ALAN CARLOS BATISTÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIODIVERSIDADE E AGROECOSSISTEMAS AMAZÔNICOS ALAN CARLOS BATISTÃO PERSISTÊNCIA DE DOSES CRESCENTES DE HERBICIDAS AUXÍNICOS EM SOLOS DA REGIÃO AMAZÔNICA Dissertação de Mestrado ALTA FLORESTA-MT 2014 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIODIVERSIDADE E AGROECOSSISTEMAS AMAZÔNICOS ALAN CARLOS BATISTÃO PERSISTÊNCIA DE DOSES CRESCENTES DE HERBICIDAS AUXÍNICOS EM SOLOS DA REGIÃO AMAZÔNICA Dissertação apresentada à Universidade do Estado de Mato Grosso, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Agroecossistemas Amazônicos, para a obtenção do título de Mestre em Biodiversidade e Agroecossistemas Amazônicos. Orientador: Prof. Dr. Oscar Mitsuo Yamashita Co-orienatdora: Profa. Dra. Ivone Vieira da Silva ALTA FLORESTA-MT 2014 AUTORIZO A DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO, CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Roberta Maria Miranda Caetano - CRB 1 / 2914 B333p BATISTÃO, Alan Carlos Persistência de doses crescentes de herbicidas auxínicos em solos da região amazônica / Alan Carlos Batistão. Alta Floresta-MT, 2014. 105 f. : il. Dissertação (Mestrado em Biodiversidade e Agroecossistemas Amazônicos. Área de Concentração) Faculdade de Ciências Biológicas e Agrárias da Universidade do Estado de Mato Grosso. Orientação: Dr. Oscar Mitsuo Yamashita. Co-orientação: Dra. Ivone Vieria da Silva 1.Anatomia. 2.Fitoxidade. 3. 5.Picloram. 6. Tomateiro I. Título. Latossolo. 4.Neossolo. CDD 631.8 PERSISTÊNCIA DE DOSES CRESCENTES DE HERBICIDAS AUXÍNICOS EM SOLOS DA REGIÃO AMAZÔNICA ALAN CARLOS BATISTÃO Dissertação apresentada à Universidade do Estado de Mato Grosso, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Agroecossistemas Amazônicos, para a obtenção do título de Mestre em Biodiversidade e Agroecossistemas Amazônicos. Aprovado em: ___/___/___ ________________________________________ Prof. Dr. Oscar Mitsuo Yamashita Orientador – UNEMAT/ PPGBioAgro ________________________________________ Profa. Dra. Ivone Vieira da Silva Co-orientadora – UNEMAT/ PPGBioAgro ________________________________________ Prof. Dr. Marco Antônio Camillo de Carvalho – UNEMAT/ PPGBioAgro ________________________________________ Prof. Dr. Anderson Lange UFMT/ PPGA DEDICATÓRIA A Deus, pelas bênçãos concedidas em minha vida, eu dedico. A minha mãe Noeli, por seu amor incondicional, sua dedicação e otimismo, eu dedico. Ao meu pai Luiz, por ter me conduzido com respeito, sabedoria, humildade e confiança, me mostrando a maneira correta de ser e agir, eu dedico. As minhas irmãs Sandra e Ana Paula, por todos os momentos felizes que passamos e passaremos juntos, eu dedico. ii AGRADECIMENTOS Á Deus, pois sem ele não teria forças e persistência para continuar em busca dos meus objetivos. Aos meus pais Luiz Carlos Batistão e Noeli da Silva, que não mediram esforços para a realização e conquista desta etapa em minha vida. Ás minhas irmãs Ana Paula Batistão e Sandra Karina Batistão, por sempre estarem ao meu lado me dando grande incentivo. Ao meu Orientador Prof. Dr. Oscar Mitsuo Yamashita, pela paciência, dedicação, compreensão e transmição de seus conhecimentos, contribuindo imensamente para meu crescimento pessoal, profissional e intelectual. À minha Co-orientadora Profa. Dra. Ivone Vieria da Silva, pela sua disposição, empolgação e humildade ao transmitir seus conhecimentos. Tambem por me apresentar de maneira singela à anatomia vegetal, área que eu pouco conhecida, mostrando-se sempre solicita em me ajudar nos momentos de dificuldade. À Profa. Dra. Vanessa Theodoro por sua forma sem igual de transmitir seus conhecimentos, com alegria e vivacidade em sala de aula, trazendo-nos boas energias, lembrando sempre “Três respirações profundas” (In memorian). À todos os professores do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Agroecossistemas Amazônicos pela troca de informações e conhecimentos durante a realização deste mestrado. À todos os colegas de mestrado que contribuíram com meu engrandecimento intelectual através das discuções em sala de aula e fora delas também. Em especial agradeço ao André Lavezo, Cleverson Rodrigues e Darline Trindade Carvalho, pela ajuda na realização deste trabalho, pois sem eles encontraria muita dificuldade coletar os resultados. Também pelas viagens, pesquisas realizadas em conjunto e pela convivência, ensinando a cada dia, ser uma pessoa melhor. Podem ter certeza, que nesses dois anos, vocês se tornaram meus amigos!! iii Agradeço muitíssimo a Cleonete Ferreira de Araujo, por sua ajuda incondicional no laboratório, mostrando-se sempre dedicada e comprometida ao me ajudar com o famoso micrótomo. À Universidade do Estado de Mato Grosso, pelo incentivo e compreensão, ajudando-me a conciliar as aulas ministradas na graduação com as disciplinas cursadas neste mestrado. Ao Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Agroecossistemas Amazônicos pela oportunidade em cursar este mestrado. Agradeço também à CAPES pela ajuda financeira nestes últimos meses do curso. E por fim, agradeço a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho. iv EPÍGRAFE "Se vi mais longe foi por estar de pé sobre ombros de gigantes". Isaac Newton v SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS .......................................................................................... ix LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ........................................................... xiii RESUMO.......................................................................................................... xiv ABSTRACT ...................................................................................................... xvi 1 INTRODUÇÃO GERAL ................................................................................... 1 2 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 4 3 CAPÍTULOS .................................................................................................... 6 3.1 PERSISTÊNCIA DE DOSES CRESCENTES DE HERBICIDAS AUXÍNICOS EM SOLOS DA REGIÃO AMAZÔNICA. ............................................................ 6 Resumo .............................................................................................................. 7 Abstract ............................................................................................................. 8 Introdução .......................................................................................................... 9 Material e Métodos ........................................................................................... 12 Resultados e Discussão ................................................................................... 16 Conclusões....................................................................................................... 50 Referências Bibliográficas ................................................................................ 51 3.2 ALTERAÇÕES ANATÔMICAS DE CAULE E FOLHA DE Solanum lycopersicon CULTIVADO EM SOLOS CONTAMINADOS COM CONCENTRAÇÕES CRESCENTES DE HERBICIDA AUXÍNICO .................. 57 Resumo. ........................................................................................................... 58 Abstract ............................................................................................................ 59 Introdução ........................................................................................................ 60 Material e Métodos ........................................................................................... 62 Resultados e Discussão ................................................................................... 66 Conclusões....................................................................................................... 76 vi 3.3 INFLUÊNCIA DE CONCENTRAÇÕES PICLORAM COMO CONTAMINANTE DE SOLOS NA ANATOMIA DE CAULE E FOLHA DE Solanum lycopersicon ...................................................................................... 81 Resumo ............................................................................................................ 82 Abstract ............................................................................................................ 83 Introdução ........................................................................................................ 84 Material e Métodos ........................................................................................... 86 Resultados e Discussão ................................................................................... 90 Conclusões..................................................................................................... 100 Referências Bibliográficas .............................................................................. 101 4 CONCLUSÕES GERAIS ............................................................................. 105 vii LISTA DE TABELAS FIGURAS Página CAPÍTULO 1 TABELA 1. Análise química e textural de Latossolo e Neossolo, Alta Floresta – MT, 2014. ......................................................................................................... 13 TABELA 2. . Escala de notas utilizadas para avaliação visual de fitointoxicação dos herbicidas picloram + 2,4-D e picloram + fluroxypyr em tomateiro. Alta Floresta, MT, 2014. .......................................................................................... 15 CAPÍTULO 2 TABELA 1. Análise química e textural de Latossolo e Neossolo, Alta Floresta – MT, 2014. ......................................................................................................... 62 CAPÍTULO 3 TABELA 1. Análise química e textural de Latossolo e Neossolo, Alta FlorestaMT, 2014. ......................................................................................................... 86 viii LISTA DE FIGURAS FIGURAS Página CAPÍTULO 1 Figura 1. Caracterização climática de Alta Floresta – MT no período de Janeiro a Setembro de 2014. Fonte: Estação Meteorológica da UNEMAT, Campus Universtário de Alta Floresta. ........................................................................... 14 Figura 2. Notas de fitointoxicação de tomateiro em função da concentração de picloram + fluroxypyr, em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), em quatro épocas de avaliação. Alta Floresta – MT, 2014. ................................................................ 20 Figura 3. Notas de fitointoxicação de tomateiro em função da época de avaliação, em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), contaminado com quatro concentrações de picloram + fluroxypyr. Alta Floresta – MT, 2014. ................. 21 Figura 4. Notas de fitointoxicação de tomateiro em função da concentração de picloram + 2,4-D, em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), em quatro épocas de avaliação. Alta Floresta – MT, 2014. ................................................................ 22 Figura 5. Notas de fitointoxicação de tomateiro em função da época de avaliação, em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), contaminado com quatro concentrações de picloram +2,4-D. Alta Floresta – MT, 2014.......................... 23 Figura 6. Comprimento da parte aérea (CPA) de tomateiro em função da concentração de picloram + fluroxypyr, em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), em quatro épocas de avaliação. Alta Floresta – MT, 2014. ................................... 28 Figura 7. Comprimento de parte aérea (CPA) de tomateiro em função da época de avaliação, em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), contaminado com quatro concentrações de picloram + fluroxypyr. Alta Floresta – MT, 2014. ................. 29 Figura 8. Comprimento de parte aérea (CPA) de tomateiro em função da época de avaliação, em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), contaminado com quatro concentrações de picloram + 2,4-D. Alta Floresta – MT, 2014......................... 30 ix Figura 9. Comprimento da parte aérea (CPA) de tomateiro em função da concentração de picloram + 2,4-D, em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), em quatro épocas de avaliação. Alta Floresta – MT, 2014. ................................... 31 Figura 10. Diâmetro da parte aérea (DPA) de tomateiro em função da concentração de picloram + fluroxypyr , em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), em quatro épocas de avaliação. Alta Floresta – MT, 2014. ................................... 34 Figura 11. Diâmetro de parte aérea (DPA) de tomateiro em função da época de avaliação, em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), contaminado com quatro concentrações de picloram + fluroxypyr. Alta Floresta – MT, 2014. ................. 35 Figura 12. Diâmetro da parte aérea (DPA) de tomateiro em função da concentração de picloram + 2,4-D, em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), em quatro épocas de avaliação. Alta Floresta – MT, 2014. ................................... 36 Figura 13. Diâmetro de parte aérea (DPA) de tomateiro em função da época de avaliação, em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), contaminado com quatro concentrações de picloram + 2,4-D. Alta Floresta – MT, 2014......................... 37 Figura 14. Comprimento de raiz (C Raiz) de tomateiro em função da concentração de Picloram + fluroxypyr , em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), em quatro épocas de avaliação. Alta Floresta – MT, 2014. ................................... 40 Figura 15. Comprimento de raiz (C Raiz) de tomateiro em função da época de avaliação, em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), contaminado com quatro concentrações de picloram + fluroxypyr. Alta Floresta – MT, 2014. ................. 41 Figura 16. Comprimento de raiz (C Raiz) de tomateiro em função da concentração de picloram + 2,4-D, em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), em quatro épocas de avaliação. Alta Floresta – MT, 2014. ................................... 42 Figura 17. Comprimento de raiz (C Raiz) de tomateiro em função da época de avaliação, em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), contaminado com quatro concentrações de picloram + 2,4-D. Alta Floresta – MT, 2014......................... 43 x Figura 18. Massa seca (MS) de plantas de tomateiro em função da concentração de picloram + fluroxypyr , em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), em quatro épocas de avaliação. Alta Floresta – MT, 2014. ................................... 47 Figura 19. Massa seca (MS) de plantas de tomateiro em função da época de avaliação, em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), contaminado com quatro concentrações de picloram + fluroxypyr. Alta Floresta – MT, 2014. ................. 48 Figura 20. Massa seca de plantas de tomateiro cultivada em Latossolo (La) e Neossolo (Ne) contaminados com picloram + 2,4-D. Alta Floresta – MT, 2014 ......................................................................................................................... 49 CAPÍTULO 2 Figura 1. Caracterização climática de Alta Floresta-MT no período de janeiro a julho de 2014. Fonte: Estação Meteorológica da UNEMAT, Campus Universitário de Alta Floresta. .......................................................................... 64 Figura 2. Espessura da parede celular, espessura do córtex e diâmetro do cilindro vascular do caule de tomateiro em função da concentração de picloram + fluroxypyr em Latossolo (La) e Neossolo (Ne). Alta Floresta-MT, 2014. ....... 68 Figura 3A-P. Corte transversal do terço médio do caule de plântulas de tomateiro semeadas 120 dias após a contaminação do substrato com concentrações de picloram + fluroxypyr. A= Latossolo 0%; B= Latossolo 25%; C= Latossolo 50%; D= Latossolo 75%; E= Latossolo 100%; F= Neossolo 0%; G= Neossolo 25%; H= Neossolo 50%; I= Neossolo 75%; J= Neossolo 100%. Barra = 200 μm (A-J) e 40 μm (L-P). ................................................................ 69 Figura 4. Espessura do limbo foliar e diâmetro do feixe vascular central da folha de plântulas de tomateiro em função da concentração de picloram + fluroxypyr em Latossolo (La) e Neossolo (Ne). ................................................................. 72 Figura 5A-P. Corte transversal do terço médio na região da nervura central da folha de plântulas de tomateiro semeadas 120 dias após a contaminação do substrato com concentrações de picloram + fluroxypyr. A= Latossolo 0%; B= Latossolo 25%; C= Latossolo 50%; D= 75%; E= Latossolo 100%; F= Neossolo xi 0%; G= Neossolo 25%; H= Neossolo 50%; I= Neossolo 75%; J= Neossolo 100%. Barra= 250 μm (A-J) e 50 μm (L-P). ...................................................... 73 CAPÍTULO 3 Figura 1. Caracterização climática de Alta Floresta – MT no período de janeiro a junho de 2014. Fonte: Estação Meteorológica da UNEMAT, Campus Universitário de Alta Floresta. .......................................................................... 88 Figura 2A-O. Corte transversal do terço médio de caule de plântulas de tomateiro semeadas 120 dias após a contaminação do substrato com concentrações de picloram + 2,4-D. A= Latossolo 0%; B= Latossolo 25%; C= Latossolo 50%; D= Latossolo 75%; E= Latossolo 100%; F= Neossolo 0%; G= Neossolo 25%; H= Neossolo 50%; I= Neossolo 75%; J= Neossolo 100%. Barra= 200 μm (A-J) e 40 μm (L-P). ................................................................. 