A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM E O PROCESSO SAÚDE

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A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM E O PROCESSO SAÚDEDOENÇA NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
THE PRESENCE OF NURSING AND THE PROCESS HEALTHDISEASE IN THE UNITY OF INTENSIVE THERAPY
João Ricardo Cardoso Santos1
Josenilton dos Anjos Santos2
RESUMO
O processo saúde-doença acompanha o sistema de assistência de enfermagem e a
compreensão sobre os aspectos biopsicossociais do ser humano em sua gênese. O objetivo do
estudo foi analisar a assistência de enfermagem no âmbito saúde-doença na UTI. Dentre os
específicos foram: investigar os entendimentos empregados no cuidado de Enfermagem na
UTI; averiguar as interações entre a equipe de enfermagem e o paciente no processo da
saúde- doença no ambiente da UTI. A pesquisa tem cunho bibliográfico, com uma abordagem
qualitativa de cunho descritivo sobre as publicações entre 2002 a 2012 sobre a assistência de
enfermagem e o processo saúde-doença dentro da UTI. Percebe-se que o processo saúdedoenças e a humanização nos setores ainda não estão plenamente estabelecidos.
Conjecturando que protocolos e capacitação da equipe ainda são insuficientes, bem como
instrumentos que mensurem com fidegnidade o cuidado de enfermagem numa concepção
biopsicossocial que ultrapasse o modelo biomédico baseado apenas na patologia.A criação de
estratégias baseadas no indivíduo de forma plena deve ser a principal meta da enfermagem,
desenvolvendo uma interação positiva entre o paciente e o profissional de enfermagem,
desvinculando os cuidados ao paciente do modelo biomédico
Palavras-Chaves: Processo Saúde-Doença; Assistência de Enfermagem; UTI.
ABSTRACT
The process greets disease it accompanies the system of presence of nursing and the
understanding on the aspects biological, psychological and social by the human being in his
origin. The objective of the study analysed the presence of nursing in the extent greet disease in
the UIT. Among the specific ones they were: to investigate the to understandemployed in the
care of Nursing in the UIT; to check the interactions between the team of nursing and the
patient in the process of the health - disease in the environment of the unity of intensive
therapy. The inquiry has bibliographical hallmark, with a qualitative approach of descriptive
hallmark on the publications between 2002 to 2012 on the presence of nursing and the process
greet disease inside the UIT. It is realized that the process should greet diseases and the
humanization in the sectors they are still not fully established. Conjecturing which protocols and
formationof the team they are still insufficient, as well as instruments that measure with
loyaltythe care of nursing in a conception biological, psychological and social what exceeds the
model biomedicbased only on the pathology. The creation of strategies based on the individual
* Trabalho para Conclusão do Mestrado Profissional em Terapia Intensiva.
1
Enfermeiro do Hospital Obstétrico-Pediátrico Manoel Novaes Itabuna/BA, Mestrando em Terapia
Intensiva pela Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva.
2
Coorientador, Educador Físico, Enfermeiro, Bolsista CAPES de Iniciação a Docência, Especialista em
Saúde Pública.
of full form must be the principal mark of the nursing, developing a positive interaction between
the patient and the professional of nursing, divesting the cares to a patient of a model biomedic.
Words-keys: Process Greets Disease; Presence of Nursing; UIT.
INTRODUÇÃO
Na perspectiva da assistência humanizada no que diz respeito à
concepção de saúde e doença, reflete-se a necessidade de dialogar sobre os
atuais modelos de assistência de enfermagem dentro das unidades de terapia
intensiva vigentes em instituições hospitalares de cunho adulto, pediátrico,
neonatal e geriátrico.
A compreensão da enfermagem como pilar essencial da recuperação do
paciente engloba os aspectos psicossociais que estão intrinsecamente ligados
a atuação da equipe de enfermagem no reconhecimento do processo saúde e
doença, juntamente com todas as implicações fisiológicas e comportamentais.
