Begomovirus em Hortaliças Mirtes Freitas Lima Eng. Agr. Ph.D. Fitopatologia Embrapa Hortaliças, Cx. Postal 218 70351-970 Brasília, DF 09/2009 Geminivírus no Brasil: histórico • Décadas de 60 e 70: relato da doença (não causou grandes prejuízos); relato do biótipo A da moscabranca; • Década de 80: detecção apenas da mosca-branca Bemisia tabaci (biótipo A); • Ocorrência de geminivírus economicamente importantes: em feijoeiros (doença: mosaico dourado do feijoeiro); • Década de 90: introdução e rápida expansão de B. tabaci biótipo B no país; • Acredita-se que o biótipo B substituiu o biótipo A. 09/2009 Plantas Hospedeiras (mosca- branca) • • Hortaliças: (tomate, pimentão, batata; repolho e outras brássicas; melão, abóbora e outras cucurbitáceas); Outras culturas: feijão, algodão, soja; • Fruteiras: uva; • Plantas ornamentais: poinsettia • Plantas daninhas: várias espécies. 09/2009 CE 1998 RN PB PE (1996) DF 1994 GO 2000/01 MS PR 2005 MG 96/97 SP 96/97 SC (2009) 09/2009 SE (1998) BA 1996 ES RJ (Campos-96/97) Paty do Alferes (2005) Consequências sociais e econômicas: geminivírus • Submédio do Vale do São Francisco - 1996/07: aprox. 10.000 ha tomate para processamento - Geminivírus: efeito devastador na região Nordeste - Drástica redução da área plantada: cerca 1.000 ha - Fechamento de fábricas de processamento de tomate - Redução significativa da oferta de empregos no setor - Deslocamento da produção de tomate indústria: região Centro-Oeste 09/2009 Submédio do Vale do São Francisco •Levantamento de geminivírus: 1996/1997/1998 1368 amostras 17 Municípios S. M. da Boa Vista BAHIA S. José do Belmonte Orocó Serra Talhada Cabrobó Lagoa Grande Petrolina Casa Nova Abaré Curaçá Maniçoba Sobradinho Juazeiro Sento Sé Vale do Salitre Barragem de Sobradinho Irecê Barreiras PERNAMBUCO Barragem de Itaparica Mirangaba BAHIA Seabra Itaberaba 09/2009 Pesqueira Incidência de geminivirus em tomateiro no Submédio São Francisco em 1996/97/98. 09/2009 Detecção de geminivírus em pimentão no Submédio do Vale São Francisco. 1997. Local Incidência (%) Amostras positivas 10 Amostras (nº) 50 Petrolina-PE (6 lotes) Sento Sé, BA (1 campo) Curaçá, BA (5 campos) Riacho Seco, BA (4 campos) Total 20 3 3/3 (100%) 15 40 25/40 (62,5%) 20 30 20/30 (66,7%) 15 123 85 35/50 (70%) “squash blot” – sonda heteróloga (componentes A de geminivírus de tomate do DF) • Família: Geminiviridae Gênero Genoma Vetor Hospedeira Begomovirus DNA-A e DNA-B Mosca branca Dicotiledôneas (Bemisia tabaci) (2,5-2,8 kb) (Excecao: TYLC) Curtovirus DNA-A Cigarrinha Dicotiledôneas (2,9-3,0 kb) (Homoptera: Cicadellidae) Mastrevirus DNA-A (2,6-2,8 kb) Topocuvirus DNA-A (2,8 kb) 09/2009 Cigarrinha (Homoptera: Cicadellidae) Poaceae Cigarrinha Dicotiledôneas (Micrutalis malleifera; Homoptera: Membracidae) LRI Monopartido RI Intron MP MP Organização genômica Rep A C4 REP C2 Rep B CP Intron REN CRI Mastrevirus Gênero: Begomovirus -mais importante no BR -Mono/bipartido Curtovirus Bipartido Begomovirus 09/2009 V3 CP Morfologia da partícula: Geminivírus Partículas geminadas (microscópio eletrônico ) http://www.ncbi.nlm.nih.gov/ICTVdb/ICTVd 09/2009 Sintomas Tomateiros infectados por geminivírus podem apresentar: • amarelecimento na base dos folíolos; • clareamento de nervuras, evoluindo para mosaico amarelo. Sintomas se generalizam por toda a planta, seguidos de: • rugosidade; • redução de tamanho e enrolamento dos bordos da folha. A planta apresenta: • redução da floração; • paralisação no crescimento; • perda na produção (principalmente se a infecção ocorrer nos estádios iniciais de desenvolvimento das plantas) 09/2009 Clorose internerval Fotos: Mirtes Lima 09/2009 Enrolamento dos bordos das folhas Foto: Mirtes Lima 09/2009 Sintomas Fotos: Alice Nagata 09/2009 Foto: Alice Nagata 09/2009 Principais espécies de begomovírus descritas no Brasil em tomate Diversidade de sintomas •Tomato golden mosaic virus •Tomato chlorotic mottle virus (ToCMoV) •Tomato chlorotic vein virus •Tomato severe rugose virus (ToSRV)* •Tomato rugose mosaic virus •Tomato severe mosaic virus •Tomato yellow spot virus (ToYSV) •Tomato mild leaf curl virus •Tomato crinkle leaf yellow virus •Tomato infectious yellows virus •Tomato mottle leaf curl virus (ToMLCV)* •Tomato golden vein virus (TGVV)* •Tomato yellow vein streak virus 09/2009 Expressão de sintomas DEPENDE: • espécie do vírus; • suscetibilidade da cultivar; • estádio de desenvolvimento da planta na época da infecção; • presença de infecção viral múltipla; • interação entre estes fatores e as condições ambientais. 