Visualizar - RExLab

Propaganda
PRISCILA BRAGA LÚCIO
EXTRAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DE MANDACARÚ (CEREUS
JAMACARU A. DC.) DE RESTINGA DA REGIÃO DE TUBARÃO
Trabalho apresentado ao Programa
UNISUL de Iniciação Cientifica (PUIC),
sob orientação do Professor Doutor
Jair Juarez João.
UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
Tubarão, 2008
1 - INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas as plantas medicinais vêm despertando grande
interesse na parte tecnológica no mundo inteiro (CNS, 2003). No Brasil, a
comercialização de preparações exclusivamente à partir de plantas medicinais
foi prevista oficialmente desde a primeira edição da farmacopéia brasileira, em
1929. As universidades e os institutos brasileiros vêm contribuindo bastante
para descobertas de novas moléculas que poderão ser aproveitadas para
pesquisa fitofarmacêutica de plantas medicinais. A transferência de tecnologia
das universidades e dos centros e pesquisas para o mercado produtivo tem
sido muito usada como estratégia para o planejamento de novos fármacos.
As plantas medicinais constituem-se numa fonte alternativa de medicamentos e
seus usos com finalidades terapêuticas vêm crescendo gradativamente nos
últimos anos entre a população em geral. Um dos principais fatores que
contribui para este fato constitui-se nos avanços oriundos de estudos
científicos, que comprovam cada vez mais a eficácia de vários princípios de
plantas medicinais.
Em 2005, BASSANI E ORTEGA observaram as principais propriedades
físico-químicas
de
uma
micromolécula
capaz
de
alterar
seu
perfil
fármacoterapêutico. Estas propriedades são exploradas para avaliar o
mecanismo de ação das drogas e fármacos. Este processo fundamenta-se no
conhecimento fisiopatológico envolvido na escolha do alvo terapêutico com
estrutura conhecida ou não. Em função desse mecanismo, desenha-se o novo
padrão estrutural original, variando-se o índice de similaridade molecular para
farmacológica, originando assim, um candidato a novo fármaco.
No Brasil, destacam-se programas de incentivo ao estudo da flora com
vistas à agricultura e pecuária, especialmente com o objetivo de desenvolver a
região Nordeste, que frequentemente sofre com períodos de seca e fome.
Estas regiões têm como símbolo o Mandacaru, um cacto colunar cujas hastes
são utilizadas para alimentação do gado (ARAGÃO, 2000, p. 898) , e seu chá é
utilizado como antiinflamatório.
Na região Sul do Brasil também se encontra o Cereus Jamacaru A. DC. ,
na região de Tubarão, planta cuja essa pode alcançar até 10 metros de altura,
possui um troco multi-ramificado com artículos fortemente costados e espinhos
amarelos medindo até 20 centímetros, flores brancas, grandes, numerosas que
se abrem à noite. É necessário estudar mais o potencial bioativo desse cacto e
avaliar condições apropriadas para sua extração.
Os estudos com compostos ativos e a subseqüente determinação dos
respectivos mecanismos de ação e da relação estrutura/atividade devem ser
realizados, principalmente quando o efeito biológico demonstrado pelos
compostos representar um fato novo e interessante.
Desta forma, este projeto visa iniciar estudos de técnicas apropriadas para
extração e caracterização de bioativos de Mandacaru, juntamente com a
compreensão morfológica da planta, fornecerá subsídio para uma avaliação
mais efetiva dos seus bioativos.
2 - OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL
Analisar e avaliar condições para extração e caracterização química de
Cereus Jamacaru em restinga e relacionar as características regionais.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• levantamento bibliográfico sobre os bioativos, sobre os métodos que
serão utilizados para extração e sobre produção de fitoterápicos;
• definir condições experimentais para obtenção do extrato bruto dos
bioativos de Cereus Jamacaru;
• analisar propriedades físico-químicas dos fitoquímicos de Cereus
Jamacaru;
• apresentar o trabalho em eventos (congressos, simpósios, semana de
pesquisa, etc.).
3 - MATERIAIS E MÉTODOS
O presente trabalho foi realizado no Centro tecnológico da UNISUL
(CENTEC) na unidade de Tubarão, SC.
Para a extração dos bioativos de Mandacaru (Cereus Jamacarú A.DC.),
foram utilizadas as hastes da planta sem os espinhos, coletadas na região da
restinga de Jaguaruna, litoral sul de Santa Catarina, praia de Campo Bom, nos
meses de outubro do ano de 2007, fevereiro do ano de 2008 e maio de 2008.
Figura 1: Cereus Jamacarú A. DC.
Em laboratório, os ramos foram cortados de maneira uniforme e lavados
com água corrente, pesados e em seguida colocados em um liquidificador
simples, para que fosse moída toda a planta, depois de moído o material foi
pesado novamente. Este procedimento de preparação foi repetido da mesma
maneira para todas as amostras coletadas.
Para realização das análises das amostras, foi aplicado o método de
extração por Soxhlet, juntamente com outros métodos adicionais de análise.
Figura 2: Aparelho Extrator Soxhlet
O solvente utilizado nas extrações foi o álcool etílico (d= 0,788 g/mL).
Após vários testes experimentais, escolheu-se esse solvente, por obter maior
rendimento na extração e que na hora de sua evaporação não liberaria nenhum
gás tóxico para a atmosfera.
A quantidade de necessária de solvente para esta extração do mês de
outubro foi de 3,84 ml/g, sabendo que a massa inicial da amostra pesada foi de
39,31g. Para as amostras dos meses de fevereiro e maio, a quantidade de
solvente necessária respectivamente foi de 3,62 ml/g e 3,99ml/g.
