MESTRADO ESTUDOS DE CULTURA CONTEMPORÂNEA VIDA PSÍQUICA E O DEVIR REAL EM BERGSON. DO TEMPO DA CIÊNCIA AO TEMPO DA CONSCIÊNCIA: CONTROVERSIAS EPISTEMOLÓGICAS ACERCA DO TEMPO E ESPAÇO CAROLINE CHRISTINE GARCIA DO NASCIMENTO Resumo: A filosofia Bergsoniana deriva da reflexão sobre o tempo, no qual exibe a potente e contraditória natureza do real que é durée: continuidade e diferença articuladas num meio que é ambiente comum da consciência e da vida. O filósofo francês busca construir seu apor teórico em uma realidade que não ignore os fatos. Compreende que este acesso toma o caminho de uma realidade interior, constituída por nossa vida psíquica; assim, volta seu olhar a esse acesso privilegiado, buscando compreender sua natureza, antes de buscar investigar a realidade tida como exterior. Aponta que essa vida interior é de natureza temporal: o tempo, enquanto duração é a essência da vida psíquica. Todavia, não é assim que, no geral, as ciências, tanto a física quanto a jovem psicologia de seu período a entendeu; marcadas pelo determinismo psicofísico, bem como pelas categorias de matematização, acabaram por não reconhecer a verdadeira natureza psíquica, ao confundi-la com o físico, entendendo -a como sendo de natureza espacial. Nestes fluxos de recalcitrância e rupturas epistemológicas, em 6 de abril de 1922, Henri Bergson e Albert Einstein se encontraram na sociedade francesa de Filosofia em Paris para discutir o significado da relatividade. Nos anos seguintes, o filósofo e físico entregaram-se a uma disputa sobre os conceitos de tempo e espaço. Ao recriar o debate em 2010, Bruno Latour indaga: “Afinal – A quem pertence nosso tempo e espaço?" Esta controvérsia é marcada por duas áreas, a saber: – a filosofia e a física- que requeriam o poder de discurso através de grandes porta-vozes. A experiência do tempo foi particularmente sensível a esse processo. De um lado, foi dividida entre um tempo quantitativamente espacializado, possibilitando sua mensuração versus um tempo qualitativo vivido, a Duração. Por outro ponto, este último foi crescentemente reduzido a um tempo psicológico e, portanto, insignificante para a física, tal como ficou evidenciado na indiferença de Albert Einstein diante do esforço de Henri Bergson em expor os elementos metafísicos que envolve a teoria da relatividade. Ao explorar a (re)encenação do debate promovida por Bruno Latour(2010), tomo como proposta a possibilidade de uma terceira experimentação do seu original e não apenas como um mero fac-símile de 1922, possibilitando novas associações e controvérsias marcada na temática do tempo. Ao aplicar o conceito de tempo espacial à compreensão do modo de ser do psiquismo, Bergson acusa que o tempo homogêneo é uma noção híbrida de tempo e de espaço que surge porque se concebe a duração como homogênea, concepção que no fundo não passa de uma representação simbólica e inexata da verdadeira realidade psíquica. PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO VI MOSTRA DA PÓS-GRADUAÇÃO/2014