Atrelado ao papel do cuidar existe diversos fenômenos sociais e culturais que
influenciam na condução durante o tratamento do paciente, o qual permite uma
variação da percepção da família e da equipe de enfermagem sobre o
acometimento da doença e a recuperação do paciente.
Nesse escopo, as discussões sobre a saúde deve conter como ponto
principal a noção de bem estar e qualidade de vida, permitindo ao paciente
usufruir do seu direito social.
Deve-se perceber o serviço de enfermagem na unidade de terapia
intensiva como uma nova dimensão, sendo os cuidados prestados para
atender as necessidades do individuonas esferas técnica, cientifica e social.
A questão norteadora da pesquisa foi saber como acontece à
assistência de enfermagem e sua relação com o processo saúde-doença na
Unidade de Terapia Intensiva.
O objetivo geral consistiu em analisar a assistência de enfermagem no
âmbito saúde-doença na UTI. Dentre os específicos foram: investigar os
entendimentosempregados no cuidado de Enfermagem na UTI; averiguar as
interações entre a equipe de enfermagem e o paciente no processo da saúdedoença no ambiente da UTI;
O tema relaciona-se com os paradigmas encontrados e na atuação da
equipe de enfermagem sobre a concepção do processo saúde-doença
empacientes na Unidade de Terapia Intensiva, por meio das publicações
presentes na área da enfermagem e saúde.
A UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
O serviço oferecido pela Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é
considerado de alta complexidade por permitir chance de sobrevida aos
pacientes em estado grave devido a traumas ou outras patologias.
A incorporação de tecnologia advinda da informática tem permitido o
desenvolvimento e a modernização de vários equipamentos de
monitorização dos diversos sistemas fisiológicos do organismo
humano, desde ventiladores mecânicos com a incorporação de vários
modos de assistência respiratória completa ou parcial, até bombas de
infusão com o controle mais exato da dosagem dos medicamentos e
de seus diluentes (PEREIRA JÚNIOR, 1999, p. 419).
Com os avanços tecnológicos no âmbito da saúde, a unidade de terapia
intensiva desenvolveu maior suporte a vida para paciente críticos com as mais
diversas patologias, além de contar com o desenvolvimento dos cuidados
intensivos.
[...] com a criação de equipamentos mais sofisticados, passou-se a
cuidar também de pacientes portadores de insuficiência respiratória,
insuficiência renal aguda, hemorragia digestiva alta, em estado de
coma, estado de choque, e diversas outras situações igualmente
graves (OLIVEIRA, 2002, p. 01).
De acordo com Pupulim e Sawada (2002) o enfermeiro é o profissional
em constante contato com o doente durante a hospitalização, é imprescindível
circunstanciar sobre a conduta da enfermagem no sentido de resguardar os
direitos do paciente, caracterizando a função de proteção como um gesto
humanitário e de respeito.
A humanização deve fazer parte da filosofia de enfermagem. O
ambiente físico, os recursos materiais e tecnológicos são importantes,
porém não mais significativos do que a essência humana. Esta, sim,
irá conduzir o pensamento e as ações da equipe de enfermagem,
principalmente do enfermeiro, tornando-o capaz de criticar e construir
uma realidade mais humana, menos agressiva e hostil para as
pessoas que diariamente vivenciam a UTI (VILA;ROSSI, 2002, p.
138).
A condução do cuidado pelo enfermeiro deve abranger a complexidade
do ser humano em sua magnitude, contornando como o mesmo enfrenta sua
situação e o modo como a família interage com os cuidados intensivos.
O PROCESSO SAÚDE-DOENÇA
A reflexão sobre saúde e a doença é uma temática histórica que tange
os questionamentos humanos durante o longo do seu desenvolvimento. Podese inferir que os modelos que buscam explicar o processo saúde e doença é
reformulado para melhorar as estratégias de promoção, prevenção e
tratamento do ser humano.
