O sufixo -UDO numa visão multissistêmica

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
Marina Lima Mansur
O SUFIXO -UDO NUMA VISÃO MULTISSITÊMICA
Rio de Janeiro
2013
2
Marina Lima Mansur
O SUFIXO -UDO NUMA VISÃO MULTISSISTÊMICA
Tese de Doutorado apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Letras Vernáculas – Língua
Portuguesa, da Faculdade de Letras da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
requisito parcial para obtenção do título de
Doutor em Língua Portuguesa.
a
a
Orientadora: Prof Dr Maria Lúcia Leitão de
Almeida
Co-orientador: Prof. Dr. Carlos Alexandre
Victório Gonçalves
Rio de Janeiro
2013
3
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Título da Tese: O sufixo -UDO numa visão multissistêmica
Autor: Marina Lima Mansur
Defesa em: agosto de 2013
BANCA EXAMINADORA:
__________________________________________________________________
a
a
Prof Dr Maria Lúcia Leitão de Almeida – orientadora
Universidade Federal do Rio de Janeiro
__________________________________________________________________
Prof. Dr. Carlos Alexandre Victório Gonçalves – co-orientador
Universidade Federal do Rio de Janeiro
__________________________________________________________________
Profª Drª Sandra Pereira Bernardo
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
__________________________________________________________________
Profª Drª Mônica de Toledo Piza
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
__________________________________________________________________
Prof. Dr. André Faria
Universidade Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
__________________________________________________________________
Profª Draª Beatriz Protti Christino
Universidade Federal do Rio de Janeiro
4
A Maria Júlia, Luísa e Pedro, meus netos, vida que se renova
a cada dia.
A José Ricardo e Mariana, amores de todas as minhas vidas.
Ao Carlos Alexandre, exemplo do ser humano.
5
AGRADECIMENTOS
A Deus, Pai de Amor e a Jesus, Mestre.
Ao Pedrinho, por todos os “Vovó, vem descansar, para de estudar!” e “Vovó, vou
ficar quietinho aqui do seu lado pra você poder estudar.”
À Luiza, pelos sorrisos que iluminam meu mundo.
À minha mãe.
Às minhas sobrinhas Gisele e Alessandra, por todas as vezes em que me chamaram à
realidade, lembrando que eu tinha de fazer minha tese.
À minha mãe, minha irmã e à minha sobrinha Daniele pela torcida.
À Cristina Meirelles, por tantos anos de amizade e torcida.
À Magaly, pelo apoio incondicional sempre e por ser um dos meus "Anjos
Peixinhos".
A Mauro e Darlene, irmãos, amigos, companheiros de jornada.
À Laura Aparecida, amiga sempre presente de palavra firme e equilibrada.
À Profª Drª Lílian Ferrari, modelo de profissionalismo que me muito me ensinou.
Aos queridíssimos e sempre competentes, simpáticos e prestativos funcionários da
Secretaria da Pós-Graduação Wilma Garrido, José Vianna e Laelson da Rocha Luiz.
Ao sr. Andrei Purcarea, do Consulado Geral da Romênia no Rio de Janeiro, pela
tradução do romeno para o inglês
Ao querido amigo Prof. Magner Gomes da Silva Junior pela tradução do espanhol.
Às queridas amigas Profª Drª Isabel Maria Abreu e Profª Mírian da Costa Loureiro
pelo apoio e estímulo constantes e pela tradução do Resumo para o espanhol e para o
inglês.
À Profª Isabel Cristina Veja Martinez, minha coordenadora no Colégio Pedro II, que
me dispensou das reuniões de equipe para que eu pudesse usar o tempo escrevendo
esta tese.
A Danilo Oliveira Nascimento Julião, aluno monitor de Latim da Faculdade de
Letras da U.F.R.J., pela tradução do texto de Plauto.
6
De Deus, Anjos e Peixes
Dizem que existem Anjos. Sou dessas que acreditam neles. Por que, se Anjos
não existem, como explicar a presença desses Peixinhos amados em minha vida?
Coincidência ou não, Deus colocou em meu caminho verdadeiros Anjos
(assim mesmo, com maiúscula o tempo todo) que me ensinam lições de amor, mas,
acima de tudo, me guardam.
É isso, são verdadeiros Anjos da Guarda esses
Peixinhos que vieram ao mundo todos no mês de março.
O primeiro deles, de olhos verdes, foi minha aluna num curso de inglês,
língua que ela confessadamente detesta. Veio para este mundo num 5 de março.
Desde sempre amiga essa Anja, me arrumando aulas particulares para que eu
pudesse ganhar mais do que o minguado salário de professora de cursinho de
idiomas. Anja forte, que sempre soube o que queria da vida e chegava ao ponto que
estabelecia para si. Sabia muito de computadores, tinha trabalhado, feito carreira,
casado, virado mãezona em horário integral. Anos depois de termos ambas saído do
curso em que nos conhecêramos, ela me liga contando que estava fazendo Letras. De
Bacharel a Doutora, seu percurso foi tão rápido como só o das pessoas que sabem o
que querem pode ser.
O segundo também é uma Anja. A primeira vez que vi essa Anja de 4 de
março, ela estava disfarçada de conferencista, falando de uma teoria totalmente nova.
(Ah, Anja novidadeira!) Era uma Anja sui generis, intelectual, novidadeira, estilo
carioca zona sul com modelito da moda e fumando muito. E existe disfarce melhor
para uma Anja do que esse? Um ou dois anos depois, reencontrei essa Anja como
7
minha professora no Mestrado.
Minha Anja professora me ensinou muito de
Linguística Cognitiva. Acima de tudo, me ensinou também muito de SER.
O terceiro é um Anjo.
O único do grupo.
O bendito-é-o-fruto.
Deus o
mandou para cá no dia mais lindo da minha vida, 10 de março. Anjo sardento.
Bonito. Brilhante, até autor de livros ele é. Bom. Sensível. Simples. Generoso. Anjo
que me mostrou a beleza da Morfologia.
Anjo que falou duro comigo quando
precisei. Anjo que compartilha da crença de que fora da caridade não há salvação e
não deixa que a mão direita saiba o que a esquerda faz.
O quarto é uma Anjinha. Presente maior da minha vida desde 10 de março de
2012. Anjinha que me trouxe um mundo novo, de paz, felicidade e, acima de tudo,
muito, muito amor. Anjinha que me chama de vovó e pensa que a protejo, quando é
ela que protege (até de mim mesma).
Anjinha pela qual tento ser uma pessoa
melhor. Anjinha para a qual as palavras são mera formalidade, porque tudo está
dito em seu olhar.
Katia Emmerick Andrade, Maria Lucia Leitão de Almeida, Carlos Alexandre
Vitorio Gonçalves e Maria Júlia Lima Ribeiro, só posso dizer uma coisa: obrigada,
muito obrigada mesmo por partilharem a jornada comigo. Sou muito grata a Deus
por ter me dado vocês e saibam que estou sempre ao lado de vocês para o que der e
vier.
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RESUMO
MANSUR, Marina Lima. O sufixo -UDO numa visão multissistêmica. Tese de
Doutorado em Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de
Janeiro, 2013.
Esta tese tem como objetivo analisar os sufixos homônimos -UDO participial e
-UDO adjetival. Para isso, parte dos pressupostos da Teoria Multissistêmica
Funcional-Cognitiva (CASTILHO, 2010), combinando-a com os conceitos de
gramaticalização do funcionalismo (NORDE, 2006) e de categorização (LAKOFF,
1987), corporificação funcional (JOHNSON, 1987) e polissemia da Linguística
Cognitiva.
Para análise do corpus sincrônico, referente ao sufixo adjetival, foram usadas
não só palavras dicionarizadas como também formações recolhidas da internet e de
conversas informais. Da análise do corpus formado por essas palavras, surgiram as
seguntes conclusões: (i) há um continuum dos significados desse sufixo, em que o
mais prototípico é "X tem base grande" e o que mais se afasta do centro é "X usa a
base"; (ii) a meronímia é a principal relação estabelecida nos adjetivos formados por
-UDO; e (iii) há, nos derivados desse sufixo, uma focalização do holônimo quando,
por um processo de derivação imprópria, os adjetivos se transformam em
substantivos.
Quanto ao sufixo participial, a principal descoberta é a de que, por pressões do
uso e da ação do dispositivo sociocogntivo, ele sofreu um processo de reanálise
responsável por sua substituição pelo sufixo -IDO.
Palavras-chave: Derivação, Pancronia, Corporificação, Meronímia, Holonímia,
Continuum, Rede Polissêmcia.
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ABSTRACT
MANSUR, Marina Lima. O sufixo -UDO numa visão multissistêmica. Tese de
Doutorado em Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de
Janeiro, 2013.
The aim of this thesis is to analyze the homonymous suffixes in the Portuguese
language: the participial suffix –UDO and the adjectival suffix -UDO. In order to do
so the study draws on the Multisystemic Functional-Cognitive Theory (or Approach)
(CASTILHO, 2010) as well as the concepts of grammaticalization of functionalism
(NORD, 2006), categorization (LAKOFF, 1987), functional embodiment (JOHNSON,
1987) and polysemy in Cognitive Semantics.
In order to analyze the synchronic corpus related to the adjectival suffix we
referred to words collected from dictionaries and from the internet as well as words
used during informal conversations. Some conclusions arose after the analysis of this
corpus: (i) there is a continuum of meanings associated to this suffix ranging from the
most prototypical “X has a large base” to the most distant from the center “X uses the
base”; (ii) meronymy is the main relationship that arises from the adjectives formed
by –UDO; (iii) there is also a focus on the holonym when the adjectives become a
noun via conversion.
Concerning the participial suffix, the main finding is that by pressure of use
and the action of the sociocogntive device it underwent a reanalysis process that
made -UDO being replaced by –IDO.
Key-words:Derivation,
Panchrony,
Continuum, Polissemic Network.
Embodiment,
Meronymy,
Holonymy,
10
RESUMEN
MANSUR, Marina Lima. O sufixo -UDO numa visão multissistêmica. Tese de
Doutorado em Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de
Janeiro, 2013.
Esta tesis tiene como objetivo analizar los sufijos homónimos -UDO participial
y -UDO adjetival. Para ello, parte de los presupuestos de la Teoría Multisistémica
Funcional-Cognitiva (CASTILHO, 2010), combinándola con los conceptos de
gramaticalización del funcionalismo (NORDE, 2006) y de categorización (LAKOFF,
1987), corporeización funcional (JOHNSON, 1987) y polisemia de la Lingüística
Cognitiva.
Para análisis del corpus sincrónico, referente al sufijo adjetival, se usaron no
sólo palabras diccionarizadas sino también formaciones recogidas de internet y de
conversaciones informales. Del análisis del corpus formado por esas palabras,
surgieron las siguientes conclusiones: (i) hay un continuum de los significados de ese
sufijo, en el cual el más prototípico es "X tiene base grande" y el que más se aleja del
centro es "X usa la base"; (ii) la meronimia es la principal relación establecida en los
adjetivos formados por -UDO; y (iii) hay, en los derivados de ese sufijo, una
focalización del holónimo cuando, por un proceso de derivación impropia, los
adjetivos se transforman en sustantivos.
Cuanto al sufijo participial, el principal descubrimiento es el de que, por
presiones del uso y de la acción del dispositivo socio-cognitivo, él sufrió un proceso
de re-análisis responsable por su sustitución por el sufijo -IDO.
Palabras-clave: Derivación, Pancronía, Corporeización, Meronimia, Holonimia,
Continuum, Red Polisémica.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
Marina Lima Mansur
SUFIXO -UDO EM UMA VISÃO MULTISSISTÊMICA
Rio de Janeiro
2013
12
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................15
1.1. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA...............................................................................16
1.1.1 -udo sufixo de particípio.................................................................................................16
1.1.2 -UDO sufixo formador de adjetivos..............................................................................17
1.2 HIPÓTESES...........................................................................................................................17
1.3 METODOLOGIA..................................................................................................................18
1.2 APRESENTAÇÃO DO TRABALHO.................................................................................21
2 A GRAMÁTICA MULTISSISTÊMICA..............................................................................22
3 VISÕES SOBRE OS SUFIXOS -UDO...............................................................................28
3.1 AS FORMAÇÕES X-UDO EM GRAMÁTICAS DOS SÉCULOS XIX A XXI..............28
3.2 ABORDAGENS LINGUÍSTICAS RECENTES SOBRE OS SUFIXOS -UDO...............33
4 -UDO PARTICIPIAL E -UDO ADJETIVAL....................................................................38
4.1 ALGUMAS MUDANÇAS MORFOLÓGICAS DO LATIM........................................38
4.2 –UDO PARTICIPIAL .......................................................................................................40
4.3 O SUFIXO ADJETIVAL –UDO........................................................................................47
4.4 O DESTINO DO –UDO PARTICIPIAL..........................................................................52
4.5 –UDO ADJETIVAL............................................................................................................59
4.6 AS BASES............................................................................................................................60
4.7 DOS SIGNIFICADOS........................................................................................................69
13
4.7.1 Da criação e aquisição dos significados de –UDO..................................................70
4.7.2 Do conhecimento enciclopédico.................................................................................76
4.8 ANÁLISE DE SIGNIFICADO DO CORPUS SINCRÔNICO......................................81
4.8.1 Dos significados gerais de –UDO.................................................................................82
4.8.2 De alguns significados.................................................................................................88
4.9 –UDO E O CORPO HUMANO.......................................................................................96
4.10 –UDO E A MERONÍMIA.............................................................................................100
5. PALAVRAS FINAIS..........................................................................................................106
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................107
ANEXO...................................................................................................................................123
14
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 O DSC e os sistemas linguísticos.........................................................................23
Figura 2 Quadro das terminações do particípio passado no latim.................................42
Figura 3 Quadro das terminações do particípio passado nas línguas neorromânicas.......46
Figura 3 Gráfico da produtividade do sufixo –UDO........................................................50
Figura 4 Gráfico das palavras relacionadas ao corpo.......................................................52
Figura 5 Percurso da analogia do sufixo adjetival –UDO................................................64
Figura 6 Representação da saliência de –UDO..................................................................73
Figura 7 Rede polissêmica do –UDO..................................................................................88
15
1
INTRODUÇÃO
Esta tese trata de dois sufixos.
O sufixo participial -UDO e o sufixo
adjetival-UDO, este de sabor coloquial, brincalhão, irônico e, algumas vezes,
desbocado e desaforado —tão desbocado que frequenta, muitas das vezes, apenas as
alcovas e os sites de anúncios de favores sexuais em vez de, comportadamente, ir
para os dicionários. Mas, para dizer isso, não é necessário escrever uma tese, porque
todos já o sabemos: está em nosso conhecimento como falantes e também escrito em
gramáticas normativas e descritivas e em alguns artigos que se debruçaram sobre
esse assunto.
