RESPONSABILIDADE SOCIAL - RACIONALIDADE INSTRUMENTAL E SUBSTANTIVA NA EMPRESA TOOLING PELLOSO NETO, Antenor¹ MAZZEI, Bianca Burdini² Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR – Campus Paranavaí Ciências Sociais Aplicadas, Administração. RESUMO O presente estudo tem por objetivo caracterizar as ações de responsabilidade social conforme as racionalidades instrumental e substantiva na empresa Tooling Equipamentos Óticos. Para embasamento do referencial teórico foram descritos o tripé que sustenta o conceito ético, transparente e sustentável da conduta organizacional, e assim estabelecer os parâmetros que concerne a responsabilidade social. Esta pesquisa é do tipo descritiva, possui abordagem de natureza qualitativa e para a coleta de dados foi utilizado a entrevista semiestruturada, observação assistemática e análise de documentos da organização estudada. A análise dos dados foi obtida através da análise de conteúdo descritivo das racionalidades instrumental e substantiva. As análises de resultados apontam uma importância com a responsabilidade social por parte da organização, através de uma parceria com o IAP, porém, identificou-se a necessidade de uma reflexão mais concreta do comprometimento sustentável. Palavras-chave: Responsabilidade Social. Racionalidade Instrumental. Racionalidade Substantiva. ABSTRACT The present study has the objective the actions characterize the social responsibility as the instrumental and substantive rationality in the company Tooling Optical Equipment. For the theoric foundation were described tripod which sustains the ethical concept, transparent and sustainable organizational conduct, and so set the parameters that concerning social responsibility. This research is a descriptive, It has a qualitative approach and the data collection was used a semi-structured interview, systematic observation and document analysis of the organization studied. Data analysis was obtained by content analysis of the descriptive content the instrumental and substantive rationality. The results of analyzes show a significance with the social responsibility by the organization, through a partnership with the IAP, but, It identified the need for a more concrete reflection of the sustained commitment. Keyword: Social Responsibility. Instrumental Rationality. Substantive Rationality. ___________________________ ¹ Acadêmico do curso de Bacharelado em Administração da Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR – Campus de Paranavaí. ² Docente do curso de Administração da Unespar Campus de Paranavaí e Doutoranda em Administração Pública e Governo EASP/FGV 1 INTRODUÇÃO A responsabilidade social vem se destacando cada vez mais no ambiente organizacional e a partir desta ideia surgem novos conceitos a serem trabalhados. Algumas reflexões muito conflitantes passam a nortear as atividades organizacionais, de maneira a tornar possível um setor inserido no mercado socioeconômico capitalista, contribuir para uma transformação social em seus ambientes interno e externo. Ao discutir este conceito, o destaque é dado aos benefícios que este tema pode trazer para a organização. Será possível fazer uma análise por duas perspectivas diferentes, conhecidas como racionalidade instrumental e substantiva, a primeira sendo simplesmente como um argumento estratégico, em que o foco principal é o retorno econômico, e a outra se destaca para um lado oposto, por meio de um compromisso com a sociedade, com o meio ambiente e com a economia. Dessa forma, a base dessa discussão esta apoiado no tripé da responsabilidade social: na ética, na transparência e na sustentabilidade. Este estudo destaca o tratamento da racionalidade nas organizações com a proposta de um quadro analítico para o exame das ações administrativas, através do estudo de caso, fundamentado na abordagem substantiva das organizações proposta por Ramos (1981, apud SERVA, 1997). Buscou-se assim, fornecer uma complementariedade ao tema da racionalidade estruturando-se nos pilares da responsabilidade social bem como a sustentabilidade organizacional, possibilitando qualificar o posicionamento que prevalece nas ações empresarias e seus respectivos impactos ao meio ambiente. Para tanto o objetivo geral dessa pesquisa é caracterizar as ações de responsabilidade social conforme as racionalidades instrumental e substantiva na empresa Tooling Equipamentos Óticos. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 RESPONSABILIDADE SOCIAL A partir do estudo da responsabilidade social, o papel das organizações não se caracteriza somente pela busca dos objetivos econômicos, mas também sociais e ambientais. Tal modelo assume a função de se preocupar com ambiente interno e externo da organização, além, de transformar e minimizar os impactos causados diariamente pelo modo de agir da humanidade. Ao abordar o tema de responsabilidade social, deve se levar em consideração o tripé que sustenta o conceito ético, transparente e sustentável da conduta organizacional como inserção social promotora da cidadania. O caráter social de uma organização vem refletir a sua imagem social, bem como a responsabilidade que assume perante a sociedade em que está inserida. Para Tenório et al (2006), o conceito de responsabilidade social de uma corporação é o compromisso da empresa com a sociedade, que visa a melhoria e a qualidade de vida da comunidade. O autor ainda ressalta que, responsabilidade social é uma série de compromissos com toda a cadeia produtiva: clientes, funcionários, fornecedores, comunidades, meio ambiente e sociedade. Nesse contexto socioeconômico, surgem implicações de uma sociedade excludente, em que os problemas sociais são caracterizados como fatores dominantes pela falta de acesso a bens e serviços como, à segurança, à justiça e também à cidadania. Ao adentrar no contexto social, ambiental e econômico será possível compreender de forma objetiva este conceito que, além de ter caráter sustentável, esta se tornando um diferencial estratégico das organizações. Porém, cabe uma reflexão sobre as iniciativas que as organizações estão tomando para serem responsavelmente social, e até que ponto estão realmente sendo sustentável, além, da sociedade também estar exigindo cada dia mais uma atitude concreta para solucionar as mazelas sociais, vividas diariamente por milhões de seres humanos, excluídos pelo mercado capitalista e opressor. Caetano (2005) relata um conceito atual que vem sendo visto com frequência nas mídias, empresas de grande, médio ou pequeno porte, empresários, indivíduos ricos e de classes médias estão tentando unir forças para modificar o cenário de injustiças e desigualdade que vive-se nos dias de hoje. O autor deixa claro que, este comportamento ainda é mínimo, no entanto, é possível acreditar no exemplo da empresa-cidadã que assume a parcela de responsabilidade social que lhe é empenhada, e o individuo portador de valores éticos e morais, inatingíveis e imutáveis. A responsabilidade no âmbito social é abrangente em todas as esferas e contextos de classes sociais e econômicas, esta ligada diretamente ao indivíduo e a civilização como um todo. A influência do capitalismo é dominante em todas as formas de competição do mercado, uma vez, que aqueles que não se encaixam aos padrões exigidos, acabam ficando presos a um mercado precário e informal, submissos a uma exclusão socialmente imoral, as margens de uma subsistência digna (MAZZEI, 2014). Essa competição faz com que cada vez mais as empresas busquem uma espécie de “corrida para a base”, ou seja, querem se destacar diminuindo seus custos, e assim, aumentar a vantagem custo através da uma competitividade desumana. Muitas empresas que aderem a esta estratégia competitiva têm importantes consequências não intencionais. Primeiro, a instabilidade econômica no mundo varia com o tempo, sempre está em constante transformação, conforme a infraestrutura de cada país evolui. 2.2 ÉTICA, TRANSPARÊNCIA E SUSTENTABILIDADE As definições de responsabilidade social acabam passando pelas obrigações organizacionais com o tripé ética, transparência e sustentabilidade. Muito se tem estudado a respeito dos valores ético, moral e também cultural, por parte de diversas organizações e pode-se dizer que há uma prática dominante do estabelecimento de normas e padrões de ética, e responsabilidade social na sua forma de gestão. Ao menos nos documentos formais. Para Veloso (2005) as responsabilidades éticas caracterizam-se nas atividades práticas, políticas e comportamentais nos aspectos positivo ou negativo de acordo como é visto pela sociedade. De tal forma, são desenvolvidos normas e padrões que buscam atender expectativas de diversos públicos, no caso dos stakeholders, pessoas que tem um relacionamento com a organização e se comprometem a manter