A Interpretação na Clínica Psicanalítica A noção de interpretação em psicanálise não é unívoca. Isso pode ser atribuído ao fato de que ela não é apenas uma técnica que permanece a mesma independente dos fins para o qual é utilizada. Ela não é um elemento que pode ser separado, sem consequencias, do projeto clínico no qual se inclui, da ética que o subjaz e das premissas teóricas das quais faz parte. Neste sentido propomo-nos a apresentar a noção de interpretação tendo em vista, primordialmente, as posições de Freud e Lacan sobre o tema. Isso não indica a inexistência de contribuições decisivas por parte de outros autores, ou outras tradições psicanalíticas, mas reflete nosso interesse em tratar o tema de forma introdutória e ao mesmo tempo trazer algumas discussões atuais sobre o assunto. A interpretação analítica pode ser descrita como uma comunicação feita pelo analista ao analisante, comunicação esta que esclarece, indica ou transforma o sentido de certos pontos enigmáticos contidos no discurso analisante, trazendo à consciência o recalcado, infantil e sexual que neles reside. Veremos mais adiante algumas limitações de tal definição, uma vez que esta isola como elemento central a comunicação. Um aspecto que dificulta nossa tarefa é o caráter fragmentário das observações de Freud acerca da interpretação, o que aliás combina com a forma como este abordava as ditas questões de técnica, isto é, como estritamente ligadas a constituição de um estilo, como se observa na seguinte passagem: "Estou obrigado a dizer expressamente que esta técnica resultou a única adequada para minha individualidade; não me atrevo a por em dúvida que uma personalidade médica de constituição diversa possa ser forçada a preferir outra atitude frente aos enfermos e as tarefas por solucionar. "( 1912b) Vê-se por esta afimação, e no geral pelo tom pouco normativo dos chamados artigos técnicos, tanto os do período 1911-1914, quanto pelas recomendações contidas nos artigos sobre a histeria, quanto em "Construções em Análise" (193 c), que Freud considerava os temas técnicos como uma espécie de solução de compromisso entre as exigências das descobertas clínicas, suas consequencias teóricas e as contingências do estilo de cada analista. Suas indicações sobre a técnica são, na maior parte das vezes negativas, referem-se mais ao que não se deve fazer do que ao que se deve. O nascimento da psicanálise marca a aparição de um novo modo interpretativo, não mais centrado no olhar, como na clínica clássica, mas na escuta. Trataria-se então de uma técnica de escuta ? Esta questão pode ser melhor examinada pela própria peculiaridade semântica do termo utilizado por Freud para se referir à interpretação. “Deutung”, partícula presente, por exemplo, "Traumdeutung" (Interpretação dos Sonhos), refere-se a descoberta do sentido (Bedeutung) não evidente em um texto ou fala e contrasta com o termo “interpretieren” cujo sentido poderia ser o de interpretação no sentido de tradução ou expressão: “ A Deutungkunst (arte da interpretação) tem o sentido de uma “habilidade” ou “arte” no manuseio e aplicação de uma técnica, no sentido puramente tecnológico do termo. De maneira geral, a forma como Freud emprega os termos Deutungkunst (arte de interpretação) e Deutungstechnik (técnica de interpretação) é diversa tanto de uma arte divinatória quanto de uma tecnologia desvinculada de quem a aplica.” (Hanns, 1996, p.291) Este estatuto ambíguo da atividade interpretativa decorre da especificidade da ética que a sustenta, e que define a forma de escuta onde esta se insere. Isto distingue a interpretação psicanalítica de diversas outras tradições interpretativas, como as que emergem da teologia (hermenêutica bíblica), do direito, da crítica literária e até mesmo da música ou do teatro. Neste sentido trata-se da interpretação não apenas como método para reduzir a ambiguidade, fixar o sentido ou restabelecer um texto, mas como ato dirigido a alguém que sofre, como ato que transforma o sujeito a quem se dirige. Neste último ponto cabe esclarecer que a interpretação, apesar de interpenetrar quase todos os pontos da teoria e da clínica psicanalítica, não constitui seu único procedimento e, eventualmente, nem o mais importante. Salientamos com isso que nem tudo o que o analista, faz, diz ou exprime possui estrutura de interpretação. 