Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255 ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE A PSICANÁLISE NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO HUMANO COELHO, Lindaura Gabriel1 RESUMO Este artigo retrata os conceitos da Psicanálise, que é o estudo dos comportamentos e sentimentos humanos que são regidos por desejos inconscientes. Neste estudo, nota-se a presença do médico neurologista e criador da Psicanálise Sigmund Schlomo Freud, que descobriu diversos aspectos do intelecto humano, como os níveis de consciência, a formação da inconsciência e até mesmo do desenvolvimento psicossexual, tornando mais compreensível cada etapa da formação do ser humano. Finaliza abordando a existência da psicologia da educação como uma área de conhecimento. Palavras-chave: Consciência. Desenvolvimento. Educação. Pensamento. Sexualidade. 1. Professora da rede estadual de ensino do Estado Federativo do Espírito Santo. Contato profissional Secretaria Estadual de Ensino (SEDU) do Estado do Espírito Santo. Unidade escolar: EEEFM “Geraldo Vargas Nogueira”. Av. Brasil, s/n - Lacê, Colatina - ES. Contato: (27) 3722-5975. E-mail: [email protected] Castelo Branco Científica - Ano V - Nº 10 - julho/dezembro de 2016 - www.castelobrancocientifica.com.br 1 Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------------------------------------------------03 1. CONCEITO DE PSICANÁLISE ---------------------------------------------------------------------04 2. NÍVEIS DE CONSCIÊNCIA -------------------------------------------------------------------------04 2.1. CONSCIENTE -----------------------------------------------------------------------------------------05 2.2. PRÉ-CONSCIENTE ------------------------------------------------------------------------------------05 2.3. INCONSCIENTE ---------------------------------------------------------------------------------------05 3. FORMAÇÃO DO INCONSCIENTE ----------------------------------------------------------------05 3.1. ID -----------------------------------------------------------------------------------------------------------05 3.2. EGO--------------------------------------------------------------------------------------------------------06 3.3. SUPEREGO -----------------------------------------------------------------------------------------06 4. DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL---------------------------------------------------------07 4.1. FASE ORAL ----------------------------------------------------------------------------------------------07 4.2. FASE ANAL ---------------------------------------------------------------------------------------------07 4.3. FASE FÁLICA -------------------------------------------------------------------------------------------08 4.4. FASE DE LATÊNCIA -----------------------------------------------------------------------------------08 4.5. FASE GENITAL -----------------------------------------------------------------------------------------08 5. REFLEXÃO SOBRE A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO --------------------------------------09 5.1. PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO COMO ENGENHARIA PSICOLÓGICA APLICADA --------10 5.2. A NOÇÃO DE INDIVIDUALIDADE NA PSICOLOGIA ESCOLAR ------------------------12 CONCLUSÃO -----------------------------------------------------------------------------------------------13 REFERÊNCIAS --------------------------------------------------------------------------------------------14 Castelo Branco Científica - Ano V - Nº 10 - julho/dezembro de 2016 - www.castelobrancocientifica.com.br 2 Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255 INTRODUÇÃO A teoria da psicanálise envolve os princípios de compreensão do comportamento e sentimento dos seres humanos, registrados por desejos inconscientes. Desenvolvida pelo médico neurologista Sigmund Freud (1856 a 1939), dedica-se à investigação e ao tratamento de doenças mentais. Esse ramo é baseado na análise dos conflitos sexuais inconscientes que são originadas durante a infância dos seres humanos e na defesa de que os impulsos instintivos são reprimidos pela consciência, permanecendo no subconsciente e afeta o indivíduo. Deve-se ter em conta que o inconsciente não é observável pelo paciente: compete ao profissional tornar