demonstrativos : isto, isso, aquilo.
O gênero dos substantivos
Masculino: - (Ø) (universal)
Formação do feminino:
- Pela desinência -a: gato / gata; professor / professora; irmão / irmã; ancião / anciã.
Por sufixo:
-atriz: o imperador / a imperatriz;
-esa: o duque / a duquesa;
-ina: o herói / a heroína;
-isa: o profeta / profetisa;
-Pela concordância dos adjetivos com os substantivos, chamados comuns de dois gêneros:
o dentista / a dentista; o estudante / a estudante
-Por adjunto especificador de gênero no caso dos substantivos não-biformes:
-Sobrecomuns: cônjuge / cônjuge mulher; criança/ menino;menina
-Epicenos: anta macho / anta fêmea;
-Por uma forma opositora de radical: homem / mulher; cavalheiro / dama.
-Existem substantivos de gênero vacilante: personagem, preá, legista.
-Existem substantivos masculinos terminados em -a: dentista, pianista.
-Existem substantivos femininos terminados em -o: a mão.
Português Intercultural
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Relação de alguns substantivos que apresentam dificuldades quando o gênero, que são
normalmente terminados em e ou em consoante, Rocha Lima (1980), Faraco e Moura (1991),
Sacconi (1990).
a, abordagem,
a, estiagem
o, massacre
a, revelação
a, AIDS
o, estratagema
a, massagem
a, reza
o, alecrim
o/a, estrategista
o, mel
a, rodagem
o, alofone
a, ferragem
a, mensagem
a, roupagem
o/a, amálgama
a, folhagem
a, metragem
o, sabiá
a, análise
o, fonema
a, montagem
a, sabotagem
a, aprendizagem
a, forragem
o, nariz
o, sal
a, arbitragem
a, fraude
a, nomeação
o, samba
a, árvore
a, garagem
o, nômade
o, sangue
a, aterrissagem
o,(peso) grama
a, ordem
o, silicone
a, bagagem
a, (relva) grama
a, origem
o, sinal
a, carruagem
o, grampeador
a, paisagem
a, síncope
o, clã
a, gravura
a, passagem
a, síndrome
a, cor
o, hambúrguer
a, percentagem
a, sondagem
o/a, diabetes
a, homenagem
a, permissão
a, sucuri
o, dissabor
a, hospedagem
os, pertences
o/a, tapa
a, dor
a, íris
a/o, personagem
a, tatuagem
a, drenagem
a, juriti
a, ponte
a, telefonema
a, dublagem
o, labor
o, postal
a, terraplanagem
a, embalagem
o/a, legista
a, púbis
a, testemunha
a, embreagem
o, legume
a, raspagem
o, til
a, ênfase
o, leite
a, reciclagem
o, tomate
a, engrenagem
a, linguagem
o, regador
a, vertigem
o, espécime
o, liquidificador
o, relaxamento
a, viagem
a, espionagem
o, louvor
a, reportagem
a, voltagem
a, estante
o, mangue
a, reprovação
d) O número dos substantivos
O conceito de número é muito mais significativo e coerente do que o de gênero. Visto que
se trata de marcar a oposição entre um único indivíduo e mais de um. Assim, podemos afirmar que
a letra -s é o morfema característico de número em língua portuguesa. O singular é universal e
não-marcado, como é o caso do gênero masculino.
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Português Intercultural
O número dos substantivos
Singular: - (Ø). Formação do plural em português
- Palavras terminadas em vogal recebem -s: pedra / s;
- Palavras terminadas em -em, -im, -om, -um, recebem -s após trocar -m por -n:
armazém / armazéns; jardim / jardins; bombom / bombons; álbum / álbuns;
- Nomes paroxítonos terminados em -s, -x permanecem invariáveis: alferes, lápis, tórax;
- Palavras terminadas em -r, -z, -s, se estiverem em sílaba tônica, recebem -es:
professor / professores; cruz / cruzes; gás / gases;
- Palavras terminadas em -l, mudam esta consoante em -is (há exceções): canal / canais;
papel / papéis, anzol / anzóis;
- Nomes terminados em -ão formam o plural, segundo a sua origem latina: alemão / alemães
(ane); mão / mãos (ano), leão / leões (one)
- Alguns nomes mudam a vogal tônica fechada [o] pela tônica aberta [ɔ], quando flexionadas
em plural: ovo / ovos; corpo / corpos; fogo / fogos; povo / povos;
- No caso de nomes compostos, a norma geral é o acréscimo de -s no final do segundo termo
(há exceções): guarda-chuva / guarda-chuvas; vice-cacique / vice-caciques; conta-gota / contagotas.
Relação de alguns substantivos que apresentam dificuldades no uso, quanto ao número - só
são usadas no singular ou no plural, às vezes, possuem as mesmas formas no singular e no plural:
o, adeus
o/os ânus
os paus
a/as bílis
a (as) cárie (s)
os caça-níqueis
as catacumbas
o/os diabetes
as férias
as fezes
as finanças
os fundos
as forças
o/os guarda-costas
o lava-mãos
os modos
a/as mil - folhas
as núpcias
as orelhas
o, os ônus
o, os ourives
os pêsames
o/ os pênis
o/os pires
a, as práxis
a, as púbis
o/os saca-rolhas
o/os salva-vidas
as cinzas
o/ os convés
as aspas
as cócegas
o (os) porta-jóias
o, os herpes
a,as íris
o, os lápis
o/os pâncreas
o/os pára-quedas
a, as pélvis
os pertences
o, os tênis
o/os tira-manchas
os víveres
o, os vírus
Português Intercultural
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e) Derivação dos substantivos
Os prefixos e sufixos são partículas léxicas situadas no início ou no fim dos lexemas. São
de origem greco-latina, na sua maior parte, mas percebe-se, também, influência árabe e indígena.
Mesmo diante de várias classes gramaticais, são característicos dos nomes: substantivos/ adjetivos
e dos verbos.
Além dos sufixos e prefixos, existem vogais ou consoantes de ligação situadas entre os
radicais e os sufixos. Portanto, os prefixos e sufixos enriquecem semanticamente os radicais que
lhes servem de suporte. Já as vogais e consoantes de ligação, porém, são recusros puramente
mecânicos, isentos de significação.
Para uma análise e descrição dos sufixos, distinguimos os transformadores, cuja presença
influi essencialmente no significado dos nomes, e dos modificadores, que apenas transmitem a
ideia de tamanho ou marcadores de grau (diminutivos e aumentativos).
f) Prefixo
Apresentamos, a seguir, alguns prefixos gregos e latinos e o significado que cada um
acrescenta ao radical:
Alguns prefixos de origem grega
Alguns prefixos de origem latina
A (privação, negação): anomia, afonia
AB (renúncia, remoção): abdicar
ANFI (ambos): anfiteatro
AD (proximidade ou relação): administrar
APO (afastamento): apocalipse
AMBI (duplicidade): ambivalente
ARQUI (superioridade): arquidiocese
BENE (que é bom ou faz bem): benefício
CATA (em direção a, contra): catarse
BI (duplicidade): binário
DIA (separação): diáspora
CIRCUM (ao redor de, em torno de):
EN (dentro de si): energúmeno
circunferência
ENDON (no interior de): endoscopia
CONTRA (oposição): contradizer
EX (ação de dentro para fora): exortar
CUM (junto a): companhia
EPI (sobre, em cima de): epicentro
DES (privação, negação): descontar
EU (bem, bom): eufemismo
EX (jogar de dentro para fora): expulsar
HEMI (metade): hemiciclo
IN (negação, ação, contrária): inimigo, invadir.
HIPER (excesso, abundância): hipertrofia, INTRA (dentro de): intravenosa
hipermercado
SEMI (metade): semicírculo
HIPO (pouco, baixo, escasso): hiperglicemia
SUB (inferioridade): suboficial
META (posterioridade, mudança): metáfora, SUPER (abundância): super-homem
metalinguagem
TRANS (através de): transatlântico
PARA (aproximação, semelhança): parábola
PERI (em torno de, ao redor de): perímetro
SIN (junto com): sinfonia
TELE (distância): telefone, telepatia
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Português Intercultural
Observação: A influência da língua árabe na língua portuguesa. Grande parte das palavras
portuguesas iniciadas por al, é de origem árabe, como: alfafa, aldeia, álgebra, algaroba, algodão,
alicate. Mas, além dessas, há, também, outras, como: âmbar, andaime, anil, arsenal, azar, bazar,
bisnaga, cabide, chafariz, escabeche, fatia, garrafa, gazela, jarra, lua, mamute, quintal, sucata,
tarefa, tarrafa, xadrez, zagueiro.
g) Vogais e consoantes de ligação
São elementos gramaticais, não-portadores de significados, situados entre o radical e os
sufixos transformadores ou modificadores, uma espécie de mecanismo, semanticamente vazio, que
harmoniza as fusões vocabulares, evitando a dissonância.
Algumas vogais e consoantes de ligação
O: gasômetro
L: chaleira
I: cafeicultor
Z: capinzal
U: untuoso
T: cafeteira
h) Sufixos transformadores
Sufixos transformadores são partículas situadas após o radical, cuja presença influi
decisivamente na forma de vocábulo. Do nome substantivo pedra, por exemplo, pode originar-se
outros substantivos mediante sufixação: pedreira (lugar onde se retira pedra), pedreiro (pessoa
que fabrica a pedra), que possui um significado muito mais amplo que a palavra da qual derivam.
Podem agregar-se a qualquer classe gramatical, mas se realizam de modo especial nos nomes
(substantivos e adjetivos) e nos verbos.
Os sufixos transformadores também possuem origem grega e latina, na sua maioria, como
os prefixos.
Sufixos transformadores de origem grega
IA (noção coletiva): geometria
ITA (dedicação): eremita
IS (ação de): análise
ITIS (inflamação): otite
ISMOS (modo de proceder ou pensar): budis- OSIS (consequência de): esclerose
mo, heroísmo
TEROS (profissão): magistério
ISTA (ocupação, ofício): seminarista
Português Intercultural
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Sufixos transformadores de origem latina
ADA, Ao (agrupamento): boiada, coleção
DURA/TURA/SURA (resultado ou instrumento
de ação coletiva): fechadura, assinatura,
comissura
AGEM (noção coletiva): folhagem
EDO (conjunto): vinhedo
AL (relação, pertinência, coletividade): mortal EIRO (ocupação, coletividade): padeiro
ARIA (coletividade): cavalaria
EZ, EZA, ICIE: (substantivação de um
adjetivo): estupidez, beleza, calvície
ÁRIO (ocupação, ofício, profissão): operário, IO (noção coletiva, reunião): gentio, mulherio,
secretario
poderio
ATO/ADO (instituição): internato, bispado
MENTO (noção coletiva, ação ou resultado
dela, instrumento): acolhimento, ferimento,
monumento
DADE (substantivação de um adjetivo): TÓRIO (lugar ou instrumento da ação): oratório
bondade
DOR/TOR/SOR (substantivação de verbos): TUDE (substantivação de um adjetivo):
sofredor, instrutor, professor
quietude
DOURO (lugar de instrumento da ação):
matadouro
i) Sufixos modificadores portugueses
Os sufixos modificadores se diferenciam dos transformadores, visto que influem, de modo
superficial, no significado das palavras que compõem. Geralmente, denotam algum tipo de atitude
(de aprovação ou de reprovação) por parte de quem os profere. Classificam-se em aumentativos e
diminutivos. Em geral, agregam-se aos nomes: substantivos e adjetivos.
Aumentativos
AÇA: barcaça
ÃO: rapagão, grandalhão, homão
ONA: mulherona, cabeçona
ANZIL: corpanzil
ARRA, ORRA: bocarra, cabeçorra
ARÉU: fogaréu
ASTRO: medicastro
AZ: lobaz
UÇA: dentuça
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Diminutivos
ACHO, ICHO, UCHA: riacho, rabicho, gorducho
EBRE: casebre
ECO: livreco
EJO: animalejo
ELA: ruela
ELHO: rapazelho
INHO, INO, IM: filhinho, pequenino, fortim
ISCO: chuvisco
OLA: fazendola
2.6. O Adjetivo
a) Definição e classificação dos adjetivos
O adjetivo, segundo Borba (2003), é uma palavra:
- Tônica, acentuada ortograficamente algumas vezes: escola bonita, sala confortável;
- Léxica denotativa, de significado pleno fora de contexto: homem bom, amável,
compreensivo;
- Capaz de flexão e derivação: tem gênero (bom, boa), número (bons, boas) e aceita graus
(cansado, cansadíssimo...);
- Que qualifica o substantivo, ou uma palavra substantivada ou tópico, como adjunto, no
meio do sintagma nominal: pessoa sábia; o sofrer calado; o laborioso persistente;
- Regida pelo substantivo: homem satisfeito, mulher inteligente.
É preciso lembrar que o substantivo é tópico, tema, quantidade e objetividade, e o adjetivo,
qualidade, opinião e consideração do tópico. Portanto,em português o adjetivo é classificado como:
Restritivos: São aqueles que selecionam um objeto dentre o conjunto de objetos a que
pertencem: lave a rede pequena;
Explicativos: os que assinalam uma das qualidades do nome e podem situar-se antes ou
depois do substantivo: a enfermeira é uma mulher paciente.
b) Gênero e número dos adjetivos
O Adjetivo concorda em gênero com o substantivo ao qual se refere, podendo, ser flexionado
no masculino e feminino, no singular e plural. Assim, a variedade de fórmulas para caracterizar o
gênero na língua portuguesa, justifica:
- A introdução do artigo no português, uma categoria gramatical plenamente desenvolvida
nas formas masculina e feminina;
- Há uma grande quantidade de palavras de gênero único em português.
O gênero dos adjetivos
Masculino: - (Ø) (universal negativo)
Formação do feminino:
- Pela desinência -a associada a alguns sufixos: belo / bela; cru / crua; português / portuguesa;
encantador / encantadora; são / sã; chorão / chorona; europeu / europeia;
- Nos adjetivos compostos, apenas o segundo elemento pode assumir a forma feminina:
civilização luso-brasileira; relações euro-africanas. Exceções: surdo-mudo; surda-muda.
Português Intercultural
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- Adjetivos invariáveis: os terminados em: -a (sentinela), -e (árabe), -l (fatal), -ar (exemplar),
-or (melhor), -s (simples), -z (capaz), -m (virgem), -i (guarani), -u (hindu).
c) Derivação dos adjetivos
Os prefixos dos substantivos e dos adjetivos não se diferenciam. Porém, em relação aos
sufixos, existem alguns que são tipicamente adjetivais. Mesmo assim, sempre se formam a partir
de substantivos ou de verbos:
Adjetivos derivados de substantivos por sufixação
ACO (estado, pertinência, origem): austríaco, maníaco, elegíaco
ADO (características): cansado, barbeado, assustado
AICO (referência): prosaico, arcaico, laico
AL,AR (relação): fatal, mortal, banal, popular
ANO, ÃO (origem): romano, espartano, alemão, charlatão
ÁRIO, EIRO (traço distintivo): perdulário, caseiro
ENGO, ENHO, ENO, ENSE, ÊS ( característica, origem): mulherengo, ferrenho, chileno,
nicaraguense, português
ENTO (provido de): corpulento, ciumento
EO (semelhança): férreo, róseo
ESCO, ISSO (próximo): burlesco, arisco
ESTE, ENTRE, EU (relação): celeste, equestre, plebeu, europeu
ÍCIO, ICO, IL, INO, ITA (referência): alimentício, pratico, juvenil, natalino, eremita
ONHO, OSO (propriedade): tristonho, seboso
TICO (relação): aromático, simpático
UDO (cheio de): barriguda, sortudo
Adjetivos derivados de verbos por sufixação
ANTE, ENTE, INTE (ação, qualidade, estado): tolerante, competente, pedinte
VEL (possibilidade ou hipótese): tragável, durável, sofrível
IO, IVO (modo de ser): esguio, fugidio, convidativo, vingativo
IÇO, ÍCIO (característica): enfermiço, fictício, alimentício
OURO, ÓRIO (ação): duradouro, preparatório
d) Grau dos adjetivos
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Português Intercultural
Ressaltamos a diferença fundamental entre o grau do substantivo e do adjetivo.
Visto que, no primeiro caso, interferem no status léxico do nome: padaria, padeiro, pãozinho,
empada, panificadora;
- Já, no segundo caso, marcam a qualidade referente ao substantivo: casa aconchegante,
confortável, ótima.
Graus do adjetivo
- Comparativo
- De igualdade: tão quanto (quão): Seu artesanato é tão bonito quanto o meu.
- De inferioridade: menos (do) que: Seu filho é menos preguiçoso do que o meu.
- De superioridade:
Analítico: mais (do) que: Esta aldeia é mais bela do que a outra.
Sintético: grande, pequena, bom e mau formam o superlativo: maior, menor,
me-lhor, pior: A minha bicicleta é maior do que a sua.
- Superlativo
- Relativo - analítico - com comparação:
De superioridade: (o) mais (de): Aquela índia é a mais bela de todas.
De inferioridade: (o) menos (de): este colar é menos belo de todos.
- Absoluto, sem comparação:
Analítico (com advérbio de intensidade): muito belo:
É uma paisagem muito bela.
- Sintética (com sufixos -íssimo, -imo, -érrimo): belíssimo:
É uma festa belíssima; uma pessoa paupérrima; uma prova facílima.
2.7. O artigo
2.7.1. Definição, gênero e classificação
O artigo e considerado uma palavra:
- Átona (o filho, a neta, os filhos, as netas) ou tônicas (um filho, uma filha, uns netos, umas
netas) ;
- Gramatical, de significado apenas conotativo (acidental ou contextual);
- Capaz de flexão: tem gênero e número. É a única classe gramatical que possui estes dois
traços em plenitude;
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- Que confere ao nome a sua característica substantiva de tópico;
- Determina, por excelência, o núcleo do sintagmático nominal;
- Regida pelo substantivo, ao qual caracteriza, antecedendo-o e formando com ele uma
unidade.
A gramática da língua portuguesa costuma classificar os artigos em definidos e indefinidos.
Os indefinidos, na realidade, baseiam-se no numeral cardinal um, que evolui em direção a uma
forma pronominal adjetiva indefinida: um índio, uma índia.
Gênero, número e classificação dos artigos
Definidos:
Indefinidos:
Masculinos: o menino, os meninos;
Masculino: um menino, uns meninos;
Femininos: a menina, as meninas.
Feminino: uma menina, umas meninas.
2.7.2. Contrações entre artigos e preposições
Os artigos, em português, podem contrair-se com preposições, originando formas
ortográficas complexas, conforme observaremos a seguir:
a + o: Vou ao roçado.
a + os: Assisto aos jogos.
a + a: Vou à roça.
a + as: Esteve às portas da morte.
de + o: Sou do Tocantins.
de + os: É um dos meus irmãos.
de + a: Venho da cidade.
de + as: É uma das minhas irmãs.
de + um: Falou dum jeito.
de + uma: Correu duma forma.
de + uns: Duns tempos para cá...
de + umas: Ele saiu dumas enrascadas...
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em + o: Encontre-o no rio.
em + a: Trabalho na roça.
em + um: Avistei-o num lugar distante.
em + uma: Comprei numa farmácia.
em + uns: Comeu nuns restaurantes...
em + umas: Chega numas horas...
por (per) + o: Andei pelo meio da rua.
por (per) + a: Acordou pela manhã.
por (per) + os: Fala pelos cotovelos.
por (per) + as: Atirou pelas costas.
2.8. O pronome
2.8.1. Definições, gênero, número e classificação
Segundo a gramática de língua portuguesa, os pronomes se classificam em pronomes
substantivos (quando substituem o substantivo) e pronomes adjetivos (quando acompanham o
substantivo, determinado-o). Numa abordagem linguística, os pronomes se caracterizam como:
a) Pronomes substantivos - são palavras:
- Tônicas (eu, tu, ele...), exceto algumas formas pessoais que não desempenham a função
de sujeito nem estão precedidas de preposição: digo-o, dê-me-o, perdoe-a;
- Gramaticais, de significado apenas referencial (dêitico) e conotativo (acidental, contextual);
- Capazes de flexão: alguns possuem gênero e número (este, esta, estes, estas), pessoais
(eu, tu, ele), possessivas (meu, teu, seu...) e pessoa. Às vezes não variam em gênero (alguém,
ninguém) ou em número (que);
- Que substitui o substantivo (ele, em lugar de João; a, em lugar de casa);
- Núcleos sintagmáticos nominais: atraem artigos e adjetivos como elementos determinantes
ou adjuntos (um “nós” estranho, um “alguém” especial);
- Regidas pelo verbo (tu sabes, digo-o).
b) Pronomes adjetivos - são palavras:
- Tônicas: os demonstrativos (este irmão), os possessivos pospostos (primo meu), os
indefinidos (alguns companheiros), os interrogativos e os exclamativos (que pedaço quer?!); ou
átonas: os possessivos antepostos (meu pai) e os relativos (os índios cujos filhos...);
- Gramaticais, de significado apenas conotativo (acidental, contextual);
- Capazes de flexão: têm gênero e número. Às vezes carecem desses requisito em si mesmas
(que filho e que filha temos!). Quando isso acontece, o substantivo supre a carência;
- Regidas pelo substantivo, ao qual acompanham, como determinantes, no interior do
sintagma nominal (algum índio, esse pajé).
Os pronomes por excelência - são os pessoais que, em língua portuguesa, apresentam
algumas variações de gênero e número. Muitas vezes desempenham função de sujeito na oração,
como o caso dos pronomes retos e de tratamento, sendo, então, tônicos. Outros, por sua vez,
completam verbos transitivos, como os pronomes oblíquos, ou com função de objeto direto ou
indireto; nesse caso, são átonos quando não estão precedidos de preposição.
Os pronomes de tratamento denotam distinção ou respeito. Flexionam-se em terceira
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pessoa, mesmo que se trate de interlocutores. Por isso são considerados como de segunda pessoa
indireta.
Orienta-se aos professores e alunos indígenas que, têm o português como segunda língua,
que usem pronomes de tratamento ao referir-se aos interlocutores (você, em contexto de intimidade,
e o senhor, com pessoas desconhecidas ou em relacionamentos formais) para evitar problemas de
concordância. Rocha Lima (1980), classifica os pronomes em:
Pronomes pessoais: gênero número e classificação
Pronomes retos:
- 1ª pessoa do singular: eu; plural: nós;
- 2ª pessoa do singular: tu; plural: vós;
- 3ª pessoa do singular: ele, ela; plural: eles, elas.
Pronomes oblíquos:
- 1ª pessoa do singular: me, mim, comigo; plural: nos, nós, conosco;
- 2ª pessoa do singular: te, ti, contigo; plural: vos, vós, convosco;
- 3ª pessoa do singular: o, a, lhe, se, ele, ela, si, consigo; plural: os, as, lhes, se, eles, elas, si,
consigo.
Pronomes de tratamento (2ªpessoa indireta):
Singular: você, senhor, a senhora, vossa senhoria, alteza, majestade, excelência; plural:
vocês, os senhores, as senhoras, vossas senhorias, altezas, majestades, excelências, etc.
Os pronomes substantivo e adjetivo, que apresentamos a seguir, possuem as mesmas
formas, com algumas variações em certos casos. Diferenciam-se apenas pela sua dimensão nuclear
(ao substituir o substantivo) ou periférica (acompanhar o substantivo).
Gênero e número dos pronomes substantivos possessivos
- 1ª pessoa do singular: meu, minha, meus, minhas;
- 2ª pessoa do singular: teu, tua, teus, tuas;
- 3ª pessoa do singular: seu, sua (dele, dela, de você, do senhor, da senhora), seus suas (dele,
dela, de você, do senhor, da senhora);
- 1ª pessoa do plural: nosso, nossa, nossos, nossas;
- 2ª pessoa do plural: vosso, vossa, vossos, vossas;
- 3ª pessoa do plural: seu, sua (deles, delas, de vocês, dos senhores, das senhoras), seus, suas
(deles, delas, de vocês, dos senhores, das senhoras).
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Gênero e número dos pronomes adjetivos possessivos
- 1ª do singular: meu amigo, minha amiga, meus amigos, minhas amigas;
- 2ª do singular: teu amigo, tua amiga, teus amigos, tuas amigas;
- 3ª do singular: seu amigo, sua amiga, seus amigos, suas amigas;
- 1ª do plural: nosso amigo, nossa amiga, nossos amigos, nossas amigas;
- 2ª do plural: vosso amigo, vossa amiga, vossos amigos, vossas amigas;
- 3ª do plural: seu amigo, sua amiga, seus amigos, suas amigas.
Gênero e número dos pronomes substantivos
- Proximidade do falante: este, esta, isto, estes, estas;
- Proximidade do ouvinte: esse, essa, isso, esses, essas;
- Distância do falante e do ouvinte: aquele, aquela, aquilo, aqueles, aquelas.
Gênero e número dos pronomes adjetivos e demonstrativos
- Proximidade do falante: este índio, esta índia, estes índios, estas índias;
- Proximidades do ouvinte: esse irmão, essa irmã, esses irmãos, essas irmãs;
- Distância do falante e do ouvinte: aquele irmão, aquela irmã, aqueles irmãos, aquelas
irmãs.
Gênero e número dos pronomes substantivos indefinidos
- algum, alguma, alguns, algumas;
- nenhum, nenhuma;
- muito, muita, muitos, muitas;
- certo, certa, certos, certas...
Gênero e número dos pronomes adjetivos indefinidos
- algum homem, alguma, mulher; alguns homens, algumas mulheres;
- nenhum filho, nenhuma filha;
- muito dinheiro, muita gente; muitos alunos, muitas alunas;
- certo menino, certa menina; certos meninos, certas meninas...
Gênero e número dos pronomes subjuntivos relativos
- Que (invariável): o que, a que, os que, as que;
- Qual (variável): (o qual, a qual, os quais, as quais);
- Quem (invariável, mas referido a uma ou várias pessoas): Quem escreveu este bilhete?
Quem são teus irmãos.
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Gênero e número dos pronomes adjetivos relativos
esse homem, cujo pai...;
esses homens, cujos pais...;
essa mulher, cuja mãe...;
essas mulheres, cujas mães...;
Gênero e número dos pronomes substantivos interrogativos (e exclamativos)
- Que?!
- Quando?!, quanta?!, quantos?!, quantas?!
- Quem?!
- Qual?!, quais?!
Gênero e número dos pronomes adjetivos interrogativos (e exclamativos)
- Que colar?! (cofos, mala, malas)
- Qual esteira?!, quais cofos?!
- Quanto trabalho?!, quanta gente?!, quantos trabalhadores?! Quantas trabalhadoras?!
c) Contrações entre pronomes e preposições
A língua portuguesa possui formas pronominais contraentes. Muitas delas, especialmente
as que agrupam pronomes pessoais retos e oblíquos, são próprias da língua escrita, de uso pouco
frequente na língua portuguesa brasileira:
- Mo (me + o), ma (me + a), mos (me + os), mas ( me + as): Recebi o livro; ele deu-mo
ontem;
- To (te + o), ta (te + a), tos (te + os), tas (te + as): Estou com o pacote pronto; eu to remeto
já;
- Lho (lhe + o), lha (lhe + a), lhos (lhe + os), lhas (lhe + as): Pedro espera a minha encomenda;
quero enviar-lha o quanto antes;
- No-lo (nos + o), no-la (nos + a), no-los (nos + os), no-las (nos + as): José comprou aquela
peça; remeteu-no-la em julho;
- Vo-lo (vos + o), vo-la (vos + a), vo-los (vos + os), vo-las (vos + as): Recebi a peça;
agradeço-vo-la.
As construções que seguem o uso mais comum no português brasileiro:
- Preposições e pronomes pessoais:
- Em + pronome: nele, nela, neles, nelas: Eu acredito nele;
- De + pronome: dele, dela, deles, delas: É um gesto típico dele.
- Preposições e pronomes demonstrativos:
- Em + pronome: neste, nesta, nisto...: dançamos neste pátio;
- De + pronome: deste, desta, daquilo...: Consegui passar desta vez.
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- Preposições e pronomes indefinidos:
- Em + pronome: num, numa, nalgum, nalguma, noutro, noutra: Chegou num piscar de
olhos;
- De + pronome: duma, dalguma, doutra...: Diga duma vez porque todos caciques querem
ouvir.
2.9. Os numerais
a) Definição, gênero, número e classificação
Os numerais são considerados uma classe gramatical especial na língua portuguesa pelo fato
de simbolizar unidades de medida (cardinais), sequência (ordinais), proporção (multiplicativos) ou
parte de um todo (fracionário), e não seres propriamente ditos, conforme afirma Maia (1994). Mas,
no uso ao longo do discurso, são classificados como pronomes substantivos (dois, primeiro, dobro,
quinto), ou pronomes adjetivos (dois jovens, primeira parte, dupla face, quarta vez). Flexionam-se
do seguinte modo:
Gênero, número e classificação dos numerais portugueses
- Cardinais (unidade de medida):
- Gênero:
Variam um (um colar, uma casa), dois (dois carros, duas casas) e as centenas a partir
de duzentos (duzentos homens, duzentas mulheres);
Ambos, que substitui o cardinal os dois, varia (ambos os homens, ambas as mulheres);
Os demais permanecem invariáveis.
- Número:
Milhão, bilhão, trilhão comportam-se como substantivos e variam: um milhão, dois
milhões, um bilhão, dois bilhões.
Ordinais (sequência):
- Variam em gênero e número: primeiro tempo, primeira dama, primeiros alunos,
primeiras colocadas, segundo, segunda, segundos, segundas...
Multiplicativos (proporção):
- Variam em gênero e número quando tem valor de adjetivo: dose dupla, doses
duplas, duplo remédio, duplos remédios;
- São invariáveis quando equivalem a um substantivo: o dobro, o triplo...
- Fracionários (parte de um todo):
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Concordam em gênero e número com os numerais cardinais que indicam o número
das partes: um terço, uma terça parte, dois terços, duas terças partes, um quarto, uma quarta parte,
dois quartos, duas quartas partes;
A palavra meio concorda em gênero com o designativo da quantidade e que é fração
(três quilos e meio; duas léguas e meia).
b) Número cardinal
0 zero
1 um/uma
2 dois
3 três
4 quatro
5 cinco
6 seis
7 sete
8 oito
9 nove
10 dez
11 onze
12 doze
13 treze
14 catorze (quatorze)
15 quinze
16 dezesseis
17 dezessete
18 dezoito
19 dezenove
20 vinte
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21 vinte um
22 vinte dois
23 vinte três
24 vinte quatro
25 vinte cinco
26 vinte seis
27 vinte sete
28 vinte oito
29 vinte nove
30 trinta
31 trinta e um
40 quarenta
50 cinquenta
60 sessenta
70 setenta
80 oitenta
90 noventa
100 cem
101 cento e um
200 duzentos
300 trezentos
400 quatrocentos
500 quinhentos
600 seiscentos
700 setecentos
800 oitocentos
900 novecentos
1 000 mil
1 001 mil e um
1 100 mil e cem
1 101 mil cento e um
10 000 dez mil
10 001 dez mil e um
100 000 cem mil
100 001 cem mil e um
1 000 000 um milhão
1 000 001 um milhão e um
10 000 000 dez milhões
100 000 000 cem milhões
1 000 000 000 um bilhão
1 000 000 000 000 um trilhão
c) Número ordinal
1ºprimeiro/a
2ºsegundo/a
3º terceiro/a
4º quarto/a
5ºquinto/a
6ºsexto/a
7ºsétimo/a
8ºoitavo/a
9ºnono/a
10ºdécimo/a
11ºdécimo/a primeiro/a
12ºdécimo/a segundo/a
13ºdécimo/a terceiro/a
14ºdécimo/a quarto/a
15ºdécimo/a quinto/a
16ºdécimo/a sexto/a
17ºdécimo/a sétimo/a
18ºdécimo/a oitavo/a
19ºdécimo/a nono/a
20ºvigésimo/a
21ºvigésimo/a
30ºtrigésimo/a
40ºquadragésimo/a
50ºquinquagésimo/a
60ºsexagésimo/a
70ºseptuagésimo/a
80ºoctogésimo/a
90ºnonagésimo/a
100ºcentésimo/a
101ºcentésimo/a primeiro/a
110ºcentésimo/a décimo/a
200ºducentésimo/a
300ºtrecentésimo/a
400ºquadringentésimo/a
500ºquingentésimo/a
600ºsexcentésimo/a
700ºsetingentésimo/a
800ºoctingentésimo/a
900ºnoningentésimo/a
999ºnoningentésimo/a nonagésimo/a nono/a
1000ºmilésimo/a
1721ºmilésimo/a setingentésimo/a vigésimo primeiro
10000ºdez milésimos/a
100000ºcem milésimos/a
1000000ºmilionésimo/a
1000000000bilionésimo/a
d) Número fracionário
2 metade
3 erço/a
4 quarto/a
5 quinto/a
6 sexto/a
7 sétimo/a
8 oitavo/a
9 nono/a
10 décimo/a
11 unidécimo/onze avos
12 duodécimo/doze avos
100 centésimo
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e) Número múltiplo ou multiplicativo
2 dobro, duplo, dúplice
3 triplo, tríplice
4 quádruplo
5 quíntuplo
6 sêxtuplo
7 séptuplo
8 óctuplo
9 nônuplo
10 décuplo
11undécuplo
12 duodécuplo
100 cêntuplo
Exercício
Gênero e Número Nominais
1. Ponha os artigos das palavras entre parênteses:
Exemplo: O sangue coagula rapidamente.
a)____________________ (feijão) é um alimento saudável.
b)____________________ (prova) de matemática requer muita atenção e cuidado.
c)____________________ (ribanceiras) caem com a chuva.
d)____________________ (caçada) foi muito boa apesar da chuva.
e)____________________ (corridas) ajudam a manter a forma.
f)____________________ (telefonema) que recebi ontem de Araguaína, deixou-me calmo.
g)____________________ (carne) é boa para saúde.
h)____________________ (aldeias) são a base da tribo.