1. Condições para a Interpretação A palavra interpretação, deriva do termo latino interpretio. Supõe-se que sua origem remonta o contexto comercial onde a troca de mercadorias, entre povos que falavam línguas diferentes e utilizavem unidades de medida e valor diversos, pudesse ser mediada por um preço (pretium) comum. Também na palavra grega que designa tal ação (hermenéia), encontramos uma referência a Hermes, o deus das trocas, do comércio e da comunicação, não só entre os homens mas destes para com os deuses. Interpretar, neste sentido, implica trocar, decifrar, traduzir, estabelecer um sentido comum, mas também revelar, conduzir um eenigma e estabelecer um sentido novo e diferente. Mas na situação clínica da psicanálise tal, troca, de palavras ou de silêncios, não se realiza diretamente, como na tradução de uma língua a outra, da língua obsucura, profunda ou hieroglífica do inconsciente, para a língua, clara, linear e distinta da consciência. Isso seria apenas uma forma de intelectualização ou racionalização psicologizante, que se mostra por um lado ineficaz e por outro alienante. A questão é então qual elemento de qual universo de linguagem, em qual configuração ética, que tornaria a interpretação possível, necessária e desejável. A rigor qualquer ponto do discurso do analisante pode articular uma interpretação, mas é importante salientar que tal discurso deve possuir certas propriedades, que o tornam, por assim dizer interpretável, ou analisável. Tais propriedades dependem da estrutura clínica do analisante, logo de uma hipótese diagnóstica. A interpretação não incide da mesma maneira na neurose, na psicose ou na perversão, ela não toca da mesma forma a neurose obsessiva ou a histeria. No limite pode-se afirmar que ela é condicionada pela particularidade daquele que se apresenta à análise, e deve se ajustar a este na sua forma, temporalidade e tática. Tal hipótese diagnóstica, por sua vez, só pode ser tecida no interior da transferência. Ao contrário do diagnóstico psiquiátrico, que se realiza a partir de determinados signos universalizáveis, de valor fixo e independente do sujeito, o diagnóstico em psicanálise se faz em torno de uma relação singular, onde os sintomas adquirem valor face a particularidade da história e das vicissitudes de cada paciente. Se examinamos então o diagnóstico sob transferência veremos que este se realiza, fundamentalmente, sobre o modo como o sujeito aparece como efeito de sua própria fala, como ele lida com aquilo que nela lhe escapa e divide. eva-se em conta, por exemplo, como o sujeito se implica, separa ou se aliena diante do outro. A interpretação precisa da mediação de um tipo especial de discurso no analisante: a associação livre. Nem sempre tal discurso é espontâneo e natural, pelo contrário, ele é, via de regra, um efeito artificial causado pelo manejo da transferência, presente, por exemplo, na apresentação da regra fundamental e na escuta equiflutuante do analista. Não é simplesmente porque o paciente comparece às sessões e relata ou descreve acontecimentos de sua vida que podemos dizer que há associação livre. Esta pressupõe certas características formais do discurso, sobre as quais não nos estenderemos mas que aparecem, por exemplo, através da presença de diferentes cenas enunciativas em articulação, pela presença de rupturas, recuos e interrupções na fala, pela presença ainda de uma fala que não é inteiramente redutível à estrutura de uma conversa, de uma narração ou de uma "falação", vazia de implicações para o sujeito. Chegamos assim ao que poderia caracterizar o campo sobre o qual a interpretação se autoriza: a fala, a transferência, e o sujeito. São condições necessárias para que se possa falar em interpretação. Por isso uma interpretação que anteceda ou desconheça um destes elementos corre o sério risco de incorrer em imperícia clínica. Dadas tais condições permanece ainda a questão acerca dos pontos significativos do discurso que constituirão o ponto de partida para a interpretação. Esses pontos enigmáticos, que de algum modo reclamam sentido, podem ser enumerados entre as formações do inconsciente: o sonho, o chiste, o ato falho, a fantasia, e o sintoma. Além destes, comumente citados, poderíamos nos referir a outros como a inibição, a angústia, o deja recontè, o deja vu, a despersonalização, o sentimento de estranheza (unheimlich) e assim por diante. A interpretação, no entanto, não equivale a uma tradução direta ou explicação adequada acerca de tais formações do inconsciente. A escuta interpretativa recairá priomordialmente sobre os elementos dessas formações do inconsciente, pressupostas teoricamente como compósitas: compromisso entre desejo e defesa, identificação entre eu e objeto, combinação entre exigências do Id e do superego, sucesso e fracasso do recalcamento. As formações em questão veiculam a realização de desejo e para tanto envolvem processos específicos da memória, como a lembrança e esquecimento, além de modos de encobrimento, deformação (Enstellung) ou ciframento do desejo. No entanto, tais elementos não devem adquirir soberania sobre aquilo que captura a atenção flutuante no analista, ou sobre a questão que se articula no sujeito. Em outras palavras, a interpretação de um sonho ou de um sintoma não devem se impor como uma finalidade em si, que uma vez iniciada deve alcançar seu esgotamento. Pelo contrário ela se faz através de intervenções sucessivas, giros, retornos e progressões alternadas ao longo do tratamento. 