Alimentos light Produtos light e dieta saud Açúcar, gelatina, iogurtes líquidos, maionese e queijo fresco estão entre os alimentos cuja versão light ajuda a reduzir a ingestão de calorias. Mas há que controlar a dieta diária para ter bons resultados teste saúde 109 junho/julho 2014 Resultados por grupo: aposte na gelatina e esqueça as batatas fritas 24 Iogurtes e leites fermentados Açúcar e produtos açucarados A maioria dos iogurtes não tem versões light, mas alegações como “magro”, “0%”, “0% de matéria gorda” ou “sem adição de açúcar”. Os líquidos e leites fermentados são boas opções para cortar nas gorduras e calorias. Já nos sólidos, sobretudo nos “gregos”, as reduções não são significativas • Nos iogurtes sólidos, o grego é o que tem maior teor de gordura. O grego “ligeiro” da Nestlé consegue roubar 63% neste “ingrediente”, mas fica-se por um corte de 21% nas calorias, tal como o grego Natural da Danone “sem adição de açúcar”. Ainda dentro dos sólidos, a versão “zero” do iogurte com aroma a morango da Longa Vida é mais vantajoso: ao substituir o açúcar por edulcorantes e o leite meio-gordo por magro, reduz os açúcares em mais de metade e a gordura em 88 por cento. Gelatinas e açúcar light são ótimos substitutos das versões tradicionais. Já o leite condensado magro é inútil para quem quer fazer dieta • O açúcar light da Sidul é, como diz o rótulo, um edulcorante à base de sucralose. Tem as mesmas calorias por 100 g do açúcar, mas maior poder adoçante. Com menos quantidade, chega ao mesmo resultado. • Já nos iogurtes líquidos analisados, o corte é feito ao nível da gordura, conforme as indicações “magro” do rótulo, e dos açúcares. Também aqui se substitui o leite meio-gordo por leite magro edulcorado. Exceção: o iogurte Mimosa usa leite magro em ambas as versões (original e “magra”). As reduções nos iogurtes líquidos oscilaram entre os 70% e os 91% para as gorduras, e quase 60% para as calorias, o que é um ótimo resultado. • Os leites fermentados Actimel “0% m.g.” e Activia “zero” cortam até 80% na gordura. Nas calorias, a redução é de 61% no Actimel e de 51% no Activia. • As gelatinas também são uma boa opção para reduzir as calorias (menos 55% na Royal em pó e menos 84% na Royal pronta a comer), pois eliminam os açúcares na totalidade. Substituem-no por edulcorantes, como poliois, aspartame, acessulfame K e sucralose (Koala). A ingestão de poliois em excesso tem efeitos laxantes, pelo que o consumo deste tipo de gelatinas deve ser moderado. • Os doces light têm menos açúcar do que os tradicionais e reduzem as calorias em 30%, sem recurso a aditivos. Ainda assim, se quer mesmo fazer uma dieta de emagrecimento, retire-os da alimentação. O preço também não é convidativo, podendo custar o dobro dos tradicionais. • A versão “magra” do leite condensado é produzida com leite magro, o que reduz a gordura em 98 por cento. Mas o elevado teor em açúcar faz com que a vantagem em termos calóricos seja insignificante. dável ajudam a perder peso Aumenta o calor, reduzem-se as mangas, descem os decotes, escolhe-se o novo fato de banho a antecipar as férias de verão. Pelo meio, descobrem-se “pneus” que no verão anterior não existiam e a balança confirma as más notícias na pesagem matinal: o inverno trouxe uns quilos a mais. Para resolver o problema, reforça-se o exercício e a dieta, e inicia-se a corrida aos produtos light. Mas será esta a melhor opção para quem quer emagrecer? A nossa análise mostra que alguns alimentos light são, de facto, boas escolhas para reduzir o teor de calorias no prato sem dar cabo do orçamento mensal. Os produtos light ajudam a emagrecer quando integrados numa dieta controlada e equilibrada. Mas, só por si, não fazem perder peso O nosso estudo 71 produtos analisados • Tendo por base a rotulagem, analisámos um total de 71 produtos light ou similares e comparámos com os seus equivalentes tradicionais (sem alegação light). Agrupámos as