2. Faça as contrações com os artigos:
Exemplo: A coragem dos índios foi decisiva.
a) Guardo todo o tipo de roupa ____________________ na mala.
b) Penso ____________________ meus pais o tempo todo.
c) Os colares ____________________ outros índios são melhores que os nossos.
d) O índio sai de casa bem sedo ____________________ manhã.
e) Ninguém dorme cedo ____________________ minha aldeia.
f) A casa __________________ meus irmãos está perto da __________________ meu pai.
g) As filhas ____________________ minha irmã são casadas.
h) Encontrei a flecha que procurava ____________________ casa do meu pai.
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3. Coloque o gênero dos pronomes adjetivos possessivos antes dos substantivos seguintes:
Exemplo: A corrida da tora faz parte de nossa cultura.
a) Josué é (primeira pessoa do singular) ____________________ cunhado.
b) O (segunda pessoa do singular)_______________ pai sempre brinca com a tora no pátio.
c) Os (primeira pessoa do plural) ____________________ parentes cantam no pátio.
d) A (terceira pessoa do singular) ____________________ irmã vai para roça.
e) Essa mulher (segunda pessoa do singular) ____________________ trabalha muito.
f) O (primeira pessoa do plural) ____________________ cacique viajou ontem.
g) Todos os (terceira pessoa do plural) ____________________ primos foram para cidade.
h) (primeira pessoa do singular) ________ pai, como fiz isso?
4. Ponha o gênero dos seguintes adjetivos demonstrativos:
Exemplo: Aquele velho canta muito no pátio.
a) (proximidade do falante) ____________________ tua irmã me contou tudo.
b) (distância do falante e do ouvinte) ____________________ índios sabem fazer esteira.
c) (proximidade do ouvinte) ____________________ irmão de José é muito esperto.
d) (distância do falante e do ouvinte) ____________________ professores que tiveram na
aldeia no ano passado, voltarão este ano.
e) (proximidade do falante) ____________________ colares de tiririca são bonitos.
f) (proximidade do falante) ____________________ índios são corajosos.
g) (proximidade do ouvinte) ____________________ histórias me deixam chateado.
h) (distância do falante e do ouvinte) ____________________ cacique que lhe deu os arte
sanatos, foi embora.
5. Escreva os seguintes pronomes adjetivos indefinidos, de acordo com o substantivo.
Exemplo: Muitos índios vão trabalhar cedo.
a) (alguém) ____________________ homens vão amanhã para caçada.
b) (ninguém) ____________________ criança é capaz de fazer colar.
c) (ninguém) ____________________ pessoa pode andar sozinha na mata.
d) (alguém) ____________________ vez você pescou sozinho?
e) (grande quantidade) ____________________ índios foram aprovados no vestibular.
f) (pequena quantidade) ____________________ mulheres conseguem ficar em casa.
g) Haverá (alguém) ____________________ índio capaz de dividir as tarefas?
h) (alguém) ____________________ mulheres deitam cedo porque estão cansadas.
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6. Escreva os numerais:
Exemplo: Trinta e dois índios foram para outra aldeia.
a) 2 ___________________ cacique.
b) 1 ___________________ índio velho.
c) 16 __________________________________ casas.
d) 36 __________________________________ aldeias.
e) 325. ______________________________________________________________reais.
f) 3.657_____________________________________________________________vacas.
g) 25.273___________________________________________________________peixes.
h) 34.6525 ___________________________________________vítimas da febre amarela.
7. Ponha os artigos definidos, indefinidos e contrações antes dos substantivos:
Exemplo: O pajé é muito velho.
a) ____________________ brigas acontecem.
b) ____________________ macacos vivem na mata.
c) ___________________ índio que corre com a tora é __________________ índio forte.
d) ____________________ melhor das festas é ____________________ tora grande.
e) ________________ que sabem cantar _______________ músicas antigas são os velhos.
f) ____________________ melhor da vida é ____________________ amizade.
g) ____________________ bons trabalhos são a garantia ____________________ futuro.
h) __________________ casa de José é vizinha _________________ casa de minha sogra.
8. Exercícios de pronomes pessoais retos e de tratamento.
Exemplo: Vocês fizeram tudo por suas aldeias.
a) (tratamento) ____________________ sabe do que estou falando, cacique.
b) (tratamento) ____________________ têm que fazer todos os artesanatos.
c) (primeira pessoa do plural) __________________ tememos com as doenças nas aldeias.
d) ____________________ irei a Palmas fazer o curso.
e) (primeira pessoa do plural) ____________________ vamos na frente para preparar a
espera das caças.
f) (reto, terceira pessoa do plural) ____________________ gastaram o dinheiro.
g) (tratamento) ____________________ deve entregar a encomenda logo.
h) (reto, segunda pessoa do plural) ____________________ ireis ao hospital visitar os
doentes.
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9. Exercício de pronomes oblíquos.
Exemplo: Dei-lhe o que pediu.
a) (ela) encontrei ________ no meio da aldeia.
b) (a mim) deu ________ um abraço.
c) (a minha sogra) encarei ________ sem nenhum tipo de medo.
d) (a ele) desejei ________ muitas felicidades.
e) (o meu irmão) esperei ________ na aldeia, antes de viajar.
f) (para elas) comprei ________ um belo brinco de capim dourado.
g) (elas próprias) deram ________ conta duas semanas depois, do trabalho.
h) (ele mesmo) ficou revoltado ________ mesmo, com o que houve na aldeia.
10. Pratique o número:
Exemplo: A gripe não melhorava mesmo tomando remédio.
a) Os (rio) ____________________ transbordavam quando chovia muito.
b) Os (exame) ____________________ eram (fácil) ____________________.
c) Os (resultado) ____________________ foram bons.
d) Os (decimal) __________________________ complicam a vida de muitos (índios)
________________________.
e) As (gripe) ____________________ mal curadas sempre voltam.
f) Muitos (garotão) __________________ sofrem algumas (neurose) _________________
de vez em quando
g) Há pessoa que não sentem (cócegas) ____________________
h) Dar ____________________ pêsames é difícil para mim.
11. Utilize os pronomes adequados (substantivos e adjetivos) relativos.
Exemplos: José, cujo pai é cacique, faleceu. Nós não sabemos o que nos aguarda.
a) As mulheres, (delas) ____________________ filhos trabalham ficam felizes.
b) As crianças, (deles) ____________________ mães trabalham na escola da aldeia.
c) Os alunos ____________________ estudam, passam de ano.
d) Alguns funcionários trabalham fora da aldeia ____________________ o fez, pode falar.
e) Os ____________________ terminaram a tarefa, podem ir embora.
f) Josué perdeu a enxada ____________________ lhe emprestei.
g) As três meninas, (delas) ____________________ mãe é zeladora da escola, entregaram
os colares e esteiras.
h) Os estudantes, (deles) ____________________ pais moram na outra aldeia, entraram na
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escola imediatamente.
12. Exercício de pronomes (substantivo e adjetivo) interrogativos e exclamativos.
Exemplo: Quem sabe quantas abóboras têm no cofo?
a) Você sabe ____________________ quantidade de pessoas havia na pescaria?
b) ____________________ índio falou isso?
c) ____________________ está mentindo!
d) ____________________ perguntou isso a você?
e) ____________________ índios havia na reunião do pátio? Trinta?
f) ____________________ homem feio!
g) ____________________ dinheiro custará um boi como esse?
h) ____________________ acaba de falar?
13. Exercício sobre substantivo coletivo:
Exemplo: Ontem à noite, na espera, vi uma vara de porção.
a) O ____________________ (fotos) era muito velho, do tempo da SPI.
b) O ____________________ (ilhas) de Fernando de Noronha merece ser preservado.
c) Todos os anos, ____________________ (garças) descansa nas árvores da aldeia.
d) Cada vez são mais escassos os ____________________ (peixes) nos rios do Tocantins.
e) O ____________________ (artistas) descansou em Palmas depois das filmagens.
f) Uma ____________________ (bois) é suficiente para puxar as palhas para as casas.
2.10. A classe do verbo: verbo e advérbio
2.10.1. Definição de verbo
De acordo com as bases teóricas de Sacconi (1989) e Masipe (2000), Gleason, (1961),
Cavaliere (2000), Seki ( 2000), Azeredo(2000), Borba( 1996), os verbos são classificados como
palavras:
- Tônicas, acentuadas ortograficamente em alguns contextos: canta, pensa, está;
- Léxicas denotativas, de significado pleno fora de contexto: falar, comer;
- Capazes de flexão: possuem pessoas (primeira, segunda e terceira), número (singular,
plural), tempo (presente, passado, futuro), modo (indicativo, subjuntivo, imperativo), conjugação
(primeira, segunda, terceira), voz (ativa, passiva e reflexiva), aspecto (acabado, inacabado, perífrase)
e derivação (afixos). Podem adotar gênero quando atuam como substantivos (infinitivos: o ter, o
104
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cantar, o jantar) e adjetivos (particípios: o bebido, o gemido) ou permanecer invariáveis quando se
apresentam como advérbios (gerúndios: comendo, gemendo);
- Que referem ações (correr, cantar...), estados (ser, estar) ou processos (definir, refletir);
- Núcleos de sintagmas verbais: atraem advérbios ou sintagmas nominais como elementos
determinantes ou adjuntos: Eu como caça todos os dias; Meus filhos compram artesanato dos
Krahô.
- Que desempenham sempre uma função regente sobre as demais classes:
Os índios cumprimentam os vizinhos todos os dias.
Os autores, Infante e Nicola (1991), Bechara ( 2003) e Masip (2000) classificam os verbos,
em português, da seguinte forma:
Pela tonicidade (enfoque fonético)
Tônicos: Todos os verbos o são. Análises espectrográficas, porém, mostram que os verbos
predicativos (comer, pintar, correr) possuem um acento de intensidade mais relevante que os de
ligação (ser, estar).
Pela forma (enfoque morfológico)
Irregulares: Não se ajustam ao modelo ou mudam a ortografia ou a prosódia: morrer, crer,
pedir.
Anômalos: Fogem totalmente do paradigma temporal: pôr, ter, vir.
Defectivos: Falta-lhes algum tempo, modo ou pessoa: entardecer, chover, trovejar,
relampejar.
Abundantes: Possuem mais de um particípio ou forma equivalente: morrer(morto, morrido),
ser (sou, era, fui, serei), ir (vou, fui, ia).
Pela função (enfoque sintático)
Auxiliares: Completam outros verbos: ser (fui obrigado), estar (estou pensando), haver
(havia feito), ter (tinha chegado).
Principais: Verbos nucleares de uma oração: estudar, correr, vender.
Impessoais: (de sujeito inexistente). Carecem de sujeito: haver, chover.
Intransitivos: Possuem significado completo de ação; não precisam de objeto: andar, sair,
correr, dançar.
Transitivos: Não possuem significado completo da ação; precisão de objetos: fazer, fabricar,
oferecer, comer, ver.
Reflexivos: A ação recai sobre o próprio sujeito: lavar-se (lavo-me), preocupar-se (preocupome), banhar-se (banho-me), cortar-se (corto-me).
Português Intercultural
105
Pelo significado (enfoque léxico - semântico)
De ligação: Servem para unir: ser, estar, parecer, permanecer, ficar.
Predicativos: Informam sobre o sujeito: comprar, vender, correr.
Incoativos: Expressam o começo de uma determinada ação ou passagem a um novo estado:
anoitecer, nascer, amanhecer, crescer.
Frequentativos: Designam ações frequentes ou habituais: apedrejar, pregar.
Conclusivos: Para expressar completamente a ação, precisam concluí-la: comer, pintar,
correr.
Permanentes: Expressam a ação no momento em que se proferem: ouvir, saber, ver.
2.10.2. Flexão dos verbos
Os verbos possuem, como já foi dito anteriormente, pessoas, número, tempo, modo,
conjugação, voz e aspecto. Os morfemas de pessoa e número (eu vejo, nós cantamos; vós comeis;
ele, ela, você, o senhor corre; vocês, eles, elas os senhores correm) não se referem propriamente ao
verbo, mas ao sujeito, ser do qual parte o processo verbal.
Já o morfema de conjugação limita-se a reunir predicados verbais segundo a vogal temática,
o que não atinge a sua natureza predicativa (cantar, beber, partir). Por sua vez, morfema voz é o
único em português, portanto, não se opõe a nenhum outro, pois só existem em formas verbais
ativas. A chamada voz passiva, que possuía, em latim e grego, conjugações próprias, com modos
e tempos específicos, converteu-se em português numa simples inversão lógica, que emprega o
verbo ser como auxiliar (sou contratado, fui convidado...).
E o aspecto é uma característica exclusiva dos tempos, na sua dimensão processual (acaba
ou inacabada; recente ou distante e progressiva), que poderia englobar-se no estudo da análise
cronológica das ações ou processos verbais (acabo de correr; vou jantar). Os tempos verbais referemse ao momento em que se desenvolvem o processo verbal do ponto de vista da comunicação (janto,
jantei, jantarei). A forma marcada (ou morfema de tempo) é a do presente. Os modos expressam
o caráter objetivo (indicativo) ou subjetivo (subjuntivo, imperativo) dessa comunicação (canto, se
cantasse, cante). A forma marcada (ou morfema de modo) é a do indicativo.
a) As pessoas verbais: primeira, segunda, terceira e seu número
Todos os tempos conjugados, exceto os infinitivos não pessoais, os gerúndios, os particípios
e os verbos defectivos (chover, acontecer.) possuem, na língua portuguesa, três pessoas:
- Primeira pessoa singular e plural: aquela que fala; corresponde aos pronomes pessoais eu,
nós: conto - cantamos;
- Segunda pessoa singular plural: aquela a quem se fala; corresponde aos pronomes pessoais
tu, vós: cantas - cantais;
106
Português Intercultural
- Terceira pessoa singular e plural: aquela de quem se fala; corresponde aos pronomes
pessoais ele, eles; ela, elas: canta - cantam.
A Língua Portuguesa possui uma forma infinitiva invariável (cantar) e outra conjugada,
chamada infinitivo pessoal (cantar, cantares, cantar, cantarmos, cantardes, cantarem). Coincide
muitas vezes o futuro simples do subjuntivo, mas nem sempre, como se comprova, por exemplo,
nos verbos irregulares estar, ser, ter, ir:
Contraste entre o futuro simples do subjuntivo e o infinitivo pessoal
Verbo estar
Verbo ser
Verbo ter
Verbo ir
Futuro
simples do
subjuntivo
Infinitivo
pessoal
Infinitivo
pessoal
Futuro
simples do
subjuntivo
Futuro
simples do
subjuntivo
Infinitivo
pessoal
Infinitivo
pessoal
Futuro
simples do
subjuntivo
Estiver
Estar
For
Ser
Tiver
Ter
For
Ir
Estiveres
Estares
Fores
Seres
Tiveres
Teres
Fores
Ires
Estiver
Estar
For
Ser
Tiver
Ter
For
Ir
Formos
Sermos
Tivermos
Termos
Formos
Irmos
Estivermos Estarmos
Estiverdes
Estardes
Fordes
Serdes
Tiverdes
Terdes
Fordes
Irdes
Estiverem
Estarem
Forem
Serem
Tiverem
Terem
Forem
Irem
De certa forma, não existem normas fixas de uso, mas podemos afirmar que o infinitivo
conjugado (pessoal) é empregado quando:
- For predicado único de uma oração isolada: Sairmos da aldeia.
- For sujeito de um outro predicado: Estudarmos na faculdade é o nosso desejo;
- For adjunto adverbial, subordinado a orações principais cujo verbo esteja flexionado
em tempos presentes ou pretéritos: Ao descobrirem os invasores das terras, tentaram localizá-los
imediatamente.
Se o verbo principal estiver no futuro do indicativo (ou no imperativo), trata-se de futuros
simples do subjuntivo e não de infinitivo conjugado: Irei quando ela for; Quando terminarem as
aulas, fechem a escola.
b) Os tempos verbais e a sua formação
Como foi explicado anteriormente, as palavras se compõem de radical e desinências. No
caso dos verbos, os tempos se formam acrescentando as desinências ao radical, exceto no caso dos
futuros, em que as terminações se somam ao infinitivo.
Português Intercultural
107
Infinitivo: radical + desinências
Cantar
Beber
1ª conjugação
2ª conjugação
Radical
Desinências
Radical
Desinências
cant ar
beb er
Partir
3ª conjugação
Radical
Desinências
part ir
Presente do indicativo: radical + desinências
Cantar
Beber
Partir
1ª conjugação
2ª conjugação
3ª conjugação
Radical
Desinências
Radical
Desinências
Radical
Desinências
cant o
beb o
part o
cant as
beb es
part es
cant a
beb e
part e
cant amos
beb emos
part imos
cant ais
beb eis
part is
cant am
beb em
part em
Pretérito perfeito do indicativo: radical + desinências
Cantar
Beber
Partir
1ª conjugação
2ª conjugação
3ª conjugação
Radical
Desinências
Radical
Desinências
Radical
Desinências
cant ei
beb i
part i
cant aste
beb este
part iste
cant ou
beb eu
part iu
cant amos
beb emos
part imos
cant astes
beb estes
part istes
cant aram
beb eram
part iram
Pretérito imperfeito do indicativo: radical + desinências
Cantar
Beber
Partir
1ª conjugação
2ª conjugação
3ª conjugação
Radical
Desinências
Radical
Desinências
Radical
Desinências
cant ava
beb ia
part ia
cant avas
beb ias
part ias
cant ava
beb ia
part ia
cant ávamos
beb íamos
part íamos
cant áveis
beb íeis
part íeis
cant avam
beb iam
part iam
108
Português Intercultural
Pretérito mais-que-perfeito do indicativo: radical + desinências
Cantar
Beber
Partir
1ª conjugação
2ª conjugação
3ª conjugação
Radical
Desinências
Radical
Desinências
Radical
Desinências
cant ara
beb era
part ira
cant aras
beb eras
part iras
cant ara
beb era
part ira
cant áramos
beb éramos
part íramos
cant áreis
beb éreis
part íreis
cant aram
beb eram
part iram
Futuro do presente e do pretérito do indicativo: infinitivo + desinências
Cantar
Beber
Partir
1ª conjugação
2ª conjugação
3ª conjugação
Radical
Desinências
Radical
Desinências
Radical
Desinências
cantar ei-ia
beber ei-ia
partir ei-ia
cantar ás-ias
beber ás-ias
partir ás-ias
cantar á-ia
beber á-ia
partir á-ia
cantar emos-íamos
beber emos-íamos
partir emos-íamos
cantar eis-íeis
beber eis-íeis
partir eis-íeis
cantar ão-iam
beber ão-iam
partir ão-iam
Presente do subjuntivo: radical + desinências
Cantar
Beber
Partir
1ª conjugação
2ª conjugação
3ª conjugação
Radical
Desinências
Radical
Desinências
Radical
Desinências
cant e
beb a
part a
cant es
beb as
part as
cant e
beb a
part a
cant emos
beb amos
part amos
cant eis
beb ais
part ais
cant em
beb am
part am
Pretérito imperfeito do subjuntivo: radical + desinências
Cantar
Beber
Partir
1ª conjugação
2ª conjugação
3ª conjugação
Radical
Desinências
Radical
Desinências
Radical
Desinências
cant asse
beb esse
part isse
cant asses
beb esses
part isses
cant asse
beb esse
part isse
cant ássemos
beb êssemos
part íssemos
cant ásseis
beb êsseis
part ísseis
cant assem
beb essem
part issem
Português Intercultural
109
Futuro do subjuntivo: radical + desinências
Cantar
Beber
Partir
1ª conjugação
2ª conjugação
3ª conjugação
Radical
Desinências
Radical
Desinências
Radical
Desinências
cant ar
beb er
part ir
cant ares
beb eres
part ires
cant ar
beb er
part ir
cant armos
beb ermos
part irmos
cant ardes
beb erdes
part irdes
cant arem
beb erem
part irem
c) O Modo
O verbo é uma das categorias gramaticais que se referem a ações, estados ou processos
reais ou imaginários. A língua portuguesa possui os modos indicativos, subjuntivo, imperativo e as
formas nominais.
O modo indicativo é o modo da realidade objetiva, espacial e temporal. Revela ações, estados,
processos ocorridos em algum momento do passado (Cheguei a aldeia cedo.), que acontecem no
presente (Vejo o pátio limpo.) ou que algum dia ocorrerão (A corrida da tora começará às oito.). É
o campo da memória, da referência, da certeza.
O subjuntivo é o modo da realidade subjetiva, baseada na dúvida (Duvido que consiga; Não acredito
que chova.) e no desejo humano (Tomara que chova na roça).
O imperativo é o modo, que expressa um mandato ou uma a ordem conjugados; na
realidade, nada mais é do que um desejo veemente, imposto a outrem. O imperativo só possui duas
formas específicas, as segundas (diz / dize, dizei; come, comei). As demais coincidem com as do
presente do subjuntivo. A língua portuguesa denomina formas nominais aquelas que desempenham
funções próprias de nomes: infinitivo (substantivo), gerúndio (advérbio) e particípio (adjetivo).
d) As conjugações
A língua portuguesa possui três conjugações verbais:
- A primeira, composta por verbos com vogal temática -a: cantar, amar, comprar;
- A segunda, composta por verbos com vogal temática -e: beber, correr, comer;
- A terceira, composta por verbos com vogal temática -i: partir, abrir, ir, fugir.
Porém, o verbo pôr e seus compostos (propor, supor, compor...) apresenta uma série de
particularidade em algumas das suas formas. Na realidade, o verbo pôr evoluiu a partir de poer,
110
Português Intercultural
da segunda conjugação.
Os gramáticos da língua portugueses se utilizam da mesma nomenclatura para classificação
dos tempos verbais. Com base em Bechara (2003) e Rocha Lima(1980), apresentamos um modelo
de conjunção, com as formas simples e compostas, nomenclatura, caracterização temporal e
exemplos, tomando como base o verbo cantar, como modelo da primeira conjugação. Utilizaremos
o paradigma para os demais verbos da língua portuguesa:,
- Primeira conjugação: cantar
- Segunda conjugação: beber;
- Terceira conjugação: partir;
- Conjugação pronominal: pintar-se;
- Verbos auxiliares: ser, estar, haver, ter;
- Verbos irregulares: ir, pôr.
Tempos
Canto, cantas, canta,
cantamos, cantais,
cantam
Cantei, cantaste, cantou,
cantamos, cantastes,
cataram
Tenho cantado, tens
cantado, tem cantado
temos cantado tendes
cantado têm cantado
Cantava, cantavas,
cantava, cantávamos,
cantáveis, cantavam
Cantara, cantaras,
cantara, cantáramos,
cantáreis, cantaram
Tinha cantado, tinhas
cantado, tinha cantado,
tínhamos cantado, tínheis
cantado, tinham cantado
Verbo cantar – 1ª conjugação completa
Modo indicativo
Nomenclatura
Caracterização
Presente
Ação atual contínua,
inacabada
Exemplos temporal
Eu canto todos os dias
no pátio
Pretérito perfeito
Ação passada pontual, Cantei às cinco horas
acabada
no pátio
Pretérito perfeito
compostos
Ação passada recente, Tenho cantado muito
no pátio
relacionada com o
presente, inacabada
Pretérito imperfeito Ação passada
contínua, inacabada
Ontem cantava no
pátio
Pretérito mais-que- Ação passada, anterior
perfeito
a outra passada,
acabada
Pretérito mais-que- Ação passada, anterior
perfeito composto a outra passada,
acabada
Quando ele chegou,
eu já cantara no pátio
Quando eles
telefonaram já tinha
cantado no pátio
Português Intercultural
111
Tempos
Cantarei, cantarás,
cantará, cantaremos,
cantareis, cantarão
Terei cantado, terás
cantado, terá cantado,
teremos cantado, tereis
cantado, terão cantado
Cantaria, cantarias,
cantaria, cantaríamos,
cantaríeis, cantariam
Teria cantado, terias
cantado teria cantado,
teríamos cantado, teríeis
cantado teriam cantado
Tempos
Cante, cantes, cante,
cantemos, canteis,
cantem
Tenha cantado, tenhas
cantado, tenha cantado,
tenhamos cantado,
tenhais cantado, tenham
cantado,
Cantasse, cantasses,
cantasse, cantássemos,
cantásseis, cantassem
Verbo cantar – 1ª conjugação completa
Modo indicativo (Continuação)
Nomenclatura
Caracterização
Futuro do presente Ação vindoura,
inacabada
Futuro do presente
composto
Ação vindoura,
anterior a outra
vindoura, acabada
Você chegará tarde; já
terei cantado.
Futuro do pretérito
Ação possível,
condicionada,
realizável, inacabada
Ação impossível,
condicionada,
irrealizável, acabada
Cantaria se tivesse
voz.
Futuro pretérito
composto
Modo subjuntivo
Nomenclatura
Caracterização
Presente
Dúvidas ou desejos
próximos, dissipáveis
ou realizáveis
Pretérito perfeito
Dúvidas ou
desejos próximos,
já dissipados ou
realizados
Português Intercultural
Teria cantado se
tivesse formação para
isso.
Exemplos temporal
Talvez cante, tomara
que cante.
Talvez tenha cantado,
tomara que tenha
cantado.
pretérito imperfeito Dúvidas ou desejos
Se eu cantasse...
remotos, dificilmente
dissipáveis ou
realizáveis
Pretérito mais-que- Dúvidas ou desejos
Se eu tivesse
perfeito
remotos frustrados, de cantado...
impossível dissipação
ou realização
Tivesse cantado, tivesses
cantado, tivesse cantado,
tivéssemos cantado
tivésseis cantado,
tivessem cantado
Cantar, cantares, cantar, Futuro simples
cantarmos, cantardes,
cantarem
Tiver cantado, tiveres
Futuro composto
cantado, tiver cantado,
tivermos cantado,
tiverdes cantado, tiverem
cantado,
112
Exemplos temporal
Cantarei amanhã.
Dúvidas ou desejos
distantes, dissipáveis
ou realizáveis
Dúvidas ou desejos
distantes, dissipados
ou realizados
Quando eu cantar...
Quando eu tiver
cantado...
Verbo cantar – 1ª conjugação completa
Nomenclatura
Caracterização
Tempos
Exemplos temporal
Modo imperativo
Canta, cante, cantemos,
cantai, cantem;
Não cantes, não cante,
não cantemos, não
canteis, não cantem
Presente
Canta essa canção
Ordem, mandato
(desejo veemente)
Formas nominais
Cantar
Cantar, cantares, cantar,
cantarmos, cantardes,
cantarem
Ter cantado
Ter cantado, teres
cantado ter cantado
termos cantado terdes
cantado terem cantado
Cantando
Tendo cantado
Cantado
Infinitivo
impessoal
Infinitivo pessoal
Dimensão substantiva
do verbo, inacabada
Dimensão
substantiva do
verbo, personalizada,
inacabada
Infinitivo impessoal Dimensão substantiva
pretérito
do verbo, acabada
Infinitivo pessoal
Dimensão
pretérito
substantiva do
verbo, personalizada,
acabada
Gerúndio
Dimensão adverbial
do verbo, inacabada
Gerúndio pretérito Dimensão adverbial
do verbo, acabada
Particípio
Dimensão adjetiva do
verbo, acabada
Nomenclatura
Presente
Formas verbais
bebo
bebes
bebe
bebemos
bebeis
bebem
Beber - 2ª conjugação
Modo Indicativo
Pretérito
Pretérito
Pretérito
perfeito
imperfeito mais que
perfeito
bebi
bebia
bebera
bebeste
bebias
beberas
bebeu
bebia
bebera
bebemos
bebíamos bebêramos
bebestes
bebíeis
bebêreis
beberam
bebiam
beberam
Gosto de cantar.
Ao cantarmos,
ficamos emocionados.
Gostei de ter cantado
ontem.
Após termos cantado,
adormecemos
Estava cantando.
Tenho cantado
bastante, adormeceu.
Cantada a música,
sumiu.
