universidade federal do rio grande do sul centro

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
CENTRO INTERDISCIPLINAR DE NOVAS TECNOLOGIAS NA
EDUCAÇÃO
PÓS-GRADUAÇÃO EM INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO
HELOIZA HELENA TORRES HOLMES
“VERBOS EM LIBRAS”: uma proposta de aquisição bilíngüe para
surdos e deficientes auditivos
Porto Alegre
2008
HELOIZA HELENA TORRES HOLMES
“VERBOS EM LIBRAS”: uma proposta de aquisição bilíngüe para
surdos e deficientes auditivos
Monografia
apresentada
ao
Centro
Interdisciplinar de Novas Tecnologias na
Educação da UFRGS como exigência
parcial para obtenção do título de
Especialista
em
Informática
Educação.
Orientadora: Profa. Dra. Gilse Antoninha Morgental Falkembach
Porto Alegre
2008
na
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais Hélio e Maria José, pelo incentivo e força para realização
deste curso.
À minha filha Hamanda e ao meu marido Lafayette pelo amor, incentivo e
tolerância em certos momentos que não podíamos ficar juntos.
À
esplêndida
professora,
orientadora
Gilse
Antoninha
Morgental
Falkembach, pelo esforço e dedicação na orientação durante o curso e também no
período de construção deste trabalho.
À aluna Luanna e aos meus colegas de trabalho que acompanharam e
participaram contribuindo em toda gestação deste trabalho, momento importante de
minha vida, em especial a Aleandra, Ana Cléia, Aparecida, Catia, Izabel, Janái,
Nilton, Samara e Severina.
À presidenta, pessoa de fibra, da Fundação Centro Integrado de Apoio ao
Portador de Deficiência – FUNAD, Maria de Fátima Ribeiro e à minha amiga e
diretora da Escola Estadual de Educação Especial Ana Paula Ribeiro Barbosa Lira,
Eurézia Pereira, que compreenderam a minha ausência favorecendo o meu
envolvimento e dedicação na construção desta proposta realizada para nossos
alunos e professores.
A todos aqueles que direta ou indiretamente participaram deste momento e
me fizeram acreditar que todo esforço é válido, quando se tem um ideal a seguir.
LISTA DE ABREVIATURAS / GLOSSÁRIO
Lista de Abreviaturas
DA: déficit auditivo
FUNAD: Fundação Centro Integrado de Apoio ao Portador de Deficiência
LIBRAS: Língua Brasileira de Sinais
L1: Primeira língua (em geral, para o surdo e o deficiente auditivo, a LIBRAS)
L2: Segunda língua (em geral, para o surdo e o deficiente auditivo, a Língua
Portuguesa)
Glossário / Definição de Termos
Alfabetização bilíngüe: alfabetização que inclui o aprendizado da Língua
Portuguesa e o aprendizado da Língua Brasileira de Sinais, ao mesmo tempo.
Alfabeto Manual: alfabeto da Língua de Sinais;
Datilologia: uso do alfabeto manual para apresentar uma palavra nova, nome
próprio ou outra palavra que ainda não tenha recebido sinal. Em outras palavras é a
soletração de uma palavra usando o alfabeto manual;
Déficit Auditivo: pessoa que apresenta perda auditiva de até setenta decibéis.
Surdez: pessoa que apresenta perda auditiva acima de setenta decibéis
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DE UM PROJETO ............................................... 18
FIGURA 2 - TELA DE ABERTURA DO SOFTWARE .................................................................... 21
FIGURA 3 - TELA DE APRESENTAÇÃO ................................................................................... 21
FIGURA 4 - TELA DE PERSONALIZAÇÃO ................................................................................ 22
FIGURA 5 - TELA DE SAUDAÇÃO ........................................................................................... 22
FIGURA 6 - PÁGINA ESCORE ................................................................................................ 23
FIGURA 7 - ALFABETO MANUAL ............................................................................................ 24
FIGURA 8 - TELA DE ABERTURA DO CONTEÚDO ................................................................... 24
FIGURA 9 - TELA VERBO COMER ......................................................................................... 26
FIGURA 10 - TELA FEEDBACK ERRO ..................................................................................... 26
FIGURA 11 - TELA DE FEEDBACK ACERTO ............................................................................ 27
FIGURA 12 - TELA DE FEEDBACK APÓS ACERTAR ................................................................. 27
FIGURA 13 - TELA DE ABERTURA ETAPA ATIVIDADES ............................................................ 28
FIGURA 14 - TELA ATIVIDADE MÚLTIPLAS ESCOLHAS (IMAGENS E SINAIS)............................. 28
FIGURA 15 - TELA ATIVIDADE MÚLTIPLAS ESCOLHAS (PALAVRAS E SINAIS)........................... 29
FIGURA 16 - TELA ATIVIDADE CORRESPONDÊNCIA ............................................................... 29
FIGURA 17 - TELA ATIVIDADE CRUZADINHA .......................................................................... 30
FIGURA 18 - TELA ATIVIDADE CAÇA-PALAVRAS .................................................................... 30
FIGURA 19 - TELA ATIVIDADE JOGO DA MEMÓRIA ................................................................. 31
FIGURA 20 - TELA ATIVIDADE COMPLETE ............................................................................. 31
LISTA DE ANEXOS
QUESTIONÁRIO DA QUALIDADE PEDAGÓGICA DO SOFTWARE “VERBOS EM
LIBRAS” ............................................................................................................................ 37
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo proporcionar a aprendizagem da Língua
Brasileira de Sinais (LIBRAS) simultaneamente com a Língua Portuguesa Escrita. A
idéia surgiu em uma aula de verbos, para pessoas surdas, e consolidou-se na
criação de um courseware “Verbos em LIBRAS”. A construção do courseware
contou com a colaboração de alunos surdos, professores de classes de surdos e
intérpretes em LIBRAS, para torná-lo acessível, intuitivo e prazeroso, facilitando o
processo de aprendizagem.