91 Figura 3. Espessura do córtex e diâmetro do cilindro vascular do caule de plântulas de tomateiro em função da concentração de picloram + 2,4-D em Latossolo (La) e Neossolo (Ne). Alta Floresta-MT, 2014. ................................ 92 Figura 4A-O. Corte transversal do terço médio na região da nervura central da folha de plântulas de tomateiro semeadas 120 dias após a contaminação do substrato com concentrações de picloram + 2,4-D A= Latossolo 0%; B= Latossolo 25%; C= Latossolo 50%; D= Latossolo 75%; E= Latossolo 100%; F= Neossolo 0%; G= Neossolo 25%; H= Neossolo 50%; I= Neossolo 75%; J= Neossolo 100%. Barra= 250 μm (A-J) e 50 μm (L-P). ...................................... 95 Figura 5. Espessura limbo foliar e do feixe vascular da folha de plântulas de tomateiro em função da concentração de picloram + 2,4-D em Latossolo (La) e Neossolo (Ne). Alta Floresta – MT, 2014. ........................................................ 96 xii LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS DAA Dias Após a Aplicação DAS Dias Após a Semeadura CPA Comprimento de parte aérea DPA Diâmetro de parte aérea CRaiz comprimento de raiz cm Centímetro mm Milímetro μm Micrômetro MS Massa seca L ha-1 Litros por hectare NeNeossolo La Latossolo xiii RESUMO BATISTÃO, Alan Carlos. M. Sc. Universidade do Estado de Mato Grosso, Março de 2014. Persistência de doses crescentes de herbicidas auxínicos em solos da região amazônica. Orientador: Oscar Mitsuo Yamashita. Coorientadora: Ivone Vieria da Silva. A contaminação por herbicidas de efeito residual prolongado no solo pode provocar redução no desenvolvimento das culturas e alterações anatômicas de plantas sensíveis. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a persistência da molécula de picloram e verificar as modificações anatômicas no caule e folha do tomateiro provocadas por concentrações crescentes de herbicidas auxínicos em duas classes de solo por meio de biosensaios. O trabalho foi desenvolvido em Alta Floresta – MT, em esquema fatorial 2x5x4 (2 classes de solo, 5 doses de herbicidas e 4 épocas de avaliação) com 4 repetições, para dois herbicidas diferentes. Contaminou-se as classes de solo Latossolo Vermelho-amarelo distroférrico e Neossolo Quartzarênico órtico com 0, 25, 50, 75 e 100% da dosagem recomendada dos herbicidas picloram + fluroxypyr e picloram + 2,4-D, deixando o solo exposto às intempéries climáticas. Para avaliação da persistência dos herbicidas, parte do solo contaminado foi acometido em recipientes plásticos com capacidade de 0,5 L. Aos 0, 60, 120 e 240 dias após a aplicação (DAA), foram semeadas 10 sementes de tomate em cada recipiente. Aos 30 dias após a semeadura foi realizada a avaliação de fitointoxicação das plantas por meio de notas intoxicação, avaliando também o comprimento e diâmetro da parte aérea, comprimento de raiz e massa seca de planta. Aos 120 DAA, para cada herbicida, foi retirada uma planta por repetição, realizou-se secções transversais do caule e folha, que foram fixadas em FAA 50, emblocadas em metacrilato, cortadas em micrótomo rotativo e coradas com azul de toluidina. Foram obtidas ilustrações por meio do capturador de imagens, acoplado ao fotomicroscópio Leica DMLB, analisando as seguintes variáveis: espessura da epiderme, do córtex e diâmetro do cilindro vascular do caule e espessura do limbo foliar e do feixe vascular da folha. Os dados foram submetidos à análise de variância e regressão pelo programa estatístico Sisvar. Nas primeiras épocas de avaliação, os sintomas de fitointoxicação foram proporcionais ao xiv aumento da concentração dos herbicidas. Aos 240 DAA, não ocorreu sintomas de intoxicação dos herbicidas em plantas cultivadas solo arenoso contaminados com a dose recomendada de picloram. Em solo argiloso, as plantas ainda apresentavam sintomas severos após esse período, nesta dosagem. O herbicida picloram + fluroxypyr provocou hipertrofia, hiperplasia e plasmólise em tecidos do limbo foliar. No caule, houve aumento dos espaços intercelulares, achatamento das células do córtex e diminuição no diâmetro do cilindro vascular. Entre os dois solos utilizados observou-se alterações mais severas na anatomia do caule e folha de plântulas cultivadas em Latossolo. Já o herbicida picloram + 2,4-D, em Latossolo, proporcinou menor número de elementos de vascularização, diminuição das fibras, aumento da quantidade de células parenquimáticas, bem como aumento do volume das células corticais em todas as concentrações em relação as plantas cultivadas em Neossolo, que apresentaram células corticais mais achatadas, com espaços intercelulares conspícuos e cilindro vascular mais espesso, sem desorganização dos tecidos do limbo foliar e com poucas células parenquimáticas colapsadas. Palavras-Chave: Anatomia, Fitotoxidade, Latossolo, Neossolo, Picloram, Tomate. xv ABSTRACT BATISTÃO, Alan Carlos. M. Sc. Universidade do Estado de Mato Grosso, 2014, march. Persistence of increasing doses of auxinic herbicides in soils of Amazonic region. Adviser: Oscar Mitsuo Yamashita. Co-adviser: Ivone Vieria da Silva. The contamination by herbicides prolonged residual effect in the soil can cause reduction in crop development and anatomical alterations of susceptible plants. In this context, the aim of this study was to evaluate the persistence of picloram molecule and verify the anatomical changes in stem and leaf of tomato caused by increasing concentrations of auxinic herbicides in two soil classes found in the Amazon region through bioensays. The work was developed in the region of Alta Floresta in 2x5x4 factorial (two classes of soil, 5 doses of herbicides and 4 evaluation periods) with 4 replicates for two different herbicides. Contaminated itself the soil classes Oxisoil Red-yellow and Typic Orthic Quartzarenic with 0, 25, 50,75 and 100% of the recommended dose of herbicide picloram + fluroxypyr and picloram + 2,4-D, leaving the soil exposed to the weather climate. To evaluate the persistence of herbicides, part of the contaminated soil was affected in plastic containers with a capacity of 0,5 L. At 0, 60, 120 and 240 days after application (DAA), were seeded 10 tomato seeds in each container. At 30 days after sowing, the evaluation of phytotoxicity of plants through notes intoxication was also conducted to evaluate the length and diameter of shoot, root length and plant dry mass. At 120 DAA for each herbicide, a plant per replicate was removed, there was cross sections of the stem and leaf, which were set at FAA50, embedded in methacrylate were cut on a rotary microtome and stained with toluidine blue. Graphics were obtained through capturing images, coupled with the light microscope Leica DMLB, analyzing the following variables: thickness of the epidermis, cortex and vascular cylinder diameter of the stem and leaf thickness and vascular bundle of the leaf. Data were subjected to analysis of variance and regression by Sisvar statistical program. In the first evaluation times, the herbicide symptoms were proportional to increasing concentrations of herbicides. At 240 DAA, symptoms did not occur due to herbicide in plants cultivated sandy soil contaminated with the recommended dose of picloram. In clay soil, the plants still had severe xvi symptoms after this period at this dose. The picloram + fluroxypyr caused hypertrophy, hyperplasia and plasmolysis in tissues of the leaf blade. In the stem, there was an increase of intercellular spaces and flattening of the cells of the cortex and a decrease in the diameter of the vascular cylinder . Between the two soils was observed more severe changes in the anatomy of the stem and leaves of seedlings grown in Oxisol. Have picloram + 2,4- D, an Oxisol, proporcinou fewer elements vascularization, decreased fiber, lots of parenchyma cells, and increased volume of cortical cells at all concentrations compared to plants grown in a sandy which showed more flattened cortical cells, with conspicuous intercellular spaces and vascular cylinder thicker without tissue disorganization of the leaf blade and with very few collapsed parenchyma cells. Key-words: Anatomy, Phytotoxicity, Oxisol, Typic, Picloram, Tomato. xvii 1 INTRODUÇÃO GERAL O manejo químico destaca-se como um dos métodos mais utilizados no controle de infestação por plantas invasoras na atividade pecuária, sendo muito eficaz e viável economicamente. Porém, a intensa utilização de herbicidas no controle dessas plantas, tem causado contaminação ambiental e deixado resíduos com características tóxicas no solo, inviabilizando seu uso para culturas sucessoras (BELO et al., 2011). Herbicidas de efeito residual prolongado apresentam elevada persistência no solo, exercendo influência marcante na eficácia do controle de plantas invasoras, mas podem acarretar em problemas, como injúrias para as culturas em sucessão. Princípios ativos como picloram + fluroxypyr e picloram + 2,4-D tem sido intensamente utilizados para controle de populações de plantas invasoras em áreas de pastagem, na região norte mato-grossense e apresentam período residual longo no solo, podendo causar efeitos fitotóxicos em diversas espécies de plantas cultivadas (RODRIGUES & ALMEIDA, 2005), reduzindo a produtividade e causando problemas no seu desenvolvimento (ROMAN et al., 2007), especialmente quando são cultivadas em áreas tratadas com esses produtos (SANTOS et al., 2006). Ainda, podem potencializar a contaminação de águas superficiais e subterrâneas, através do transporte das moléculas dos herbicidas por lixiviação ou por escorrimento da água superficial durante o processo erosivo dos solos de áreas agrícolas (WORKMAN et al., 1995; STEARMAN & WELLS, 1997). Herbicidas a base de picloram matam ou danificam plantas herbáceas dicotiledôneas anuais ou perenes e plantas arbustivas. Estes produtos atuam como auxina sintética, causando crescimento desordenado e descontrolado em plantas sensíveis (TU et al., 2001), provocando distúrbios no metabolismo dos ácidos nucléicos, aumentando a atividade enzimática e destruindo o floema. Como consequência, podem provocar alongamento celular, turgescência e rompimento das células. As raízes perdem sua habilidade de absorver água e nutrientes provocando esgotamento das reservas de energia da planta e finalmente sua morte (BIBIANO et al., 2012). 1 De acordo com Dornelas et al. (2001) e Santos et al. (2006), o picloram é muito persistente no solo. Já para Tu et al. (2001), este composto apresenta ligações fracas com os coloides e se dissipa muito lentamente no ambiente, possibilitando elevada mobilidade. Em solos onde o picloram persiste por longos períodos de tempo, o elevado potencial de movimentação vertical e horizontal pode levar à contaminação das fontes de água subterrâneas. A persistência do herbicida no ambiente varia com a sua dinâmica no solo, onde adsorção, lixiviação, degradação e transformação biológica, regulam a concentração, o fluxo e a persistência desses compostos na solução do solo (LOUX et al., 1989; CELIS et al., 2006). Também, a intensidade da ação desses fatores sobre a persistência depende das condições edafoclimáticas específicas e das características físico-químicas dos produtos (WALKER et al., 1992). O processo de dissipação de herbicidas no ambiente está relacionado com as propriedades do herbicida, com as características físicas, químicas e biológicas do solo, com as condições climáticas e com o sistema de manejo utilizado. Entre os processos envolvidos após a aplicação dos herbicidas está à retenção ou sorção (adsorção e absorção), a transformação (degradação química e biológica), transporte (deriva, volatilização, lixiviação e escorrimento superficial) e bem como a interação entre esses processos (MANCUSO et al., 2011). No entanto, é difícil comparar a diferença da persistência do picloram em diferentes tipos de solo, pois sua taxa de degradação varia com as condições climáticas, com o período após a aplicação do herbicida e com as características de cada solo (FRYER et al., 1979). O conhecimento desses fatores é de fundamental importância para prever o comportamento de herbicidas nas diferentes classes de solo e para seleção de dosagens adequadas, bem como para evitar efeitos prejudiciais ao ambiente e às culturas subsequentes (ROSSI et al., 2005). Neste sentido, o entendimento das interações entre solo, planta e herbicida é determinante na recomendação adequada a cada classe de solo, 2 com maior eficiência e menor contaminação do ambiente (OLIVEIRA JR et al., 2006). Assim, esta dissertação versa sobre a persistência de herbicidas a base de picloram em duas classes de solo distintas na região amazônica, sendo apresentada em três capítulos. O Capítulo I “Persistência de doses crescentes de herbicidas auxínicos em solos da região amazônica” relata sobre a permanência dos compostos picloram + fluroxypyr e picloram + 2,4-D como contaminante de Latossolo e Neossolo do Portal da Amazônia e o período de tempo de exposição às condições climáticas da região necessário para que esses herbicidas percam o efeito fitotóxico sobre espécies sensíveis, utilizando tomateiro como planta bioindicadora. O capitulo II “Alterações anatômicas de caule e folha de Solanum lycopersicon cultivado em solos contaminados com concentrações crescentes de herbicida auxínico” descreve as modificações na anatomia foliar e de caule de plântulas de tomateiro cultivados em Latossolo e Neossolo contaminado com picloram + fluroxypyr após 120 dias de exposição dos solos as intempéries climáticas da região norte de Mato Grosso. No capitulo III “Influência de concentrações picloram como contaminante de solos na anatomia de caule e folha de Solanum lycopersicon” também serão abordadas às modificações anatômicas de tecidos do caule e folha de tomateiro cultivado em Latossolo e Neossolo contaminado com herbicida. 3 2 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BELO, A. F.; COELHO, A. T. C. P.; TIRONI, S. P.; FERREIRA, E. A.; FERREIRA, L. R.; SILVA, A. A. Atividade fotossintética de plantas cultivadas em solo contaminado com picloram. Planta Daninha, v. 29, n. 4, p. 885-892, out. 2011. BIBIANO, C. S.; BRAGA, R. R.; OLIVEIRA, M. C.; FERREIRA, E. A.; SANTOS, J. B. Efeitos de subdoses de picloram em pré e pós-emergência do feijão. In: XXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS DADINHAS: Biotecnologia. Resumos. Campo Grande, MS, p. 114-118, 2012. Disponível em: <http://www.congressosbcpd.com.br/sistema-inscricoes/documentos_cientificos /pdf/ 191_XXVIIICBCPD.pdf> Acesso em: 01 set 2012. CELIS, R.; REAL, M.; HERMOSÍN, M. C.; CORNEJO, J. 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O objetivo deste trabalho foi avaliar a persistência da molécula de picloram em duas diferentes classes de solo nas condições climáticas da região amazônica por meio de bioensaios. O trabalho foi desenvolvido na região de Alta Floresta em esquema fatorial 2x5x4 (duas classes de solo, 5 doses de herbicidas e 4 épocas de avaliação) com 4 repetições, para dois herbicidas diferentes. Contaminou-se as classes de solo LVAd e QRo com 0, 25, 50, 75 e 100% da dosagem recomendada dos herbicidas picloram + fluroxypyr e picloram + 2,4-D, deixando o solo exposto às intempéries climáticas. Para avaliação da persistência dos herbicidas, parte do solo contaminado foi acometido em recipientes plásticos com capacidade de 0,5 L. Aos 0, 60, 120 e 240 dias após a aplicação (DAA), foram semeadas 10 sementes de tomate em cada recipiente. Aos 30 dias após a semeadura foi realizada a avaliação de fitointoxicação das plantas por meio de notas intoxicação, avaliando também o comprimento e diâmetro da parte aérea, comprimento de raiz e massa seca de planta. Aos 240 DAA, não ocorreu sintomas de intoxicação dos herbicidas em plantas cultivadas solo arenoso contaminados com a dose recomendada. Em solo argiloso, as plantas ainda apresentavam sintomas severos após esse período, nesta dosagem. Palavras-chave: Latossolo, Neossolo, Picloram, Contaminação, Bioindicador. 7 Abstract – The picloram is a very persistent herbicide in soil and its dissipation in the environment depends on the physical, chemical and biological soil characteristics and climate conditions of the region . The objective of this study was to evaluate the persistence of picloram molecule in two different soil climatic conditions of the Amazon region through bioassay. The work was developed in the region of Alta Floresta in 2x5x4 factorial ( two classes of soil, 5 doses of herbicides and 4 evaluation periods) with 4 replicates for two different herbicides. Contaminated itself the soil classes GF and QRO with 0 , 25 , 50, 75 and 100 % of the recommended dose of herbicide picloram + fluroxypyr and picloram + 2,4- D, leaving the soil exposed to inclement weather . To evaluate the persistence of herbicides, part of the contaminated soil was affected in plastic containers with a capacity of 0.5 L at 0, 60, 120 and 240 days after application (DAA), sowing 10 seeds of tomato in each container. At 30 days after sowing the evaluation of phytotoxicity of plants through notes intoxication was also conducted to evaluate the length and diameter of shoot, root length and dry weight of seedlings. At 240 DAA, symptoms did not occur due to herbicide in plants cultivated sandy soil contaminated with the recommended dose. In clay soils, plants also had severe symptoms after this period at this dose. Key-words: Oxisol, Neosoil, Picloram, Contamination, Bioindicator. 