A doença, no entanto, sempre esteve presente no desenvolvimento
da humanidade. Estudos de paleoepidemiologia relatam a ocorrência,
há mais de três mil anos, de diversas doenças que até hoje afligem a
humanidade.
Esquistossomose,
varíola, tuberculose foram
encontradas em múmias, restos de esqueletos e retratadas em
pinturas tanto no Egito como entre os índios pré-colombianos.
Também podem ser encontrados relatos de epidemias na Ilíada e no
Velho Testamento (BATISTELA, 2007, p.45).
Com o aumento da população diversas doenças começaram a afligir as
pessoas provocando as epidemias, as quais por falta de tratamento acabaram
culminando com a morte de diversos indivíduos.
O desenvolvimento técnico das últimas décadas possibilitou suporte a
órgãos humanos e funções vitais. Na UTI, precisamente, aliadas à
luta pela “imortalidade”, estão às possibilidades de progresso do
conjunto da ciência e da técnica, que não se dissociam das
possibilidades de “mutação” do homem em todos os seus níveis de
vida: biológico, físico, psíquico, social, político, etc. (OLIVEIRA, 2002,
p. 31)
Considera-se
o
processo
saúde-doença
como
um
componente
multifatorial, o qual tem como determinantes o estado de saúde de uma pessoa
em sua complexidade de fatores biopsicossociais.
[...] o processo saúde-doença tem caráter histórico em si mesmo e
não apenas porque está socialmente determinado, permite-nos
afirmar que o vínculo entre o processo social e o processo biológico
saúde-doença é dado por processos particulares, que são ao mesmo
tempo sociais e biológicos (LAURELL, 1982, p.15).
O papel da equipe de enfermagem compreende a superação da
dicotomia biomédica em relação à doença e saúde, visando o cuidado integral
das necessidades básicas do individuo.
[...]o objeto do processo de trabalho da enfermagem é o ser humano
enfermo que busca a tarefa profissional, isto é, a execução do
cuidado terapêutico pela equipe de enfermagem, a qual conta com
ferramentas ou instrumental de trabalho que consistem em meios que
visam o alcance da satisfação das necessidades humanas
(AMESTOY;SCHWARTZ;THOFEHRN, 2006, p. 445)
Silva, Silva e Christoffel (2009) coloca que a atuação da enfermagem
frente à saúde e a doença é relevante, pois nos põe em contato com as
representações que temos sobre esses fenômenos. Já que trata-se de uma
construção multifacetada também baseada no sistema pessoal e familiar de
valores, da nossa cultura e sociedade, da própria história de vida, bem com das
trocas e experiências adquiridas nas relações diárias que estabelecemos com
o mundo e com as pessoas.
METODOLOGIA
O desenvolvimento desta pesquisa utilizou uma abordagem qualitativa
definida por Oliveira (2001, p. 41) como capaz de apresentar contribuições no
processo de mudanças, criação ou formatação de opiniões de determinado
grupo e permitir, em maior grau de profundidade a interpretação das
particularidades dos comportamentos ou atitudes dos indivíduos.
Sendo de cunho exploratório, esta pesquisa tem como objetivo
proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais
explícito ou a constituir hipóteses (GIL, 2007).
A pesquisa foi realizada por via eletrônica, utilizou como fontes as teses,
dissertações, e artigos científicos nacionais, que abordassem a temática do
problema de pesquisa, publicados no período compreendido entre 2002 a
2012. As fontes foram selecionadas por meio de uma busca eletrônica nas
seguintes bases de dados: Scielo, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Lilacs.
Ao buscar os artigos relacionados com o tema, optou-se pela definição
de limites de busca utilizando as seguintes palavras chaves: saúde doença,
assistência de enfermagem na UTI, enfermagem e o processo saúde-doença,
humanização na UTI.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O estudo analisou 30 publicações com base nos descritores, base de
dados consultada e distribuição cronológica, sendo selecionados 11 artigos para
confecção da tabela correlacionando segundo: autor, metodologia, objetivos e
resultados.