acessíveis tais conflitos existentes no inconsciente através da interpretação de sonhos, de atos falhos e da associação livre. A psicanálise, através do diálogo, pode tratar doenças mentais a partir da interpretação desses fenômenos, auxiliando na identificação da origem da problemática no paciente, podendo ser o primeiro passo para uma possível cura. Um dos fenômenos que ocorrem durante a psicanálise é a transferência dos sentimentos, como o amor e ódio contido no paciente para o profissional, objetivado pela análise do inconsciente por meio da associação livre. Para Freud, existem níveis da psique no ser humano, consistindo no consciente, no pré-consciente e no inconsciente. Pode ser conhecido como a hipótese topográfica freudiana. De acordo com os psicanalistas freudianos, é importante reconhecer que é no inconsciente que se molda o comportamento humano. Ao estudar os fenômenos da psicanálise, nota-se a presença de forças que atuam na psique e envolvem o id, que são os desejos; o ego, que é a racionalidade, e o superego, que envolve a consciência. Conforme a teoria estrutural da mente, essas forças atuam em níveis diferentes de consciência. 1. CONCEITO DE PSICANÁLISE A psicanálise é uma teoria que envolve a compreensão de que os sentimentos e o comportamento humano são controlados por desejos inconscientes. Ao analisar a inconsciência, deve-se “acessar” os instintos e os anseios que fornecem o impulso para uma determinada ação. Objetivada pelos estudos do inconsciente, a maneira de realizar a análise é feito por meio da associação livre. Trata-se de uma ciência que valoriza o diálogo e, por meio dele, faz o tratamento de doenças mentais a Castelo Branco Científica - Ano V - Nº 10 - julho/dezembro de 2016 - www.castelobrancocientifica.com.br 3 Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255 partir da interpretação de fenômenos, levando o paciente a identificar a origem da problemática, podendo ser o primeiro passo para curar uma determinada doença. Um dos fenômenos que ocorrem durante a terapia é a transferência dos sentimentos, como o amor e o ódio do paciente para o psicanalista. O médico psiquiatra Sigmund Freud (1856 a 1939) foi o fundador da teoria da psicanálise. Para ele, o inconsciente era a fonte das energias, desejos reprimidos e depósito de lembranças antigas. Freud realizou diversas descobertas através de sua teoria da autoanálise, além de analisar rigorosamente seus sonhos e dos seus pacientes. 2. NÍVEIS DE CONSCIÊNCIA Segundo Freud, há três níveis distintos para a psique humana, que envolve o consciente, o préconsciente e o inconsciente e, esses níveis também são conhecidos como a hipótese topográfica freudiana. Ao fazer uma analogia da hipótese topográfica freudiana e um iceberg, a parte superior à linha da água é como o consciente, a parte inferior à linha da água seria o pré-consciente e a parte mais volumosa que se estende até as profundezas e a parte mais baixa do iceberg, seria o inconsciente – é nessa área que se compõe grande parte da psique humana. De acordo com os psicanalistas freudianos, nesse ramo é interessante e importante notar que é no inconsciente que se molda o comportamento humano. 2.1. CONSCIENTE Neste estado é uma parte fundamental do funcionamento mental humano, a parte em que se tem consciência do que se pensa, o que se sente, do que é dito e feito; é constituído por ideias, e quem as tem está ciente no exato momento. 2.2. PRÉ-CONSCIENTE O presente estado é constituído por ideias inconscientes que podem se tornar novamente conscientes se for direcionada a atenção para elas, podendo ser percebidas através dos sonhos ou em atos falhos. Castelo Branco Científica - Ano V - Nº 10 - julho/dezembro de 2016 - www.castelobrancocientifica.com.br 4 Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255 2.3. INCONSCIENTE O presente estado compõe uma extensa área do intelecto humano, ainda que o mesmo não possua consciência disso. É onde estão contidos os desejos reprimidos, os conteúdos censurados e as pulsões inacessíveis à consciência; o estado de inconsciência pode influenciar no cotidiano como no comportamento e na ação sem ser notados. 3. FORMAÇÃO DO INCONSCIENTE Freud sugeriu a existência de três forças que atuam na psique, que são o id, o ego e o superego. Conforme a teoria estrutural da mente, o id, o ego e o superego atuam em níveis diferentes de consciência, havendo um constante movimento de lembranças e impulsos conforme cada nível. 