uma imagem positiva, e corresponder aos direitos morais e expectativas. Para Barbiere e Cajazeira (2012) a ética organizacional esta voltada para respostas dos problemas de natureza moral no âmbito empresarial. Alguns estudiosos da área destacam uma atenção maior para as normas morais que conceituam o relacionamento político com o comportamento das empresas. Podendo-se assim dizer que, as normas e morais estão voltadas às empresas e seus stakeholders. Ao pontuar condutas e diretrizes éticas destacadas no ambiente da organização através de normas e padrões, vale ressaltar estes valores e compromissos, direcionando-se para todos aqueles que estão ligados diretamente aos valores pedagógicos da companhia, empregados, fornecedores, consumidores e cliente. Toda a comunidade faz parte do processo valorativo. A responsabilidade ética empresarial deve conduzir sua prática para a sociedade no seu entorno, e envolver todos aqueles que de alguma forma acaba sendo e influenciado pelas decisões éticas da organização. É preciso traçar caminhos que oriente a conduta ética organizacional, e que não prejudiquem todos os que estão envolvidos direta ou indiretamente neste processo (MAZZEI, 2014). A responsabilidade ética tem como obrigação fazer o que é justo, evitando e minimizando os danos causados às pessoas vítimas do sistema capitalista. Outro ponto fundamental ao assumir a responsabilidade social, a organização precisa divulgar suas ações para a sociedade e aos seus trabalhadores, de forma que possam informar-lhes e e proporcionar transparência sobre o papel desenvolvido pela mesma. Para Barbiere e Cajazeira (2012) existem interesses por uma parte constituinte da sociedade, com interesses diferentes e que acabam sendo conflitantes com as expectativas da sociedade, alguns tem interesses em relação à organização e outros apostam seus interesses nos frutos que pode dar a sociedade. Podemos ressaltar que, uma das características que pode ser praticada pela organização para que melhore o reconhecimento da responsabilidade social é uma análise de suas atividades e decisões, levando em conta as expectativas, interesses e impactos que terão a sociedade e as partes constituintes da mesma. Os autores ainda demonstram que é possível desenvolver a prática social através das obrigações legais e do voluntariado, apesar de não ser suficiente. Caetano (2006) trás o modelo conhecido com Balanço Social, que surgiu nos Estados Unidos e espalhou-se para o mundo na década de 1970 como um instrumento de gestão que visa esclarecer informações de cunho econômico e social decorrentes de uma organização. Ainda para o autor, o Balaço Social deve ser transparente no reporte das informações financeiras, econômicas e sociais. A organização que tem seus interesses voltados para a sociedade em geral, presta contas de seus compromissos e atividades sociais por ela desempenhados, possibilitando um diálogo com os atores sociais. Outro importante pilar da responsabilidade social é a sustentabilidade. O uso do termo “desenvolvimento sustentável” começou a se tornar popularmente conhecido a partir da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), realizada no Rio de Janeiro em 1992, que tem em sua realidade uma longa trajetória. A primeira ideia que se tem é a de que o único prejudicado pelas ações cotidianas do homem, é o meio ambiente. Este tema vem sendo discutido há muito tempo no mundo todo, governantes expondo problemas sem soluções e chefes de estado mascarando o inevitável. O desenvolvimento sustentável abrange todas as esferas sociais, econômicas e ambientais do planeta. Críticas e os ataques desrespeitosos não faltam, chegando até aqueles que são favoráveis e apoiadores da ideia, mas que acabam duvidando da real efetividade do desenvolvimento sustentável. Segundo Barbiere e Cajazeira (2012) alguns entendem como uma trapaça do capitalismo, sendo motivo de muitas empresas terem aderido a este movimento, em um ritmo acelerado. Para os autores, o movimento do desenvolvimento sustentável esta ligado na capacidade de carga suportada pela terra, não podendo ultrapassar os limites sociais e ambientais. Ainda, os problemas globais só podem ser solucionados através da participação de todas as nações, governantes, e instâncias da sociedade civil. As organizações também devem cumprir seu papel nesse processo, pois, muitos dos problemas socioambientais