2. Processos Interpretativos: Por processo interpretativo entendemos o conjunto de transformações enunciativas que envolvem a posição do sujeito, a estrutura do discurso ou o teor da significação, no interior de um segmento de análise. Trata-se de uma definição pragmática orientada para a perspectiva clínica e assumidamente não exaustiva. Outra característica de nossa definição é que ela evita localizar, necessariamente, a interpretação com um pronunciamento do analista. Se tivéssemos, neste sentido, que responder a pergunta acerca de quem é o agente da interpretação, na clínica psicanalítica, a resposta seria necessariamente tríplice. É o analista, pois é ele que corta, pontua, propõe resignificações ao analisante. É também o próprio analisante pois sua elaboração, escuta, ou apropriação do que foi dito é o que constituirá a interpretação enquanto tal. Em um terceiro sentido, podemos dizer que é o próprio discurso quem interpreta. Freud afirmava que a legitimidade de uma interpretação poderia se verificar pela sucessão da associação livre. Portanto, menos que assentimento ou a negativa do analisante, o que faz com que uma intervenção do analista tenha valor de interpretação é a partir do que, e como, o analisante dá continuidade ao discurso. Um ato falho, um sonho ou uma lembrança subsequente possuem este valor probatório pois, se aderirmos à tese de Lacan (1966), consideremos o discurso como uma estrutura onde cada elemento possuirá valor pela sua oposição com os demais e pela rede de articulações e interremissões, que conferem a todos os atos psíquicos o seu caráter sobredeterminado. Tal sobredeterminação incluirá a conjugação de séries diferentes, de diversas trilhas associativas, que se reúnem em uma formação inconsciente e que devem ser decifradas pela interpretação. Assim a interpretação fará o caminho inverso ao da produção inconsciente. Ela poderia se equiparada a uma desconstrução, o que combinaria com o contraste estabelecido por Freud entre interpretação e construção. A construção reuniria o trabalho precipitado por diferentes processos interpretativos, conferindo a estes uma articulação lógica. Admitindo-se que a interpretação de um sonho é formalmente equivalente a interpretação de qualquer outra formação inconsciente poderíamos indicar alguns movimentos envolvidos nos processos interpretativos em geral. Nem sempre estes são utilizados integralmentee em cada situação da clínica cotidiana, mas apenas com a finalidade de ilustrar tais passagem poderíamos sugerir a seguinte ordem de operações: 1. Relato do sonho: que pode incluir a lembrança de passagens esquecidas ou detalhes ignorados inicialmente. Freud atribui especial importância a tais fragmentos e a sua emergência pode ser atribuída ao desenrolar do processo interpretativo. Cabe salientar aqui que as vezes a alusão a um sonho, por exemplo, "ontem a noite sonhei com melancias", pede pelo detalhamento da narrativa que o envolve, das cenas que por mais desconexas ou absurdas compõe o sonho. Às vezes este de fato se reduz a um único elemento, o que não constitui impedimento para sua interpretação. Vemos assim como o que se interpreta é o relato do sonho e não, sua experiência alucinatória concreta. 2. Evocações iniciais: aqui em geral aparecem atribuições do analisando acerca da causalidade do sonho. Retomam-se reminiscências do dia anterior ao sonho. É comum referências, neste nível, ao sonho como uma espécie de reflexo comprensível da situação vivida pelo analisante, figurando de outra maneira o já sabido e sendo interpretado como possuindo uma significação em seu conjunto. O sonho, neste nível de apreensão traduz uma incorporação imaginária, que incide sobre o eu e não, necessariamente sobre o sujeito. É importante ter em conta que a própria ação da elaboração secundária, que confere ao sonho certa coerência, costuma-se prolongar na sua interpretação preliminar trazida pelo analisante. Tal "interpretação preliminar" é semelhante, no caso do sintoma, ao saber que o envolve. Suposições, ligações, datações simbólicas, atribuições de causalidades compõe exemplos da apresentação deste saber do qual partirá a interpretação. Cabe observar que é sempre no quadro de uma certa insuficiência deste saber, que a interpretação encontrará sua condição . 3. Pedidos de associação: neste caso pede-se ao paciente que traga lembranças, associações ou ligações entre e sobre os diferentes elementos do sonho tomados um a um. Aqui o discurso anterior pode indicar alguns pontos sobre os quais se irá começar. A intensidade, incongruência ou ênfase de um elemento pode sugerir um ponto de partida. Sua ligação com questões, trazidas anteriormente, pode ser outra porta de entrada. Mas nem só o que destaca ou insiste pode atrair a atenção, também o que é posto na sombra, ou explicitamente afirmado como irrelevante ou menor, cumpre tal papel. Os pedidos de associação implicam pois certas "decisões" da escuta e se pautam pela situação clínica particular, por exemplo, em alguns sonhos de angústia, às vezes torna-se estratégico começar pelos pontos de menor ênfase, em casos onde a posição da angústia não está clara o procedimento inverso pode ser uma boa saída. 