As amostras moídas foram postas em refluxo durante 4 horas num
aparelho de Soxhlet (figura 2). Os materiais provenientes das extrações foram
postos em uma estufa por 24 horas a 45°C para que ocorresse a evaporação
do solvente.
4 - RESULTADOS
Como não foi possível realizar uma análise cromatográfica do composto
exato extraído, de acordo com levantamentos bibliográficos e testes físicoquímicos aplicados, obteve-se um alcalóide nesta extração, e acredita-se
também na presença de tiramina, uma amina cujo quando ligada a alguns
compostos é responsável pela cicatrização em caso de ferimentos ou à
resistência antifúngica.
Na extração da amostra do mês de outubro do ano de 2007, obteve-se
4,72g de extrato em aproximadamente 40g da amostra. Para a amostra do mês
de fevereiro do ano de 2008, obteve-se 5,18g de extrato em 41.39g da
amostra, e para amostra do mês de maio do ano de 2008, obteve-se 5,06g de
extrato em aproximadamente 38g da amostra.
O cálculo do rendimento para todas as amostras analisadas foi
procedido da seguinte forma:
Me/Mi x 100 = % rendimento
Onde: Me: massa do extrato em gramas
Mi: massa inicial da amostra em gramas
Desta maneira obteve-se um rendimento de 12% em massa, para a
amostra coletada no mês de outubro, uma vez que a massa do extrato utilizada
neste cálculo foi de 4,72 g, por 39,31 g de massa inicial da amostra. Para a
amostra do mês de fevereiro obteve-se um rendimento de 12,5%, pois a massa
de extrato utilizada para esta cálculo foi 5,18 g por 41,39 g de massa inicial da
amostra; e para a amostra coletada no mês de maio do ano de 2008, obteve-se
13,4% de rendimento, partindo dos valores de 5,06 g de extrato por 37,54 g da
amostra inicial.
Foram avaliadas nesta pesquisa as condições adequadas para extração
dos bioativos de Cereus Jamacaru e fatores que influenciariam nos resultados,
como temperatura ambiente, quantidade de solvente, o solvente extrator, o
método escolhido para as extrações e o tempo de duração dos processos de
extração.
5 - CONCLUSÕES
As pesquisas com plantas medicinais envolvem investigações da
medicina tradicional e popular (etnobotânica); isolamento, purificação e
caracterização de princípios ativos; investigação farmacológica de extratos e
dos constituintes químicos isolados; transformações químicas de princípios
ativos; estudo da relação estrutura/atividade e dos mecanismos de ação dos
princípios ativos e finalmente a operação de formulações para a produção e
fitoterápicos. A integração dessas áreas na pesquisa de plantas medicinais
conduz a um caminho promissor e eficaz para descoberta de novos
medicamentos.
Foi comprovado com as análises laboratoriais que a melhor época do
ano para coletar a amostra de Cereus Jamacaru é durante o mês de maio, uma
vez que o cálculo do rendimento para
amostra coletada neste período foi
maior.
Seria interessante que os químicos de produtos naturais brasileiros
encontrassem um mecanismo para interagir totalmente com a biologia,
descobrindo não somente o princípio ativo da planta, mas também efetuando
constantes pesquisas em biossíntese, melhoramento genético de plantas para
que a química tenha uma maior influência nas descobertas de fitoterápicos e
dê uma real contribuição para a história nas descobertas de novas plantas
medicinais.
Esta pesquisa procurou demonstrar resultados favoráveis para a
obtenção de fitoquímicos de Cereus Jamacaru A. DC. , definindo uma
metodologia que demonstrasse o rendimento da produção de fitofármacos,
uma maneira mais rápida para a extração, pois os tempos para isolamento e
identificação de estruturas possíveis presentes nas amostras é de fundamental
importância para um desenvolvimento mais profundo da pesquisa.
Foi comprovado com as análises laboratoriais que a melhor época do
ano para coletar a amostra é durante o mês de maio, uma vez que o cálculo do
rendimento para a amostra coletada neste período foi maior.
Seria interessante, não só verificar uma maneira correta para a extração
de
bioativos,
mas fazer
um
estudo
de
técnicas
cromatográficas
e
espectrométricas que possibilitariam uma identificação mais rápida de
compostos presentes nos extratos.
6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAGÃO,T. C. F. R.; SOUZA, P. A. S.; UCHÔA, A. F.; COSTA, I. R.; BLOCH
Jr, C.; CAMPOS, F. A. P. Characterization of a methionine-rich protein from the
seeds of Cereus Jamacaru Mill (Cactaceae). Brazilian journal of medical an
biological research, 2000.
BASSANI,V. L;ORTEGA.G.G.;PETROVICK, P. R. Desenvolvimento
tecnológico de produtos fitoterápicos. Revista Fitos, São Paulo, .1, p. 1417,30 jun 2005.
CNS (Conferência Nacional de Saúde). Relatório da XI Conferência Nacional
de
saúde.
Brasília,
(2003).
Disponível
em
<http://www.datasus.gov.br/cns/11conferência/relatorio/relatorio.htm>.
DAVET,A. Estudo fitoquímico e biológico do cacto – Cereus Jamacaru De
Candolle, Cactaceae. Dissertação de Mestrado, Ciências da Saúde: UFPR.
2005.
IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Humanos
Naturais Renováveis), 2004. Ministério do Meio Ambiente, Flora. Disponível
em: <http://www.ibama.gov.br/>.
BRAGA R. (1976). Plantas do Nordeste, Especialmente do Ceará. Coleção
Mossoroense, Vol. XLII. Escola Superior de Agricultura de Mossoró, RN, Brasil.
Download