bebidas e os alimentos em oito grandes categorias de produtos e verificámos se estavam de acordo com as alegações que exibiam, ou seja, quais as reduções praticadas, em que nutriente e ainda de que forma estas se refletiam no valor energético. • Analisámos os rótulos para verificar se estes continham informações obrigatórias, como a indicação da característica que torna o produto light, o aviso de que contém uma fonte de fenilalanina (quando inclui aspartame) ou o aviso de que contém cafeína, quando tal é aplicável. • Verificámos ainda outras indicações que, embora facultativas, são muito úteis. É o caso da rotulagem nutricional por dose e da indicação da quantidade de poliois na tabela nutricional (quando aplicável). Leite, manteiga, natas e afins Conservas de atum e salsichas As versões light contêm menos gordura, mas esta diminuição nem sempre é acompanhada por uma redução calórica equivalente • O leite com chocolate magro da Mimosa corta a gordura em 73% e as calorias em 37 por cento. Não alegando ser light, é mais vantajoso do que o leite com chocolate light da UCAL, que só reduz a gordura em 33 por cento. É a adição de edulcorantes no leite Mimosa magro que o torna menos calórico. Como se trata de acessuflame K e ciclamato de sódio, este último duvidoso, é necessário ter atenção. Atum “ao natural” com vantagens no prato e na carteira • Na ausência de conservas de atum com a alegação light, analisámos as versões “ao natural”, ou seja, conservadas em água. É o caso da marca Ramirez, que se diz “Diet&Fitness”. Este tipo de conservas apresenta uma redução de calorias significativa face ao atum conservado em óleo (menos 50%) e uma diminuição de gordura que atinge os 91 por cento. • Nas manteigas e nos cremes para barrar, a perda de calorias é obtida com menos gordura e mais água. Na manteiga, a diminuição varia entre 50 e 75% e, nos cremes para barrar, ronda os 30 por cento. Qualquer marca pode alegar ser light desde que não contenha mais de 62% de matéria gorda. Ainda assim, escolha com cuidado, o teor de gordura varia muito entre produtos: 20 a 40 por cento. Os cremes têm um perfil de gorduras mais saudável do que a manteiga. • Nas salsichas, a versão light tem vantagens face à tradicional. As reduções - menos 71% de gordura e menos 40% de calorias na marca Izidoro “baixo teor de gordura”, e menos 48% de gordura e menos 34% de calorias nas Nobre light - são conseguidas pela substituição da carne de porco por carne de peru e de aves. Mesmo sem esta alegação, algumas salsichas de peru são nutricionalmente mais equilibradas. Por isso, convém consultar sempre os rótulos. • No bechamel, menos gordura não significa menos calorias. Nas natas e nos produtos de soja, a Mimosa “nata para culinária ligeira” e a ALPRO Soja culinária light cortam 70% na gordura e 60% nas calorias. Só a Mimosa tem uma versão light de natas para bater, com boas reduções. • Por exemplo, as salsichas de peru Izidoro com “baixo teor de gordura” são melhores em termos de gordura e de calorias, mas mais caras. As Nobre naturíssimas com “teor de gordura reduzido” também são melhores, mas menos do que as Nobre light. teste saúde 109 junho/julho 2014 > 25 ALIMENTOS LIGHT Batatas fritas Refrigerantes e néctares Menos gordura não equivale a menor número de calorias • Nas batatas fritas light, os fabricantes reduzem calorias cortando no teor de gordura, mas sem obter uma redução calórica significativa. Entre os produtos analisados, a percentagem em gordura é 33 a 71% mais baixa do que nas batatas fritas clássicas. Porém, além de a redução calórica ser pequena (entre 12 e 23%) - resultado explicado pelo elevado teor de hidratos de carbono -, o preço das batatas light é bastante mais alto (mais 30% por quilo) do que nas tradicionais. A redução calórica é significativa nas versões light. A adição de edulcorantes também • Da nossa análise, concluímos que os refrigerantes e néctares são muito