Palavras-chave: Courseware, Língua Brasileira de Sinais, verbos em LIBRAS
ABSTRACT
The purpose of this paper is to provide the learning of the Brazilian Language
of Signs (LIBRAS) simultaneously with the Written Portuguese Language. The idea
has arisen from a class of verbs to deaf persons and has consolidated in the creation
of the courseware “Verbos em LIBRAS”. The creations of the courseware had the
collaboration of deaf students, teachers of deaf classes and interpreters in LIBRAS to
become the program accessible, intuitive and pleasant, facilitating the learning
process.
Key-words: Courseware, Brazilian Language of Signs, verbs in LIBRAS
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS .................................................................................................. 3
LISTA DE ABREVIATURAS / GLOSSÁRIO ...................................................... 4
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................... 5
LISTA DE ANEXOS...................................................................................................... 6
RESUMO........................................................................................................................... 7
ABSTRACT ...................................................................................................................... 8
INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 10
1. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................. 12
1.1 LÍNGUA E LINGUAGEM ................................................................................................ 12
1.2 A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS – LIBRAS ............................................................... 13
1.3 COURSEWARE ............................................................................................................. 16
2. METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO
COURSEWARE............................................................................................................ 18
3. RESULTADOS DO COURSEWARE VERBOS EM LIBRAS .................... 21
3.1 CONTRIBUIÇÕES DO COURSEWARE NA APRENDIZAGEM ................................................. 32
4. CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS ................................................. 34
5. REFERÊNCIAS........................................................................................................ 36
ANEXO ............................................................................................................................ 37
INTRODUÇÃO
Esta pesquisa surgiu da necessidade de se ter mais um recurso no auxílio da
aquisição da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e da Língua Portuguesa escrita
pela pessoa surda ou com déficit auditivo (DA), a partir da identificação de
estratégias que possam intermediar e viabilizar a esta aprendizagem foi concebido,
modelado e implementado um courseware.
A aprendizagem da LIBRAS possibilita à criança surda maior rapidez e
naturalidade na exposição de seus sentimentos, desejos e necessidades, além de
possibilitar a estruturação do pensamento, da cognição e fluente interação social.
Além disso, é importante que o surdo aprenda simultaneamente a Língua
Portuguesa escrita para um convívio social mais amplo, no qual são utilizados
regras, normas e procedimentos oficiais, determinados pela Constituição Federal
Brasileira para serem escritos em Português.
A tendência atual da política educacional mundial e da brasileira é a
abordagem bilíngüe, que é definida por Goldfeld (1997) e Triadó (1999) como o uso
alternativo de duas línguas por parte de indivíduo ou de um grupo social e, no caso
dos surdos brasileiros, representa o domínio da Língua Brasileira de sinais e da
Língua Portuguesa.
Este tipo de abordagem demonstra a importância do uso de duas línguas,
fazendo com que a escrita seja mais aprimorada, sendo fundamental que os
aprendizes surdos tornem-se conscientes de sua condição bilíngüe. Inúmeros são
os questionamentos e tentativas de busca para obter uma metodologia que se
adapte e que proporcione a aprendizagem da Língua Portuguesa para pessoas
surdas. Segundo Quadros e Schmiedt (2006), a tarefa de ensino da Língua
Portuguesa tornar-se-á possível se o processo for de alfabetização de segunda
língua, sendo a LIBRAS reconhecida e efetivamente a primeira língua.
Os mesmos autores citam que o ensino do Português pressupõe a aquisição
da LIBRAS – a língua da criança surda. A LIBRAS também apresenta um papel
fundamental no processo de ensino e aprendizagem do Português. A idéia não é
simplesmente uma transferência de conhecimentos da primeira língua para a
segunda língua, mas sim um processo paralelo de aquisição e da construção da
aprendizagem em que cada língua apresenta papéis e valores sociais. Para auxiliar
neste processo foi concebido, modelado e implementado um courseware chamado
“Verbos em LIBRAS”.
A concepção do courseware partiu do contexto de sala de aula, dos
questionamentos e angústias dos professores, que permitiram identificar as
seguintes inquietações: como ensinar a Língua Portuguesa a alunos surdos e quais
meios e estratégias utilizar para que esta aprendizagem aconteça e como construir e
aplicar uma ferramenta que possa intermediar e viabilizar esta aprendizagem.
O courseware criado alia a LIBRAS à Língua Portuguesa escrita. É importante
salientar aqui que o tema partiu do assunto “verbos”, que estava sendo estudado em
uma sala de aula da Escola Estadual de Educação Especial Ana Paula Ribeiro
Barbosa Lira, situada nas dependências da Fundação Centro Integrado de Apoio ao
Portador de Deficiências (FUNAD), órgão gestor da Paraíba, nas turmas de 4º e 5º
ano do Ensino Fundamental, compostas por alunos surdos e deficientes auditivos.
Na referida sala de aula, muitos dos alunos apresentam dificuldades na aquisição da
própria língua, a LIBRAS além de mostrarem-se desmotivados. Parte da turma está
fora da faixa etária e apresenta também inúmeros problemas sociais. Muitos pais
dos alunos são analfabetos e sequer têm condições de comunicação com os filhos
ou pelo menos não demonstram interesse.
Por meio da metodologia que segue o courseware é possível trabalhar
LIBRAS para ampliar e fixar o vocabulário da pessoa com surdez e assim auxiliar na
aquisição da língua portuguesa escrita.
1. REFERENCIAL TEÓRICO
O referencial teórico aborda na primeira unidade Língua e Linguagem; na
segunda, Língua Brasileira de Sinais-LIBRAS e, na terceira unidade, Courseware.
1.1 Língua e Linguagem
Para se entender melhor a diferença entre a LIBRAS e a Língua portuguesa,
é necessário saber a diferença entre Língua e Linguagem.
O termo linguagem deve ser entendido como a faculdade mental que
distingue os humanos de outras espécies animais e possibilita modos específicos de
pensamento, conhecimento e interação com os semelhantes. É a capacidade
específica à espécie humana de se comunicar por meio de um sistema de signos
(ou língua). Um dos pressupostos da lingüística é o de que:
A linguagem é restringida por determinados princípios (regras) que
fazem parte do conhecimento humano e determinam a produção oral
ou viso-espacial, dependendo da modalidade das línguas (falada ou
sinalizada), da formação das palavras, da construção das sentenças
e da construção dos textos. Os princípios expressam as
generalizações e as regularidades da linguagem humana nesses
diferentes níveis (Quadros e Karnopp, 2004).