4. Consideração dos processos primários: a partir da trama de associações poderá se identificar alguns processos de deformação concorrentes para a formação do sonho, por exemplo: condensações, deslocamentos, considerações de figurabilidade. Os elementos que representam o sonhante no sonho podem ser isolados, bem como suas principais conexões com certas questões do sujeito. Aqui o sonho começa a ser decifrado como um rébus, ou seja, como se a imagem acústica da palavra se impusesse ao seu significado convencional. Para tanto cabe conferir atenção à certas assonâncias e reverberações contidas na associação livre. A escuta poética admite aqui grande convergência com a escuta psicanalítica. 5. Localização dos aspectos pulsionais: ainda a partir das associações começa a se precipitar a posição ocupada pelo sujeito no sonho, por exemplo, ele olha ou é olhado, ele é perseguido ou se faz perseguir. Aqui se isola quais são as formas precisas em que o sonho figura uma satisfação da pulsão e qual é a gramática que a comanda. Tal procedimento permitirá ligar o produto das formações inconscientes à fantasia inconsciente que as comanda e que de toda forma nelas se inscrevem. 6. Localização do sonho em uma cena enunciativa: ou seja, considerar os destinatários do sonho, inserir sua posição na estrutura do diálogo, verificar sua reaparição, ou situá-lo no prolongamento da rememoração ou da história do analisante. Por exemplo, escutar o sonho na transferência, ou que lugar este pode tomar em seu interior. As formações do inconsciente, mesmo no caso do sintoma, são sempre maneiras de articular uma resposta para um destinatário. No limite este destinatário é o que Lacan chamou de Outro, ou seja, um lugar onde se depositariam as possibilidades de significação que escapam ao sujeito. 7. Consideração da temporalidade envolvida no discurso: aqui a escuta deve levar em conta o tempo próprio da articulação do sujeito no discurso. A forma como se ordenam as descontinuidades que o colocam face a sua questão. O instante em que a questão se apresenta, o seu tempo de compreensão e o seu momento de conclusão, que é, por sua vez, abertura para uma nova questão. O tempo da interpretação não é apenas uma questão de tato, mas é decisivo para sua constituição. Muitos autores utilizam expressões que procuram circunscrever esta temporalidade na interpretação. Ela deve ser surpresiva e repentinamente tornar a tradução possível (Lacan), ela deve vir quando o paciente está prestes a encontrá-la (Freud), e ainda, ela se coloca de forma inábil quando é precipitada (Glover) ou se adianta ao material. 8. Subjetivação do desejo: aqui inclui-se as diversas maneiras atravéz das quais o analista convida o analisante a escutar o produto de sua associação livre. Implicando-o em seus ditos, reunindo fragmentos de sua fala, indicando insistências em seu discurso, ou ainda, interpelando o seu dizer, apontando similaridades e diferenças em sua enunciação. Aqui trata-se de fazer avançar a questão do sujeito, ao por em cena a "fala plena", ou pela alusão ao objeto causa de seu desejo. Aqui trata-se de tirar conseqüências, e conseqüências radicais do que foi dito. Isso não significa convencimento ou persuasão do analisante sobre o conteúdo do que foi falado mas geralmente se mostra na realização de uma divisão subjetiva, pelo confronto com o que lhe é irreconhecível, estranho ou inconciliável. Estes diferentes indicadores que atravessam a escuta interpretativa combinamse no quadro da estratégia que organiza a direção da cura e a esta devem se submeter. Vemos, portanto que a interpretação não se resume a uma intervenção mas adquire sentido no quadro de um processo que a inclui. Distanciamo-nos assim parcialmente da definição de Laplanche onde a interpretação seria: “ uma comunicação feita ao indivíduo procurando fazê-lo aceder ao sentido latente, segundo as regras determinadas pela direção e evolução do tratamento” (Laplanche, 1986, p. 31). Um ato comunicativo tem por objetivo o mútuo entendimento entre os sujeitos, deve-se pautar por um código comum e fazer com que a mensagem chegue a seu destinatário de modo a espelhar as intenções do emissor de forma compreensível, clara e distinta. Ora, no caso da interpretação psicanalítica vários elementos contidos nesta definição de comunicação são questionados. Ela não visa, necessariamente o entendimento. Nela a mensagem não chega sob forma de espelho cristalino das intenções do emissor (que em geral permanecem enigmáticas), mas como retorno invertido da mensagem ao próprio sujeito. Ela deve conter certa parcela de ambigüidade e muitas vezes atem-se ao que foi dito "ao pé da letra", mesmo que sua significação não corresponda às intenções explícitas do emissor. Ela se dirige ao sujeito e não ao eu do analisante, considerado