eficazes a cortar calorias: entre 61 e 100 por cento. O segredo está em substituir os açúcares por edulcorantes, sobretudo acessulfame K (E950), aspartame (E961) e ácido ciclâmico (E952). • Assim, embora a diminuição do teor de gordura seja louvável e benéfica para a saúde (as Lays Forno têm uma maior redução, com menos 70% de gordura), quem queira emagrecer deve banir as batatas fritas do cardápio. Mesmo as que se designam “saudáveis”, como as Lays Forno. Neste caso, não são apenas batatas fritas com sal. São antes um aperitivo que mistura flocos de batata e amido de milho frito, com sal, açúcar e aditivos. > Mas só devem ser consumidos com moderação e integrados numa dieta equilibrada. Se o resto da alimentação não for controlada, recorrer a produtos light de nada serve. teste saúde 109 junho/julho 2014 Apostar no light natural 26 ■ As alegações das marcas são várias: do “light” ao “zero”, passando pelo “magro”, “ligeiro” ou “levíssimo”, as promessas são muitas. De acordo com a legislação de 2006, um produto pode alegar ser light se tiver uma redução igual ou superior a 30% de um determinado nutriente, indicar a característica que o torna light ou fraco. ■ Selecionámos várias categorias de alimentos que oferecem produtos light ou expressões similares para o consumidor, entre as principais marcas de fabricante e de distribuidor. Analisámos a rotulagem, para verificar a veracidade da alegação e se, de facto, o valor energético diminui signifi- Analise os rótulos. Edulcorantes como os poliois, consumidos em excesso, podem ter um efeito laxante • As colas, quer as clássicas, quer as versões light, usam ácido fosfórico (E338) como regulador de acidez. Atenção: quando consumido regularmente, este aditivo diminui a absorção de cálcio pelo organismo. • No que toca aos néctares, ao contrário do que se possa pensar, estes não são mais saudáveis do que os sumos 100%: além de conterem água e sumo, abusam do açúcar. Também aqui a diminuição de teor calórico é feita recorrendo a edulcorantes. cativamente face à versão original de cada produto. As marcas cumprem a lei, mas esquecem algumas indicações importantes, ainda que facultativas, como a informação nutricional por dose. ■ Mesmo quando a redução calórica é significativa, por si só, estes produtos não permitem emagrecer. Por um lado, por terem menos gordura, podem levar a que a sensação de fome surja mais depressa e a que se coma mais. Por outro, de nada serve usar manteiga light para barrar um croissant, ou acompanhar um copo de leite magro com uma fatia de bolo de chocolate. Só numa alimentação controlada e equilibrada estes produtos têm alguma utilidade. ■ O melhor é apostar em alimentos light por natureza, como os legumes, as carnes e os peixes magros, os ovos e a fruta. Para reduzir o valor calórico das refeições, nada mais eficaz do que usar estes ingredientes e cozinhar de forma saudável, preferindo os cozidos, grelhados e estufados, em detrimento dos fritos e dos molhos. Iogurtes líquidos são boa opção ■ Alguns alimentos analisados, mesmo não alegando ser light, são bons aliados no combate às calorias. É o caso dos iogurtes líquidos, dos leites fermentados, das gelatinas ou do atum em conserva “ao natural” com alegações do tipo “zero”, “ligeiro”, “magro” e “Diet & Fitness”. ■ Em todos eles, além de as reduções serem significativas, a diferença de preço entre a versão “magra” e a original não era significativa. Algumas marcas de atum eram até mais baratas. O açúcar light também se revelou uma boa opção. Neste caso, é preciso cuidado, já que basta usar metade da quantidade que geralmente usa para obter resultados iguais aos do açúcar tradicional. Queijos Molhos, temperos e massa folhada Diminuições de gordura entre os 21 e os 70 por cento • No queijo flamengo fatiado, as versões light cortam a gordura para metade (tanto o Limiano como o Terra Nostra). Já o queijo Continente alega uma redução, comprovada, de