8 Introdução Na pecuária, durante o processo de cultivo, o solo é um dos principais destinos finais dos produtos químicos, quer sejam eles adubos, inseticidas ou herbicidas. Os herbicidas, quando em contato com o solo, ficam sujeitos a processos físico-químicos que regulam seu destino no ambiente (MANCUSO et al., 2011). Os herbicidas apresentam comportamento dinâmico no solo, podendo ser transportados via escorrimento superficial ou lixiviação, sofrer o processo de volatilização e se dissipar para atmosfera, sofrer transformações bióticas e abióticas que promovam sua degradação ou até interagir reversível e irreversivelmente com os componentes do solo e resíduos vegetais (FERRI & RIZZARDI, 2001). Segundo Mancuso et al. (2011), entre os processos envolvidos após a aplicação dos herbicidas estão a retenção ou sorção (adsorção e absorção), a transformação (degradação química e biológica), transporte (deriva, volatilização, lixiviação e escorrimento superficial), bem como a interação entre esses processos. Já o processo de dissipação de herbicidas no ambiente está relacionado com as características físicas, químicas e biológicas do solo, com as condições climáticas, com o sistema de manejo utilizado e com as propriedades do herbicida (SILVA et al., 2007). Herbicidas do grupo químico das auxinas sintéticas ou herbicidas hormonais, dada sua similaridade estrutural com as auxinas naturais encontradas nas plantas, tem grande importância histórica devido ao seu uso como primeiro herbicida seletivo e como arma de guerra (“agente laranja”) no Vietnã (OLIVEIRA Jr., 2011). Estes herbicidas são comumente utilizados em diversas culturas tanto anuais como perenes, para controle eficiente de plantas lenhosas e trepadeiras. Dentre os herbicidas registrados para pastagens no Brasil, destacam-se as misturas pré-formuladas de herbicidas deste grupo químico, especialmente picloram + 2,4-D e picloram + fluroxypyr (RODRIGUES & ALMEIDA, 2005). O picloram mata ou danifica plantas herbáceas dicotiledôneas anuais ou perenes e plantas arbustivas. Atua como auxina sintética, causando 9 crescimento desordenado e descontrolado em plantas suscetíveis (TU et al., 2001), provoca distúrbios no metabolismo dos ácidos nucléicos, aumenta a atividade enzimática e destrói o floema, pode provocar alongamento celular, turgescência e rompimento das células. As raízes perdem sua habilidade de absorver água e nutrientes provocando esgotamento das reservas de energia da planta e finalmente sua morte (BIBIANO et al., 2012). De acordo com Dornelas et al. (2001), Santos et al. (2006), o picloram é muito persistente no solo, sendo este, o único que pode ter persistência no solo por mais de uma safra (OLIVEIRA Jr., 2011). Para Tu et al. (2001), este herbicida apresenta ligações fracas com os coloides e se dissipa muito lentamente no ambiente, possibilitando elevada mobilidade. Segundo os mesmos autores, em solos onde o picloram persiste por longos períodos de tempo, o elevado potencial de movimentação vertical e horizontal pode levar à contaminação das fontes de água subterrâneas. Em solos com textura argilosa e elevados teores de matéria orgânica, o picloram tende a permanecer na superfície, a uma profundidade de até 30 cm; já em solos arenosos ou vertissolos, a elevada quantidade macroporos e fissuras proporcionam o fluxo do herbicida à profundidades maiores (SMITH et al., 1988). Segundo Helling et al. (1971), o picloram não se volatiliza facilmente quando aplicado à campo, porém seu potencial de volatilização aumenta em ambiente com temperatura elevada e em solos com alta umidade e baixo teor de argila e matéria orgânica. A molécula de picloram é prontamente degradada quando exposta à radiação solar, em solução aquosa ou na superfície das folhagens das plantas e do solo. A fotodegradação ocorrerá mais rapidamente em água clara e corrente e mais lentamente quando exposta na superfície do solo (WOODBURN et al., 1989). Mesmo que a degradação microbiana do picloram seja lenta, acredita-se que essa seja a principal forma de dissipação do herbicida nos solos, pois os metabólitos primários liberados durante a sua degradação são decompostos mais rapidamente no ambiente do que o composto inicial (SPIRIDOV et al., 1987). Também os fatores ambientais que favoreçam a atividade microbiana como temperaturas elevadas e umidade do solo 10 contribuem para o aumento da taxa de degradação do picloram e consequentemente, menor persistência nos solos (MICHAEL et al., 1989). No entanto, é difícil comparar a diferença da persistência do picloram em diferentes classes de solo, pois sua taxa de degradação varia com as condições climáticas, alterando de modo decisivo o comportamento desta molécula no solo (D’ANTONINO et al., 2009b), com as características de cada solo e com o período após a aplicação do herbicida (FRYER et al., 1979). Santos et al., (2006) verificaram que herbicidas que contém picloram em sua formulação persistem por 360 dias após a aplicação em solos com textura argilo-arenosa. Também, D’Antônio et al., (2009) verificaram redução no acúmulo de matéria seca em plantas de milho em argissolo francoargilo-arenoso tratados com 2,4 D + Picloram. Ainda, Inoue et al., (2001) verificaram que herbicidas apresentam maior efeito residual com a dose recomendada em Latossolo Vermelho distroférrico quando comparado com Neossolo Quartizarênico. Assim, o entendimento das interações entre solo, planta e herbicida é determinante na recomendação adequada a cada tipo de solo, com maior eficiência e menor contaminação do ambiente (OLIVEIRA JR et al., 2006). Neste sentido, o objetivo do presente trabalho foi avaliar, por meio de bioensaios, a persistência da molécula de picloram, aplicada em diferentes doses, em duas classes distintas de solo, nas condições climáticas da região Amazônia meridional. 11 Material e Métodos O trabalho foi desenvolvido no município de Alta Floresta, localizado no extremo norte do Estado de Mato Grosso, situado nas coordenadas 09º52’18” de latitude Sul e 56º06’41” de longitude Oeste, com altitude de 280m acima do nível do mar. O clima é do tipo Awi, segundo a classificação Köppen, tropical chuvoso com nítida estação seca. A temperatura varia entre 20 e 38ºC, com média de 26ºC. A precipitação pluviométrica encontra-se em torno de 2.400 mm ano-1, com umidade relativa média anual de 70% (FERREIRA, 2001). O trabalho foi realizado em área experimental pertencente à Universidade do Estado do Mato Grosso, Campus Universitário de Alta Floresta e foi constituído por dois experimentos distintos, onde, em diferentes classes de solo, foi avaliada a persistência de doses crescentes de dois herbicidas, Tordon® e Plenum®, cuja formulação contém picloram. Realizou-se a análise da persistência de herbicidas em duas diferentes classes de solos : Latossolo Vermelho-Amarelo ácrico (LVAw) e Neossolo Quartzarênico órtico (QRo), cujas análises química e textural encontram-se na Tabela 1. Ambos os solos foram coletados em área de floresta, isenta da aplicação de herbicida. Realizou-se a limpeza da superfície do solo, retirando a vegetação e a camada superficial de 5 cm. Após, o solo foi retirado com auxílio de pá e enxada e condicionados em bacidas plásticas com volume de 20 L. Dessa maneira, foram realizados dois experimentos, cada um com uma formulação herbicida contendo picloram e, para cada experimento, os seguintes fatores: 2 classes de solo, 5 doses de herbicida e 4 épocas de avaliação, constituindo-se em delineamento experimental inteiramente casualizado (DIC), no esquema fatorial 2x5x4 (2 classes de solo, 5 doses de herbicidas e 4 épocas de avaliação), com 4 repetições. 12 TABELA 1. Análise química e textural de Latossolo e Neossolo, Alta Floresta – MT, 2014. Descrição da amostra pH MO P (mehl) -1 Ca Mg H+Al dag kg Neossolo 4,9 1,87 1.2 0,03 0,4 0,2 0,8 4,6 Latossolo 5,7 1,93 3.3 0,06 1,5 0,6 0,0 2,9 SB t T V m Areia Argila cmolC dm cmolC dm Al -3 H2O Descrição da amostra mg dm K -3 -3 % g Kg Silte -1 Neossolo 0,60 1,43 5,2 12,3 54 690 244 66 Latossolo 2.20 2.16 5,0 43,2 0,0 273 578 149 As classes foram contaminados com quatro concentrações dos herbicidas proporcional à recomendação para o controle de plantas daninhas em pastagem (4,0 L ha-1 de Tordon® e 2,5 L ha-1 de Plenum®). As concentrações foram: 25% (1,0 L ha-1 de e 0,625 L ha-1), 50% (2,0 L ha-1 e 1,25 L ha-1), 75% (3,0 L ha-1 e 1,875 L ha-1) e 100% (4,0 L ha-1 e 2,5 L ha-1 de Tordon® e Plenum® respectivamente), além do solo sem contaminação (testemunha). Para aplicação dos herbicidas, foi utilizado um pulverizador costal pressurizado a CO2, com pressão constante de 1,41 kgf m-², equipado com ponta contendo bico do tipo leque 80.05, proporcionando volume de 200 L ha-1 de calda para ambos herbicidas, sendo incorporados manualmente imediatamente após à pulverização. As classes de solo contaminado ficaram expostas às condições naturais de variação climática, sendo submetidos a todas as intempéries que ocorreram no período experimental. A variação de temperatura, umidade relativa do ar e precipitação estão apresentadas na Figura 1. Nos períodos de 0, 60, 120 e 240 dias após a aplicação (DAA), foram retiradas amostras de solo, as quais foram usadas para preenchimento de vasos plásticos com capacidade de 0,5 L, para avaliação da persistência dos herbicidas. Cada vaso representou uma unidade amostral. Em cada vaso, foram semeadas 10 sementes de tomate a 0,01 m de profundidade, sendo mantidos, posteriormente, em ambiente protegido para germinação e desenvolvimento das plantas. As sementes foram previamente submetidas a teste padrão de germinação, segundo a metodologia descrita por Brasil (2009), apresentando média de germinação de 96%. 13 Figura 1. Caracterização climática de Alta Floresta – MT no período de Janeiro a Setembro de 2014. Fonte: Estação Meteorológica da UNEMAT, Campus Universtário de Alta Floresta. Para análise de fitointoxicação das plantas, realizou-se análises visuais aos 30 dias após a semeadura, por atribuição de notas, em escala de 0 a 10 (metodologia adaptada de SOCIEDADE BRASILEIRA DA CIÊNCIA DAS PLANTAS DANINHAS – SBCPD, 1995), onde 0 caracterizou a ausência de qualquer sintoma de fitointoxicação e 10 a morte da planta (Tabela 2). A altura das plantas foi avaliada aos 30 DAS, medindo-se aleatoriamente todas as plantas germinadas em cada vaso, da região do colo até a gema terminal da haste principal. Foi avaliado o diâmetro do caule e o comprimento da raiz principal, medindo-se a partir do colo até o ápice radicular. 14 Também, foi avaliada a massa seca de planta, coletando todas as plantas de cada recipiente e acondicionando em sacos de papel e levando à estufa de circulação de ar à 60°C até atingir peso constante. TABELA 2. . Escala de notas utilizadas para avaliação visual de fitointoxicação dos herbicidas picloram + 2,4-D e picloram + fluroxypyr em tomateiro. Alta Floresta, MT, 2012. CONCEITO NOTAS OBSERVAÇÕES Sintomas fracos ou poucos evidentes. Nota zero: não se observam quaisquer alterações nas plantas Sintomas pronunciados, no entanto totalmente tolerados pela planta. Leve 0–1 Aceitável 2–3 Preocupante 4–5 Sintomas maiores que na categoria anterior, mas ainda passíveis de recuperação, e sem expectativas de redução no rendimento econômico. Alta 5–7 Danos irreversíveis, com previsão de redução no rendimento econômico. Muito alta 7 – 10 Danos irreversíveis muito severos, com previsão de redução drástica no rendimento econômico. Nota 10 para morte da planta. Adaptada de SBCPD (1995) Os dados foram submetidos à análise de variância pelo teste F e quando significativos, realizou-se análise de regressão utilizando o software Sisvar®, versão 5.3 (FERREIRA, 2011). 15 Resultados e Discussão Ocorreu interação tripla para todas as variáveis analisadas no tomateiro submetido aos solos contaminados com picloram + fluroxypyr. Já em solos contaminados com picloram + 2,4-D, somente não ocorreu interação tripla significativa para massa seca de planta, havendo a interação entre as classes de solo e as doses do herbicida. Na primeira avaliação, com o aumento da concentração, observouse maior fitotoxidade em ambos os solos contaminados por picloram + fluroxypyr. No entanto, em Latossolo verificou-se danos irreversíveis e morte da planta, a partir da concentração de 50% da dose recomendada, enquanto que em Neossolo, danos irreversíveis, com redução no rendimento, foram observados somente na concentração de 100% (Figura 2). Os principais sintomas de fitotoxidade observados na primeira avaliação, a partir das concentrações de 50% do herbicida em Latossolo e 100% em Neossolo foram: clorose, crescimento desordenado e encarquilhamento das folhas cotiledonares, clorose e necrose das bordas dos limbos foliares das folhas definitivas desenvolvidas, retorcimento e estrangulamento do caule próximo à superfície do solo, bem como, atrofiamento do meristema apical. Exceto na avaliação aos 30 dias, ocorreu aumento na fitointoxicação à medida que havia incremento na concentração do herbicida em Latossolo. No entanto, a fitointoxicação de plantas cultivadas em Neossolo manteve-se baixa, com sintomas fracos e pouco evidentes em todas as concentrações (Figura 2). Ao analisar o comportamento de cada concentração no decorrer do tempo de exposição do solo, verifica-se que com de 25%, as notas de fitointoxicação em plantas cultivadas em Latossolo mantiveram-se estável, enquanto que em Neossolo, houve redução com o decorrer do tempo de exposição, observando-se ausência de sintomas aos 240 DAA (Figura 3). Na concentração de 50% da dose recomendada, observou-se redução na fitointoxicação de plantas a partir dos 60 DAA em Latossolo, mas em Neossolo, as notas mantiveram-se baixas em todas as épocas. Na concentração de 75%, ocorreu redução linear nas notas de fitointoxicação de plantas cultivadas em Latossolo, no entanto ainda apresentou sintomas 16 irreversíveis e com possibilidade de danos econômicos à cultura aos 240 DAA. Em Neossolo, ocorreu redução na nota de fitointoxicação, não apresentando sintomas de intoxicação aos 240 DAA (Figura 3). Na dose recomendada de picloram + fluroxypyr (2,5 L ha-1), houve pequena redução na fitointoxicação em plantas cultivadas em Latossolo contaminado com picloram + fluroxypyr, observando-se danos severos e morte da planta desde o início ao final do período de exposição. Em Neossolo, houve redução nas notas de toxidade observadas nas plantas, chegando à ausência de sintomas a partir dos 120 DAA (Figura 3). As plantas cultivadas em Latossolo, nesse período ainda apresentaram retoricmento do caule, crescimento desordenado e clorose das folhas cotiledonares, com baixa emissão de folhas definitivas. Já às cultivadas em Neossolo, apresentaram somente necrose no ápice de algumas folhas definitivas, e maior desenvolvimento do limbo foliar. Verificou-se resultados semelhantes utilizando o herbicida picloram + 2,4-D como contaminante do solo, pois em concentrações crescentes, houve aumento na intoxicação de plantas para ambos os solos na avaliação imediatamente após a aplicação dos herbicidas. Exceto na avaliação aos 0 DAA, a fitointoxicação permaneceu baixa em Neossolo em todas concentrações (Figura 4). Também, com o aumento do tempo de exposição às condições climáticas, houve diminuição da fitointoxicação pelos herbicidas. Contudo, nas concentrações mais elevadas, ainda ocorreram danos irreversíveis e severos às plantas até a última avaliação em Latossolo (Figura 5). Silva et al. (2012), estudando a ação de Eleusine coracana na fitorremediação de Latossolo Vermelho-Amarelo e Argissolo Vermelho Amarelo contaminados com picloram, também verificaram redução no teor de picloram em ambos os solos para diferentes épocas de avaliação, apresentando redução mais acentuada em solos cultivados com a espécie fitorremediadora. Resultados semelhantes foram observados por Batistão et al. (2013) que, avaliando o desenvolvimento inicial de tomateiro em Argissolo contaminado com picloram + 2,4-D e picloram + fluroxypyr, verificaram que com o aumento da concentração dos herbicidas, ocorreu maior fitointoxicação, com redução no desenvolvimento de plantas. Os mesmos autores ainda 17 concluíram que picloram + 2,4-D apresenta maior efeito fitotóxico às plantas que fluroxypyr + picloram, 30 dias após a contaminação, pois com metade da dosagem recomendada provocou a morte de plantas de tomateiro semeadas 30 dias após a contaminação do solo. D'Antonino et al. (2012), avaliando o desenvolvimento de plantas de café em Latossolo Vermelho-Amarelo, verificaram que a presença de resíduos de picloram causou sintomas de intoxicação visíveis nas plantas de café aos 60 e 120 dias após o plantio, ocorrendo efeito proporcional ao aumento da dose do herbicida, sem recuperação das plantas intoxicadas com 160 g ha -1 de picloram. A baixa toxidade de ambos herbicidas verificadas em Neossolo, a partir dos 120 dias de exposição, pode estar relacionada com a elevada solubilidade do picloram em água. Neste período, ocorreu elevada precipitação pluviométrica (Figura 1), que pôde proporcionar a lixiviando de parte do picloram neste solo, reduzindo a disponibilidade do herbicida para absorção radicular e proporcionando menor fitointoxicação às plantas. A molécula de picloram apresenta baixa sorção, alta solubilidade em água e elevado potencial de lixiviação, podendo atingir aquíferos subterrâneos (BOVEY & RICHARDSON, 1991; PANG et al., 2000; CLOSE et al., 2003; SILVA et al., 2007; D'ANTONINO et al., 2009a). Berisford et al. (2006) relatam que o picloram apresentou elevada mobilidade lateral e vertical, além de alta persistência em solos argilosos. Também pode se acumular no lençol freático raso em solos de textura arenosa. (RODRIGUES & ALMEIDA, 2005) e pode ser lixiviado em solos com baixo teor de matéria orgânica, alcalinos e altamente permeáveis (USEPA, 1999). Estes fatos também podem ser observados neste trabalho, onde no solo argiloso ocorreu elevada fitointoxicação de plantas após 240 dias de exposição, enquanto que em solo arenoso não ocorreu sintomas de toxidade na última avaliação. D'Antonino et al. (2009a), estudando a lixiviação de picloram em duas classes de solos, verificaram presença do herbicida aos 50 cm de profundidade em Latossolo Vermelho-Amarelo (LVA) e Argissolo VermelhoAmarelo (PVA) sob condição de chuva simulada de 120 mm. Quantidade de água muito inferior à do presente trabalho, onde os solos expostos receberam 877 mm de chuva aos 60 DAA, apresentando elevado potencial de lixiviação do 18 picloram nas condições ambientais da região, principalmente em solo de textura arenosa como Neossolo. Solos arenosos apresentam poros de diâmetro relativamente grande e baixa capacidade de retenção de água, proporcionando elevada drenagem e lixiviando íons e moléculas solúveis, principalmente em regiões de elevada precipitação pluviométrica (BRANDY, 1989). Assim, em solos com essas características, como os Neossolos, pode ocorrer dissipação de herbicidas solúveis em água mais rapidamente no ambiente quando comparados com solos com maior teor de argila e menor potencial de movimentação de água, como o Latossolo. Rossi et al. (2005) estudando mobilidade de herbicida, observaram maior potencial de lixiviação em solos arenosos, com o princípio ativo sendo mais móvel em Chernossolo, quando comparado com Latossolo Vermelho eutrófico (LVe) de textura argilosa. Ainda, os resultados de fitointoxicação observados nas duas classes de solo estudadas neste trabalho corroboram com os resultados por Inoue et al. (2011), que estudando a persistência de diferentes herbicidas, verificaram elevado controle de plantas invasoras e baixa fitotoxidade de culturas sensíveis ao princípio ativo somente até 20 DAA em Neossolo Quartzarênico (QR), enquanto que em Latossolo Vermelho Distroférrico (LVdf) o controle das invasoras manteve-se elevado por maior período de tempo, causado efeito fitotóxico às plantas sensíveis 100 dias da aplicação dos herbicidas. 