AUTORES
TIPO DE
ESTUDO/METODO
OBJETIVOS
RESULTADOS
COSTA;FIGUEIREDO;SCHAU
RI (2009)
Trata-se de estudo
descritivo de
abordagem
qualitativa, com 18
participantes.
A
coleta
dos dados ocorreu
por
meio
de
entrevistaestruturad
a
Compreender
como
os
profissionais da
enfermagem
(enfermeiros e
técnicos)
percebem
a
política
de
humanização
no
cenário de uma
UTI
e
sua
importância
nesse
processo.
OLIVEIRA;MARUYAMA (2009)
Estudo qualitativo
embasado
na
abordagem
compreensiva, por
meio de técnica
compreender
como
o
princípio
da
integralidade é
percebido na
Entende-se,
como
fundamental, que o
enfermeiro
reconheça como é
importante
no
processo
de
humanização
por parte da equipe
de enfermagem, uma
vez que são estes
profissionais
que
desenvolvem
os
cuidados
diretos, bem como
são
eles
que
acompanham
os
usuários
durante
tempo
integral.
Assim, é importante
que eles se sintam
comprometidos, pois,
provavelmente,
o
cenário da UTI seja o
mais complexo para
se
fazer-valer
a
política
de
humanização devido
à supremacia do
modelo
biomédico
hierarquizante, da
fragmentação do ser
humano
e
dos
processos
de
cuidado e da lógica
técnico-burocrática
existente.
As relações saberpoder,
embasadas
na
hegemonia
da
ciência médica
da
observação
participante
das
práticas
profissionais
na UTI
assistência aos
usuários
de
uma UTI
pública
SILVA;SILVA; CHRISTOFFEL
(2009)
Fundamentação
Teórica
Refletir acerca
da tecnologia e
da
humanização
do cuidado ao
recém-nascido,
tendo
como
preceito teórico
o
processo
saúde-doença.
ALCANTARA ET AL (2008)
Fundamentação
teórica
Refletir sobre o
processo
saúde-doença
e suas
concepções na
unidade
de
terapia
intensiva
PINHO;SANTOS (2008)
desvelar
contradições
no
cuidado
humanizado
do
enfermeiro na UTI.
Trata-se
de
uma pesquisa
qualitativa, de
orientação
dialética,
realizada com
sete
enfermeiros,
quatro
familiares. As
estratégias de
constituem
uma
normalidade entre os
profissionais
de saúde e suas
práticas
neste
espaço, uma vez que
estas
revelam
mecanismos
de
dominação e
de
disputas entre esses
atores, levando a
relações
assimétricas
que
perpassam,
inclusive, as relações
com os usuários.
Reconhecer
as
dimensões
singulares na forma
em que cada pessoa
vivencia a saúde e a
doença é uma ação
potencialmente
transformadora para
repensar a prática. É
neste contexto que a
enfermagem
desempenha
importante papel na
pesquisa
e
desenvolvimento de
tecnologias criativas
voltadas para as
relações humanas e
a saúde, de forma
integrada.
Neste momento de
realização
do
cuidado, introduzir os
elementos, tais como
sensibilidade,
respeito e emoção,
possibilita
romper
com modelos
mecanicistas/tarefist
as
e
processos
reducionistas
que
ainda caracterizam
este cenário.
Ao que parece, o
saber cuidar tem
dado vazão ao
estreitamento
dos
vínculos
interpessoais
para
minimizar
as condições de
sofrimento
físico/mental,
ao
mesmo tempo em
PINHO;SANTOS (2007)
Trata-se de uma
pesquisa
qualitativa, de
orientação
dialética.
Sendo
entrevistados
7
enfermeiros e 5
familiares.
CAETANO ET AL (2007)
Trata-se de um
estudo
descritivo
com abordagem
qualitativa,
realizado
na
Unidade de Terapia
Intensiva de uma
instituição
filantrópica
de
Sobral - CE.