3.1. ID O id contém tudo o que é herdado, presente desde o nascimento até a constituição do intelecto. Essa estrutura básica da personalidade fica exposta a outras exigências somáticas do corpo como aos efeitos do ego e do superego. Apesar de outras áreas da estrutura se desenvolverem originadas do id, ele próprio é amorfo, confuso e desordenado. Impulsos contraditórios existentes paralelamente não se anulam e nem reduzem o outro. O id funciona como um reservatório dos impulsos, da energia de toda a personalidade. As memórias no id estão quase todas inconscientes, assim como o material considerável inaceitável pela consciência. Um pensamento ou uma lembrança, excluído da consciência e localizado nas sombras do id, é mesmo assim capaz de influenciar a vida mental de uma pessoa. Conduzido pelo princípio do prazer, o id exige satisfação imediata desses impulsos, não tendo em conta a possibilidade de consequências negativas. 3.2. EGO Esta área da psique está em contato com a realidade externa. O ego atua principalmente em nível consciente e pré-consciente, apesar de que também contenha elementos inconscientes, pois foi evoluído através do id. Conduzido pelo princípio da realidade, o ego cuida dos impulsos do id, tão logo Castelo Branco Científica - Ano V - Nº 10 - julho/dezembro de 2016 - www.castelobrancocientifica.com.br 5 Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255 encontre a circunstância adequada. Desejos inadequados não são satisfeitos, mas reprimidos. Possui o dever de garantir a saúde, segurança e sanidade da personalidade humana. Originalmente criado pelo id na tentativa de enfrentar a necessidade de reduzir a tensão e aumentar o prazer, por sua vez, deve controlar ou regular os impulsos do id a fim de que o indivíduo busque soluções a longo prazo e mais realistas. O id é sensível à necessidade, enquanto que o ego responde às oportunidades. 3.3. SUPEREGO O superego foi desenvolvido a partir do ego, atuando como um juiz ou censor sobre as atividades e pensamentos do ego. Guarda e fornece códigos morais, modelos de conduta e dos constructos que constituem as inibições da personalidade. Para Freud, o superego possui três funções, as quais são: a consciência, a auto-observação e a formação de ideias. As restrições inconscientes são indiretas, surgindo como compulsões ou proibições. Apenas parcialmente consciente, o superego serve como um censor das funções do ego, sendo a fonte dos sentimentos de culpa e medo de punição. 4. DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL A sexualidade do ser humano varia em vários aspectos, desde a infância até a fase adulta. Grande parte da excitação não necessariamente precisa estar localizada nos genitais. Freud fez descobertas sobre a sexualidade infantil, provocando grande espanto na sexualidade conservadora no final do séc. XIX, tendo a criança como símbolo de pureza nesse período, como se fosse um ser assexuado. Ao longo dos anos, a sociedade passou a se familiarizar com o entendimento de diferentes formas de expressão da sexualidade infantil, sendo que esta, segundo Freud, evolui em etapas distintas, sendo denominadas: fases oral, anal, fálica, latência e genital. Apesar de que as características dessas fases estejam amplamente difundidas na mídia, de tal forma que os pais possam reconhecer tais manifestações dessa sexualidade nos filhos, persisti ainda um equívoco na forma como eles lidam com essa questão. A sexualidade é reconhecida como um instinto com o qual os indivíduos nascem e que se expressa de Castelo Branco Científica - Ano V - Nº 10 - julho/dezembro de 2016 - www.castelobrancocientifica.com.br 6 Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255 formas diferentes de acordo com a fase do desenvolvimento psicossexual. Segundo Freud, as fases psicossexuais são: 4.1. FASE ORAL Consiste no primeiro ano de vida, no qual a criança satisfaz suas necessidades sexuais por meio da boca, obtendo o prazer através da sucção. Uma fixação nessa fase pode tornar a pessoa um fumante irrecuperável ou em uma pessoa tagarela. 4.2. FASE ANAL Nesta fase ocorre durante o segundo e terceiro ano de vida da criança, satisfazendo-se através da expulsão das fezes ou em retê-las. Uma fixação nesta fase pode explicar obsessividade com limpeza e arrumação, avareza e outros. 