Além disso, se fosse este o objetivo desta obra — repetir o que já se escreveu
sobre -UDO, tanto o sufixo de particípio quanto o adjetival —, ela não poderia ser
uma Tese, pois um das exigências desse tipo de texto é o ineditismo de seu tema. O
que se traz de inédito aqui é o tratamento do tema, analisado dentro da Teoria
Multissistêmica Funcionalista-Cognitivista, contando com o auxílio da Linguística
Cognitiva e da Gramaticalização do ponto de vista do Funcionalismo, além da
postulação de que as palavras derivadas de -UDO são merônimos 1.
Na próxima seção, caracterizo os problemas relacionados à análise dos dois
sufixos. Em seguida, a seção 1.2 apresenta as hipóteses deste trabalho. A seção 1.3
descreve a metodologia adotada para a pesquisa e, por fim, a seção 1.4 apresenta a
estrutura geral do trabalho.
1
Esse conceito será esclarecido no capítulo 4.
16
1.1
APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA
Como nesta Tese são examinados dois sufixos, abordo as questões relativas a
cada um deles separadamente.
1.1.1 -UDO sufixo de particípio
Não há consenso quanto ao destino do sufixo participial -UDO, que era usado
para formar o particípio passado dos verbos de segunda conjugação até o século XVI
e foi substituído pelo sufixo -IDO 2, em uso até os dias atuais.
Embora as soluções apontadas para essa questão pelos autores que abordaram
o assunto sejam múltiplas e, às vezes, contraditórias, todas têm em comum o fato de
não levarem em consideração o uso da língua pelos falantes e de ignorarem que esse
é um fenômeno complexo e multifacetado, associado aos diversos sistemas da língua.
Por isso, optei por analisar essa questão levando em conta o uso da língua pelos
falantes e os pressupostos da teoria Multissistêmica, que considera as línguas formadas
por sistemas independentes.
A rigor, o sufixo de particípio é –do, sendo o /i/ precedente à vogal temática resultante da
neutralização entre a segunda e a terceira conjugações. Embora a sequência em questão seja
bimorfêmica, irei fazer referência a ela como um sufixo, a fim de estabelecer melhor o paralelo com o
sufixo –UDO formador de adjetivos.
2
17
1.1.2 -UDO sufixo formador de adjetivos
O sufixo formador de adjetivo mereceu alguns trabalhos dentro do
Funcionalismo, da Lexicologia e do Estruturalismo. Entretanto, ainda não havia sido
analisado à luz Teoria Multissistêmica ou da Linguística Cognitiva.
A maioria dos artigos e teses sobre ele não apresentava dados fornecidos por
informantes, com corpora formados exclusivamente pelos verbetes dos dicionários, o
que favorecia uma visão estanque do estágio atual do sufixo.
1.2
HIPÓTESES
Com o instrumental teórico apresentado acima, pretendo apresentar uma
solução para a questão do “desaparecimento” de -UDO formador de particípio, do
qual ainda temos algumas formas cristalizadas em nossa língua (conteúdo, agudo,
manteúdo), trabalhando com os conceitos de pancronia, uso da língua e movimento
lateral 3, entre outros referenciados pelas correntes teóricas já citadas. Justifica-se
essa preocupação por, ainda hoje, haver divergências sobre seu destino, como pode
ser visto no capítulo 3. Formulo a hipótese (1) de que esse sufixo participial sofreu
um processo de reanálise e foi substituído pelo sufixo -IDO.
Ainda no âmbito das perspectivas teóricas elencadas na abertura deste
capítulo, pretendo traçar uma rede dos significados do sufixo adjetival -UDO e
analisar os processos metafóricos e metonímicos presentes em seu uso, com a
3Esses
e outros conceitos serão devidamente explicitados no correr da tese.
18
finalidade de comprovar a hipótese (2) aqui postulada de que a principal relação que
ele estabelece com a base a que se adjunge é uma relação meronímica.
1.3
METODOLOGIA
Para alcançar esse objetivo, fiz, inicialmente, um levantamento das formas em
-UDO em dois dicionários eletrônicos, o Dicionário Houaiss da língua portuguesa e o
Dicionário Aurélio 4, e pedi a pessoas de várias faixas etárias, porém de nível cultural
semelhante (ensino médio completo e superior completo ou incompleto), que me
dissessem algumas palavras terminadas com esse sufixo A seguir, selecionei as
palavras que realmente o continham, excluindo da análise alguns empréstimos, os
quais já se encontram cristalizados em português, como agalhudo e veludo, e alguns
vocábulos 5 de etimologia obscura, como trancudo. Também retirei algumas palavras,
embora contendo o sufixo, de uso muito restrito, por serem típicas ou de apenas um
estado ou uma região do Brasil ou das modalidades europeia ou africanas do
português, como bicuda, que atende ao primeiro caso, e telhudo e sasudo, que
correspondem ao segundo. A exclusão de palavras de outras modalidades que não a
brasileira se justifica por um dos objetivos deste estudo ser a análise do sufixo
adjetival -UDO no Português Brasileiro (PB).
Por ser de uso bastante conhecido, passo a referir-me a eles, a partir de agora, como Houaiss e Aurélio.
Castilho (2010: 687 e 696), pelo qual palavraé "unidade do vocabulário caracterizada (1)
fonologicamente por dispor de esquema acentual e rítmico; (2) morfologicamente por ser organizada
por uma margem esquerda (preenchida por morfemas prefixais), um núcleo (...) e por uma margem
direita (preenchida por morfemas sufixais); (3) sintaticamente por organizar ou não um sintagma; (4)
semanticamente por veicular uma ideia (...) e (5) graficamente por vir separada por um espaço em
branco" e sinônimo de vocábulo.
4
5Sigo
19
O passo seguinte foi formar dois grupos: um composto por formas do antigo
particípio e outro por adjetivos formados por derivação sufixal. Procedi, então, a
uma pesquisa na internet para levantamento de palavras não dicionarizadas para
completar o corpus sincrônico dos adjetivos, usando a ferramenta de busca Google. A
opção pela internet se deve ao fato de nela se acharem textos de diversos tipos e
gêneros, produzidos por falantes de diferentes graus de escolaridade, faixas etárias,
níveis sociais e sexo. Bastante conveniente, portanto, para encontrar exemplos do
sufixo aqui estudado. Além disso, um número elevado desses textos se aproxima
muito da língua falada, a qual, segundo Castilho (2010), "é mais reveladora dos
processos de criatividade e mudança linguística que a língua escrita". Com esses
procedimentos, obtive um corpus com 270 palavras.
A recolha dos exemplos na internet se revelou profícua especialmente por três
motivos: (i) permitiu encontrar palavras que, apesar de bastante usadas, não estão
nos dicionários; (ii) possibilitou duas constatações: algumas formas dicionarizadas
ou têm pouquíssimas ocorrências no estágio atual da língua ou simplesmente não
têm nenhuma ocorrência, e outras apresentam significado em nada relacionado com
os fornecidos pelos dicionários e (iii) tornou possível traçar um panorama da
situação real de uso do sufixo.
Para solucionar algumas dúvidas que surgiram no decorrer da análise sobre o
julgamento dos falantes em relação a questões de significado do sufixo adjetival,
lancei mão de três pesquisas com informantes, cujos resultados são apresentados no
capítulo 4.
20
Finalmente, com uso dos dicionários Dicionario lusitânico-latino, de Jerônimo
Cardoso; Tesouro da lingua portuguesa, de Bento Pereira; Vocabulario português e latino,
de Dom Rafael Bluteau 6; e Diccionario da lingua portugueza, de Antonio Moraes e
Silva 7, pude checar os significados com que alguns dos adjetivos foram introduzidos
na língua portuguesa para traçar o percurso que seguiram até o momento atual, o
que se revelou de grande auxílio tanto para dirimir algumas dúvidas de etimologia
como para revelar metáforas e metonímias impensáveis sincronicamente, como se
pode ver no capítulo 4.
Esse constante apelo à sincronia e à diacronia constitui a visão pancrônica da
língua, preconizada pela Teoria Multissistêmica e que consiste em apregoar que,
como os usos da língua “se entroncam em práticas sociais, antropológicas, eles
arrastam o passado para o presente” (CASTILHO, 2010: 77-78).
Em resumo, a
pancronia é a presença conjunta da sincronia e da diacronia.
Devo dizer que a pesquisa do sufixo adjetival neste trabalho é feita
focalizando basicamente a semântica, e não a morfologia, por já existirem várias
pesquisas desse sufixo no âmbito da Morfologia e, contrariamente, nem uma sequer
sob o escopo da Semântica. Obviamente, isso não significa que os aspectos
morfológicos são ignorados: ao contrário, a utilização da Morfologia se dá em todo o
percurso desta Tese.
6
7
Disponíveis no Corpus Lexicográfico do Português.
Disponível em <http://archive.org/details/diccionariodalin00mora>
21
1.4
APRESENTAÇÃO DO TRABALHO
O próximo capítulo destina-se à fundamentação teórica do trabalho.
A seguir, o capítulo 3 apresenta as diferentes visões a respeito de ambos os
sufixos, fazendo um mapeamento por gramáticas normativas e históricas, manuais
de filologia e trabalhos de cunho linguístico.
O capítulo 4 constitui o âmago do trabalho, apresentando a análise dos dois
sufixos e as conclusões a que cheguei.
Finalmente, no capítulo 5, apresento as principais conclusões deste estudo.
22
2
A GRAMÁTICA MULTISSISTÊMICA
Este capítulo apresenta a Teoria Multissistêmica, fazendo uma brevíssima
exposição de suas bases.
A Teoria Multissistêmica Funcionalista-Cognitivista, conforme seu nome já
diz, agrega elementos do Funcionalismo, como os estudos de gramaticalização, e da
Linguística Cognitiva, como a teoria dos protótipos, esquemas imagéticos, metáforas
e metonímias conceptuais.
Essa teoria apresenta a língua como um fenômeno complexo e dinâmico,
composta por sistemas independentes que podem apresentar interfaces, "mas não
regras de dependência” (CASTILHO, 2010: 69).
O dispositivo sociocognitivo
(doravante DSC) é um dispositivo pré-verbal que governa a execução linguística; por
conseguinte, atua em todos os sistemas da língua, sendo responsável pelas intefaces
que esses sistemas podem apresentar.
A figura 1 (Idem, ibidem) abaixo representa os sistemas que fazem uma
língua e sua relação com o DSC.
23
DISCURSO
SEMÂNTICA
DSC
LÉXICO
GRAMÁTICA
Figura 1: O dispositivo sociocognitivo (DSC) e os sistemas linguísticos
A Gramática Multissistêmica apresenta seis postulados que são elencados a
seguir.
1. A língua se fundamenta num aparato cognitivo
Este postulado está ligado ao conhecimento de mundo do falante, presente em
suas conceptualizações.
As categorias cognitivas (pessoa, espaço, quantidade,
movimento, entre outras) são representadas nas língua naturais, e essas
representações vão sofrendo alterações ao longo da trajetória de cada língua e
também de língua para língua, ou seja, o significado altera-se com o correr do tempo.
Iss é causado justamente pelo fato de as conceptualizações que fazemos serem
ligadas ao meio em que vivemos, às experiências por que passamos, uma vez que o
mundo nos chega através dos sentidos. As categorias cognitivas são eternas, pois
que fazem parte dos "atributos da raça humana" (CASTILHO, 2010: 69); o que muda,
nunca é demais repetir, são as formas de representá-las.
E os motivos dessas
mudanças não estão nas línguas em si, mas nos seus falantes, que buscam se
expressar mais eficientemente (Cf. SILVA, 2006).
24
Assim, a Teoria Multissistêmica ermerge da Linguística Cognitiva e postula
um "continuum categorial", na medida em que entende que é a
similitude, e não a identidade, que deve ser buscada no
processo de postulação de categorias. Seus traços
definidores não devem ser estabelecidos a partir de
propriedades necessárias e suficientes, ou a partir de seu
valor de verdade, e sim a partir de certas semelhanças
que os falantes percebem intuitivamente” (CASTILHO,
2010:70-71)
2. A língua é uma competência comunicativa
A competência comunicativa é "a habilidade de veicular conteúdos
informativos, exteriorizar sentimentos pessoais e expressar instruções que devem ser
seguidas" (CASTILHO, 2010: 71).
Nas palavras de Silva (2006: 311),
Pensamento e linguagem existem em mentes individuais, mas
constroem-se na interação social. A conceptualização é, pois,
necessariamente interactiva: os nossos conceitos, as nossas
'realidades' são produto de mentes individuais em interacção
entre si e com os nossos contextos físicos, sócio-culturais,
políticos, morais, etc. A linguagem desempenha uma função
não só semiológica, permitindo que as conceptualizações sejam
simbolizadas por meio de sons e gestos, como também
interactiva,
envolvendo
comunicação,
manipulação,
expressividade, comunhão social. Afinal, o conhecimento da
linguagem emerge do uso da linguagem e, portanto, da
interação social ou discurso!
Esse postulado destaca a importância das noções de tema e rema 8, por um lado,
e dos atos de fala, de outro, uma vez que a adequação da linguagem à situação é
fundamental para uma comunicação eficiente.
8Tema
é associado à informação velha, com pouca informatividade, e rema com a informação nova, que
apresenta alta informatividade.
25
A relação entre língua e sociedade se faz presente neste postulado, uma vez
que o falante analisa as condições sociais em que se encontra a fim de produzir um
discurso relevante para aquela situação de fala.
3. As estruturas linguísticas não são objetos autônomos
Este postulado choca-se diretamente com o formalismo, que vê a língua como
um objeto autônomo, totalmente estável.
Entretanto, as estruturas linguísticas sofrem as pressões de uso e, por isso,
sofrem mudanças, posto que são dinâmicas. Os processos de reenquadre atuam
nessas modificações.
4. As estruturas linguísticas são multissistêmicas
A língua é “um sistema dinâmico e complexo, configurado no quadro das
ciências dos domínios complexos” (CASTILHO, 2010: 76). São duas as premissas que
norteiam este postulado (CASTILHO: 2010: 77)
(1)
Do ângulo dos processos, as línguas serão definíveis como um conjunto de atividades
mentais, pré-verbais organizáveis num multissistema operacional.
As línguas são dinâmicas e os processos que nelas operam o fazem de maneira
simultânea, dinâmica e multilinear.
(2)
Do ângulo dos produtos, as línguas serão apresentadas como um conjunto de
categorias igualmente organizadas num multissistema.
Os sistemas que compõem a língua são autômomos, mas, como já dito acima,
relacionam-se entre si.
Sendo assim, "(q)ualquer expressão lingüística exibe ao
26
mesmo tempo características lexicais, discursivas, semânticas e gramaticais"
(CASTILHO, 2010: 77).
5. A língua é pancrônica
Uma das dicotomias de Sausseare é a entre sincronia e a diacronia. Segundo
esse linguista, apenas os aspectos sincrônicos interessariam à linguística.