aqui como mero emissor. Se a comunicação se mede pela sua capacidade de transmitir informação uma interpretação se avalia por seus efeitos, logo, se uma interpretação não tem efeitos não pode ser legitimamente considerada como tal, independente da exatidão de seu conteúdo, da intencionalidade de quem a expressa ou da veracidade de seu conteúdo informacional. Freud parece reservar a expressão “interpretação” ao trabalho de resignificação pontual, como, via de regra, observa-se em relação a sonhos, pequenos esquecimentos, atos falhos e chistes. O emprego do termo em relação a sintomas, fantasias e manifestações transferenciais é mais raro e geralmente subentende a combinação de elementos originados do trabalho interpretativo do primeiro tipo. No entanto, em ambos os casos, os efeitos clínicos da interpretação podem ser agrupados em duas dimensões: 1. Modificações no teor do discurso: aparição de lembranças, evocação de outras formações inconscientes, interrupções da fala ou desvios temáticos, que de modo geral ponderam o eventual sentido comprobatório da intervenção. Incluem-se aqui o efeito de ressignificação produzido pela análise no âmbito da história do sujeito a partir da reapropriação de seus significantes fundamentais. 2. Modificações na posição do sujeito: como se pode inferir ocasionalmente da desaparição, deslocamento ou irrupção de sintomas, alterações no plano da angústia, emergência de acting out e de modo geral efeitos que resituam o sujeito diante do Outro, quer no plano da transferência, quer no plano da fantasia. Nos dois ângulos de consideração dos efeitos da interpretação a escuta analítica orienta-se respectivamente para a articulação do discurso e do sujeito. Birman (1981) aponta esta duplicidade ao falar da interpretação psicanalítica como um processo que implica na arqueologia do sentido e na genealogia do sujeito. No primeiro caso esta é compreendida como uma atividade de tradução ou retradução do sentido, permitindo a continuidade de seu deslizamento. Não é, entretanto, apenas o produto desta tradução o que importa ao processo, mas sobretudo a articulação significante necessária para sua efetuação. Isso aparece em Freud em sua definição da simbolização como efetuação de novas ligações (Bingungen) responsáveis pela redistribuição da libido no aparelho psíquico. Neste sentido a interpretação religaria a representação palavra à representação-coisa, desfaria a "falsa conexão" ou restauraria as lacunas, introduzidas pela censura, que tornam o discurso do paciente fragmentado. Portanto a interpretação psicanalítica joga com uma transformação do discurso na condição em que isto implica uma modificação da posição do sujeito. Examinemos em separado, cada um destes aspectos, lembrando que eles se encontram de forma indissociável na clínica. 3. As Transformações do Discurso Nesses termos a interpretação introduz algo que "repentinamente torna a tradução possível " (Lacan, 1956, p. 230). Em outras palavras, trata-se de alterar a significação trivial que um termo possui, escutando-o a partir de uma outra cena, de um outro contexto, muitas vezes trazido pelo próprio analisando. Isso pode ser feito de várias maneiras, por exemplo: 1) Apontando o uso da mesma palavra, com sentidos diferentes, em situações que, em tese, possuam alguma ligação inconsciente. A insistência de um termo no discurso pode fazê-lo variar de forma sintática, morfológica ou semântica, no entanto a consonância da palavra, revelada por vezes em sua homofonia ou aliteração com outra, tem precedência na escuta. Por exemplo, no caso de Elisabeth Von R. o sintoma da astasia-abasia, ou seja impossibilidade de levantar-se (aufsetzen) e andar, é interpretado a partir da conjugação de diferentes cenas onde a paciente: - levanta-se abruptamente de uma pedra onde se sentava (setzen) junto a um possível pretendente, - encontra-se sentada (setzen) ao lado do pai enfermo, - ou ainda estabelece para si determinadas idéias (sich setzen). Observe-se como a expressão "setzen" figura como um articulador de situações e desejos em conflito: casar-se ou cuidar do pai, luto pela morte da irmã ou desejo de se casar com seu marido. . 2) Escutando a ênfase que recai sobre a negação de algo, como uma forma de admití-lo e parcialmente afirmá-lo. Isso pode ocorrer ainda na representação antitética de certos elementos do discurso: preocupação excessiva com limpeza indicando a conotação inversa interditada (sujeira). Por exemplo um paciente de Freud sonha com um determinado personagem feminino e em seguida afirma assertivamente que "não se trata de sua mãe". Tal veemência em negá-lo (denegá-lo) indica tratar-se justamente da mãe. É importante salientar que isso é tão mais legítimo quanto mais espontâneo for sua aparição na fala do próprio paciente, aplicando-se com reservas quando se trata e de uma resposta a uma proposição do analista. 