19 Figura 2. Notas de fitointoxicação de tomateiro em função da concentração de picloram + fluroxypyr, em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), em quatro épocas de avaliação. Alta floresta – MT, 2014. 20 Figura 3. Notas de fitointoxicação de tomateiro em função da época de avaliação, em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), contaminado com quatro concentrações de picloram + fluroxypyr. Alta floresta – MT, 2014. 21 Figura 4. Notas de fitointoxicação de tomateiro em função da concentração de picloram + 2,4D, em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), em quatro épocas de avaliação. Alta floresta – MT, 2014. 22 Figura 5. Notas de fitointoxicação de tomateiro em função da época de avaliação, em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), contaminado com quatro concentrações de picloram +2,4-D. Alta floresta – MT, 2014. 23 Analisando o comprimento da parte aérea do tomateiro, pode-se observar que com o aumento da concentração de picloram + fluoxypyr, houve redução na altura de plantas na primeira avaliação. Para Neossolo, há um ponto de altura máxima de plantas na concentração de 32%, com comprimento de 4,76 cm e com posterior redução de 50% no comprimento até 2,37 cm na concentração de 100% (Figura 6). Nas avaliações com 60, 120 e 240 DAA, as concentrações de picloram + fluroxypyr não influenciaram no comprimento da parte área das plantas em Neossolo, apresentando alturas médias de 4,66; 4,05 e 4,43 cm, respectivamente. No entanto, as plantas cultivadas em Latossolo, apresentaram um incremento na altura, próximo à concentração de 35% com posterior redução drástica até a concentração de 100% (Figura 6). O comprimento de parte aérea de plantas de tomateiro não foi influenciado pela época de avaliação na concentração de 25%, apresentando médias de 4,35 e 4,85 cm para Latossolo e Neossolo, respectivamente. Na concentração de 50%, a altura de plantas em Neossolo manteve a média de 4,06 cm, enquanto que em Latossolo, houve um aumento até os 155 DAA, chegando à altura de 5,62 cm, com posterior redução até o valor de 4,05 cm aos 240 DAA (Figura 7). Na concentração de 75%, a diferença no comprimento de parte área entre primeira e na última avaliação foi somente de 0,2% em Neossolo, chegando aos 4,55 cm com 240 DAA. Em Latossolo, ocorreu aumento em altura de até o valor de 3,24 cm aos 240 DAA. Na maior concentração depicloram + fluroxypyr, ocorreu incremento em altura proporcional ao tempo de exposição em ambos os solos respectivamente, com plantas cultivadas em Neossolo atingindo 4,22 cm e alturas, enquanto às cultivadas em Latossolo apresentaram comprimento de parte aérea de somente 1,09 cm (Figura 7). Resultados semelhantes foram encontrados avaliando plantas cultivadas nas classes de solo contaminados com picloram + 2,4-D. Na concentração de 25%, ocorreu aumento de 45% na altura de tomateiro cultivados em Latossolo no período de 240 dias. Nas concentrações de 50% e 75%, ocorreu aumento de forma semelhante para ambos os solos, mas na maior concentração, plantas cultivadas em Neossolo apresentaram maior altura, atingindo 3,86 cm aos 240 DAA, enquanto que no Latossolo, o 24 comprimento da parte aérea atingiu somente 3,07 cm no mesmo período (Figura 9). Também, analisando as doses em cada época de avaliação, verifica-se semelhança na altura de plantas submetidas a solos contaminados por picloram + 2,4-D com os resultados descritos para o herbicida anterior (Figura 8). Santos et al. (2006), estudando a eficácia e persistência dos herbicidas utilizados em pastagem, também verificaram semelhança no comportamento de picloram + fluroxypyr e picloram + 2,4-D aplicados em pulverização foliar em área total para controlar Schinus terebintifolius (aroeirnha) e Eupatorium maximilianii (mata-pasto). O aumento de altura da parte aérea de tomateiro até 35% da dosagem recomendada dos herbicidas a partir dos 120 dias após a contaminação de Latossolo (Figura 6 e 8) pode ter ocorrido pelo estímulo químico do herbicida no desenvolvimento de plantas em baixas concentrações. Yamashita et al. (2009) ao estudar a influência de herbicidas no desenvolvimento inicial de espécies florestais, também verificaram efeito significativo dos mimetizadores de auxina no comprimento de parte aérea de mudas de espécies florestais, onde a concentração de 0,5 L p.c ha-1 promoveu aumento na altura de Ceiba pentandra. Também, Oliveira Jr et al. (2007) verificaram alongamento de gavinhas epinastia de folhas e deformação de ramos jovens de uva Itália pulverizados com subdoses de auxinas sintéticas. Essas alterações na altura de plantas podem estar relacionadas com o mecanismo de ação dos herbicidas hormonais que afetam o crescimento das plantas de maneira similar à auxina natural sendo, porém, mais persistentes e ativos (OLIVEIRA Jr, 2011), apresentando variação nos sintomas de acordo com a concentração (NASCIMENTO & YAMASHITA, 2009). Em baixas concentrações, o picloram pode estimular a síntese de proteínas, DNA e RNA, promovendo a divisão celular acelerada, proporcionando crescimento às plantas (TU et al., 2001). Também provoca alongamento celular devido à perda de rigidez da parede celular pelo incremento da síntese da enzima celulase e pela diminuição do potencial osmótico da célula provocado pelo acúmulo de proteínas (SILVA et al., 2007) e os efeitos no crescimento de plantas podem ser notados em doses muito baixas em plantas sensíveis (OLIVEIRA Jr., 2011), como tomateiro, alface e 25 pepino (NASCIMENTO & YAMASHITA, 2009), algodão, uva e fumo (CONSTANTIN et al., 2007a; OLIVEIRA Jr. et al., 2007; CONSTANTIN et al., 2007b). Em baixas concentrações, os herbicidas auxínicos possuem propriedades hormonais semelhantes às auxinas naturais, que são importantes para o alongamento celular, controle do crescimento lateral e formação celular (MARCHI et al., 2008). Entretanto, quando a concentração aumenta, causa várias anomalias em dicotiledôneas sensíveis (KELLEY & REICHERS, 2007), como tumores e engrossamento do caule e raízes, formação de gemas múltiplas e hipertrofia das raízes laterais e crescimento desorganizado, epinastia das folhas e retorcimento do caule (DEUBER, 2003; ROMAN et al., 2007; OLIVEIRA Jr, 2011). Esses sintomas foram observados por Constantin et al. (2007a) avaliando efeito de deriva de herbicidas auxínicos em algodoeiro, que manifestaram sintomas de encarquilhamento das folhas mais novas, arroxeamento de folhas e caules e epinastia dos pecíolos. Observaram também, o amarelecimento e necrose e queda dos botões florais, principalmente nas doses mais altas do herbicida. Ainda, ocorreram rachaduras no caule, engrossamento da raiz principal e da base do caule, demonstrando desenvolvimento anormal do sistema vascular. A redução da parte aérea de plantas de tomateiro com o aumento da concentração de picloram corroboram os resultados obtidos por Nascimento & Yamashita (2009) que avaliando o desenvolvimento inicial de olerícolas em substrato contaminado com subdoses de picloram + 2,4-D, verificaram redução de 79 e 75% na altura de plantas de tomateiro e pepino, respectivamente. D’Antonino et al. (2012) também verificaram esse comportamento, com redução de até 88% na altura de mudas de café cultivadas em Latossolo Vermelho-Amarelo contaminado com 160 g ha-1 de picloram. Ainda, Carmo et al. (2008), estudando a influência do período de cultivo de Panicum maximum (cultivar tanzânia) na fitorremediação de solo contaminado com picloram, observaram redução na altura de plantas de soja e tomateiro cultivadas em Latossolo Vermelho eutroférrico contaminados o princípio ativo. 26 Em plantas cultivadas em substrato contaminado com picloram, pode ocorrer transporte do herbicida via floema, acumulando-se nas regiões meristemáticas, provocando efeitos como inibição da divisão celular e paralização do crescimento (TU et al., 2001; SENSEMAN, 2007; OLIVEIRA Jr, 2011). Fato este que pode ter ocorrido no presente trabalho nas concentrações acima de 75% no Latossolo, proporcionando menor comprimento de parte aérea de tomateiro. O incremento no comprimento da parte aérea de plantas com o decorrer do tempo de exposição do solo às condições ambientais do norte do Mato Grosso pode estar relacionada com o processo dedissipação da molécula de picloram no solo. Acredita-se que o fator que mais contribui para este processo seria a elevada precipitação pluviométrica. D’Antonino et al. (2009a) também afirmaram que a elevada precipitação pluviométrica foi o fator que contribuiu para a baixa persistência de picloram em Argissolo franco-argiloarenoso, não apresentando sintomas de intoxicação em Cucumis sativus após 150 dias da aplicação do herbicida. Ainda, Assis et al. (2010), estudando a ação de Eleusine coracana na fitorremediação de solos contaminados com picloram, concluíram que lâminas de reposição de água evaporada elevada, acima de 90% auxilia na remediação do solo, diminuindo a fitointoxicação de picloram em soja. 27 Figura 6. Comprimento da parte aérea (CPA) de tomateiro em função da concentração de picloram + fluroxypyr, em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), em quatro épocas de avaliação. Alta Floresta – MT, 2014. 28 Figura 7. Comprimento de parte aérea (CPA) de tomateiro em função da época de avaliação, em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), contaminado com quatro concentrações de picloram + fluroxypyr. Alta Floresta – MT, 2014. 29 Figura 8. Comprimento da parte aérea (CPA) de tomateiro em função da concentração de picloram + 2,4-D, em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), em quatro épocas de avaliação. Alta Floresta – MT, 2014. 30 Figura 9. Comprimento de parte aérea (CPA) de tomateiro em função da época de avaliação, em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), contaminado com quatro concentrações de picloram + 2,4D. Alta Floresta – MT, 2014. 31 O diâmetro de caule do tomateiro cultivado em Latossolo e Neossolo diminuiu com o aumento da concentração de picloram + fluroxypyr. Quando semeado logo após a aplicação do herbicida, houve redução de 31% no diâmetro de caule, comparando a testemunha com a maior concentração do herbicida em Neossolo. No Latossolo, o herbicida reduziu significativamente o diâmetro nas concentrações superiores a 50%. Após 60 dias de exposição, ocorreu redução linear para ambos os solos, reduzindo em 32% e 24%, atingindo valores de 0,73 e 0,78 mm em Latossolo e Neossolo, respectivamente (Figura 10). Aos 120 DAA, observou-se aumento no diâmetro de caule até a concentração de 29%, atingindo 1,34 mm, com posterior redução até o valor de 0,46 mm, na maior concentração do herbicida. Neste período, não ocorreu alteração no diâmetro de caule do tomateiro cultivado sobre Neossolo contaminado com diferentes concentrações, apresentando diâmetro médio de 1,15 mm (Figura 10). Após 240 dias de exposição, houve incremento do diâmetro até as concentrações de 36% e 64%, com as plantas atingindo diâmetro de 1,11 e 1,07 mm quando cultivadas em Latossolo e Neossolo, respectivamente, e redução de 69% e 14% até a concentração de 100%, chegando a 0,34 e 0,92 mm de diâmetro, respectivamente (Figura 10). Independentemente da época de avaliação, não foi observado modificação significativa no diâmetro de caule das plantas cultivadas em Latossolo contaminado com a concentração de 25% de picloram + fluroxypyr, apresentando um diâmetro médio de 1,19 mm. Para plantas cultivadas em Neossolo contaminado com a mesma concentração, diferença de diâmetro aos 240 DAA foi de somente 2% inferior à primeira avaliação (Figura 11). Nas concentrações de 50% e 75%, as épocas de avaliação não interferiram no diâmetro de caule, apresentando diâmetro médio de 0,99 e 0,97 mm, respectivamente. Nas mesmas concentrações, com o aumento do tempo de exposição do solo, houve incremento de diâmetro da parte de caule das plantas cultivadas em Latossolo, apresentando diâmetro médio de 1,04 mm e 0,95 mm, respectivamente, aos 240 DAA (Figura 11). Na concentração de 100%, para ambos os solos, verificou-se aumento no diâmetro de parte aérea com o decorrer do tempo de exposição, 32 com ponto de máxima aos 135 e 158 DAA para Latossolo e Neossolo respectivamente. Porém aos 240 DAA, as plantas cultivadas em Neossolo, apresentaram diâmetro 234,48% superior às cultivadas em Latossolo (Figura 11). O comportamento das concentrações de picloram + 2,4-D em cada época de avaliação (Figura 12) foram semelhantes às observadas nos solos contaminados por picloram + fluroxypyr (Figura 10). Em solo contaminado com picloram + 2,4-D, com o decorrer do período de exposição, houve aumento no diâmetro de caule de plantas em todas as concentrações para ambos as classes de solo, exceto na concentração de 25%, onde não ocorreu efeito significativa para Neossolo, apresentando diâmetro médio de 0,96 mm. Nas concentrações de 50% e 75%, Latossolo e Neossolo apresentaram comportamento semelhante, chegando aos 240 DAA com diâmetro de 0,99 mm de diâmetro de caule para ambos os solos com a metade da concentração recomendada e na concentração de 75%, o as plantas cultivadas em Neossolo apresentaram diâmetro 14% superior às cultivadas em Latossolo no mesmo período. Na dosagem recomendada, essa diferença aumentou para 28% aos 240 DAA (Figura 13). Diferentemente deste trabalho, D’Antonino et al. (2012) verificaram que concentrações crescentes de picloramem Latossolo Vermelho-Amarelo provocaram aumento no diâmetro de caule de cafeeiro. Os mimetizadores de auxinas induzem, em espécies não seletivas, intensa proliferação celular em tecidos, o que causa a interrupção do floema, formando calos e engrossamento das gemas terminais, impedindo o movimento dos fotoassimilados das folhas ao sistema radicular (SILVA et al., 2007). 33 Figura 10. Diâmetro da parte aérea (DPA) de tomateiro em função da concentração de picloram + fluroxypyr , em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), em quatro épocas de avaliação. Alta Floresta – MT, 2014. 34 Figura 11. Diâmetro de parte aérea (DPA) de tomateiro em função da época de avaliação, em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), contaminado com quatro concentrações de picloram + fluroxypyr. Alta Floresta – MT, 2014. 35 Figura 12. Diâmetro da parte aérea (DPA) de tomateiro em função da concentração de picloram + 2,4-D, em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), em quatro épocas de avaliação. Alta Floresta – MT, 2014. 36 Figura 13. Diâmetro de parte aérea (DPA) de tomateiro em função da época de avaliação, em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), contaminado com quatro concentrações de picloram + 2,4-D. Alta Floresta – MT, 2014. 