contingentes tiveram consequências pelas suas práticas e atividades imoral. De qualquer forma, para Barbiere e Cajazeira (2012) o desenvolvimento sustentável está apoiado nas seguintes dimensões: • Sustentabilidade social - promove a igualdade na distribuição dos bens e da renda para melhorar os direitos e as condições de subsistência, aproximando o padrão de vida das pessoas; • Sustentabilidade econômica - gestão eficiente dos recursos produtivos, que possibilita um fluxo justo nos investimentos públicos e privados; • Sustentabilidade ecológica - aumentar a capacidade de carga do planeta, buscando evitar danos ao meio ambiente causados pelo desenvolvimento econômico, uma das formas de preservação é o consumo de recursos não renováveis por recursos renováveis; • Sustentabilidade espacial - refere-se ao equilíbrio e uma melhor solução nas áreas rural/urbana; • Sustentabilidade cultural - está ligada ao respeito pela pluralidade de soluções de cada ecossistema, de cada cultura e de cada local; Para Montibeller Filho (1993) o desenvolvimento sustentável é colocado como um novo direcionamento, que tem os seguintes princípios: • • • • • integrar a conservação do meio ambiente e desenvolvimento; satisfazer as principais necessidades humanas; perseguir equidade e justiça social; buscar a autodeterminação social e a diversidade cultural; e, manter a integridade ecológica. Ainda para o autor, o desenvolvimento não se baseia apenas em um crescimento quantitativo. Ao contrário, existem relações entre homem e meio ambiente, estes traços levam à necessidade de uma evolução de valores socioculturais. E a sustentabilidade deve se comprometer com as necessidades atuais, sem que prejudiquem as gerações futuras. Também para Barbieri (2011), o conceito de uma empresa sustentável é aquela que desenvolve e cria valor a longo prazo para seus acionistas ou proprietários, contribuindo também para solucionar os problemas ambientais e sociais. O autor faz uma relação especifica de empresas sustentáveis: satisfazem as necessidades atuais utilizando os recursos de forma sustentável; buscam o equilíbrio do meio ambiente, com base em tecnologias limpas, reúso e renovação de recursos; restauram qualquer dano por eles causados; colaboram para solucionar os problemas sociais; e geram fonte de renda suficiente para se auto sustentarem. A proposta do desenvolvimento sustentável é aquela em que cada um, integrante da sociedade, adote práticas que contribua para desenvolvimento sociocultural de todas as esferas sociais, políticas e ambientais, sendo assim, possível efetivar uma realidade socialmente responsável. Os autores ainda apontam para as dimensões das organizações em geral. A contribuição para o desenvolvimento sustentável se apoia nos três seguintes pilares: a econômica, a social e a ambiental. A concentração nestas três dimensões, não faz com que as outras anteriormente citadas percam a sua força. Figura 1 - Dimensões da sustentabilidade organizacional Sustentabilidade econômica Desenvolvimento sustentável Sutentabilidade social Sustentabilidade ambiental Fonte: Adaptado de Barbieri e Cajazeira (2012) A sustentabilidade social compete ao exercício do bem comum que promove o equilíbrio da sociedade, ou seja, uma distribuição justa e igualitária da renda para que possa melhorar e reduzir as condições sub-humanas causadas pela estrutura capitalista. (BARBIERE; CAJAZEIRA, 2012). Os autores ainda relatam que, a sustentabilidade social requer o conhecimento do capital social, não se restringindo apenas ao capital humano na forma de saúde, habilidades e educação do pessoal. É preciso incluir a saúde da sociedade e a criação de novas riquezas. Uma organização sustentável é a que garante o acesso de bens e serviços a todas instancias sociais, econômicas e ambientas, é garantir também que os limites naturais sejam respeitados. A organização sustentável visa o comprometimento com o ser humano, aumenta os benefícios de uma igualdade justa e diminui a exploração sub-humana e excludente da sociedade. Para atingir o conceito de sustentabilidade econômica, as empresas devem caminhar no ritmo do desenvolvimento, e a inovação faz parte desse desafio que o mercado exige diariamente, caso ao contrário, ficarão obsoletas. A visão que deve ser construída é a de capacidade com que as empresas precisam corresponder a demanda do mercado, para continuar competindo. Para