3) Pontuando como atributos, predicados ou referências feitas a um mesmo personagem, tema ou assunto da narrativa do analisando reaparecem em outros diferentes cenas de seu discurso, inclusive referindo-se o próprio analisando. Isso pode ser feito valorizando a simultaneidade de empregos a que uma palavra ou termo está submetida no discurso do analisando. É este esquema interpretativo que permitiu a Freud no caso conhecido como Homem dos Ratos (Freud, 1909) explorar a polisemia do significante "Ratten" que, no desenrolar do tratamento, foi remetido a: - ratos, no sintoma fóbico, - mas também a dívida, na relação com seu pai (Spielrate), - secundariamente a filhos, na relação com a dama amada - a excrementos, na "língua" da pulsão anal. 4) Indicando como a ausência de ênfase em um determinado ponto do discurso é congruente com o excessivo e inexplicável acento que recai sobre outra parte deste mesmo discurso, e vice versa. 5) Sinalizando as elipses, suposições e indeterminações do discurso a partir da ambigüidade de sentido que estas podem expressar. 6) Marcando alterações temáticas, silêncios e rupturas de forma a salientar a possível relação existente entre os elementos sucessivos no discurso, em que pese a dissociação em termos das idéias ou intenções expressas. 7) Nomeando contradições, paradoxos e sofismas contidos no discurso do analisando, não com a finalidade de "purificar o discurso destas imperfeições", mas de modo a revelar a forma como estes figuram conflitos, tensões ou oposições entre moções psíquicas. Isso pode ser feito pela colocação de um fragmento discursivo na forma de enigma ao analisando. 8) Transformando a relação entre enunciado e enunciação que atravessa a fala do paciente, explorando termos do enunciado que indicam a posição do sujeito. Isso inclui desde estratégias de distanciamento, como a ironia e o humor, até vacilações e incongruências no tom de voz e na prosódia em geral. A escuta da enunciação reside sobretudo na atenção a certas partículas que a lingüística denomina de embreantes (shifters), e de aspectos dêixicos da linguagem, que marcam o discurso na situação em que este se endereça a alguém, em um tempo e em um lugar, por ex "eu", "aqui", "agora", "também", "eles", etc.. 9) Citando fragmentos da fala do analisando de modo a introduzir ou retirar o enunciado de sua enunciação intencionada. Isso pode se dar pela elevação de certas expressões à condição de aforisma, título ou epígrafe que condicionam diferentes cenas enunciativas. A lista de procedimentos clínicos que podem envolvidos na interpretação não é exaustiva e ficará sempre aberta a criação e ao estilo de cada analista e de cada analisante. Introduzimos tais exemplos apenas pelo caráter didático deste estudo. Eles foram extraídos tendo em mente as regras para composição de chistes, examinadas e descritas por Freud em seu livro sobre o assunto (Freud, 1905a). Das regras de composição do chiste podemos derivar também outros atributos da interpretação: sua brevidade, seu aparente contra-senso, seu jogo com duplos sentidos e ambigüidades, bem como sua dependência em relação a estrutura de linguagem baseada em três lugares (quem conta a piada, quem a escuta e o personagem sobre o qual a piada se desenvolve). 4. Os Efeitos sobre o Sujeito Vimos acima como a interpretação implica uma espécie de técnica do manejo do discurso. Vejamos agora as suas implicações na esfera das transformações subjetivas. Neste caso a interpretação refere-se à modificação do lugar de onde emerge o sentido e acompanha-se de uma fratura da significação. Assim a interpretação deve deixar sempre um espaço para o "mal entendido", deve conter um "semi-dizer" e não colocar-se como algo completamente entendido e razoável à consciência intelectiva do analisante. Tal perda de significação se deve à incidência da interpretação sobre a causa do desejo, o que jamais pode ser completamente nomeado. Obtém-se, assim um "efeito de sujeito" . Por exemplo, no caso Dora (Freud, 1905), a paciente encontra-se alienada em uma trama amorosa onde única posição que lhe parece possível é de reinvindicação e denúncia. Freud alude sucessivamente: (a) a implicação de Dora na trama, (b) ao desejo pelo Sr. K, (c) e a fantasia de felação. O produto é a modificação da posição subjetiva da paciente, com sérias conseqüências para a transferência. Não se trata mais de uma posição de exterioridade face ao que lhe sucede mas de inclusão como agente desta mesma trama, sujeito deste desejo e elemento do gozo expresso pela fantasia. Lacan (1964) apresenta inicialmente duas posições nas quais o sujeito pode se instalar no discurso, em relação ao inconsciente: a alienação e a separação. Mais tarde ele acrescentará a transferência e a verdade à esta lista. O tema da alienação atravessa diversos momentos de seu ensino e remonta à incorporação de certas teses da dialética pensada por Hegel ao campo teórico e clínico da psicanálise. Alienar-se possui diversas acepções, genericamente significa, estar separado de, não