37 Na primeira época de avaliação, com o aumento da concentração de picloram + fluroxypyr, houve redução do comprimento de raiz de plantas, para ambos os solos, no entanto, o efeito foi mais pronunciado em Latossolo, onde as concentrações superiores a 50% da dose recomendada causaram a morte da planta; enquanto que em Neossolo, houve redução de apenas 34% na maior concentração (Figura 14). Aos 60 DAA, o aumento da concentração deste herbicida não influenciou no comprimento de raiz para as plantas semeadas em Neossolo, permanecendo com comprimento médio de 10,88 cm. Mas nas plantas cultivadas em Latossolo, houve redução de 26% na concentração de 100%, em comparação com a testemunha (Figura 14). Com 120 dias de exposição às intempéries climáticas, ocorreu crescimento das raízes em Latossolo até a concentração de 36% do herbicida, chegando a 13,61 cm, a partir da qual, houve redução de 82% até a concentração máxima, com comprimento de raiz de 2,43 cm. Já no Neossolo, ocorreu crescimento das raízes em 29% até a concentração de 53% do herbicida, reduzindo 17% até a maior concentração, com raízes medindo 6,13 cm. Para picloram + fluroxypyr, aos 240 DAA, não se observou redução significativa do comprimento de raiz do tomateiro semeado em Neossolo, mantendo-se uma média de 9,01 cm. Em Latossolo, houve um aumento de 25% no comprimento de raiz até a concentração de 32% do herbicida, a partir desta concentração, sofreu redução de 88% até a maior concentração. Analisando-se cada concentração em relação ao tempo de exposição do solo, observa-se que não houve influência no comprimento de raiz em plantas cultivadas em Neossolo contaminado com 25% da dose. Nas demais concentrações, houve crescimento linear do comprimento de raízes do tomateiro cultivado nesta classe de solo, com aumento de 60%, 50% e 39% no comprimento de raízes nas concentrações de 50%, 75% e 100%, respectivamente, após 240 dias (Figura 15). O comprimento das raízes do tomateiro cultivado em Latossolo contaminado picloram + fluroxypyr na concentração de 25% aumentou em 60% (5,0 cm) após 240 dias de exposição do solo, apresentando comprimento de 38 raiz 56% superior às plantas cultivadas em Neossolo contaminado com a mesma concentração (Figura 15). Após 240 dias de exposição do solo às condições ambientais, houve incremento de 11,27; 6,38 e 2,81 cm no comprimento de raiz de plantas cultivadas em Latossolo contaminado com o herbicida nas concentrações de 50, 75 e 100% respectivamente. Resultados semelhantes foram observados para picloram + 2,4-D, nas diferentes épocas de semeadura (Figura 16). Na concentração 25%, plantas cultivadas em Neossolo mantiveram um comprimento radicular médio de 8,52 cm, no período de 240 dias. Em Latossolo, com o decorrer do tempo, houve aumento no comprimento de raiz de aproximadamente 9,38 cm, superando em 61,74% às cultivadas em Neossolo (Figura 17). Aos 240 DAA, plantas cultivadas em Latossolo apresentaram crescimento de 10,56 e 5.85 cm no comprimento de raiz nas concentrações de 50 e 75% respectivamente. Em Neossolo, esse crescimento foi de 7,35 e 7,73 cm nas mesmas concentrações. Na maior concentração, o comprimento radicular de tomateiro no Latossolo aos 240 DAA, foi de apenas 2,02 cm, enquanto que em Neossolo, as plantas obtiveram raízes quase 4 vezes (287%) maiores (Figura 17). D’Antonino et al. (2012) estudando o desenvolvimento de plantas de café em solo contaminado com picloram, observaram queda de até 80% no teor de matéria seca das raízes de plantas cultivadas em Latossolo VermelhoAmarelo, com resíduos de 160 g ha-1, em comparação ao solo sem aplicação. A redução no comprimento radicular de plantas cultivadas em Latossolo em função do aumento da concentração dos herbicidas pode estar relacionada com a diminuição da rigidez da parede celular da raiz em contato com o picloram. Silva et al. (2007), relataram que após a aplicação de herbicidas auxínicos em plantas sensíveis, ocorreu rápido e significativo aumento da enzima celulase, especialmente da carboximetilcelulase (CMC) principalmente nas raízes, diminuindo a rigidez da parece celular, destruindo rapidamente o sistema radicular de plantas suscetíveis. 39 Figura 14. Comprimento de raiz (C Raiz) de tomateiro em função da concentração de Picloram + fluroxypyr , em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), em quatro épocas de avaliação. Alta Floresta – MT, 2014. 40 Figura 15. Comprimento de raiz (C Raiz) de tomateiro em função da época de avaliação, em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), contaminado com quatro concentrações de picloram + fluroxypyr. Alta Floresta – MT, 2014. 41 Figura 16. Comprimento de raiz (C Raiz) de tomateiro em função da concentração de picloram + 2,4-D, em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), em quatro épocas de avaliação. Alta Floresta – MT, 2014. 42 Figura 17. Comprimento de raiz (C Raiz) de tomateiro em função da época de avaliação, em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), contaminado com quatro concentrações de picloram + 2,4-D. Alta Floresta – MT, 2014. 43 A massa seca de plantas de tomateiro semeadas logo após a aplicação (primeira avaliação) reduziu com o aumento da concentração de picloram + fluroxypyr. A massa seca de plantas cultivadas em Neossolo aumentou 24% até a concentração de 37% deste herbicida, reduzindo em 57% até a máxima concentração, com plantas apresentando 0,012 g de matéria seca. Em Latossolo, concentrações do herbicida acima de 75% provocaram a morte da planta (Figura 18). Com 60 DAA, as concentrações não influenciaram o teor de matéria seca de tomateiro para ambos os solos, mas as plantas cultivadas em Neossolo apresentaram peso seco de 89% superior às em Latossolo. Passados 120 dias após a aplicação do herbicida, as doses não influenciaram no teor de matéria seca de tomateiro cultivado em Neossolo, cujo peso seco médio foi de 0,022 g. Em Latossolo, ocorreu redução de aproximadamente 83% no peso seco das plantas em relação à testemunha (Figura 18). Comparando o solo sem contaminação com a maior concentração aplicada, aos 240 DAA, observou-se redução do peso seco de plantas em 32% para Latossolo, e aumento de 18% em Neossolo. Comparando os dois solos contaminados com a dose recomendada de picloram + fluroxypyr, as plantas cultivadas em Neossolo superaram em 110% o peso seco das cultivadas em Latossolo (Figura 18). Na concentração de 25% de picloram + fluroxypyr, houve redução no peso seco de plantas de 15% e 28% em Latossolo e Neossolo respectivamente no período de 240 dias de exposição. No mesmo período, na concentração de 50%, para as plantas cultivadas em Latossolo apresentaram incremento de 0,018 g. Para Neossolo, ocorreu crescimento de 28% até os 115 DAA, tornando a reduzir o peso em 26% aos 240 DAA. Ainda, o peso seco de plantas foi 13% maior em Latossolo do que em Neossolo (Figura 19). Ocorreu incremento linear no peso seco de plantas cultivadas em Latossolo contaminado com a concentração de 75%, atingindo 0,023 g aos 240 DAA. Neste período, houve aumento de 57% no peso seco do tomateiro cultivado em Neossolo. Na maior concentração, depois de 240 dias da aplicação do herbicida, as plantas cultivadas em Neosolo apresentaram peso 48% vezes superior em relação à primeira avaliação, atingindo peso seco de 44 0,02 g por planta, enquanto que em Latossolo, as plantas apresentaram peso seco inferior a 0,005 gramas na ultima avaliação (Figura 19). A massa seca de plantas cultivadas em Neossolo contaminado com picloram + 2,4-D diminuiu 23% com o aumento da concentração do herbicida, enquanto que em Latossolo, essa redução foi de 56%. Na concentração de 100% o a massa seca de plantas de tomateiro foi 122% maior em Neossolo se comparado com Latossolo (Figura 20). Esses resultados corroboram com os verificados por Carmo et al. (2008), que observaram redução no acúmulo de matéria seca de soja e tomateiro cultivados em Latossolo Vermelho eutroférrico contaminado com picloram. Os mesmos autores ainda concluíram que com aumento do período de cultivo de Panicum maximum cv. Tanzânia neste solo, reduziu o efeito fitotóxico, proporcionando bom desenvolvimento da soja e do tomateiro a partir dos 60 dias, quando o nível de contaminação não excedeu 80 g ha-1 de picloram. D’Antonino et al. (2009a) também observaram redução no acúmulo de matéria seca de plantas de milho cultivados em Argissolo com resíduos de picloram + 2,4-D. D’Antonino et al. (2012) observaram que o aumento da concentração do herbicida em Latossolo Vermelho-Amarelo provocou redução proporcional no teor de matéria seca de plantas, pois com aplicações 20, 40, 60 e 80 g ha-1do picloram neste solo causaram reduções de em 9, 41 76 e 86% respectivamente no peso seco das plantas de café. A redução no acúmulo de matéria seca em plantas submetidas a concentrações elevadas de picloram pode estar relacionada com a baixa translocação de subprodutos da fotossíntese pelo floema. As auxinas sintéticas induzem intensa divisão celular dos tecidos do cambio vascular e a formação de tumores no meristema intercalar (SILVA et al., 2007) causando epinastia de folhas e caule, além de interrupção (OLIVEIRA Jr, 2011) e destruição do floema (BIBIANO et al., 2012), impedindo o movimento dos fotoassimilados das folhas para o sistema radicular, provocando diminuição nas taxas de absorção de água e nutrientes via simplasto pelas raízes, causando desbalanço hídrico e nutricional, comprometendo o desenvolvimento normal das plantas (TAIZ & ZEIGER, 2004). 45 Outra possibilidade, é que a redução na massa seca de plantas analisadas foi causada por distúrbios na atividade fotossintética das plantas cultivadas na presença de picloram. De acordo com Pemadasa & Jeyaseelan (1976), herbicidas auxínicos induzem o fechamento de estômato e podem provocar distúrbios na atividade fotossintética e na respiração, diminuindo as taxas de crescimento da planta, e consequentemente o acúmulo de matéria seca. Avaliando a atividade fotossintética de plantas cultivadas em solo contaminado com picloram, Belo et al. (2011) verificaram redução na condutância estomática de Brachiaria decumbens, B. brizantha e Eleusine coracana com o aumento da concentração de picloram. A redução na condutância estomática pela presença do picloram pode ter induzido a produção de etileno na planta, estimulando a síntese de acido abscísico que se acumula inicialmente nas folhas e depois é translocado pela planta, atuando no fechamento dos estômatos (MERCIER, 2004), influenciando na redução da transpiração (TAIZ & ZEIRGER, 2004). O fechamento dos estômatos também reduz o influxo de CO 2 para o interior da câmara subestomática, diminuindo a taxa fotossintética (MERCIER, 2004), reduzindo consequentemente a massa de plantas pela menor conversão do CO2 em carbono orgânico. 46 Figura 18. Massa seca (MS) de plantas de tomateiro em função da concentração de picloram + fluroxypyr , em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), em quatro épocas de avaliação. Alta Floresta – MT, 2014. 47 Figura 19. Massa seca (MS) de plantas de tomateiro em função da época de avaliação, em Latossolo (La) e Neossolo (Ne), contaminado com quatro concentrações de picloram + fluroxypyr. Alta Floresta – MT, 2014. 48 Figura 20. Massa seca de plantas de tomateiro cultivada em Latossolo (La) e Neossolo (Ne) contaminados com picloram + 2,4-D. Alta Floresta – MT, 2014 De modo geral, á medida que a molécula de picloram sofre degradação nas condições ambientais da região norte de Mato Grosso, ocorre redução na fitointoxicação de plantas sensíveis à ação do herbicida. Após 240 dias, a concentração mais elevada dos herbicidas foi dissipada no solo com textura arenosa, não verificando efeito tóxico do herbicida em tomateiro. Entretanto, aos 240 dias após a aplicação houve presença de resíduos de picloram que comprometeram o desenvolvimento do tomateiro em Latossolo, corroborando com os estudos realizados por Santos et al. (2006), Silva et al. (2007) e Deuber & Corte-Real (1986). Porém, Rodrigues & Almeida (2005) relatam que a meia-vida de picloram é de apenas 90 dias, enquanto Silva et al. (2012) observaram que a meia vida de picloram é de 151 dias. Assim, é importante ressaltar que esse efeito prolongado do picloram esteja relacionado com as interações entre herbicida, solo e ambiente, pois sua taxa de degradação varia com as condições climáticas, com as características edáficas e com o período após a aplicação do herbicida, apresentando persistência diferenciada para cada tipo de solo em uma determinada região. 49 Conclusões De acordo com o desenvolvimento deste experimento, pode-se concluir que: A fitotoxidade de picloram é proporcional ao aumento da concentração do herbicida. A persistência de picloram é menor em solos arenosos do que em solos argilosos O picloram não provoca efeito tóxico no tomateiro após 240 dias da aplicação da dose recomendada em Nesossolo. Solos argilosos necessitam de mais tempo para a dissipação a molécula de picloram nas condições climáticas do norte do Mato Grosso. 50 Referências Bibliográficas ASSIS, R. L de; PROCÓPIO, S. O., CARMO, M. L. do; PIRES, F. R. CARGNELUTTI FILHO, A.; BRAS, G. B. 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O trabalho foi desenvolvido na UNEMAT, Campus Universitário de Alta Floresta-MT, em delineamento interamente casualizado, em esquema fatorial 2x5, com 4 repetições. Contaminou-se as classes de solo Latossolo e Neossolo com 0, 25, 50, 75 e 100% da dosagem recomendada do herbicida picloram + fluroxypyr e, deixando o solo exposto às intempéries climáticas. Aos 120 dias após a aplicação do herbicida, amostras de ambos os solos foram transferidas para recipiente plástico com capacidade de 0,5 L onde foram semeadas 10 sementes de tomateiro. 30 dias após a semeadura, secções transversais do caule e folha foram fixadas em FAA50, emblocadas em metacrilato, cortadas em micrótomo rotativo e coradas com azul de toluidina. Foram obtidas ilustrações por meio do capturador de imagens, acoplado ao fotomicroscópio Leica DMLB. Analizou-se a espessura dos tecidos do caule e folha. Os dados foram submetidos a análise de variância e regressão pelo programa estatístico Sisvar. Ocorreu hipertrofia, hiperplasia e plasmólise em tecidos do limbo foliar. No caule, houve aumento dos espaços intercelulares e achatamento das células do córtex e diminuição no diâmetro do cilindro vascular. Entre os dois solos utilizados observou-se alterações mais severas na anatomia do caule e folha de plântulas cultivadas em Latossolo. Palavras-Chave: Latossolo; Limbo foliar; Neossolo; Picloram; Tomateiro. 58 Abstract – The contamination by herbicides prolonged residual effect in the soil can cause anatomical changes of sensitive plants. In this context, the aim of this study was to investigate the anatomical changes in stem and leaf of tomato caused by increasing concentrations of picloram + fluroxypyr in two soil classes found in the Amazon region. The work was developed in UNEMAT, University Campus of Alta Floresta, MT, in DIC in 2x5 factorial arrangement with 4 replications. Contaminated up classes Oxisoil and Typic with 0, 25, 50, 75 and 100% of the recommended dose of herbicide picloram + fluroxypyr and exposing the soil to inclement weather. At 120 days after herbicide application, samples of both soils were transferred to plastic container with a capacity of 0,5 L where 10 tomato seeds were sown. 30 days after sowing, cross sections of the stem and leaf were fixed in FAA50, embedded in methacrylate were cut on a rotary microtome and stained with toluidine blue. Graphics were obtained through capturing images, coupled with the light microscope Leica DMLB. Analyzed the thickness of stem and leaf tissues. Data were subjected to analysis of variance and regression by Sisvar statistical program. Occurred hypertrophy, hyperplasia and plasmolysis in tissues of the leaf blade. In the stem, there was an increase in the intercellular spaces and flattening of the cells of the cortex and a decrease in the diameter of the vascular cylinder. Between the two soils was observed more severe changes in the anatomy of the stem and leaves of seedlings grown in Oxisol . Key-words: Leaf Blade, Oxisoil, Picloram, Tomato, Tipic. 59 Introdução A contaminação ambiental causada pela utilização indiscriminada de agrotóxicos tem gerado grandes preocupações, especialmente pelo uso de herbicidas que são aplicados em grande volume nos sistemas de produção agrícolas (BELO et al., 2011). Herbicidas de efeito residual prolongado apresentam elevada persistência no solo, exercendo influência marcante na eficácia do controle de plantas invasoras, mas podem acarretar problemas, como injúrias para as culturas em sucessão. Resíduos de herbicidas no solo têm sido responsáveis pela redução de produtividade das culturas. Alguns desses compostos como o picloram + 2,4-D apresentam período residual longo no solo, podendo gerar problemas para o desenvolvimento de espécies sensíveis (ROMAN et al., 2007), principalmente quando são cultivadas em áreas tratadas com esses produtos (SANTOS et al., 2006). Herbicidas do grupo químico das auxinas sintéticas ou herbicidas hormonais, dada sua similaridade estrutural com as auxinas naturais encontradas nas plantas, tem grande importância histórica devido ao seu uso como primeiro herbicida seletivo e como arma de guerra (“agente laranja”) no Vietnã (OLIVEIRA JR., 2011). Estes herbicidas são comumente utilizados em diversas culturas tanto anuais como perenes, para controle eficiente de plantas lenhosas e trepadeiras. Dentre os herbicidas registrados para pastagens no Brasil, destacam-se as misturas pré-formuladas de herbicidas deste grupo químico, especialmente picloram + 2,4-D e picloram + fluroxypyr (RODRIGUES & ALMEIDA, 2005). O picloram mata ou danifica plantas herbáceas dicotiledôneas anuais ou perenes e plantas arbustivas. Atua como auxina sintética, causando crescimento desordenado e descontrolado em plantas suscetíveis (TU et al., 2001), provoca distúrbios no metabolismo dos ácidos nucléicos, aumenta a atividade enzimática e destrói o floema, pode provocar alongamento celular, turgescência e rompimento das células. As raízes perdem sua habilidade de absorver água e nutrientes provocando esgotamento das reservas de energia da planta daninha e finalmente sua morte (BIBIANO et al., 2012). 