A sequência acima foi desenhada por Fido Nesti e faz parte de Os Lusíadas em quadrinhos, São Paulo: Peirópolis, 2006. A obra Os lusíadas (1572), de Luís de Camões (1524?/1580), apresenta as seguintes características, tanto na forma como no conteúdo: 1. É uma epopeia clássica baseada na Eneida (c.79 a.C), do poeta latino Virgílio; por sua vez, epopeia é uma estrutura poética épica (histórica) que se faz em dois planos, o heroico e o mítico. 2. Está dividida em 10 cantos (tradição oral) e em 5 partes, que são a Proposição, a Invocação, a Dedicatória, a Narrativa e o Epílogo. 3. Apresenta 1102 estrofes em oitavas-rimas, com esquema de rimas constante (ABABABCC) e versos decassílabos (medida nova). 4. Merecem destaque como episódios notáveis, entre outros, da Inês de Castro, do Velho do Restelo, do Gigante Adamastor e da Ilha dos Amores. Consciente dessas informações, responda: a) quais os dois planos temáticos da epopeia – o heroico e o mítico? b) por que a obra pode ser considerada mimética? Respostas possíveis: a) A estrutura épica da epopeia apresenta dois planos temáticos: o heroico e o mítico (como esclarecido no item 1) O primeiro narra a viagem do Vasco da Gama de Lisboa até Calicute, na Índia, realizada em 1498, expressando a glória do povo português. No plano mítico, como obra clássica renascentista, a viagem é regida pelos deuses mitológicos – Vênus, como protetora e Baco, como oponente. Antecipadamente, com a vitória assegurada, o duelo dos deuses traça o destino dos valentes navegadores, dignos do mérito de um banquete erótico na ilha da protetora, a Ilha dos Amores. No plano heroico há fatos reais; no plano mítico, imaginados: na dobra do cabo das Tormentas, a esquadra enfrenta o gigante Adamastor. b) Para compor a obra, Camões lançou mão de várias fontes de referência. É o próprio processo do Renascimento cultural, o resgate e a adaptação de obras da cultura greco-latina. Tal processo pode ser chamado de arte mimética, porque apresenta modelos a seguir. Em especial, o escritor português baseou-se na Eneida, do latino Virgílio (como afirma o item 1).