Porém, muitas vezes, estruturas fossilizadas são encontradas com estruturas
do presente, como a palavra conteúdo, cuja origem no particípio passado latino não é
percebida. A convivência dessas formas é uma comprovação da pancronia da língua
e da conjugação das duas formas de análise linguística.
6. Um dispositivo sociocognitivo ordena os sistemas linguísticos
O DSC tem por base as categorias cognitivas como pessoa, espaço, tempo, objeto,
movimento e evento, ou seja, parte da conceptualização cognitiva dessas categorias.
Além disso, também é de natureza social, na medida em que se baseia na análise das
situações conversacionais.Por esse motivo, Castilho afirma que os dispositivos
socicognitivos
Gerenciam os sistemas linguísticos, garantindo sua
integração para os propósitos dos usos linguísticos, para a
eficácia dos atos de fala. De acordo com esse dispositivo,
o falante ativa, reativa e desativa propriedades lexicais,
semânticas, discursivas e gramaticais no momento da
criação de seus enunciados, constituindo as expressões
que pretende ‘pôr no ar’ (CASTILHO, 2010: 79)
27
Esses dispositivos são o cerne da teoria e, nesta Tese, pretendo mostrar como
eles atuam nos diferentes sistemas linguísticos e apresentar os princípios de ativação,
reativação e desativação.
28
3
VISÕES SOBRE OS SUFIXOS -UDO
O objetivo deste capítulo é apresentar uma seleção dos diferentes pontos de
vista sobre -UDO formador do particípio passado e -UDO formador de adjetivos.
Será visto, em primeiro lugar, o -UDO sufixo verbal e, a seguir, o sufixo adjetival.
3.1 AS FORMAÇOES X-UDO EM GRAMÁTICAS DOS SÉCULOS XIX A XXI
Em 1881, Júlio Ribeiro lança a inovadora Grammatica Portugueza, que promove
um “corte epistemológico com a tradição gramatical brasileira, notadamente a
Gramática Filosófica” (VIDAL NETO, 2010: 48) e liga-se à Gramática HistóricoComparada. Dividida em duas partes, apresenta na primeira os “elementos materiaes
das palavras” (p. 2) e os “elementos morphicos das palavras” (p.56) e, na segunda, a
sintaxe. Na seção dedicada à ”Kampenomia ou Ptoseonomia” (p.75), aborda os
aumentativos irregulares dos adjetivos e inclui nesse item os “adjectivos terminados
em udo, que indicam por si abundancia, desenvolvimento na idéa significada pelo
seu thema” (p. 104). Adiante, na seção de Etimologia, ao tratar dos sufixos, o autor
ensina que “Os suffixos portuguezes são numerosos, uns derivados das fórmas
latinas, outros das fórmas augmentativas, diminutivas e pejorativas da propria
lingua” (p. 172) e avisa que “Destes ultimos tudo já ficou dito na Kampenomia” (Idem,
ibidem).
É interessante a visão de Ribeiro, que considera -UDO um sufixo de
aumentativo irregular por causa da ideia de muita quantidade que transmite à base a
29
que se adjunge.
Entretanto, essa noção não é inteiramente precisa, posto que,
embora dê realmente a ideia de que algo é grande, -UDO não funciona como
aumentativo da palavra que serve de base para o adjetivo, mas refere-se, mesmo nos
exemplos dados por esse autor, àquele que tem grande o que se especifica na base,
conforme se pode ver em (1):
(1)
barrigudo
beiçudo
linguarudo
narigudo
olhudo
orelhudo
testudo. 9
A Gramática secundária da língua portuguesa, de Said Ali, teve sua primeira
edição em 1923. No capítulo Formação das palavras, na listagem dos sufixos que
formam adjetivos de substantivos, -UDO recebe a seguinte explicação:
Significa “provido de” em sisudo, e “provido de” ou “ter a forma
de” em pontudo, bicudo. Em outros vocábulos denota grande massa
ou também qualidade, tamanho ou feitio desmesurado: peludo,
cabeludo, narigudo, espadaúdo, repolhudo, bochechudo, carnudo,
polpudo. Por metáfora diz-se cabeçudo para significar “muito
teimoso”.
(SAID ALI, op. cit, p. 113)
Said Ali, como se pode perceber, não só apresenta vários significados
denotativos do sufixo, como traz à tona o uso conotativo de cabeçudo. Contudo, não
fica claro se ele considera apenas o uso conotativo dessa palavra.
Exemplos de Ribeiro (1881: 104). Não estão sendo levados em conta os significados metafóricos de
alguns desses vocábulos.
9
30
Também de 1923 é a primeira edição das Lições de português, de Sousa da
Silveira. 10 No capítulo intitulado Etimologia dos prefixos e dos sufixos, o autor
adverte que muitos dos sufixos que lá estão listados não são mais produtivos em
português, “nem sequer sugerem ao comum das pessoas nenhuma idéia
modificadora da significação do radical” (op. cit, p. 90), constando da relação
apresentada apenas para “dotar o estudante da possibilidade de melhor
compreender e sentir uma boa parte do vocabulário da nossa língua” (Idem, ibidem).
A seguir, mostra os prefixos e, depois, “os principais sufixos” nominais (p. 93),
indicando-lhes a origem. Entre esses últimos, assim se posiciona em relação ao
-UDO formador de adjetivos: “qualidade, simples posse ou posse de muitos objetos
ou de um objeto de grandes dimensões: campanudo, repolhudo, batatudo, pontudo,
peitudo, cabeludo, folhudo, ramudo.” (p. 98). Note-se, porém, que, dos adjetivos por ele
enumerados, alguns têm, além do significado denotativo, um conotativo que não foi
por ele explicitado.
Napoleão Mendes de Almeida aponta, em sua Gramática metódica da língua
portuguesa, que os “sufixos podem ser nominais, quando formadores de substantivos
e de adjetivos, verbais, quando formadores de verbos (...), havendo ainda o
adverbial” (op. cit., p. 391).
Numa lista “em ordem alfabética para maior
aproveitamento de estudo e para maior facilidade de consulta” (Idem, ibidem), o leitor
aprende que o sufixo -UDO, “acrescido a substantivo, indica ‘cheio de’, ‘com excesso
de’” e tem acesso a alguns exemplos (Idem, p. 398).
10Em
Instituto Camões <http://cvc.instituto-camoes.pt/hlp/biografias/ssilveira.html> e Google
Books
<http://books.google.com.br/books/about/Li%C3%A7%C3%B5es_de_Portugu%C3%AAs.html?id=
esJQAAAAMAAJ&redir_esc=y>
31
No capítulo 15 da Gramática normativa da língua portuguesa, publicada pela
primeira vez em 1937, Rocha Lima discorre sobre a estrutura das palavras. Ao
introduzir o tópico derivação sufixal, ensina que “(a)o contrário dos prefixos, que,
como vimos, guardam certo sentido, com o qual modificam, de maneira mais ou
menos clara, o sentido da palavra primitiva, os sufixos, vazios de significação, têm
por finalidade formar séries da mesma classe gramatical.” (p. 208). Quanto ao -UDO,
limita-se a afirmar que “forma adjetivos de substantivos”.
Manoel P. Ribeiro, em seu livro Gramática aplicada da língua portuguesa, cuja
primeira edição é de 1976, inicia a seção dedicada a prefixos e sufixos fazendo uma
ressalva: embora sincronicamente não haja necessidade de distinguir os sufixos
latinos dos gregos, faz tal divisão em sua gramática porque “o ensino escolar exige
ainda questões envolvendo tal oposição” (p. 58).
Mais adiante, ao abordar
especificamente os sufixos, ensina que são “(m)orfemas derivativos que trazem ao
radical uma idéia acessória de aumento, diminuição, lugar, ação, qualidade, coleção,
doutrina, etc.
Ao contrário dos prefixos, os sufixos provocam, muitas vezes, a
mudança da classe dos vocábulos” (p. 60) e que o -UDO é um sufixo formador de
adjetivos.
Cunha e Cintra, autores da Nova gramática do português contemporâneo, cuja
primeira edição é de 1985, informam ao leitor que a derivação sufixal formou e ainda
forma novos substantivos, adjetivos, verbos e advérbios e que os sufixos nominais de
aumentativo e diminutivo possuem valor afetivo. Possivelmente por esse motivo,
esses dois tipos de sufixo são amplamente explicados, inclusive os poucos
produtivos no estágio atual da língua portuguesa, como -ANZIL, -UÇA e -ASTRO.
32
Quanto aos “outros sufixos nominais” (op. cit., p. 98), são tão lacônicos quanto ao
assunto como Ribeiro, dizendo apenas que o -UDO significa “provido ou cheio
de”(Idem, p. 99).
Atitude semelhante à dos dois últimos gramáticos citados é a de Bechara na
Moderna gramática portuguesa, lançada em 1961: após uma introdução sobre sufixos
em geral, na qual aborda questões sobre o seu funcionamento e chama a atenção para
o fato de que a “noção de aumento corre muitas vezes paralela à de coisa grotesca e
se aplica às idéias pejorativas” (op. cit., p. 357), afirmação que repete ao listar os
“Principais sufixos de nomes aumentativos e diminutivos, muitas vezes tomados
pejorativa ou afetivamente” (Idem, p. 361), no trecho referente aos “Principais sufixos
para formar adjetivos”, tudo o que faz é dar uma lista sem nenhum comentário.
Cumpre sublinhar o fato de que, na lista citada, não se encontra o sufixo -UDO,
embora dela constem os sufixos -AZ, -ESCO E -TIMO, entre vários outros de
produtividade 11nula — ou quase — sincronicamente. Se tal posicionamento fosse na
primeira edição (1961) ou em uma das primeiras edições dessa obra, nenhuma
surpresa haveria; contudo, o volume pesquisado é o da trigésima sétima edição, de
2000, “que alia a preocupação de uma científica descrição sincrônica a uma visão
sadia da gramática normativa”, de acordo com seu prefácio.
Azeredo, na Gramática Houaiss da língua portuguesa, lançada em 2010, explica
que há que se distinguir entre os sufixos produtivos e improdutivos. Acrescenta
também que
Sigo aqui Andrade (2013), baseada em Bauer: “o termo produtividade tanto para nos referir a um
processo responsável pela formação de um grande número de palavras, como também, àquele dotado
da capacidade de atualizar/renovar constantemente o inventário lexical” .
11
33
A possibilidade de conferir uma nova classe à palavra derivada faz da
sufixação um processo de extraordinária versatilidade na língua.
Enquanto a prefixação contribui ordinariamente para a ampliação do
léxico, a sufixação, além dessa função, tem um papel importante na
construção sintática dos sintagmas, das orações e até mesmo do texto.
(Opus cit., p. 454)
Quanto ao objeto deste estudo, Azeredo o coloca no grupo dos “formadores
de adjetivos que significam ‘provido de, abundante em’", classificando-o como “de
alta produtividade, especialmente nas variedades coloquiais”, exatamente como o
faz nos Fundamentos de gramática do português, de 2000.
3.2
ABORDAGENS LINGUÍSTICAS RECENTES SOBRE O SUFIXO -UDO
As construções X-udo têm sido objeto de estudo da linguística nos últimos
anos, havendo artigos dedicados a compará-lo a outros sufixos e a discutir a relação
entre -UDO participial e -UDO adjetival.
Assumindo uma postura sincrônica, Pezatti (1989) faz uma “análise da
polissemia, afinidades semânticas, distribuição e produtividade” (p. 103) dos sufixos
-OSO, -ENTO e -UDO com um corpus formado a partir de dicionários, sem consulta a
informantes para verificação do uso concreto das palavras formadas por esses
sufixos. Quanto a -UDO, Pezatti (op. cit., p. 109 - 110) constatou, entre outras coisas ,
que
(i) “(s)ua adição ao lexema primitivo obedece à regra de
sufixação geral do português: ao tema nominal adiciona-se o
sufixo, havendo supressão do índice temático”; (ii) “na
estruturação dos vocábulos está sempre ligado ao lexema, não
admitindo outro tipo de derivação”; (iii) “embora possua
produtividade reduzida na modalidade escrita, é (como se
sabe) muito empregado na língua oral” e (iv) “-udo não é
aplicável a lexema erudito”
34
Além disso, detectou que a produtividade de -UDO é bem menor do que a
dos outros dois sufixos —em seu corpus houve 629 ocorrências de -OSO (67,5%), 164
de -ENTO (17,6%) e 138 de -UDO (14,8%).
Outro fato verificado foi a existência de uma gradação entre esses afixos, tema
não abordado pelas gramáticas tradicionais.
Segundo Pezatti, apesar de os três
sufixos significarem abundância, -OSO é o mais neutro, ao passo que, em ordem
crescente, -ENTO e -UDO seriam portadores de valor depreciativo.
Abreu (1997), em pesquisa de viés socioconstrutivista e atrelada à sincronia,
verificou a aquisição dos mesmos sufixos trabalhados por Pezatti e sua
produtividade, tendo como sujeitos da pesquisa crianças de ambos os sexos,
divididas em três grupos de acordo com a idade e a escolaridade:
a) as de 5 anos, frequentando a pré-escola;
b) as de 7 anos, sendo alfabetizadas;
c) as de 9 anos, já alfabetizadas.
Foram criados instrumentos que levassem os sujeitos a escolher entre os
sufixos -UDO, -OSO e -ENTO na formação de adjetivos, objetivando comprovar a
não aleatoriedade na escolha do uso entre essas formas e a produtividade de cada
uma. Seus resultados mostram que -UDO teve a preferência dos meninos de todas as
faixas e das crianças de ambos os sexos na faixa de 7 a 9 anos, sendo preterido entre
as de 5 anos por -OSO.
No que diz respeito à pejoração, seus resultados foram idênticos aos de Pezatti
(1989).
35
Em Rio-Torto (1995), “a análise levada a cabo incorpora e caldeia aspectos de
quadros teóricos diversos, em vista a uma coerente, operatória e multifacetada
análise da realidade morfológica” (p. 7).
De acordo com essa autora, “as paráfrases de posse [‘que tem/ possui Nb’]
associadas a muitos adjectivos em (...) -ud- (cabeçudo; orelhudo; peludo; sortudo) não
correspondem a uma relação semântica sistêmica” (p. 100). O sufixo -UDO fica
situado, então, na regra de formação de palavras a que ela chama RFP REL, “que
forma adjectivos relacionais genericamente parafraseáveis por ‘em relação com Nb’,
‘relativo a Nb’”, por não apresentar de maneira sistemática a significação de posse,
uma vez que também pode ter, entre outros, o significado de semelhança, do mesmo
modo que “outros sufixos presentes em adjectivos denominais” (p. 100). Uma das
variantes das paráfrases mencionadas acima é a de posse “(‘que tem/ possui Nb’)”,
na qual se insere -UDO.