60 Trabalhos sobre a influência de herbicidas na morfologia de plantas vêm sendo realizados no Brasil, como aplicação de trifuralin, pedimentalin e 2,4-D em Euphorbia heterophylla L. (DEUBER, et al., 1977), de lactofen em soja (DAMIÃO FILHO et al., 1992), de nicosulfurom em milho (MÔRO & FILHO, 1999), de glyphosate em eucalipito (SANTOS et al., 2008), de 2,4-D, diquat e glyphosate em Polygonum lapathifolium (COSTA et al., 2011), de quinclorac em capim-arroz (FERREIRA et al., 2012), entre outros. Trabalhos relacionando o efeito de herbicidas com a modificações anatômicas das plantas permitem a melhor avaliação das injúrias, além de fornecer informações sobre as mudanças na proporção dos tecidos de plantas aparentemente sadias, contribuindo com informações sobre sua estrutura interna. No entanto, há carência de informações referentes às modificações anatômicas provocadas por resíduos de herbicidas de efeito prolongado no solo sobre plantas sensíveis. Assim, o objetivo deste trabalho foi verificar as modificações anatômicas de caule e folha de plântulas de tomateiro provocadas por concentrações crescentes de picloram + fluroxypyr em duas classes de solo ocorrentes na região amazônica. 61 Material e Métodos O trabalho foi desenvolvido no município de Alta Floresta, localizado no extremo norte do Estado de Mato Grosso, situado nas coordenadas 09º52’18” de latitude Sul e 56º06’41” de longitude Oeste, com altitude de 280 m acima do nível do mar. O clima é do tipo Awi, segundo a classificação Köppen, tropical chuvoso com nítida estação seca. A temperatura varia entre 20 e 38 ºC, com média de 26 ºC. A precipitação pluviométrica encontra-se em torno de 2.400 mm ano-1, com umidade relativa média anual de 70% (FERREIRA, 2001). O trabalho foi realizado em área experimental pertencente à Universidade do Estado do Mato Grosso, Campus Universitário de Alta Floresta, onde, em diferentes classes de solo, foi avaliada a persistência de doses crescentes do herbicida Plenum®, cuja formulação contém picloram. Realizou-se a análise da interferência do herbicida sobre a anatomia do caule e folha de tomateiro em duas classes de solos diferentes: Latossolo Vermelho-Amarelo ácrico (LVAw) e Neossolo Quartzarênico órtico (QRo), cujas análises química e textural encontram-se na Tabela 1. Dessa maneira, constituiu-se o delineamento experimental inteiramente casualizado (DIC), em esquema fatorial 2x5 (2 classes de solo e 5 doses de herbicidas), com 4 repetições. TABELA 3. Análise química e textural de Latossolo e Neossolo, Alta Floresta – MT, 2014. Descrição da amostra pH MO P (mehl) -1 Ca Mg H+Al 0,8 4,6 dag kg Neossolo 4,9 1,87 1.2 0,03 0,4 Latossolo 5,7 1,93 3.3 0,06 1,5 0,6 0,0 2,9 SB t T V M Areia Argila Silte cmolC dm cmolC dm Al -3 H2O Descrição da amostra mg dm K -3 -3 0,2 % g Kg -1 Neossolo 0,60 1,43 5,2 12,3 51 690 244 66 Latossolo 2.20 2.16 5,0 43,2 0,0 273 578 149 Ambos os solos foram coletados em área de floresta, isenta da aplicação de herbicida. Realizou-se a limpeza da superfície do solo, retirando a 62 vegetação e a camada superficial de 5 cm. Após, o solo foi retirado com auxílio de pá e enxada e condicionados em bacidas plásticas com volume de 20 L. Depois, foram contaminados com quatro concentrações do herbicida proporcionalmente à recomendação para o controle de plantas daninhas em pastagem (2,5 L ha-1 de Plenum®) cuja formução contem 80 g L-1 (7,39% m m-1) do equivalente ácido de picloram. As concentrações foram: 25% (0,625 L ha-1), 50% (1,25 L ha-1), 75% (1,875 L ha-1) e 100% (2,5 L ha-1) de Plenum®, além do solo sem contaminação (testemunha). Para aplicação do herbicida, foi utilizado um pulverizador costal pressurizado a CO2, com pressão constante de 1,41 kgf m-², equipado com ponta contendo bico do tipo leque 80.05, proporcionando volume de 200 L ha-1 de calda, sendo incorporados manualmente imediatamente após à pulverização. As classes de solo contaminado ficaram expostas às condições naturais de variação climática, sendo submetidos a todas as intempéries que ocorreram no período experimental. A variação de temperatura, umidade e precipitação estão apresentadas na Figura 1. Aos 120 dias após a aplicação (DAA), foram retiradas amostras de solo, as quais foram usadas para preenchimento de vasos plásticos com capacidade de 0,5 L. Cada vaso representou uma unidade amostral. 63 Figura 21. Caracterização climática de Alta Floresta-MT no período de janeiro a julho de 2014. Fonte: Estação Meteorológica da UNEMAT, Campus Universitário de Alta Floresta. Em cada vaso, foram semeadas 10 sementes de tomateiro a 0,01 m de profundidade, sendo mantidos, posteriormente, em ambiente protegido para germinação e desenvolvimento das plântulas. As sementes foram previamente submetidas a teste padrão de germinação, segundo a metodologia descrita por Brasil (2009), apresentando média de germinação de 96%. Aos 30 das após a semeadura (DAS) foi retirada aleatoriamente uma planta por repetição de cada tratamento, que foi fixada em FAA50 (Formaldeído, ácido acético glacial e etanol 50%; 5:5:90 v/v), por 48 horas e posteriormente acondicionadas em etanol 70% (JOHANSEN,1940). Nas análises anatômicas, secções transversais na região do terço médio do caule e região mediana da folha foram obtidas através da inclusão das amostras em metacrilato (MEIRA & MARTINS, 2003). Os blocos foram cortados transversalmente em micrótomo rotativo de avanço automático, com a utilização de navalhas de aço descartáveis. Os cortes, com espessura de 8 μm, foram corados com azul de toluidina. Os cortes foram montadas entre lâminas e lamínulas em resina sintética Permount. As variáveis analisadas a partir das secções transversais do caule foram: espessura de epiderme, espessura do córtex e diâmetro do cilindro vascular. Já para as secções transversais da folha 64 foram analisadas a espessura do limbo foliar na região do feixe vascular central e diâmetro do feixe vascular central. As amostras foram analisadas em microscópio fotônico trinocular Leica ICC50 (Objetivas: 4x e 10x) acoplado a um computador e analisadas no software LAZ EZ V1.7.0. As caracterizaçãos anatômicas dos indivíduos estudados foram elencadas e mostradas em pranchas confeccionadas a partir das fotomicrografias. A mensuração dos tecidos do caule e folha foram obtidas a através de 5 medições em 5 diferentes cortes transversais de cada indivíduo, com auxilio do programa Anati Quanti 2® UFV (AGUIAR et al., 2007). Os dados foram submetidos à análise de variância pelo teste F e as variáveis para os fatores quantitativos, quando significativas, foram submetidas à análise de regressão utilizando o software Sisvar®, versão 5.3 (FERREIRA, 2011). 65 Resultados e Discussão Observou-se interação significativa entre os fatores solo e dose do herbicida sobre a anatomia do terço médio do caule e da região mediana da folha do tomateiro para todas as variáveis analisadas. Não ocorreu alteração da espessura da epiderme do caule de plântulas de tomateiro submetidas à Neossolo contaminado com concentrações crescentes de picloram + fluroxypyr, apresentando uma espessura média de 35,2 μm. Já em Latossolo, ocorreu redução de 28,6% na espessura da epiderme na maior concentração em comparação com a testemunha, atingindo valor de 27,5 μm (Figura 2, 3O). Observou-se redução de 34,8% na espessura do córtex de plântulas de tomateiro cultivadas em Latossolo contaminado com picloram + fluroxypyr até a concentração 58%, apresentando células parenquimáticas com dimensões menores e pouco espaço intercelular. A partir desta concentração, houve aumento de 27% na espessura do córtex, com a concentração de 100% apresentando redução de 17,4% em relação à testemunha (Figura 2, 3A-E). Nota-se também que plântulas cultivadas em solo desprovido de contaminação pelo herbicida apresentaram maior número de camadas de células corticais do que as plantas cultivadas em solo contaminado (Figura 3A-E). Ainda, as células corticais apresentaram parede celular sinuosa, com bastante espaço intercelular (Figura 3N). Em plantas cultivadas em Neossolo, observou-se incremento linear da espessura do córtex com o aumento da concentração do herbicida. Também as células apresentaram maior dimensão (Figura 3L) e houve aumento no número de camadas de células deste tecido nas maiores concentrações (Figura 2, 3F-J). O cilindro vascular do caule de plântulas do tomateiro, de maneira geral, apresentou quatro feixes colaterais isolados, separados por células parenquimáticas e fibras perivasculares, iniciando espessamento de parede (Figura 3M) . No entanto, com o aumento da concentração do herbicida, ocorreu o espessamento de 6,5% no diâmetro do cilindro vascular do caule de plântulas cultivadas em Latossolo contaminado até a concentração de 25% 66 (Figura 2), com maior número de células parenquimáticas de preenchimento e redução do tamanho e número de elementos de vascularização nos arcos (Figura 3A-C). Nas concentrações de 50, 75 e 100% ocorreu redução de 5,1%, 21,5% e 54,9% no diâmetro do cilindro vascular, respectivamente (Figura 2), com consequente redução no número e no diâmetro das células parenquimáticas (Figura 3D). As células xilemáticas e floemáticas ficam mais dispersas entre as células parenquimáticas e pouco percebe-se a presença de quatro feixes vasculares como nos caules das outras plântulas estudadas (Figura 3P). Além disso, ocorre diminuição aparente das fibras perivasculares (Figura 3A-E). As alterações anatômicas no caule das plântulas de tomateiro aqui estudadas podem estar relacionadas com o mecanismo de ação dos herbicidas hormonais que afetam o crescimento das plantas de maneira similar à auxina natural sendo, porém, mais persistentes e ativos (OLIVEIRA JR, 2011), com variação dos sintomas de acordo com a concentração (NASCIMENTO & YAMASHITA, 2009). Em baixas concentrações, os herbicidas auxínicos possuem propriedades hormonais semelhantes às auxinas naturais, que são importantes para o alongamento celular, controle do crescimento lateral e formação celular (MARCHI et al., 2008). Pode também estimular a síntese de proteínas, DNA e RNA, promovendo a divisão celular acelerada, proporcionando crescimento às plantas (TU et al, 2001), provocando alongamento celular devido à perda de rigidez da parede celular pelo incremento da síntese da enzima celulase e pela diminuição do potencial osmótico da célula provocado pelo acúmulo de proteínas (SILVA et al., 2007). Os efeitos no crescimento de plantas podem ser notados em doses muito baixas em plantas sensíveis (OLIVEIRA JR, 2011), como tomateiro, alface e pepino (NASCIMENTO & YAMASHITA, 2009), algodão, uva e fumo (CONSTANTIN et al., 2007a; OLIVEIRA JR et al., 2007; CONSTANTIN et al., 2007b). Esses efeitos foram observados nas células do córtex e do cilindro vascular de tomateiro cultivado em Neossolo contaminado com picloram + fluroxypyr, onde com o aumento da concentração do herbicida, houve aumento no tamanho das células corticais e intensa divisão das células parenquimáticas de preenchimento (Figura 3F-J). 67 Figura 22. Espessura da parede celular, espessura do córtex e diâmetro do cilindro vascular do caule de tomateiro em função da concentração de picloram + fluroxypyr em Latossolo (La) e Neossolo (Ne). Alta Floresta-MT, 2014. 68 Figura 3A-P. Corte transversal do terço médio do caule de plântulas de tomateiro semeadas 120 dias após a contaminação do substrato com concentrações de picloram + fluroxypyr. A= Latossolo 0%; B= Latossolo 25%; C= Latossolo 50%; D= Latossolo 75%; E= Latossolo 100%; F= Neossolo 0%; G= Neossolo 25%; H= Neossolo 50%; I= Neossolo 75%; J= Neossolo 100%. Barra = 200 μm (A-J) e 40 μm (L-P) 69 Entretanto, quando a concentração aumenta, causa várias anomalias em dicotiledôneas sensíveis (KELLEY & REICHERS, 2007), como tumores e engrossamento irregular do caule e raízes, formação de gemas múltiplas e hipertrofia das raízes laterais e crescimento desorganizado, epinastia das folhas e retorcimento do caule (DEUBER, 2003; ROMAN et al., 2007; OLIVEIRA JR, 2011). O que pode se observar em plantas cultivadas em Latossolo contaminado, que em concentrações menores houve espessamento do córtex e do cilindro vascular, mas com o aumento da toxidade pelo herbicida, ocorreu redução no tamanho e divisão celular desordenada nas células do cilindro vascular (Figura 3A-E). Com relação à anatomia da folha, é possível verificar que houve uma relação positiva entre concentração de picloram + fluroxypyr e a espessura do limbo foliar, chegando a 480 μm de espessura nas plântulas contaminadas com herbicida, valor 2,7 vezes superior a testemunha (Figura 4, 5A-E). Entretanto, ocorreu uma desorganização da estrutura interna da folha (Figura 5N) . As plântulas cultivadas em Latossolo desprovido de contaminação por picloram apresentaram epiderme unisseriada e intacta, parênquima paliçádico compacto, com células de tamanho regulares e parênquima lacunoso com pouco espaço intercelular e ausência de células colapsadas (Figura 5A, L). Com o aumento da concentração do herbicida, verificou aumento no espaço intercelular entre as células parenquimáticas, com parênquima paliçádico menos compactado ou ausência deste tecido (Figura 5O-P) e com células de tamanhos irregulares (Figura 5B-C, M). Nas concentrações mais elevadas, observou-se células bastante colapsadas, aumento do espaço intercelular, diminuição da espessura e até mesmo ausência do parênquima paliçádico. Nota-se também células com formatos distintos e irregulares no parênquima lacunoso (Figura 5D-E, O). As plântulas cultivadas em Neossolo apresentaram menor variação na espessura do limbo foliar, comparando com as cultivadas em Latossolo. Houve um acréscimo de 33% até a concentração de 50%, chegando a 281 μm, com redução de 73 μm até a maior concentração (Figura 4). Também, o aumento da concentração do herbicida provocou desorganização dos tecidos 70 internos da folha, com aumento dos espaços intercelulares no parênquima lacunoso e paliçádico, desenvolvimento anormal das células, desnaturação da parede celular e colapso de células parenquimáticas (Figura 5F-J, O), bem como, desestruturação da parede periclinal externa da epiderme na face adaxial (Figura 5I). Martin & Castro (1999), realizando estudos anatômicos de folhas de tomateiros tratados com diferentes reguladores vegetais verificaram aumento da espessura do limbo foliar em soluções contendo auxina. Ao estudar o efeito de quatro formulações de glyphosate sobre a estrutura foliar de seis clones de Eucaliptus grandis, Santos et al. (2008) verificaram que apesar de visualmente sadias, as folhas amostradas apresentaram alterações estruturais na nervura mediana e na região intermediária da folha, como parênquima lacunoso colapsado, rompimento da parede periclinal externa da epiderme, colapso de tecidos mais internos, como o colênquima subepidérmico, hipertrofia, hiperplasia e plasmólise. A espessura do feixe vascular na porção média, na nervura central da folha de tomateiro aumentou 108,7 μm até a maior concentração, tendo ponto de máxima espessura na concentração de 73% de picloram + fluroxypyr. Em Neossolo, ocorreu aumento de 55,7 μm até a concentração de 50% com redução de 54,2 μm até a maior dose. Esses resultados são semelhantes aos encontrados por Martin & Castro (1999), onde reguladores de crescimento contendo auxina provocaram aumento em altura e na largura do feixe vascular da nervura principal do terço mediano dos folíolos laterais, porém diminuiu o número de vasos do xilema. 71 Figura 23. Espessura do limbo foliar e diâmetro do feixe vascular central da folha de plântulas de tomateiro em função da concentração de picloram + fluroxypyr em Latossolo (La) e Neossolo (Ne). As modificações na espessura do limbo foliar são decorrentes das alterações na espessura da epiderme, no volume das células mesofílicas, no número de camadas de mesofilo, na quantidade de espaços intercelulares, na espessura das nervuras ou espessura da parede celular (MEZIANE & SHIPLEY, 1999), e que qualquer tipo de estresse, biótico ou abiótico, provocado por alterações ambientais, como o tipo de solo ou a contaminação do substrato por agroquímicos, podem modificar as características anatômicas das folhas das espécies cultivadas (FIGUEIREDO et al., 2013). 72 Figura 24A-P. Corte transversal do terço médio na região da nervura central da folha de plântulas de tomateiro semeadas 120 dias após a contaminação do substrato com concentrações de picloram + fluroxypyr. A= Latossolo 0%; B= Latossolo 25%; C= Latossolo 50%; D= 75%; E= Latossolo 100%; F= Neossolo 0%; G= Neossolo 25%; H= Neossolo 50%; I= Neossolo 75%; J= Neossolo 100%. Barra = 250 μm (A-J) e 50 μm (L-P). De maneira geral, a aplicação de picloram + fluroxypyr provocou alteração anatômica no caule e folha de tomateiro em ambos as classes de solo, comprovando a sensibilidade da espécie ao herbicida. No entanto os efeitos foram mais severos nas plantas cultivadas em Latossolo. 