cardiomiopatia não-classificada em um gato

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42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR
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CARDIOMIOPATIA NÃO-CLASSIFICADA EM UM GATO
CARDIOMYOPATHY NON-CLASSIFIED IN A CAT
MARCELA
SIGOLO
CONCEIÇÃO¹,
VANHONI¹,
GUSTAVO
HELOÍSE
DITTRICH¹,
BARBOSA
MARLOS
DA
GONÇALVES
SOUSA¹
¹ Universidade Federal do Paraná – Curitiba/PR
Resumo
As cardiomiopatias são classificadas em quatro subtipos: cardiomiopatia
dilatada (CMD), cardiomiopatia hipertrófica (CMH), cardiomiopatia
restritiva (CMR) e cardiomiopatia arritmogênica ventricular direita
(CAVD). No entanto, em alguns casos, não são evidenciadas o conjunto
de características que permita enquadrá-los nessa classificação. Nesse
sentido, o paciente recebe o diagnóstico de cardiomiopatia nãoclassificada. No presente relato de caso serão descritos os sinais
clínicos, bem como as alterações no exame físico e exames
complementares que permitiram diagnosticar a cardiomiopatia nãoclassificada em um gato doméstico.
Palavras-chave: felinos; cardiopatia indeterminada; fibrilação atrial.
Abstract
The
Cardiomyopathies
are
classified
in
four
subtypes:
dilated
cardiomyopathy (DCM), hypertrophic cardiomyopathy (HCM), restrictive
cardiomyopathy
(CMR)
and
arrhythmogenic
right
ventricular
cardiomyopathy (CAVD). However, in some cases, they are not seen the
set of characteristics that allow them to frame this classification.
Accordingly, the patient is diagnosed with unclassified cardiomyopathy.
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In the present case report clinical signs are described as well as
changes in the physical examination and complementary tests diagnose
unclassified cardiomyopathy in a domestic cat.
Key-words: cats; undetermined heart disease; atrial fibrillation.
Descrição do Relato
I.
O diagnóstico das cardiomiopatias em geral pode ser realizado
pelos achados clínicos, valendo-se, principalmente, da auscultação
cardíaca e respiratória e dos sinais comuns de insuficiência cardíaca,
quando
houver.
Ademais,
são
primordiais
os
exames
complementares, incluindo a ecocardiografia, a eletrocardiografia e a
radiografia torácica. Valendo-se disso, o presente relato de caso tem
como objetivo descrever os sinais clínicos desta cardiomiopatia e
auxiliar no diagnóstico desta afecção em gatos.
Para tal, foi selecionado um gato, sem raça definida, de 2,8kg, 5
anos
de
idade,
que
apresentou
ao
exame
físico
arritmia
irregularmente irregular, dispnéia, prostração e pressão arterial
sistólica (PAS) de 80 mmHg. O paciente obtinha histórico de
prostração, inapetência e emagrecimento progressivo com 15 dias de
evolução mais evidente. O diagnóstico foi estabelecido a partir dos
sinais
clínicos,
exame
físico,
eletrocardiográfico
(ECG)
e,
principalmente, ecocardiográfico (ECO). Procedeu-se a análise da
ficha clínica, com observação da história pregressa.
II.
Discussão
O ECG evidenciou ausência de onda P durante todo traçado, com
frequência elevada e ritmo irregular, compatível com fibrilação atrial.
Ademais, havia aumento da duração de complexo QRS (0,047s),
sugerindo sobrecarga em ventrículo esquerdo, e aumento de onda T,
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caracterizando distúrbio inespecífico de repolarização ventricular. A
fibrilação atrial pode decorrer de quaisquer cardiopatias que
danifiquem o sistema de condução elétrica do coração (RETTORE,
2002). Gatos com cardiomiopatia não classificada apresentam
alterações eletrocardiográficas inespecíficas, sobretudo em relação à
sobrecarga atrioventricular (FERASIN et al., 2003).
O ECO indicou alterações que confirmaram o diagnóstico da
cardiomiopatia não classificada.
As
dimensões
do ventrículo
esquerdo foram obtidas no estudo em modo M, em eixo curto, obtido
pela janela paraesternal direita. Havia discreta dilatação da cavidade
ventricular esquerda, tanto em sístole quanto em diástole (9,3 mm e
15,4 mm, respectivamente), sem hipertrofia de septo e de parede
ventricular, mantendo a normalidade das frações de ejeção (74%) e
encurtamento (39%). O tamanho do átrio esquerdo foi expresso pela
relação entre as dimensões da cavidade atrial e da raiz aórtica, sendo
demonstrado aumento importante de átrio esquerdo (AE/Ao = 1,7). A
avaliação do fluxo de sangue nas valvas atrioventriculares e
semilunares foi determinada pelo estudo de Doppler espectral e
colorido. As velocidades e gradientes de pressão dos fluxos
transvalvares estavam dentro da normalidade e não havia sinais de
refluxo sanguíneo.
A despeito das anormalidades ecocardiográficas evidenciadas, os
resultados não permitiram enquadrar a doença cardíaca apresentada
pelo animal em nenhuma classificação de cardiomiopatia. Apesar de
ter sido constatado discreto aumento de câmara ventricular esquerda,
a
função
miocárdica
sistólica
aparentemente
encontrava-se
preservada, a julgar pela fração de encurtamento não diminuída,
como em animais com CMD (FUENTES, 1992). Além disso, não
havia hipertrofia concêntrica de ventrículo esquerdo nem de septo
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ventricular como em animais com CMH (RETTORE, 2002). A
dilatação atrial presente no animal em questão pode ser secundária à
disfunção diastólica,
mas
a comprovação só seria possível
empregando-se estudo ecocardiográfico com Doppler tecidual
(FERASIN et al., 2003).
Para o tratamento da fibrilação atrial, institui-se a administração de
digoxina a 0,007 mg/kg, em dias alternados, por via oral. Decorridas
24h da primeira administração, a PAS do animal já havia se
normalizado (120 mmHg) e a frequência cardíaca havia reduzido.
III.
Conclusão
Por meio dos resultados obtidos pelo exame ecocardiográfico,
pode-se diagnosticar a cardiomiopatia não classificada nesse
paciente. As alterações miocárdicas acabam por gerar uma alteração
no sistema de condução elétrico no coração, causando fibrilação
atrial, a qual prejudica o débito cardíaco que, por sua vez, pode
explicar a hipotensão apresentada pelo paciente. Com a terapia,
conseguiu-se amenizar os efeitos da fibrilação atrial e, destarte,
normalizou-se a pressão arterial sistólica do paciente.
IV.
Referências
RETTORE, A. C. D. G., Cardiomiopatias felinas. Curso de pósgraduação “latu sensu”, p.74. Belo Horizonte, 2002.
FERASIN, L. et al. Feline idiopathic cardiomyopathy: a retrospective
study of 106 cats (1994–2001). Journal of Feline Medicine & Surgery,
v. 5, n. 3, p. 151-159, 2003.
FUENTES V.L. Feline heart disease: an update. Journal of Small
Animal Practice 33, 130–137,1992.
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