Futuro do
presente
Futuro do
pretérito
beberei
beberás
beberá
beberemos
bebereis
beberão
beberia
beberias
beberia
beberíamos
beberíeis
beberiam
Português Intercultural
113
Nomenclatura
Formas Verbais
Nomenclatura
Formas Verbais
Beber - 2ª conjugação (Continuação)
Modo Subjuntivo
Presente
Pretérito
Futuro
imperfeito
bebaq
bebesse
beber
bebas
bebesses
beberes
beba
bebesse
beber
bebamos
bebêssemos
bebermos
bebais
bebêsseis
beberdes
bebam
bebessem
beberem
Formas Nominais
Infinitivo impes- Infinitivo pessoal Gerúndio
soal
bebendo
beber
beber, beberes,
beber
bebermos, beberdes
beberem
Nomenclatura
Presente
Formas verbais
parto
partes
parte
partimos
partis
partem
Nomenclatura
Presente
Formas Verbais
parta
partas
parta
partamos
partais
partam
114
Português Intercultural
Partir - 3ª conjugação
Modo Indicativo
Pretérito
Pretérito
Pretérito
perfeito
imperfeito mais que
perfeito
parti
partia
partira
partiste
partias
partiras
partiu
partia
partira
partimos
partíamos partíramos
partistes
partíeis
partíreis
partiram
partiam
partiram
Modo Subjuntivo
Pretérito
imperfeito
partisse
partisses
partisse
partíssemos
partísseis
partissem
Futuro
partir
partires
partir
partimos
partirdes
partirem
Modo Imperativo
Presente
bebe, não bebas
beba
bebamos
bebei, não bebais
bebais
Particípio
bebido
Futuro do
presente
Futuro do
pretérito
partirei
partirás
partirá
partiremos
partíreis
partiram
partiria
partirias
partiria
partiríamos
partiríeis
partiriam
Modo Imperativo
Presente
parte, não partas
parta
partamos
parti, não partais
partam
Nomenclatura
Formas Verbais
Partir - 3ª conjugação (continuação)
Formas Nominais
Infinitivo
Infinitivo pessoal Gerúndio
impessoal
partir
partir
partindo
partires, partir
partimos
partirdes,
partirem
Nomenclatura
Presente
Formas verbais
sou
és
é
somos
sois
são
Nomenclatura
Presente
Formas Verbais
seja
sejas
seja
sejamos
sejais
sejam
Nomenclatura
Formas Verbais
Ser - verbo auxiliar
Modo Indicativo
Pretérito
Pretérito
Pretérito
perfeito
imperfeito mais que
perfeito
fui
era
fora
foste
eras
foras
foi
era
fora
fomos
éramos
fôramos
fostes
éreis
fôreis
foram
eram
foram
Modo Subjuntivo
Pretérito
imperfeito
fosse
fosses
fosse
fôssemos
fôsseis
fossem
Futuro
for
fores
for
formos
fordes
forem
Formas Nominais
Infinitivo impes- Infinitivo pessoal Gerúndio
soal
ser
ser, sermos
sendo
serdes, serem
Particípio
partido
Futuro do
presente
Futuro do
pretérito
serei
serás
será
seremos
sereis
serão
seria
serias
seria
seríamos
seríeis
seriam
Modo Imperativo
Presente
sê, não sejas
seja
sejamos
sede, não sejais
sejam
Particípio
sido
Português Intercultural
115
Nomenclatura Presente
Formas verbais
estou
estás
está
estamos
estais
estão
Nomenclatura
Presente
Formas Verbais
esteja
estejas
esteja
estejamos
estejais
estejam
Nomenclatura
Formas Verbais
116
Modo Subjuntivo
Pretérito
imperfeito
estivesse
estivesses
estivesse
estivéssemos
estivésseis
estivessem
Futuro
estiver
estiveres
estiver
estivermos
estiverdes
estiverem
Formas Nominais
Infinitivo impes- Infinitivo pessoal Gerúndio
soal
estar
estar, estares
estando
estar, estamos
estardes
estarem
Nomenclatura Presente
Formas verbais
Estar - verbo auxiliar
Modo Indicativo
Pretérito
Pretérito
Pretérito
perfeito
imperfeito mais que
perfeito
estive
estava
estivera
estivestes estavas
estiveras
esteve
estava
estivera
estivemos estávamos estivéramos
estivestes estáveis
estivéreis
estiveram estavam
estiveram
hei
hás
há
havemos
(hemos)
haveis
(heis)
hão
Português Intercultural
Haver - verbo auxiliar
Modo Indicativo
Pretérito
Pretérito
Pretérito
perfeito
imperfeito mais que
perfeito
houve
havia
houvera
houveste
havias
houveras
houve
havia
houvera
houvemos havíamos houvéramos
Futuro do
presente
Futuro do
pretérito
estarei
estarás
estará
estaremos
estareis
estarão
estaria
estarias
estaria
estaríamos
estaríeis
estariam
Modo Imperativo
Presente
está, não estejas
esteja, estejamos
estai, não estejais
estejam
sejam
Particípio
estado
Futuro do
presente
Futuro do
pretérito
haveria
haverás
haverá
haveremos
haveria
haverias
haveria
haveríamos
houvestes
havíeis
houvéreis
havereis
haveríeis
houveram
haviam
houveram
haverão
haveriam
Nomenclatura
Formas Verbais
Nomenclatura
Formas Verbais
Haver - verbo auxiliar (Continuação)
Modo Subjuntivo
Presente
Pretérito
Futuro
imperfeito
haja
houvesse
houver
hajas
houvesses
houveres
haja
houvesse
houver
hajamos
houvéssemos
houvermos
hajais
houvésseis
houverdes
hajam
houvessem
houverem
Modo Imperativo
Presente
há, não hajas
haja
hajamos
havei, não hajas
hajam
Formas Nominais
Infinitivo impes- Infinitivo pessoal Gerúndio
soal
haver
haver, haveres
havendo
haver, havermos
haverdes, haverem
Nomencla- Presente
tura
Pretérito
perfeito
Formas
verbais
tive
tiveste
teve
tivemos
tivestes
tiveram
tenho
tens
tem
temos
tendes
têm
Nomenclatura
Presente
Formas Verbais
tenha
tenhas
tenha
tenhamos
tenhais
tenham
Ter - verbo auxiliar
Modo Indicativo
Pretérito
Pretérito
imperfeito mais que
perfeito
tinha
tivera
tinhas
tiveras
tinha
tivera
tínhamos
tivéramos
tínheis
tivéreis
tinham
tiveram
Modo Subjuntivo
Pretérito
imperfeito
tivesse
tivesses
tivesse
tivéssemos
tivésseis
tivessem
Futuro
tiver
tiveres
tiver
tivermos
tiverdes
tiverem
Particípio
havido
Futuro do
presente
Futuro do
pretérito
terei
terás
terá
teremos
tereis
terão
teria
terias
teria
teríamos
teríeis
teriam
Modo Imperativo
Presente
tem, não tenhas
tenha
tenhamos
tende, não tenhais
tenham
Português Intercultural
117
Nomenclatura
Formas Verbais
Nomenclatura
Ter - verbo auxiliar (Continuação)
Formas Nominais
Infinitivo impes- Infinitivo pessoal Gerúndio
soal
ter
ter, teres
tendo
ter, termos
terdes, terem
Presente
Formas verbais vou
vais
vai
vamos
ides
vão
Nomenclatura
Presente
Formas Verbais
vá
vás
vá
vamos
vades
vão
Nomenclatura
Formas Verbais
118
Ir - verbo irregular
Modo Indicativo
Pretérito
Pretérito
Pretérito
perfeito
imperfeito mais que
perfeito
fui
ia
fora
foste
ias
foras
foi
ia
fora
fomos
íamos
fôramos
fostes
íeis
fôreis
foram
iam
foram
Modo Subjuntivo
Pretérito
imperfeito
fosse
fosses
fosse
fôssemos
fôsseis
fossem
Futuro
for
fores
for
formos
fordes
forem
Formas Nominais
Infinitivo impes- Infinitivo pessoal Gerúndio
soal
ir
ir, ires, ir
indo
irmos, irdes
irem
Português Intercultural
Particípio
tido
Futuro do
presente
Futuro do
pretérito
irei
irás
irá
iremos
ireis
irão
iria
irias
iria
iríamos
iríeis
iriam
Modo Imperativo
Presente
vai, não vás
vá
vamos
ide, não vades
ido
Particípio
ido
Nomenclatura
Presente
Formas verbais
ponho
pões
põe
pomos
pondes
põem
Nomenclatura
Presente
Formas Verbais
ponha
ponhas
ponha
ponhamos
ponhais
ponham
Nomenclatura
Formas Verbais
Modo Subjuntivo
Pretérito
imperfeito
pusesse
pusesses
pusesse
puséssemos
pusésseis
pusessem
Futuro
puser
puseres
puser
pusermos
puserdes
puserem
Formas Nominais
Infinitivo impes- ser, seres
Gerúndio
soal
pôr
pôr, pores, pôr
pondo
pormos, pordes
porem
Nomencla- Presente
tura
Formas
verbais
Pôr - verbo irregular
Modo Indicativo
Pretérito
Pretérito
Pretérito
perfeito
imperfeito mais que
perfeito
pus
punha
pusera
puseste
punhas
puseras
pôs
punha
pusera
pusemos
púnhamos puséramos
pusestes
púnheis
puséreis
puseram
punham
puseram
pinto-me
pintas-te
pinta-se
pintamosnos
pintais-vos
pintem-se
Pintar-se - conjugação pronominal
Modo Indicativo
Pretérito
Pretérito
Pretérito
perfeito
imperfeito mais que
perfeito
pinto-me
pintava-me pintara-me
pintas-te
pintavas-te pitaras-te
pinta-se
pintava-se pintara-se
pintamospintávamos- pintáramosnos
nos
nos
pintais-vos pintáveispintáreisvos
vos
pintem-se
pintavam-se pintaram-se
Futuro do
presente
Futuro do
pretérito
porei
porás
porá
poremos
poreis
porão
poria
porias
poria
poríamos
poríeis
poriam
Modo Imperativo
Presente
põe, não ponhas
ponha
ponhamos
ponde, não ponhais
ponham
Particípio
posto
Futuro do
presente
Futuro do
pretérito
pintar-me-ei
pintar-te-ás
pintar-se-á
pintar-nosemos
pintar-voseis
pintar-se-ão
pintar-me-ia
pintar-te-ias
pintar-se-ia
pintar-nosíamos
pintar-vosíeis
pintar-seiam
Português Intercultural
119
Nomenclatura
Formas Verbai
Pintar-se - conjugação pronominal (Continuação)
Modo Subjuntivo
Presente
Pretérito
Futuro
imperfeito
que eu me pinte
se eu me pintasse
quando eu me pintar
que tu te pintes
se tu te pintasses
quando tu te pintares
que ele se pinte
se ele se pintasse
quando ele se pintar
que nós nos pintemos se nós nos pintásquando nós nos pinsemos
tarmos
que vós vos pinteis
se vós vos pintásseis
quando vós vos pintardes
que eles se pintem
quando eles se pintarem
Modo Imperativo
Imperativo afirmativo
pinta-te
pinte-se
pintemos-nos
pintai-vos
pintem-se
Nomenclatura
Formas Verbais
Nomenclatura
Formas Verbais
Imperativo negativo
não te pintes
não se pinte
não nos pintemos
não vos pinteis
não se pintem
Formas Nominais
Infinitivo impes- ser, seres
Gerúndio
soal
pintar-se
pintar-me
pintando-se
pintares-te
pintar-se
pintarmos-mos
pintardes-vos
pintarem-se
Particípio
pintado
e) Irregularidades dos presentes do indicativo e subjuntivo
- De acordo com Otelo Reis (1994), alguns verbos terminados em -iar e todos os terminados
em -quar e -guar (abreviar, acariciar, aguar, copiar, afiliar, apaziguar ) conjuga-se com tonicidade
especial nas três pessoas do singular e na terceira do plural do presente do indicativo e subjuntivo,
conforme quadro abaixo:
120
Português Intercultural
Verbo Copiar
Presente do indicativo
Presente do subjuntivo
Copio
Copie
Copias
Copies
Copia
Copie
Copiamos
Copiemos
Copiais
Copieis
Copiam
Copiem
- Os verbos auxiliares ser, estar e haver apresentam particularidades nos dois tempos,
presente do indicativo e do subjuntivo
- Certos verbos, cujo vogal radical é -e (querer, crer), experimentam algum tipo de ditongação
ou mudança vocálica em ambos os tempos:
Querer
Presente do
indicativo
quero
queres
quer
queremos
quereis
querem
Presente do
subjuntivo
queira
queiras
queira
queiramos
queirais
queiram
Crer
Presente do
indicativo
creio
crês
crê
cremos
credes
creem
Presente do
subjuntivo
creia
creias
creia
creiamos
creiais
creiam
- Para Otelo Reis(1994), Cadore (1989), Almeida (1981) e Russo(1997), alguns verbos, cuja
vogal radical é -o (cobrir, dormir, explodir, engolir, tossir), mudam essa vogal por -u na primeira
pessoa do singular do presente de indicativo e em todas as pessoas do presente do subjuntivo, como
nos exemplos abaixo:
Cobrir
Presente do
indicativo
cubro
cobres
cobre
cobrimos
cobris
cobrem
Presente do
subjuntivo
cubra
cubras
cubra
cubramos
cubrais
cubram
Domir
Presente do
indicativo
durmo
dormes
dorme
dormimos
dormis
dormem
Presente do
subjuntivo
durma
durmas
durma
durmamos
durmais
durmam
Português Intercultural
121
- De acordo com Terra (1991), certos verbos, cuja vogal do radical é -e, mudam essa vogal
por -i, primeira pessoa do singular do presente de indicativo e em todas as pessoas do presente de
subjuntivo: competir, conseguir, advertir, divertir-se, assentir, conferir:
Advertir
Presente do
Presente do
indicativo
subjuntivo
advirto
advirta
advertes
advirtas
adverte
advirta
advertimos
advirtamos
advertis
advirtais
advertem
advirtam
Servir
Presente do
Presente do
indicativo
subjuntivo
sirvo
sirva
serves
sirvas
serve
sirva
servimos
sirvamos
servis
sirvais
servem
sirvam
Conseguir
Presente do
Presente do
indicativo
subjuntivo
consigo
consiga
consegues
consigas
consegue
consiga
conseguimos consigamos
conseguis
consigais
conseguem
consigam
- Já os verbos, cuja vogal do radical é -u (acudir, fugir, cuspir, sacudir, subir, sumir), mudam
essa vogal por -o na segunda e terceira pessoas do singular e na terceira do plural do presente do
indicativo. No presente de subjuntivo, não se dá tal irregularidade, conforme exemplos abaixo:
Acudir
acudo
acodes
acode
acudimos
acudis
acodem
Presente de indicativo
Fugir
Cuspir
fujo
cuspo
foges
cospes
foge
cospe
fugimos
cuspimos
fugis
cuspis
fogem
cospem
Sumir
sumo
somes
some
sumimos
sumis
somem
- Os verbos terminados em -ecer, mudam o -c em -ç na primeira pessoa do singular do
presente de indicativo. No presente de subjuntivo, a mudança se mantém em todas as pessoas:
conhecer, adormecer, agradecer, aparecer, crescer, enriquecer:
Aparecer
Presente do
Presente do
indicativo
subjuntivo
apareço
apareça
apareces
apareças
aparece
apareça
aparecemos
apareçamos
apareceis
apareçais
aparecem
apareçam
122
Português Intercultural
Crescer
Presente do
Presente do
indicativo
subjuntivo
cresço
cresça
cresces
cresças
cresce
cresça
crescemos
cresçamos
cresceis
cresçais
crescem
cresçam
Conhecer
Presente do
Presente do
indicativo
subjuntivo
conheço
conheça
conheces
conheças
conhece
conheça
conhecemos
conheçamos
conheceis
conheçais
conhecem
conheçam
- Há certos verbos que possuem irregularidades especiais. Transcrevemos os que oferecem
maior dificuldade para os professores e alunos indígenas. Como podemos observar, em todas as
pessoas do presente de subjuntivo, seguem normalmente a irregularidade da primeira pessoa do
singular do presente do indicativo.
Caber
Presente do
Presente do
indicativo
subjuntivo
caibo
caiba
cabes
caibas
cabe
caiba
cabemos
caibamos
cabeis
caibais
cabem
caibam
Dizer
Presente do
Presente do
indicativo
subjuntivo
digo
diga
dizes
digas
diz
diga
dizemos
digamos
dizeis
digais
dizem
digam
Fazer
Presente do
Presente do
indicativo
subjuntivo
faço
faça
fazes
faças
faz
faça
fazemos
façamos
fazeis
façais
fazem
façam
Ler
Presente do
Presente do
indicativo
subjuntivo
leio
leia
lês
leias
lê
leia
lemos
leiamos
ledes
leiais
leem
leiam
Ouvir
Presente do
Presente do
indicativo
subjuntivo
ouço
ouça
ouves
ouças
ouve
ouça
ouvimos
ouçamos
ouvis
ouçais
ouvem
ouçam
Pôr
Presente do
Presente do
indicativo
subjuntivo
ponho
ponha
pões
ponhas
põe
ponha
pomos
ponhamos
pondes
ponhais
põem
ponham
Sair
Presente do
Presente do
indicativo
subjuntivo
saio
saia
sais
saias
sai
saia
saímos
saiamos
saís
saiais
saem
saiam
Ter
Trazer
Presente do
Presente do
indicativo
subjuntivo
trago
traga
trazes
tragas
traz
traga
trazemos
tragamos
trazeis
tragais
trazem
tragam
Presente do
indicativo
tenho
tens
tem
temos
tendes
têm
Ver
Presente do
indicativo
vejo
vês
vê
vemos
vedes
veem
Presente do
subjuntivo
veja
vejas
veja
vejamos
vejais
vejam
Presente do
subjuntivo
tenha
tenhas
tenha
tenhamos
tenhais
tenham
Vir
Presente do
indicativo
venho
vens
vem
vimos
vindes
vêm
Presente do
subjuntivo
venha
venhas
venha
venhamos
venhais
venham
Português Intercultural
123
f) Irregularidades dos pretéritos
A conjunção do pretérito apresenta bastantes variações. A base léxica das irregularidades
dos passados é o presente ou pretérito perfeito do indicativo, conforme exemplos abaixo:
Andar
andei
andaste
andou
andamos
andastes
andaram
Ler
li
leste
leu
lemos
lestes
leram
Saber
soube
soubeste
soube
soubemos
soubestes
souberam
Caber
coube
coubeste
coube
coubemos
coubestes
couberam
Pretérito Perfeito
Conduzir
Dar
conduzi
dei
conduziste
deste
conduziu
deu
conduzimos
demos
conduzistes
destes
conduziram
deram
Dizer
disse
disseste
disse
dissemos
dissestes
disseram
Morrer
morri
morreste
morreu
morremos
morrestes
morreram
Pretérito Perfeito
Poder
Pôr
pude
pus
pudeste
pusestes
pôde
pôs
pudemos
pusemos
pudestes
pusestes
puderam
puseram
Querer
quis
quiseste
quis
quisemos
quisestes
quiseram
Ter
tive
tiveste
teve
tivemos
tivestes
tiveram
Pretérito Perfeito
Trazer
Ver
trouxe
vi
trouxeste
viste
trouxe
viu
trouxemos
vimos
trouxestes
vistes
trouxeram
viram
Fazer
fiz
fizeste
fez
fizemos
fizestes
fizeram
Rir
ri
riste
riu
rimos
ristes
riram
Vir
vim
vieste
veio
viemos
viestes
vieram
g) Irregularidades dos futuros
As formas do futuro do indicativo da língua portuguesas sofrem poucas variações. Só
especificamos as formas do futuro do presente, pois as do pretérito seguem o mesmo modelo de
conjugação:
124
Português Intercultural
Futuro do presente de indicativo
Dizer
Fazer
Trazer
direi
farei
trarei
dirás
farás
trarás
dirá
fará
trará
diremos
faremos
traremos
direis
fareis
trareis
dirão
farão
trarão
h) Irregularidades dos imperativos
As formas imperativas da segunda pessoa são pouco usadas no português brasileiro, isso
se deve à pouca frequência de uso, ou pela falta de costume. A seguir apresentamos as formas de
alguns verbos irregulares de uso mais frequente;
Dizer
diz/dize
não digas
diga
digamos
dizei
não digais
digam
Sair
sai
na saias
saia
saiamos
saí
não saias
saiam
Fazer
faz/faze
não faças
faça
façamos
fazei
não façais
façam
Imperativos
Fugir
Ir
foge
vai
não fujas
não vás
fuja
vá
fujamos
vamos
fugi
ide
não fujais
não vades
fujam
vão
Pedir
pede
não peças
peça
peçamos
pedi
não peçais
peçam
Seguir
segue
não sigas
siga
sigamos
segui
não sigais
sigam
Imperativos
Ser
Ter
sê
tem
não sejas
não tenhas
seja
tenha
sejamos
tenhamos
sede
tende
não sejais
não tenhais
sejam
tenham
Trazer
traz/traze
não tragas
traga
tragamos
trazei
não tragais
tragam
Pôr
põe
não ponhas
ponha
ponhamos
ponde
não ponhais
ponham
Vir
vem
não venhas
venha
venhamos
vinde
não venhas
venham
2.11. Irregularidades - formas nominais: particípio e gerúndio
Em português, há certas alterações ortográficas ocorridas nas formas nominais, conforme
apresentamos, a seguir, alguns casos de particípios irregulares de uso mais frequente:
Português Intercultural
125
a) Alguns particípios e gerúndios irregulares
Infinitivo
abrir
cobrir
dizer
escrever
fazer
morrer
pôr
satisfazer
ter
ver
vir
Particípio
aberto
coberto
dito
escrito
feito
morto (morrido)
posto
satisfeito
tido
vendo
visto
Gerúndio
abrindo
cobrindo
dizendo
escrevendo
fazendo
morrendo
pondo
satisfazendo
tendo
vendo
vindo
2.12. As vozes verbais: ativa, passiva e reflexiva
A Língua Portuguesa possui um único modelo verbal, que chamamos de voz ativa. A voz
passiva portuguesa, portanto, deve ser considerada apenas uma frase verbal que modifica o conceito
da ação, semelhante à voz ativa, com ressalva de que usa o verbo auxiliar ser no lugar de ter (ou
haver) junto com o particípio do verbo principal (somos amados, foi vendido, era considerado...);
ou, então, uma formulação invertida dos verbos transitivos: o objeto direto da voz ativa (Os índios
mataram a paca.) se torna sujeito da voz passiva (A paca foi morta pelos índios.), na voz reflexiva,
o modelo verbal fica inalterado, como na passiva, com a diferença de que o sujeito é agente e
paciente ao mesmo tempo (Os índios se abraçam após a corrida da tora.).
É importante ressaltar que o uso da voz passiva é muito frequente em português,
principalmente, da analítica (O caçador foi surpreendido pela presença dos indígenas.).
Vozes verbais
Voz ativa: o sujeito é agente da ação: Os índios plantam mandioca:
Elementos:
- Sujeito: os índios;
- Predicado verbal: plantam;
- Objeto direto: mandioca;
- Voz passiva: o sujeito sofre a ação:
- Analítica: a inversão da ação é apresentada com todos os termos: Mandioca é
plantada pelos índios;
126
Português Intercultural
- Sintética: a inversão do processo é simplificada: Planta-se mandioca.
Elementos da voz passiva analítica:
- Sujeito paciente: mandioca;
- Predicado nominal: é plantada;
- Agente da passiva: pelos índios.
- Voz reflexiva: o sujeito é agente e paciente ao mesmo tempo.
- Simples: machucar-se, ferir-se; cortar-se;
- Recíproca: abraçar-se, conhecer-se;
- Dinâmica: ir-se, levantar-se, vestir-se;
- Pronominal: queixar-se, atrever-se, arrepender-se, zangar-se.
Para tratarmos do aspecto verbal em português, apoiamo-nos nas bases teóricas de Masip
(2000), Coroa (2005), Lemos (1991) , dentre outros.
2.13. O aspecto verbal - relação com o significado e com o tempo. Perífrases
O aspecto verbal é um conceito que acaba todos os matizes da progressão verbal, tanto do
ponto de vista do significado quanto a dimensão cronológica de ações e processos.
a) Aspecto e significado
Alguns verbos denotam ações completas, isto é, que se realizam no momento em que se
formulam: ver, ouvir, entender, pegar, largar. São os chamados verbos permanentes.
Outros, porém, segundo estes autores:
- Expressam apenas começo de uma determinada ação ou a passagem a um novo estado:
anoitecer, nascer. São os verbos incoativos;
- Designam ações frequentes ou habituais: apedrejar, pregar. São os verbos frequentativos;
- Para expressar completamente a ação precisam concluí-la: comer, pintar. São os verbos
conclusivos.
b) Aspecto e tempo (“verbo comprar”)
Além do presente, do passado e do futuro, existe a dimensão de tempo acabado (Comprei
um colar.) e de tempo inacabado (Compro um cavalo), e de ação imediatamente anterior (Quando
o telefone tocou, a enfermeira já tinha fechado o posto de saúde.) ou posterior à outra (Quando
Português Intercultural
127
chegar à aldeia, minha mulher terá acabado de almoçar.).
Para Otelo Reis (1994) e Coroa (2005), os tempos simples (faço, fazia, farei, faria...)
transmitem a noção de ação inacabada (exceto o pretérito perfeito do indicativo [fiz]), e os
compostos (tinha feito, teria feito, tivesse feito...), de ação acabada (exceto o pretérito perfeito
composto do indicativo - tenho feito).
c) Aspecto e forma - as perífrases
Perífrases são locuções ou fórmulas verbais que indicam obrigação, conjetura ou progressão
cronológica. Apresentamos, a seguir, as mais comuns na língua portuguesa:
- De obrigação peremptória (iniludível) ou moral:
Haver de + infinitivo: Hei - de correr muito com a tora.
Ter que + infinitivo: Temos que cantar no pátio.
Dever + infinitivo: Deves trabalhar na roça hoje.
- De dúvida ou conjectura:
Dever + infinitivo: Devem ser dez homens.
- Que indica ações a ponto de começar (aspecto ingressivo):
Ir + infinitivo: Vou trabalhar.
Passar a + infinitivo: Passemos a comentar o acontecido.
Estar a ponto de + infinitivo: A aula está a ponto de começar.
Estar para + infinitivo: Está para acontecer uma grande festa na aldeia.
- Que indica ações no momento em que começam (aspecto incoativo):
Pôr-se a + infinitivo: Pôs-se a dançar e a contar no pátio.
- Que indicam ações em desenvolvimento (aspecto durativo):
Continuar + gerúndio: Continuo caçando todas as noites.
Estar + gerúndio: Estou chamando minha mulher.
Andar + gerúndio: Meu irmão anda conversando o que não deve.
Estar a + infinitivo: Estou a fazer o paparuto.
- Que indicam ações acabadas (aspecto resultativo):
Estar + particípio: O paparuto está feito.
Deixar + particípio: Mulher, deixo prontos o feijão e a carne.
Ter + particípio: Você tem comprado açúcar e café.
Ficar + particípio: Fiquei animado com as festas.
Acabar + infinitivo: Acabei de caçar um tatu.
128
Português Intercultural
2.14.Advérbio
a) Definição e classificação
O advérbio é uma classe de palavra modificadora, que por si só, expressa uma circunstância
(de tempo, modo, intensidade, etc.). Constitui-se de uma palavra de natureza nominal ou pronominal
que, geralmente, se refere ao verbo, ao adjetivo ou advérbio.
Quanto ao estudo do advérbio, os gramáticos costumam classificá-lo como palavra que
basicamente modifica o verbo, acrescentando-lhe uma circunstância, nesse sentido, Maia (1994),
Bechara (2003), Nicola e Terra (2004), Perini( 1995), Epstein (1993), Kury( 1987), fornecem uma
importante contribuição para o estudo do advérbio, conforme examinaremos a seguir:
- Para os autores, os advérbios são Consideradas palavras:
Tônicas, acentuadas ortograficamente algumas vezes: comi bem, sinto-me mal,
durmo muito; algumas delas .
Já os adjetivos aos quais é acrescentado sufixo –mente, podem levar dois acentos
prosódicos: fiz normalmente a prova; tudo acabará pacificamente;
Léxicas denotativas, de significado pleno fora de contexto (os advérbios de modo):
dormi bem, comportou-se mal, encontra-se pior, sente-se melhor, evolui regularmente, reagiu
positivamente, ou gramaticais, de significado apenas conotativo, ou seja, acidental, contextual (os
demais advérbios), chega antes, também janta. São invariáveis; mas qualificam:
Verbos, como adjuntos ou determinantes no próprio sintagma verbal, por ele regidos
(Saio confiadamente; Sofro muito; Corro agora; sairei depois.);
Adjetivos (pessoa mal preparada);
Outros advérbios (corri especialmente bem.).
- Classificação adverbial
Advérbios nominais:
De lugar: longe, perto, dentro, além, acima, abaixo;
De tempo: depois / logo; cedo, tarde, brevemente;
De modo: bem, mal; adjetivos adverbializados: alto / baixo, caro, barato; adjetivos
transformados em advérbios mediante o acréscimo do sufixo -mente: somente, rapidamente,
subitamente;
Intensidade: muito, pouco, bastante, demais;
De dúvida: quiçá, talvez, porventura, possivelmente;
De afirmação: sim, certamente, efetivamente, indubitavelmente, decerto;
Negação: não
Português Intercultural
129
Advérbios pronominais: substituem os advérbios pronominais ditos:
- Não interrogativas:
Demonstrativos: aqui, aí, ali, lá, hoje, ontem, amanhã, agora, então, assim;
Relativos: como, quando, onde;
Indefinidos: sempre, nunca, não;
Interrogativas (e exclamativas): (onde?!, quando?!, como?!)
Observação: - No ponto de vista semântico, há dois tipos de advérbios claramente
diversificados: aqueles que acrescentam uma carga de sentido essencial ao verbo (Antônio fala bem,
aproximadamente, convenientemente.) e os que se limitam e acrescentam informações acidentais
às ações, estados e processos (Maria fala aqui, agora, perto, longe.). Os primeiro são os advérbios
de modo, e os segundos, todos os demais.
- A distinção entre advérbios nominais e pronominais é de natureza sintática (dêitica).
Aquelas transmitem qualidades, e estes apenas os substituem com recursos referenciais contextuais
(aqui, ali, antes, depois, sempre, nunca) ou subjetiva (partículas interrogativas ou exclamativas).
b) Graus do advérbio
Os advérbios aceitam graus, como o adjetivo, e o fazem de modo semelhante:
- Comparativos de igualdade: Fica tão longe quanto a sua aldeia;
- Comparativos de superioridade: Fica mais perto do que a nossa aldeia, pertíssimo;
- Comparativos de inferioridade: A aldeia dele é menos distante do que a sua.
Exercício
Formação de palavras: radicais, afixos e conexões
1. Alguns indígenas saíram da escola decepcionados com o professor.
- Alguns: radical / morfema flexional, masculino, plural.
- Índios: indi: radical; gen: morfema derivacional, sufixo transformador; os: morfema
flexional, masculino, plural.
- Saíram: saí: radical; ram: morfema flexional, terceira pessoa do plural, do pretérito
perfeito do indicativo, da terceira conjugação, voz ativa, aspecto acabado.
- Da (de + a): radical / morfema conectivo / morfema flexional, feminino singular.
- Escola: escol: radical; a: morfema flexional, feminino, singular.
- Decepcionados: decepcion: radical; ad: morfema derivacional, sufixo
transformador; os: morfema flexional, masculino plural.
130
Português Intercultural
- Com: radical / morfema conectivo.
- O: radical/ morfema conectivo.
- Professor: profess: radical; or: morfema derivacional, sufixo transformador /
morfema flexional, masculino, singular.
2. Os funcionários da Escola confraternizaram no pátio.
- Os: radical / morfema flexional, masculino, plural.
- Funcionários: funcion: radical; ari: morfema derivacional, sufixo transformador;
os: morfema flexional, masculino, plural.
- Da (de + a) radical / morfema conectivo / morfema flexional, feminino, singular.
- Escola: escol: radical; a: morfema flexional, feminino, singular.
- Confraternizaram: com: morfema derivacional prefixo; fraterniz: radical; aram:
morfema flexional, terceira pessoa do plural, do pretérito perfeito do indicativo, da primeira
conjugação, voz ativa, aspecto acabado.
- No (em + o): radical / morfema conectivo / morfema flexional, masculino, singular.
- Pátio: radical / morfema flexional, masculino, singular.
3. Os profissionais da FUNASA trabalham à noite.
- Os: radical / morfema flexional, masculino, plural.
- Profissionais: profiss: radical; ionais: morfema derivacional, sufixo transformador
/ morfema flexional, masculino, plural.
- Da: (de + a) radical / morfema conectivo / morfema flexional, feminino, singular.
- FUNASA: radical / morfema flexional, feminino, singular.
- Trabalham: trabalh: radical; am: morfema flexional, terceira pessoa do plural, do
presente do indicativo, primeira conjugação, voz ativa, aspecto inacabado.
- À (a + a): radical / morfema conectivo / morfema flexional, feminino, singular.
- Noite: noit: radical; e: morfema flexional, feminino, singular.
4. São indígenas aquelas meninas pintadas de vermelho?
- São: radical / morfema flexional, terceira pessoa do plural do presente do indicativo,
segunda conjugação, voz ativa, aspecto inacabado.
- Indígenas: indi: radical; gen: morfema derivacional, sufixo transformador; as:
morfemas flexionais, feminino, plural.
- Aquelas: aquel: radical; as: morfemas flexionais, feminino plural.
- Meninas: menin: radical; as: morfemas flexionais, feminino, plural.
- De: radical / morfema conectivo.
- Vermelho: vermelh: radical; o: morfema flexional, masculino singular.
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5. Muitos velhinhos supervalorizam a cultura nos últimos dias de vida.
- Muitos: muit: radical; os: morfema flexional, masculino, plural.
- Velhinhos: velh: radical; inh: morfema derivacional, sufixo modificador diminutivo;
os: morfema flexional, masculino, plural.
- Supervalorizam: super: morfema derivacional prefixo; valoriz: radical; am:
morfema flexional, terceira pessoa do plural do presente do indicativo, primeira conjugação, voz
ativa, aspecto inacabado.
- A: radical / morfema flexional, feminino, singular.
- Cultura: cultur: radical; a: morfema flexional, feminino, singular.
- Nos (em + os): radical / morfema conectivo / morfema flexional, masculino, plural.
- Últimos: ultim: radical; os: morfema flexional, masculino, plural.
- Dias: dia: radical / morfema flexional, masulino, singular; s: morfema flexional,
plural.
- Da (de + a): radical / morfema conectivo,; morfema flexional, feminino, singular.
- Vida: vid: radical; a: morfema flexional, feminino, singular.
6. Um cacique foi parabenizado pelos indígenas da aldeia.
- Um: radical / morfema flexional, masculino, singular.
- Cacique: caciqu: radical; e: morfema flexional, masculino, singular.
- Foi parabenizado: foi: radical / morfema flexional, terceira pessoa do singular,
do pretérito perfeito do indicativo, segunda conjugação, voz passiva (junto com o particípio que
o segue), aspecto acabado; parabeniz: radical; ad: morfema derivacional, sufixo transformador; o:
morfema flexional, masculino, singular.
- Pelos (per + os): radical / morfema conectivo / consoante de ligação / morfema
flexional nominal, masculino, plural.
- Indígenas: indí: radical; gen: morfema derivacional, sufixo transformador; as:
morfema flexional, masculino, plural.
- Da (de + a): radical / morfema conectivo / morfema flexional, feminino singular.
- Aldeia: aldei: radical; a: morfema flexional, feminino, singular.
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Exercícios de pessoa, número, tempo, modo, conjugação, voz e aspectos verbais
1. Exercícios de pessoa e número verbais, preencha os espaços com os pronomes adequados:
Exemplo: Ele foi caçar.
a) __________________ iremos juntos pescar no rio.
b) (tratamento, intimidade) _________________ ficarão na aldeia até a nossa volta da roça.
c) Façam (tratamento respeito) __________________ os desenhos que quiserem até a hora
de a aula termina.
d) Pergunte (tratamento, intimidade) __________________ ao chefe o que quiser.
e) (tratamento, intimidade) _______________ sempre consegue o que quer com o cacique.
f) __________________ sempre somos fiéis a nossa cultura.
g) (reto, feminino) ______________ sempre perguntas ao professor, mas ele não responde.
h) __________________ sempre podem, mas não agradecem.
2. Exercícios de tempos, modos e conjugações verbais (indicativo).
Exemplo: Quando era criança, morava com a minha avó, na aldeia velha.
a) Hoje pela manhã (ir, eu) ____________ à roça. Ontem (ficar,eu)___________ na aldeia.
b) Quando eu era criança (passar) __________________ dias com meus avós.
c) Quando morava na cidade, (sofrer, ele) ________________ com muita saudade dos pais.
d) Amanhã (sair, vocês) __________________ cedo para a roça.
e) Cheguei a casa cedo. Meu filho já (estar) __________________ brincando.
f) Josué escorregou ontem no rio quando saía do banho. (acontecer) _____________ a
mesma coisa comigo ontem.
g) Quando (sair, você) ______________ da aldeia, o cacique chegou.
3. Exercícios de tempos, modos e conjugações verbais (subjuntivo).
Exemplo: espero que matem muitos peixes.
a) Talvez (chegar, eu) __________________ à aldeia cedo.
b) Espero que meu irmão (lembre-se) __________________ de comprar fumo e café.
c) Se (ser, ele) __________________ aprovado no vestibular, ficaria feliz.
d) Se (estudar) __________________, passaria em todas as matérias.
e) Trabalharíamos mais se (ter) __________________ salário.
f) Talvez (conseguir, ele) __________________ chegar na frente de todos.
g) Talvez (receber, eu) __________________ o contrato esse mês.
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4. Exercícios de tempos, modos e conjugações verbais (imperativos afirmativos).
Exemplo: Tome o café rápido.
a) Emprestei-lhe a espingarda só por um dia. (devolver, com um pronome) ____________.
b) Faz meia hora que o suco está pronto. (beber, com o pronome, vocês) ______________
logo.
c) A esteira está no nosso quarto. (forrar, com um pronome, você) _____________ já.
d) Esqueci as ferramentas na beira do rio. (trazer, com um pronome, tu) __________, por
favor.
e) Seus filhos andam cansados. (tratar, com um pronome, vocês)____________________
com mais cuidado.
f) Não estou com vontade de caçar hoje. (fazer, com um pronome)____________________,
por favor, meu pai.
5. Exercícios de tempos, modos e conjugações verbais (imperativos negativos).
Exemplo: Não vá à roça hoje.
a) Deixe-me a enxada. Não (levar, com um pronome) __________________, por favor.
b) Ajude-me a ficar aqui. Não (ir) __________________ agora.
c) Esses tatus são para a sua mãe. Não (comer, com um pronome, vocês) _________________.
d) O cacique precisa do machado. Não (esconder, com um pronome, vocês) ______________.
e) Sua irmã nos emprestou um quilo de arroz. Não (demorar, nós) _______________em
devolvê-lo.
f) Deixem-nos quietos. Não (incomodar, com um pronome, vocês) __________________.
g) Lembrem-se de pegar a sua irmã. Não (esquecer, com um pronome, vocês) __________.
6. Exercícios de tempos, modos e conjugações verbais (formas não- conjugadas).
Exemplo: Os índios estão falando do chefe de posto.
a) Alguém está (abrir) __________________ a porta.
b) O índio está (trazer) __________________ a carne.
c) A mesa ficou (arrumar) __________________ na hora do almoço.
d) O chefe ficou (satisfazer) __________________ com as explicações do cacique.
e) Foi surpreendido (descobrir) __________________ os não-indígenas na reserva.
f) Se sentiu (trair) __________________ por todos os índios da aldeia.
g) Uma vez (resolver) __________________ o problema, vamos embora para a aldeia.
h) A chuva me alcançou (voltar) __________________ para a aldeia.