73 As alterações menos expressivas do herbicida verificadas em Neossolo pode estar relacionada com a elevada solubilidade do picloram em água. Como visto no Capítulo I, a fitointoxicação de plântulas de tomateiro por picloram + fluroxypyr aos 120 DAA (dias após a aplicação) do herbicida foi muito baixa nesta classe de solo quando comparado com as plantas cultivadas em Latossolo. Os Neossolos são solos de textura arenosa ou franco-arenosa, com baixa capacidade de agregação de partículas, condicionada por baixo teores de argila e de matéria orgânica. Também apresentam baixa capacidade de troca catiônica e consequentemente limitações na retenção e armazenamento de água, nutrientes e moléculas polares (SANTOS et al., 2013). A molécula de picloram apresenta baixa sorção, alta solubilidade em água e elevado potencial de lixiviação, podendo atingir aquíferos subterrâneos (BOVEY & RICHARDSON, 1991; PANG et al., 2000; CLOSE et al., 2003; SILVA et al., 2007; D'ANTONINO et al., 2009a). No período experimental ocorreu elevada precipitação pluviométrica (Figura 1), que pode ter lixiviando parte do picloram nesta classe de solo, reduzindo a disponibilidade do herbicida para absorção radicular e proporcionando menor fitointoxicação às plantas. Berisford et al. (2006) relatam que o picloram apresentou elevada mobilidade lateral e vertical, além de alta persistência em solos argilosos como os Latossolos, promovendo maior fitointoxicação às plantas. Isso pode explicar as alterações mais drásticas ocorrido nos tecidos foliares e caulinares de plântulas de tomateiro cultivadas em Latossolo contaminado com o herbicida. Devido à baixa sorção do herbicida e baixa retenção das partículas nos Neossolos, aliada a elevada precipitação pluviométrica da região, a disponibilidade da molécula do herbicida para absorção de plantas aos 120 DAA foi menor nesta classe de solo, diminuindo a fitointoxicação das plântulas e consequentemente alterações anatômicas menos visíveis. Também as maiores alterações observadas nos tecidos da folha pode estar relacionada com os processos do herbicida na planta. A molécula de picloram apresenta comportamento semelhante a auxina, e quando em concentrações elevadas, crescimento desordenado e descontrolado nos tecidos de plantas suscetíveis (TU et al., 2001), Também provoca distúrbios no 74 metabolismo dos ácidos nucléicos, aumentando a atividade enzimática e consequentemente destruição dos vazos floemáticos. Ainda provoca alongamento celular, turgescência e rompimento da parece celular e consequentemente, coalização das células (MACHADO et al., 2006), além de induzir o fechamento estomático e provocar alterações no balanço iônico das células, causando distúrbios na atividade fotossintética e respiração (PEMADASA & JEYASEELAN, 1976). Outro processo provocado pelos herbicidas auxínicos é o estímulo da produção do etileno nas plantas, estimulando a síntese do ácido abscísico, que se acumula inicialmente nas folhas e depois é translocado pela planta, atuando no fechamento estomático (MERCIER, 2004), reduzindo o influxo de CO2 para o interior da folha. O etileno promove a formação da celulase, reduzindo a resistência física da parede celular, proporcionando alongamento celular através do aumento da pressão interna da célula pela água condicionada pelo acúmulo de cálcio no citoplasma. (MACIER, 2004; MACHADO et al., 2006). Com o aumento no tamanho da célula, pode ocorrer obstrução dos feixes vasculares, reduzindo a translocação de água e fotoassimilados (BELO et al., 2011). Assim, as modificações anatômicas do caule são dependentes dos processos que a molécula do herbicida sofre ao ser translocada para a folha, caracterizando anomalias mais severas nos tecidos do limbo foliar. Vale ressaltar, que ainda não é possível afirmar que as alterações observadas na anatomia de caule e da folha são maléficas ao desenvolvimento e produção de tomateiro, uma vez que realizou-se a análise no estádio de plântula, não deixando-as completar o seu ciclo. Assim, seria interessante acompanhar as alterações anatômicas provocadas por picloram + fluroxypyr em todos os ciclos da planta. 75 Conclusões Nas condições experimentais deste estudo, pode-se concluir que: Ocorreram alterações na morfologia de caule e folha em todas as concentrações de picloram + fluroxypyr. As alterações foram mais severas em plantas cultivadas em Latossolo contaminado com picloram + fluroxypyr. Os tecidos do limbo foliar foram mais afetados pela ação de picloram + fluroxypyr. Independentemente da concentração do herbicida, as folhas das plântulas cultivadas em ambos os solos apresentaram hipertrofia, hiperplasia e plasmólise. 76 Referências Bibliográficas BELO, A. F.; COELHO, A. T. C. P.; TIRONI, S. P.; FERREIRA, E. A.; FERREIRA, L. R.; SILVA, A. A. Atividade fotossintética de plantas cultivadas em solo contaminado com picloram. Planta Daninha, v. 29, n. 4, p. 885-892, 2011. BERISFORD, Y. C.; BUSH, P. B.; TAYLOR JR, J.W. Leaching and persistence of herbicides for kudzu (Pueraria montana) control on pine regeneration sites. Weed Science, v. 54, n. 2, p. 391-400, 2006. BOVEY, R. W. RICHARDSON, C. W. Dissipation of clopyralid and picloram in soil and seep flow in the blacklands of Texas. Journal of Environmental Quality, v. 20, n. 3, p. 528-531, 1991. CLOSE, M. 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O Trabalho foi desenvolvido na UNEMAT, em Alta Floresta-MT, em DIC, em esquema fatorial 2x5, com 4 repetições. Contaminou-se as classes de solo Latossolo e Neossolo com 0, 25, 50, 75 e 100% da dosagem recomendada dos herbicidas picloram + 2,4-D e, deixando o solo exposto às intempéries climáticas. Aos 120 dias após a aplicação do herbicida, amostras de ambos os solos foram transferidas para recipiente plástico com capacidade de 0,5 L onde foram semeadas 10 sementes de tomateiro. 30 dias após a semeadura, secções transversais do caule e folha foram fixadas em FAA50, emblocadas em metacrilato, cortadas em micrótomo rotativo e coradas com azul de toluidina. Foram obtidas ilustrações por meio do capturador de imagens, acoplado ao fotomicroscópio Leica DMLB. Analizou-se a espessura dos tecidos do caule e folha. Os dados foram submetidos a análise de variância e regressão pelo programa estatístico Sisvar. Em Latossolo, ocorreu menor número de elementos de vascularização, diminuição das fibras, grande quantidade de células parenquimáticas, bem como células corticais de maior volume em todas as concentrações em relação as plantas cultivadas em Neossolo, que apresentaram células corticais mais achatadas, com espaços intercelulares conspícuos e cilindro vascular mais espesso, sem desorganização dos tecidos do limbo foliar e com pouquíssimas células parenquimáticas colapsadas. Palavras-Chave: Câmbio vascular, Herbicida, Latossolo, Neossolo, Tomateiro. 82 Abstract – Soil contamination by herbicides prolonged residual effect in the soil can cause anatomical changes of sensitive plants. In this context, the aim of this study was to investigate the anatomical changes in stem and leaf of tomato caused by increasing concentrations of picloram + 2,4- D in two soil classes found in the Amazon region. The work was developed in UNEMAT, University Campus of Alta Floresta - MT, in a completely randomized design (CRD) in a 2x5 factorial arrangement (2 classes of soil and 5 doses of herbicides), with 4 replicates. Contaminated itself the soil classes GF and QRO with 0, 25, 50, 75 and 100% of the recommended dose of herbicide picloram + 2,4-D and exposing the soil to inclement weather. At 120 DAA, samples of both soils were transferred to plastic with a capacity of 0,5 L where 10 tomato seeds were sown container getting affected for 30 days in a greenhouse. After this, the transverse period of the middle third of the stem and middle region of the leaf area FAA 50 sections were fixed, embedded in methacrylate were cut on a rotary microtome and stained with toluidine blue. So graphics were obtained through capturing images, coupled with the light microscope Leica DMLB. The variables analyzed were: thickness of the epidermis, cortex and vascular cylinder diameter of the stem and leaf thickness and vascular bundle of the leaf. Data were submitted to analysis of variance and regression by Sisvar statistical program. In the Oxisol, fewer elements vascularization, decreased fiber, lots of parenchyma cells and cortical cells of higher volume in all concentrations compared occurred plants grown in a sandy, which showed more flattened cortical cells with intercellular spaces conspicuous vascular cylinder and thicker without tissue disorganization of the leaf blade and with very few collapsed parenchyma cells. Key-words: Vascular exchange, Herbicide, Oxisol, Typic, Tomato. 83 Introdução A utilização de herbicidas no controle de plantas invasoras em pastagem tem contribuído de maneira substancial para a expansão da produção de bovinos, sendo uma alternativa eficaz e economicamente viável. Dentre os herbicidas registrados para pastagens no Brasil, destacam-se as misturas pré-formuladas de herbicidas do grupo químico das auxinas sintéticas como picloram + 2,4-D e picloram + fluroxypyr (RODRIGUES & ALMEIDA, 2005). Esses herbicidas apresentam similaridade estrutural com as auxinas naturais encontradas nas plantas (OLIVEIRA JR., 2011), e são comumente utilizados em diversas culturas tanto anuais como perenes, para controle eficiente de plantas lenhosas e trepadeiras (RODRIGUES & ALMEIDA, 2005). O picloram mata ou danifica plantas herbáceas dicotiledôneas anuais ou perenes e plantas arbustivas. Atua como auxina sintética, causando crescimento desordenado e descontrolado em plantas suscetíveis (TU et al., 2001), provoca distúrbios no metabolismo dos ácidos nucléicos, aumenta a atividade enzimática e destrói o floema, pode provocar alongamento celular, turgescência e rompimento das células. As raízes perdem sua habilidade de absorver água e nutrientes provocando esgotamento das reservas de energia da planta daninha e finalmente sua morte (BIBIANO et al., 2012). O picloram apresenta período residual longo no solo, exercendo influência marcante na eficácia do controle de plantas invasoras, mas pode acarretar em problemas para o desenvolvimento de espécies sensíveis (ROMAN et al., 2007), como tomateiro, alface e pepino (NASCIMENTO & YAMASHITA, 2009), algodão, uva e fumo (CONSTANTIN et al., 2007a; OLIVEIRA JR et al., 2007; CONSTANTIN et al., 2007b), principalmente quando são cultivadas em áreas tratadas com esse produto (SANTOS et al., 2006). Entre os sintomas visuais causados por resíduo de picloram no solo, destacam-se a redução drástica na altura, retorcimento do caule e crescimento anormal das folhas (NASCIMENTO & YAMASHITA, 2009), encarquilhamento e o dobramento das bordas do limbo foliar, com posterior clorose e necrose das folhas e caules (SANTOS et al., 2013). 84 No entanto, há carência de informações referentes às modificações anatômicas provocadas por resíduos de herbicidas de efeito prolongado no solo sobre plantas sensíveis. Trabalhos relacionando o efeito de herbicidas com a modificações anatômicas das plantas permitem a melhor avaliação das injúrias, além de fornecer informações sobre as mudanças na proporção dos tecidos de plantas aparentemente sadias, contribuindo com informações sobre sua estrutura interna. A influência de herbicidas na morfologia de plantas vêm sendo realizados no Brasil, como aplicação de trifuralin, pedimentalin e 2,4-D em Euphorbia heterophylla L. (DEUBER, et al., 1977), de lactofen em soja (DAMIÃO FILHO et al., 1992), de nicosulfurom em milho (MÔRO & FILHO, 1999), de glyphosate em eucalipito (SANTOS et al., 2008), de 2,4-D, diquat e glyphosate em Polygonum lapathifolium (COSTA et al., 2011), de quinclorac em capim-arroz (FERREIRA et al., 2012), entre outros. Assim, o objetivo deste trabalho foi verificar as modificações anatômicas de caule e folha do tomateiro provocadas por concentrações crescentes de picloram + 2,4-D em duas classes de solo ocorrentes na região amazônica. 85 Material e Métodos O trabalho foi desenvolvido no município de Alta Floresta, localizado no extremo norte do Estado de Mato Grosso, situado nas coordenadas 09º52’18” de latitude Sul e 56º06’41” de longitude Oeste, com altitude de 280 m acima do nível do mar. O clima é do tipo Awi, segundo a classificação Köppen, tropical chuvoso com nítida estação seca. A temperatura varia entre 20 e 38 ºC, com média de 26 ºC. A precipitação pluviométrica encontra-se em torno de 2.400 mm ano-1, com umidade relativa média anual de 70% (FERREIRA, 2001). O trabalho foi realizado em área experimental pertencente à Universidade do Estado do Mato Grosso, Campus Universitário de Alta Floresta, onde, em diferentes classes de solo, foi avaliada a persistência de doses crescentes do herbicida Tordon®, cuja formulação contém picloram. Realizou-se a análise da interferência do herbicida sobre a anatomia do caule e folha de tomateiro em duas classes de solos diferentes: Latossolo Vermelho-Amarelo ácrico (LVAw) e Neossolo Quartzarênico órtico (QRo), cujas análises química e textural encontram-se na Tabela 1. Dessa maneira, constituiu-se o delineamento experimental inteiramente casualizado (DIC), em esquema fatorial 2x5 (2 classes de solo e 5 doses de herbicidas), com 4 repetições. TABELA 1. Análise química e textural de Latossolo e Neossolo, Alta FlorestaMT, 2014. Descrição da amostra pH MO P (mehl) -1 Ca Mg H+Al 0,8 4,6 dag kg Neossolo 4,9 1,87 1.2 0,03 0,4 Latossolo 5,7 1,93 3.3 0,06 1,5 0,6 0,0 2,9 SB t T V M Areia Argila Silte cmolC dm cmolC dm Al -3 H2O Descrição da amostra mg dm K -3 -3 0,2 % g Kg -1 Neossolo 0,60 1,43 5,2 12,3 51 690 244 66 Latossolo 2.20 2.16 5,0 43,2 0,0 273 578 149 Ambos os solos foram coletados em área de floresta, isenta da aplicação de herbicida. Realizou-se a limpeza da superfície do solo, retirando a 86 vegetação e a camada superficial de 5 cm. Após, o solo foi retirado com auxílio de pá e enxada e condicionados em bacidas plásticas com volume de 20 L. Depois, os solos foram contaminados com quatro concentrações do herbicida proporcionalmente à recomendação para o controle de plantas daninhas em pastagem (4,0 L ha-1 de Tordon®) cuja formução contém 64 g L-1 (6,40% m m-1) do equivalente ácido do picloram. As concentrações foram: 25% (1,0 L ha-1), 50% (2,0 L ha-1), 75% (3,0 L ha-1) e 100% (4,0 L ha-1) de Plenum®, além do solo sem contaminação (testemunha). Para aplicação do herbicida, foi utilizado um pulverizador costal pressurizado a CO2, com pressão constante de 1,41 kgf m-², equipado com ponta contendo bico do tipo leque 80.05, proporcionando volume de 200 L ha -1 de calda, sendo incorporados manualmente imediatamente após à pulverização. As classes de solo contaminado ficaram expostas às condições naturais de variação climática, sendo submetidos a todas as intempéries que ocorreram no período experimental. A variação de temperatura, umidade e precipitação estão apresentadas na Figura 1. Aos 120 dias após a aplicação (DAA), foram retiradas amostras de solo, as quais foram usadas para preenchimento de vasos plásticos com capacidade de 0,5 L. Cada vaso representou uma unidade amostral. Em cada vaso, foram semeadas 10 sementes de tomateiro a 0,01 m de profundidade, sendo mantidos, posteriormente, em ambiente protegido para germinação e desenvolvimento das plântulas. As sementes foram previamente submetidas a teste padrão de germinação, segundo a metodologia descrita por Brasil (2009), apresentando média de germinação de 96%. Aos 30 das após a semeadura (DAS) foi retirada aleatoriamente uma planta por repetição em cada tratamento, que foi fixada em FAA50 (Formaldeído, ácido acético glacial e etanol 50%; 5:5:90 v/v), por 48 horas e acondicionadas em etanol 70% (JOHANSEN, 1940). 87 Figura 1. Caracterização climática de Alta Floresta – MT no período de janeiro a junho de 2014. Fonte: Estação Meteorológica da UNEMAT, Campus Universitário de Alta Floresta. Nas análises anatômicas, secções transversais na região do terço médio do caule e região mediana da folha foram obtidas através da inclusão das amostras em metacrilato (MEIRA & MARTINS, 2003). Os blocos foram cortados transversalmente em micrótomo rotativo de avanço automático, com a utilização de navalhas de aço descartáveis. Os cortes, com espessura de 8 μm, foram corados com azul de toluidina. As lâminas foram montadas entre lâminas e lamínulas em resina sintética Permount. As variáveis analisadas a partir das secções transversais do caule foram: espessura de epiderme, espessura do córtex e diâmetro do cilindro vascular. Já para as secções transversais da folha foram analisadas a espessura do limbo foliar na região do feixe vascular central e diâmetro do feixe vascular central. As amostras foram analisadas em microscópio fotônico trinocular Leica ICC50 (Objetivas: 4x e 10x) acoplado a um computador e analisadas no software LAZ EZ V1.7.0. A caracterização anatômica dos indivíduos estudados foram elencadas e mostradas em pranchas confeccionadas a partir das fotomicrografias. A mensuração dos tecidos do caule e folha foram obtidas a através de 5 medições em 5 diferentes cortes transversais de cada indivíduo, com auxilio do programa Anati Quanti 2® UFV (AGUIAR et al., 2007). 88 Os dados foram submetidos à análise de variância pelo teste F e as variáveis para os fatores quantitativos, quando significativas, foram submetidas à análise de regressão utilizando o software Sisvar®, versão 5.3 (FERREIRA, 2011). 