tanto, é necessário que não deixem de considerar os conceitos adotados com o desenvolvimento sustentável (BARBIERI;E CAJAZEIRA, 2012). A dimensão econômica da sustentabilidade, não se baseia somente em buscar um crescimento rentável, mas também, esta ligada as práticas de gestão dos recursos desenvolvidos. Em outras palavras, é preciso avaliar os impactos e os danos causados ao ambiente externo, levando em consideração os custos sociais causados. A sustentabilidade econômica pode ser uma reparadora dos danos causados, reduzindo assim, os custos internalizados. Para Amato Neto (2011) na dimensão socioeconômica, em toda e qualquer atividade de produção deve ser economicamente viável e sustentável no decorrer do tempo, isto é, qualquer forma de empreendimento em que o homem esteja ligado à produção de bens e/ou serviços, é necessário que seja rentável. O autor ainda salienta alguns objetivos econômicos como (maximizar o retorno sobre o capital investido etc.). Ao descrever o modelo da sustentabilidade social, econômica e ambiental, é preciso entender a relação que há entre os termos. No ritmo em que cresce o desenvolvimento econômico, é visível os impactos decorrentes na dimensão ambiental. Ao adentramos no conceito de sustentabilidade ambiental, se faz necessário compreender que a gestão dos recursos naturais ligados ao meio ambiente não se limita apenas em uma abordagem passiva do termo, mas também a uma contribuição prática de responsabilidade sustentável. Conforme Pereira et al (2012) os problemas decorrentes da questão ambiental tiveram uma expressão significativa na década de 1970, por motivo de contradição do modelo dominante de produção econômico industrial e socioambiental. Para alguns autores da área, a sustentabilidade ambiental tem sido usada como um rótulo de interesses, ou seja, há uma finalidade estratégica para expansão do mercado, que tem como objetivo somente o lucro. Para Barbieri (2006), a solução dos problemas ambientais depende de novas atitudes dos empresários e administradores, que devem passar a considerar o meio ambiente em suas decisões, adotar medidas e recursos tecnológicos que contribuam planeta. O autor ainda reporta o conceito de gestão do meio ambiente ou simplesmente gestão ambiental, como diretrizes e atividades administrativas de planejamento, direção, controle, alocação de recursos entre outras com o objetivo de obter resultados positivos sobre o meio ambiente, diminuindo os danos causados pelas ações humanas. Barbieri (2006) destaca os seguintes benefícios através de uma boa gestão ambiental estratégica, sendo eles: a) b) c) d) e) f) g) h) melhoria da imagem institucional; renovação do portfólio de produtos; aumento da produtividade; maior desempenho dos funcionários e melhores relações de trabalho; abertura para novos desafios; relações mais estreitas com autoridades públicas, comunidade e grupos ambientalistas; acesso aos mercados externos; e maior facilidade para cumprir os padrões ambientais. Estes benefícios apresentados pelo autor são característicos de uma empresa que se compromete com o meio ambiente, é clara a compreensão de um resultado para o outro, pois, a sustentabilidade ambiental empresarial esta voltada para o uso adequado dos recursos disponíveis ao homem, as ferramentas tecnológicas entre outras, usadas corretamente podem ser peças fundamentais que ajudam e auxiliam no combate à poluição e a degradação do meio ambiente. Assim será possível homem e natureza caminharem sob mesmas perspectivas, sem que haja interferência em seus respectivos ambientes, sendo um para o outro de fonte de recursos. 2.3 RACIONALIDADES A discussão das racionalidades instrumental e substantiva, tem como pressuposto a abordagem proposta Guerreiro Ramos, referenciado por muitos autores, dentre eles Mauricio Serva (1997), entre outros, que também estarão presentes nas citações do decorrente trabalho. Mauricio Serva (1997) traz a proposta a partir dos estudos de Guerreiro Ramos, que fundamentou sua pesquisa sobre as racionalidades nas organizações, denominada “teoria substantiva da vida humana associada”. Para tanto, Ramos (1981, apud SERVA, 1997, p. 111) traz a racionalidade substantiva como um atributo natural do ser humano, residido na pisiquê. Através dele, é possível o individuo conduzir sua vida pessoal em busca da autorrealização, contrabalançando a busca de emancipação e auto realização em sua satisfação social. Para tal racionalidade, o ponto de equilíbrio esta embasado em um debate racional e o julgamento ético valorativo das ações. Os autores ainda continuam em outra perspectiva da racionalidade, aquela que é voltada para o sucesso individual sem nenhuma ligação com a ética, simplesmente pautado no cálculo, ou seja, o principal foco é o êxito econômico. Serva citando Guerreiro Ramos, ainda continua na definição da racionalidade, porém, com o predomínio da razão instrumental nas organizações produtivas, em que a sociedade está centrada no mercado. 