reconhecer-se, negar ou excluir uma forma qualquer de alteridade. Assim a alienação pode ocorrer quando não nos reconhecemos como causados ou determinados pelo outro, ou quando negamos seu papel em nossa constituição, ou ainda quando não nos reconhecemos como agente, nos meios e fins de um processo. Lacan tematiza diversas figuras desta alteridade: a imagem do outro, a lei, a loucura, a história, o desejo, o inconsciente e a linguagem, são alguns exemplos. Tais figuras respondem pela oscilação da noção de Outro, essencial para pensar a interpretação, pois é deste lugar que esta pode interrogar o sujeito. A análise, neste sentido, poderia ser pensada como um processo de desalienação, como processo de reconhecimento e subjetivação do desejo. Mas, em uma acepção mais radical, tal desalienação encontra-se com elementos irredutíveis, por exemplo: o simples ato de falar e usar a linguagem, já nos coloca alienados à produção de sentido por meio de algo que nos submete. Além disso há algo não completamente eliminável na posição de objeto para o Outro, que de certa maneira nos aliena a uma forma específica e dolorosa de satisfação, que Lacan chamou de gozo. Separar-se do outro, neste sentido em que o neurótico aliena-se por intermédio do gozo, é uma das operações que a interpretação, e mais especificamente o ato analítico, deve produzir. Lacan chega a esta segunda possibilidade, diferente da mera desalienação, pelo exame crítico de um enunciado fundamental da filosofia de Descartes: "penso logo existo". Enunciado que inspirou uma parte significativa da concepção moderna de sujeito. A separação, neste sentido, apontaria não apenas que ali "onde não existo, penso (no inconsciente)", mas também que ali onde "não penso, existo (no gozo)". A interpretação como separação de gozo não explora apenas os equívocos da linguagem e as dobras do sentido, mas preocupa-se em demarcar os limites do sentido. Se a interpretação, face ao inconsciente pode ser entendida como um processo de deciframento, diante do gozo ela é melhor representada por um processo de ciframento. Cifrar, nesta acepção, corresponde a produzir, junto com o analisante, a forma particular de escrita que comanda seu gozo. 5. Um Exemplo de Processo Interpretativo Vamos agora mostrar como esta conjugação entre transformações subjetivas e discursivas é possível a partir da análise de um sonho relatado pelo Homem dos Lobos (Freud, 1918): "Sonhei que um homem arranca as asas de uma "Espe". "Espe" ?, não pude deixar de perguntar; o que você quer dizer ? "Um inseto de ventre listrado de amarelo, capaz de picar. Deve ser uma alusão à Grusha, a pêra pintada de amarelo". "Vespa (Wespe), você quer dizer" corrigi. "Se chama Wespe ? Realmente acreditei que se chamava Espe. (...) "Mas Espe, esse sou eu, S.P."(as iniciais de seu nome). A "Espe" é naturalmente, uma Wespe mutilada. O sonho o diz claramente: ele se vinga de Grusha por sua ameaça de castração." (p.86-87) O primeiro movimento da interpretação é claramente tradutivo, Serguei Pankieff substitui a vespa pela sua antiga babá - Grusha, cujo nome em russo quer dizer pêra. Figura-se assim a ameaça de castração sofrida na infância através da mutilação do inseto. Neste sentido a interpretação que o Homem dos Lobos dá a seu próprio sonho corresponde à uma redescrição do que ele já sabia. Sua interpretação entende o acontecimento significante contido no sonho como um elemento a mais na série associativa desenvolvida até então. Vale a pena notar que no início da análise o paciente recordara que durante o período de angústia vivido na infância, ele fora tomado pelo medo quando caçava uma borboleta listrada de amarelo. Meses mais tarde o paciente associou o abrir e fechar das asas de uma borboleta com uma mulher abrindo e fechando suas pernas em forma de “V”. O “V” , na escrita latina, liga-se ao horário em que culminam suas depressões diárias (cinco horas da tarde) e supostamente indicaria a hora em que se passara a cena primária. Destacamos aqui como Freud conjuga diferentes cenas que são postas em simultaneidade: a cena infantil, a cena do sintoma e a cena da sedução. Num período posterior o paciente recorda-se das pêras listradas de amarelo, que apreciava na juventude e que aparecem no discurso em contigüidade com Nanya, a babá que antecedeu Grusha. Temos então duas séries convergentes: Borboleta Æ listras amarelas Åvespa Nanya Æ pêra Å Gruscha "Pêra de listras amarelas" indica o elemento enigmático, carregado de nãosenso, a ser realizado no sonho, ponto que pede, portanto, associação livre e interpretação. Assim a mera tradução se completa mas deixa em aberto a causa do desejo. Afinal o que deseja o Homem dos Lobos nesta insistência ? Por que ele retorna a este ponto, em certo sentido, já esclarecido pela análise ? Voltemos ao sonho. O segundo movimento do processo interpretativo compreende uma pontuação de Freud que chama a atenção para a letra do que foi dito: "Espe". Freud acaba deixando