89 Resultados e Discussão Ocorreu efeito significativo da interação entre os fatores solo e dose do herbicida para espessura do córtex e diâmetro do cilindro vascular do caule, bem como para espessura do limbo foliar e do feixe vascular da folha. Não ocorreu significância para os fatores isolados e nem para a interação entre os fatores para a variável espessura da epiderme do caule. O terço médio do caule das plântulas de tomateiro, de maneira geral, apresentou uma camada de células epidérmicas achatadas e justapostas, córtex com seis camadas de células parenquimáticas de formato arredondado e com espaço intercelular e cilindro vascular com quatro feixes colaterais isolados, separados por células parenquimáticas e fibras perivasculares iniciando espessamento de parede (Figura 2A-J, L). Ocorreu incremento de 34,8% na espessura do córtex do caule de plântulas de tomateiro cultivadas em Latossolo contaminado com a concentração de 50% de picloram + 2,4-D, atingindo espessura máxima de 403,6 μm, com posterior redução de 29,5% até a maior concentração. O mesmo comportamento foi verificado para as plântulas cultivadas em Neossolo, onde tiveram aumento de 28,7%, atingindo a espessura de 315,6 μm na metade da concentração recomendada, a partir da qual reduziu 26,3%, chegando a 232,6 μm na maior concentração. Também, a espessura do córtex de plantas cultivadas em Latossolo foi maior em todas as concentrações do herbicida em relação às cultivadas em Neossolo (Figura 3). Visualmente, nota-se aumento no diâmetro do córtex até a concentração de 50% do herbicida no caule de plântulas cultivadas em ambos os solos, com redução de tamanho nas concentrações subsequentes (Figura 2A-E, F-J). Na concentração de 50% do herbicida as células do córtex apresentam formato arredondado e poucos espaços intercelulares. Observa-se ainda, que as plantas cultivadas em Latossolo, apresentaram células corticais de maior volume em todas as concentrações (Figura 2M) em relação às cultivadas em Neossolo, que apresentaram células mais achatadas e com espaços intercelulares conspícuos (Figura 2N). Na maior concentração, ocorreu redução do nas células parenquimáticas, que apresentaram paredes celulares sinuosas, com mais espaços intercelulares (Figura 2P). 90 Figura 25A-P. Corte transversal do terço médio de caule de plântulas de tomateiro semeadas 120 dias após a contaminação do substrato com concentrações de picloram + 2,4-D. A= Latossolo 0%; B= Latossolo 25%; C= Latossolo 50%; D= Latossolo 75%; E= Latossolo 100%; F= Neossolo 0%; G= Neossolo 25%; H= Neossolo 50%; I= Neossolo 75%; J= Neossolo 100%. Barra= 200 μm (A-J) e 40 μm (L-P). 91 Figura 3. Espessura do córtex e diâmetro do cilindro vascular do caule de plântulas de tomateiro em função da concentração de picloram + 2,4-D em Latossolo (La) e Neossolo (Ne). Alta Floresta-MT, 2014. Analisando a influência da concentração de picloram + 2,4-D nos aspectos anatômicos do cilindro vascular, observa-se que até a concentração de 40% do herbicida, ocorreu aumento de 25% e 9,7% no diâmetro do cilindro vascular das plantas cultivadas em Latossolo e Neossolo respectivamente, atingindo diâmetro máximo de 624,75 e 700,69 μm. Em concentrações superiores a 40%, houve redução do diâmetro do cilindro vascular em 45,1% e 17,7%, respectivamente. Também, as plantas cultivadas em Neossolo apresentaram cilindro vascular mais espesso e menor alteração em seu diâmetro quando comparada com as cultivadas em Latossolo (Figura 3). Nas fotomicrografias do caule, observa-se aumento das fibras perivasculares e no diâmetro das células parenquimáticas, separando os feixes vasculares em Latossolo (Figura 2A-C). Nas concentrações elevadas, há 92 menor número de elementos de vascularização e diminuição das fibras, e grande quantidade de células parenquimáticas (Figura 2D-E). Já em Neossolo, ocorre nítido afastamento dos feixes vasculares, com aumento no volume das células parenquimáticas de preenchimento e multiplicação das fibras até a concentração de 50% do herbicida (Figura 2F-H, O), com colapso de células de condução xilemáticas e floemáticas (Figura 2H). Nas maiores concentrações, observou-se diminuição no número de células de condução, diminuição na quantidade e diâmetro de células do tecido fundamental que preenchem o cilindro vascular (Figura 2I-J). Comparando o caule das plântulas de tomateiro cultivadas nas duas classes de solo, observa-se achatamento das células corticais em Neossolo. Efeito notado principalmente nas células próximas ao cilindro vascular (Figura 2H-J), bem como afastamento dos feixes vasculares devido à maior quantidade e tamanho das células do parênquima fundamental de preenchimento (Figura 2A-E, F-J). Essas alterações anatômicas no caule nas plântulas de tomateiro podem estar relacionadas com o mecanismo de ação dos herbicidas hormonais que afetam o crescimento das plantas de maneira similar à auxina natural sendo, porém, mais persistentes e ativos (OLIVEIRA JR, 2011), com variação dos sintomas de acordo com a concentração (NASCIMENTO & YAMASHITA, 2009). Em baixas concentrações, os herbicidas auxínicos possuem propriedades hormonais semelhantes às auxinas naturais, que são importantes para o alongamento celular, controle do crescimento lateral e formação celular (MARCHI et al., 2008). Pode também estimular a síntese de proteínas, DNA e RNA, promovendo a divisão celular acelerada, proporcionando crescimento às plantas (TU et al., 2001), provocando alongamento celular devido à perda de rigidez da parede celular pelo incremento da síntese da enzima celulase e pela diminuição do potencial osmótico da célula provocado pelo acúmulo de proteínas (SILVA et al., 2007). E os efeitos no crescimento de plantas podem ser notados em doses muito baixas em plantas sensíveis (OLIVEIRA JR, 2011), como tomateiro, alface e pepino (NASCIMENTO & YAMASHITA, 2009), algodão, uva e fumo (CONSTANTIN et al., 2007a; OLIVEIRA Jr et al., 2007; CONSTANTIN et al., 2007b). 93 Esses efeitos foram observados nas células do córtex e do cilindro vascular de tomateiro cultivado em ambos os solos contaminado com picloram + 2,4-D, onde com o aumento da concentração do herbicida, houve aumento no tamanho das células corticais, intensa divisão das células parenquimáticas de preenchimento (Figura 2A-E; 3F-J). Entretanto, KELLEY & REICHERS (2007) relata que quando a concentração aumenta, causa várias anomalias em dicotiledôneas sensíveis, como tumores e engrossamento irregular do caule e raízes, formação de gemas múltiplas e hipertrofia das raízes laterais e crescimento desorganizado, epinastia das folhas e retorcimento do caule (DEUBER, 2003; ROMAN et al., 2007; OLIVEIRA JR, 2011). O que pode ser observado nas plântulas cultivadas neste trabalho com substrato contaminado, pois com o aumento da concentração do herbicida, ocorreu redução no tamanho e divisão celular desordenada nas células do cilindro vascular (Figura 2A-J), com colapso dos elementos de vascularização (Figura 2H). Já a folha das plântulas de maneira geral, possui epiderme unisseriada, com células justapostas e achatadas em ambas as faces. No entanto as células epidérmicas da face abaxial aumentam de tamanho, adquirindo formato arredondado próximo à nervura central (Figura 3M). O mesofilo é dorsiventral, com parênquima paliçádico compactado e parênquima lacunoso com pouco espaço intercelular. Na nervura central, ocorre um único feixe colateral, circundado por células esclerenquimáticas (Figura 4L). Observase também uma a duas camadas de colênquima próximos a epiderme abaxial (Figura 4M), sendo que esse número variável dependendo da dose da contaminação (Figura 4-J). A espessura do limbo foliar de plântulas de tomateiro submetidas à Latossolo contaminado com herbicida aumentou proporcionalmente à concentração de picloram + 2,4-D, com incremento de 184% naespessura da folha, atingindo 521 μm (Figura 5). No entanto, também ocorreu desorganização nos tecidos do limbo, com células do parênquima lacunoso apresentando diversas formas e crescimento irregular, amplos espaços intercelulares e células bastante colapsadas (Figura 4O-P). Também ocorreu desestruturação do paliçádico, com células desuniformes, colapsadas e com 94 parede celular com formato irregular, perdendo a característica compactada (Figura 4N). Figura 4A-P. Corte transversal do terço médio na região da nervura central da folha de plântulas de tomateiro semeadas 120 dias após a contaminação do substrato com concentrações de picloram + 2,4-D A= Latossolo 0%; B= Latossolo 25%; C= Latossolo 50%; D= Latossolo 75%; E= Latossolo 100%; F= Neossolo 0%; G= Neossolo 25%; H= Neossolo 50%; I= Neossolo 75%; J= Neossolo 100%. Barra= 250 μm (A-J) e 50 μm (L-P) As plantas cultivadas em Neossolo tiveram aumento de apenas 31% na espessura do limbo foliar na dosagem recomendada, com ponto de máximo 95 incremento próximo da concentração de 60% do herbicida (Figura 5). Nota-se que as células do mesofilo apresentaram maior dimensão, com aparecimento de espaços intercelulares. No entanto, diferentemente das plântulas cultivadas em Neossolo, não ocorreu desorganização dos tecidos do limbo foliar, com pouquíssimas células parenquimáticas colapsadas. (Figura 4F-J). Figura 26. Espessura limbo foliar e do feixe vascular da folha de plântulas de tomateiro em função da concentração de picloram + 2,4-D em Latossolo (La) e Neossolo (Ne). Alta floresta – MT, 2014. A espessura do feixe vascular da região mediana da folha de tomateiro decresceu 34% até a concentração de 40% de picloram + 2,4-D, aumentando 111% até a maior concentração, onde as plântulas apresentaram feixes vasculares 39,4% mais espessos em relação à testemunha, atingindo 199 μm de espessura (Figura 5). Em Neossolo, ocorreu aumento proporcional de 49,5% no diâmetro dos feixes vasculares, chegando a somente 80,1 μm de espessura na maior concentração. Como alteração anatômica do feixe vascular, é possível observar visualmente, aumento no número de elementos de condução do xilema e do 96 floema e fibras. Além de maior espaçamento entre os elementos de vascularização em plantas cultivadas em Latossolo (Figura 4A-E), e maior diâmetro dos vasos condutores das plantas cultivadas em Neossolo (Figura 4FJ). Esses resultados são semelhantes aos encontrados por Martin e Castro (1999), onde reguladores de crescimento contendo auxina provocaram aumento da espessura do limbo foliar, proporcionando maior altura e largura do feixe vascular da nervura principal do terço mediano dos folíolos laterais. Ao estudar o efeito de quatro formulações de glyphosate sobre a estrutura foliar de seis clones de Eucaliptus grandis, Santos et al. (2008) verificaram que apesar de visualmente sadias, as folhas amostradas apresentaram alterações estruturais na nervura mediana e na região intermediária da folha, como parênquima lacunoso colapsado, rompimento da parede periclinal externa da epiderme, colapso de tecidos mais internos, como o colênquima subepidérmico, hipertrofia, hiperplasia e plasmólise. As modificações na espessura do limbo foliar são decorrentes das alterações na espessura da epiderme, no volume das células mesofílicas, no número de camadas de mesofilo, na quantidade de espaços intercelulares, na espessura das nervuras ou espessura da parede celular (MEZIANE & SHIPLEY, 1999), e que qualquer tipo de estresse, biótico ou abiótico, provocado por alterações ambientais, como o tipo de solo ou a contaminação do substrato por agroquímicos, podem modificar as características anatômicas das folhas das espécies cultivadas (FIGUEIREDO et al., 2013). De maneira geral, a aplicação de picloram + 2,4-D provou alteração anatômica no caule e folha de tomateiro em ambos as classes de solo, comprovando a sensibilidade da espécie ao herbicida. No entanto os efeitos foram mais severos nas plantas cultivadas em Latossolo. As alterações menos expressivas do herbicida verificadas em Neossolo pode estar relacionada com a elevada solubilidade do picloram em água. Como visto no Capítulo I, a fitointoxicação de plântulas de tomateiro por picloram + 2,4-D aos 120 DAA (dias após a aplicação) do herbicida foi muito baixa nesta classe de solo quando comparado com as plantas cultivadas em Latossolo. 97 Os Neossolos são solos de textura arenosa ou franco-arenosa, com baixa capacidade de agregação de partículas, condicionada por baixo teores de argila e de matéria orgânica. Também apresenta baixa capacidade de toca catiônica e consequentemente limitações na retenção e armazenamento de água, nutrientes e moléculas polares (SANTOS et al., 2013). Também, a molécula de picloram apresenta baixa sorção, alta solubilidade em água e elevado potencial de lixiviação, podendo atingir aquíferos subterrâneos (BOVEY & RICHARDSON, 1991; PANG et al., 2000; CLOSE et al., 2003; SILVA et al., 2007; D'ANTONINO et al., 2009). No período experimental ocorreu elevada precipitação pluviométrica (Figura 1), lixiviando parte do picloram nesta classe de solo, reduzindo a disponibilidade do herbicida para absorção radicular e proporcionando menor fitointoxicação às plantas. Berisford et al. (2006) relatam que o picloram apresentou elevada mobilidade lateral e vertical, além de alta persistência em solos argilosos como os Latossolos, promovendo maior fitointoxicação às plantas. Isso pode explicar as alterações mais drásticas ocorrido nos tecidos foliares e caulinares de plântulas de tomateiro cultivadas em Latossolo contaminado com o herbicida. Devido à baixa sorção do herbicida e baixa retenção das partículas nos Neossolos, aliada a elevada precipitação pluviométrica da região, a disponibilidade da molécula do herbicida para absorção de plantas aos 120 DAA foi menor nesta classe de solo, diminuindo a fitointoxicação das plântulas e consequentemente alterações anatômicas menos visíveis. Também as maiores alterações observadas nos tecidos da folha pode estar relacionada com os processos do herbicida na planta. O picloram atua como auxina sintética causando crescimento desordenado e descontrolado em plantas suscetíveis (TU et al., 2001), provocando distúrbios no metabolismo dos ácidos nucléicos, aumentando a atividade enzimática e consequentemente destruição do floema. Também provoca alongamento celular, turgescência e rompimento das células (MACHADO et al., 2006), além de induzir o fechamento estomático e provocar alterações no balanço iônico das células, causando distúrbios na atividade fotossintética e respiração (PEMADASA & JEYASEELAN, 1976). 98 Outro processo provocado pelos herbicidas auxínicos é o estímulo da produção do etileno nas plantas, estimulando a síntese do ácido abscísico, que se acumula inicialmente nas folhas e depois é translocado pela planta, atuando no fechamento estomático (MERCIER, 2004), reduzindo o influxo de CO2 para o interior da folha. O etileno promove a formação da celulase, reduzindo a resistência física da parede celular, proporcionando alongamento celular através do aumento da pressão interna da célula pela água condicionada pelo acúmulo de cálcio no citoplasma. (MACIER, 2004; MACHADO et al., 2006). Com o aumento no tamanho da célula, pode ocorrer obstrução dos feixes vasculares, reduzindo a translocação de água e fotoassimilados (BELO et al., 2011). Assim, as modificações anatômicas do caule são dependentes dos processos que a molécula do herbicida sofre ao ser translocada para a folha, caracterizando anomalias mais severas nos tecidos do limbo foliar. Vale ressaltar, que ainda não é possível afirmar que as alterações observadas na anatomia de caule e da folha são maléficas ao desenvolvimento e produção de tomateiro, uma vez que realizou-se a análise no estádio de plântula, não deixando-as completar o seu ciclo. Assim, é interessante realizar estudos em outras fases do ciclo de vida da planta para verificar se as alterações anatômicas provocadas por picloram + 2,4-D são maléficas. 99 Conclusões Nas condições experimentais deste estudo, pode-se concluir que: As concentrações de picloram + 2,4-D não afetaram a espessura da epiderme do caule de plantas de tomateiro cultivadas em ambos os solos. Ocorreram alterações na anatomia nos demais tecidos do caule e da folha em todas as concentrações de picloram + 2,4-D. Os tecidos do limbo foliar foram mais afetados pela ação de picloram + 2,4-D. Não ocorreu desorganização dos tecidos do limbo foliar de plantas cultivadas em Neossolo contaminado com picloram + 2,4-D. Houve maior espessura do limbo foliar e dos feixes vaculares da folha com aumento da concentração do herbicida. Ocorreu Hipertrofia, hiperplasia e plasmólise nos tecidos foliares das plantas cultivadas em ambos os solos. 100 Referências Bibliográficas BELO, A. F.; COELHO, A. T. C. 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Ainda provoca redução na altura das células epidérmicas do caule, aumento no volume das células parenquimáticas do córtex, redução dos elementos de vascularização e aumento das fibras perivasculares, bem como deseorganização estrutural dos tecidos do limbo foliar, plasmólise, hipertrofia e hiperplasia. Não ocorreu efeito fitotóxico em plantas cultivadas em Neossolo a partir dos 240 dias de exposiçãos as condições climáticas do norte de Mato Grosso. No entanto, há necessidade de realizar estudos anatômicos para verificar a ocorrência de modificações morfológicas nos tecidos internos da plântula Apesar da baixa fitotoxidade observada em plântulas de tomateiro cultivada em Neossolo contamiando com picloram a partir dos 120 dias de exposição as condições climáticas amazônicas, ocorreu alteração anatômica dos tecidos do caule e do limbo foliar como: aumento do espaço intercelular nas células parenquimáticas do caule e da folha, aumento achatamento das células do córtex, no diâmetro do feixes vasculares da folha, aumento no diâmetro das células do mesofilo foliar. 105