A língua é, então, entendida como forma de realização da linguagem; como
sistema abstrato de sinais ou símbolos (ou signos) necessário ao exercício da
linguagem na interlocução ou como instrumento do qual a linguagem se utiliza na
comunicação. É um instrumento lingüístico particular de um grupo, como acontece
com a língua de sinais dos surdos.
Pode-se usar a língua para dar vazão às emoções e sentimentos;
para solicitar a cooperação de companheiros; para ameaçar ou
prometer; para dar ordens, fazer perguntas ou afirmações. É possível
fazer referência ao passado, presente e futuro; a realidades remotas
em relação à situação de enunciação – até mesmo a coisas que não
existem. Nenhum outro sistema de comunicação parece ter, sequer
de longe, o mesmo grau de flexibilidade e versatilidade (Lyons,
1981).
O homem se serve de instrumentos lingüísticos para a sua comunicação
falada, escrita, ou sinalizada, capazes de espelhar sua cultura. Este se comunica
com seus semelhantes por meio dos órgãos dos sentidos, o que o leva a transmitir e
a receber mensagens dos mais variados tipos: visuais (imagens, pinturas, filmes,
sinais, mímicas), auditivas (músicas, ruídos, fala), táteis (sensações). Contudo, a
comunicação só se completa plenamente com a utilização da língua. Comunicar,
portanto, é a função principal do sistema lingüístico.
A lingüística ocupa-se do estudo da linguagem verbal, da estrutura sintática,
semântica e fonológica de uma língua e tem, por objetivo particular, o estudo da
linguagem auditiva que se baseia essencialmente no uso da voz, e é chamada
também de linguagem falada ou linguagem articulada. O homem tem a capacidade
de se comunicar por meio de códigos diversos, tanto verbais (oral e/ou escrito) como
não-verbais para exprimir seus sentimentos, suas opiniões, seus conhecimentos,
seus desejos. Segundo o Instituto Nacional de Educação de Surdos, INES, as
crianças surdas têm o direito de serem bilíngües. Sua educação deve propiciar-lhes
o desenvolvimento da linguagem que inclua ao aprendizado da Língua Portuguesa e
a aquisição da Língua Brasileira de Sinais.
1.2 A Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS
A LIBRAS foi aprovada pela Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. É um
sistema convencional de sinais estruturados da mesma forma que as palavras das
diferentes línguas naturais.
De acordo com o INES, um Órgão do Ministério da Educação, existem várias
línguas de sinais e todas elas são consideradas sistemas abstratos de regras
gramaticais, e são utilizadas, principalmente, pelas comunidades surdas. Portanto,
como todas as línguas a LIBRAS não é universal. Como qualquer outra língua, a
LIBRAS apresenta uma estrutura própria nos quatro níveis lingüísticos: fonológico,
morfológico, sintático e semântico-pragmático. Exemplificando:
a) Nível Fonológico - o nível “fonológico” constitui-se de unidades distintivas sem
significado nos seguintes parâmetros principais:
1. A configuração de mão(s);
2. A localização do sinal ou ponto de articulação;
3. O movimento das mãos, braço ou pulso;
4. A orientação da(s) palma(s) da(s) mão(s).
b) Nível Morfológico - o nível morfológico pode ser descrito da seguinte forma:
•
as classes de palavras (substantivo, adjetivo, verbos e advérbio) nem sempre se
distinguem quanto à forma. Sua função é determinada pelo contexto lingüístico;
•
alguns verbos são flexionados, marcando o sujeito e o objeto, pela direção, ponto
inicial e final do movimento do sinal. Às vezes, há inversão neste processo de
marcação;
•
os graus aumentativo e diminutivo podem, muitas vezes, ser obtidos por
diferentes expressões faciais que acompanham a articulação manual dos sinais;
•
o número de preposições e conjunções isoladas é restrito, porém a LIBRAS usa
a direcionalidade para estabelecer as relações características das preposições e
conjunções em Português.
•
não havendo um sinal para determinado conceito, o alfabeto manual, calcado
nas letras ou grafemas, é utilizado para soletrar palavras da língua oral. Neste
caso, diz-se que estas soletrações são empréstimos da Língua Portuguesa.
•
há um alto índice de incorporação nos itens lexicais ou sinais.
•
a formação das palavras compostas segue o mesmo processo que em
Português, porém nem sempre um termo composto da primeira corresponde ao
da segunda;
•
a “derivação” é observada, principalmente, na expressão dos diferentes aspectos
verbais: pontual, continuativo, interativo e durativo; mas, a derivação nos termos
tradicionais, só é observada por meio de alterações de um dos parâmetros em
alguns casos como em SENTAR (movimento simples) e CADEIRA (movimento
repetido).
c) Nível de Estrutura Sintática - o nível da estrutura sintática, basicamente, se
caracteriza por:
•
topicalização, isto é, constituintes que, em geral, viriam no final da sentença, são
movidos (deslocados) para o início da sentença;
•
ordem fixa, no caso dos verbos flexionados, em que o objeto direto é o único
constituinte mais livre, podendo vir no início ou no final da sentença;
•
ordem aparentemente livre, nos demais casos, porém, em geral distinta daquela
das sentenças da Língua Portuguesa;
•
inexistência de verbos de ligação, em geral;
•
existência de cinco tipos de negação do sintagma verbal, nominal e outros.
d) Níveis Semântico e Pragmático - nos níveis semântico e pragmático, observa-se
que:
•
como ocorre com línguas distintas, o significado de um sinal pode não
corresponder exatamente ao de uma palavra equivalente em Português;
•
palavras polissêmicas (com vários significados), em LIBRAS, podem não ter
equivalentes polissêmicos em Português e vice-versa;
•
a direcionalidade semântica é transparente na direcionalidade do movimento da
forma verbal;
•
o uso do espaço serve a propósitos gramaticais e semântico-pragmáticos, isto é,
o uso do espaço resulta em significados semânticos (por ex: os pronomes
pessoais) e pragmáticos (as características contextuais codificadas nas formas
pronominais);
•
as expressões de polidez são, muitas vezes, obtidas pelo uso de expressões
faciais e de movimentos curtos e suaves dos sinais;
•
os atos de fala podem se distinguir pelas expressões faciais e pelo ritmo que são
equivalentes às entonações em Português;
•
a negação pode ser realizada por um sinal negativo (NÃO), pelo movimento da
cabeça para os lados, simultaneamente, à expressão negada, por um movimento
para fora do corpo (negação incorporada), por um movimento inverso daquele do
sinal com valor positivo.