4.3. FASE FÁLICA Esta fase ocorre entre o terceiro e quarto ano de vida da criança, em que ela descobre seu sexo e experimenta o prazer ao manusear os órgãos genitais. Nesse estágio, Freud evidencia o Complexo de Édipo, no qual a criança passa a amar o genitor do sexo oposto e sente ciúmes do mesmo sexo; a criança se identifica com o genitor do mesmo sexo através da incorporação dos valores sociais de papel masculino ou feminino. Quando o conflito edipiano não é resolvido, pode causar neurose de ansiedade. 4.4. FASE DE LATÊNCIA Esta fase está presente desde o quinto ao décimo segundo ano de vida, geralmente desenvolvido nos anos escolares, quando há uma supressão dos impulsos sexuais que são reprimidos, e há evolução da construção do pensamento lógico e do controle da vida psíquica pelo princípio da realidade. Castelo Branco Científica - Ano V - Nº 10 - julho/dezembro de 2016 - www.castelobrancocientifica.com.br 7 Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255 4.5. FASE GENITAL Do décimo segundo ano em diante, o adolescente deixa de ser para si mesmo o objeto de interesse e se volta para outras coisas e pessoas, iniciam-se as ligações heterossexuais, o interesse pelas atividades humanas adultas e seu papel no mundo social. Segundo Freud, as práticas perversas presentes ao longo da constituição da sexualidade, como o exibicionismo, a manipulação dos órgãos sexuais, o prazer de sucção, o prazer ligado à defecação entre outras, tendem a submeter à repressão, sucumbindo-se ao domínio das práticas genitais com vistas à procura de outro corpo e à procriação. Essas manifestações são consideradas normais na sexualidade adulta, desde que não se assuma um caráter prioritário e não se constituam em única forma possível para obter prazer. O homossexualismo e o voyeurismo decorrem de uma fixação do prazer. A essas perversões, segundo Freud, são pulsões parciais. Assim, a sexualidade infantil funciona como se composta por impulsos parciais, agindo como se fossem diversas estações que vão surgindo e assumindo lideranças e predominâncias. Apenas no indivíduo adulto alcançará níveis totais e integrativos desses impulsos, agindo como se fosse uma massa de excitações cuja origem se encontrasse em qualquer parte do corpo. No entanto, o indivíduo adulto apenas consegue determinar o ponto de origem de uma excitação e o tempo decorrido até atingir o clímax e posterior a sua satisfação, enquanto a criança não consegue distinguir a excitação e a satisfação. No decorrer da evolução da fase infantil à fase adulta, as zonas genitais vão adquirindo maior importância sobre as demais, passando a ser capazes de concentrar toda a excitação que anteriormente se encontrava espalhada e repartida em outras zonas. Os pais e outros profissionais que atuam com crianças, necessitam entender que essas possuem fases que reconhecem que elas obtêm prazer. É difícil para os pais lidarem com esta situação, no entanto é necessário aprender para não serem severos. A criança não faz nenhuma relação com o sexo, ela apenas sente prazer. Mais tarde poderá sentir-se culpada pela desaprovação dos pais ou profissionais que atuam com elas e essa culpa poderá ser levada para sua própria experiência sexual. Muitos pais não sabem dialogar e uma das perguntas mais difíceis para os pais responderem é como o bebê entrou na barriga da mamãe. Existem diversos conteúdos que abordam a sexualidade infantil que ajudam os pais e até filmes, podendo ajudar a tirar as dúvidas das crianças, mas sempre se deve utilizar o caso real. Castelo Branco Científica - Ano V - Nº 10 - julho/dezembro de 2016 - www.castelobrancocientifica.com.br 8 Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255 5. REFLEXÃO SOBRE A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO A existência da psicologia da educação como uma área de conhecimento e de saberes teóricos e práticos claramente identificáveis, segundo Coll (2004), tem sua origem na crença de que a educação e o ensino podem melhorar sensivelmente com a utilização adequada dos conhecimentos psicológicos. Tal convicção, que tem suas raízes nos grandes sistemas de pensamento e nas teorias filosóficas anteriores ao surgimento da “psicologia científica”, foi objeto de múltiplas interpretações. Existem