3 METODOLOGIA Para iniciar o trabalho em campo, não se buscou o tipo ideal de organização, denominada isonomias (SERVA, 1997) contudo, a organização de estudo aproximou-se do tipo ideal proposto pelo autor quanto a sua demonstração racional na prática administrativa. A ideia principal é categorizar de maneira descritiva a razão mais evidente nas ações da empresa. Ainda segundo o autor, a seguinte escolha se estabelece pelo fato da pesquisa possibilitar diversos meios e técnicas que abrangem o estudo em campo ser analisado de acordo ao problema acima descrito, uma vez que, o interesse é fazer a análise nas práticas administrativas da empresa e a contribuição de suas ações no ambiente interno e externo. A coleta de dados se deu através de uma entrevista semiestruturada, que teve como referência o modelo “IRES – Instituto ADVB de Responsabilidade Socioambiental”, realizado junto a gestora principal da organização estudada. Além disso, também foi utilizada a observação assistemática, uma vez que um dos pesquisadores trabalha em outra empresa do grupo e realiza visitas frequentes a unidade analisada. E ainda, foram utilizados dados secundários disponíveis em documentos e relatórios disponíveis pela organização para sua gestão, como planejamento estratégico empresarial, entre outros. Assim todo o processo de coleta de dados foi realizado entre os meses de setembro e outubro de 2015, o responsável pela concessão da pesquisa na unidade de análise foi a gestora geral da empresa Tooling Equipamentos Óticos, pertencente ao gGrupo Tooling, estando presente no noroeste do Paraná, situada na cidade de Paranavaí. Este estudo possui natureza qualitativa uma vez que, “o principal papel é desempenhar o processo na obtenção dos dados e disseminação dos resultados, é ideal que o ambiente e as pessoas sejam analisados de maneira holística, não se reduzindo a variáveis e sim fazendo uma observação como um todo” (GODOY, 1995, p. 62-63). Ainda ressalta a autora, que o interesse esta no posicionamento manifestado nas atividades, processos e interações diárias e que não é possível entender o comportamento humano sem a compreensão de um quadro referencial, que interprete os pensamentos, sentimentos e ações. Desta forma, o quadro analítico das informações foi organizado a partir da seguinte estrutura: Planejamento Estratégico, Visão Estratégica, Posicionamento Estratégico, Atuação da Responsabilidade Social, Programas sociais e foi Ações voluntárias. 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS A organização analisada, Tooling Equipamentos Óticos desenvolve equipamentos de precisão para laboratórios de óticas. A ideia surgiu no final da década de 80, devido a insatisfação existente no mercado óptico brasileiro. Suas atividades tiveram início no começo da década de 90 em uma área de 15m2. Hoje, a Tooling conta com uma equipe de mais de 40 profissionais especializados, trabalhando na área de desenvolvimento tecnológico, na produção de moldes, organizadores, sistemas de medição, máquinas cilíndricas e geradores de curvas CNC e PLC, estruturada em sede própria com 1.250m2 de área construída em um total de 11.000m2 de área, tendo também outra unidade fabril de 450m2 em uma área de 12.000m2. Ao passar dos anos, a empresa acabou se tornando um grupo, sendo conhecida então como Grupo Tooling, seu crescimento fez com que a demanda aumentasse por novos produtos, já que o mercado de ramo ótico tem uma carência no Brasil, principalmente na região nordeste do país, onde se concentra mais de 70% de seus clientes. Com isso, surgiu a Innovation, especializada somente no mercado de lentes, tempos depois veio a Global Vision Optical, tendo em seu portfólio os equipamentos clínicos e máquinas para laboratório de montagem, bem como os insumos para laboratório de surfassagem, assim, constituindo-se