Em geral, as línguas de sinais são constituídas de forma que podem ser
associadas aos objetos a que se referem, o que se denomina iconicidade.
Entretanto, essas associações podem variar de língua para língua o que evidencia a
convencionalidade destas formas lingüísticas. Exemplificando, o sinal equivalente à
“casa” parece com um telhado.
1.3 Courseware
Diversas são as definições encontradas para courseware, porém pode-se
definir como sendo qualquer material didático, no formato digital, desenvolvido por
equipes multidisciplinares, ou criado por professores e/ou alunos e disponibilizado
via rede ou distribuídos em CD’s, tutoriais, notas de aula, anotações fornecidas pelo
professor e aplicações educacionais interativas desenvolvidas com fim comercial ou
shareware que são exemplos de coursewares.
As inovações tecnológicas estão propiciando uma nova forma de ensinar
contribuindo para a construção do conhecimento. A Informática na Educação
subsidia o desenvolvimento de courseware, desde os mais simples até os
coursewares inteligentes e adaptados. Os coursewares são materiais didáticos que
podem auxiliar o professor nas etapas que compõem o processo de aprendizagem e
para garantir a eficiência de um courseware como auxiliar didático é preciso que o
professor determine quando usar este recurso e que tipo deve ser usado para que
os objetivos do processo de ensino e aprendizagem sejam alcançados.
Os tipos mais comuns de coursewares são:
•
Tutoriais – se caracterizam pela apresentação de um conteúdo e orientação ao
aluno. É ideal para apresentar um conteúdo novo permitindo ao aluno progredir
segundo seu ritmo e possibilitando rever conteúdos já estudados. É interativo
fazendo do aprendiz um participante ativo do processo. É possível projetar um
tutorial de forma linear como um livro ou não. O acesso às informações não
lineares se dá mais livremente possibilitando ao aluno explorar o conteúdo,
escolhendo as opções, conforme seu interesse. Um tutorial pode incluir questões
e controlar o acesso às informações segundo o rendimento do aluno. Um tutorial
pode ser projetado para permitir que o aluno aprenda de forma individualizada ou
não. Esse tipo de courseware facilita a aprendizagem de conteúdos e ajuda na
obtenção dos objetivos e metas educacionais.
•
Exercício e prática – se caracteriza pela realização de atividades repetitivas para
treinar habilidades ou recapitular conteúdos já trabalhados. Enfatiza o processo
de ensino baseado na realização de exercícios de diferentes graus de
dificuldade. Este tipo de courseware determina o nível de dificuldade do aprendiz,
fornece feedback e atividades complementares dependendo do desempenho do
aluno. Pode exibir exercícios de forma randômica, gráficos interativos, controle
do tempo de resposta do aluno e seu progresso. É o tipo apropriado para
conteúdos que exigem memorização.
•
Simulação – apresenta o conteúdo, orienta o aluno e propicia atividades práticas
ao estudante. Permite que o aluno aprenda fazendo. São softwares que criam
modelos do mundo real e permitem a exploração de situações fictícias, de
experiências impossíveis de serem obtidas ou muito complicadas, ou seja,
servem para mostrar efeitos que não poderiam ser gerados na realidade. A
simulação é efetiva para a aprendizagem. Permite o trabalho de grupo.
•
Jogos educacionais – apresentam conteúdo e atividades práticas. São softwares
com objetivos educacionais baseados no lazer e diversão. A abordagem
pedagógica adotada é a exploração livre e o lúdico. A atividade de jogar é uma
alternativa de realização pessoal que possibilita a expressão de sentimentos, de
emoção e propicia a aprendizagem de comportamentos adequados. Os jogos
educacionais aumentam a possibilidade de aprendizagem além de auxiliar na
construção da autoconfiança e incrementar a motivação no contexto da
aprendizagem. A multimídia utilizada nos jogos computadorizados explora os
efeitos visuais e sonoros que mantém o interesse e entusiasmo, possuem grande
capacidade interativa e incorporam estratégias cognitivas que motivam,
envolvem e capturam a atenção de maneira lúdica e prazerosa por maior
intervalo de tempo.
•
Testes – servem para avaliar a aprendizagem dos alunos. Existem testes com
graus de dificuldade variados, testes apresentados de forma randômica, testes
com referência cruzada. Os escores dos alunos são computados de forma
automática e é possível apresentar estatísticas relacionadas ao desempenho. É
fácil criar e fazer a manutenção de um banco de dados com testes, mas existem
pacotes de softwares de testes disponíveis comercialmente.
Os tipos de coursewares podem ser usados em combinação para atingir os
objetivos e metas do processo de ensino e aprendizagem.
2. METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO
COURSEWARE
O courseware foi projetado a partir da identificação das estratégias, ou seja,
de uma metodologia que permitem intermediar e viabilizar o ensino auxiliando no
aprendizado da linguagem que inclui a Língua Portuguesa e a aquisição da Língua
Brasileira de Sinais aos alunos surdos e deficientes auditivos, considerando que
essas crianças têm o direito de serem bilíngües.