profundas discrepâncias quanto aos princípios que devem ser aplicados, em que aspecto ou aspectos da educação devem ser usados e, de maneira muito particular, o que significa exatamente aplicar de maneira correta à educação os princípios da psicologia. Situa-se o surgimento da Psicologia da Educação por volta de 1903, quando foi lançado o livro de Thorndike, o qual nomeou, pela primeira vez, essa área de estudos e lhe deu corpo doutrinário. Na edição de 1913 e 1914, Thorndike concluiu que todo conhecimento da psicologia que tivesse a possibilidade de ser quantificado podia ser aplicado à educação. (Goulart, 2000) Thorndike em 1906 dizia que a eficiência de qualquer profissão depende amplamente do grau em que se torne científica. A profissão do ensino melhorará à medida que o trabalho de seus membros seja presidido por espírito e métodos científicos. Desde as primeiras décadas do século XX, o discurso de reformismo social perde relevância e a psicologia da educação adota uma orientação fundamentalmente acadêmica, segundo Coll (2004), dirigindo seus esforços ao estabelecimento dos “parâmetros fundamentais da aprendizagem”, “ao refinamento de suas elaborações teóricas”, e à sua promoção como “disciplina de engenharia aplicada” (aplied engineering discipline). 5.1. PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO COMO ENGENHARIA PSICOLÓGICA APLICADA Essa visão da psicologia da educação como engenharia psicológica aplicada à educação é preponderante durante a primeira metade do século XX. Até finais de 1950, e com base em uma fé na “nova psicologia científica”, a psicologia da educação aparece como a disciplina com maior peso na pesquisa educacional, como disciplina “mestra”, a “rainha das ciências da educação”. (Coll, 2004) Tal protagonismo, porém, começa a atenuar-se a partir dos anos de 1960, explicado por várias razões, como o seu próprio êxito e expansão incontrolada que levam a psicologia da educação a Castelo Branco Científica - Ano V - Nº 10 - julho/dezembro de 2016 - www.castelobrancocientifica.com.br 9 Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255 ocupar-se de praticamente qualquer tema ou aspecto relacionado à educação e a procurar resolver qualquer problemática educacional. A partir de 1960 começa a se manifestar uma “rachadura” da fé na capacidade da psicologia para fundamentar cientificamente a educação e o ensino, o que leva a questionar a visão da psicologia da educação como engenharia psicológica aplicada – isto é, como disciplina encarregada de transferir os conhecimentos psicológicos à educação e ao ensino, a fim de proporcionar-lhes fundamentação e caráter científico. Essa mudança, segundo Coll (2004), terá enormes repercussões para o desenvolvimento posterior da psicologia da educação. Por um lado significará, a longo prazo, a perda definitiva de um protagonismo absoluto no campo da educação. Por outro lado, obriga-a a questionar seus pressupostos básicos, seus princípios fundamentais, forma de abordagem, seu alcance e limitação. Para Goulart (2000) a psicologia da educação trata-se de uma ciência aplicada à educação, cujo objetivo é, numa relação permeável com as demais ciências pedagógicas, oferecer subsídios para que o ato educativo alcance, plenamente, seu objetivo. Para a autora, a delimitação do campo da psicologia da educação segundo o critério de definir o que é educação e o que é psicologia é imprópria. “A educação é um empreendimento social, por isso é um macrofenômeno, cuja caracterização é multidisciplinar”. (Goulart, 2000, pág. 14) Ainda mencionando Goulart (2000), o especialista em psicologia educacional está preocupado com o universo que tangencia a educação. Segundo a autora, jamais será possível atingir o objetivo de melhorar a educação se, em nome de uma abordagem multidisciplinar, se descaracterizar cada uma das disciplinas relacionadas à educação. A utilidade da psicologia educacional, segundo Libâneo (2001), depende do grau em que dá conta de explicar problemas enfrentados pelos professores na sala de aula, problemas esses, no entanto, que somente podem ser compreendidos como resultantes de fatores estruturais mais amplos. 