o Grupo Tooling, formado por essas três empresas. A mais de 20 anos no mercado brasileiro, hoje vem alcançando seu espaço no mercado internacional, como a aquisição de matérias prima, parcerias e comercialização no exterior. Seu crescimento com o mercado externo vem crescendo gradualmente a cada ano, o grupo ainda possui contato com um sócio norte americano. Através das coletas de dados, foi possível obter as categorias de análise que permitem gerenciar as informações recolhidas de forma analítica. De modo geral, serão abordadas perspectivas de complementariedade, que proporciona condições de analise dos dados do respectivo estudo. a identificação das duas racionalidades e a detecção da predominância de uma delas pressupõem a comparação entre seus indicadores. O primeiro passo para comparar configurações distintas é defini-las de forma clara, bem como os seus elementos constitutivos. (SERVA, 1997, p. 22). Prosseguindo na proposta definida por Ramos e Habermas (1981, apud SERVA, 1997, p. 22) sobre a ação racional substantiva que tem as dimensões: dimensão individual; autorrealização; potencialidade e satisfação; dimensão grupal e nas dimensões das responsabilidades e satisfação sociais. Os elementos constitutivos da ação racional substantiva são: a) autorrealização: processos de concretização do potencial inato do individuo, complementados pela satisfação; b) entendimento: ações que estabelecem acordos e consensos racionais com medidas de comunicação livre, que é coordenada por atividades comuns sob responsabilidade e satisfação sociais; c) julgamento ético: deliberação baseada em juízos de valor (bom, mau, verdadeiro, falso, certo, errado etc.) que se processa através de um debate racional emitido pelo individuo; d) autenticidade: integridade, honestidade e fraqueza dos indivíduos na interações; e) valores emancipatórios: mudança e aperfeiçoamento de social nas direções do bem estar coletivo, da solidariedade, dos respeito à individualidade, da liberdade e do comprometimento, presente nos indivíduos normativos do grupo; f) autonomia: condições de expressão do indivíduo para pode agir livremente; De tal forma, os autores continuam a partir dos trabalhos a perspectiva de complementariedade, definindo ação racional instrumental com os seguintes elementos: ação baseado no cálculo, que orienta o alcance de metas e técnicas com finalidades em interesses econômicos e poder social, através de uma maximização dos recursos disponíveis, os elementos são os seguintes: a) cáculo: projeção utilitária das consequências dos atos humanos; b) fins: metas de natureza técnica, econômica ou política; c) maximização dos recursos: busca de eficiência e eficácia máximas, sem questionamento ético com os recursos disponíveis, quer sejam humanos, materiais, financeiros, técnicos, energéticos ou ainda, de tempo; d) êxito, resultados: alcance de padrões, situações, estágios de poder em uma competição capitalista; e) desempenho: desempenho individual elevado através das atividades realizadas; f) utilidade: dimensão econômica considerada na base das interações como valor generalizado; g) rentabilidade: retorno econômicos dos resultados esperados; h) estratégia interpessoal: influência planejada sobre o outro, antecipando-se aos fatos, visando atingir seus pontos francos. Categorizados os tipos de ação racional seus respectivos elementos, seguem-se para as categorias de análise de acordo com o processo organizacional e as ações de responsabilidade social da empresa estudada. Quadro 1 – Ações de Responsabilidade Social da Tooling EMPRESA RACIONALIDADE INSTRUMENTAL Planejamento Estratégico X Visão Estratégica X Posicionamento Estratégico/Programas sociais X Atuação da Responsabilidade Social Desenvolvimento de programas sociais Participação da administração nos programas sociais Participação da administração nas ações voluntárias RACIONALIDADE SUBSTANTIVA MOTIVO Incentivo na exportação em questão ao fomento dos recursos financeiros Maior destaque no mercado internacional, certificações, selos de qualidade entre outros. Fazer mais parceiras que gere mais benefícios X X X X Parceria com o Instituto Ambiental do Paraná IAP A empresa não tem nenhum programa de desenvolvimento social ativo A organização não dispõe e não participa de nenhum programa social A empresa não desenvolve nenhuma ação de voluntariado por parte do corpo administrativo. Percebe