de lado a unidade do sentido que se preservara pela continuidade do discurso e tomando por irrelevante o fato do paciente ter o russo por língua materna e apresentar naturais dificuldades ao expressar-se em alemão, ao afirmar que isto é utilizado pela resistência. No contexto da escuta analítica não há, rigorosamente falando, sinônimos e o fato de que o que o paciente "quis dizer" ser completamente compreensível no contexto acaba por se submeter ao que o paciente "efetivamente disse". Note-se que ao alterar o modo de escuta Freud recusa a continuidade da interpretação como tradução imediata proposta pelo analisante e reintroduz a posição enigmática representada pelo termo "Espe", que agora não está mais reduzido a um sinônimo de listras amarelas ou de Grusha. Em outras palavras esta intervenção convida a associação a prosseguir sob outro modo de insersão subjetivo. A seqüência revela, no paciente, a aparição de um terceiro modo de escuta: "Espe, este sou eu". Toma-se duas expressões foneticamente semelhantes e se as diferencia pelo modo de escrita: "Espe" e "S.P.", em alemão, pronunciam-se da mesma forma. O que permite diferenciá-los é justamente a presença de determinativos, ou seja, os pontos escritos que marcam a abreviatura. O efeito produzido pela emergência de “S.P.” faz com que o sujeito apreendase em sua causa: “ Mas S.P. sou eu.” Neste movimento, todo o conjunto de pulsões que coordenavam as associações são realocados. Não se trata apenas de olhar sadicamente a mutilação do Outro, nem de identificar-se à sua castração imaginária, mas de uma sobreposição das faltas que põe o sujeito em posição de separação. É importante notar que esta separação só pode ser apreendida no contexto do processo interpretativo que, propiciou no primeiro momento a desalienação. Por outro lado a separação se efetuou por uma passagem do modo tradutivo de escuta, relativo à diferentes formas de expressão para um modo transliterativo, relativo à diferentes formas de escrita, como aponta Alouch (1995). Poderíamos imaginar a contingência desta passagem numa outra continuidade posssível do discurso. Segundo Mahony (1992, p.88) e Obholzer (1993, p.107) o próprio Serguei Pankieff associara as iniciais “S.P.” também à figura de um famoso ator homosexual de Odessa, sua cidade natal, que certa vez se aproximara dele com intenções sedutoras. Igualmente a letra “W”, elidida pelo ato falho, é bastante sugestiva e deu margem a comentários bizarros entre alguns autores que se dedicaram ao caso clínico em questão, por exemplo: o “W” é composto pela duplicação do “V”, hora suposta da cena primária; o “V” invertido torna-se “>”, ou seja “menor que” mas também o perfil gráfico da boca do lobo devorador; “W” se pronuncia “Weh”, que em alemão significa “dor” e no dialeto austríaco “desgosto” (Mahony, 1992, p. 86). Se as associações seguissem estes caminhos provavelmente não teria se alterado a posição subjetiva e o processo interpretativo deveria ser considerado sob outro ângulo. Freud encerra seu comentário afirmando que o sentido do sonho é claro; a Espe é uma Wespe mutilada (sem o W). No entanto, a idéia de que isso permitiria retornar ao conjunto do sonho, sob a égide do desejo de vingança quanto à ameaça de castração sofrida pela babá, levanta problemas. Ela é compreensível pelo lugar que o sonho ocupa na narrativa do caso, funcionado como peça probatória da ameaça de castração. Mas essa meta-interpretação contradiz diretamente os fatos da associação. O que o paciente diz é “A vespa mutilada sou eu” e não apenas “A vespa mutilada representa Grusha” - o que afinal se obteve no primeiro movimento interpretativo e que foi percebido como insuficiente. Espe Espe Espe Espe Æ inseto de listras amarelas (alienação) Æ ? Æ Wespe (pontuação) Æ Wespe mutilada Å Gruscha, cena da castração (alienação) Å S.P. Æ Sou eu... (separação) Note-se que se não houvesse a passagem do modo de escuta tradutivo para a implicação do sujeito, a interpretação poderia seguir indefinidamente. De modo inverso se não contássemos com a localização da série significante obtida no primeiro movimento do processo interpretativo não se poderia fixar a cadeia associativa na qual o sujeito se encontrava alienado. Bibliografia: Allouch, J. - Letra a Letra - transcrever, traduzir, transliterar, Companhia de Freud, Rio de Janeiro, 1995. Birman, J. - Freud e a Interpretação Psicanalítica, Relume Dumará, Rio de Janeiro, 1981. Dunker, C.I.L. - Lacan e a Clínica da Interpretação, Hacker/Cespuc, São Paulo, 1996. - Processos Retóricos na Teoria Freudiana do Chiste, (separata), 1999. Freud, S. - Fragmento da Análise de um Caso de Histeria (1905) - A Propósito de um Caso de Neurose Obsesssiva (1909) (1912b) -O Interesse pela Psicanálise (1913) - Da História de uma Neurose Infantil (1918) - Construções em Análise Hanns, L.A. - Dicionário Comentado do Alemão de Freud, Imago, Rio de Janeiro, 1996. 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