5.2. A NOÇÃO DE INDIVIDUALIDADE NA PSICOLOGIA ESCOLAR A psicologia moderna se desenvolve no mesmo período em que ganha força o movimento da Escola Nova. A crença na educação como equalizadora de oportunidades é abalada pela incapacidade da escola de cumprir sua função de universalidade, conforme era proclamado pela Castelo Branco Científica - Ano V - Nº 10 - julho/dezembro de 2016 - www.castelobrancocientifica.com.br 10 Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255 ideologia liberal. O movimento escolanovista vem restaurar a credibilidade na escola, afirmando que o fracasso de seus alunos se deve a diferenças individuais. (Miranda, 2001) A psicologia que se desenvolve na segunda metade do século XIX vem acentuar a ideia de natureza humana individual. É quando começa a vender sua força de trabalho que o homem se define como livre e como indivíduo. O isolamento individual aparece como fazendo parte da condição humana, como comportamento natural. A ideia de uma essência humana pré-social concebe a personalidade humana individual como um caso particular da personalidade humana básica, o que pressupõe, segundo Libâneo (2001), que cada indivíduo possui características que são universais e independem da influência do meio social, cabendo à psicologia conhecer esses traços universais. Chega-se assim à ideia corrente de ajustamento social aplicada à psicologia e à educação. Existem padrões de comportamento a serem ensinados ou modificados, que se tornam universais e compulsórios. Para Libâneo (2001) a ênfase nas necessidades e interesses espontâneos do educando resultou na “psicologização” das situações escolares, ao ponto de os professores passarem a explicar o comportamento dos alunos por meio de termos como inibição, bloqueios, imaturidade, agressividade, entre outros. O individualismo em pedagogia acentuou-se significativamente com o desenvolvimento da psicologia humanista, que divulgou a educação como processo de adequação pessoal frente às influências ambientais. CONCLUSÃO Conclui-se que a Psicanálise foi criada com o objetivo de tratar desequilíbrios psíquicos. Desenvolvida por Sigmund Freud, responsável pela descoberta do inconsciente, passou a abordar esse território desconhecido, na tentativa de mapeá-lo e de compreender seus mecanismos, originalmente conferindo-lhe uma realidade no plano psíquico. Freud interessou-se desde o início por distúrbios emocionais e empenhou-se para, através da Psicanálise, encontrar a cura para esses desajustes mentais. Desde então ele passou a utilizar a arte da cura pela fala, descobrindo, assim, o reino onde os desejos e as fantasias sexuais se perdem na mente humana, reprimidos, esquecidos, até emergirem na consciência sob a forma de sintomas indesejáveis, por uma razão qualquer – o Inconsciente. Assim sendo, para Freud a maior parte da consciência é inconsciente. Ali estão os principais Castelo Branco Científica - Ano V - Nº 10 - julho/dezembro de 2016 - www.castelobrancocientifica.com.br 11 Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255 determinantes da personalidade, as fontes da energia psíquica, as pulsões e os instintos. Segundo Freud, as práticas perversas presentes ao longo da constituição da sexualidade, como o exibicionismo, a manipulação dos órgãos sexuais, o prazer de sucção, o prazer ligado à defecação, entre outras, tendem a sucumbir à repressão, submetendo-se ao domínio das práticas genitais com vistas à procura de outro corpo e à procriação. Em relação à criança, a mesma não faz nenhuma relação com o sexo em si, ela apenas sente prazer. Mais tarde poderá sentir-se culpada pela desaprovação dos pais ou pessoas que trabalham com elas e essa culpa poderá ser levada para sua própria experiência sexual. Freud coloca os pais como pessoas incompetentes para a tarefa da educação sexual preferindo que estes não se ocupem dessa tarefa. Com base nisso, os pais devem procurar a orientação de especialistas para lidar com esse tema, afim de compreender melhor o desenvolvimento do filho. REFERÊNCIAS AUTOR DESCONHECIDO. O que é a Psicanálise?. Disponível em: <http://www.tautonomia.com/2015/01/o-que-e-psicanalise.html>. Acessado em 25 de agosto de 2015. AUTOR DESCONHECIDO. Psicanálise para leigos - entendendo os principais conceitos da área. Disponível em: <http://www.portaleducacao.com.br/psicologia/artigos/51504/psicanalisepara-leigos-entendendo-os-principais-conceitos-da-area>. Acessado em 25 de agosto de 2015. BALLONE, Geraldo. 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