A seguir, tratando da influência da diacronia e da sincronia no processo de
formação de palavras, Rio-Torto aponta que o sufixo -UDO participial passou por
um processo de desgramaticalização 12 e se tornou o sufixo -UDO adjetival. Essa
conclusão de Rio-Torto é revista em Rio-Torto (2005), num estudo de cunho
estruturalista que objetiva provar a impossibilidade dessa transformação. Contudo,
apesar da promessa de trabalho com sincronia e diacronia, o que é apresentado é um
tratamento ora exclusivamente diacrônico, ora exclusivamente sincrônico tanto em
Castilho (1997) exemplifica a desgramaticalização com o sufixo -ISMO, que pode, em alguns
contextos, ser usado como um substantivo (“gerativismo, estruturalismo, funcionalismo e outro
ismos”); e o caso da nominalização do sufixo latino -BUS (de omnibus = para todos), o qual, em inglês,
é usado em referência ao veículo de transporte coletivo. Ele compartilha do ponto de vista de
Lehmann (1982), para quem o processo de gramaticalização é unidirecional. Em trabalhos mais
recentes, Castilho reconsidera esse seu ponto de vista com relação à unidirecionalidade, propondo que
esses casos sejam tratados como fenômenos de discursivização (CASTILHO, 2010).
12
36
Rio-Torto (1998) quanto em Rio-Torto (2005) no que se refere ao sufixo objeto desta
Tese.
Basílio (2004) aponta o -UDO como formador de “adjetivos a partir de
substantivos para qualificar seres a partir da denotação do substantivo, também
acrescentando o caráter pejorativo” (p. 30).
Por fim, Santos (2006), em um estudo sobre a origem do sufixo -UDO, segue
Rio-Torto
(1998),
imputando
a
-UDO
participial
desgramaticalização que a autora portuguesa.
o
mesmo
processo
de
Nesse contexto, assume que “as
palavras que apontam para a ideia de ação, teriam surgido a partir dos verbos no
particípio (...) os quais preservam ainda hoje o valor de ação.” Os exemplos que dá
para ilustrar esse caso são letrudo, datado como do século XVII; façanhudo, do século
XVIII; tropeçudo, originado no século XIX; e, sem datação, explicudo e farsudo 13.
Ora, como se pode ver em 4.2 deste trabalho, o século XIV deu início ao
desaparecimento gradual das formas participiais em -UDO, que tiveram uma de suas
últimas aparições nos autos vicentinos. Entretanto, sabe-se que a linguagem em Gil
Vicente é “coloquial com expressões e termos populares, recorrendo a ruralismos e
arcaísmos para caracterizar determinadas personagens” 14 (grifo meu) como parte do
arsenal satírico do autor. Assim, é muito pouco provável que as palavras dadas
como exemplo por Santos tenham realmente se originado de verbos no particípio.
Além disso, embora o particípio tivesse, em alguns casos valor ativo já no latim e no
romanço peninsular, dando origem a adjetivos como entendido (que ou aquele que
A fonte de datação, tanto nesta tese quanto no trabalho de Santos é o dicionário Houaiss.
NUNES, Nunes Naidea. A linguagem e a mulher na sátira medieval. In: Actas do colóquio
internacional
O
riso
na
cultura
medieval.
Disponível
em
<https://repositorioaberto.uab.pt/bitstream/10400.2/1558/1/nunes.pdf> Acesso em 20/8/2013.
13
14
37
tem conhecimento, perito), sabido (que ou aquele que é versado, sabedor, erudito; que
ou aquele que é prudente, astuto) e vivido (que viveu muito; com intensa experiência
de vida) 15, os corpora 16 de língua portuguesa, quando apresentam essas palavras com
a acepção aqui mencionado, trazem-nas grafadas com a forma -IDO.
Finalmente, a questão de letrudo: de acordo com os dicionários Houaiss e
Aurélio, os significados desse adjetivo são, respectivamente, “que ou aquele que julga
saber muito; sabichão” e “sabichão, letrado, erudito. Embora sua definição pelo
Houaiss apresente dois verbos, eles não participam da etimologia da palavra, que é
formada pelo substantivo letra adjungido do sufixo -UDO.
Dessa maneira, é
impossível que essa palavra tenha surgido a partir de um verbo.
Acepções do dicionário Houaiss.
lexicográfico do português (Universidade de Aveiro e Centro de Linguística da Universidade de
Lisboa), O corpus do português (Mark Davies, Universidade de Brigham Young e Michael J. Ferreira,
Universidade Georgetown), Corpus informatizado do português medieval (Centro de Linguística da
Universidade Nova de Lisboa) e Brasiliana (USP).
15
16Corpus
38
4
–UDO PARTICIPIAL E -UDO ADJETIVAL
Este capítulo apresenta a análise de dados.
Como visto no capítulo 2, a língua é pancrônica, e “a pancronia está ligada
diretamente aos usos que fazemos das línguas” (CASTILHO, 2010: 77). Esse fato, por
si só, justifica a importância de se estudar um elemento morfológico em suas diversas
sincronias. No caso específico deste trabalho, que tem como um de seus objetivos
responder o que aconteceu ao sufixo participial -UDO, essa linha de estudo torna-se
fundamental. Assim, este capítulo apresenta a evolução do sufixo -UDO, tanto o
participial quanto o formador de adjetivos denominais, do latim ao português e
demonstra o que aconteceu ao sufixo formador do particípio.
Com esse fim, está dividido em quatro seções: a primeira trata de algumas
modificações morfológicas sofridas pelo nome e pelos verbos; a segunda apresenta o
sufixo participial -UDO; a terceira, o -UDO formador de adjetivos denominais; e a
quarta traz as conclusões sobre o atual estatuto dos dois sufixos.
4.1
ALGUMAS MUDANÇAS MORFOLÓGICAS DO LATIM
Existem grandes diferenças entre o sistema morfológico do latim clássico e o
do latim vulgar. 17 Os nomes, dos três gêneros iniciais, passaram a dois — masculino
17O
latim possuía duas variedades: o sermo nobilis, variante culta, usado nas escolas, nas leis, na
retórica e cuja versão literária é o latim clássico, e o sermo vulgaris, o latim vulgar, variante coloquial
falada, empregado não apenas pela plebe, como pode sugerir seu nome, mas também por todas as
outras
classes
sociais
(Cf.
Carvalho.
Disponível
em
http://filologia.org.br//abf/volume2/numero2/05.htm). Quintiliano refere-se a essa modalidade
39
e feminino — com a queda do neutro. Das cinco declinações, restaram três, a partir
da fusão da segunda com a quarta e da terceira com a quinta (cf. RIO-TORTO, 2005);
dos
seis
casos,
inicialmente
sobraram
dois
posteriormente, esses casos se neutralizam. 18
(nominativo
e
acusativo)
e,
Ocorreu, ainda, um aumento do
número de afixos para atender à necessidade de criação de novas palavras.
Os verbos do latim clássico eram distribuídos por quatro conjugações, de
acordo com a terminação de seu tema: os verbos de tema em -Ā pertenciam à 1ª
conjugação; os de tema em -Ē, à 2ª; tema em -Ĕ, 3ª conjugação e os com tema em -Ī
formavam a 4ª conjugação (cf. MATOS E SILVA, 2001).
Havia, ainda, nada menos
que vinte tempos (cf. CARVALHO, 1982). Porém, no latim vulgar da Hispânia,
aconteceu a redução do número de conjugações pela fusão da 3ª em -ĔRE com a 2ª em
-ĒRE, o que, deve-se notar, já acontecia no latim clássico (NUNES, 1951). Dessa
maneira, verbos como fervēre, fulgēre e subsidĕre 19 passam a fazer parte de uma única
conjugação.
como “falar cotidiano, por meio do qual falamos com os amigos, cônjuges, filhos, escravos.”(Idem,
ibidem).
Como toda língua falada cotidianamente, o idioma latino estava sujeito às pressões do uso. Na
Península Ibérica, as crises econômicas e sociais que levaram à decadência do Império Romano e as
invasões dos povos bárbaros de origem germânica perpetradas, sucessivamente, por vândalos, suevos
Disponível
em
e
alanos(Cf.
MOLINARI.
<http://www.filologia.org.br/anais/anais%20iii%20cnlf2057.html>) e, mais tarde, a dos árabes,
aceleraram-lhe a deriva.
Embora não haja um momento específico em que surgiu o galego-português “No período que vai do
século IX (surgimento dos primeiros documentos latino-portugueses) ao XI, considerado uma época
de transição, alguns termos portugueses aparecem nos textos em latim, mas o português (ou mais
precisamente o seu antecessor, o galego-português) é essencialmente apenas falado na Lusitânia.”
(MEDEIROS,
Adelardo
A
Dantas
de
et
al..
Disponível
em
<http://www.linguaportuguesa.ufrn.br/pt_22.php>)
18Adaptado
19Ferver,
de Carvalho <http://www.filologia.org.br/abf/volume2/numero2/05.htm>
brilhar, baixar e abaixar-se, respectivamente.
40
4.2
-UDO PARTICIPIAL
O particípio é uma das formas nominais do verbo: em lugar das flexões de
tempo, modo e pessoa, apresenta concordância em gênero e número, funcionando,
portanto, como um adjetivo 20.
Havia, no latim clássico, três particípios: o presente, o passado (ou perfeito) e o
futuro. Sua estrutura era formada por um radical verbal, um sufixo e as desinências
nominais utilizadas na 1ª e 2ª declinações, ou seja, o particípio funcionava como um
adjetivo de 1ª classe, “com flexão de gênero, número e caso” (CÂMARA JR., 1985:
159). De acordo com Carvalho (1982: 57), o particípio presente era “eminentemente
ativo”, enquanto o particípio passado tinha “normalmente um valor passivo” (grifos
meus). Essa possibilidade de significação ativa provém, possivelmente, do fato de “o
particípio perfeito passivo derivar do adjetivo verbal em -TO. Uma forma como
TACĬTUS 21 significava a princípio ‘aquele que tem as características de quem se
cala’.” (PIEL, 1944: 22)
Embora apenas o particípio passado tenha ficado no paradigma conjugacional
do português, os outros dois particípios deixaram marcas na formação de adjetivos,
como nas formações X-nte, herdadas do particípio presente e bastante produtivas
ainda hoje (atraente, boiolante, fumante — MARINHO, 2009), e X-uro, do particípio
futuro, em palavras como nascituro, morituro e vindouro, mas improdutivas
atualmente. Uma vez que este trabalho tem como foco as formações X-udo, será
20Obviamente,
não estão sendo tratadas aqui as construções com tempos compostos, do tipo “As
crianças têm aproveitado muito as férias”, em que não há concordância de gênero e número.
21Particípio passado do verbo tacēre: 1. calar; 2. fazer silêncio; 3. estar silencioso.
41
analisado nesta seção apenas o particípio passado regular da 2ª conjugação. 22 No
Quadro (1), a seguir, adaptado de Williams (1962: 185), apresentam-se as terminações
do particípio passado regular no latim clássico, no latim vulgar, no português arcaico
e no português moderno 23:
foi apenas aos verbos de 2ª conjugação que se adjungiu o -UDO. Vir, por exemplo, “embora
pertencente aos verbos de tema em –i, fez primitivamente o part. em –udo, isto é vẽudo ou vĩudo,
depois veudo” (Nunes, 1951, p. 314).
22Não
23Não
há unanimidade sobre a divisão em períodos da língua portuguesa e sobre qual o primeiro
texto realmente escrito nesse idioma. Costa (s/d) afirma que do século IX ao XII tem-se a fase protohistórica do português, com documentos escritos usando “algumas palavras portuguesas ou
aportuguesadas por entre o latim bárbaro dos documentos”, e apresenta aquele que, em sua opinião é
o mais significativo desse período, um “diploma original de 25 de Agosto de 1008, proveniente do
cartório da Sé de Coimbra”.
Por outro lado, conforme Matos e Silva (2007), “o estado da questão permite afirmar que a par da
Notícia de torto outros documentos privados a ela assemelhados, compõem a primeira fase da
primitiva produção documental em português e que a data para esse tipo de texto recua para as
últimas décadas do século XII.” Ainda segundo essa autora, é apenas no reinado de Afonso III, quinto
rei de Portugal, que governou a nação de 1248-1279, que a língua portuguesa começou a ser usada nos
diplomas oficiais junto com o latim. E mais tardia é a oficialização do português como língua do
reino: a última década do século XIII, ao passo que o castelhano foi declarado língua oficial da
Espanha no reinado de Afonso X de Leão e Castela, cujo reinado iniciou-se em 1252.
Teyssier (2001, p. 6-7), por seu turno, afirma que, ainda no século XIII, a língua falada era o galegoportuguês, posto que os primeiros textos escritos nessa língua datariam desse século.
Martins (2005) afirma que os primeiros textos em português são a Notícia de fiadores de Paio Soares
Romeu (1175), a Anotação de despesas de Pedro Parada, e o Pacto entre Gomes Pais e Ramiro Pais, que,
embora não datados, devem ser próximos de 1175. Nesse artigo, a autora reconhece, todavia, que
“Esta cronologia para a emergência do português escrito não é consensual, é a que eu própria tenho por boa. O
pomo de discórdia está na atribuição, ou não, da qualidade de escritos em português a certos textos. António
Emiliano (...) rejeita a classificação como portugueses dos textos da segunda metade do século XII (...),
considerando a Notícia de Torto, de cerca de 1214, o texto mais antigo escrito em português. Ramón
Lorenzo,por sua vez, considera a Notícia de Torto “un documento híbrido latino-portugués, con dominio de la
lengua romance en un estado incipiente” (...). Por fim, José António Souto Cabo retém como marco cronológico
para a emergência do português escrito a segunda metade do século XII, mas retira do conjunto de três textos
que apontei a Notícia de Fiadores (...) e a anotação de despesas de Pedro Parada (...). Feitas as contas, apenas Ivo
Castro parece não divergir do que anteriormente defendi e aqui mantenho, considerando textos afins a Notícia de
Torto, a Notícia de Fiadores, o Pacto entre Ramiro Pais e Gomes Pais, e outros, que conjuntamente tenho por
textos escritos em português.
42
Lat. cl.
Lat. vulgar
1a conj.
-ātus
2a conj.
-ētus
3a conj.
-ĭtus
4a conj.
-ītus
Port.arc.
Port. mod.
-ātus
-ado
-ado
-ūtus
-udo
-ido
-ītus
-ido
-ido
Quadro 1: Terminações do particípio passado regular no latim
Como parte do sermo vulgaris, a terminação -ŪTUS 24 foi uma criação dos
falantes da România 25 e era acrescentada tanto ao tema dos verbos vocálicos quanto
ao dos consonantais. Por causa da fusão da 2ª conjugação, de tema em -Ē (verbos
como monĕō, monēre) com os da 3ª conjugação (consonantais, como legō, legĕre, ou
vocálicos, como capĭo, capĕre) 26, um número reduzido de verbos — aqueles com o
perfectum em -UI —adota a formação fraca, adicionando, em vez de -ETU, a
terminação -ŪTU. 27 Pouco mais tarde, praticamente todos os verbos daquelas
conjugações adotam o -ŪTU (cf. WILLIAMS, 1962).