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7. Exercícios de verbos irregulares (presente do indicativo e subjuntivo).
Exemplo: Na aldeia, não comem peixe de couro.
a) Sinto muito, mas não (poder, nós) __________________ ficar nessa aldeia.
b) Chegando em casa, deito-me cedo e (dormir) __________________ logo, pois amanhã
vou caçar.
c) Talvez (querer, ele) __________________ visitar-me amanhã, na aldeia nova.
d) Eu (preferir) __________________ dormir cedo e levantar cedo.
e) Eu lhe (pedir) __________________ que tenha paciência comigo, pois eu estou doente.
f) O filho mais velho sempre (pedir) __________________ uma espingarda nova.
8. Exercícios de irregulares de verbos irregulares (presente do indicativo e subjuntivo).
Exemplo: Talvez pareçamos nossos parentes índios.
a) Deixe que (servir, nós) __________________ o nosso cacique.
b) O caçador que (fugir) __________________, quase sempre está caçando na reserva.
c) É melhor que (fugir, nós) __________________ antes que o dono da terra chegue.
d) Mesmo que (fazer) __________________ frio, continuo correndo com a tora, na aldeia.
e) Ele somente (subir, ele) __________________ na árvore quando as frutas estiverem
maduram.
f) Eu (parecer) _________________ com o meu irmão em quase tudo, até nas brincadeiras.
g) Mesmo que (ouvir, você) __________________ gritos, consegue sair da mata.
h) (Desconhecer, eu) __________________ índios que não gostam de comer caça.
9. Exercícios de verbos irregulares (presente do indicativo e subjuntivo).
Exemplo: Talvez ainda produzam milho colorido.
a) Talvez (conhecer, vocês) __________ algum índio forte, jovem e guerreiro.
b) Meu irmão não quer emprestar a espingarda. Talvez minha mulher o (convencer)
__________.
c) (fazer) __________ frio ou calor, canto no pátio todas as noites.
d) Eu sou muito fraco; não (correr, eu) ____________ com tora.
e) Meus filhos sempre (sumir) ____________ na mata.
f) Os alimentos (subir) ____________ quando compramos fiado.
g) Quem (fugir) ____________ na hora da corrida da tora, não será índio forte.
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10. Exercícios de verbos irregulares (presente do indicativo e subjuntivo).
Exemplo: Por favor, ouça o que o cacique está falando.
a) (fazer) __________ um arco e flecha para o chefe.
b) A cada dia que passa, (ouvir) __________ falo mais nas festas culturais.
c) O que fazer para que as crianças (ler) __________ mais na escola.
d) Mesmo que (pôr, tu) __________ enfeites nas crianças, elas não gostam.
e) Talvez (surgir) __________ alguma oportunidade para eu trabalhar na escola.
f) Seu irmão talvez (estar) __________ envergonhado de usar pinturas.
g) Para que teus irmãos te (dar) __________ mais comida, ajude-os.
h) Que (vir) __________ o segundo índio.
11. Exercícios de verbos irregulares (pretéritos).
Exemplo: Se eles se arrependessem, o velho não furaria as orelhas.
a) Na semana passada, (dar, eu) ___________ uma paca ao meu cunhado e depois
(arrepender-se) ____________.
b) Ontem (andar, nós) __________ o dia inteiro na mata caçando veado.
c) Mesmo sendo dez pessoas, (caber, nós) __________ todos no carro.
d) No ano passado, não (poder) __________ evitar as doenças das crianças.
e) Os corredores (dar) __________ tudo de si, mas perderam a corrida para as mulheres.
f) Só (saber, nós) __________ o que tinha acontecido, na aldeia velha.
g) Naquela época (ter, nós) __________ que suportar todo tipo de doença, pois não tinha
médico.
h) Finalmente, os jovens (dizer, eles) __________ ao cacique onde tinham encontrado os
caçadores.
12. Exercícios de verbos irregulares (pretéritos).
Exemplo: Meus tios trouxeram a tora grande para aldeia.
a) O que (dizer, nós) __________ da festa do ano passado.
b) Meu irmão (trazer) __________ a caça que me prometeu.
c) Mesmo sem coragem, (querer ele) __________ caçar sozinho.
d) (fazer, nós) __________ ontem o que o cacique pediu.
e) (vir, ele) __________ ontem de Araguaína.
f) (rir, nós) __________ a noite inteira ouvindo as brincadeiras dos velhos no pátio.
g) (morrer, o tatu) __________ de fome e sede.
h) (seguir, ele) __________ na mata, mesmo sabendo o perigo que corria, porque tem
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muitas cobras.
13. Exercícios de verbos irregulares (futuros).
Exemplo: O homem pescara o dia inteiro.
a) (fazer, nós) __________ a espera mais tarde?
b) (trazer, eles) __________ a caça para os velhos?
c) (dizer, tu) __________ a tua mãe o que fizeste?
d) (fazer) __________ ele o cofo ainda esta noite?
e) (fazer, nós) __________ o paparuto como os velhos mandaram?
f) Estou certo de que (dizer, eles) __________ a verdade, sobre a pescaria.
g) Este animal (trazer) __________ sorte a quem o criar.
h) (dizer, eles) __________ velhos, que foram para a cidade?
14. Exercícios de verbos irregulares (imperativos afirmativos).
Exemplo: Fujam da minha frente, disse o cacique.
a) (fazer, nós) __________ todos os bolos.
b) (pôr, você) __________ esteira todas as carnes.
c) (ter, você) __________ paciência; não aconteceu nada com eles.
d) (dizer, vocês) __________ o que quiserem, para o chefe do posto.
e) (ir) __________ arrancar mandioca, mas voltem logo.
f) Se parecer algum perigo na mata, (sair, você) __________ corra (vir) __________ para
aldeia.
g) (descer) __________ da árvore, (seguir) __________ em frente até chegar ao ribeirão.
h) (pedir) __________ para a madrinha fazer os enfeites dos noivos.
15. Exercícios de verbos irregulares (imperativos negativos).
Exemplo: Não ponham o tatu na água.
a) Não (fazer, vocês) __________ fogo perto da casa.
b) Não (pôr, nós) __________ as mandiocas na água.
c) Atravesse o rio. Não (ter) __________ medo.
d) Para evitar fofoca, não (dizer) __________ o que ouviu falar ontem.
e) Pintem-se adequadamente. Não (ir) __________ de qualquer maneira, para festa da tora.
f) Não (sair, nós) __________ tão cedo. Há essa hora a aldeia está deserta.
g) Estou triste. Não (seguir, vocês) __________ as ideias do chefe.
h) Chega. Não (pedir, vocês) __________ mais comida.
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16. Exercícios de verbos reflexivos.
Exemplo: Não se aborreça com os velhos.
a) (entristecer-se, eu, presente do indicativo) ________ com a bebida alcoólica nas aldeias.
b) (alegrar, a mim, presente do indicativo) ___________ saber que estamos preservamos
nossa língua e nossa cultura.
c) Não (iludir-se, você, imperativo) __________ com as conversas do chefe.
d) (consolar-se, nós, imperativo) __________ com os conselhos do cacique.
e) Meu avô (queixar-se, pretérito perfeito do indicativo) __________ de seu neto.
f) José (admirar-se, pretérito perfeito do indicativo) __________ da reação das crianças.
g) O filho mais velho (virar-se, pretérito perfeito do indicativo) __________ para a mãe e
falou para ela sair da aldeia.
h) Os índios (virar-se, presente do indicativo) __________ como podem para sobreviver a
tantas doenças.
17. Exercícios de verbos reflexivos.
Exemplo: Pintemo-nos todos lá no pátio.
a) (Pintar-se, vocês, imperativo) __________ e peguem o resto da tinta e levem para casa.
b) As crianças (arrumar-se, presente do indicativo) ______________ com cuidado, para
não caírem.
c) Anteontem os índios (ajudar-se, pretérito perfeito do indicativo) ______________ uns
aos outros na hora de pegarem os peixes e mandioca.
d) As mulheres (entender-se, presente do indicativo) _____________ perfeitamente uma
conversa em português.
e) O bando (aproxima-se, pretérito perfeito do indicativo) _____________ e começou a
comer o milho.
f) As mulheres (tranca-se, pretérito perfeito do indicativo) _____________ na casa com
medo dos não-indígenas, que estavam na aldeia.
g) Os jovens (pintar-se, pretérito perfeito do indicativo) _____________ antes de sair para
o pátio.
h) Quem não (controlar-se, presente do indicativo) _________________ não pode viver em
sociedade indígena.
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18. Transformem em voz passiva analítica as seguintes orações.
Exemplo: Os nossos corredores foram vencidos pelos adversários.
a) Josué comprou cinco colares na aldeia nova.
________________________________________________________________________
b) Umas mulheres pintaram vários desenhos com lápis de cor.
________________________________________________________________________
c) Cinco índios jovens conquistaram sete medalhas nos jogos olímpicos de Palmas.
________________________________________________________________________
d) As pessoas ricas compram muitos artesanatos.
________________________________________________________________________
e) Alguns jovens trocam as atividades domésticas por outras voltadas para cultura.
________________________________________________________________________
f) Os índios velhos preservam constantemente a cultura de seu povo.
________________________________________________________________________
g) Os índios novos aprendem rapidamente a língua dos não-indígenas.
________________________________________________________________________
h) Pessoa esperta adquire a língua dos não-indígenas nas interações intergrupo
________________________________________________________________________
19. Transformem em voz passiva sintética as seguintes orações.
Exemplos: vendem-se duas antas novinhas.
a) Nesta aldeia há bichos à venda.
________________________________________________________________________
b) Esta casa serve almoço variado todas às semanas.
________________________________________________________________________
c) Aquele índio empresta a enxada.
________________________________________________________________________
d) Este menino compra colar e flecha.
________________________________________________________________________
e) Nesta aldeia oferecemos caças e peixes durante as festas.
________________________________________________________________________
f) Traduzimos qualquer frase em português.
________________________________________________________________________
g) Vendemos papagaios.
________________________________________________________________________
h) Trocamos animais silvestres.
________________________________________________________________________
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20.
Pratique as perífrases verbais de infinitivo, de natureza aspectual, que marcam
diversos tipos de progressão no predicado.
Exemplo: Hoje, temos que nos decidir na reunião com o cacique.
a) Vocês (ter que, mais infinitivo) __________ os cofos antes que chegue o comprador.
b) As pessoas velhas (ter que, mais infinitivo) __________ para não perder o médico.
c) Seus avós (dever, mais infinitivo) __________ os remédios pra ficar bom logo.
d) Já (dever, mas infinitivo) __________ dez horas da manhã.
e) Meu irmão e eu (ir, mais infinitivo) __________ com uns amigos para pescar no lago.
f) Naquele momento, (estar a ponto de, mais infinitivo) __________ sem que ninguém
percebesse, mas a onça nos atacou.
g) (estar para, mais infinitivo) __________ um ataque de abelhas.
h) Os índios (ir, mais infinitivo) __________ a pescaria às dez horas.
i) Quando o cantor (pôr-se a, mais infinitivo) __________ o pátio já estava cheio.
j) A velha (dever, mais infinitivo) __________ centena anos.
21. Pratique as perífrases verbais de gerúndio e particípio, de natureza aspectual, que
marcam diversos tipos de progressão na predicado.
Exemplo: meus pais continuam colhendo coco de babaçu.
a) Meu irmão e eu (seguir, mais gerúndio) __________ juntos todos os dias na roça.
b) O índio (estar, mais gerúndio) __________ o cacique faz uma hora.
c) O chefe (andar, mais gerúndio) __________ demais e muitos não suportam.
d) A reunião (estar, mais particípio) __________ desde cedo.
e) Teus irmãos (ter, mais particípio) __________ todas as corridas de tora.
f) Os corredores machucados (seguir, mais gerúndio) __________ como se nada tivesse
acontecido.
g) Os índios (estar, mais particípio) __________ para enfrentar qualquer luta com os
invasores.
h) Os índios (andar, mais gerúndio) __________ que invasão está para acontecer.
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2.15. Classes de conexão: preposições e conjunções
2.15.1. A preposição
a) Definição e classificação
Para classificação das proposições, utilizamos as bases teóricas da Gramática da Língua
Portuguesa Brasileira.
De acordo com a Gramática Brasileira, as preposições são consideradas palavras:
- Átonas: a, de, para... (exceto, após, até, trás);
- Gramaticais, de significado apenas conotativo (acidental, contextual):
a) Sou de Tocantinópolis.
b) Moro com os meus pais;
- Invariáveis;
- Situadas dentro do sintagma verbal ou nominal; regidas por verbos (A sua irmã fala
pelos cotovelos.), substantivos (o cacique é homem de poucas palavras.), pronomes (O professor é
aquele com o corpo pintado.), adjetivos (estou bravo desde a semana passada.) ou advérbios (Davi
não está bem do juízo.); antecedem a substantivo, ou palavras substantivadas, com as quais formam
uma unidade.
Preposições essenciais: de um único valor de preposição - A, ante, após, até, com, contra,
de, desde, em, entre, para, per, perante, por, sem, sob, sobre, trás.
Preposições acidentais: com outro valor e passam a funcionar como preposição - Afora,
conforme, consoante, durante, exceto, fora, malgrado, mediante, menos, que, salvo, segundo,
senão, tirante, visto...
Locuções prepositivas: mais de um termo, com valor de preposição - Acima de, a despeito
de, a respeito de, a par de, atrás de, em atenção a, embaixo de, dentro de, junto a, junto com, longe
de, para com, perto de, por entre...
b) Relações que as preposições estabelecem:
De acordo com de Sacconi (1989), as preposições estabelecem:
- Relações fixas(que não mudam): pé-de-moleque, arroz-de-leite, mula-sem-cabeça.
Porque formam palavras compostas;
- Relações necessárias (que pedem um tipo de complemento sintático, mesmo que
com significados diferentes): fui a Palmas (destino geográfico), andei a pé (modo);
- Relações livres (o elemento sintático inicial e o complemento terminal podem
mudar): encontrar-se com os índios, encontrar-se entre índios, encontrar-se numa situação de
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141
perigo na mata.
c) Agrupamento das preposições entre si
As preposições podem ser agrupadas da seguinte forma:
-Até pode preceder:
Com: É ignorante até com os mais velhos;
De: Vi crianças até de 6 anos;
Em: Conversa sem parar até no pátio;
Para: Pede licença até para tomar banho;
Por / per: Come carne até pela manhã;
Sem: Toma banho no rio até sem roupa;
Sobre: É capaz de falar até sobre língua portuguesa.
- Contra segue:
De: Eu sou do contra.
-De pode aparecer seguido de:
Entre: Saiu de entre os matos;
Sobre: Peguei uns cocos de sobre a palha.
-Para pode anteceder:
Com: O cacique sempre foi muito bom para com todos os índios desta aldeia;
De: Esse projeto é coisa para daqui a cinco anos;
Em: Pagou um dinheiro para na velhice ficar tranquilo;
Entre: Contou a pescaria para entre nós escolhermos o melhor local para pescar;
Sem: Deixo-lhe muita comida para sem mesmo precisar, dar para os velhos;
Sobre: Calculou o pulo para sobre a cerca, deixar a roça.
-Por pode preceder:
Entre: Estava por entre as folhas;
Trás: Entrou na casa por trás.
d) Contração das preposições com outras classes gramaticais
As preposições podem unir-se com outras classes gramaticais por meio de contrações ou
combinações:
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-A
Com artigos: Vou ao mato, aos caminhos, à aldeia, às vezes;
Com pronomes demonstrativos: Referiu-se àquela velha, àquelas mulheres;
- De
Com artigos: Voltou do roçado, dos matos, da aldeia, da viagem, dum instante, duns
momentos, duma caçada, dumas canoas;
Com pronomes demonstrativos: Animais deste lugar, destes lugares, disto, desse
momento, desses dias, disso, daquela região, daquelas matas, daquilo;
Com pronomes indefinidos: Fruto dalgum pau, dalguns momentos, dalguma aldeia,
dalgumas vezes, doutro índio, doutros índios, doutra aldeia, doutras aldeias;
Com pronomes pessoais: Emanava dele algo especial; A ema é dela; Sai deles um
cheiro muito bom; Não fique próximo delas;
- Em
Com artigos: Tudo aconteceu no rio, nos rios, na aldeia, nas aldeias, num riacho,
nuns dias, numa tarde, numas canoas.
Com pronomes demonstrativos: Vi o veado neste lugar, nestes lugares, nisto, nesse
local, nesses locais, nisso, naquela casa, naquelas casas, naquilo;
Com pronomes indefinidos: Encontrei-o noutro local, noutros local,, noutra aldeia,
noutras aldeias;
Com pronomes pessoais: Vejo nele algo ruim; Encontro nela certas qualidades;
Coloque neles uns colares; Não bata nelas;
- Per / por:
Com artigos: O velho saiu pelo caminho; Chequei pela manhã na aldeia; Entra pelos
fundos da casa; Caminha pelas estradas desertas.
- Para:
Com artigos (linguagem informal do dia-a-dia): Vou pro pátio; Saio pros fundos da
casa; Saíram pras matas.
e) Significado e usos das preposições
Preposição A:
Indica finalidade, direção, lugar, tempo, modo. Indica distribuição, conformidade, preço,
situação geográfica, costume, móvel, instrumento. Às vezes, equivale à conjugação condicional se.
Português Intercultural
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Usa-se a preposição a com complemento indireto:
Ex:
Deu um papagaio à sogra.
O índio emprestou um machado ao sogro.
Obs: A língua informal tende a substituir a por para:
Ex:
Eu dei um tatu para meu neto.
Entreguei um veado para o menino.
Como o objeto direto, referindo-se a pessoa ou coisa personificada, a preposição a é menos
frequente:
Ex:
Vi o jovem na aldeia.
Porém: Amar aos velhos.
- Mas, se este mesmo verbo preceder um objeto direto de coisa, o objeto de pessoa se torna
indireto e é introduzido por a:
Ex:
O velho ensinava as danças aos netos
- Com os verbos aconselhar, acudir, agradar, ajudar, assistir, faltar, negar, obedecer, ordenar,
pedir, perdoar, permitir, comprazer, proibir, prometer, recusar, renunciar, resistir, responder, rogar,
sacrificar, sobreviver, suceder, suplicar, usa-se sempre o complemento com a:
Ex:
Aconselhar a um menino.
Perdoar aos jovens.
Devemos agradar aos índios mais velhos.
Usa-se a preposição a em português para indicar o lugar em direção ao qual alguém se
dirige, mas com um significado acessório de temporalidade e de retorno próximo, o que a distingue
de para, que indica permanência:
Ex:
Vai a Palmas (por pouco tempo).
Vai para Palmas (para ficar).
Com as datas e os dias da semana, usa-se a:
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Tenho aula às terças-feiras.
(uso informal: nas terças-feiras).
A 12 de janeiro de 2009...
(uso informal: em 12 de janeiro).
O a aparece em expressões temporais:
Ex:
À noite, não costuma sair para caçar.(uso informal: de noite)
À tarde, trabalho numa aldeia.
(uso informal: de tarde).
Usa-se a preposição a para designar material, modo, instrumento ou causa:
Ex:
Cheirava a queimado.
Perseguição a mão armada.
Esta criança cresce a alhos vistos.
Avançar a toda aldeia.
Bater a torto e a direito.
Levar a sério uma brincadeira de tora.
A preposição a serve para expressar distribuição ou sucessão:
Ex:
Conquistaram a aldeia palmo a palmo.
Estudaram a lição aos poucos.
Desci os degraus dois a dois.
Emprega-se a preposição a com infinitivo, em sentido temporal:
Ex:
Ex:
Ao se encontrarem, choraram muito.
A preposição a é usada em algumas locuções:
Volto de hoje a oito dias a Palmas.
Ir de mal a pior.
Tardou a vir, mais do que calculava.
Custa a crer uma coisa dessas.
Usa-se a após igual:
Ex:
Igual ao meu.
São iguais um ao outro.
Igual a ela.
Português Intercultural
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Preposição Ante
Significa diante ou na presença de, anterioridade relativa a um limite:
Parou ante o porcão.
A preposição ante é substituída por antes de, quando precede um infinitivo:
Antes de chegar ao pátio, parou.
Preposição Após
Transmite a ideia de posterioridade relativa a um limite próximo:
Ex:
Após os veados, vinham outros animais.
Após a janta, saíram para caçar.
Preposição Até
Denota o final de um lugar, ação, número ou tempo; aproximação de um limite com
insistência nele.
Ex:
Mostrou-se corajoso até ao (ou até o) fim da vida.
Foi até à (ou até a) aldeia.
Preposição Com
Significa concorrência e companhia de pessoas ou de coisas, meio ou instrumento,
circunstância.
Chamamos a atenção para o uso da locução estar com, seguida de substantivo:
Ex:
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Estou com fome (sinto fome, estou faminto).
Estou com pressa.
Estou com sede.
Estou com uma dor de cabeça.
Estou com preguiça.
Estou com medo
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Preposição Contra
Denota oposições ou contrariedade em sentido direto ou figurado:
Ex:
Partiu contra o cacique.
Todos são contra essa briga na aldeia.
Emprega-se, às vezes, sem termo substantivo:
Ex:
Nós somos contra.
Ele é do contra.
Preposição De
Denota propriedade, posse ou pertinência:
Ex:
A esteira é de José.
Os cofos de João são novos.
Indica origem ou procedência:
Ex:
O cacique chegou de Palmas.
Carlos herdou o talento musical dos avós indígenas.
Transmite, também, a ideia de modo ou maneira:
Ex:
O pajé vive do jeito que quer.
Expressa maneira de que está feita uma coisa, conteúdo, assunto ou matéria de que se trata:
Ex:
O jirau é de madeira.
É um filme de ação.
Os índios falam de futebol o dia inteiro.
Português Intercultural
147
Usa-se no segundo termo das comparações de superioridade ou inferioridade, mesmo que
não seja imprescritível a sua inclusão:
Ex:
A Índia é mais simpática do que a sua irmã.
Ela mais corajosa do que os colegas.
A professora é menor do que aparenta.
Usa-se para indicar uma parte do dia (advérbio):
De manhã.
De tarde.
De noite.
Na linguagem informal, para aumentar a expressividade, intercala-se a preposição de entre
um adjetivo e o substantivo que ele qualifica:
Ex:
Ai dele se falar alguma coisa no pátio!
Coitado dele!
O pobre do cacique.
Emprega-se a preposição de em algumas locuções adverbiais:
Ex:
Andar, ir, viajar de carro, de bicicleta, de avião, de navio, de bonde, de ônibus.
Falar de brincadeira.
Estar de chinelos, de bermuda.
Ficar de cama.
Sair de chapéu.
Andar de mãos dadas.
Passear de braço dado.
Emprega-se sempre com verbo gostar:
Ex:
148
Gosto de sair.
De que gosta mais?
Gosto de paparuto
Português Intercultural
Preposição Desde
Serve para denotar princípio de tempo:
Ex:
Espero você no pátio desde as oito.
Não corre desde a semana passada.
Preposição Em
Indica tempo, lugar, modo ou maneira.
Usa-se com gerúndio:
Ex:
Em ele a ouvindo a história, acreditará.
Em o vendo o índio, ficarás encantada.
Para designar dias do mês:
Ex:
Partirei na sexta-feira para Palmas.
No ano de 1990, visitei Brasília.
No dia 11 de março, conheci as aldeias Krahô.
Emprega-se, também, com verbos de movimento:
Ex:
Andar na roça.
Correr no pátio.
O verbo chegar pode reger em:
Ex:
Cheguei em casa.
Cheguei no escritório da FUNAI.
Cheguei em Palmas.
Preposição Entre
Denota situação ou estado no meio de duas ou mais pessoas ou coisas.
Quando a preposição entre precede imediatamente um pronome pessoal, rege a forma
oblíqua:
Entre min e ti, ela escolheu a ti.
Português Intercultural
149
Preposição Para
Significa destino, fim, movimento, tempo, relação, proximidade:
Ex:
Caminhe para lá a tarde toda.
Chegarei na aldeia lá pelas dez horas.
Vou para minha aldeia.
É muito usada para reforçar a ideia de finalidade (objeto indireto):
Trouxe um tatu para o noivo.
Com verbos de movimento, usa-se esta preposição com o objetivo de indicar estância
definitiva, por oposição a, que indica breve permanência:
Ex:
Vou hoje ao rio e amanhã irei para roça.
Indica aproximação:
Ex:
Virá das três para as quatro.
Lá para o ano que vem, estará casado.
Para o próximo mês, terá casado.
Denota, às vezes, o sentido de em direção a:
Ex:
Dirigiu-se para o pátio.
Expressa ideia de finalidade:
Ex:
Venha para festa.
Saiu para caçar.
Traduzir do português para o Apinajé e Krahô.
Ir para a aldeia nova.
Pode vir seguida de com, após alguns nomes que indiquem disposição de ânimo:
O cacique foi sempre muito bom para com os índios mais novos.
Com alguns verbos como caminhar, fugir, navegar, partir e seguir, emprega-se quase
exclusivamente para, enquanto que com ir, vir, podem empregar-se a, para:
Ex:
150
Caminhar para a frente.
Fugir para o rio.
Português Intercultural
Viajar para lugares muito longe da aldeia.
Partir para novas aldeias.
Seguir para a frente da aldeia.
Preposição Per
A antiga preposição per desapareceu quase completamente da língua portuguesa brasileira,
conservando-se, apenas, nas contrações, com o artigo definido: pelo, pela, pelos, pelas.
Preposição Perante
Significa posição de anterioridade relativa a um limite, presença. Pode-se dizer que é uma
preposição de uso formal usada no lugar de ante:
Ex:
Perante o pajé,tu estás curado.
Nada podemos fazer perante o chefe.
Preposição Por
Indica duração, lugar, causa, meio, modo, preço, equivalência:
Ex:
A mulher viveu na aldeia por três anos.
Josué viajou por toda cidade.
Os índios medrosos viajam por terra.
O índio comprou colar por dois reais.
Trocam-se batatas por farinha.
A preposição por desempenha, na língua atual, as mesmas funções que, antes, desempenhava
per:
Ex:
O Brasil foi descoberto por Cabral.
A ocupação das terras pelos não-índigenas foi inevitável.
A índia gostava de passear pelas matas.
Pelo amor de meu filho!
O cacique perguntava pelo seu irmão.
Por mim, você não deve sair da aldeia.
Português Intercultural
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Preposição Sem
Denota privação ou carência de alguma coisa:
Ex:
Deitei sem ter tomado banho.
Viajei sem os meninos.
Usa-se, mesmo sem a presença de termo substantivo, no final da frase, ficando adverbializada:
Ex:
Almoçou? - Não, fiquei sem.
Preposição Sob
Denota situação inferior, sujeição ou dependência de uma pessoa em relação a uma outra.
Equivale a em baixo de e debaixo de. É usada com mais frequência na linguagem escrita:
Ex:
Estar sob cuidados médicos.
Dormir sob o jirau.
Sob esta casa, mora uma família não-indígena.
Ficou sob o banco o dia inteiro
Sob o governo do Tocantins, aconteceram muitos cursos de Formação Indígena.
Preposição Sobre
Significa a elevação física ou predomínio, equivalente a encima de. Usa-se também para
indicar o assunto de que se trata.
Ex:
152
O cachimbo encontrou-se sobre a esteira.
O pai nada tem a dizer sobre seu casamento.
Esse índio destaca-se sobre os outros.
Português Intercultural
2.16. A conjugação: definição, classificação e origem. As locuções conjuntivas
Conjunções são palavras classificadas:
- Átonas: e, ou, mas... (exceto, ora, já, assim, apenas, porém e todavia);
- Gramaticais, de significado apenas conotativo (acidental, contextual): já, nem, ou...;
- Invariáveis;
- Situadas entre sintagmas verbais: você dança e eu canto; vou-me embora, mas voltarei...
A conjunção é uma classe gramatical de conexão, como a preposição. Há duas teorias sobre
a natureza da conjunção entre os gramáticos de língua portuguesa:
Os gramáticos, que veem a conjunção como conexão entre as palavras e orações, segundo
Rocha Lima, Luft, Cunha & Cintra, Faraco & Moura, Sacconi, Nicola & Infante, Maia, Bechara.
Todos os autores acima citados classificam as conjunções em coordenativas e subordinativas.
As primeiras se organizam num único enunciado, duas ou mais orações sem intervir na estrutura
de cada uma; e as segundas são elementos que participam da oração por elas introduzida a uma
posição secundária ou subordinada, para desempenhar funções próprias de substantivo, de adjetivo
ou de advérbio.
Classificação
Aditivas
Alternativas
Adversativas
Conclusivas
Explicativas
Classificação
Casuais
Finais
Consecutivas
Conjunções e Locuções Conjuntivas
Coordenativas
Português
e,nem, não só..., mas também
ou, seja, ou...ou, quer...quer
mas, porem, contudo, todavia, não só... mas também, por outro lado
pois(posposto ao verbo), logo, portanto, por isso, por conseguinte
porque, que, pois(anteposto ao verbo), porquanto
Subordinativas
Português
visto que, porque, pois, com efeito
para que, a fim de que,
para que não
de tal maneira que, de modo que
se
mas se
Português Intercultural
153
Classificação
Condicionais
Concessivas
Temporais
Comparativas
Subordinativas (Continuação)
Português
se não, a não ser que
contato que no caso de
ainda que, embora, posto que, se bem que
quando
antes que
depois que, até que
como, assim como, bem como
...do que
Considerando a abordagem da gramática brasileira, as conjunções subordinativas são
elementos que:
a) Incluímos as conformativas: consoante, segundo, como, sempre citadas nas gramáticas
portuguesas, às comparativas, segundo a tradição greco-latina;
b) Incluímos as proporcionais: ao passo que, à medida que, à proporção que, sempre citadas
nas gramáticas portuguesas, às temporais, porque supõem uma progressão cronológica.
c) Excluímos as integrantes: que, se, citadas por todas as gramáticas de língua portuguesa,
pois não introduzem orações subordinadas adverbiais, como as demais conjunções subordinativas,
mas substantivas: Disse que pescaria; Perguntou se iria caçar.
2.17. Exercício de preposições e conjunções
Exemplo de preposição: O velho índio deu a seu filho um tatu.
Exemplo de conjunção: Estou doente, mas espero melhorar.
1. Exercícios de preposição:
a) Davi deu a sua filha __________ macaquinho.
b) Ontem o vi __________ cidade.
c) Estou com vontade de ir __________ roçado amanhã de manhã.
d) Aconselhou o filho __________ que não fosse para o rio.
e) Agradar __________ chefe é muito importante.
f) Obedecer __________ sempre será bom.
g) O menino resistiu __________ a castigo do pai.
h) Sobreviver __________ um afogamento no rio é muito difícil.
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Português Intercultural
2. Exercícios de preposições:
a) O índio atravessou o rio __________ trancos e barrancos.
b) Meu pai renunciou __________ caçada __________ não adoecer.
c) Davi recebeu um castigo do pai, mas não adiantou pedir desculpas __________ pai.
d) Não gosto __________ pescar __________ noite.
e) Saiu __________ água porque cheirava __________ podre.
f) A mulher vai __________ mal __________ pior.
g) O carro saiu __________ uma velocidade horrível.
h) O cacique foi dizendo __________ poucos tudo o que queria para os índios.
3. Exercícios de preposições:
a) Ficou _______ pescar ______ os índios da outra aldeia, mas acabou ficando _________
casa.
b) __________ se encontrarem, brincaram muito o dia todo.
c) A aldeia __________ meu avô está ficando __________ índios.
d) José demorou mais __________ uma hora __________ chegar do banho no rio.
e) Vou-me para Palmas, mas volto __________ três dias.
f) Coragem, amigo; não se deixe levar as coisas tão __________ sério.
g) Diante __________ uma confusão como essa, não há nada o que fazer para irem embora
dessa aldeia.
h) Vi Maria Célia __________ a mãe dela anteontem.
4. Exercícios de preposições:
a) Por __________ dos índios vinha um bando de quati.
b) Poderia dar-me uma carona __________ Araguaína.
c) Faz um grande sucesso __________ as meninas.
d) O quati dorme logo abaixo __________ banco.
e) Você encontrou um cofo __________ buriti __________ banco __________ da sala.
f) O cacique não recebe visitas. Está __________ cuidados médicos.
g) Adoeceu __________ tanto correr com a tora grande.
h) __________ ouvir que lhe disseram, saiu __________ dizer nada __________ pai.
5. Exercícios de preposições:
a) Ele discute __________ todos os índios. Ele é sempre do __________.
Português Intercultural
155
b) Naquele dia ficou __________ saber o que dizer aos índios de sua aldeia.
c) Comporte-se bem __________ seus parentes índios das outras etnias.
d) A ordem do dia, __________ escola, é homenagear o cacique.
e) Os não-indígenas tem que sair __________ qualquer maneira __________ fundos da
casa do cacique.
f) A aldeia é maior __________ que aparenta __________ longe.
g) Eu gosto __________ morar nesta aldeia porque dá __________ ver o rio _______casas.
h) O lema dos índios é: um __________ todos, todos __________ um.
6. Exercícios de preposição:
a) Há quinhentos quilômetros __________ Palmas __________ minha aldeia.
b) Gosto __________ correr __________ manhã.
c) Os filhos __________ cacique sofreram muito __________ causa de morte.
d) Quando cheguei em Palmas, lembrei-me __________ meus tempos _________ criança.
e) Na aldeia comia sempre _________ bom e _________ melhor, pois caçava todos os dias.
f) A carne está __________ dar água __________ boca, pois está muito cheirosa.
g) Vou ficar __________ casa __________ domingo para ver se descanso.
h) __________ agora suportei todas as brigas e reclamações __________ reagir.
7. Exercícios de preposições:
a) Ao ouvir o tiro, ficou __________ orelha em pé.
b) Davi não tem nada __________ ver __________ essa confusão de vocês.
c) O cacique falou__________ um jeito tão estranho que os alunos índios saíram com raiva.
d) O local __________ banho era longe demais.
e) __________ verdade, todos não esperávamos __________ aquilo que o índio falou.
f) Se nos basearmos __________ fatos, não chegaremos __________ nenhuma conclusão
sobre o motivo da invasão das terras.
g) As festas começam __________ mês de julho, lá __________ dia 02.
h) Falar __________ parentes é uma situação pouco recomendável para nós índios.