09/2009 Pimentão infectado com begomovírus Pimenta dedo-de-moça (Tomato severe rugose virus Fotos: Alice Nagata 09/2009 Batata infectada com begomovírus Primeiro relato: década de 80 (Daniels & Castro, 1985) Mosaico bolhoso Foto: A.C. Ávila 09/2009 Abobrinha infectada com geminivírus http://edis.ifas.ufl.edu 09/2009 Batata-doce: Sweet potato leaf curl virus http://www.bspp.org.uk/publications/new-disease-reports 09/2009 Abobrinha: Squash leaf curl virus http://www.apsnet.org/online/feature Algodão: flores não abrem e caem. http://www.oisat.org/pests/diseases/viral/leaf_curl__virus.html 09/2009 Sintomas: Plantas Daninhas A B C D Fotos: Alice Nagata (A; B; D) e Mirtes Lima (C) 09/2009 Plantas invasoras com relato de infecção por Begomovirus Assunção et al., 2003 (Fitopat.Bras.) 09/2009 - • Ordem Homoptera, família Aleyrodidae • Ciclo de vida de B. tabaci biotype B: • Estádios de desenvolv.: ovo; ninfa (4 instars; último: pupa); e, adulto. • 9-17 dias macho; 38-74 dias fêmeas (62 dias) • Ciclo de vida: 17-27 dias (20º- 30ºC) • Numero gerações/ano: 11 a 15 Face inferior • da folha Postura de ovos/fêmea: 100 a 300 Estádios imaturos permanecem tempo todo numa mesma planta 09/2009 Transmissão geminivirus Característica da transmissão Persistente-circulativo Período de aquisição Horas Período de retenção Passagem transtadial Dias-por toda a vida Sim Vírus na hemolinfa Período latente Sim Horas (6-12 h) Replicação Não Transmissão transovariana Não 09/2009 Prateamento da folha da aboboreira: biótipo B de B. tabaci Fotos: Mirtes F. Lima 09/2009 Santos et al. (2003) (Fitopatol. Bras. v.28 n.6) 09/2009 Santos et al. (2003) (Fitopatol. Bras. v.28 n.6) 09/2009 Fatores que contribuíram para a emergência, disseminação e diversidade de geminivírus • Surgimento de Bemisia tabaci biótipo B; • Aumento da população do vetor; • Geminivírus presentes em plantas invasoras infectaram tomateiros (vetor mosca-branca); • Alta taxa de recombinação entre esses vírus; • Ocorrência de novo(s)biótipo(s) de moscasbrancas no Brasil; • Movimentação de material vegetal entre regiões geográficas. 09/2009 Consequências da infecção: PLANTA • Interferência nos processos vitais da planta: - redução dos teores de clorofila e de proteínas; - redução da taxa de fotossíntese, que fica reduzida a um terço em relação àquela de uma planta normal - redução no crescimento da planta; - seca e necrose parcial de folhas; - floração reduzida; - descoloração de frutos; - baixo teor de solidos solúveis totais; - Redução no rendimento da cultura, ou até mesmo perda total, quando a infecção ocorre em mudas. 09/2009 • Detecção de geminivírus em plantas infectadas 09/2009 Sorologia não é a forma mais adequada para a detecção desses vírus Dot-blot 09/2009 Elisa Detecção: Métodos moleculares Reação em cadeia da polimerase – PCR (primers universais) 1,6pb Amplificação de fragmento do DNA-A Calegario et al., Pesq. Agropec. Bras. 42 no.9. 2007. 09/2009 Detecção: Métodos moleculares Hibridização Sonda radioativa Sonda fria 09/2009 Manejo das geminiviroses • Não há medidas curativas para o controle de viroses. • Controle: adoção de medidas preventivas • Plantar híbridos/variedades resistentes/tolerantes ao vírus, quando possível (genes TY-1 e tcm1); • Plantar mudas sadias e de boa qualidade (vigorosas); • Estabelecer plantios novos distantes de áreas mais velhas e infectadas com estes vírus; • Destruir os restos culturais logo após a colheita e também plantios abandonados; • Reduzir plantas potenciais fontes do vírus/vetor; • Evitar estabelecer plantios próximos a culturas hospedeiras de mosca branca; • Efetuar o controle químico com produtos recomendados e segundo recomendações técnicas; • Seguir às normas da legislação quanto à época de plantio. 09/2009 Mirtes Lima [email protected] Hortaliças 09/2009