se que a organização busca o comprometimento com a sociedade através de novas parcerias ou até mesmo estreitando os relacionamentos já existentes, como no caso com o Instituto Ambiental do Paraná – IAP, esta parceria acaba destacando a organização em nível internacional, quando a questão se trata do fomento de recursos financeiros, destaque no mercado exterior, melhor qualidade da visão holística do respectivo segmento, entre outros. É possível notar que a empresa também destacou a importância de estar ativamente envolvida com os benefícios que a permeiam, uma vez que, a organização está inserida no mercado internacional, o avanço pode ser promissor através de novas parcerias nos programas de desenvolvimento sustentável. A empresa pontua algumas preocupações com o meio ambiente presente em todos os seus departamentos, sendo as seguintes: Utiliza-se 100% de papéis ecologicamente corretos para impressão de documentos; Espaço reservado para separação e destinação de todo o lixo gerado; Participação em projeto sócio-educacional para reciclagem de lixo; Frota composta por carros a álcool (menor agressão ao meio-ambiente / energia renovável); Substituição dos computadores (PC) da empresa por equipamentos que consome 45 vezes menos energia do que os computadores comuns; Substituição dos monitores CRT por monitores LCD para reduzir o consumo de energia; Distribuição de garrafas aos trabalhadores para evitar o consumo de copos plásticos descartáveis (2.500/mês a menos no lixo); Na fabricação dos moldes de alumínio, utilizamos 80% de material reciclado (alumínio sucata). Dessa forma, as ações de responsabilidade social realizadas pela empresa estudada podem ser classificadas exclusivamente como de racionalidade instrumental, já que a empresa faz apenas ações socioambientais que agrega valores econômicos à sua organização. CONSIDERAÇÕES FINAIS Segundo Serva foi possível identificar e analisar o conceito proposto por Guerreiro Ramos no estudo de caso proposto, através do modelo das racionalidades instrumental e substantiva se tornou possível visualizar de forma analítica algumas situações, que foi de modo determinante para averiguação do escopo final. No estudo das racionalidades, verificou-se uma fácil compreensão das distintas racionalidades propostas pelo quadro analítico, contudo, a abordagem buscou trazer um entendimento mais próximo da realidade organizacional, que por sua vez, tem um caráter voltado para a razão instrumental. Entretanto, o estudo visa conceituar as ações administrativas que estruturam os procedimentos adotados pela empresa por meio de suas ações socioambientais, que se classificaram exclusivamente como de racionalidade instrumental e com ganhos econômicos ou de mercado.. A empresa estudada no decorrer do trabalho mostrou indícios de comprometimentos através de novos posicionamentos e parcerias para melhorar cada vez mais seu compromisso sociedade, tendo em vista o foco no mercado internacional. A responsabilidade com o ambiente interno e externo da organização se destaca na produção da matéria prima, uma vez que é feita uma conscientização da comunidade à respeito do descarte correto do lixo reciclável. É através de alguns métodos adotados pela empresa, que ela acabou se destacando no mercado interno e externo, alcançando uma posição respeitada no mercado, com possibilidades cada vez mais promissoras de crescimento. O presente artigo teve a intenção de contribuir com os estudos das racionalidades, buscando esclarecer o posicionamento sustentável que muitas organizações não têm em suas práticas e ações administrativas, o mesmo pode ser utilizado no avanço de novos estudos. REFERÊNCIAS AMATO NETO, João. Sustentabilidade & produção: teoria e prática para uma gestão sustentável. São Paulo: Atlas, 2011. BARBIERI, José Carlos. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. 3. Ed. São Paulo: Saraiva, 2011. BARBIERI, José Carlos; CAJAZEIRA, Jorge E. Reis. Responsabilidade social empresarial e empresa sustentável: da teoria à prática. - 2.Ed. - São Paulo: Saraiva, 2012. CAETANO, Gilberto. Terceiro Setor – as tendências em ambiente globalizado: responsabilidade social e parcerias sociais. In.: CAVALCANTI, Marly (Org.) Gestão social, estratégias e parcerias: redescobrindo a essência da administração brasileira de comunidades para o terceiro setor. 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