8. Exercícios de preposições:
a) Ele chegou __________ aldeia caindo __________ pedaços de cansado.
b) Quando entrei __________ aquela aldeia, tive uma crise __________ medo.
c) Escolhe __________ o estudo e o casamento.
d) Aquela cor se aproxima __________ preto.
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Português Intercultural
e) Dois está __________ quatro assim como quatro está __________ oito.
f) Compadeço-me __________ crianças agredidas __________ pais.
g) Caminha sempre __________ frente e não __________ trás meu filho. Disse o cacique.
h) Vá __________ pátio e traga-me a tora que está __________ cima __________ esteira.
9. Exercícios de preposições:
a) Nada é fácil __________ os índios nas aldeias.
b) Foi dispensado do curso __________ beber demais.
c) Quando cruzei __________ José, percebi que algo _________ ruim aconteceu na aldeia.
d) A índia trabalhou __________ a véspera de ganhar o filho.
e) Dá medo de entrar __________ aquela mata, especialmente __________ noite, porque
tem muitos animais perigosos.
f) Foi uma corrida __________ muitos competidores.
g) Os índios correm com toras __________ fora __________ dentro da aldeia.
h) Chegarão __________ pátio __________ dez horas na aldeia, com a tora grande.
10. Exercício de preposições:
a) Na aldeia os mortos passaram __________ mão __________ mão.
b) O cacique só liberta os presos __________ a presença do FUNAI.
c) As cantorias no pátio acontecem __________ tarde __________ tarde.
d) Os índios não sabem viver __________ o apoio __________ familiares.
e) Quando vejo uma caça, fico __________ água _________ boca com vontade de comê-la.
f) Quando lembro daquela viagem a Goiânia, fico __________ cabelo __________ pé.
g) __________ osso __________ osso, a ema enche o papo.
h) Faça o bem sem olhar o bem __________ quem.
11. Exercícios de preposições agrupadas:
a) O cacique sempre sabe se mostrar dedicado para __________ os índios de sua aldeia.
b) Cassiano viu a cobra por __________ as folhagens das árvores.
c) Havia formiga até __________ meio das batatas.
d) Come carne __________ pela manhã.
e) Fala alto até __________ no pátio durante as reuniões.
f) Saiu uma cobra __________ entre os babaçuais.
g) Toma banho no rio até __________ bermuda.
h) Ele tem preguiça até __________ comer.
Português Intercultural
157
12. Exercícios sobre conjunções e locuções conjuntivas coordenativas:
a) O cacique (aditiva) __________ eu temos que ir a Palmas.
b) É interessante (aditiva) __________ o que o velho diz aos jovens.
c) Uma coisa é certa: (aditiva) __________ os índios (aditiva) __________ as mulheres
irão para a roça.
d) Eu acho o seguinte: (alternativa) __________ fica calado, (alternativa) __________ fala
tudo o que tem vontade.
e) Só nos resta falar (alternativa) __________ calar diante desta situação.
f) Ora compramos, (alternativa) __________ vedemos, nunca produzimos comidas
suficientes.
g) Trabalhei muito, (adversativa) __________ aguento arrancar todas as mandiocas.
h) As mulheres se queixam das tarefas; (adversativa) __________ fazem-nas sem reclamar.
13. Exercícios sobre conjunções e locuções conjuntivas coordenativas:
a)Penso muito, (conclusiva) __________ executo todos os meus serviços.
b) Disse-o com tom de brincadeira, (conclusiva) __________ é verdade.
c) Fiz tudo conscientemente; (conclusiva) __________ estou disposto a pedir desculpas à
comunidade.
d) Obedecerei às ordens, (adversativa) __________ antes direi o que penso a respeito de
tudo o que aconteceu.
e) Escolha uma possibilidade (alternativa) __________ outra, não faço restrições.
f) Os chefes têm que ser objetivos (aditiva) __________ tem que resolver logo.
g) Plantas (aditiva) __________ ervas medicinais são muito úteis quando usadas no
tratamento de doenças.
h) É inadmissível que tenha feito isso; (adversativa) __________ não tenho coragem de
corrigi-lo.
14. Exercícios de conjunções e locuções conjuntivas subordinativas:
a) Saí do pátio (temporal) __________ o cacique terminou de falar.
b) Fiz um cofo (temporal) __________ meu filho estava na roça.
c) Deitei-me (temporal) __________ terminou a cantoria no pátio.
d) Fiquei na rede (temporal) __________ meu filho dormia na esteira.
e) Interessa-me saber (temporal) __________ chegará o chefe do FUNAI.
f) Terminarei a esteira (temporal) __________ José me chama para ir caçar.
g) Insistirei na pescaria (temporal) __________ eles decidiram ir.
158
Português Intercultural
h) Impediram a minha caçada (causal) __________ os parentes não quiseram ir.
i) Josué é muito mais inteligente (comparativa) __________ sua mãe.
15. Exercícios sobre conjunções e locuções conjuntivas subordinativas adverbiais.
a) Os índios evitaram que brigassem perante o cacique, (causal) __________ era muito
feito tudo isso.
b) O jovem descreveu o caçador nos seus mínimos detalhes (final) __________ ninguém
duvidasse daquilo que ele estava contando.
c) Pintou-se (consecutiva) __________ que chamou a atenção de todos na aldeia.
d) Farei o que você quiser (condicional) __________ primeiro me conte o que aconteceu
naquela noite quando nós encontramos no pátio.
e) Vou pescar o dia inteiro, (concessiva) __________ o rio esteja com pouco peixe.
f) (concessiva) __________ esteja frio, irei caçar e pescar amanhã.
g) Canto e danço (comparativa) __________ fazia o cacique da outra aldeia.
h) O índio é tão trabalhador (comparativa) __________ o irmão.
i) (concessiva) __________ fossem para roça, não se preocupavam com as crianças.
j) Tal atitude é inaceitável, (concessiva) __________ compreensível por parte de todos nós.
k) O cacique falou (consecutiva) __________ tal __________, __________ ficaram todos
medrosos.
2.18. A interjeição, classe gramatical independente
2.18.1. Definição e classificação
A Gramática da Língua Portuguesa define as interjeições, segundo os critérios utilizados
com as demais partes do discurso. Tratando-as como palavras:
- Tônicas, de forte carga prosódica;
- Gramaticais, de significado apenas conotativo; expressam emoções e sentimento.
- Invariáveis;
- Independentes - não fazem referência a nenhuma outra parte do discurso. Não regem nem
são regidas, mas têm importante função discursiva.
As interjeições são expressões vinculadas ao código linguístico pela sua dimensão fonética e
ortográfica. Muitas vezes, apresentam-se sob a aparência de morfemas independentes; outras vezes,
de palavras ou expressões. Na realidade, excedem a Morfologia, porque a sua forma é mutável
e carecem de paradigma; a Sintaxe, porque constituem um núcleo incapaz de receber margens;
Português Intercultural
159
a Lexicologia, porque falta-lhes conteúdo cognitivo, e a Semântica, porque não se relacionam
com outras partes de oração. Portanto, a importância comunicativa das interjeições reside no fato
de serem veículos verbais de emoções (transmitidas por meio do tom, melodia, ritmo, duração e
intensidade) e não de caráter lógico, como as demais classes. Assim, comunicam alegria, tristeza,
raiva, melancolia, paz, prazer ou medo.
Mesmo que as interjeições de qualquer língua natural se entendam normalmente sem
necessidade de tradução, e algumas delas sejam universais, o português possui fórmulas próprias
que identificam seus falantes pelo modo como são proferidas ou grafadas.
- Interjeições essenciais – são agrupamentos de fonemas e prosodemas consagrados pelo
uso incorporados na língua portuguesa.
- Interjeições derivadas:
Verdadeiros vocábulos, mesmo ininteligíveis (alguns deles anomatopaicos);
Como se pode observar, a mesma interjeição pode exprimir emoções ou sentimentos
diferentes, de acordo com a entonação.
- Oh! Pode expressar alegria ou espanto, por exemplo.
2.18.2 Classificação das interjeições
Essenciais: ah!, oh!, ih!, ai!, bah!, pô!, quá!, xi!, ui!, ué!, hum!, hem!, heim!, uh!, ô!
Derivadas: (vocábulos / onomatopeias) alô!, eia!, olá!, irra!, urra!, opa!, puxa!, psiu!, pisit!,
eia!, eita!, fon-fon!, fiu-fiu!, plaft!, pluft!
Palavras: adeus!, adiante!, danou-se!, pronto!, avante!, fora!, viva!, morra!, tomara!,
silêncio!, chega1!, alto!, oxalá!, bravo!, acabou!, olha!, maravilha!, será!, Virgem!, rua!, legal!
Locuções interjetivas: ora essa!, ora bolas!, valha-me Deus!, não diga!, ora viva!, muito
bem!, eu sabia!, alto lá!, nunca mais!, de jeito nenhum!, de forma alguma nem morto!, eu mereço!,
não acredito!, não faça uma coisa dessas!, não pode ser!, sobrou pra mim!, é sempre a mesma
coisa!, é inacreditável!, que sorte!, que desgraça!, que bobagem!, como pode! Quem me dera!
Obs: o conjunto de duas ou mais palavras como valor de interjeição recebe o nome de
locução interjetiva.
Ex: Deus me livre! Que horror! Cruz Credo.
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Português Intercultural
2.19. Exercício sobre as classes gramaticais
Ordenação das palavras, de acordo com as classes gramaticais.
1. Alguns indígenas saíram da aldeia chateados com o cacique.
- Alguns: pronome adjetivo indefinido.
- Indígenas: substantivo comum, concreto, simples, derivado, animado.
- Saíram: verbo predicativo, irregular, intransitivo.
- Da: preposição essencial e artigo definido.
- Aldeia: substantivo comum, concreto, simples, primitivo, inanimado.
- Chateados: adjetivo.
- Com: preposição.
- O: artigo definido.
- Cacique: substantivo comum, concreto, simples, derivado, animado.
2. Os funcionários da FUNAI confraternizaram-se no pátio.
- Os: artigo definido
- Funcionários: substantivo comum, concreto, simples, primitivo, animado.
- Da: preposição essencial e artigo definido.
- FUNAI: substantivo comum, concreto, simples, primitivo, inanimado.
- Confraternizaram: verbo predicativo, regular, intransitivo.
- No: preposição essencial e artigo definido.
- Pátio: substantivo comum, concreto, simples, primitivo, inanimado.
3. Os professores da aldeia trabalham à noite.
- Os: artigo definido.
- Professores: substantivo comum, concreto, simples, primitivo, animado.
- Da: preposição essencial e artigo definido.
- Aldeia: substantivo comum, concreto, simples, primitivo, inanimado.
- Trabalham: verbo predicativo, regular, intransitivo.
- À: preposição essencial e artigo definido.
- Noite: substantivo comum, concreto, simples, primitivo, inanimado.
4. Muitos índios valorizam a cultura nos últimos dias da vida.
- Muitos: pronome adjetivo indefinido.
- Índios: substantivo comum, concreto, simples, animado.
- Valorizam: verbo predicativo, regular, transitivo.
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- A: artigo definido.
- Cultura: substantivo comum, abstrato, simples, derivado, inanimado.
- Nos: preposição essencial e artigo definido.
- Últimos: pronome adjetivo indefinido (ou numeral ordinal).
- Dias: substantivo comum, concreto, simples, primitivo, inanimado.
- Da: preposição essencial e artigo definido.
- Vida: substantivo comum, abstrato, simples, primitivo, inanimado.
5. O diretor foi parabenizado pelos professores da escola.
- O: artigo definido.
- Diretor: substantivo comum, concreto, simples, animado.
- Foi: verbo de ligação, irregular, anômalo, abundante, auxiliar.
- Parabenizado: adjetivo verbal (particípio).
- Pelos: preposição essencial e artigo definido.
- Professores: substantivo comum, concreto, simples, animado.
- Da: preposição essencial e artigo definido.
- Escola: substantivo comum, concreto, simples, primitivo, inanimado.
2.20. Palavras: regência, concordância, função e ordem
2.20.1. Sintagma:
No capítulo anterior, fizemos uma abordagem das classes de palavras da língua portuguesa
e esclarecemos que há entre elas um vínculo que faz com que essas classes se mantenham unidas e
submetidas umas às outras numa relação sintagmática.
A partir desta seção, abordaremos a sintaxe, que considera o dinamismo dos morfemas
organizados em classes, que conforme Luft (1985), tradicionalmente se ocupa das regras que
presidem à combinação de palavras para constituir frases, bem como da exposição das regras,
segundo as quais se constituem as frases, marcando devidamente as relações entre as palavras pela
posição destas, por certas partículas, ou pelo ajuste formal.
1. Princípios sintáticos
A função básica da sintaxe das línguas naturais consiste em combinar elementos lexicais para
formar orações. Essas possuem uma estrutura interna hierarquizada, que contém não só elementos
lexicais, mas também elementos sintagmáticos ou sintagmas, que segundo Bechara (1985), Pontes
(1996), Bárbara(1975), Azeredo( 1990), Riemsdijk e Williams(1991), são classificados conforme
162
Português Intercultural
as funções que, caracteristicamente, podem ocupar na oração.
a) Determinação
Para Masip (2000), algumas palavras periféricas servem para denotar entidades. Realizase mediante a univocidade (artigos), dêixis (referências contextuais), quantificação (numerais), a
descrição adjetiva (adjetivos) e a descrição proposicional (orações):
- Artigos: o índio;
- Dêixis: este índio;
- Numerais: dois velhos;
- Adjetivos: um índio inteligente;
- Orações: O índio que vimos ontem na cidade, chegou à aldeia hoje.
b) Descrição
Na língua portuguesa existem palavras que veiculam mecanismo de existência como (verbos
de ligação), localização (advérbios de lugar) e posse (pronomes adjetivos possessivos) predicam
algo de entidades já determinadas no discurso:
- Verbos de ligação: Eu sou índio; José está triste;
- Advérbios de lugar: A aldeia está perto;
- Pronomes adjetivos possessivos: Este é meu filho. É teu esse papagaio?
c) Participação
Já as palavras indicadoras de ação e estado vinculam-se com os elementos envolvidos nesses
estados. Realiza-se mediante a transitividade, intransitividade, passividade e impessoalidade dos
verbos:
- Transitividade e objeto direto (a ação precisa de elementos externos para consumar-se):
choveu muito.
- Transitividade total (o resultado da ação verbal não está contido no verbo): Eu acendo o
fogo.
- Transitividade parcial (o resultado da ação verbal já está parcialmente contido no próprio
verbo): Eu canto uma música. Bebo um suco de cajá.
- Intransitividade (a ação prescinde de elementos externos para consumar-se): Caminho
pela mata. Vamos à roça todos os dias.
- Passividade (inverte-se a ação): A anta foi morta pelo cacique;
- Impessoalidade (a ação prescinde de tópicos): Havia muitas caças na mata. Faz muitos
anos que moro nessa aldeia.
Português Intercultural
163
2.20.1.1. O Sintagma Verbal
Como o verbo é a representação dinâmica da língua, opõe-se distintivamente à representação
estática, que é representado pelo nome. Assim, os verbos são considerados plenos quando referem
ações ou processos. Quando indicam apenas estados (ser, estar), são conhecidos como predicados
nominais. O sintagma verbal pode possuir núcleo e margens, mas o núcleo do sintagma verbal pode
prescindir de margens. Por isso, há orações que possui apenas um núcleo verbal, ocorre com verbo
impessoal e intransitivo: chove, venta, trovejar, relampejar...
Sintagma - Mínima unidade sintática
Verbo
Trovejou
(núcleo)
Portanto o sintagma aceita margens adverbiais, visto que o advérbio é o complemento
natural do verbo, ao indicar ações, estados ou processos:
Sintagma verbal
Trovejar
(núcleo)
bastante
(margem adverbial)
Por outro lado, quando o advérbio se compõe de mais de uma palavra, entende-se, então,
que há um sintagma adverbial ou preposicional. Tal locução possui uma das palavras, geralmente
um nome, em posição central. Como podemos observar abaixo:
Trovejar
(núcleo)
Sintagma verbal
bastante
(margem adverbial)
à noite
( sintagma adverbial )
2.20.1.2. O sintagma nominal
O sintagma verbal admitir aceitar a existência de outros elementos além do advérbio, de
natureza nominal, periféricas a seu respeito e regidas por ele:
Sintagma - Mínima unidade sintática
Nome
Verbo
Nome
(margem sintagmática)
(centro sintagmático)
(margem sintagmática)
Davi
arranca
mandioca
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Português Intercultural
O neste caso, o nome, por excelência, é o substantivo, devido à sua capacidade de reunir
outras categorias, segundo o princípio sintagmático centro / margem. Na frase, o índio esperto, a
palavra índio é o ponto central de referência das outras duas:
Artigo
(margem sintagmática)
o
Sintagma nominal
Substantivo
(centro sintagmático)
índio
Adjetivo
(margem sintagmática)
esperto
O substantivo é tema, tópico ou assunto estático do verbo, porém pode ser substituído por
alguma categoria integrante do grupo nominal que assume as suas funções. Na frase seguinte,
o adjetivo corajoso está substantivado pelo artigo definido o. Passa a ser, portanto, núcleo do
sintagma nominal:
Artigo
(margem sintagmática)
o
Sintagma nominal
Adjetivo
(centro sintagmático)
corajoso
Adjetivo
(margem sintagmática)
esperto
De certa forma, o sintagma nominal pode chamar-se também preposicional, quando for
precedido de uma preposição:
Ex:
É um índio de muitos recursos.
Esta roça é de muito valor.
a) O núcleo do sintagma nominal
O sintagma nominal compõe-se sempre de um núcleo(nome). As margens são optativas e o
centro de um sintagma nominal pode ser preenchido por:
- Um substantivo: o cacique é muito esperto; Uma índia trabalhadeira.
- Um pronome: ele, ela, este, aquela... viu o bicho na mata.
- Uma palavra substantiva:
- Um adjetivo: os sabidos sempre se sobressaem melhor;
- Um infinitivo: o jantar estava ótimo;
- Um advérbio: um não é desagradável;
- Um particípio: o acusado foi preso na aldeia;
- Uma conjunção: não entendo o porquê de tudo isso;
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165
b) O sintagma nominal e suas margens
São considerados como termos determinantes os elemento sintagmáticos periféricos que
caracterizam o núcleo, sem alterar ou modificar o seu significado. Esses elementos são constituídos
por:
- Os artigos: a corrida nunca atrasa; A menina quer estudar na cidade;
- Os pronomes adjetivos: Este índio é bonito.
- Possessivos: meu filho foi pescar; Seu filho foi caçar.
- Demonstrativos: aquele índio é pajé; Esse homem é cacique;
- Indefinidos: nenhuma vez foi correr com tora;
- Relativos: a índia, cuja filha se casou, foi embora para outra aldeia;
- Interrogativos e exclamativos: Que mentira ele contou? Que noite fria!
c) Quadro dos sintagmas nominais da língua portuguesa
Elementos que constituem o sintagma nominal
Determinantes
Núcleo
Adjuntos adnominais
Artigo
Nome substantivo
Adjetivo
O índio canta muito.
O cacique é parecido com o
(ou uma oração subordinada,
pajé.
adjetiva)
É um índio educado.
Pronomes adjetivos:
Pronome substantivo
A índia que foi à roça, voltará
Ele vai sempre caçar.
Este índio é bonito.
mais tarde.
Possessivo
Palavras substantivadas:
Meu pai foi caçar.
Um substantivo aposto
Demonstrativo
Nome adjetivo
Aquele índio foi embora.
Os impacientes doentes foram (ou uma oração subordinada
para pescaria.
substantiva)
Meu pai, Hilário, é cacique da
Indefinido
Infinitivo
Aldeia Nova .
Nenhuma menina se pintou.
O jantar foi bom.
Estou com vontade de cantar
no pátio.
Relativo
A índia cuja filha se casou foi
embora da aldeia.
Interrogativo / exclamativo
Que noite fria!
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Português Intercultural
Advérbio
Um sintagma preposicional
Um não sempre é muito ruim. O irmão do meu pai venceu a
corrida da tora ontem.
Preposição
O cacique é sempre do contra.
Conjunção
Tudo isso tem um porquê.
2.21. Funções sintagmáticas na Língua Portuguesa
Na língua portuguesa, os sintagmas verbais e nominais constituem os enunciados por meio
dos quais os falantes se comunicam e interagem verbalmente entre si. De acordo com a terminologia
gramatical da língua portuguesa, convém classificá-los em: frase, oração e período:
Para melhor compreender os constituintes do enunciado, adotamos as teorias de Luft (1985),
Ilari (1997), Vogt (1977), Kempson (1980) e Garcia (1988).
a) Frase: menor unidade autônoma da comunicação. Autônoma no plano do significado,
uma vez que possui um intenção comunicativa definida, e no plano do significante, uma linha
completa de entonação.
Ex.:
Bom dia!; Tudo bem?
Que frio!; Deus me livre!
Socorro!; Fogo! Silêncio!
b) Oração: unidade marcada por um verbo. De modo geral, apresenta também um (nome)
substantivo, a que se refere e com o qual o verbo concorda, constituindo uma estrutura binária
(sujeito + predicado).
Ex:
Irei caçar.
Davi viajou ontem.
c) Período: é a frase constituída por uma ou várias orações. Forma-se um período quando
expressamos um pensamento completo, mediante oração ou orações.
Ex.:
Irei pescar amanhã, mas volto cedo.
Josué atirou na caça, porém não a matou.
2.21.1. Termos Essenciais da Oração
São as funções sintáticas preponderantes de sujeito e predicado:
2.21.1.1. Sujeito
É o ser ao qual se atribui a ideia contida no predicado. É o termo da oração com o qual o
Português Intercultural
167
verbo concorda.
É representado por um nome, pronome ou palavra substantivada, tema ou tópico do
predicado: Pode ser classificado como:
a) Simples: quando possui apenas um núcleo.
Ex:
O cacique foi a cidade
Os índios foram caçar na mata.
As mulheres fazem colares bonitos.
b) Composto: é aquele que possui dois ou mais núcleos.
Ex:
O cacique e o pajé conversam no pátio.
A anta e o veado comem frutas silvestres.
A ema e a sariema moram na mata.
c) Indeterminado: é aquele que não aparece como elemento presente na oração, sendo
desconhecida ou oculta sua identidade.
Ex:
Falaram mal do professor.
Mataram muitas caças ontem.
Fizeram uma tinguizada no rio.
Observação: O sujeito indeterminado pode ser expresso de duas formas na língua portuguesa.
a) Com verbo na terceira pessoa do plural sem fazer referências a um termo anteriormente
expresso.
Ex.:
Levaram-me à presença do cacique.
b) Com verbo na terceira pessoa do singular acompanhado do pronome se, sendo, porém,
verbo transitivo indireto ou intransitivo.
Ex.:
Precisa-se de professor de língua indígena.
c) Desinencial (Oculto): é identificado pela desinência verbal ou por estar expresso numa
oração precedente.
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Português Intercultural
Ex.:
Fomos caçar à noite.
Sujeito (nós)
d) Sujeito inexistente ou oração sem sujeito: ocorre quando não existe um ser a quem a ação
verbal pode ser atribuída. Trata-se, portanto, de um verbo impessoal, sem sujeito.
Ex.:
Há muitos índios nesta aldeia.
Choveu muito ontem à noite.
A oração sem sujeito ocorre, na língua portuguesa, com verbos que exprimem fenômenos
da natureza; (trovejar, relampejar, chover, ventar); verbo haver com sentido de existir ou indicando
tempo decorrido (há índios na aldeia; há dias que o cacique viajou) e com os verbos ser e fazer,
quando exprimem tempo cronológico ou fenômeno meteorológico. (eram sete horas, quando ele
foi pescar; faz muito frio aqui na aldeia).
2.21.1.2. Predicado:
O predicado é a ação ou propriedade (qualidade ou estado) referente ao sujeito. Portanto,
quando o predicado indica ação, seu núcleo é representado por um verbo (transitivo ou intransitivo);
quando, porém, o predicado expressa propriedade, ou estado, o núcleo é expresso por um nome
(predicativo).
Como afirma Bechara (2003), o núcleo do predicado está constituído por uma classe de
palavra chamada verbo; assim, as orações não dispensam um verbo, explícito, ou oculto pelas
possibilidades de referência discursiva.
Desta forma, podemos afirmar que o predicado é informação, vínculo, ação ou processo.
Subdivide-se em:
a) Nominal: um nome transmite informação sobre outro nome, vinculado ao primeiro por
uma forma verbal vazia de sentido:
Ex:
Eu sou índio;
José está doente;
Davi parece perdido.
- Função sintática intrínseca ao predicado nominal: predicativo do sujeito: as palavras índio,
doente, perdido, nomes que possuem a informação são, portanto, os legítimos núcleos deste tipo de
predicado.
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b) Verbal: informação, ação ou processo:
- Transitivo direto. O predicado verbal necessita de sentido completo em si mesmo; por
isso, precisa completar a ação ou a informação:
Ex:
Compro artesanatos;
Matei a caça.
- Transitivo indireto. O predicado verbal precisa completar a ação e requer um destinatário:
Ex:
Emprestei o machado ao meu pai;
Comprei uma espingarda para meus irmãos.
- Transitivo predicativo. O predicado verbal atinge ao objeto e à palavra que qualifica esse
objeto:
Ex:
Rogério comprou roupa nova;
Rosana encontrou a casa queimada.
- Função sintática intrínseca ao verbo transitivo predicativo: predicativo do objeto: as
palavras nova e queimada dizem respeito aos predicados verbais transitivos
Obs.: Comprou e encontrou, referem-se aos seus objetos diretos roupa e casa.
- Intransitivo. O predicado verbal é auto-suficiente, não precisa de complementação direta
nem indireta.
Ex:
Caminhei à tarde pela mata;
Dormi oito horas seguidas;
Trabalhei na roça ontem.
c) Predicado verbo-nominal: é o predicado que apresenta dois núcleos: o verbo significativo
(transitivo ou intransitivo) e o predicativo (do sujeito ou do objeto):
Ex:
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O cacique chegou doente;
A índia saiu alegre;
Josué ficou satisfeito.
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As informações sobre cacique, índia e Josué são transmitidas tanto pelos verbos chegou,
saiu e ficou, quanto pelos nomes (adjetivos) doente, alegre e satisfeito.
2.21.2. Termos integrantes da oração
São termos que exercem funções sintáticas vinculadas aos termos essenciais da oração,
completando o sentido dos verbos e dos nomes transitivos.
De acordo com a Nomenclatura Gramatical Brasileira, são chamados termos integrantes os
complementos verbais (objeto direto e indireto), que integram a significação dos verbos transitivos;
o complemento nominal e o agente da passiva:
a) Complemento verbal: ponto de chegada da ação verbal.Os complementos verbais são
representados por:
Substantivos; palavras substantivadas; pronomes substantivos e numerais substantivos.
b) Objeto direto: um nome que complementa a ação ou processo daqueles verbos que não
possuem em si mesmos todo o seu significado. O objeto direto transita pelo predicado, de modo que
a frase pode ser invertida, formulando-se na voz passiva analítica, sem prejuízo semântico: assim,
quando um sintagma nominal de uma oração predicativa ativa pode transformar-se em sujeito
paciente dessa mesma oração, é complemento direto:
Ex:
Farinha é comprada por mim;
Suco é bebido por ele;
Muitas caças são encontradas por nós.
c) Objeto indireto: um nome é destinatário da ação verbal:
Ex:
Respondo ao pajé;
Dou colares aos meus irmãos;
Comprei uma saia para Eloísa;
Desconfio dos não-indígenas.
d) Complemento nominal: é o termo da oração que se liga a um nome (substantivo, adjetivo
ou advérbio), sempre através de uma preposição, com a função de completar o sentido desse nome:
Ex:
Os índios têm necessidade de alimentos.
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Este remédio é prejudicial à saúde.
O cacique falou favoravelmente a todos da aldeia.
Obs: o núcleo do complemento nominal é, geralmente, representado por um substantivo ou
por palavra substantivada.
O complemento nominal também pode ser representado por um pronome oblíquo. Nesse
caso, a preposição está implícita no pronome.
Ex.:
Andar pela mata lhe é saudável.
e) Agente da passiva: a inversão da ação verbal é indicada por meio de uma locução
introduzida pela preposição por, vinculada ao predicado:
Ex.:
A anta foi morta pelo menino;
A aldeia foi atacada pelos não-índios;
A madeira foi vendida pelo cacique.
2.21.3. Termos acessórios da oração
São aquelas funções sintáticas que podem ser omitidas da oração sem comprometer o
significado dos termos essenciais ou integrantes.
Reafirmando a ideia de que todo e qualquer vocábulo contribui para o sentido da oração,
Guimarães (1997) afirma que a divisão dos termos que se compõem em essenciais, integrantes ou
acessórios determinam seus papéis sintáticos, todos eles contribuem para a construção do sentido.
Sob esse ponto de vista é que classificamos os termos acessórios da oração: adjunto
adnominal, adjunto adverbial e aposto:
a) Adjunto adnominal: os adjuntos adnominais são termos que especificam ou determinam
o sentido de um nome e podem ser representados por:
Artigo, numerais adjetivos, adjetivos, locuções adjetivas e pronomes adjetivos.
b) Determinativo:
- Artigo: caracteriza o núcleo do sintagma nominal:
Ex: o velho, a velha, um animal, uns animais.
172
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- Pronome adjetivo: indica ou situa o núcleo do sintagma nominal.
Ex: Este (demonstrativo) papagaio;
Meu (possessivo) cachorro é caçador;
Algum (indefinido) índio foi pescar?
A mãe cuja (relativo) filha se casou, saiu da aldeia.
Que (interrogativa / exclamativa) noite fria?!
O amor de pai (locução adjetiva) é muito importante.
As duas índias (numeral adjetivo) foram quebrar lenha na mata.
c) Adjunto adverbial: é o termo que atribui circunstâncias ao verbo ou intensifica um
adjetivo ou advérbio. Possui uma função exercida por:
2.21.4. Advérbios, locuções ou expressões adverbiais
Para a classificação dos adjuntos adverbiais, devemos levar em consideração à circunstancia
que o advérbio expressa. Assim, quando esses adjuntos são representados por locuções ou expressões
adverbiais, a preposição que antecede a locução é a responsável pela classificação desse termo
acessório.
O adjunto adverbial expressa inúmeras circunstâncias, por isso, uma análise mais completa
dependerá, sempre, da leitura que se faz do contexto em que está inserido o adjunto adverbial.
Vejamos os mais comuns:
Afirmação: certamente ele irá pescar amanhã.
Assunto: os índios conversavam sobre a caçada.
Causa: por causa da chuva, os índios não foram caçar.
Companhia: ontem, os índios foram caçar com os não-indígenas.
Dúvida: não sei se irei a Araguaína, talvez eu vá na próxima semana.
Finalidade: prepare-se para dançar e para cantar no pátio.
Instrumento: o menino cortou-se com a foice.
Intensidade: a índia está muito fraca.
Lugar: nós índios gostamos de morar na aldeia.
Matéria: o artesanato é feito de bambu.
Meio: o pai acordou o filho a pau de vassoura.
Modo: o pobre menino ergueu-se com ligeireza.
Tempo: aos sábados, todos os índios iam para roça.
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d) Aposto: um núcleo sintagmático substantivo que aparece junto a um outro, sem nenhum
vínculo verbal ou pronominal. Tem como função determinar, especificar, resumir qualquer outro
termo da oração. Possui uma função sintática exercida, nominalmente, por:
2.21.5. Substantivo, palavras substantivas ou pronomes substantivos
Do ponto de vista sintático, o oposto equivale ao termo a que está ligado, podendo substituílo sem que a construção sintática sofra prejuízo em sua estrutura.
Ex.:
Josué, professor de língua materna, foi aprovado no vestibular.
Desejo-lhe uma coisa: felicidade.
Roubaram tudo: colares, brincos, esteira, pulseiras, cofos, alimentos.
e) Vocativo: o vocativo é um termo isolado dentro da estrutura oracional (não pertence, nem
ao sujeito nem ao predicado), serve apenas para invocar, chamar um ouvinte real ou imaginário.
O vocativo pode vir no início, no meio, ou no fim da frase.
Ex.:
Cacique, venha ao pátio!
Meninos, desçam da árvore!
Rosana, venha para cá!
2.21.6. Resumo do sintagma verbo-nominal
Sinopse do sintagma verbo-nominal
Sintagma nominal
Sintagma verbal
Determinantes, núcleo, adjuntos
Núcleo
Adjuntos adverbiais
adnominais
Meu irmão caçula.
é índio legítimo
(sujeito)
(predicado nominal predicado do sujeito)
O coitado do pajé.
está escondido
(sujeito)
(predicado nominal predicado do sujeito)
Os ais da índia.
ouvem-se
agora
(sujeito)
(predicado verbal)
(adjunto adverbial)
Eloísa
responde
muito nervosa
(sujeito)
(predicado verbal)
(predicado verbo-nominal
ou misto)
Aquele cacique.
saudou
seu irmão José Eduardo
(sujeito)
(predicado verbal)
(aposto)
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Sinopse do sintagma verbo-nominal (continuação)
Sintagma nominal
Sintagma verbal
Determinantes, núcleo, adjuntos
Núcleo
Adjuntos adverbiais
adnominais
Ele
sentiu
gosto de bacaba
(sujeito)
(predicado verbal)
(complemento nominal)
O visitante
saiu
de mansinho
(sujeito)
(predicado verbal)
(complemento adverbial de
modo)
O jantar
traz
grandes benefícios
(sujeito)
(predicado verbal)
(objeto direto)
Os avarentos
não emprestam
dinheiro para ninguém
(sujeito)
(predicado verbal)
(objeto indireto)
Os preguiçosos
leem
na rede
(sujeito)
(predicado verbal)
(complemento adverbial de
lugar)
Davi
foi elogiado
pelo chefe de posto
(sujeito paciente)
(predicado verbal)
(agente da passiva)
Sintagma nominal
Isolado
José Eduardo
(vocativo)
Sintagma nominal independente
Que frio!
