A Literatura

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Gil Vicente (1465-1536) é geralmente considerado o primeiro
grande dramaturgo português. Enquanto homem de teatro, parece
ter também desempenhado as tarefas de músico, actor e encenador.
É frequentemente considerado, de uma forma geral, o pai do teatro
português, ou mesmo do teatro ibérico já que também escreveu em
castelhano – partilhando ma paternidade da dramaturgia
espanhola com Juan del Encina.
A obra vicentina completa contém 44 peças (17 escritas
em português, 11 em castelhano e 16 bilíngües). Em ordem
cronológica, vejamos as principais:
- Monólogo do vaqueiro (ou auto Visitação) (1502)
- Milagre de São Martinho (1504)
- Écloga dos Reis Magos (1510)
-- Farsa O Velho da Horta (1512)
-- Moralidade da Sibila Cassandra (1514)
-- Farsa Quem tem farelos? (1515)
-- Auto de Mofina Mendes (1516)
Representação do Auto da Índia, em
Almada, perante a rainha D. Leonor, em
1519.
-- Primeiro Auto da Moralidade das Barcas (1517)
--Moralidade da Alma (1518)
-- Segundo Auto da Moralidade das Barcas (1518)
-- Terceiro Auto da Moralidade das Barcas (15119)
-- Auto da Fama (1520) - Comédia de Rubena (1521)
-- Farsa de Inês Pereira (1522)
-- Comédia de Amadis de Gaula (1523)
Milagre de São Martinho
O Monólogo do vaqueiro, como
teria sido representado pelo
próprio Gil Vicente, de acordo
com a visão do pintor Rogue
Gameiro.
Auto da Barca do Inferno
A obra vicentina é tida como reflexo da mudança dos tempos e da
passagem da Idade Média para o Renascimento, fazendo-se o
balanço de uma época onde as hierarquias e a ordem social eram
regidas por regras inflexíveis, para uma nova sociedade onde se
começa a subverter a ordem instituída, ao questioná-la. Foi, o
principal representante da literatura renascentista portuguesa,
anterior a Camões, incorporando elementos populares na sua escrita
que influenciou, por sua vez, a cultura popular portuguesa.
Fernão Mendes Pinto nasceu em Montemor-o-Velho cerca de
1510 – morto em Pragal, 8 de Julho de 1583), foi para
Lisboa. Durante algum tempo esteve ao serviço do Duque de
Coimbra, D. Jorge, filho bastardo do rei D. João II. Por
razões obscuras, a certa altura sentia-se ameaçado e fugiu
num navio com destino a Setúbal (1523). Durante a viajem,
foram abordados por piratas franceses, que os roubaram e
largaram numa praia alentejana. Em Setúbal colocou-se ao
serviço do fidalgo Francisco de Faria.
Peregrinação é uma obra literária de Fernão Mendes
Pinto pertencente à chamada literatura de viagem,
próxima do que se poderia chamar crónica de viagem ou
diário. É o livro de viagens da literatura portuguesa
mais traduzido e famoso. Foi publicado em 1614, pelos
prelos de Pedro Crasbeeck, trinta anos após a morte do
autor.
A obra trata da chegada e da estadia de Fernão Pinto no
Oriente. Assim pois apresenta-nos o relato das expedições dos
descobrimentos e conquistadores portugueses. A imagem dos
navegadores portugueses que perpassa nesta obra é sobretudo
picaresca, assumindo-se o herói como um anti-herói, capaz
das piores façanhas para lograr os seus objectivos,
geralmente pilhar e roubar as populações nativas para
enriquecer e regressar à prática.
Luís Vaz de Camões (cerca de 1524 – 10 de Junho
de 1580) é frequentemente considerado como o
maior poeta de língua portuguesa e dos maiores da
Humanidade. O seu génio é comparável ao de
Virgílio, Dante, Cervantes ou Shakespeare. Das
suas obras, a epopeia Os Lusíadas é mais
significativa.
• 1572 – Os Lusíadas
Os Lusíadas é considerada a principal epopeia da época
moderna devido à sua grandeza e universalidade. As
realizações de Portugal desde o Infante D.Henrique até à
união dinástica com Espanha em 1580 são um marco na
História, marcando a transição da Idade Média para a Época
Moderna. A epopeia narra a história de Vasco da Gama e dos
heróis portugueses que navegaram em torno do Cabo da Boa
Esperança e abriram uma nova rota para a Índia. É uma
epopeia humanista, mesmo nas suas contradições, na
associação da mitologia pagã à visão cristã, nos sentimentos
opostos sobre a guerra e o império, no gosto do repouso e no
desejo de aventura, na apreciação do prazer e nas exigências
de uma visão heróica.
João de Barros nasceu por volta de 1496, em Viseu e faleceu a
20 de Outubro de 1570, numa quinta sua, perto de Pombal.
Historiador do Oriente e autor de várias obras de carácter
doutrinário e pedagógico é considerado como uns dos grandes
historiadores do renascimento.
A sua actividade literária, esta teve início com a publicação de
um romance de cavalaria, que foi ofertado ao futuro rei de
Portugal. D.João III, tendo sido editada em 1522.
Compôs uma Cartinha para aprender a ler em 1539 e uma
Gramática da Língua Portuguesa em 1540 escrita para
indígenas indianos e africanos.
A Grammatica da Língua Portuguesa foi editada pela
primeira vez por Luís Rodrigues, juntamente com o
Dialogo em louvor de nossa linguágem, no ano de 1540.
A Importância da Obra
A Gramática de João de Barros se compõe de quatro
partes: Ortografia, Prosódia, Etimologia e Sintaxe ou
Construção. Nas duas primeiras, o autor enumera as
letras, descreve as sílabas, a quantidade e acentos. Na
terceira parte, estabelece uma classificação das palavras,
além de deter-se na análise da flexões nominal e verbal.
Na quarta, dedica-se ao estudo do sintaxe, definida
como a conveniência entre as partes do discurso. E, após
apresentar seus princípios de concordância e regência,
inclui ainda mais dois capítulos: um que trata das
figuras ou “espécies de barbarismos” e outro que retoma,
de forma pormenorizada, a questão da ortografia.
Damião de Góis nasceu a 2 de Fevereiro de 1502 em
Alenquer, e morreu a 30 de Janeiro de 1574.
Efectuou várias missões diplomáticas e comerciais na
Europa entre 1528 e 1531. Em 1533 abandonou o serviço
oficial do governo português o serviço oficial do governo
português e dedicou-se exclusivamente aos seus propósitos
de humanista.
As suas maiores obras em Latim e em Português são
históricas. Incluem a Crónica do Felicíssimo Rei Dom
Emanuel em 1566-1567, escrita em Lisboa (ele relata
com sentido e genuína indignação o Massacre de
Lisboa de 1506) e em 1567 a Crónica do Príncipe Dom
João.
Góis foi uma figura ímpar do renascimento
português, historiador e grande humanista, tinha
uma mente enciclopédica e foi um dos espíritos
mais críticos da sua epopeia. Foi um verdadeiro
traço de união entre Portugal e a Europa culta do
século XVI.
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