Segundo Falkembach (2005), metodologia é um conjunto de normas,
procedimentos, técnicas e ferramentas de análise que definem o padrão desejado
para o desenvolvimento de um courseware. A metodologia tradicional se caracteriza
por dividir o trabalho de desenvolvimento em etapas, cada uma delas contendo um
conjunto de atividades e procedimentos. O desenvolvimento de um courseware
envolve as fases mostradas abaixo:
Análise e
Planejamento
Modelagem
Implementação
Avaliação e
Manutenção
Planejamento
Distribuição
Modelo Conceitual
Modelo de Navegação
Modelo de Interface
Figura 1 - Etapas do desenvolvimento de um projeto
1º) Análise e Planejamento - nessa fase foi feito um levantamento em sala de aula
do vocabulário que estava sendo utilizado, partindo assim das necessidades
levantadas pelo professor. A opção foi pelo conteúdo de verbos. A partir de então foi
definido o objetivo do courseware e o público alvo. Foram feitas a coleta, a análise e
a organização dos conteúdos. A organização obedeceu a um roteiro adequado ao
aprendiz embutido na seqüência dos conteúdos, apresentando a informação de
forma didática e pedagógica.
2º) Modelagem – a fase de modelagem do sistema desenvolvido incluiu a criação
dos 3 modelos: conceitual, de navegação e de interface.
A modelagem foi feita via recurso storyboard que representa um esboço do
modelo do courseware, mostrando como seus elementos estarão organizados,
ajudando no planejamento do conteúdo de cada unidade, na disposição das mídias,
ou seja, na organização dos elementos em cada tela e a navegação, facilitando
assim a implementação do mesmo.
a) Modelo Conceitual – esse modelo detalhou a divisão do conteúdo em
unidades, estabelecendo como o conteúdo da aplicação seria disponibilizado ao
aluno e em que mídias seriam exibidas.
b) Modelo de Navegação – definiram-se as estruturas de acesso, ou seja,
como o aluno tem acesso aos conteúdos. Optou-se por uma navegação seqüencial,
intuitiva, para não dispersar a atenção do aluno, visto que o surdo e, em geral, o
deficiente auditivo, tem a percepção visual aguçadíssima, o que o torna um “clicador
compulsivo” trazendo desorientação dentro da estrutura, além do mais quando
encontravam obstáculos desistiam com facilidade, não completando as atividades,
fatos que foram comprovados durante as aplicações.
c) Modelo de Interface – estabeleceu-se o layout das telas em harmonia com
o conteúdo. Procurou-se criar a identidade visual da aplicação, foram escolhidas as
imagens, a fonte (tipo, cor, tamanho) e os vídeos de acordo com o que foi sugerido
pelo público alvo.
3º) Implementação – a implementação abrangeu a escolha das mídias e a
programação do courseware que é feita com o Sistema de Autoria que agrega todas
estas mídias em uma estrutura interativa a partir do modelo conceitual.
4º) Avaliação e Manutenção – foi feita durante todo o processo de desenvolvimento
do courseware e foram feitas alterações, na medida em que surgiam necessidades.
5º) Distribuição – foi criado o módulo de execução e a embalagem do CD com o
roteiro de instalação para a distribuição.
A modelagem foi feita via a ferramenta storyboard que permite representar de
maneira informal, na forma gráfica, a rede de nós de um courseware. O storyboard
permite esboçar o modelo conceitual, exibindo o planejamento do conteúdo de cada
unidade e a disposição das mídias a serem utilizadas. A representação das telas no
storyboard mostra as estruturas de acesso, ou seja, como será a navegação dentro
do courseware. O storyboard auxília a implementação e está na lista de anexos.
A implementação do courseware VERBOS EM LIBRAS foi feita com os
recursos do Sistema de Autoria TOOLBOOK versão 7.1. Os vídeos para gravar os
sinais das palavras em LIBRAS foram capturados com uma câmera digital Sony 7.2
mega pixels e editados por meio do software Camtasia para diminuir o tamanho e
retirar resquícios auditivos bem como transformá-los em outra extensão para que
fossem aceitos pelo software de autoria.
As imagens de apoio, que compõem o alfabeto manual para auxiliar a
datilologia das palavras, foram desenhadas com auxilio do Corel Draw, por um
instrutor surdo da LIBRAS. As imagens, relacionadas ao que os surdos adultos
batizaram com o nome dos verbos, foram desenhadas e pintadas à mão e em
seguida digitalizadas para o computador, auxiliando também na fixação dos sinais e
da Língua Portuguesa escrita.
Como personagem principal para exibição dos sinais, foi utilizada nos vídeos
a imagem da aluna surda Luanna, apresentando os sinais dos verbos em LIBRAS.
Intermediando e auxiliando o processo de gravação estavam presentes a professora
da sala e a intérprete, que auxiliaram na comunicação das necessidades do objetivo
do trabalho.
Paralelamente à modelagem do objeto, foram feitos estudos para a
construção do layout, como plano de fundo, fonte (tamanho, tipo e cor), botões de
navegação e botões para acessar os vídeos. Foram feitos testes com alunos que
estão em diferentes níveis de aquisição da língua. A LIBRAS é uma língua visualespacial, portanto é preciso um layout agradável, com interface intuitiva, imagens
sugestivas, atraentes e significativas e que estas sejam batizadas pelos surdos em
processo da aquisição da língua mais amplo. É importante a participação dos
envolvidos, ou seja, do público alvo no processo das decisões e no processo de
construção do software.
Ao finalizar a implementação, foi gerado o código executável que permite que
a aplicação seja executada em qualquer equipamento sem o Sistema de Autoria.
3. RESULTADOS DO COURSEWARE VERBOS EM LIBRAS
A tela de abertura, figura abaixo, exibe imagens que reportam aos verbos
trabalhados.
Figura 2 - Tela de abertura do Software
Ao acessar o courseware, depois da tela de abertura, há um desvio para a
página de apresentação que exibe um vídeo e com a Luanna, aluna surda que
apresenta o conteúdo interagindo com os alunos.
Figura 3 - Tela de Apresentação
Após a apresentação, por meio do botão avançar se tem acesso à outra
página. O aluno deve digitar seu nome e clicar no botão OK (Figura 4).
Figura 4 - Tela de Personalização
Em seguida há uma saudação personalizada de acordo com o turno do dia
indicando que o estudo vai iniciar (Figura 5).
Figura 5 - Tela de Saudação
Fez-se a opção de personalizar o software para que além de tornar o
ambiente mais familiar, o aluno possa ter acesso ao resultado de seu desempenho,
após concluir todas as atividades ao acessar a página escore (Figura 6).