(interjeição)
venha
(predicado verbal)
2.21.7. Exercícios de sintagmas
Analise as orações, a seguir, de acordo com o seguinte modelo:
Ex. Alguns índios saíram da aldeia decepcionados com o cacique.
- Alguns índios: sintagma nominal:
- Constituição:
- Núcleo: índios;
- Determinante: alguns;
Função: sujeito.
- Saíram da aldeia decepcionados com o cacique: sintagma verbal:
- Constituição:
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175
- Núcleo: saíram;
- Adjuntos:
- Da aldeia: sintagma nominal preposicional:
- Núcleo: aldeia;
- Determinante: a;
Função: complemento adverbial de lugar;
- Decepcionados: sintagma nominal:
- Núcleo: índios;
- Adjunto: decepcionados;
Função: complemento predicativo;
- Com o cacique: sintagma nominal preposicional:
- Núcleo: cacique;
- Determinante: o;
Função: complemento nominal (de decepcionados).
Ex. Os funcionários da FUNAI confraternizaram no natal.
- Os funcionários da FUNAI: sintagma nominal:
- Constituição:
- Núcleo: funcionários;
- Determinante: os;
- Adjunto: da FUNAI: sintagma nominal preposicional (composto de um núcleo, FUNAI, e
de um determinante, a);
Função: sujeito.
- Confraternizaram no natal: sintagma verbal:
- Constituição:
- Núcleo: natal;
- Adjunto:
- No natal: sintagma nominal preposicional:
- Núcleo: natal;
- Determinante: o;
Função: complemento adverbial de tempo.
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Ex. Os profissionais da FUNASA trabalham à noite.
- Os profissionais da FUNASA: sintagma nominal:
- Constituição:
- Núcleo: profissionais;
- Determinante: os;
- Adjunto: da FUNASA: sintagma nominal preposicional (composto de núcleo, FUNASA,
e de um determinante, a)
Função: sujeito.
- Trabalham à noite: sintagma verbal:
- Constituição:
- Núcleo: trabalham;
- Adjunto:
- À noite: sintagma nominal preposicional;
- Núcleo: noite;
- Determinante: a;
Função: complemento adverbial de tempo.
Ex. São indígenas aquelas mulheres vestidas de vermelho?
- Aquelas mulheres vestidas de vermelho: sintagma nominal:
- Constituição:
- Núcleo: mulheres;
- Determinante: aquelas;
- Adjunto: vestidas de vermelho (composto do adjetivo, vestidas, e de um sintagma
preposicional referente a esse, cujo núcleo é vermelho);
Função: sujeito.
- São indígenas: sintagma verbal:
- Constituição:
- Núcleo: são;
- Adjunto: indígenas;
Função: predicativo do sujeito.
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Ex. Muitos indígenas supervalorizam a cultura nos últimos dias da vida.
- Muitos indígenas: sintagma nominal:
- Constituição:
- Núcleo: indígenas;
- Determinante: muitos;
Função: sujeito.
- Supervalorizam a cultura nos últimos dias de vida: sintagma verbal:
- Constituição:
- Núcleo: supervalorizam;
- Adjuntos:
- A cultura: sintagma nominal:
- Núcleo: cultura;
- Determinante: a;
Função: objeto direto;
- Nos últimos dias: sintagma nominal preposicional:
- Núcleo: dias;
- Determinante: os, últimos;
Função: complemento adverbial de tempo;
- Da vida: sintagma nominal preposicional:
- Núcleo: vida;
- Determinante: a;
Função: complemento nominal (adjunto de dias).
Ex. Um índio foi parabenizado pelos funcionários da FUNAI.
- Um índio: sintagma nominal:
- Constituição:
- Núcleo: índio;
- Determinante: um;
Função: sujeito paciente.
- Foi parabenizado pelos funcionários da FUNAI: sintagma verbal:
- Constituição:
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- Núcleo: foi parabenizado;
- Adjunto:
- Pelos funcionários: sintagma nominal preposicional:
- Núcleo: funcionários;
- Determinante: os;
Função: agente da passiva;
- Da FUNAI: sintagma nominal preposicional:
- Núcleo: FUNAI;
- Determinante: a;
Função: complemento nominal (adjunto de funcionários).
2.21.8. Sintagma oracional: regência
Ao longo de nosso trabalho, afirmamos que o sintagma é a unidade sintática mínima que
pode se constituir, unicamente, de núcleo, ou de núcleo e margens quando elas estão presentes na
oração.
Portanto, uma oração é um sintagma verbal acompanhado, ou não, de sintagmas nominais.
Assim, na oração, os sintagmas nominais estão sempre subordinados ao verbo, que os rege. Daí, a
regência exercer a função unificada da oração. Por isso, as orações são classificadas de acordo com
o verbo que as rege.
2.21.9. A concordância verbo-nominal
Na língua Portuguesa, a concordância ocorre entre verbos e entre verbos e nomes.
1. Ordem sintática das classes gramaticais do português
Nesta seção, ao apresentarmos a concordância verbal e verbo-nominal da Língua Portuguesa,
bem como a posição que ocupa no período, ressaltamos algumas condições sobre a ordem das
classes gramaticais na oração ou período, conforme descrevemos a seguir:
- O verbo, em Português, é o núcleo da oração, sem lugar determinado. Normalmente
está precedido do sujeito e antecede os demais complementos por ele regidos; A índia prepara o
paparuto para o filho todas as noites; nesta caso, duas categorias compõem suas margens diretas:
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- O advérbio: O verbo pode vir antes ou depois, mas normalmente segue-o, já que se trata
de um membro regido:
Ex: almocei bem; bem almocei. Depois sairei; sairei depois.
- A conjunção: Ocorre sempre entre dois verbos explícitos: amanhã sairei, e você ficará em
casa; Josué e eu vamos à roça.
- O substantivo: Em português pode ocupar várias posições dentro da oração, tanto antes
quanto depois do verbo. É conveniente, porém, que se coloque antes do verbo quando for sujeito e
depois, nos demais caso:
Sujeito: José corre; corre José.
Abjeto indireto: dou uma banana a Davi; a Davi dou uma banana.
Adjunto adverbial: Falo com Davi; com Davi falo.
Objeto direto: comprei um colar. Um colar comprei.
- O adjetivo: Ocorre, normalmente, após o substantivo, por ser um membro regido, mas
é permitida a sua colocação anterior: bom homem; homem bom; homem aquele, a posição do
adjetivo pode mudar seu conteúdo semântico.
- O artigo: Em Português, o artigo vem obrigatoriamente antes do nome caracterizado por
ele, visto que o artigo, em português, tem posição fixa o menino; o falar; o preguiçoso; o meu.
- O pronome: Pode ocorrer antes do verbo (ele me deu os colares.), depois (interessa-me
esse cofo.) e , inclusive, entre o radical e as desinências verbais (dar-lhe-ei o cofo.).
- Outros pronomes pessoais: mo (me + o), ma (me + a), mos (me + os), mas (me + as), to
(te + o), ta (te + a), tos (te + os), tas (te + as), lho (lhe + o), lha (lhe + a), lhos (lhe + os), lhas (lhe +
as), no-lo (nos + o), no-la (nos + a), no-los (nos + os), no-las (nos + as), vo-lo (vos + o), vo-la (vos
+ a), vo-los (vos + os), vo-las (vos + as). Trata-se de fórmulas totalmente fora de uso em linguagem
informal, e de raro emprego em linguagem escrita formal, no português brasileiro.
- Preposições (mais comuns):
Em ou de + pronome demonstrativo: neste, nesta, nisto, deste, desta, daquilo;
Em ou de + pronome indefinidos: num, numa, nalgum, nalguma, noutro, noutra,
duma, dalguma, doutra;
Em ou de + pronomes pessoais: nele, nela, neles, nelas, dele, dela, deles, delas;
- A preposição: Geralmente, antecede o termo por ela regido: pela manhã; ao meio-dia;
com o tempo; após os acontecimentos... às vezes, pode usar-se após o termo, ou isoladamente: está cansado? - demais até. - até amanhã! - até!
180
Português Intercultural
- O numeral: Devido ao fato de atuar como pronome substantivo (dois, quatro) ou como
pronome adjetivo (dois carros, quatro maçãs), pode também ocorrer depois, ou antes, do verbo
(quero dois sorvetes; dois sorvetes quero).
A Gramática da Língua Portuguesa registra também como formas independentes da oração:
Vocativo e Interjeição:
- Vocativo: Em qualquer lugar da oração: menino, fique quieto! Fique quieto, menino!
- Interjeição: Classe isolada: ah! é você?; pronto, adoeci novamente.
2.21.10. A ordem sintática pronominal
Conforme, afirmamos na seção anterior, os pronomes representam uma categoria gramatical
que substitui o nome (pronome substantivo: ele, tu, este, aquele) ou acompanha (pronome adjetivo:
esta criança, nossos filhos, meu irmão), e desempenham qualquer função sintática nominal. Em
função de seu dinamismo e da capacidade de situar-se antes, depois ou, entre o radical e a desinência
verbal, convém estabelecer algumas regras sobre a posição, que ocupa nos enunciados.
2.21.11.Normas sintáticas que regem os pronomes pessoais retos(sujeitos) e de tratamento
Os pronomes pessoais retos e de tratamento eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles, elas, o senhor,
você desempenham o papel de sujeito da oração, quando empregados sem preposição. Geralmente
precedem o verbo: Ele é meu pai; Nós vamos à roça; O senhor escolhe a aldeia; Você abre a casa.
Podem assumir, também, todas as funções próprias dos nomes e ocupar seu lugar, quando
precedidos de preposição: O dinheiro é para nós; A reunião é com você; Achei o cesto do cacique.
2.21.12. Regras sintáticas que regem os pronomes oblíquos pessoais e não-pessoais
a) Os pronomes oblíquos desempenham, geralmente, na Língua Portuguesa, as seguintes
funções:
- De objeto direto: quando o vir na cidade, saberá do que estou falando: Romão ajuda-o com
frequência; escute-me; compre-o; ela se enxuga na frente do irmão; eles se pintam antes da festa
da tora.
- De objeto indireto: Dar-lhe-ei as miçangas quando comprar; Empreste-me o cofo; Envielhe as miçangas.
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b) Podem ocorrer:
Após os verbos (em ênclise, precedidos de hífen). É a ordem normal, dado que os pronomes
oblíquos são os destinatários da ação verbal: Pretendo vê-lo. Quero confiar-lhe um segredo. Quando
um verbo inicia uma oração, é dada à preferência ao uso formal, a posição enclítica do pronome
oblíquo: abraçaram-se com carinho; perdeu-se no meio da mata; Encontrou-o sem demora com o
cacique.
Obs: Neste caso, ocorrem vários acréscimos ou supressões ortográficas na construção pronominal:
- Encontraram-no; viram-no; confirmaram-no, acrescenta-se a letra n ao pronome oblíquo;
- Vou matá-lo, espero encontrá-lo: suprime-se a letra r do infinitivo e acrescenta-se a letra
l ao pronome oblíquo. As grafias resultantes da contração seguem as regras gerais da acentuação
ortográfica, na Língua Portuguesa.
- Encontramo-lo, suprime a letra s da forma verbal conjugada e acrescenta-se a letra l ao
pronome oblíquo.
c) Antes dos verbos (em próclise, sem hífen). Realiza-se:
- Com pronomes relativos: As pessoas que visitaram, eram de outra aldeia; As crianças
que a recebem foram muito legais;
- Com pronomes interrogativos e exclamativos: Que o levaria a agir assim?; Não me diga
que roubaram!
- Com conjunções subordinativas: Irei à caçada, embora me sinta adoentado; Comprarei
um pacote de bolacha se comportarem direito na cidade;
- Nas negações: não o vimos durante a corrida; não lhe falaram nada até o último momento;
Nem a convidaram para o casamento do seu sobrinho.
- Em diversas situações, como opção à ênclise, por razões de eufonia, ritmo ou ênfase: Eles
se encontraram durante meses; As mulheres comeram a carne sem medo; O cacique os aguardava
ansioso;
- Nas locuções verbais, o pronome pode apoiar-se no auxiliar ou no principal: Eu quero lhe
dizer que estou satisfeito. Vou lhe pedir um favor. Quero lhe apresentar um parente.
- Em contextos informais, populares ou familiares: Me dá o colar; Te vira; Me disseram
que fosse à caçada.
2.21.13. A ordem sintática da oração
Conforme, afirmamos ao longo de nosso trabalho, o verbo pode dispensar de qualquer
182
Português Intercultural
complemento, mesmo que não seja frequente:
Em Português, as orações simples e compostas possuem a seguinte ordem:
a) Tópico original, sujeito da ação, processo ou estado verbal;
b) Ação, estado ou processo verbal;
c) Ponto de chegada, realização, resultado ou objeto direto da ação ou processo verbal. Os
verbos de estado carecem de objeto direto;
d) Finalidade, intenção, beneficiário ou objeto indireto da ação, processo ou estado verbal;
e) Contexto, circunstância, ponto de referência da ação, processo ou estado verbal, conforme
os exemplos abaixo:
1
Josué
Sujeito
2
comprou
verbo
3
uma bola
objeto direto
4
para seus filhos
objeto indireto
5
semana passada
compl. adverbial
de tempo
A ordem normal pode ser alterada para destacar um termo. Nesses casos, convém utilizar
recursos que permitam a transmissão da mensagem, especialmente, quando o adjunto adverbial
figurar no início ou o sentido do enunciado estiver comprometido;
- Fonética (entonação, intensidade, pausas) na linguagem informal.
- Ortográfica (vírgula, ponto - vírgula, parênteses ou travessão), quando se tratar de um
texto escrito. Esta ordem pode ocorrer tanto na oração simples, quanto nas compostas, como nos
exemplos que seguem:
1
2
semana passada, Josué
compl. adverbial sujeito
de tempo
1
Josué
sujeito
2
comprou
verbo
1
uma bola
objeto direto
2
comprou
verbo
3
comprou
verbo
4
uma bola
objeto direto
5
para seus filhos.
objeto indireto
3
uma bola
objeto direto
4
para seus filhos
objeto indireto
5
semana passada
compl. adverbial
de tempo
4
para seus filhos
objeto indireto
5
emana passada
compl. adverbial
de tempo
3
Josué
sujeito
Português Intercultural
183
1
para seus filhos
objeto indireto
1
comprou
verbo
2
3
comprou
verbo
4
uma bola
objeto direto
5
semana passada
compl. adverbial
de tempo
2
3
uma bola
objeto direto
4
para seus filhos
objeto indireto
5
semana passada
compl. adverbial
de tempo
Josué
sujeito
Josué
sujeito
No nível morfossintático ou semântico, convém distinguir e classificar os diferentes tipos
de frases ou oração. Para isso, utilizamos as bases teóricas de Luft (1985), Martins e Zilberknop
(1999), Bechara (2003), Massip (2000), dentre outros.
2.21.14. Orações simples e compostas
Quando a oração possui um único sintagma verbal, classifica-se como oração simples; se
tiver mais de um, como composta.
a) Classificação das orações simples
Para classificação das orações simples, levamos em consideração o ponto de vista semântico
ou morfossintático.
b) Classificação semântica da oração simples
As orações declarativas são aquelas que exprimem uma ação, estado ou processo, com ou
sem tópicos: Nós somos indígenas. Estamos cansados, trabalhamos muito hoje e trovejou, podem
ser:
- Afirmativas: Acordou cedo hoje o cacique. A casa pegou fogo.
- Negativas: não tomo banho cedo. Não corro com a tora à tarde.
As orações podem expressar aspectos subjetivos de dúvida ou desejo, tornado-se:
- Interrogativas: formulam uma pergunta: por que não fica pescar hoje? O que você
comerá hoje? Você virá à tarde a minha casa?
- Exclamativa: expressam algum tipo de vontade, admiração. Que falta de chuva na
aldeia! Tudo dá errado comigo!
Nesse caso, a dúvida e o desejo podem figurar sem oscilação especiais de tom, gerando
184
Português Intercultural
orações:
- Dubitativas: exprimem hesitação: quiçá corra mais tarde. Talvez os índios venham cedo
de Tocantinópolis.
- Desiderativas: transmitem vontade: Oxalá pescaremos muito no rio.
- Exortativas: transmitem ordem: Mergulhe logo,menino, e pegue o anzol.
A diferença entre exclamação e exortação reside no fato de a primeira manifestar um forte
desejo, sem destinatário explícito; já a segunda, porém, é dirigida a alguém, com desejo de impor
algo. A desiderativa distingue-se das duas porque não formalizar o desejo; expressa apenas a vontade.
A oração interrogativa, por sua vez, manifesta uma dúvida, enquanto a dubitativa limita-se
a expressar a dúvida, sem tentar a superação do impasse.
Nas orações dubitativas, desiderativas, exortativas, interrogativas e exclamativas, não cabe
o binômio afirmação - negação, porque comunicam dúvida ou desejo. A dúvida revela a falta de
certeza no âmbito do intelecto; e o desejo, ausência de posse, de índole volitivo-afetivo. Portanto,
dúvida e desejo revelam carência intelectual ou afetiva, ou seja, quem duvida não tem certeza e
quem deseja não possui. As partículas ou locuções afirmativas ou negativas que aparecem nessas
orações são, apenas, fórmulas ou reforços enfáticos da dúvida e do desejo: Não diga uma coisa
dessas! Não virá hoje! Não fez a tarefa!
2.21.15. Classificação morfossintática da oração simples
a) Na Língua Portuguesa, a oração simples pode ser classificada da seguinte forma:
- De ligação: quando o predicado for nominal, expressando só estados: Davi é tocantinense;
Beatriz está cansada; Albino parece doente.
- Predicativa: quando o predicado expressa:
- Ações: José trabalha na roça; Júlio estuda Português; Carlos comprou uma espingarda.
- Ou processos: Maria Célia estuda bastante. Josué não suporta que o corrijam.
b) A oração predicativa se classifica da seguinte forma:
- Ativa: O sujeito é agente da ação: Os índios compram alimentos na cidade.
- Passiva: O objeto da ação ativa torna-se sujeito paciente da oração passiva: os alimentos
são comprados pelos índios na cidade.
- Reflexiva: O sujeito é agente e paciente ao mesmo tempo: Davi se cortou. Creusa se vê
no espelho. Davi e Rogério se pintam manualmente.
c) A oração ativa pode ser classificada como:
- Impessoal: Quando o verbo não necessita de sujeito: Havia muitos índios no pátio. Chovia
Português Intercultural
185
sem parar.
- Transitiva: O verbo precisa de objeto direto ou indireto para completar a informação: Os
indígenas desenvolvem atividades muito importantes para a comunidade. Os indígenas vendem
seus produtos aos não-indígenas diariamente.
- Intransitiva: O verbo possui a totalidade da informação: O cacique anda com dificuldade.
A crianças caminham depressa na mata.
A voz passiva pode se classificar do seguinte modo:
- Analítica: Determina os termos da oração em : sujeito paciente, verbo e agente da passiva:
Professores indígenas são contratados pela Secretaria de Educação. As batatas são vendidas pelos
donos.
- Sintética: Os termos ocorrem de forma resumida, com o auxílio do pronome se: contratamse professores. Vendem-se abóboras.
2.21.16. Classificação da oração composta
A oração composta apresenta mais de um sintagma verbal. Classifica-se como:
- Orações independentes e de mesma categoria sintática, unidas por conectivos. Chamamse coordenadas sindéticas: Meu irmão corre com a tora e eu danço no pátio. As velhas reclamam
da festa, mas participaram.
- Orações independentes, sem vínculo, da mesma categoria sintática. São classificadas
como: coordenadas assindéticas: As mulheres danças, seus maridos dançam. A inda corta lenha e
o marido dorme na esteira.
- Orações entrelaçadas, uma das quais, a oração principal, é núcleo das demais. As regidas
são suas margens e estão subordinadas a ela: Não irei à roça porque estou com preguiça. Não
correi hoje com a tora, mesmo que seja preciso.
2.21.17. Orações coordenadas sindéticas
Nesta seção, descrevemos as conjunções e classificamos os morfemas conectivos do
português. Entre elas, as conjunções coordenativas, que caracterizam as orações coordenadas
sindéticas, classificando-as em cinco grupos: aditivas, alternativas, adversativas, conclusivas e
explicativas.
- Aditivas. Apresentam vínculos: A minha mãe irá para outra aldeia e preparará o
paparuto. Nem você irá ao pátio, nem eu ao rio. Fechou a porta e foi dormir.
- Alternativas. Estabelecem alternância: Vai à escola ou vai para roça? Jantamos nesta
186
Português Intercultural
aldeia ou vamos embora?
- Adversativas. Expressam uma oposição: Estou cansado, mas correrei com a tora. Os
homens estão triste, porém não irão cantar à noite no pátio.
- Conclusivas. Encerram um raciocínio iniciado: Perdi a passagem, logo não poderei viajar
para Palmas. O cacique nunca abriu um livro de português, portanto não tem a mínima ideia do
assunto.
- Explicativas. Exprimem de explicação, ou justificativa: Venha logo porque o cacique
está lhe chamando; Saia do pátio pois você está atrapalhando.
a) Orações coordenadas assindéticas:
As orações coordenadas assindéticas não apresentam divisão, devido à falta de vínculo que
as caracteriza. Ocorrem umas ao lado das outras e têm mesmo status sintático: Hoje acordei tarde,
tome café apressadamente. Os peixes nadam, os veados correm, as araras voam. Alguns correm,
outros, nadam.
b) Orações subordinadas:
São todas aquelas que possuem uma principal. Classificam-se de acordo com a função que
desempenham em relação à oração principal:
- Substantiva;
- Adjetiva;
- Adverbial.
1. Orações subordinadas substantivas
São aquelas que exercem as mesmas funções que um sintagma nominal, com uma restrição:
têm um verbo, como núcleo, em lugar de um substantivo. Exercem função de:
a) Sujeito: Exerce a função de sujeito da oração principal: É urgente que o cacique venha;
É possível que o cacique venha hoje.
b) Predicativo do sujeito: Exerce a função de predicativo do sujeito da oração principal: A
verdade é que corri muito; O certo é que nenhum índio viajou para Palmas.
c) Aposto: Exerce a função de aposto de um termo da oração principal: Antônio, o irmão
do índio que ganhou a corrida da tora, fugiu da ladeia. Araguaína, a cidade onde foi celebrada a
Exposição de artesanatos indígenas, é muito bonita.
d) Complemento nominal: Exerce a função de complemento nominal de um termo da
oração principal: Tenho certeza de que cantei bem no pátio; Tínhamos esperanças de vencer o
concurso de músicas indígenas
e) Objeto direto: Exerce a função de objeto direto da oração principal: Disseram que o
Português Intercultural
187
novo cacique assume hoje; Um a mulher falou que aquele homem era solteiro.
f.) Objeto indireto: Exerce a função de objeto indireto da oração principal: Lembrou-se
de que deixou a caça no cofo; Necessitamos de que os índios trabalhem mais nas suas roças.
2. Orações subordinadas adjetivas
As orações subordinadas adjetivas são, assim, classificadas por terem valor de um adjetivo
que modifica um termo da oração principal: funcionam, pois como adjunto adnominal. São sempre
introduzidas por um pronome relativo: que, quem, o qual, a qual, os quais, as quais, onde, cujo etc.
a) Restritiva: Restringem a significação de seu antecedente: Há índios que praticam
esportes; Os índios que são fortes correram com a tora grande.
b) Explicativa: Limita o sentido do antecedente. Acrescenta uma informação, que pode
ser retirada sem causar prejuízo para a compreensão lógica do enunciado. Em geral, grafa-se
entre vírgulas: O índio, que corria com a tora, era muito forte; Os índios, que são bonitos, serão
fotografados.
3. Orações subordinadas adverbiais
Exercem função de adjunto adverbial de outras orações e vêm, geralmente, introduzidas
por uma das conjunções subordinativas( exceto integrantes). São classificadas de acordo com a
conjunção ou locução conjuntiva que as introduz: causais, comparativas, concessivas, condicionais,
conformativas, consecutivas, finais, proporcionais e temporais:
a) Causais: Indicam causas da ação expressa pelo verbo da oração principal: (porque, já
que, visto que, uma vez que...). Fazia tudo o que o cacique mandava, já que iria ser castigado.
b) Comparativas: Estabelecem uma comparação uma com a ação indicada pelo verbo
da oração principal: que/ do que (precedido de tão, tanto, mais, menos, melhor, pior, na oração
principal) , como assim, como: Cantei como um pássaro; Nadei no rio como um peixe.
c) Concessivas: Indicam uma concessão à ideia expressa pelo verbo da oração principal,
ou seja, admitem uma contradição ou um acontecimento inesperado. (embora, ainda que, posto que,
mesmo que, se bem que apesar de que...): Por mais que eu cantasse, as mulheres não dançavam.
d) Condicionais: Indicam a situação necessária à ocorrência ou não da ação do verbo da
oração principal: (se, caso, exceto, salvo, desde que, contanto que, sem que, a menos que, a não ser
que...): Caso você não queira ir ao pátio, avise-me, amiga; A casa seria muito boa, se não fosse
valha.
e) Conformativas: indicam uma conformidade, um acordo entre o fato que expressam
a ação do verbo da oração principal. ( conforme, como, segundo, consoante): Fizemos a festa,
conforme o cacique determinou.
188
Português Intercultural
f)- Consecutivas: Expressam uma conseqüência resultante do fato expresso pelo verbo da
oração principal. ( tão... que; tanto...que; tal...que; tamanho que...). Tanto fiz que a comunidade me
aceitou novamente; Tamanho era a cobra, que o índio quase não consegue matá-la.
g) Finais: Indicam finalidade, objetivo do fato enunciado na oração principal. ( para que,
que = para que, a fim de que .... ). Trabalhou o dia inteiro para descansar no dia seguinte.
h) Proporcionais: Indicam uma relação de proporcionalidade com o verbo da oração
principal. (à proporção que, ao posso que, à medida que, quanto mais, quanto menos...). Á medida
que os velhos iam cantando no pátio, as mulheres iam dançando.
i) Temporais: Indicam circunstâncias de tempo em que ocorre a ação o verbo da oração
principal: (quando, enquanto, assim que, logo que, desde que depois que...). Mal o cacique chegou
ao pátio, começo a reunião; Logo que cheguei, a corrida da tora terminou.
4. Orações reduzidas
As gramáticas portuguesas sempre distinguem as orações subordinadas que têm como
núcleo um infinitivo, gerúndio ou particípio. São introduzidas por conjunção ou pronome relativo,
tendo o verbo no indicativo, imperativo ou subjuntivo. Conforme os exemplos, a seguir:
a) De infinitivo: Comer demais acarreta problemas de saúde. Oração subordinativa de
sujeito.
b) De gerúndio: Josué passou a tarde cantando da escola. Oração subordinada adverbial
de modo.
c) De particípio: emocionado, a mulher foi visitar o irmão na outra aldeia. Oração
subordinada adjetiva explicativa (ou adverbial causal).
2.21.18. Exercícios de concordância, regência e função
1. Exercícios de concordância pronominal na oração.
- Primeira parte:
Exemplo: A respeito daquela notícia que lhe dei, por favor, não a comente com ninguém.
a) Ontem (dizer, a mim) ____________ a funcionária da escola que tinha que pagar a conta
de luz.
b) (dizer, eu a ela, ontem) ____________ que fosse embora o quanto antes.
c) Estou cansado desse filme; (eu, assistir) ____________ três vezes seguidas.
d) Ele (ver, ele) ____________ semana passada em Palmas.
e) Se meu irmão tivesse que fazer sozinho as esteiras, não (as esteiras, aprontar) ___________
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189
nunca.
f) A professora não sabe que adiaram a prova; (avisar, vocês, ela) ____________.
g) Hoje pela manhã ____________ (nós, a ela, ouvir,) dizer que ficaria mais um tempinho
no pátio.
h) O seu pai falou que (a você) ____________ emprestaria o casa ; (pedir, você a ele)
____________ as chaves.
- Segunda parte:
Exemplo: Entregue a prova quando o professor a requisitar (ou requisitá-la).
a) Estudarei a lição que o professor (encomendar, a nós) ____________ anteontem.
b) Os livros que você (pedir a mim, pretérito perfeito) ____________ estão no quarto. Pode
(levar, você, os livros) ____________ quando quiser.
c) Lá está Pedro; (pedir, você a ele, imperativo) ____________ o cofo.
d) Isto é exatamente o que precisava. Vou (comprar, eu, isso) ____________.
e) Já ouvi o CD que me emprestou; vou (devolver, o CD) ____________ segunda-feira.
f) Minha avó insiste em que use camisa; (a mim, recomendar) ____________ isso pelo
menos na cidade.
g) As tarefas da escola são interessantes; a gente gosta muito de (fazer, as tarefas da escola)
____________.
h) Preciso dos exercícios. Quando (você, os exercícios, devolver) ____________?
2. Exercícios de orações simples.
-Vamos analisar as seguintes orações simples, segundo os três primeiros modelos, que
seguem:
I) As pessoas inseguras mentem muito: oração simples, declarativa, afirmativa, predicativa,
ativa, intransitiva.
II) O armazém foi assaltado por uns não-indígenas: oração simples, declarativa, afirmativa,
predicativa, passiva analítica.
II) Oxalá supere a corrida da tora: oração simples, desiderativa, predicativa, ativa, transitiva.
a) As pessoas descuidadas complicam a vidinha dos seus familiares.
b) Alguns estudantes saíram da escola decepcionados com o professor.
c) Os funcionários da saúde confraternizaram no natal.
d) Os profissionais da escola trabalham à noite.
e) São indígenas aquelas meninas vestidas de branco?
f) Não anteponhas o dinheiro a coisas mais importantes.
190
Português Intercultural
g) A amizade desses filhinhos de papai não convém aos meus filhos.
h) Muitos velhinhos supervalorizam os aspectos culturais de seu povo.
i) Que rede linda havia por trás da porta!
j) Um índio foi parabenizado pelos funcionários da SEDUC.
k) Vendem-se carros em promoção.
l) José, venha logo.
m) Chegarão finalmente as férias?
n) As meninas pintam-se mutuamente os corpos.
o) Apronto-me todos os dias à mesma hora.
p) Chove com frequência na aldeia.
q) Meus irmãos não chegam hoje à noite de Palmas..
r) Havia muitas caixas de papelão naquela escola.
s) Meus melhores amigos são não-indígenas.
t) Na minha aldeia, estamos todos de acordo com o cacique.
u) Hoje é domingo!
v) Josué irritou-se com os colegas de escola.
3. Classifica as seguintes orações segundo o modelo:
Ex: Todas as pessoas, que se acham importantes, ofendem-se quando alguém as imita:
- Todas as pessoas ofendem-se: oração principal, declarativa, afirmativa, predicativa,
reflexiva;
- Que se consideram importantes: oração subordinada adjetiva explicativa .
- Quando alguém as imita: subordinada adverbial de tempo.
a) A criança levanta-se às sete horas, quando tem vontade, porque se deita muito tarde
assistindo à televisão, mesmo que os pais reclamem.
b) O doente deitou-se de uma forma que, ao acordar, chamou a enfermeira porque lhe
doíam todas as costelas, como se estivesse corrido com a tora grande.
c) As mulheres que não conversavam viviam em constante tensão e enfrentavam a discórdia,
sem culpa de ninguém de fato, mesmo que cada membro perceba em seu íntimo que a convivência
entre elas seria muito mais agradável se cada uma fizesse alguma coisa para descontrair o ambiente.
d) Agrada-me conversar com os índios, sair no meio da tarde, ir ao pátio, visitar os amigos,
porém cada vez faço menos esse tipo de programa, pois me falta paciência para suportar o convívio
social.
e) José disse que estava cansado, tomou a porta principal, entrou em casa e saiu em disparada
com tanta sorte que se deparou contra o chefe de posto que o convidou para ir à cidade pegar o
dinheiro, que lhe devia.
Português Intercultural
191
f) Pense bem o que diz, porque muita gente espera qualquer engano de sua parte para
destorcer o que foi dito.
g) Domingo à noite, faltou energia na aldeia e as crianças ficaram desorientadas, pois estavam
acostumadas a assistir à televisão a essa hora, por isso se deitaram logo, antes que consertassem os
fios.
h) Choveu tanto que o córrego transbordou, as casas encheram-se de água, as galinhas
subiram nas árvores e os índios começaram a fazer pequenas valas para que a água não invadisse
toda a aldeia.
i) Meu Deus do céu! Quantas vezes tenho que pedir para você se calar e não se meter na
conversa dos mais velhos.
j) Quem pratica más ações é castigado por aqueles que se beneficiam delas.
192
Português Intercultural
Terceira Parte
Texto: Leitura e Compreensão
Português Intercultural
193
3. Texto: Leitura e Compreensão
3.1 Separe os desenhos por categorias
Borduna
Arco e flecha
Maracá
Pífano
Colar
Saia
Colar
Mocó
Esteiras
e cofo
Cesto
Desenhos: Isauro Krahô, José Durico Apinajé e Júlio Kamêr Apinajé.