Segundo Michaëlis [s/d] e Meyer-Lübke (1914), isso é devido a uma analogia
com formas verbais como tribūtus, consūtus, minūtus, acūtus, em que o -U-pertencia
ao radical tribuĕre, consuĕre, minuĕre, acuĕre. 28 Malkiel (1992: 14-15), em estudo sobre
o fim do particípio em -UDO no espanhol, alega que
24A
terminação de particípio passado da 2ª conjugação do latim clássico era -TU, como em “moni-tu-s,
-a, -um” (CARVALHO, 1982: 153).
25De acordo com Marinho (2009), România equivale ao Império Romano: Roma e todas as regiões
conquistadas. Há também a România Atual, que abrange todos os lugares onde são faladas as línguas
neolatinas.
26Monēre: fazer pensar, lembrar. Legĕre: juntar, colher. Capĕre: apanhar, tomar nas mãos, agarrar.
27Quando a sílaba tônica de um verbo está no radical, diz-se que sua forma é forte; quando, no entanto,
ela se encontra na terminação, a forma é chamada fraca. Em outras palavras, são as formas rizotônicas
e arrizotônicas.
28Formas participiais, respectivamente: dividido (entre as tribos); cosido junto; tornado pequeno,
minúsculo; feito agudo. Formas infinitivas: dividir entre as tribos, distribuir; coser junto; diminuir,
tornar pequeno; aguçar.
43
(…) no pretérito perfeito do latim clássico, na primeira pessoa
do singular, havia relação entre as desinências –ã(u)ā(u)ī, -ē(u)ī,
e ´-ŭī, como, por exemplo, mandā(u)ī, dēlē(u)ī, fīnī(u)īehábuī. A
verdade é que o tipo dēlē(u), raramente representado na
literatura do Século de Ouro Augusto, apagou-se totalmente na
forma coloquial do latim tardio; porém, por respeito a -ā(u)ī>-ai
e -ī(u)ī>-ii, as formas com –ui mudaram seu úi tão familiar para
os romanistas. A partir desse fato foi declarada a guerra aos
ditongos. Assim, no imperfeito, deixou-se de aceitar a
desinência “mista” --iēbam: diante da sensibilidade estrutural
de-ābam apenas resistiram-ēbam e -ībam. A referente escassez
hereditária de exemplos de -ētus aconselhava aos habitantes a
29
cada vez mais colocar-ūtus ao lado de -ātus e -ītus.
Essa terminação não é, porém, algo tardio no latim: já era usada na época de
Plauto (244 a.C. – 184 a. C.), como se pode ver pelos trechos em (02) e (03).
(02)
(03)
Sósia:Elocutus est 30.
Sósia:Tibilocutus esse?
(Plauto. Anfitrião, ato I. In: COSTA, 2010: 163 e 170.)
Conforme visto no Quadro 1, -ŪTUS entrou no português arcaico sob a forma
-UDO, com sonorização do /t/ no contexto intervocálico e abaixamento do /u/ final
breve em /o/ 31. Há consenso em afirmar que, até o século XIV, era usado apenas o
particípio em -UDO com os verbos da 2ª conjugação (cf. BARACAT, 2010).
29
(...) em el pretérito perfecto del latín clássico, em la primera persona del singular, convivían-ā(u)ī,
-ē(u)ī, y ´-ŭī, por ejemplo, mandā(u)ī, dēlē(u)ī, fīnī(u)ī y hábuī. Verdad es que el tipo dēlē(u)ī, muy
escassamente representado ya em la literatura del Siglo de Oro augusteo, terminó por borrarse por entero em la
forma coloquial del latín tardio; pero, por respeto a -ā(u)ī>-ai e -ī(u)ī>-ii, las formas con -ui mudaron a lucir su
úi tan familiar a los romanistas. Dentre de este marco se declaró la guerra a los diptongos. Así, en el imperfecto,
cesó de tolerarse la desinencia “mixta” -iēbam: frente a la sencillez estrucutural de -ābam solo resultaron
aguantables -ēbam e -ībam. La aludida escasez hereditaria de ejemplos de -ētus aconsejava a los hablantes a
colocar -ūtus cada vez más al lado de -ātus e -ītus.
30Sósia:
(Ele/Ela) Disse.
Sósia: Foi dito a ti?
31Vogais breves foram caracterizadas pelo abaixamento: altas passam a médias; médias altas a médias
baixas e essas a baixas.
44
Assim, podem-se ver nas Ordenações de D. Afonso II, do século XII, e nas
Cantigas de Santa Maria, do século XIII, construções como as colocadas em negrito em
(04) e (05) a seguir:
(04)
“(...) e depoys for uẽçudo (...)”
(Códice, Leis e Posturas antigas, Fols. 2 R. In: NUNES, 1953)
(05)
E pois est’ ouve dito, foi-ss’ o angeo logo
a Joachin, que era metudo no meogo
dũas grandes montannas, e disse-l[l]’:
que tornes a ta casa logo sem alongada.”
(Cant. 411, v. 60-63. In: BARACAT, 2010) 32
A partir do século XIV, começou uma nova simplificação do paradigma
verbal, como já acontecera com o latim: as formas verbais da 2ª conjugação passam a
dar lugar a -IDO em substituição a -UDO (cf. TEYSSIER, 2001). Dessa maneira, no
século XV, aparece uma alternância entre -UDO e -IDO, como mostram os dois
excertos da Crônica de D. João I a seguir, em (06) e (07).
(06)
E foyacor- | dado por a Rainha, & por todo- | los, que hieraõ, que o Reyno
ſe | defendeſſe, querẽdo
elRey de Ca-| ſtella vir a elle, & não lhe obede | ceſſem
em outra couſa, ſaluo na- | quellas, que nos trautos era con- | teudo,
(Fernão Lopes. ChronicaDelRey D Ioham I. Edição diplomática.
Disponível em <http://www.tycho.iel.unicamp.br/~tycho/corpus/texts/xml/l_002>
(07)
que | ante deſto auiãorecebido dos | que contradiſſeram o caſamen- | toDelRey
(Idem, ibidem.)
Said Ali (1964: 147) enumera os seguintes casos de variação entre as duas
terminações na Crônica de d. João I:
(08)
32[E
sabudo e sabido
metudo e metido
conheçudo e conhecido
depois que disse isto, o anjo se aproximou logo de Joaquim, que se escondera no meio de umas
grandes montanhas, e disse-lhe: “Eu te rogo que voltes a tua casa, logo e sem demora.] Trad. de
Baracat (2010).
45
atrevudo e atrevido
avudo e ávido
rreçebudo e rreçebido
proveudo e provido
vemdudo e vemdido
devudo e devido
movido e movudo.
Uma das últimas ocorrências de –UDO participial é encontrada na farsa
vicentina O juiz da Beira, do século XVI, num diálogo entre o personagem que dá
nome à peça e Ana, reproduzido em (09).
(09)
Juiz: E que ia ela lá catar? 180
Ana: Foram ambos a mondar
e o trigo era creçudo
e foi-s’ela.
(Gil Vicente. Juiz da Beira.)
<http://ww3.fl.ul.pt/centros_invst/teatro/pagina/Publicacoes/Pecas/Textos_GV/juiz_da
_beira.pdf>
Os dois séculos que se passaram para que fosse efetivada a mudança de -UDO
para -IDO e a coexistência das duas formas em textos como a Crônica de d. João I,
reproduzida acima, comprovam que a mudança linguística se dá gradualmente,
envolvendo “variação, com as formas novas e as mais antigas coexistindo lado a
lado” (NORDE, 2009).
No português atual, o -UDO participial se mantém em palavras cuja origem
verbal é, sincronicamente, opaca em sua maioria 33, a exemplo da interjeição caluda,
do substantivo conteúdo e do adjetivo agudo;
outras, como os adjetivos teúdo e
manteúdo, já quase em desuso, são utilizadas apenas juntas, em expressões como as
exemplificadas em (10) a seguir.
Existem também algumas palavras de origem igualmente opaca que apresentam a forma do
particípio latino, como estatuto e tributo. Elas não são, entretanto, exatamente o mesmo caso das
palavras em -UDO por pertencerem a uma outra sincronia.
33
46
(10)
Deonísio da Silva: ‘Lula fez Rose teúda e manteúda com o meu, o seu, o nosso
dinheiro. Esta é a questão’
<http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/direto-ao-ponto/deonizio-dasilva-lula-fez-rose-teuda-e-manteuda-com-o-meu-o-seu-o-nosso-dinheiro-esta-e-aquestao/>
À exceção do português e do espanhol, nas demais línguas neolatinas o -U- do
particípio se manteve, como se pode ver no quadro 2.
FRANCÊS
ITALIANO ESPANHOL PORTUGUÊS
ROMENO
-é
-ato
-at
-u
-uto
-i
-ito
-ado
-ido
-ado
-ido
-ut, -s
-it, -ât
Quadro 2: Terminações do particípio passado nas línguas neorromânicas 34
Rio-Torto (2005) chama a atenção para os constituintes do operador do
particípio passado. Ela mostra que, na verdade, ele é formado por dois segmentos
distintos, dos quais apenas um é realmente um sufixo: a vogal temática da segunda
conjugação, -U-, e o sufixo participial “monossegmental ou unissegmental” (p. 225)
-D-, herdado da forma latina -T-. Apesar do rigor da análise de Rio-Torto, nesta tese
continuará a ser usada a forma -UDO para ambos os sufixos, por considerar, junto
com Bybee (2006: 730) que “uma conceptualização da gramática como pura estrutura
falha em nos proporcionar explicações para a natureza da gramática” 35, o que está
em total desacordo com a linha teórica aqui adotada. Além disso, os elementos
característicos tanto do verbo quanto do nome são percebidos como parte do sufixo:
34Adaptado
de <http://www.galanet.eu/ressource/fichiers/R1897/RO%20Verbo%202.1.2.htm>
“A conceptualization of grammar as pure structure fails to provide us with explanations for the
nature of grammar.”
35
47
veja-se, por exemplo, o sufixo formador de verbos -IZAR, que traz em si a vogal
temática e a desinência verbal (Cf. CUNHA E CINTRA, 2001).
Na próxima seção, são discutidas as origens do -UDO adjetival.
4.3
O SUFIXO ADJETIVAL –UDO
No latim clássico, o processo de derivação não era tão produtivo quanto o foi
no latim vulgar.
Assim, não são muitos os registros de nomes derivados por
sufixação em latim.
A fusão das declinações, citada em 4.1, proporcionou as condições necessárias
para que “a restrição de ocorrência de -ut- com nomes da quarta declinação se
tornasse opaca, abrindo a possibilidade de este sufixo se combinar com bases de
outras declinações” (RIO-TORTO, 2005: 231). Inicialmente, a base a que -ŪTUS se
acoplava era, via de regra, um substantivo referente a uma parte do corpo humano
ou animal, formando adjetivos e, desde o latim e em todas as línguas em que se
manteve, “sua função dominante 36 [...] é a de exprimir em um grau intenso posse do
primitivo” 37 (DIEZ, 1874: 330), ou, nas palavras de Rio-Torto, “posse, em modalidade
intensa, de uma propriedade ou das propriedades intensionadas [sic]pelo nome de
base” (RIO-TORTO, 2005: 231). Além desse significado prototípico, há outros que
são oportunamente vistos nas seções seguintes deste capítulo.
Grifo meu.
(1874: 330): “leur (do sufixo -udo) fonction dominante [...] est d’exprimer à undegree intense
lapossessionduprimitive”.
36
37Diez
48
Podem-se citar os seguintes adjetivos formados pela adjunção do sufixo -ŪTU
a uma base substantiva: astūtus, cānūtus, cornūtus, manūtus e nāsūtus 38 (Cf
MEYER-LÜBKE,
1895),
derivados
de
astus,
cānus,
cornū,
manus
enāsu 39,
respectivamente.
A palavra astūtus pode ser encontrada já nas Verrinas de Cícero (cf. FARIA,
1994); nāsūtus aparece nas Sátiras de Horácio (Idem, ibidem) e, alguns séculos depois,
também em Marcial 40, fazendo um jogo com dois de seus significados — “o que tem
nariz grande e o que tem sentido crítico” (COSTA GRAÇA, 2011: 190) —:
(11)
Nasutus (sic) nimium cupis uideri. / Nasutum (sic) uolo, nolo polyposum 41
Por outro lado, nos romanços, não só esse processo floresceu, por ter sido
através dele que as novas línguas compensaram a perda de várias raízes quando
comparadas com o latim (cf. NUNES 1951), mas também o sufixo -UDO demonstrou
grande vitalidade, sendo encontrado, além de no português, no italiano, sob a forma
-UTO (baffuto, panciuto, orecchiuto etc.); no espanhol, -UDO (barbudo, cabezudo, panzudo
etc.); no francês, -U (barbu, , chevelu, têtu etc.) 42, como visto no Quadro 2 acima. Em
romeno, exceto por cornut e càrunt, já existentes no latim, e limbut 43, esse sufixo não
se manteve (cf. MEYER-LÜBKE, 1890).
ordem: astucioso, velhaco, astuto; o que tem cabelos brancos; o que tem chifres; o que tem mãos grandes;
literalmente: o que tem nariz grande; figuradamente, esperto, sagaz, entendido, zombeteiro, mordaz.
38Em
ordem em que se apresentam: habilidade, astúcia; branco; chifre, corno; mão; nariz.
Verrinas foram escritas em 70 a. C., o que demonstra a antiguidade desse sufixo (ALMEIDA,
Jorge. Em: http://www.azpmedia.com/espacohistoria/); as Sátiras são de 35 a.C. e 30 a.C (MOTA,
Arlete José. Em: http://www.gelne.ufc.br/revista_ano4_no2_36.pdf) e os Epigramas datam do oitavo
decênio de nossa era.
41Queres parecer um tipo de um bom nariz/ Eu quero um tipo de bom nariz, não um pencudo. (Trad.
Isabel Alexandra Vilares Costa Graça).
42 Italiano: bigodudo, barrigudo, orelhudo; espanhol: barbudo, cabeçudo, barrigudo; francês: barbudo, cabeludo
e teimoso. Note-se que têtu é derivado de tête, cabeça, significando literalmente cabeçudo.
43Respectivamente: cornudo (no sentido de o que tem chifres); grisalho e falador.
39Na
40As
49
Uma vez que a datação serve de instrumento para a verificação da
produtividade 44 de uma forma e também para traçar os significados que esta passou
a veicular, adoto esse procedimento com as formas X-UDO na língua portuguesa.