Os sujeitos deste
estudo
foram
dezessete
profissionais
de
saúde
que
trabalhavam na UTI
durante o segundo
semestre
de 2004, assim
especificados: oito
médicos, seis
enfermeiras,
três
fisioterapeutas
SALICIO;GAIVA (2006)
Trata-se de um
estudo
descritivo
numa
perspectiva
qualitativa, sendo
entrevistados
um
grupo de oito (8)
coleta
de
dados
utilizadas para
este
estudo foram a
observação
participativa e
as entrevistas
semiestruturadas
aplicadas aos
sujeitos
Conhecer
a
lógica
da produção de
saúde na UTI,
com base no
discurso
defendido pelo
enfermeiro
e
na
prática
profissional
que
efetivamente é
reconhecida
pelos familiares
acompanhante
s.
conhecer
o
significado da
assistência
humanizada
prestada
a
pacientes em
tratamento
intensivo
sob a ótica de
dezessete
profissionais de
saúde
que
trabalhavam na
Unidade
de
Terapia
Intensiva
de
um
hospital
filantrópico
situado
na
região
metropolitana
da cidade de
Sobral - CE,
Brasil.
compreender o
significado da
humanização
da assistência
para um
grupo de oito
(8) enfermeiros
que o fazer cuidar os
distancia, por meio
das
estratégias
implementadas pelos
enfermeiros dentro
de
uma
lógica
de
produção de saúde
parcelar e rotinizada
na UTI.
As práticas
multiprofissionalizad
as são apontadas
como sendo
uma
estratégia
privilegiada
de
aprimoramento do
cuidado
e
de
qualidade
do
atendimento.
Urge buscar
alternativas
para
melhorar
a
assistência
ao
cliente,
fundamentada não
apenas na técnica,
mas também em
valores
pessoais,
apreendendo ainda a
compreensão
do
verdadeiro
significado
e
abrangência
do
cuidado humano. É
necessário
direcionar
a
assistência
ao
conforto
físico
associado à
prestação
de
cuidados que visam
amenizar a dor e o
sofrimento.
No discurso dos
entrevistados
aparece claro o
que é humanização,
e por outro lado, a
realidade do
cotidiano das UTIs
enfermeiros
que
atuam em Unidade
de
Terapia
Intensiva (UTI) na
cidade de CuiabáMT.
Os dados foram
coletados por meio
de entrevistas
semi-estruturadas
que atuam em
Unidade
de
Terapia
Intensiva (UTI)
na cidade de
Cuiabá-MT.
NASCIMENTO;TRENTINI
(2004)
Fundamentação
teórica
Oferecer
subsídios que
proporcionem
reflexões sobre
a possibilidade
de as práticas
de saúde, nas
Unidades
de
Terapia
Intensiva
PAULI; BOUSSO (2003)
conhecer
as
crenças
das
enfermeiras,
em
relação
à
assistência
humanizada
na
Unidade de Terapia
Intensiva
pediátrica
A coleta de
dados
foi
realizada com
entrevistas
abertas
com
cinco
enfermeiras,
depois
gravadas
e
transcritas em
sua íntegra. O
conteúdo
foi
analisado,
está
longe
de
oferecer uma
assistência
humanizada, tendo
entre os principais
elementos
dificultadores
a
ausência
de
um
filosofia
assistencial
nas
instituições e falta de
comprometimento da
equipe de saúde .
A Enfermagem em
UTI estará alicerçada
pelo paradigma da
simultaneidade
se
não seguir planos de
cuidados
preestabelecidos,
baseados somente
em
problemas
gerais, comuns. Os
planos deverão, sim,
ser
individuais,
mutuamente
estabelecidos, para
que possam ajudar o
ser
cuidado
a
desvelar
o
significado
da
experiência
e
melhorar
sua
qualidade de vida
para o alcance do
bem-estar e estar
melhor.