Figura 6 - Página Escore
O foco do courseware é favorecer a aquisição da LIBRAS e do Português
escrito. Portanto, é conveniente que o aluno, antes de ter acesso ao conteúdo
propriamente dito, possa visualizar o Alfabeto Manual e o Alfabeto da Língua
Portuguesa, para ficar familiarizado tanto com a Língua Portuguesa escrita, quanto
com a LIBRAS. Umas das dificuldades apresentadas pelos alunos em contato com o
computador é a dúvida e conseqüentemente a troca de algumas tipologias que
visualmente no teclado remetem para alguma expectativa que é frustrada quando a
correspondente letra aparece na tela do computador. Exemplificando, o “L” que é
visto no teclado não corresponde graficamente com o “l” (L tipologia minúscula) na
tela do computador, acabando por confundir, pois se parece com outra tipologia, a
letra “I” (letra “i” maiúscula).
Para auxiliar a escrita da Língua Portuguesa e evitar confusões, como a que
foi descrita anteriormente, foi criada uma página com o Alfabeto Manual (Figura 7).
Quando o aluno desliza o mouse sobre as “mãos” (Alfabeto Manual), visualiza as
letras do alfabeto, no lado direito, representadas por tipologias de máquina e cursiva,
maiúsculas e minúsculas. Vale salientar que o alfabeto manual (expresso com o uso
das mãos) é muito usado pelos surdos para soletrar nomes próprios, palavras que
representam sinais desconhecidos ou que ainda não existam. Isto é chamado de
Datilologia.
A escrita alfabética não capta as relações de significações da língua
de sinais. Na verdade, ela vai expressar significados que serão
organizados pela criança de outra forma. Considera-se
importantíssimo a criança surda interagir com a escrita alfabética
para o seu processo de alfabetização em Português acontecer
eficiente. No entanto, é preciso alertar aqui que esse processo
ocorreria de forma mais eficaz se a criança fosse alfabetizada na sua
própria língua (Cummins,2000).
Figura 7 - Alfabeto Manual
Após a interação inicial, o aluno tem acesso às duas opções do courseware:
Conteúdos e, na seqüência, Atividades. A etapa Conteúdos pode ser repetida, por
meio do botão Menu, se o aluno desejar apropriar-se melhor do vocabulário. Neste
courseware foram trabalhados 30 verbos no infinitivo.
A tela abaixo é a abertura da etapa Conteúdo, mostrando a palavra “verbo”,
sua datilologia e seu sinal em LIBRAS exibido no stage do vídeo, conforme Figura 8.
Para exibição dos vídeos é necessário clicar nos botões pause, play e stop.
Figura 8 - Tela de abertura do Conteúdo
Na barra inferior da tela acima (Figura 8) localiza-se a barra de navegação.
Nesta, respectivamente da esquerda para direita, estão os botões:
Glossário – é de fundamental importância para aqueles que não dominam o
alfabeto manual presente na datilologia. O botão glossário foi desenvolvido no
software Power Point, por um instrutor da LIBRAS que é surdo. As imagens
inseridas na apresentação foram desenhadas pelo mesmo com o auxilio do software
Corel Draw.Para usá-lo, o aluno deve dar um clique duplo. Ao abrir o glossário, ele
se move por meio das setas de direcionamento do teclado ou de um clique do
mouse. Para sair e voltar para o conteúdo ou a atividade, o aluno pressiona a tecla
ESC. O glossário está presente e ativado em todas as páginas do courseware.
Voltar – permite ao aluno retornar a página anterior. Para evitar desorientação e
com o intuito que os alunos cumpram as atividades propostas, foi deixado ativado
este botão apenas na etapa conteúdos.
Menu – o aluno tem acesso às opções presentes no programa como: apresentação,
alfabeto manual, Verbos em Libras (conteúdos), atividades (envolvendo a temática
presente no conteúdo) e créditos. O botão MENU fica desativado durante a
interação inicial para que os alunos cumpram a etapa, tida como fundamental para o
entendimento do courseware.
Avançar – permite ao aluno ter acesso às páginas seguintes. As mesmas
atribuições dadas ao botão Voltar foram dadas ao botão Avançar.
Sair – ao clicar nesse botão o aluno vai obrigatoriamente para a página créditos. A
opção de sair do programa só se efetuará nesta página.
Para dar seqüência à etapa Conteúdos e iniciar o estudo dos verbos, o aluno
deverá clicar no botão Avançar. Para cada verbo foram construídas 2 telas. Na
primeira, ao entrar na página, é exibida a figura da filmadora e seus respectivos
botões e por meio deles os alunos podem manusear o vídeo do sinal da palavra em
LIBRAS. Em seguida, vai aparecer a imagem referente ao verbo que está sendo
tratado no vídeo e, logo após, a datilologia da palavra. Abaixo desta, estão
presentes o campo texto para editar a palavra na Língua Portuguesa e o botão OK
para verificar se o aluno acertou ou errou, conforme Figura 9.
Como feedback, aparece uma imagem da aluna Luanna, indicando acerto ou
erro. Quando o aluno erra, aparece a imagem de Luanna fazendo um sinal negativo
(Figura 10), o campo texto apaga e o aluno permanece na página. Quando o aluno
acerta, aparece a imagem de Luanna fazendo sinal positivo (Figura 11) e
automaticamente surge outra página, onde o aluno visualiza a imagem e o verbo
que acabou de escrever (Figura. 12).
Figura 9 - Tela Verbo Comer
Figura 10 - Tela Feedback erro
Figura 11 - Tela de feedback acerto
Figura 12 - Tela de feedback após acertar
Concluída a etapa Conteúdo, o aluno passa para a etapa “Atividades” (Figura
13) que envolve todo o vocabulário trabalhado na etapa descrita anteriormente de
maneira lúdica e de acordo com o grau de dificuldade.
Figura 13 - Tela de abertura etapa atividades
As atividades propostas são:
Múltiplas Escolhas – esta atividade contempla dois estilos, envolvendo 8 verbos
em cada uma destas, conforme descrição a seguir:
•
Envolvendo imagens e sinais - o aluno assiste ao vídeo e em seguida escolhe a
imagem que está relacionada ao vídeo (Figura 14).