São utilizadas fontes escritas a partir do século X, que é o primeiro a apresentar, no
Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa, uma palavra do tipo X-udo no
romanço da Península: barbudo.
O Gráfico 1, a seguir, mostra a produtividade do sufixo -UDO em português
de acordo com as datações do Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa. A
mais antiga é, conforme dito no parágrafo anterior, da palavra barbudo, do ano 960,
ainda grafada baruudo; as mais recentes, cracudo e transudo, do século XXI, não
constam do dicionário e são as únicas nessa situação usadas no Gráfico 1 abaixo, em
que os números à esquerda correspondem aos types X-udo, ou seja, ao número de
palavras novas terminadas em -UDO em cada século. O Gráfico foi montado com
base nas palavras X-udo rastreadas do Dicionário eletrônico Houaiss por meio de duas
ferramentas disponibilizadas na obra:(i) de pesquisa pela terminação e (ii) de
pesquisa de datação. Das 187 formas recolhidas, 107 foram efetivamente datadas e é
com base nessas formas que o gráfico foi confeccionado.
44Assume-se
aqui, junto com Caetano (2003: 171) que para um sufixo ser considerado produtivo, ele
deve estar “disponível no sistema para participar na formação de novas palavras, mas é igualmente
importante que a relação entre o input e o output possa ser estabelecida de forma evidente, ou seja, que
a coerência semântica entre a base e o sufixo seja estável e que a analisabilidade dos elementos
constituintes do produto dessa operação não seja posta em causa. A partir do momento em que isso
não acontece, o primeiro indício de uma possível mudança é-nos transmitido pela perda de
rentabilidade, a qual se traduz na diminuição da frequência de output e numa transparência menor, a
qual aumentará a dificuldade de se estabelecerem relações paradigmáticas regulares.”
50
Gráfico 1: Produtividade do sufixo -UDO
Algumas observações devem ser feitas em relação aos dados apresentados no
Gráfico 1. A primeira delas é quanto à inclusão do século X: conforme visto na nota
número 23, em 4.2, não há unanimidade na divisão dos períodos históricos do
português. De qualquer forma, o galego-português é um intervalo da evolução do
idioma, o que justifica sua inclusão no Gráfico 1.
A segunda é que os números que representam a quantidade de palavras não
se referem às criadas nos respectivos séculos, mas sim àquelas registradas em cada
século.
De qualquer maneira, pode-se perceber, no Gráfico 1, que nos séculos XVI,
XVIII e XIX houve um grande crescimento do número de formações X-udo
registradas no português, o que pode ser atribuído ao fato de tais períodos terem
sido de grande efervescência cultural. O século XVI corresponde à Renascença e,
embora esse movimento não tenha alcançado nos países da Península Ibérica a
51
mesma intensidade que teve em outros países europeus, foi nele que surgiu o
primeiro dicionário da língua portuguesa, o Dictionarium ex Lusitanico in Latinum
Sermonem, de Hieronymi Cardosi (Jerônimo Cardoso), publicado em 1562. Também
foram escritos livros sobre as terras recém-descobertas que, junto com o dicionário de
Jerônimo Cardoso, foram utilizados como fontes do dicionário Houaiss para coleta
das palavras formadoras do corpus do século XV.
Fato similar acontece com o século XVIII, época do Iluminismo, e com o século
XIX, que compreendeu o Romantismo e o Naturalismo, períodos em que os
escritores começaram a usar em suas obras uma linguagem mais coloquial, da qual
as formas X-udo fazem parte.
Um detalhe importante é que, do século XIV ao XVI, a quantidade de
formações X-udo mais do que dobrou, enquanto desaparecia a terminação -UDO do
particípio passado, o que será discutido em 4.4.
Quanto à aparente queda da produtividade do sufixo no século XXI, não é um
retrato fiel da realidade, uma vez que este está apenas em seu décimo terceiro ano e o
dicionário utilizado para a datação é do ano de 2002. 45
São do século XIII as primeiras acepções não ligadas a uma parte do corpo,
mas a um comportamento: sanhudoe sisudo, levando dois séculos para que surgissem
as próximas acepções desse gênero, abelhudo e coraçudo.Apesar de já existir em latim,
como visto acima, astūtus, essas palavras, deve-se ressaltar, são criações do romanço.
187 palavras listadas como formadas por -UDO no Dicionário Houaiss, 43% delas não possuem
datação.
45Das
52
Ainda concernente à produtividade, pode-se ver, no Gráfico 2 a seguir, das
palavras surgidas em cada século, quantas são relacionadas a partes do corpo
humano.
Gráfico 2 Palavras relacionadas a partes do corpo
Confrontando-se os gráficos 1 e 2, nos três primeiros séculos datados, das dez
palavras introduzidas na língua, seis são o uso prototípico do -UDO, ou seja,
referem-se a partes do corpo humano.
4.4
O DESTINO DO -UDO PARTICIPIAL
Visto o percurso dos dois sufixos -UDO nas duas seções anteriores, esta seção
se dedica a compará-los e contrastá-los, assim como a opinião de vários autores, para
demonstrar o que aconteceu ao sufixo formador de particípios.
Como visto anteriormente, a terminação participial-UTU já era usada desde o
século III a. C, o que demonstra sua antiguidade.
Viu-se também que essa
terminação, de acordo com Piel (1944), adveio dos adjetivos terminados em -TO, o
53
que pode explicar o particípio apresentar a concordância em gênero e número
característica do nome, em vez da concordância número-pessoal típica do verbo.
Quanto ao sufixo formador de adjetivos denominais -UTU, suas primeiras
aparições na língua escrita são de cerca de 70 a. C., ou seja, surgiu dois séculos depois
do sufixo participial.
Foi visto ainda que, ao passo que crescia o uso do sufixo denominal, diminuía,
até o seu virtual desaparecimento, o operador participial, que se manteve em umas
poucas formas cristalizadas cuja origem verbal tornou-se opaca.
A questão que se coloca, então, é a do destino do -UDO participial: quais as
origens da queda de seu uso e o que teria acontecido a ele — ter-se-ia tornado o
sufixo denominal ou deixado de existir, substituído por -IDO? E, no caso de se
confirmar essa segunda hipótese, como se deu essa mudança? Não há unanimidade
nas opiniões dos autores que se debruçaram sobre esse assunto.
Para Michaëlis (s/d: 246), o sufixo participial -UDO não desaparece: passa “a
exercer a função que tivera em nasutus, cornutus”. Em outras palavras, torna-se
sufixo denominal.
Na visão de Piel (1944), a perda do -UDO participial deveu-se ao fato de a
maioria dos verbos que utilizavam essa desinência “terem um pretérito em -i-, vogal
que penetrou analogicamente no particípio” (p.21), opinião compartilhada por
Castilho (2010), que destaca a “forte ligação entre as terminações do pretérito do
perfeito e as do particípio passado no latim culto” (p. 154) e, mais adiante, afirma que
“(c)om o desaparecimento do morfema {-ui} perde-se essa relação, generalizando-se
54
a terminação ido: havido, temido, tido”, o que encontra eco em Teyssier (2001), no
que diz respeito a atribuir a queda desse sufixo à analogia.
Mattoso Câmara Jr. (1985: 159) cita duas razões prováveis para a perda do
-UDO: “1) a falta de apoio estrutural no resto do verbo para a vogal –u- no particípio;
2) a homonímia com o sufixo nominal –udo, para derivar adjetivos de substantivos.”
Malkiel (1992), assim como Mattoso em (1), acredita que é devido à
homonímia entre os dois tipos de -UDO que o sufixo participial caiu em desuso,
tendo como argumento o fato de a queda do uso do operador de particípio se dar
simultaneamente ao aumento dos casos com o sufixo adjetival. De acordo com o
primeiro,
Um método de análise pouco empregado até agora ao material em
questão é o investigador perguntar-se se o jogo das flexões verbais e
os sufixos de derivação, como consequência de sua homonímia ou
mera semelhança, pode exercer um determinado influxo fomentando
ou bloqueando uns aos outros.(p. 12) 46
parece (...) que o gradual crescimento de -udo2 no léxico
coloquial e jocoso (...) coincidiu com a lenta queda de -udo1. E
possível que, na sua fase inicial, os dois processos estivessem
efetivamente independentes um do outro; porém, em presença
de tais circunstâncias, sua autonomia pode ceder lugar a um
estado secundário de concatenação. (p.23) 47
Opinião semelhante à de Michaëlis vista mais acima é a de Rio-Torto (1998),
consoante a qual o operador participial -U-D foi convertido em sufixo, o que
configura um processo de desgramaticalização.
46Un
método de análisis rara vez aplicado hasta ahora al material en disputa es preguntarse el
investigador si el juego de las flexiones verbales y los sufijos de derivación, a consequencia de su
homonimia o mera semejanza, puede ejercer determinado influjo fomentando o bloqueando los unos
a los otros.
47parece (...) que el palatino (sic) incremento de –udo [o sufixo] en el léxico coloquial y jocoso (...) coincidió
2
con el lento decaimiento de –udo1 [a flexão]. Es concebible que, en su fase inicial, los dos procesos, de hecho
estaban independientes uno del otro; pero aun en presencia de tales circunstancias, su autonomía pudo llegar a
ceder a un estado secundario de concadenación (sic).
55
Finalmente, Rio-Torto (2005) afirma que a mudança de -UDO para -IDO é
devida a razões “de natureza (...) morfológica, e essencialmente conjugacional” (p.
228) e que, por ser formado por dois segmentos distintos — a vogal temática da
segunda conjugação, -U-, e o sufixo participial “monossegmental ou unissegmental”
(p. 225) -D-, herdado da forma latina -T- — é impossível o operador participial ter-se
tornado o sufixo -UD, “bissegmental” (p. 224), indo assim parcialmente na direção de
Mattoso Câmara Jr. (1) ao atribuir a queda do sufixo participial a questões estruturais
e reformulando Rio-Torto (1998).
No que diz respeito à cronologia dessa mudança, Rio-Torto (2005) atribui “ao
peso e à relevância gramatical e funcional do verbo” a ordem em que os verbos
sofreram a substituição de um formativo pelo outro.
Dessa maneira, os verbos
plenos teriam sido os primeiros a efetuarem a troca, que demorou mais nos verbos
auxiliares e nos modais, por terem as alterações de conjugação “mais repercussões
estruturais nos verbos funcionais que nos verbos plenos, sendo por isso menos
mediatas naqueles do que nestes” (p. 231).
Em que pese seu rigor, a análise de Rio-Torto (2005) apresenta falha ao atribuir
a mudança de -UDO para -IDO apenas a razões formais. Seu modelo de análise
comete o engano para o qual Joseph (2005: 5) adverte: “confundir o que é interessante
ou desejável que um linguista esteja apto a fazer com o que realmente acontece nas
línguas e o que os falantes fazem com suas línguas através dos tempos.” 48 Em outras
palavras, o que ela descreve para justificar seu ponto de vista não seria nunca o que
levaria a mudança ou permanência de um item linguístico: é uma explicação ad hoc
48“Thus
I would argue that we must not confuse what is interesting or desirable for a linguist to be
able to do with what actually happens to language and what speakers do with their languages
through time.”
56
que não coaduna os processos que acontecem na mente do falante, que é o
verdadeiro responsável pelas mudanças linguísticas.
As pesquisas atuais sobre o uso da língua (BYBEE, 2006; CROFT & CRUSE,
[2004] 2006; MARTELOTTA, 2011; TOMASELLO, 2003), assim como a Teoria
Multissistêmica, mostram a importância do discurso para as mudanças que ocorrem
nas línguas.
A língua, entendida como “um sistema dinâmico e complexo” (CASTILHO,
2010: 76), é uma faculdade sociocognitiva e cultural, por ser controlada por
processamento neural e ser adquirida num contexto social e cultural (LANGACKER,
2008).
Seu funcionamento apoia-se nas capacidades cognitivas do cérebro,
categorizando e classificando os eventos por relações de analogia ou de assimetria
(Cf. BYBEE, 2006 e MARTELOTTA, 2011).
Desse processo, surge a gramática,
categoria abstrata que reflete “a criatividade humana” (MARTELOTTA, 2011: 61).
Feitas essas observações, vejamos o que aconteceu.
Não se pode pensar em concorrência de sufixos entre -UDO participial e
-UDO adjetival para explicar o que sucedeu, uma vez que, para serem concorrentes, é
necessário que tenham a mesma função morfológica e semântica e possam “atuar
sobre uma mesma base primária, promovendo uma certa irregularidade
no
processo” (AREÁN-GARCÍA, 2010: 173), o que não se dava em relação às duas
formas em questão, apesar da proximidade existente entre o particípio e o processo
de derivação, conforme já demonstrado por Gonçalves (2005, 2011) e da homonímia
entre elas.
57
Entretanto, pode-se pensar em concorrência entre -UDO e -IDO, pois ambos
preenchem os requisitos para tal. Esse tipo de mudança, em que um afixo é
substituído por outro de igual valor, tomando como base uma terminação já existente
no paradigma do qual faz parte, foi estudada por Joseph (2005), que lhe deu o nome
de “movimento lateral”. Trata-se de
uma mudança na forma de um afixo gramatical que não é apenas uma
simples troca de som (e então é uma mudança gramatical de “nível
alto”), mas não altera a natureza gramatical do elemento ou seu status
em termos de onde ele se situa no continuum do status gramatical (de
palavra para afixo). Então, após a mudança, o elemento em questão
não é nem mais nem menos gramatical que antes, então é um
“movimento” na medida em que ocorreu uma mudança, mas que vai
49
“lateralmente” no continuum, nem para cima nem para baixo.
(JOSEPH, 2005: 2)
Embora veja os elementos da língua numa estrutura unilinear, a explicação de
Joseph descreve, do ponto de vista morfológico, a mudança ocorrida com o sufixo
-UDO participial.
Maria José Carvalho (apud MATOS E SILVA) 50 , traz à luz uma cronologia
bastante detalhada da queda da forma -UDO de particípio. Ela divide os verbos da
segunda conjugação em três grupos, de acordo com características fonéticas de cada
um. Tem-se, então, o seguinte quadro:
Grupo 1 – Verbos cuja terminação participial está precedida de
fonema alveolar (/s/, /z/, /r/), dental (/d/ e /t/) ou palatal (/s, /z/, /l/):
conoscer, cozer, constranger, entender, encher, meter, mexer,
requerer, tolher, vender, etc.
No século XV as terminações das formas deste tipo são já, de um
modo geral, em -ido, sendo que, quando precedidas de fricativa palatal
sonora( /z/) ou das oclusivas dentais (/t/ e /d/), perduram ainda até
meados desse século, apesar de já terem um nítido sabor arcaico.