Será
considerado
um
modo dialogal de
ser,
em
uma
situação
intersubjetiva,
se
tanto o ser cuidador
quanto o ser cuidado
forem
percebidos
entre si como seres
singulares.
as
crenças
da
enfermeira
em
relação
à
humanização
da
assistência na UTI
modificam-se
durante
sua
experiência
profissional,
na
medida
em
que
convivem com o
familiar.
Destacamos,
aqui,
tendo,
como
referencial
teórico,
o
interacionismo
simbólico
e,
como
referencial
metodológico,
a
Teoria
Fundamentada
em Dados.
VILA; ROSSI (2002)
Estudo etnográfico,
com
12
informantes, sendo
que, destes, seis
eram enfermeiros e
seis, auxiliares e
técnicos
de
enfermagem.
Quadro 1 – Dados da Pesquisa, 2012
compreender o
significado
cultural
do
cuidado
humanizado,
na perspectiva
da equipe de
enfermagem
que atua na
Unidade
de
Terapia
Intensiva
crenças relacionadas
ao
ambiente
da
UTIp, ao paciente
terminal
e
à
permanência
da
família dentro da
UTIp. Essas crenças
exercem
influência
no
relacionamento
com a família e na
forma
de
proporcionar
a
humanização
da
assistência.
A organização do
trabalho baseada na
execução da tarefa e
o
distanciamento
entre
equipe,
pacientes
e
familiares,
justificados
como
mecanismo
de
defesa, em função
do estresse pela
sobrecarga
de
trabalho,
são
referidos
pelos
informantes como o
real, o vivido na UTI.
Os
informantes
referem que o cuidar
é
tecnicista
e
mecânico, desprovid
o
de
sentimento. Executar
a técnica, limpar,
manter a ordem na
unidade são
procedimentos que
estão
fortemente
enraizados
nesse
cenário
cultural,
esquecendo-se,
muitas vezes, dos
sentimentos
do
paciente, família e
até mesmo de seus
próprios
sentimentos,
enquanto
profissionais
que,
diariamente,
lidam
com o estresse.
O processo saúde-doença no ambiente da UTI é tido como fonte
incessante de estudos para viabilizar a melhora nas metodologias empregadas
visando o processo de humanização e a percepção do paciente como um ser
humano holístico.
Nos estudos de Oliveira e Maruyama (2009), Costa;Figueiredo e Schauri
(2009) demonstram que o modelo biomédico permanece hegemônico no que
diz respeito as estratégias do cuidado prestado dentro da UTI, tornando o
cuidado fragmentado e baseado apenas na doença.
O olhar fragmentado do ser humano dentro da UTI é uma condição
predominante, refletindo o foco do tratamento e dos cuidados de enfermagem
apenas para doença do indivíduo, esquecendo muitas vezes do ser
biopsicossocial existente dentro do ambiente de cuidados intensivos.
Pinho e Santos (2007) apontam que as práticas multiprofissionalizadas
são uma estratégia privilegiada de aprimoramento do cuidado e de qualidade
do atendimento.
Percebe-se que a concepção do dialogo entre as diversas áreas que
atuam na UTI é essencial para formulação do cuidado com base nas
necessidades básicas do ser humano, permitindo a valorização da ótica da
saúde como bem estar do indivíduo.
Alcântara et al (2009) compreende que elementos como sensibilidade,
respeito e emoção, possibilita romper com modelos mecanicistas/tarefistas e
processos reducionistas que ainda caracterizam este cenário.
A superação do processo reducionista deve ser encarada como principal
meta para que a UTI possa oferecer um serviço baseado em princípios
humanistas e romper a dicotomia saúde/doença.
Vila e Rossi (2002) acrescenta que a organização do trabalho baseada
na execução da tarefa e o distanciamento entre equipe, pacientes e familiares,
justificados como mecanismo de defesa, em função do estresse pela
sobrecarga de trabalho, são referidos pelos informantes como o real, o
vivido na UTI.