Figura 14 - Tela atividade múltiplas escolhas (imagens e sinais)
•
Envolvendo palavras e sinais - o aluno assiste ao vídeo e em seguida escolhe a
palavra a que este se refere. Esta atividade será executada após a atividade
“Correspondência” (Figura 15).
Ao acertar estas atividades, o aluno visualiza a imagem e o verbo que
acabou de escrever com tipologia de máquina maiúscula / cursiva minúscula e a
datilologia. Errando, aparece a imagem de Luanna fazendo o sinal negativo e
retorna a página. O aluno só consegue sair da página ao acertar.
Figura 15 - Tela atividade múltiplas escolhas (palavras e sinais)
Correspondência – nesta atividade o aluno deve ligar a palavra à sua datilologia
correspondente. Para iniciar a atividade, basta clicar em uma palavra ou em uma
datilologia e o cursor muda. Clicando depois na palavra ou datilologia
correspondente, aparece uma reta de ligação entre elas. Caso clique na opção
errada, aparece a imagem de Luanna fazendo o sinal negativo e retorna à página,
limpando todas as opções realizadas e reiniciando a atividade. Para esta atividade,
foram utilizados 14 verbos do vocabulário estudado (Figura 16).
Figura 16 - Tela atividade correspondência
Cruzadinha – nesta atividade faz-se a relação imagem e palavra. Trabalha-se
também seqüência numérica. Para escrever no campo ao lado do botão OK, o aluno
precisa informar que figura irá nomear clicando no número. Ao acertar aparece na
cruzadinha a palavra digitada. Completando a sentença automaticamente segue
para próxima cruzadinha. Esta atividade contemplou 10 verbos (Figura 17).
Figura 17 - Tela atividade cruzadinha
Caça-palavras – nesta atividade, foram utilizados 20 verbos. O aluno tem que
observar a imagem e procurar no campo de letras embaralhadas o verbo referente à
imagem. Ao acertar, aparece o verbo abaixo da imagem e no campo de letras
embaralhadas o verbo é destacado com um retângulo, informando o acerto.
Completando a seqüência, automaticamente muda a página (Figura 18).
Figura 18 - Tela atividade caça-palavras
Jogo da Memória – neste jogo foram utilizados 6 verbos, a relação é feita entre
imagem e palavra. Ao acertar os pares, elas ficam cobertas por um fundo escuro. Ao
errar, elas voltam à posição inicial (Figura 19).
Figura 19 - Tela atividade jogo da memória
Atividades para completar – Neste tipo de atividade, o aluno deverá observar a
imagem e o sinal (vídeo) e escrever a palavra correspondente. Não haverá o apoio
da datilologia. Se errar, o campo texto apaga e aparece a imagem de Luanna
informando o erro. Ao acertar, aparece a imagem de Luanna fazendo o sinal positivo
e segue para a próxima página. Para esta atividade, parecida com a etapa conteúdo,
foi utilizado todo o vocabulário estudado.
Figura 20 - Tela atividade Complete
3.1 Contribuições do courseware na aprendizagem
Dentre os conceitos de aprendizagem existentes na literatura, buscaram-se,
para este trabalho, alguns princípios para a aprendizagem, que pode ser
colaborativa, interativa e cooperativa. Entende-se que estes princípios favorecem o
processo de ensino e aprendizagem via os recursos tecnológicos, auxiliando, no
caso, a aprendizagem do indivíduo surdo e do deficiente auditivo. Desta forma,
buscou-se promover a autonomia e a construção do conhecimento por meio da
interação entre aluno e professor, aluno e instrutor da LIBRAS, aluno e aluno, aluno
e tecnologia e aluno e conteúdo. As estratégias de aplicação para tornar esta
aprendizagem efetiva e os poucos recursos que temos nos levaram a fazer a
aplicação do couseware, reunindo vários alunos e desenvolvendo, também, o
trabalho em duplas.
Para Vygotsky (1996), a relação do ambiente social e a interação de seus pares
são de fundamental importância para o desenvolvimento da aprendizagem e
conseqüentemente o desenvolvimento do ser humano, e, no caso da pessoa com
surdez ou com déficit auditivo, verificamos que a aprendizagem da LIBRAS torna-se
mais efetiva se acontecer na interação entre indivíduos surdos ou deficientes
auditivos, até porque a linguagem deles é desenvolvida na própria comunidade.
A estratégia usada no courseware “Verbos em LIBRAS” com recursos visuais e
imagens desenhadas especificamente para o trabalho trouxe familiaridade e
favoreceu a aprendizagem dos alunos. Mesmo seguindo uma temática, um estudo
de vocabulário específico, se observou que a metodologia que segue o programa
tornou a aprendizagem mais efetiva. O vocabulário foi facilmente assimilado e a
comprovação deu-se por meio da participação ativa de todos, fato que foi registrado
através de vídeos e de um ditado de LIBRAS/Língua Portuguesa. Os alunos estão
escrevendo na Língua Portuguesa os Sinais feito pela instrutora da LIBRAS.
Percebeu-se no decorrer das aplicações que os alunos estavam motivados,
participativos e envolvidos no processo. E a cada aplicação também se observou a
incorporação de ambas as línguas.
De acordo com Lévy (2000), a interface contribui para definir o modo de
captura da informação oferecido aos atores da comunicação. Ela abre, fecha e
orienta os domínios de significação, de utilização possível de uma mídia. Para os
alunos, é fundamental um processo de aprendizagem personalizado e interativo,
fazendo com que eles participem ativamente deste processo de forma consciente. É
preciso que os educadores estejam abertos a este novo campo para a Educação e
que estejam preparados para saber das possibilidades que a tecnologia apresenta,
integrando-se a esse conjunto de transformações.
Como cita Quadros e Schimiedt (2006), a escola deve buscar alternativas
para garantir à criança o acesso aos conhecimentos escolares na língua de sinais e
o ensino da língua portuguesa como segunda língua.
Os resultados percebidos na aplicação do software, bem como no
questionário de avaliação da qualidade pedagógica do software (em anexo)
respondido pela equipe técnica e professores da escola, estão de acordo com o que
postula Lévy (2000) em relação à maneira como uma interface contribui no processo
de aprendizagem e reforçam o que é colocado por Quadros e Schimiedt (2006)
sobre a postura da escola no acesso aos conhecimentos, por meio de uma
metodologia adequada ao público alvo.
4. CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS
A validação do courseware desenvolvido no contexto escolar com alunos
surdos e com deficientes auditivos, professores das salas de aulas, instrutor de
LIBRAS e intérpretes foi feita com os alunos do 4º e 5º anos do ensino fundamental
da Escola Estadual de Educação Especial Ana Paula Ribeiro Barbosa Lira e
estendeu-se a uma turma da Educação de Jovens e Adultos, também, com
deficientes auditivos e surdos. No decorrer do processo, a avaliação do programa foi
feita com base na análise de observação, discussões e através de um questionário
(colocado em anexo) para analisar a qualidade pedagógica e a sua funcionalidade.
Novas propostas foram sugeridas por todos os envolvidos no processo, no decorrer
da construção e da aplicação do software.
É interessante expor que, logo ao acessar o programa, os alunos só
observavam a datilologia e em seguida escreviam a palavra. Alguns ainda
observavam a imagem e chegavam a fazer o sinal; em seguida analisaram a
datilologia e escreveram a palavra. Mas o objetivo não é só que escrevam a palavra
e sim que eles aprendam o sinal, primeiramente, para que sejam capazes de
escrevê-la na Língua Portuguesa sem deixar de fora a aprendizagem de sua língua
materna. Devido a esse problema, é mostrado, nos vídeos, para chamar a atenção
dos alunos, a imagem de uma filmadora. Para representar os botões, ao invés das
palavras play, stop e pause, imagens comuns dos equipamentos de som e vídeos
foram analisadas e escolhidas pelos alunos para tornar o manuseio mais intuitivo.
Outro ponto importante que merece comentário foi que todos os envolvidos no
processo participaram ativamente tanto na captação de recursos como na sugestão
e unificação das idéias.
É importante ressaltar, também, que no decorrer do processo de validação do
courseware foram apontadas algumas necessidades e isso serviu para se propor
algumas modificações e aumentar também o vocabulário.
No decorrer das discussões com a instrutora da LIBRAS, professores e
equipe de apoio (intérpretes, fonoaudiólogos, psicólogos e supervisora escolar),
fluíram sugestões de atividades que envolvessem separação de sílabas, inserir os
verbos em frases e jogo da forca. Outra sugestão foi que a página MENU tivesse
sua interface em LIBRAS também. Outras temáticas ainda foram sugeridas,
baseando-se no dicionário de LIBRAS, à exemplo do nome das cores, frutas,
verduras, cidades do estado da Paraíba, Estados e Capitais do Brasil, meios de
transporte, meios de comunicação e animais para se dar continuidade ao processo
de aquisição bilíngüe, seguindo a mesma metodologia aplicada na construção de
“Verbos em Libras”. Uma temática que já está em construção é a que envolve
hardwares e softwares e outras nomenclaturas utilizadas pela informática, porém,
está sendo difícil por se tratar de um vocabulário novo para os surdos e deficientes
auditivos. Segundo uma pesquisa realizada dentro da FUNAD com alguns surdos,
as próprias palavras hardwares e softwares, não possuem o sinal.
Uma outra sugestão dada foi que se aplicasse este software com nossos
alunos com deficiência mental e outras síndromes detectadas nesta deficiência. Esta
sugestão foi acatada e já está no planejamento do laboratório de informática
educacional para o ano letivo de 2009.
5. REFERÊNCIAS
CUMMINS, J. language, power and pedagogy: bilingual children in the crossfire.
Clevedon: Multilingual Matters,2000.
FALKEMBACH, G.A.M - Concepção e desenvolvimento de material educativo
digital - VII Simpósio Internacional de Informática Educativa – SIIE05 -Leiria,
Portugal, 16-18 Novembro de 2005.
FELIPE, Tanya A. LIBRAS em Contexto: Curso Básico: Livro do Estudante.
Brasília: Minist´[erio da Educação, Secretaria de Educação Especial,2007. 7ª Edição
GOLDFELD, M. A criança surda: linguagem e cognição numa perspectiva sóciointeracionista. São Paulo: Plexus, 1997.
<http://www.ines.gov.br/ines_livros/16/16_PRINCIPAL.HTM >Acesso em 09 jul 2008.
<http:://www.dicionariolibras.com.br/>. Acesso em: 14 out 2008.
KARNOPP, Lodenir Becker. Aquisição do parâmetro Configuração de Mão na
língua Brasileira dos Sinais (LIBRAS): Estudo sobre quatro crianças surdas,
filhas de pais surdos. Dissertação de Mestrado. Porto Alegre: Instituto de Letras e
Artes. PUCRS. 1994.
LÉVY, P. As tecnologias da inteligência, o futuro do pensamento na era da
informática. São Paulo: Ed. 34. 2000.
QUADROS, R.M.; SCHMIEDT, M.L.P. Idéias para ensinar português para alunos
surdos. Brasília: SEESP/MEC, 2006.
SKILIAR, C.(Org) A Surdez :um olhar sobre as diferenças.Porto Alegre:
Mediação,2005,3ª ed.
VYGOTSKY, L.S.A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos
psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes,1996, Ed. 5
ANEXO
O programa incentiva a autonomia do aluno, respeitando seu ritmo
O programa mostra ao aluno a explicação dos objetivos
O programa está adequado às necessidades do aluno
O programa é visualmente interessante
O programa é eficiente na comunicação usuário-sistema
O programa oferece estímulos motivadores ao aluno?
O programa é tolerante à entrada incorreta de dados?
Possibilita feedback ao aluno?
Possibilidade de leitura da fonte do programa
A navegação é intuitiva?
É fácil de usar?
Avalia o progresso do aluno
O aluno tem possibilidade de ver os conteúdos estudados?
É uma ferramenta que auxilia as aulas do professor/instrutor? Por que?
Que sugestões você daria para enriquecer o programa?
Às vezes
Nem sempre
Não / Nunca
Qualidade Pedagógica
Sim / Sempre
Questionário da Qualidade Pedagógica do Software “VERBOS EM LIBRAS”
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