Importa referir que, em meios cultos, as formas arcaicas dos verbos
deste tipo eram, muito provavelmente, já em meados deste século,
49 a change in the form of a grammatical affix that is not just a simple sound change (and so is a
“higher level”, grammatical, change) but does not alter the element’s grammatical nature or status in
terms of where it falls on the “cline” of grammatical status (from word to affix). Thus, after the
change, the element in question is neither more nor less grammatical than before, so it is a
“movement”, in that change has occurred, but one that goes “laterally” on the cline, not up or down it.
50 Disponível em < http://www.museulinguaportuguesa.org.br/files/mlp/texto_10.pdf>
58
sentidas como formas de marcar pejorativamente os falantes que as
actualizavam. (...).
Mas só decorrido cerca de meio século Gil Vicente conseguiria
mostrar pelo riso as assimetrias sociais provocadas pelo franco
progresso económico-cultural da era de Quinhentos. Para esse riso do
público muito contribuiriam as formas arcaicas utilizadas por
camponeses: a forma creçudo provém, precisamente, da boca da
mulher, que tenta justificar o absurdo o comportamento (pouco digno)
da sua filha.
Grupo 2 – Verbos cuja terminação participial está precedida de
fonema fricativo labiodental (/f/ e /v/) ou bilabial, quer se trate de
fonema contínuo, quer de fonema oclusivo (/m/, /p/ e /b/): apremer,
aver, dever, receber, romper, saber, sofrer, temer, etc.
Quanto a este grupo participial, as formas em –ido levam de vencida
as antigas, na prosa literária do 2º quartel do século XV, com
excepção dos particípios dos verbos aver e saber, que só começam a
ceder (com mais celeridade o 2º) no 3º quartel do século XV,
coabitando, em formulários diplomáticos, até ao fim do século com as
antigas variantes. Um dos melhores representantes dessa coabitação é
o texto do Tratado de Tordesilhas, que apresenta em variação “auidos
e por auer” e “auudos e por auer”. É muito provável que caíssem em
desuso nos finais desse século (...).
Grupo 3 – Verbos com duas vogais em hiato, normalmente resultantes
da síncope de consoante intervocálica: creer, leer, teer, veer, e seus
compostos: conteer, descreer, manteer, perleer, proveer, etc.
No século XVI apenas persiste nos textos o particípio antigo do
verbo ter (e seus compostos), tudo levando a crer que , no segundo
quartel, foi apenas com o sentido de “moralmente obrigado”, que
permaneceu até ao século XIX na linguagem jurídica. Os outros
particípios começaram a implementar as suas novas variantes,
também a partir de meados do século, apesar de começarem por exibir
as formas intermédias, sem assimilação, creida/-o, leida/o e proveido.
Face ao que foi exposto, parece importante concluir que, no que
concerne à evolução de –udo para –ido e a sua propagação no tempo,
estamos perante fenómenos de natureza diversa: os particípios de tipo
1 não deixaram vestígios na língua de hoje, pois fixaram-se
rapidamente na língua arcaica; os particípios de tipo 2 e 3 deixaram
marcas visíveis no português contemporâneo (cf. Temudo, conteúdo,
teúdo, etc.), configurando, assim, um fenómeno de acentuada
projecção diacrónica (1999/2000:407-408).
Levando-se em consideração os sistemas da língua, pode-se concluir que o que
aconteceu a -UDO participial foi uma reanálise, na qual houve a atuação da interface
entre os sistemas discursivo, uma vez que é por meio desse sistema que se dá a
interação entre os indivíduos; semântico, por ter havido uma dessemantização (ou
desbotamento de sentido) através da qual silenciou-se o significado de -UDO como
sufixo; e gramatical, uma vez que reduziu o sistema do particípio passado de três
para dois paradigmas. Prova da dessemantização de -UDO participial no português
59
atual é que ele não é percebido como um afixo: o substantivo conteúdo e o adjetivo
agudo, por exemplo, são, sincronicamente, simples.
4.5
-UDO ADJETIVAL
Se fosse escolher uma epígrafe para esta e as próximas seções, certamente
seriam estes versos tirados dos dois tercetos d’O quarto em desordem, soneto de Carlos
Drummond de Andrade: “(n)esse objeto mais vago do que nuvem/ e mais defeso,
corpo! corpo, corpo,/ verdade tão final, sede tão vária,/ e esse cavalo solto pela
cama,/ a passear o peito de quem ama.” E, se tivesse de justificar a minha escolha,
diria que, nos quartos em desordem, o sufixo -UDO, tão ligado ao corpo, encontra
seu habitat.
Porém, se não fosse suficiente, e me fosse pedida uma resposta acadêmica,
citaria Mark Johnson, o qual diz, em The body in the mind (1987: XIX), que “(s)omos
‘animais racionais`, mas somos também ‘animais racionais`, o que significa que nossa
racionalidade é corporificada“ 51, e, por isso, as experiências corpóreas são fulcrais
para o modo como percebemos o mundo.
Nas próximas seções, faço a análise do corpus sincrônico, com a finalidade de
comprovar as hipóteses apresentadas no capítulo 1. Novamente uso da pancronia e
divido este capítulo em outras cinco seções, estruturadas da seguinte forma, para
servirem de fios condutores do raciocínio nelas apresentado: a primeira examina as
bases a que se adjunge o sufixo através dos tempos; a segunda trata da questão dos
We are “rational animals”, but we are also “rational animals”, which means that our rationality is
embodied.
51
60
significados de -UDO e apresenta uma proposta de continuum
em busca do
significado mais prototípico do sufixo em questão e da sua rede polissêmica; a
terceira apresenta a análise de alguns significados; a quarta, a relação entre -UDO e o
corpo humano e, finalmente, a quinta abordando a meronímia.
4.6
AS BASES
Viu-se em 4.3 que, entre os primeiros adjetivos latinos registrados formados
com a junção de -UTUS, têm-se cānūtus, manūtus, nāsūtus, astūtuse cornūtus; deles, os
três primeiros se referem a partes do corpo humano; o quarto, a um comportamento
humano; e o quinto, a uma parte do corpo de certos animais. Em todos os casos, o
sufixo foi anexado a uma base substantiva acrescentando a ideia de posse —
geralmente em grau intenso — do nome formador da base.
Apesar de esses
substantivos não serem do mesmo tipo — astūtĭa é um substantivo abstrato e os
outros são concretos, há um ponto de convergência entre os que se referem a partes
do corpo, tanto o animal quanto o humano: essas partes são externas.
Mais tarde, no português arcaico, a forma latina do sufixo sofreu algumas
mudanças fonológicas, passando a –UDO; o tipo de base a que se juntava, quer no
período arcaico, quer no início do período clássico da língua 52, passou a incluir, além
de substantivos referentes a partes externas do corpo animal ou humano ou a um
comportamento do homem, substantivos ligados ao reino vegetal e a coisas 53. Dos
A delimitação exata dos períodos da língua portuguesa é matéria controversa, mas não importa
para este trabalho. De qualquer maneira, sigo a nomenclatura de MATOS E SILVA (2006).
53 Opto pela palavra coisa devido à abrangência do que é representado pelos substantivos a que -UDO
se adjungiu.
52
61
trinta e sete adjetivos 54 denominais terminados em -UDO que entraram na língua do
século X ao XVI, dezessete são relativos ao corpo humano; seis refletem
comportamentos humanos; sete são concernentes ao corpo de animais; dois fazem
referência a vegetais; e, finalmente, quatro referem-se a coisas, mas sempre indicando
alguma forma de excesso. São eles:
(12) Corpo humano: barbudo, beiçudo, cabeçudo, cabeludo, espadaúdo, membrudo, corpudo,
orelhudo, dentudo, pestanudo, guedelhudo, barrigudo, bochechudo, braçudo, carnudo,
barbaçudo e carrancudo.
(13) Comportamento humano: sanhudo, sisudo, cornudo, abelhudo, capeludo ecoraçudo.
(14) Corpo animal:cornudo, penudo, quartaludo, focinhudo, bicudo, lanudo e sedeúdo.
(15) Vegetais: verçudo e versudo 55.
(16) Coisas: felpudo, bojudo, dinheirudo e mioludo.
É somente no século XIX que –UDO vai se unir a uma base não substantiva
para formar um adjetivo: primeiro, tropeçudo, em 1813 e pernaltudo, em 1899,
derivado de pernalto (o qual, por sua vez, é produto de uma composição).
A derivação do verbo e a do nome são formadas da mesma maneira, "ou seja,
toma-se o tema verbal e se adiciona o sufixo; como ele se inicia por vogal, há a
supressão do índice temático. Tal supressão só não ocorre quando o sufixo começa
por consoante" (PEZZATI, 1989: 105).
No que concerne à derivação do verbo, duas questões emergem: (1) se não
seria uma derivação do substantivo abstrato que nomeia a ação representada pelo
verbo e (2) caso a derivação se faça mesmo do verbo, se o antigo particípio passado
Não levo em conta as palavras como agudo, que tem sua primeira datação no século XI, por terem,
como já visto, origem no antigo particípio.
55Ver significado no Apêndice.
54
62
da segunda conjugação seria a origem da forma tropeçudo e das outras deverbais que
surgiram depois.
Foram quatro as construções deverbais que encontrei: explicudo, fincudo,
transudo e tropeçudo.
Fincudo não é classificada como adjetivo, e sim como
substantivo e é sinônimo de mosquito; transudo ainda não
está dicionarizada e
significa "pessoa que transa muito", como se pode ver em (17) e (18) a seguir, ou
"algo ou alguém que é muito bom, muito interessante", como visto em (19), :
(17)
pqmih transuda ? -kkkk Anônimo
- porque eu transo pra caralho , tá bom a resposta ? .. pessoa fofoqueira (o) ..
minha amg me chama assim , por motivos que não te interessa ! ;p
Em: <http://mepergunte.com/duduzete/56697997>
(18)
isso depende cara
expliquem-se, depende do que?
da menina né, já vi virgem sem frescura, e transuda com frescura
Em: <http://forum.jogos.uol.com.br/como-saber-se-uma-mina-e-virgem-ounao_t_1663009?page=2>
(19)
Triste crer que uma música transuda dessas esta na trilha sonora do filme do
Bruno Mazzeo: http://bit.ly/r2kRNc
Em: <https://twitter.com/lpfortes>
Não foram encontrados exemplos de fincudo e tropeçudo na internet, e da
palavra explicudo só foi encontrado um:
(20)
Roberto Albergaria, explicudo professor da UFBa& abusado esculhambador
tanto da Metelópole-de-Língua (a Rádia Mamãe) quanto da (...)
Em: www.revistametropole.com.br/pdf/revistametropole_01.pdf
Quanto à etimologia, os dois dicionários usados fornecem os verbos explicar e
fincar, respectivamente, como base para explicudo e fincudo e o substantivo tropeço
para tropeçudo. Apesar disso, no que diz respeito à etimologia de tropeçudo, sigo
Pezatti (1989), que dá como sua base o verbo tropeçar. Minha escolha é devida a uma
pesquisa informal que realizei com trinta e um informantes adultos, de idades e
63
níveis culturais diferentes 56, perguntando-lhes o que era alguém tropeçudo. Desse
total, vinte e um responderam que era “alguém que tropeça muito”; cinco lhe deram
um significado metafórico, reconhecendo, entretanto, a agentividade contida na
forma de “alguém que comete muitos erros na vida”, "alguém que fala enrolado",
"alguém desastrado", "alguém que não entende muito bem as coisas", "alguém que
fala bobagem"; os restantes se dividiram entre significados tão díspares quanto
“alguém que é rude” (dois falantes), “alguém que tem sorte” e "os altos e baixos da
vida" (este não reconhecendo qualquer traço humano na base). Pode-se perceber
pelas respostas que a maioria usou o verbo tropeçar em sua definição e dois usaram
verbos estativos, não sendo o substantivo tropeço usado por nenhum dos
informantes. Ora, trazendo à tona novamente a questão do uso da língua, percebe-se
que os falantes que reconheceram o significado mais prototípico da palavra
atribuíram-lhe o verbo como formador.
Além disso, não me parece haver
impedimento para essa postulação, uma vez que explicudo e fincudo são, como visto
acima, derivados de verbos.
Da mesma maneira, pode-se atribuir ao adjetivo
transudo ser um deverbal.
No que concerne a uma analogia com as formas participiais em -UDO, não há
sequer plausibilidade, levando-se em conta que essa terminação deixou de ser usada
no século XVI, o que significa o óbvio: os falantes prototípicos do século XIX não
tiveram contato com ela. De mais a mais, o verbo tropeçar, assim como os demais
concernentes aos casos aqui apresentados, pertence à primeira conjugação, e o sufixo
participial -UDO era usado com verbos da segunda conjugação.
O nível de escolaridade dos informantes variava do ensino fundamental completo ao ensino
superior completo.
56
64
Os adjetivos deadjetivais formados por -UDO são apenas cinco, e dois deles
não são dicionarizados: bacanudo (de bacana) e baranguda (de baranga).
Dos três
restantes, não foi encontrado nenhum exemplo de conchudo, derivado do adjetivo
concho, nem de pernaltudo; o outro, boazuda (de boa), apresentou ocorrências na
internet. Os exemplos tirados da internet são mostrados de (21) a (23):
(21)
NIKE BACANUDO
eu estava tão "precisada" de um tênis pra incluir na minha mala de viagem
que comprei o primeiro modelo bacanudo que apareceu.
Em: https://www.enjoei.com.br/produto/nike-bacanudo
Acesso: 19/8/2013
(22)
Abaixo, posando de "sexy"! Gorda tem que ser baranguda? Somos muito
calientes, oras!
Em: http://www.giprado.com/festas.htm
Acesso: 17/9/2012
(23)
A atriz Susana Vieira completou 71 anos nesta sexta-feira, 23, e está se
sentindo muito bem com a sua nova idade. Ela destaca a sua boa forma tanto
física quanto profissional, já que está brilhando na novela Amor à Vida, da
Globo, como Pilar. “Estou fazendo 71 anos e continuo boazuda”, afirmou ela
ao site do programa Mais Você.
Em:
http://caras.uol.com.br/especial/tv/post/susana-vieira-completa-71anos-afirma-continuo-boazuda-sandro-pedroso#image1
Acesso: 08/9/2013
O uso de novas classes como base para o sufixo -UDO é mais um indicador de
que a língua é um sistema dinâmico, sujeito a mudanças, como se pode ver no
Quadro 3 a seguir.
65
Bs + -UDO
excesso do nome representado pela base
Bv + -UDO
excesso da ação representada pela base
Badj + -UDO
excesso da qualidade (+) ou (-) representada pela base
Quadro 3: percurso da analogia do sufixo adjetival -UDO
Conforme pode-se ver no quadro, os falantes aumentaram o escopo de
atuação do sufixo a outros tipos de base: da primitiva substantiva, ele passou a ser
acoplado a bases verbais e, posteriormente, a bases adjetivas. Tem-se se aqui, mais
uma vez, um processo de analogia e reanálise: o DSC atua nos sistemas discursivo e
gramatical causando um espraiamento do sufixo para outras bases, o que tem efeito
no sistema lexical, posto que é aumentado o número de elementos que fazem parte
desse último sistema.