1. Quais os instrumentos utilizados para lutar?
2. Quais instrumentos são usados nas cantigas e danças?
3. Quais os enfeites usados no corpo como adorno?
4. Quais os utensílios que são utilizados em casa?
5. Dê o nome de cada objeto na sua língua materna.
194
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3.2 Separe as plantas por categorias
remédio do tatu
vereda
oiti
jatobá
remédio do tatu
china
remédio do veado
Oiti, jatobá, buriti, juçara
Vereda, remédio do tatu, remédio do veado,remédio do tatu china, remédio da sariema, remédio da
cutia, remédio do quati
remédio da cutia
Mangaba, pequi, bacaba, puçá, bacuri, babaçu
remédio da
sariema
Desenhos: Roberto da Mata Apinajé
buriti
remédio do quati
juçara
mangaba
pequi
bacaba
puçá
bacuri
babaçu
Desenhos: Roberto da Mata Apinajé
1. Quais as plantas que são utilizadas para remédio?
2. Quais as que dão frutas?
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195
3. Quais as frutas que são usadas para fazer suco?
4. Quais os tipos de plantas da chapada?
5. Quais as plantas que nascem nos córregos?
6. Quais as plantas que nascem nas matas?
7. Quais as frutas que possuem caroço?
8. Quais as plantas que possuem vagem?
9. Quais as plantas que se fazem óleo?
10. Quais as plantas que botam palhas?
196
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3.3. Dê o nome das gravuras em português e na sua língua materna.
Desenhos: Júlio Kamêr Apinajé e Iramar Apinajé
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197
3.4. Separe os desenhos por categorias
Desenhos: Júlio Kamêr Apinajé
1. Quais as aves que voam?
2. Quais as aves que possuem pena?
3. Quais as aves que possuem pena, mas não voam?
4. Quais os animais que possuem pelos?
5. Quais os animais perigosos?
6. Qual o animal venenoso?
7. Quais os animais que são comestíveis?
8. Quais os animais que moram nas matas?
9. Quais os animais que são utilizados também como remédio?
10. Quais os animais que comem frutas e sementes?
198
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3.5. Separe as borboletas por cores
Desenhos: Maria dos Reis Apinajé
1. Quantas borboletas cinzas?
2. Quantas amarelas?
3. Quantas rosas?
4. Quais as azuis?
5. Quais as marrons?
6. Quantas são as lilases?
7. Quantas verdes?
8. Quais as vermelhas?
9. Quantas são as pretas?
10. Quantas são as laranjadas?
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3.6. Tomando como base o desenho:
Descreva sua aldeia, informando os rios e os córregos que existem próximos a ela.
Como é formada, o local onde está localizada sua etnia, quais os animais e plantas que
existem na reserva, próximo a sua aldeia.
Desenhos: Davi Wamimen Chavito Apinajé
200
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3.7. Na escola de sua aldeia
Desenhos: Davi Wamimen Chavito Apinajé
1. A que horas começam as aulas na sua escola?
2. Qual o horário do lanche?
3. A que horas as aulas terminam?
4. A que horas começam e terminam as aulas de língua materna?
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201
3.8. Observe os desenhos abaixo e escreva:
Desenhos: Tuxá krahô, Gregório Hũhtê Krahô e Júlio Kamêr Apinajé
1. O nome de cada desenho em português.
2. O nome de cada desenho em língua materna.
3. Faça uma pequena história para cada desenho.
202
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3.9 Chuva é Vida
Desenho e Texto: Júlio Kamêr Apinajé
Quando chove todas as pessoas da aldeia ficam alegres. Durante a chuva, todos os índios
ficam dentro de casa, discutindo sobre os trabalhos.
Enquanto está chovendo, algumas crianças brincam debaixo da chuva à vontade. Quando a
chuva diminui, alguns homens vão para caçada. Os mais idosos falam que a época de chuva tem
mais caças, porque as pegadas não se apagam. Eles vão rastejando até encontrar a caça e matar,
portanto. a chuva é importante para qualquer pessoa, principalmente, para os povos indígenas.
COMPREENSÃO DO TEXTO
1. O que acontece com os índios, quando chove na aldeia?
2. O que os índios discutem em casa durante as chuvas?
3. Ao terminar a chuva, para onde os homens vão?
4. O que os mais idosos comentam sobre a época chuvosa?
5. Por que você acha que a chuva é importante para os índios?
6. Na sua aldeia acontecem outras atividades durante as chuvas? Quais?
7. Desenhe sua aldeia e faça um pequeno texto sobre um dia chuvoso.
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203
3.10 Pescaria
Complete as lacunas com verbos no pretérito perfeito do indicativo, utilizando os verbos
que estão no desenho do peixe.
Desenho e Texto: Maria Cipand Fernandes Apinajé
A pescaria
O homem________ pescar no rio. Ele________ o arco e a flecha e________ para
pescar, quando ________ a casa ________nadar no rio, ________na canoa e ___________um
pouco, ________para a casa. Ele ________, ________ um pouco dos peixes e salgaram os outros.
No outro dia ________ novamente para ________ e ________ mais peixes, ________ de novo,
________ um porco, ________, tirou um pedaço, ________, ________, e ________ para caçar,
________ um tatu, ________ para casa, ________ em casa, ________o tatu, ________, ________
com a família dele e ________ felizes da vida.
204
Português Intercultural
3.11.Terra Furada
Desenho e texto: Percília Dias M. Apinajé
Silivan Oliveira Apinajé
Uma vez, um índio foi caçar na chapada, andou muito, mas não viu nada. Foi outra vez,
andando, viu um tatu, entrando no buraco. O índio pegou a enxada, começou a cavar. Quando ele
estava cavando, de repente, a terra desabou e ele caiu dentro do buraco, mas não caiu no chão.
Ficou dependurado no pé de buriti. Debaixo do buriti, havia muitos porcos diferentes. O porco
sentiu o cheiro do índio, ficou correndo debaixo do índio que estava no buriti. O índio ficou em
silêncio, vendo o porco correr debaixo dele. Como o índio demorou a chegar, a mulher dele estava
desesperada. O cacique perguntou a ela o que estava acontecendo.
-Ela respondeu que marido tinha ido caçar e até agora não havia chegado.
-O cacique perguntou de novo, para que lado ele tinha ido.
-Ela respondeu que o marido tinha ido para o lado da chapada.
O cacique reuniu toda a comunidade e falou que havia um índio perdido na chapada. A
comunidade foi procurar o índio que havia se perdido. Andaram muito, até que encontraram o rasto
do índio. O rasto dele seguia em direção ao buraco do tatu.
O pajé falou para eles que o índio não estava morto. Estava dependurado no pé de buriti.
Português Intercultural
205
As mulheres começaram a trançar o algodão. Ao terminarem de trançar, cortaram um galhinho de
árvore, amarraram o galhinho na corda e colocaram no buraco. A corda saiu do outro lado do mundo.
O índio viu a corda, pegou, sentou no galhinho da árvore e puxou a corda; e os índios puxaram até
que o índio subiu. Ele falou que naquele buraco tinha muitos porcos de cabeça vermelha. Falou
que se ele tivesse caído no chão o porco tinha comido.
COMPREENSÃO DO TEXTO
1. Onde o índio foi caçar?
2. O que aconteceu com o índio?
3. O que aconteceu quando ele cavou a terra?
4. Onde o índio caiu?
5. Quais os bichos que havia no buraco?
6. Como o índio demorou chegar em casa, o que a mulher dele fez?
7. Qual foi a decisão do cacique?
8. Com que as mulheres retiraram o índio do buraco?
9. Na sua reserva também existe esse tipo de porco?
10. Dê outro final para o texto.
206
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3.12. Observe o desenho abaixo
Desenho: Júlio Kamêr Apinajé.
1. Quais os animais que vivem na mata?
2. Quais os animais que vivem na chapada?
3. Quais os animais do desenho?
4. Indique os animais da reserva de seu povo?
5. Quais desses animais moram em buraco?
6. Quais desses animais, os índios acham a carne mais saborosa?
7. Quais desses animais, você acha que o índio vai flechar? Por quê?
8. Faça um pequeno texto sobre o desenho.
Português Intercultural
207
3.13. A Casa Apinajé
Desenho e texto: Emílio Dias Apinajé
Os homens Apinajé constroem suas próprias casas. Para construção de suas casas, os
homens escolhem um bom local e vão cortar a madeira, que também tem que ser muito resistente,
para que as casas durem muitos anos. Depois de toda madeira cortada, os Apinajé levam-na para a
aldeia, onde vai ser construída a casa.
Assim que a casa estiver construída, mas apenas com a madeira, os homens Apinajé vão
providenciar a retirada das palhas para cobrir. Eles cortam as palhas, riscam-nas, trazem para a
aldeia e pedem aos outros índios para ajudá-los a cobrir sua casa. Depois de coberta, eles fazem as
paredes e logo que estiver pronta, trazem a família para morar na casa nova. É assim que o Apinajé
fazem suas casas.
COMPREENSÃO DO TEXTO
1. As casas Apinajé são construídas por quem?
2. Como eles constroem suas casas?
3. As casas são construídas de quê?
4. Como eles escolhem as madeiras para construção de suas casas?
5. Os Apinajé cobrem suas casas com qualquer palha? Justifique sua resposta?
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Português Intercultural
6. Logo que cobrem suas casas, eles vão morar nelas?
7. Nas aldeias indígenas existem tarefas masculinas e femininas. Cite algumas dessas tarefas:
a) Masculinas: ____________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
b) Femininas: ____________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
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3.14. Pescaria
Desenho e texto: Júlio Kamêr Apinajé
Duas crianças gostavam muito de brincar na floresta, mas seus pais ficavam muito
preocupados, com medo de que acontecesse alguma coisa com elas.
- Os pais falaram para os filhos.
- Olhem, vocês podem andar na mata, mas tenham cuidado, pois lá é muito perigoso.
- Os filhos responderam:
- Sim, nós vamos andar com muito cuidado.
Os meninos foram para a floresta, pescar no lago. Lá eles quebraram coco de babaçu, para
tirar o “gongo”, para utilizarem como isca para os peixes. Eles pegaram muito peixe. Porém, o
outro menino que estava no meio do lago pescando, não sabia que lá havia muita sanguessuga,
quando ele percebeu sua perna estava cheia de sanguessuga, saiu correndo, gritando e pedindo
ajuda a seu irmão, que retirou todos os bichos, mas pediu para ele ficar calado e não contar nada
para ninguém. Foram embora e chegaram à aldeia quase à noite.
COMPREENSÃO DO TEXTO
1. Explique por que os pais dos meninos não gostavam que eles andassem na floresta?
2. Que explicação os filhos deram aos pais?
3. O que os meninos utilizaram como isca para pescar?
210
Português Intercultural
4. Que outra palavra você utiliza para “gongo”?
5. O que aconteceu com o menino que pescava no meio do lago?
6. Por que o menino pediu ao irmão para ele ficar calado?
7. Tente reescrever esse texto, dando um outro final para ele.
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211
3.15.Iremex
Iremex é uma índia muito bonita e mora na aldeia.
Quando ela foi à roça, arrancou mandioca, encheu o cofo e
levou para casa.
Quando chegou à aldeia, descascou e ralou toda
a mandioca. Espremeu um pouco da massa de mandioca,
coloca na panela, levou ao fogo até ficar assada. Tirou a
panela do fogo e colocou o grolado noutra vasilha.
Ao terminar, ela foi almoçar com as amigas dela.
Para o almoço, ela serviu grolado com tatu moqueado.
Após o almoço, elas foram tomar banho no ribeirão.
COMPREENSÃO DO TEXTO
Desenho e texto: Júlio Kamêr Apinjé
1.Quais as outras atividades que as mulheres realizam, na aldeia, além de arrancar mandioca e fazer
grolado?
2. O que Iremex faz ao chegar à aldeia?
3. Como Iremex faz o grolado?
4. O que Iremex serviu para o almoço?
5. E você, além do tatu, o que serviria para o almoço?
6. Na região de sua aldeia, quais as caças que ainda existem? E quais as que não existem mais?
7. Na sua aldeia, os índios praticam agricultura? O que eles plantam para se alimentar?
212
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3.16. A Terra Indígena Apinajé
Desenho e texto: Emílio Dias Apinajé
A terra onde moramos e sobrevivemos é um lugar muito bom e possui muitas riquezas. Nela
buscamos os recursos para nossa sobrevivência. Possui uma paisagem muito bonita e agradável.
Na chapada, existem muitas frutas como, cajuí, pequi, bacuri, e frutas da quaresma. Próximo dos
ribeirões, existem juçara, bacaba, buriti e buritirana. Essas frutas servem de alimento para nós
indígenas. Mas, no nosso dia-a-dia, utilizamos outros tipos de alimentos, que encontramos nas
matas, que ficam na nossa reserva, como caça e pesca.
Em nossa reserva ainda há muitas caças. Os homens saem para caçar; e as mulheres vão ao
mato buscar lenha e cuidar da família, enquanto os homens estão no mato.
Portanto, isso faz parte da nossa cultura, temos, pois, que preservar esses valores, visto que
não podemos esquecer, nem deixar acabar, porque todos esses aspectos são muito importantes para
a preservação da cultura de nosso povo.
COMPREENSÃO DO TEXTO
1. Com base no texto lido, descreva sua aldeia.
2. Quais os rios que existem na sua aldeia?
Português Intercultural
213
3. Cite as plantas que nascem na chapada, na mata e nos córregos.
4. Quais as tarefas das mulheres?
5. O que as mulheres fazem, enquanto os homens estão caçando?
6. Você concorda que vocês têm que preservar sua língua e sua cultura? Por quê?
7. Cite alguns rituais que ainda existem em sua aldeia e outros que não existem mais.
8. Quais fatores contribuíram para que os aspectos culturais desaparecessem de sua aldeia?
9. Em sua opinião, o que os índios de sua aldeia devem fazer para manter vivas sua língua e sua
cultura?
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3.17. Roça de Toco
Desenho e Texto:Emílio Dias Apinajé
Antigamente, as comunidades Apinajé faziam roças de toco comunitárias para toda a
população da aldeia. A comunidade Apinajé era unida, batalhadora, pois precisavam trabalhar para
a sobrevivência de seus filhos.
A FUNAI tinha obrigação de ajudar esse povo, mandava recursos como: arroz, feijão, milho
e ferramentas para o trabalho como: machados, enxadas, facão, roçadeira e plantadeira.
Quando os recursos chegavam à aldeia, o cacique era o responsável em distribuir para a
comunidade. No mês de maio era a época de trabalhar nas roças comunitárias. O cacique reunia
todos os homens e leva-os a um local apropriado para fazer a roça. Os homens levam as suas
roçadeiras para o trabalho.
Porém, atualmente, a comunidade Apinajé não faz mais a roça comunitária, porque os
recursos não existem mais, por isso, cada família faz sua própria roça, para sustentar sua família.
Portanto, a roça de toco hoje é individual.
* Emílio Dias Apinajé. 15ª etapa do Curso de Formação de Professores Indígenas. SEDUC. Pedro Afonso,
jan. 2008.
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COMPREENSÃO DO TEXTO
1. Na sua opinião, por que a comunidade não faz mais roça comunitária?
2. Você concorda que a FUNAI tem que ser responsável pela distribuição de alimentos nas aldeias?
3. Quando os recursos chegavam à aldeia, o que os caciques faziam?
4. Na sua opinião, qual a função do cacique para a comunidade?
5. Atualmente, como e por quem são feitas as roças?
6. Que tipo de roça é feita em sua comunidade?
7. Em que mês do ano, vocês costumavam trabalhar as roças comunitárias?
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3.18.A História das Caçadas Apinajé
Desenho e texto: Emílio Dias Apinajé
Os Apinajé convivem há muito tempo assim. Se o índio não pode andar caçando sozinho
e precisar caçar, deve chamar alguém para ir junto com ele. Ninguém pode caçar sozinho no
mato. Para a caçada, eles levam um ou dois cachorros. Mas, se alguém for para caçada sozinho
com cachorro, será muito ruim, pode acontecer acidente como, picada de cobra, dentre outros.
Se acontecer esse tipo de acidente, quem poderia salvar a pessoa, que foi picado pela cobra. O
cachorro?, mas o cachorro não fala. Ele é apenas um animal doméstico, por isso ninguém vai avisar
para outra pessoa. Portanto se alguém for caçar, vão dois ou três para a caçada, se acontecer um
acidente qualquer, um deles vai avisar na aldeia. Então é assim, que acontece a história da caçada
dos Apinajé.
COMPREENSÃO DO TEXTO
1. Por que os Apinajé não costumam caçar sozinhos?
2. Além das armas, o que mais os índios levam para caçada?
Português Intercultural
217
3. Qual a contribuição dos cachorros durante a caçada?
4. Os Apinajé sempre costumam caçar?
5. De que tipo de caça os Apinajé gostam mais?
6. Quais as caças que os índios não comem?
7. Cite o nome dos animais perigosos que existem na reserva de sua aldeia.
8. Relacione alguns animais que não existem mais na reserva de sua aldeia.
218
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3.19. Tinguizada no lago
Desenho e texto: Emílio Dias Apinajé
O povo Apinajé realiza a tinguizada no lago, na época de inverno, mais precisamente
de junho a agosto. Chegou o inverno, uma ou duas pessoas vão fazer pesquisas no rio, ou seja,
procurar lagos que tenham muitos peixes para pôr tingui.
Ao encontrarem o lago, os dois voltam para aldeia e, no dia seguinte, irão reunir a
comunidade para informar que encontraram o lago. Depois, eles discutem para saber quem tem
tingui na roça. Após a discussão, no outro dia, todos os índios da comunidade, homens, mulheres
e crianças vão para a roça onde tem o tingui, para arrancá-lo, visto que somente os homens podem
arrancar o tingui.
Terminando de arrancar o tingui, põem-no em saco e levam-no para o lago.
COMPREENSÃO DO TEXTO
1. Em que época do ano é feita a tinguizada?
2. Antes da tinguizada, o que fazem os índios?
3. Como os Apinajé costumam pescar?
4. Onde os índios encontram o tingui?
Português Intercultural
219
5. Conte como é feita a pescaria com tingui?
6. Você acha que se deve pescar com tingui? Essa prática não prejudica os lagos e rios?
7. Você acha que os índios têm que valorizar e preservar os usos e costumes de sua comunidade?
Como vocês vêm fazendo isso?
8. As pescarias são feitas em toda época do ano, ou tem época certa?
9. Após a pescaria, os índios vão festejar onde? Por quê?
10. Você acha que todos os índios devem pescar com tingui?
220
Português Intercultural
3.20. Colheita de bacaba
Certo dia, as mulheres Apinajé foram colher
bacaba, e se reuniram em grupo, chegando à mata
cada grupo foi para locais diferentes à procura
da bacaba. Algumas delas encontram bacaba e
limparam o local. Uma delas não percebeu que havia
marimbondo lá em cima da árvore e, como não o
tinha visto, subiu no pé de bacaba; o marimbondo
ferroou muito a mulher e a colega dela, que também,
não colheu bacaba.
As outras ajudaram-nas, dando-lhes um
pouquinho de bacaba, que elas levaram para
casa.
COMPREENSÃO DO TEXTO
Desenho e texto: Júlio kamêr Apinajé
1. Em que local da reserva existe pé de bacaba?
2. Para que serve bacaba?
3. Como é feita a colheita da bacaba?
4. Por que tem que limpar o local onde existe bacaba?
5. O que aconteceu com a mulher que subiu no pé de bacaba?
6. O que havia no pé de bacaba?
7. Por que as duas não colheram bacaba?
8. Quem deu um pouco de bacaba para as outras mulheres?
9. Que outro final você daria para esse texto?
Português Intercultural
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3.21. A Natureza
Desenho e texto: Emílio Dias Apinajé
Onde eu moro, a terra é boa e produtiva. Há muitos animais e peixes, a vegetação ainda é
bem preservada. Nós, Apinajé, alimentamos- nos de caça, pesca e dos alimentos que plantamos
nas nossas roças.
Se alguém não tem nada em casa, os homens se reúnem para caçar ou pescar no rio. As
mulheres tomam conta da casa e dos filhos. Fazem comida, varrem as casas e cuidam das crianças.
Já os homens chegam com as caças e as mulheres tratam-nas, depois cozinham e comem, satisfeitas,
com seus filhos.
A Natureza é muito importante para nós indígenas, por isso, nós Apinajé temos que preservar
a nossa natureza a cada dia. Não queremos desmatamento, queimadas, nem queremos invasões de
nossas terras, porque dela nós nos alimentam e sobrevivemos..
COMPREENSÃO DO TEXTO
1. Como é a terra onde você mora?
2. Ainda existem muitos animais na reserva de seu povo?
3. Quando não há nada para comer em casa, o que os homens de sua aldeia fazem?
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Português Intercultural
4. Enquanto os homens caçam, o que as mulheres ficam fazendo na aldeia?
5. Você esta contente na aldeia? Explique por quê?
6. Vocês, à tardinha, o que fazem na aldeia?
7. Os jovens e as crianças de sua aldeia sempre procuram os mais velhos para conversar sobre sua
cultura e sua língua?
8. Você concorda que todos da aldeia devem procurar os velhos para tirar as dúvidas sobre as
palavras que não estão usando mais?
9. Por que você acha que os índios também devem preservar a natureza, não provocando queimadas
indevidas nas matas e na reserva?
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3.22. As Crianças
Desenho e texto: Júlio Kamêr Apinajé
As crianças indígenas gostam muito de andar pela mata, brincando. Certo dia, elas foram
buscar macaúba para brincar e roer. Encheram o cofo de macaúba e Iremexre e Pãxre foram
carregando o cofo. As outras crianças estavam fazendo caminho na frente e não viram que havia
um enxame de abelhas e derrubaram-no. As abelhas atacaram e ferroaram as crianças. Elas
entraram em pânico e correram para aldeia.
As duas meninas que estavam carregando o cofo, jogaram-no ao chão, correram bastante,
mas mesmo assim, foram também muito picadas pelas abelhas. Porém, ao chegarem à aldeia, os
pais deram remédio e elas melhoraram.
COMPREENSÃO DE TEXTO
1. De acordo com o texto, o que as crianças estavam fazendo na mata?
2. Quais as crianças que estavam com o cofo?
3. Quem estava abrindo o caminho para as crianças passarem?
4. O que aconteceu com as crianças?
5. O que aconteceu com as meninas que levaram o cofo?
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Português Intercultural
6. Quem deu o remédio às crianças?
7. Você concorda que as crianças podem andar sozinhas na mata?
8. Você não acha que a mata é muito perigosa e tem muitos bichos ferozes?
9. Cite o nome dos animais perigosos que existem nas matas de sua aldeia?
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3.23. Moqueado
Desenho e texto: Emílio Dias Apinajé
Quando há casamento na aldeia, os índios fazem moqueado de mandioca. Eles vão para
roça, arrancar mandioca, enquanto os outros vão arrancar a batata-doce. Depois, levam para
aldeia, para descascar e ralar a mandioca.
As mulheres fazem moquém, mas para isso, elas buscam lenhas e pedras. Preparam o bolo,
que é uma mistura de massa de mandioca com carne de caça ou vaca.
As mulheres vão cortar as folhas de bananeira, para colocar a massa de mandioca, juntamente
com a carne, para fazerem o bolo, que, em seguida, é levado para o moquém, que já está preparado
para receber o bolo.
As pedras são retiradas para fora do moquém, onde o bolo é colocado, depois elas são
colocadas de volta em cima do moquém.
Em seguida, os homens cobrem o moquém com as folhas de bananeira e palhas de coco
babaçu. Ao ser coberto com terra, o bolo demora bastante para assar, depois de assado, é retirado
do moquém, para comer. Assim é preparado o bolo de mandioca, ou paparuto Apinajé.
COMPREENSÃO DE TEXTO
1. O que acontece quando há casamento na aldeia?
2. Quem realiza o casamento?
3. De quem é a tarefa de fazer o bolo paparuto?
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Português Intercultural
4. Como é feito o moqueado?
5. Como as mulheres preparam o bolo?
6. Qual a tarefa dos homens durante o preparo do moqueado?
7. Quanto tempo o bolo fica no moquém?
8. Você acha que nas outras aldeias ainda se pratica alguns rituais como o casamento?
9. Aponte quais as tarefas dos padrinhos no ritual do casamento.
10. Em que outro momento é feito o bolo paparuto?
Português Intercultural
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3.24. O Aconselhamento
Desenho e texto: Júlio Kamêr Apinajé
Atualmente, os Apinajé não procuram se informar com os mais velhos. Eles não se reúnem,
para discutir assuntos e problemas da aldeia. Por isso não são fortes, estão muito desunidos. Há
falta de comunicação entre eles, por isso, a situação, hoje, está assim.
Antigamente, os nossos bisavôs e bisavós aconselhavam os filhos, os netos e as crianças
da aldeia. Pediam para que eles não desobedecessem aos pais, aos mais velhos e praticassem
somente as coisas boas das festas da aldeia, não usassem nada da cultura dos não-indígenas.
Porém, atualmente, está tudo mudado, ninguém aconselha ninguém; só fazem coisas que
não são boas para os índios e a comunidade. Os mais velhos não aconselham mais os jovens, nem
os jovens respeitam os mais velhos.
Mudou tudo, de certa forma, os velhos também estão contribuindo para isso, visto que não
repassam mais seus conhecimentos para os mais novos; e os jovens estão querendo usar tudo o que
é dos não-indígenas.
COMPREENSÃO DO TEXTO
1. Você concorda com que o autor relata no texto?
2. Por que você acha que os índios não estão se reunindo mais para discutir os assuntos da
comunidade?
3. Você não acha que essa situação é muito ruim para vocês índios?
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Português Intercultural
4. Na sua opinião, o que os índios devem fazer para mudar isso?
5. O que você acha que mudou da época dos seus avós até hoje?
6. Por que você não conversa com a sua família sobre tudo isso que você acha que mudou e trouxe
prejuízos para comunidade?
7. Você costuma conversar com os mais velhos? O que você discute com eles?
8. Por que você acha que ninguém na aldeia, aconselha mais ninguém?
9. Por que você acha que os jovens não respeitam os mais velhos?
10. Na sua opinião, por que os jovens só fazem coisas erradas? Cite algumas dessas coisas, que
você considera erradas.
Português Intercultural
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3.25. Krãkamrêk
Desenho e texto: Júlio Komêr Apinajé
O Krãkamrêk foi caçar no mato para sustentar a família. Quando estava andando na mata,
viu um mambira em cima da árvore, subiu com o facão e o matou. Desceu, pegou o mambira, mas
continuou caçando. Depois, viu o rasto de um tatu, seguiu rastejando até encontrar o buraco. Ao
encontrar, cavou, cavou, cavou, encontrou o tatu, quebrou o pescoço dele e o matou.
Levou para aldeia, a esposa o preparou, cozinhou, almoçaram todos juntos, e após tanto
esforço, ele ficou feliz, alegre e satisfeito com a família, por ter comido muito e saciado a fome de
todos.
COMPREENSÃO DO TEXTO
1. Por que Krãkamrêk foi caçar?
2. Que bicho ele avistou primeiro? Onde ele estava?
3. O que ele fez para matar o bicho?
4. Depois, o que ele fez?
5. Como o índio fez para matar o tatu?
6. Para onde ele levou as caças? Quem as preparou?
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Português Intercultural
7. Por que o índio ficou feliz e satisfeito?
8. Por que você acha que Krãkamrêk não dividiu a caça com os outros parentes?
9. Os índios ainda costumam dividir os alimentos e caças com as outras famílias? Por quê?
10. Você concorda com a decisão de Krãkamrêk?
Português Intercultural
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3.26. Cuidados Básicos para Preservação dos Rios
Desenho e texto: Davi Wamimen Apinajé
Para preservar os rios, nós Apinajé, tomamos alguns cuidados básicos, para não prejudicar
ou poluir os rios, tais como: não jogar lixo nas margens nem dentro dos rios. Não fazer cocô nas
margens dos rios, porque pode ser prejudicial para nossa saúde.
Sempre deixar os rios limpos, porque eles são o fator principal para a nossa sobrevivência,
pois sem a água não vivemos, porque ela mantém nosso organismo sadio. Temos que roçar sempre
as margens dos rios e córregos, deixando tudo bem limpo.
Portanto, estes são os cuidados básicos para sobrevivência dos rios e dos córregos, pois só
assim, teremos saúde e higiene; visto que os rios são muito importantes para todos nos indígenas.
Sem os rios, não temos como sobreviver, nem teremos vida saudável.
COMPREENSÃO DO TEXTO
1. De acordo com o texto, o autor chama a atenção dos índios para preservação dos rios e córregos
de sua aldeia. Vocês costumam fazer isso?
2. Cite os cuidados que o autor apontou para a preservação dos rios.
3. Além dos cuidados citados pelo autor, quais outros você citaria?
4. Ainda há muitos rios e córregos próximos a sua aldeia?
5. Vocês ainda costumam utilizar as águas desses rios e córregos? Para que vocês as utilizam?
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Português Intercultural
6. Você costuma beber água filtrada, fervida ou do jeito que traz do rio?
7. Vocês costumam limpar os córregos e os rios de sua aldeia?
8. Vocês sempre retiram o lixo da aldeia? O que fazem com o lixo retirado?
9. Vocês costumam conversar com o cacique e a comunidade sobre isso? Então procurem conversar
e conscientizar a comunidade para manter a aldeia e os rios sempre limpos, para evitar doenças e
contaminações.
10. Cite a importância dos rios e córregos para sua aldeia.
Português Intercultural
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3.27. O tatu
Desenho: Júlio Kamêr Apinajé
Texto: José Eduardo D. Pereira Apinajé
Certo dia, um índio foi caçar no mato, mas não teve sorte, pois não encontrou nenhuma caça.
Saiu da mata, continuou andando pela chapada, porém, logo viu um tatu, que estava comendo. Ele
viu o tatu, pensou em atirar com a espingarda, para matar o tatu, mas errou o tiro, e o tatu entrou
no buraco.
O índio se arrependeu, pois ao invés de atirar, pensou noutra forma de pegar o tatu. Então,
pensou novamente, cortou um pau, afinou a ponta, enfiou no buraco, onde o tatu estava. Teve um
grande trabalho para arrancar tatu. Arrancou, levou-o para a aldeia; e a esposa tratou e cozinhou
o tatu. Então foi assim que aconteceu a caçada ao tatu.
O tatu é o tipo de caça, que os índios Apinajé gostam muito de comer cozido ou assado.
Possui uma carne muito gostosa e alimenta melhor do que a carne da cidade.
COMPREENSÃO DO TEXTO
1. De acordo com o texto, o caçador não teve sorte. Por quê?
2. Onde o índio foi caçar?
3. Ele foi caçar sozinho ou com algum amigo?
4. Por que você acha que o caçador errou o tiro? Comente com suas palavras.
5. O que o caçador fez para arrancar o tatu do buraco?
6. Depois que o caçador tirou o tatu do buraco, para onde ele o levou?
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Português Intercultural
7. Quem tratou e cozinhou o tatu?
8. Você gosta também de comer carne de tatu?
9. Que outras caças você gosta de comer?
10. Como você gosta de comer carne de caça? Cozida ou moqueada?
Português Intercultural
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3.28. O Menino
Havia um menino que se chamava Kyre-hekỹ e não
possuía outros irmãos. Mas os pais não gostavam dele, não o
considerava como filho e tinham ódio desse menino. Ele era
um coitado; e a única pessoa que cuidava dele era a avó.
Com o passar do tempo, ele foi crescendo e aos 12
anos de idade, passou a sair de casa, para caçar, mas sempre
só matava juritis. Os pais desejavam que a onça o comesse e
diziam:
- Por que a onça não devora esse menino?
- E a avó falou, meus filhos, por que vocês têm tanto
ódio de seu próprio filho.
- Os pais responderam:
- Porque os nossos filhos preferidos morreram, nós não
queremos só ele vivo.
Os outros dois irmãos desse menino morreram, quando
tomavam banho de madrugada, os bichos os comeram, e eles
não voltaram mais para casa. Então o único menino que restou
Desenho e texto: Marco K. Javaé
foi esse.
Porém, certo dia, o menino foi dar uma caçada, atirou
numa juriti, mas não acertou; e a flecha dele sumiu. Porém, um bicho escondeu a flecha dele. Era
espírito da cobra coral, que tinha dó do menino.
- O espírito de cobra coral perguntou:
- Você sabe quem pegou sua flecha?
- O espírito respondeu: fui eu, pois gostaria de fazer amizade com você.
- O espírito perguntou ao menino:
- É verdade que os seus pais não gostam mais de você?
- O menino disse que sim:
- É verdade.
Então eles fizeram amizade e combinaram para se encontrarem no rio. Sempre que o menino
chegava em sua casa, os pais novamente falavam do mesmo jeito.
A avó que cuidava do menino, só possuía coisas velhas como: pente, vasilha, esteira e
cobertor que era feito pelas índias, mas tudo era velho.
O menino avisou a sua avó, que iria tomar banho no rio a noite inteira; a avó não deixou,
mas ele foi escondido, para se encontrar com o espírito
Quando ele fez um barulho na água, o bicho tentou pegar o menino, para comer, porém,
como o espírito de cobra coral possuía uma magia, protegeu o menino até o dia amanhecer.
236
Português Intercultural
Durante nesse período, o menino cresceu muito rápido, o corpo dele estava tudo pintado
com adornos, colares ou miçangas, todo enfeitado; e o espírito da cobra coral deu para ele uma
arma muito perigosa, e aconselhou para que ninguém mexesse na arma e pediu para que o menino
ficasse um dia sem falar com seus pais.
Ao amanhecer o dia, o menino apareceu em casa, muito diferente, com cabelos compridos;
estava um rapaz muito bonito. Os pais ficaram muito felizes, ofereceram comidas, esteira, vasilha
e pente novos. Mas ele não aceitou.
O rapaz falou para a avó que eles não mereciam, mas ficou um dia sem falar com seus pais.
No outro dia, falou com seu pai, avisou aos parentes e a sua comunidade, que ninguém poderia
sair ao amanhecer.
Ele experimentou sua arma e matou outros tipos de animais, peixes e aves. Depois dividiram
para cada família. A arma dele possuía aproximadamente um metro de comprimento e com feitiço.
Os pais das moças apresentaram suas filhas a ele, para que ele escolhesse uma delas para
se casar. Ao entardecer, a família da moça queria realizar o casamento. Após a escolha da moça, o
rapaz se casou, mas continuou utilizando a sua arma, na pesca e na caça. No outro dia, ao sair, ele
deixou sua arma em casa e avisou a mulher para que não deixasse ninguém mexer na arma.