Nascimento e Trentini (2004) que os planos deverão ser individuais,
mutuamente estabelecidos, para que possam ajudar o ser cuidado a desvelar o
significado da experiência e melhorar sua qualidade de vida para o alcance do
bem-estar e estar melhor. Será considerado um modo dialogal de ser, em uma
situação intersubjetiva, se tanto o ser cuidador quanto o ser cuidado forem
percebidos entre si como seres singulares.
Paulli e Bousso (2003) colocam que as crenças da enfermeira em
relação à humanização da assistência na UTI modificam-se durante sua
experiência profissional, na medida em que convivem com o familiar.
Acrescenta-se as crenças, o processo de construção da assistência de
enfermagem dentro da UTI baseado no modelo hegemônico médico que acaba
imobilizando o processo de humanização, na qual com o decorrer do tempo
poderá conseguir inserir a visão da humanização dentro do ambiente de
cuidados intensivos, bem como perder o foco para desenvolver o processo de
humanização dentro da UTI.
Pinho e Santos (2008) diz que o saber cuidar tem dado vazão ao
estreitamento dos vínculos interpessoais para minimizar as condições de
sofrimento físico/mental, ao mesmo tempo em que o fazer cuidar os distancia,
por meio das estratégias implementadas pelos enfermeiros dentro de uma
lógica de produção de saúde parcelar e rotinizada na UTI.
Assistência de enfermagem é baseada na produção e das funções
rotineiras da UTI, as quais interferem diretamente no refletir sobre a saúde do
individuo e o processo da doença impedindo que o profissional compreenda
que por trás do processo patológico está um ser humano.
Caetano et al (2009) e Silva, Silva e Christoffel (2009) comentam que
devem-se buscar alternativas para melhorar a assistência ao cliente,
fundamentada não apenas na técnica, mas também em valores pessoais,
apreendendo ainda a compreensão do verdadeiro significado e abrangência do
cuidado humano.
Pensar na assistência de enfermagem na UTI equivale a sobrepujar os
estigmas e compreender que a dinâmica do processo saúde-doença equivale a
prestar um cuidado que reestabeleça também os aspectos psicológicos e
sociais do paciente.
No estudo de Salicio e Gaiva (2009) o discurso dos entrevistados
aparece claro o que é humanização, e por outro lado, a realidade do cotidiano
das UTIs está longe de oferecer uma assistência humanizada, tendo entre os
principais elementos dificultadores a ausência de um filosofia assistencial nas
instituições e falta de comprometimento da equipe de saúde.
Assim, percebemos que o processo saúde-doenças e a humanização
nos setores ainda não estão plenamente estabelecidos. Conjecturando que
protocolos e capacitação da equipe ainda são insuficientes, bem como
instrumentos que mensurem com fidegnidade o cuidado de enfermagem numa
concepção biopsicossocial que ultrapasse o modelo biomédico baseado
apenas na patologia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O cuidado de enfermagem ainda está envolto na mecanização proposta
pelo modelo hegemônico biomédico ainda vigente dentro das unidades de
terapia intensiva, corroborando para uma assistência baseada na rotina e nos
cuidados centrados na doença.
A criação de estratégias baseadas no indivíduo de forma plena deve ser
a principal meta da enfermagem, desenvolvendo uma interação positiva entre o
paciente e o profissional de enfermagem, desvinculando os cuidados ao
paciente do modelo biomédico.
A instituição hospitalar também deve incitar a constante reflexão os
valores implícitos na assistência integral do paciente, organizando e
observando a aplicabilidade dos cuidados voltados para a valorização do ser
humano em sua essência.
São poucos os estudos encontrados sobre a assistência de enfermagem
e o processo saúde-doença na unidade de terapia intensiva. Em virtude disso,
é necessário que sejam feitas novas investigações a respeito das estratégias e
do processo saúde-doença e os cuidados intensivos ao paciente crítico.
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