menos 30% face a um queijo curado, mas não ultrapassa os 21% quando comparado com o da sua própria marca. Nos dois primeiros casos, a redução calórica foi de 30%, tendo o Continente ficado por uns insignificantes 12 por cento. Maionese light corta calorias até 74 por cento. Já o ketchup, o molho à bolonhesa e a massa folhada light não justificam a opção • As marcas de maionese light analisadas cumprem o prometido com 51 a 74% menos de calorias, e menos 56 a 88% de gordura. São, por isso, uma alternativa para quem quer reduzir o valor calórico global de uma refeição. O único contra é o preço, mais elevado nas versões light. • No queijo fresco, há alegações light por parte das marcas COOL, Philadelphia e Continente. O que torna estes produtos light é a redução de gordura: cerca de 45% menos para a Philadelphia e de 70% menos para a COOL. As calorias são reduzidas em 30 e em 40%, respetivamente, o que faz de um queijo fresco light um bom aliado da balança. Também no queijo fundido, a versão light compensa, com reduções calóricas de 39% para o queijo da Vaca Que Ri e de 49% para a Queru. • O Continente apresenta uma massa folhada light, com redução de 30% na gordura. Infelizmente, esta tem um efeito limitado ao nível do teor calórico. ■ A redução do teor calórico, na maioria das vezes, é conseguida pela diminuição da gordura e pela substituição do açúcar por edulcorantes. Estes podem ter valor calórico reduzido, como os poliois, ou não, o caso dos edulcorantes intensos. ■ Os poliois têm um poder adoçante igual ou inferior ao da sacarose. Apesar de não ser obrigatório, nem todos os que continham poliois o referiam na tabela nutricional. Exemplos de poliois são o isomalte (E953), lacticol (E966), xilitol (E967) ou sorbitol (E420) que, no total, devem fornecer cerca de 2,5 quilocalorias por grama. ■ Como não provocam cáries, os poliois são muito usados em rebuçados e pastilhas. Ou seja, há que ter em atenção que a indicação “sem açúcar” presente em alguns rótulos significa apenas que não foi adicionada sacarose. ■ Os edulcorantes intensos, como o aspartame (E951), o acessulfame K (E950), ciclamatos (E952) ou sacarina (E954), são usados para reduzir o teor calórico em bebidas e alimentos. ■ No entanto, é necessário cuidado para não ultrapassar as doses diárias admissíveis definidas pelas autoridades internacionais e o seu consumo por crianças deve ser limitado. Devido ao baixo peso, os mais pequenos atingem rapidamente o limite da dose. Algumas pessoas não conseguem metabolizar o aspartame por este conter fenilalanina. Quem sofre de fenilcetonúria não deve consumir aspartame. Todos os rótulos faziam esta advertência. ■ Importa referir que a utilização dos ciclamatos é autorizada em Portugal, mas está proibida noutros países. Por este motivo, é bom não esquecer que as crianças e as grávidas devem evitar o seu consumo regular. TESTE SAÚDE ACONSELHA Conheça os produtos ´ ´ Leia o rótulo para conhecer as características do produto. Consulte a lista de ingredientes, para saber se o produto contém aditivos. Procure a designação de açúcares, como sacarose, glucose, dextrose, frutose, maltose, lactose, açúcar invertido... ´ Quando os açúcares são substituídos por edulcorantes, veja se estes são poliois, com teor calórico reduzido, ou por edulcorantes intensos, sem valor calórico. Veja se se tratam de edulcorantes aceitáveis, duvidosos ou com potencial efeito alérgico. Consulte o nosso simulador em www.deco.proteste.pt/alimentacao/seguranca-alimentar. ´ Antes de tudo, certifique-se de que precisa mesmo de emagrecer no nosso simulador www. deco.proteste.pt/emagrecer. teste saúde 109 junho/julho 2014 Cuidado com o excesso de edulcorantes • Já no que toca ao ketchup, a percentagem de açúcares eliminados não passa do aceitável. O mesmo acontece no “molho bolonhesa light”, que reduz calorias em apenas 30%, apesar de cortar quase 40% de açúcar e 50% de gordura. 27