Como os cunhados eram teimosos, pegaram a arma, mas não sabiam da magia, que ela
possuía, não tiveram medo de ir caçar pescar. Deixaram a arma sozinha, correram, mas a arma
matou a metade da comunidade, porém o rapaz já tinha chegado e conseguiu acabar com a
tragédia na comunidade.
Então, após essa tragédia, o rapaz devolveu a sua arma, para seu amigo, o espírito da cobra
coral.
COMPREENSÃO DO TEXTO
1. Qual era o nome do menino?
2. Por que os pais não gostavam do filho?
3. O que aconteceu com outros irmãos do menino?
4. Quem cuidava do menino?
5. Certa vez ao caçar, o menino atirou numa juriti, mas não acertou. O que aconteceu com a sua
flecha?
6. Quais os objetos que a avó do menino possuía?
Português Intercultural
237
7. À noite, ao ir tomar banho no rio, o que aconteceu com o menino?
8. Quem se tornou amigo do menino? Por quê?
9. O que aconteceu quando os cunhados do menino pegaram na arma perigosa?
10. Você acha que na comunidade indígena é comum os pais não gostarem de um filho?
238
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3.29. A Corrida de Tora Pequena ĩknõ e Grande ĩsitro
Desenho e texto: Domingos Simnã Xerente.
Chegando o verão, os Xerente já mantêm a tradição e a programação de fazer a festa
cultural, Dentro desta festa, acontece toda cerimônia da festa cultural Xerente. Durante esse
acontecimento, todos dias, há corrida de Tora Pequena, ĩknõ, com a participação das mulheres e
dos homens.
Essa festa dura aproximadamente um mês. Isso conforme a determinação dos anciãos, e,
no final da festa DASIMPÊ, tem a corrida da Tora Grande, para finalizar. A festa de Tora Grande
não acontece de qual maneira; porque existem os partidos, um é Stêromkwa e o outro é Htâmhã,
que, conforme seu partido, tem que seguir a regra. Por exemplo, se o pai for Stêromkwa, o filho
mais velho tem que seguir o partido do pai, e o irmão mais novo tem que seguir o outro partido
Htamhã, se forem seis filhos, três pertencem a um partido e três pertencem a outro partido. A
mulher não pode participar da corrida de Tora Grande; só os homens podem participar.
Na Tora Pequena todos participam, não tem partido específico. Na Tora Grande quem for
o perdedor, tem que lutar para ganhar na próxima festa “Dasimpê”.
COMPREENSÃO DO TEXTO
1. De acordo com o autor do texto, em que época acontece a festa cultural Xerente?
2. Quais os acontecimentos que ocorrem durante a festa cultural Xerente?
3. E no final da festa, qual o outro acontecimento?
Português Intercultural
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4. Segundo o texto, como é preparada a Tora Grande Xerente?
5. Por que a mulher Xerente, de acordo com o texto, não pode participar da corrida da Tora Grande?
6. De qual corrida a mulher Xerente pode participar?
7. O que acontece com o perdedor da corrida?
8. E na sua comunidade, tem corrida da tora? Ela se dá da mesma forma que se dá do povo
Xerente? Então explique como isso se dá na sua aldeia?
240
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3.30. História do Lutador
Como índio Karajá, antes de lutar, se prepara?
Primeiro pega o copo de cabaça, toma muito água,
depois, pega um cipó fino e amargo, enfia na garganta,
para vomitar toda água da barriga.
Depois ele luta sozinho, treinando para lutar e
correr. Após o treino, vai para casa, mas não janta, não
toma água, toma apenas um remédio chamado pimenta
verde.
No outro dia, ele toma só caluji, não come comida
pesada, só comida leve; não pode manter relação sexual,
durante cinco dias. Após esse período, ele se prepara,
com ajuda do pai, tio, ou avô, que passam remédio; e
com uma lata, eles riscam as coxas, os pés e braços
do lutador, para retirar sangue velho. Usam um remédio
retirado do osso de peixe elétrico, além desse remédio,
passam pimenta vermelha no ânus, durante cinco dias,
antes da luta, para o lutador fica forte, não ter preguiça,
ter muita resistência e vencer a luta.
Desenho e texto: Werebedu Ixyjuwedu Karajá
COMPREENSÃO DO TEXTO
1. De acordo com o texto, Como os índios Karajá se preparam para lutar?
2. Após o treinamento, por que os Karajá não se alimentam?
3. Depois de certo período de tempo, após o treino, quem dá os remédios ao índio que vai lutar ?
4. Que outro tipo de luta acontece nos Karajá?
5. Para que o lutador passa pimenta no ânus?
6. Na sua aldeia, ainda tem esse tipo de luta? Que outra luta há na sua aldeia? Explique qual?
Português Intercultural
241
3.31. O Tamanduá
Desenho e texto: Gregório Huhtê Krahô
O Tamanduá é um animal que vive na mato, juntamente com todos os outros animais. Ele
é uma caça de carne gostosa, que o povo Krahô aprecia muito. Um dia, o grupo de índio foi caçar
e matar o tamanduá grande.
O Tamanduá come somente o cupim durante a noite e, durante o dia, ele descansa num local
bem escondido.
COMPREENSÃO DO TEXTO
1. Onde o Tamanduá mora?
2. Quem matou o Tamanduá?
3. Qual é o tamanho do Tamanduá?
4. Tamanduá come o que?
5. O que ele faz durante o dia?
242
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3.32. História da Batata
Desenho e texto: Isauro Krôkrôk Krahô
O Povo Krahô costuma fazer a festa da batata nos meses de abril e maio. Antes da festa,
as mulheres vão à roça, arrancar batata-doce; e os homens vão cortar a tora. O grupo dos palhaços
chamado de Hôxwa corta a tora. A tora é competida por dois partidos, Kỳj Catêjê e Hãrã Catêjê,
que representam os lados onde o sol nasce e se põe. Nesta festa, os Krahô convidam também as
outras aldeias, para participarem da festa. Nesta festa, são feitos os paparutos dos noivados e
daqueles que se casaram há pouco tempo e ainda não tem filhos. Os paparutos são feitos pelos
pais dos noivos. São muitos os paparutos e em quase todas as casas existem, dependendo da
quantidade de noivados, se houver poucos noivados, são poucos paparutos.
Os paparutos são feitos, postos no moquém e retirados no dia seguinte, bem cedinho, para
fazer a troca. Depois da corrida de tora e da batata, a família da moça e do rapaz, sai correndo com
o paparuto em direção do pátio, para fazer a troca, depois da troca, o paparuto é levado outra vez
pela mesma pessoa para casa, onde é dividido entre as famílias.
À tarde, por volta das cinco horas, começam os cânticos e a danças do grupo do Hôxwapalhaço. Eles vão cantando e jogando a batata naqueles que, não são hôxwa, nem hôxwa, que
ficam na frente do grupo Hôxwa. Os que não são Hôxwa vão um a um ficar na frente do hôxwa,
que joga batata nele até acertar, quando acerta, sai e entra outro. Continua assim até a metade dos
povos da aldeia sair para o pátio, onde finaliza a segunda parte.
A terceira parte, inicia à noite, quando as famílias do Hôxwa começam a fazer uma grande
fogueira no meio do pátio, enquanto os Hôxwa se pintam de branco, para brincar ao redor da
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243
fogueira. A brincadeira do Hôxwa é só para divertir muito. Se alguém estiver zangado, esta
brincadeira passa a raiva de qualquer pessoa na hora e a pessoa não sabe para onde a raiva foi.
A brincadeira do Hôxwa é semelhante a dos palhaços não-indígenas, depois desse momento,
em seguida, começa o cântico com o maracá, que é outra dança, com participações das mulheres,
dos rapazes, das moças e das crianças, com faixa etária entre 10 e 12 anos, mas participam todos
aqueles, que quiserem brincar. No final da festa, todo mundo participa, dançando à vontade, até
terminar todas as apresentações, por volta de meia noite.
No dia seguinte, bem cedinho, junta-se todo mundo para cantar uma música do Hôxwa
e da batata. A partir daí, encerra-se a festa do ano, porém, desta forma, os Krahô fazem a festa
tradicional da batata todos os anos.
COMPREENSÃO DO TEXTO
1. Quando os Krahô costumam fazer a festa da batata?
2. Como os Krahô preparam esta festa?
3. Quem arranca as batatas?
4. Quem vai cortar a tora?
5. Quais são os dois partidos Krahô?
6. O que esses partidos representam para o povo Krahô?
7. Que outros rituais são comemorados durante esta festa?
8. Quais as tarefas dos homens e das mulheres durante essa festa?
9. Onde ocorrem as trocas do paparuto?
10. Cite outras atividades que acontece durante a festa da batata.
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3.33. Mito do Hôhpore em Krahô
Este mito é contado por vários
historiadores.
Minha mãe me contou,
que minha avó também contava. Este mito
aconteceu durante muito tempo na comunidade
Krahô, em relação aos homens.
Era uma mulher, que durante muito tempo,
matava e esquarteja os homens índios, que
caçavam animais selvagens na mata. Ela era
da própria aldeia, onde viviam todos homens,
que ela matava.
Entretanto, com tantas mortes
de caçadores, os homens resolveram
descobrir o que estava acontecendo com
seus companheiros, pois eles iam caçar,
desapareciam e não voltavam mais. Então, ao
anoitecer, os homens se reuniram, planejaram
e decidiram que somente um homem sairia para
verificar o que realmente estava acontecendo
Desenho e texto: Roberto Krahô
com seus companheiros, que iam caçar e não
voltavam mais.
Então, um grupo de homens foi junto; e um rapaz saiu sozinho. Distante aldeia, escutou
uma linda música e imaginou que fosse um fantasma da selva, na música dizia, que por ali havia
passado, anta, caititu...
- A mulher perguntou ao rapaz:
- Para onde foram aqueles homens que vieram caçar?
- O rapaz aproximou dela e perguntou:
- Por onde passaram todos esses bichos, que você fala na música?
- Ela respondeu,confirmando que não havia passada nenhum animal por ali.
- Chamou-o, apenas para fazer sexo.
- Pediu para que ele subisse logo e transasse lá no galho da árvore.
- O rapaz falou: Não,
- Não, você é que tem que descer, porque na árvore nunca transei com ninguém.
- Não vou descer, vou deitar desse jeito para você e ficou de pernas abertas.
- Ele pegou a flecha, atirou nela e matou. Subiu na árvore, chamou os amigos para conhecer
quem era a mulher que vivia matando seus colegas.
Chamaram uma mulher mais velha da aldeia, para descobrir quem era ela. A velha descobriu
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245
que era uma moça da mesma aldeia em que viviam. A moça era filha de uma velha, cujo esposo
havia desaparecido, quando a moça era pequenina. Ela Vingou a morte do pai; e foi assim que
aconteceu a história.
COMPREENSÃO DO TEXTO
1. Como é o nome do mito?
2. O que esse mito representa para o povo Krahô?
3. Quem era o mito?
4. O que o mito fazia com os homens?
5. Como o mito atraía os homens da aldeia?
6. Quem matou o mito?
7. Quem descobriu o mito?
8. Por que o mito queria se vingar dos homens da aldeia?
9. Dê um outro final para essa história.
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3.34. O Fim de Luto Krahô
Desenho e texto: Gregório Húhtê Krahô
Quando os Krahô morrem, há duas formas de comemoração. Primeiro a família do falecido
se reúne, para planejar a realização da festa, para liberar todas as famílias do luto e praticarem seus
rituais, como : cantar, pintar, cortar os cabelos.
Depois, as famílias se preparam para cortar a tora chamada (Pàrcahac mẽ Parcapê ), para o
fim do luto e preparar a alimentação para o povo da aldeia e das outras aldeias Krahô, que vieram
para a festa. Durante a festa, todas as famílias cortam os cabelos, pintam-se e cantam durante os
três dias.
No terceiro dia da festa, fazem a fogueira no pátio e todos cantam até amanhecer o dia.
No outro dia, bem cedo, os Krahô, homens e mulheres, vão ao local onde fica a tora, distante
aproximadamente de uns 15 a 20 km da aldeia. Após esse momento, todas as familiares estão livres
para acompanharem a comunidade Krahô nos rituais da cultural tradicional.
COMPREENSÃO DO TEXTO
1. De acordo com o autor do texto, quais são as duas formas de comemorações fúnebres da aldeia
Krahô?
2. Qual a primeira providência a ser tomada?
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3. Como é comemorado o luto em sua aldeia?
4. Para acabar com o luto, quais rituais os índios praticam?
5. Como é chamada a tora que se refere aos mortos?
6. O que os índios fazem para preparação do fim do luto?
7. No pátio, o que é feito durante as festas?
8. Depois do pátio, para onde os Krahô vão?
9. Onde fica a tora?
10. Por que os homens e as mulheres vão visitar a tora? Comente sobre isso.
248
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3.35. O Casamento do Sapo com o Veado Mateiro
Desenho e texto: Ataúlio Wathur Krahô
O sapo enjoou de morar sozinho e resolveu andar pela mata. Andou muito e encontrou com
o veado mateiro.
- O Sapo falou:
- O Veado Mateiro, eu gostaria de conversar com você.
- O Mateiro respondeu: – Sim, eu posso te ouvir.
- O Sapo começou a falar:
- O Veado falou ao mateiro, meu assunto é sobre meu casamento com a tua filha.
- O Veado mateiro respondeu.
- Este assunto, você pode tratar comigo.
- Veja Sapo, você não pode se casar agora com minha filha.
- Você poderá casar com minha filha depois que você correr comigo.
- Se você ganhar a corrida, então poderá se casar com minha filha
- O Sapo concordou e perguntou:
- Quando vai acontecer a corrida?
- O Mateiro marcou a data, após dois dias.
O Sapo foi embora para a floresta. Quando chegaram os amigos, combinaram que eles
ficariam bem distante um do outro.
O Sapo ganhador do casamento, ficou perto da casa do veado mateiro. Porém, quando
chegou o dia da corrida, o Veado mateiro foi chamar o Sapo. Começou a correr e quando o
mateiro olhava o sapo, ele já estava na frente do Mateiro. Então o Mateiro ficou com medo de
perder a filha para Sapo. Tentou correr mais rápido, para chegar em casa, primeiro do que o Sapo,
mas foi inútil, pois quando chegou no ponto final da corrida, o Sapo já havia chegado, todo
suado. O Veado Mateiro entregou a filha para se casar com o Sapo.
Português Intercultural
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COMPREENSÃO DO TEXTO
1. O texto narra que história?
2. Por que o Sapo resolveu andar pelas matas?
3. Que animal o Sapo encontrou na mata?
4. O que o sapo falou para o Veado Mateiro?
5. Qual foi a proposta do Veado Mateiro para o Sapo?
6. Por que você acha que o Veado Mateiro fez essa proposta para o Sapo?
7. Com quem o Sapo correu?
8. Quando o Mateiro viu que ia perder a corrida, qual foi o sentimento dele?
9. Quem ganhou a corrida?
10. O que aconteceu com o Sapo, após ganhar a corrida?
250
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3.36. Arco e Flecha
Desenho e texto: Renato Yahé Krahô
O arco e a flecha são as armas tradicionais dos povos indígenas Krahô. Antigamente os
índios utilizaram muito o arco e flecha na caçada e na pescaria. Hoje com muita tecnologia e
desenvolvimento, deixaram de utilizar suas armas tradicionais, adotando as armas do homem
branco, como a espingarda. Por isso é muito raro o uso de arco e flecha nas aldeias Krahô. Temos
que dar maior importância para arco e flecha, porque através deles os nossos ancestrais conseguiam
se manter, usando nas caçadas, pescarias e nas guerras.
Portanto, o arco e a flecha são muito importantes para nós. Também usamo-nos na prática
de esporte e festas, por isso nós temos um enorme respeito pelo arco e flecha que fazem parte da
nossa história.
COMPREENSÃO DO TEXTO
1. Quais são as armas tradicionais dos povos indígenas?
2. Você acha que, na sua aldeia, os índios utilizam o arco e flecha para pescar e caçar?
3. Por que você acha que os índios quase não utilizam mais o arco e a flecha?
4. Por que você acha que os índios têm que valorizar o arco e a flecha?
5. Na sua opinião, o que a comunidade deve fazer para voltar a utilizar o arco e a flecha?
Português Intercultural
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6. Nos esportes, os índios ainda continuam usando o arco e a flecha?
7. Na sua aldeia, os índios continuam usando o arco e a flecha?
8. Como você repassa esses conhecimentos sobre o arco e a flecha para seus alunos na escola?
9. Reescreva outro texto sobre a importância do arco e da flecha.
252
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3.37. O Jabuti e a Mucura
Certo dia o Jabuti resolveu sair para
o cerrado, encontrou um pé de oiti bem
carregado e disse:
- Essa não!
- Que fruta verdinha, deve ser muito
saborosa, vou provar.
- Espero que ninguém tenha provado
ainda dessa fruta!
Mas nada, a Mucura já havia passado
há pouco tempo e provou as que estavam no
chão. Então, os dois acharam que ninguém
tinha experimentado desta fruta ainda, mas
passaram ao mesmo tempo no mesmo local
e cada um deles repetiu a mesma coisa; mas
um certo dia, tiveram que se encontrar lá.
O Jabuti chegou primeiro ao oiti, porque
morava perto. Após algum tempo a mucura
chegou, e disse:
Desenho e texto: Roberto Krahô
- Hááá!
- Você, compadre Jabuti!
- Você que come minha fruta.
- Agora o peguei!
- É comadre Mucura?
- Sou eu mesma, respondeu ela.
- Pensei que ninguém tivesse encontrado o pé de oiti,
- Imaginei que havia encontrado primeiro.
- Mas agora vamos conversar e entrar num acordo, se você concordar.
- A Mucura falou para o Jabuti.
- E o Jabuti respondeu tudo bem.
- A Mucura falou seguinte:
- Nós vamos apostar durante uma semana, se agüentar esse dias, oiti é todo seu.
- O Jabuti disse perfeito.
Foram conversando em direção à oca, caminharam um pouco e chegaram lá. Quando o
Jabuti entrou para o quarto, a Mucura fechou a porta.
- Pronto compadre Jabuti, fique aí até você suportar a sede e a fome.
- O povo fala que você passa um ano sem beber.
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- O Jabuti não respondeu e ficou calado.
- Após dois dias, a Mucura foi lá e perguntou:
- Compadre jabuti?
- O Jabuti respondeu baixinho; e a Mucura disse para si mesma, depois de quatro dias virei,
ele estará morto e foi embora.
- O Jabuti resolveu não responder mais e pensou:
- Assim que ele chegar e perguntar, não responderei, ela pensará que eu morri.
- E ficou esperando até ela voltar novamente e ficou esperando próximo à porta.
- A Mucura chegou e falou:
- Compadre Jabuti, nada de resposta.
- O Jabuti ficou esperando que a Mucura entrasse, para que ele pudesse prendê-la também.
- A Mucura pensou que ele estivesse morto, e disse:
- Vou abrir a porta e jogá-lo fora.
- Abriu a porta bem devagarzinho, entrou.
- Quando entrou, procurou o Jabuti lá no canto do quarto,
- O Jabuti saiu rápido e bateu a porta e disse:
- Pronto, Mucura, se você aguentar a quantidade de dias que me prendeu, o oiti será todo
seu.
- Após três dias, eu voltarei aqui para uma visita. Passados os três dias, o Jabuti voltou e
a Mucura já estava morta.
- O Jabuti chamou, chamou e nada.
- Pensou que ela só estava enganando-o, mas nada. Quando abriu a porta, ela estava
parecendo uma bola. O Jabuti jogou-a fora e disse:
- Adeus, comadre, ninguém pode comigo, pois passo passar até dois anos sem beber água,
mas você teimou comigo, morreu.
COMPREENSÃO DE TEXTO
1. O texto narra que história?
2. Que fruta o jabuti encontrou?
3. Que outro bicho passou pelo pé de oiti?
4. O que cada animal havia pensado em relação ao pé de oiti?
5. Que acordo a Mucura propôs ao Jabuti?
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6. O que a Mucura fez com o Jabuti quando ele entrou na oca?
7. Mas qual era o plano do Mucura?
8. O que a Mucura fez para provar que o Jabuti estava vivo?
9. Como o Jabuti fez para se vingar da Mucura?
10. O que aconteceu com o Mucura?
11. Quem foi o mais esperto dos dois bichos? Por quê?
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3.38. O Veado Mateiro
Desenho e texto: Roberto Krahô
Certo dia, o Mateiro resolveu sair da mata para o cerrado. Para comparar as riquezas da
mata com as do cerrado. Fez uma longa caminhada e percebeu que o cerrado era muito mais rico
do que a mata, embora, na mata, tivesse tudo o que comer.Tem caju rasteiro, murici, araçá de
veado, puçá e muitas outras frutas.
Porém, a sobrevivência do Mateiro não era no cerrado, porque no cerrado é muito quente e
não tem onde descansar. No cerrado há muitas frutas, mas não tem sombra, ao passo que na mata
tem sombra o suficiente para o veado descansar, dormir e se esconder da onça e da outros animais
ferozes.
Na mata há muitas frutas que o Veado adora comer, como a mirindiba. Portanto, ele pretende
ficar na mata e sairá para o cerrado, apenas para ver o pôr-do-sol. Então, o Mateiro resolveu ficar
na mata para sempre.
COMPREENSÃO DO TEXTO
1. De acordo com o texto, o Mateiro resolveu sair da mata, por quê?
2. Por que o Mateiro queria conhecer o cerrado?
3. O Veado Mateiro vive onde?
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Português Intercultural
4. Ao chegar ao cerrado, o que o Veado percebeu?
5. O Veado gostou do cerrado?
6. Segundo o texto, o mateiro continuou no cerrado ou voltou para a mata?
7. Na sua opinião, por que o Veado não sobrevive no cerrado?
8. Você concorda que o Veado saiu da mata só para ver o pôr-do-sol.
9. Comente sobre a atitude do Veado.
10. Que outro final você daria para o texto?
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3.39. Uma Caçada
Desenho e texto: Gregório Huhtê Krahô
O índio Krahô prepara o arco e a flecha para caçar os bichos na mata. Quando termina tudo
o que estava fazendo, sai para mata, caçar os bichos com arco e flecha, pois ele não possui arma
de fogo para atirar.
Ele anda muito para encontrar a madeira boa para cortar e volta para a casa. O índio
caçador mata paca, tatu e veado mateiro, no vão da onça, local, onde se encontram os bichos.
O homem volta com as caças para a aldeia. Assim que ele chega, entrega para a mulher
tratar. Ela salga a carne, põe ao sol, para secar e depois assa no fogo. A mulher não gosta de carne
assada, prefere carne moqueada. No dia seguinte, ela vai ao brejo, cortar palha de buriti para fazer
o cofo para carregar a carne.
O marido disse para mulher que não iria limpar nada, porque estava muito cansado, pois
tinha andado muito na mata, caçando. Falou que hoje iria ficar sem fazer nenhum trabalho em
casa.
COMPREENSÃO DO TEXTO
1. Segundo o autor, como o homem Krahô se prepara para caçada?
2. Quais as armas utilizadas para a caçada?
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3. Quais os animais, o homem encontrou na mata?
4. Dos animais que há na mata, quais os mais perigosos?
5. Quais os animais que existem na sua reserva, mas os índios não comem?
6. Quais os animais que os índios não podem comer quando estão de resguardo?
7. Quem trata os animais, quando os índios chegam em casa?
8. Os índios ainda costumam dividir as caças ou comidas com os parentes?
9. Como a mulher não gosta de carne assada, o que ela faz?
10. O que a mulher foi fazer no brejo?
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3.40. Os Índios Krahô
Desenho e texto: Renato Yahé Krahô
Antigamente os índios faziam muitas festas, caçavam, pescavam muito, trabalhavam
bastante nas roças, possuíam muita fartura e não passavam fome, não tinham doenças e viviam
com muita saúde nas suas aldeias.
Tudo isso, hoje, quase não existe mais. Mas sabe por quê ? Hoje o homem branco diz que
os índios têm muitas terras e que eles não trabalham porque são preguiçosos, ladrões e cachaceiros.
Mas a culpa de tudo isso é o próprio homem branco. Foram eles que vieram, tomaram nossas
terras, massacraram muito os índios, ficam zombando, culpando os índios de tudo que é ruim.
Hoje muitos indígenas vivem nas cidades e quase todos civilizados, usando coisas que o
homem branco usa como: roupas, jóias, móveis, automóveis. Antigamente, as instituições como o
SIP, Serviço de Proteção aos Índios e, atualmente, a FUNAI, Fundação Nacional do Índio também
são culpados e responsáveis por tudo isso que está acontecendo.
Dizem os velhos Krahô, que antes do FUNAI tomar conta dos índios, eles caçavam,
pescavam, trabalhavam bastante e faziam muitas festas, mas veio a FUNAI e implantou postos
indígenas nas aldeias, colocou um mercadinho onde vendiam alimentos e objetos como: facão,
foice, machado, panelas, arroz, feijão, rapadura, sal, açúcar, café e farinha.
Todos os meses vinham caminhões carregados de cestas básicas. Veio aposentar os mais
velhos, contratar os serviços, e o dinheiro foi entrando devagarzinho nas aldeias.
Dizem os mais velhos que a FUNAI dava dinheiro e gado aos caciques, para distribuírem nas
suas comunidades. E os índios Krahô se acomodaram com tantas safras de alimentos e mordomia
e, com isso, pararam de trabalhar nas roças e de fazerem suas festas porque a FUNAI dava tudo a
eles. Então, eles não precisavam mais trabalhar.
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Português Intercultural
Hoje a FUNAI faliu e os Krahô, dependentes desta instituição, enfraqueceram também,
aliás, não só os Krahô, mas todos os povos indígenas do Brasil.
Com tudo isso, os índios passaram a ter mais contato com os não-indígenas e ganhar
dinheiro, consumir bebidas alcoólicas, pegar doenças e várias outras coisas que não prestam.
Atualmente, a imagem dos povos indígenas para os não-indígenas continua sendo vista
de seguinte maneira: preguiçosos, ladrões, cachaceiros, sendo que o próprio homem não-indígena
trouxe prejuízos aos povos indígenas do Brasil.
COMPREENSÃO DO TEXTO
1. Como os índios viviam antigamente?
2. Por que você acha que tinha muita fartura e os índios não passavam fome?
3. Na sua opinião, por que os índios, antigamente, tinham mais saúde?
4. Segundo o texto, de quem é a culpa?
5. Como você explica o fato de muitos índios irem morar na cidade?
6. Quais, de acordo com o texto, os objetos dos não-indígenas que os indígenas estão usando?
7. Segundo os velhos, como eram os índios antigamente?
8. Por que os índios mais velhos culpam o SPI e a FUNAI pela atual situação indígena?
9. Na sua opinião, essa política de assistencialismo aos índios, trouxe benefícios ou prejuízos? Por
quê?
10. Como a sociedade não- indígena vê os índios hoje?
11. O que os índios devem fazer para mudar essa visão que os não-indígenas têm em relação aos
povos indígenas?
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3.41. O Surgimento do Homem Branco Contado pelo Povo Krahô
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2
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4
Desenho e texto: Roberto Krahô
Como surgiu e de onde veio o homem branco? Os não-indígenas sugiram das cinzas,
filho de uma mulher solteira. Não se sabe em que século, mas o povo Krahô conta como surgiu o
homem branco.
Portanto, vou contar a história, que os mais velhos contam. Ouvi dos meus avós e das outras
nossas bibliotecas da aldeia. Lembravam que sempre ficávamos rodeados em volta de nossos
velhos, para ouvir as histórias, que eles nos contavam. De onde veio e como surgiu o homem nãoindígena.
Há muito tempo, uma mulher teve um filho, mas ela não era casada, era solteira, mesmo
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Português Intercultural
assim tivera um filho. Ela faleceu de feitiço de cobra-serpente. Os avós adoravam-na, mas um dia
a mulher resolveu ir para roça sozinha, porque não tinha companhia para ir à roça, em busca de
alimento para alimentar seus pais. Saiu de casa, andou um pouco e encontrou uma cobra serpente,
que cercou a passagem de ida para roça; e perguntou a mulher:
- Para onde está indo?
- Para roça, respondeu a mulher.
- A serpente falou, aproxima-se de mim, não tenha medo, apenas quero conversar Tenho um
assunto para ti dizer:
- Sou cobra, mas não vou fazer nada com você.
- Infelizmente, quero pedir para namorar você. Transformou-se em ser humano.
- A Cobra disse: namorar você.
- A mulher falou: tenho meu filho e tenho muita saudade dele.
- A Cobra falou novamente: não se preocupe com isso, logo, logo você terá outro filho
muito sabido e com bastante conhecimento.
Quando a mulher voltou da roça, seu filho havia falecido de vômito, mas após três dias,
ela já estava grávida de três ou quatro meses e se transformava em vários tipos de animais: paca,
peixe e capivara.Depois o menino nasceu, os avós batizaram e chamaram-no de Awkê; ao mesmo
tempo, ele começou a chorar. Não tinha ninguém que acalmasse o menino. Chora dia e noite, mas
não era choro, ele, apenas, estava cantando, disse a avó. Os tios não suportavam ouvir o choro do
menino e resolveram matá-lo. Combinaram que ninguém iria saber do plano, somente a mãe e os
tios, que participaram da conversa. Então resolveram jogá-lo lá de cima da montanha e jogaram,
mas ao se aproximar do chão, o menino se transformou numa folha seca; e tornou-se um bebê, que
ficou no colo de sua mãe. Então, o tio mais velho decidiu que iria queimá-lo. Portanto, amarraramno; levaram-no para um local distante da aldeia, para que os avós não percebessem. Os avós
tinham ido buscar puba de mandioca para alimentar o menino. Chegaram da roça, sentiram falta
do neto e começaram chorar, porque os tios teriam queimado o menino no local em que haviam
combinado.
No dia seguinte, pela manhã, foram visitar o lugar onde haviam queimado o menino,
chegaram perto e viram que tudo estava bem diferente, ficaram todos abismados, pois nunca
tinham visto uma coisa dessas. Então, Awkê veio e disse: aqueles, que estão vindo são meus avós,
não façam nada com eles.
Portanto, segundo os índios mais velhos, foi dessa forma, que surgiu o homem branco, já
com sabedoria e conhecimento. Por isso, que até hoje, estamos todos automaticamente integrados
a eles, pois tudo que usamos vem do conhecimento de nosso grande Awkê.
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COMPREENSÃO DO TEXTO
1. Segundo o texto, como surgiu o homem branco?
2. A mulher faleceu de que?
3. O que a serpente falou para mulher?
4. Em que a cobra se transformou?
5. De que a filha da mulher faleceu?
6. Em que tipos de animais ela se transformava?
7. Depois que a criança nasceu, qual o nome que os avós deram a ela?
8. O que a criança fez ao nascer?
9. Como os tios não aguentaram o choro da criança, o que eles resolveram fazer?
10. No dia seguinte, após os tios porem fogo na criança, o que aconteceu?
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3.42. A Buzina
Desenho e texto: Roberto Krahô
A buzina é um instrumento musical muito utilizada pelos indígenas Krahô. Este instrumento
está desaparecendo aos poucos. Ela é feita de uma cabaça grande com dois furos pequenos, um
na ponta por onde sai o som, e o outro embaixo onde é enfiado um canudo, ou seja, um bambu ou
uma taboca com um buraquinho por onde é soprado para sair o som.
Este instrumento é usado à noite, para animar a festa. Serve para despertar os jovens de
madrugada. Porém, a buzina é um instrumento muito difícil de usar. Não é qualquer pessoa que
sabe usar para animar a festa. Existem pessoas com habilidades para usá-la. Se alguém quiser usar
a buzina, tem que se dedicar bastante.
COMPREENSÃO DO TEXTO
1. Qual o instrumento musical dos Krahô?
2. Por que você acha que esse instrumento está desaparecendo?
3. Como o instrumento é feito?
4. Onde esse instrumento é usado?
5. Por que você acha que é difícil usá-la?
6. Quais são as pessoas certas para tocar o instrumento, segundo a tradição Krahô?
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3.43. O Macaco e o Jabuti
Desenho e texto: Rosana Dias Apinajé
O Macaco não conhecia o Jabuti, mas na mata, havia uma fruta chamada najá. O Macaco
todos os dias ia comer, de repente, encontrou o Jabuti em baixo do pé de najá, então se conheceram.
- O Jabuti perguntou ao Macaco:
- De que fruta você gosta?
- O Macaco respondeu:
- Da fruta chamada najá.
- O Jabuti pediu um pouco de najá ao Macaco.
- Ao terminar de comer, ele foi embora.
Passadas duas semanas, o Macaco voltou para comer najá e encontrou novamente o
Jabuti, que pediu mais najá.
- O Jabuti falou:
- Eu venho para você me dar mais najá.
- O Macaco estava em cima de najá.
- O Jabuti falou para o Macaco:
- Ajuda-me a subir no pé de najá.
- O Macaco perguntou:
- Você quer mesmo subir?
- O Jabuti respondeu:
- Quero sim.
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Português Intercultural
Então o Macaco ajudou o Jabuti a subir no pé de najá, para ele comer encima.
- Mas o Jabuti ficou no talo de najá.
Passados três dias, apareceu uma Onça, que olhou para cima e viu o Jabuti.
- A Onça falou para ele:
- Eu quero te comer.
- O jabuti respondeu: tudo bem, pode me comer. Mas fique bem em baixo de mim e você
vai me aparar, para eu não cair e morrer, pois a Onça acreditou nele, ficou bem embaixo.
O Jabuti caiu em cima da testa da Onça e a matou. Então, foi assim que aconteceu a história
do Macaco e do Jabuti.
COMPREENSÃO DO TEXTO
1. De acordo com o texto, o Macaco não conhecia o Jabuti?
2. Qual a fruta que o Macaco gostava de comer?
3. Onde os dois animais se conheceram?
4. O que o Jabuti pediu para o Macaco?
5. Depois de três dias, que animal apareceu?
6. O que a Onça falou para o Jabuti?
7. O que o Jabuti fez?
8. O que aconteceu com a Onça?
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