No que diz respeito à estrutura dos adjetivos formados por -UDO, resumo as
conclusões de Pezatti (1989: 109-110), cujos resultados citados a seguir são os mesmos
a que cheguei.
Sua adição [do sufixo –UDO] ao lexema primitivo obedece à
regra de sufixação geral do português: ao tema nominal
adiciona-se o sufixo, havendo supressão do índice temático.
Pode ser adicionado a nomes de tema em -a, -e, -o e atemáticos.
(...)Os atemáticos terminados em ditongo nasal [ãw] e [ẽj]
perdem todo o final ao se acrescentar o sufixo.
66
Michaëlis (s/d: 71-73) chama a atenção para os adjetivos "que são reforçados
interiormente (...) pela sílaba ar", como linguarudo em vez de linguudo, no qual "o
infixo r (...) entrou para evitar dois uu sucessivos"; ou "pelo infixo z ", a exemplo de
mãozudo, e para aqueles "como espadaúdo (...) e sedeúdo (cerdoso), como (sic) vogal de
ligação entre o tema e o sufixo. Seguramente por se querer evitar a reduplicação
final — dudo." Além disso, poder-se-ia achar que espadudo seria derivado de espada.
Pezatti (1989: 109-110) considera-os casos de consoante de ligação ( -z- ) ou de
partícula intensiva ( -ar-, -alh- ou –anch- ) entre o lexema da palavra primitiva e o
sufixo, considerados por ela como alomorfia do sufixo 57.
Rio-Torto (1988: 15) não considera o -ar- de linguarudo intensificador, mas um
interfixo, dando sumarento como exemplo e apresenta a variante sumento, atestada
em “certos ambientes sociolinguísticos”. Embora tenha encontrado lingudo no corpus
retirado da internet, essa palavra não é uma variante, posto que apresenta o
significado de "o que tem língua grande", ao passo que linguarudo significa "alguém
que fala demais", o que impossibilita que o -ar- seja um interfixo nesse caso,
conforme pode ser visto em (24) e (25) abaixo:
(24)
uuuuuuuuulingudo!!!!!!
kkkkkkkkkkkkkkkkkk eu tirei essa fotu agora so pra atualiza mesmo!!!!
eu botanulingua pra fora!!!!kkkk
tobotanulingua pros boi atoa!!!!
Boi rodopiante(rodrigo)
Em: http://www.flogao.com.br/caioccc/5997050
(25)
Não vou contar pra ele, porque ele é o maior linguarudo.
Ouvido em conversa informal.
57Gonçalves
e Almeida (2008: 31), embora admitam a possibilidade de o –z- ser analisado
alternativamente como parte do sufixo e, portanto, como um caso de alomorfia deste, preferem
analisá-lo como “morfe-ponte”, cuja presença tem como finalidade “impedir adjacência vocálica e,
consequentemente, inibir a existência de sílabas sem ataque.”
67
No que tange às partículas apontadas por Pezzati (1989) chama a atenção a
partícula -alh-, a qual aparece em mamalhudo: independentemente da base a que se
junge, essa partícula sempre terá um aspecto negativo 58, fato que comprova a
conclusão de Pezatti (1989) de que essa partícula é intensificadora.
Deve-se considerar ainda, embora não conste dos resultados de Pezatti (1989),
a associação de -UDO a algumas bases que indicam aumentativo, como se pode ver
em barbaçudo e testaçudo, por exemplo, o que igualmente torna mais intensa a ideia de
grande quantidade ou tamanho.
Outro item em que o uso não ratifica conclusões de Pezatti (1989) é quanto a
-UDO estar "sempre ligado ao lexema, não admitindo outro tipo de derivação,
apenas as flexões de gênero e número” (p. 110).
Essa afirmação, porém, não é
ratificada pelo uso, como se pode ver nos exemplos abaixo, em que foram
acrescentados sufixos de diminutivo, aumentativo e grau 59 (26 a 29) e em que -UDO
foi utilizado após outro sufixo (30).
(26)
Acoooorda menininho feliz e cabeludinho!!!!
Em: <http://odiariodeumbabyabordo.blogspot.com.br/2012/05/acoooorda-menininhofeliz-e-cabeludinho.html>
Acesso: 23/3/2013
(27)
Anônimo disse...
hahahahahaha esse aí tá muito mais magrinho do que o barrigudão do Ronaldo!!!
Lucas Marenagas - Teresina -PI
Em: <http://felippeneri.blogspot.com.br/2010/09/ronaldo-fazendo-escola.html>
Acesso: 23/3/2013
(28)
Embora eu seja uma hinduísta yogini e uma faquir loura em levitação permanente que
executa os mais difíceis ásanas do Yoga clássico e devota de Ganesha (um elefantão
pançudérrimo que guarda em seu ventre todos os problemas do mundo.
Em:< http://br.groups.yahoo.com/group/chandon/message/104423>
Conferir com gentalha, miuçalha, entre outras.
de a Nomenclatura Gramatical Brasileira apontar o grau como flexão, sigo Mattoso Camara
([1970] 2006), que argumenta não ser o grau uma flexão, por não haver obrigatoriedade em seu uso
nem “sistematização coerente” (p. 81).
58
59Apesar
68
Acesso: 14/8/2013
(29)
Cirano é assim chamado por causa do avô narigudo, que já havia interpretado a peça
de Edmond Rostand, Cyrano De Bergerac. O menino é narigudíssimo e sofre por isso.
Em:
<http://books.google.com.br/books/about/Menino_Narigudo_O.html?hl=ptBR&id=Y4BtPgAACAAJ>
Acesso: 14/8/2013
(30)
O seu Magreludo te ama muiro gatinha..
Em:
http://www.orkut.com/Main#CommMsgs?tid=5535775947618993148&cmm=107962
091&hl=pt-BR
Pezatti (1989: 109-110) aponta ainda um caso de alomorfia do lexema, em
narigudo, causada pela derivação feita ter como ponto de partida o radical latino
naric-.
Finalmente, cabe registrar dois casos de hapax legomenon 60: plaquetuda e
etceteruda, cujos exemplos são mostrados em (31) e (32) abaixo.
(31)
Doar plaquetas é outro capítulo. Além das veias fartas, é preciso ter um fluxo
grande de circulação sanguínea para encher a máquina, uma geringonça
impressionante que retira o sangue, separa as plaquetas e depois devolve o
plasma e as hemácias para você. Foi lá que recebi outro cumprimento
esdrúxulo:
– Hummmmm... Plaquetuda!
Não soa tão bem quanto calibrosa, parece mais xingamento, mas não me
incomodei. Estou naquela fase que a Marília citou, qualquer elogio à matéria é
bem-vindo. Podem espalhar por aí que sou uma dona plaquetuda calibrosa.
Vai ser o meu mais novo cartão de visita.
TORRES, Fernanda. Plaquetuda calibrosa. In: Veja Rio – Ano 18 – nº 11 – 18 de
Março de 2009
(32)
O ator Colin Farrell declarou para a imprensa que gostaria muito de ter um
affair com a atriz-bocuda-peituda-bunduda-etcéteruda (sic) Angelina Jolie. ...
Em: http://www.novaimprensa.inf.br/passadas/471/humor.html
60Hapax
legomenon é uma expressão grega que significa "o que é dito uma única vez". É uma "palavra
ou expressão de que só existe uma única abonação nos registros da língua" (Houaiss).
69
O primeiro exemplo refere-se às plaquetas sanguíneas.
Utilizada numa
crônica, 61 essa construção explora de maneira criativa uma das possibilidades do
sufixo -UDO previstas na língua: a de unir-se preferencialmente a palavras
designativas de partes do corpo humano. O que há de criativo no uso feito por
Fernanda Torres, a autora da crônica, é exatamente a escolha da parte do corpo,
porque as bases a que esse afixo se adjunge, como já foi visto, são as que nomeiam as
partes externas do corpo, o que está longe de ser o caso focalizado.
No segundo exemplo, o sufixo se une a etc, abreviação da locução conjuntiva
latina et cetera, único exemplo de -UDO com uma base dessa classe. O uso de
exemplos de hapax legomenon é justificado por Bauer (apud GONÇALVES, 2012: 172),
de acordo com o qual o hapax legomenon "de um dado processo de formação de
palavras pode ser visto como indicador de produtividade."
4.7
DOS SIGNIFICADOS
Esta seção objetiva mostrar como surgem e se apreendem os significados dos
derivados em –UDO. Para tal, lanço mão dos princípios gerais da Linguística
Cognitiva (doravante LC) e, mais especificamente, daqueles utilizados por Castilho,
algumas vezes reinterpretados.
Do quadro teórico geral da LC, elejo os seguintes conceitos como básicos para a
análise: (i) categorização; (ii) corporificação funcional e (iii) polissemia.
61GONÇALVES
(2012: 172) diz que a linguagem literária é "(e)xcelente fonte para o estudo dos
hapaxlegomena" por nela serem usadas, "por questões estilísticas, inúmeras construções
morfologicamente complexas empregadas uma única vez."
70
Cabe ressaltar que tais conceitos pressupõem a noção da capacidade de
conceptualização, tal como entendida sobretudo por Lakoff ( 1987: 290), que afirma
que essa capacidade consiste na habilidade para criar formas simbólicas relacionadas
a estruturas preconceituais baseadas nas experiências cotidianas do ser humano.
Além disso, a habilidade de conceptualização permite a projeção figurativa
(metafórica, metonímica, meronímica) de estruturas de domínios físicos para
domínios mais abstratos, como ocorre com as formações com -UDO.
Considerando que o sentido básico de -UDO é o de expressar quantidade
excessiva de características corporais, há de se entender que formações subsequentes
agrupam-se na mesma categoria por alguma similaridade percebida pela
comunidade de fala.
O processo de categorização é ligado (ou viabilizado) pela polissemia. A análise a
seguir mostrará como tais extensões polissêmicas, motivadas cognitivamente,
permitem tal categorização. Dada a extensão da categoria, é lícito entendê-la como
uma categoria complexa.
O estudo do -UDO sob essa ótica permite integrá-lo nos estudos de categorias
complexas que seguem a seguinte lei geral:
“Se algum substantivo tem a característica X (na base da qual sua classificação é
esperada), mas é, por meio de crenças ou mitos, conectada com a característica Y,
então geralmente ela pertencerá à classe correspondente a Y e não a X.” ( Lakoff,
1987: 94) 62
" If some noun has characteristic X (on the basis of which its class membership is expressed to be
decided) but it is, through belief or myth, connected with characteristic Y, then generally it will belong
to the class corresponding to Y and not that corresponding to X."
62
71
Tal é verificado quando se consegue fazer a ponte, na rede polissêmica, entre
uma entidade como narigudo e um agentivo como cracudo . O esperado, nesse caso, é
que a formação que iria emergir seria craqueiro (X), por analogia a maconheiro, mas a
percepção cultural da anomalia dos usuários do crack levou a comunidade a
produzir cracudo (Y).
Passo agora à análise dos sentidos, recontextualizando as posições de Castilho
na perspectiva abrangente da LC.
4.7.1 Da criação e aquisição dos significados de -UDO
Ao explicar o primeiro postulado da Teoria Multissistêmica, Castilho (2010)
diz que
as línguas naturais representam em suas estruturas as
categorias cognitivas de PESSOA, COISA, ESPAÇO, TEMPO,
MOVIMENTO, VISÃO, QUALIDADE, QUANTIDADE, entre
outras. A representação linguística dessas categorias muda de
língua para língua, ou no interior de uma mesma língua, ao
longo de seu percurso histórico. Mas as categorias cognitivas
permanecem, pois integram os atributos da raça humana.
(CASTILHO, 2010: 69)
Essas categorias cognitivas são percebidas através e por causa da interação de
nossos corpos com o mundo. Dessa maneira, ao vermos determinado objeto, ele é
encaixado em uma categoria, e o processo de criação de imagens visuais 63
desempenha um papel bastante importante nessa atividade, posto que
Damásio (2000) explica que as imagens não são apenas visuais, podendo pertencer a diferentes
modalidades sensoriais: acústicas, olfativas, táteis, entre outras. Obviamente, pelo tema aqui
abordado, o foco são as imagens visiuais.
63
72
Escondidos atrás dessas imagens, raramente ou nunca chegando ao
nosso conhecimento, existem de fato numerosos mecanismos que
orientam a geração e o desenvolvimento de imagens no espaço e no
tempo. Esses mecanismos utilizam regras e estratégias incorporadas
em representações dispositivas.
Eles são essenciais para o nosso
pensar, mas não constituem o conteúdo dos pensamentos.
(DAMÁSIO, 2000: 136)
Uma das formas de representar a categoria cognitiva de quantidade na língua
portuguesa é através do sufixo adjetival –UDO, embora também estejam implícitas
nele as categorias de espaço, posse, movimento e qualidade. Como visto no capítulo 2,
esse sufixo significa, de acordo com as gramáticas, "ser provido de algo em grande
quantidade" (significado que pode apresentar uma conotação pejorativa e que por si
só já traz as categorias de posse e qualidade); "ser provido de, abundante em" ou "ter a
forma de."
Dizendo de outro modo, o sufixo -UDO é usado para representar
linguisticamente uma quantidade tão acima da média em um contêiner que ela se
torna saliente, como se pode ver na figura 2.
73
x
X-UDO
FIGURA 2 Representação da saliência de -UDO
A categoria cognitiva de quantidade é estreitamente ligada à de espaço: a
primeira só é excessiva se ultrapassar os limites do contêiner no qual se encontra,
uma vez que as propriedades físicas de tamanho, comprimento, largura e altura, que
indicam grandeza, não possuem uma divisão clara do que seja uma altura ou largura
grandes porque os conceitos de muito, pouco, grande e pequeno, além de dependerem
do contexto, apresentam-se num continuum, ou seja, os limites do contêiner
funcionam como o contexto que vai permitir conceituar algo em relação ao seu
tamanho. Essa ultrapassagem caracteriza um movimento fictício (TALMY, 2000),
uma vez que o excesso "pula" do contêiner, invadindo o campo de observação do
observador e indo em direção a este. Como estamos acostumados a um padrão em
que tudo deve se encaixar em seus devidos lugares, a não observância dessa regra
74
cria um incômodo que contamina o significado de -UDO, transformando-o não só
um rótulo linguístico de excesso: ele se torna, dessa maneira, uma marca de zombaria
e de desdém, como se pode ver em (33), ou de algo que não é desejável, caso de (34)
a seguir.
(33) Cala aboca, escolhe argumentos melhores seu baleiudo gordo da porra..
Em: <http://www.youtube.com/all_comments?v=ZBL3gkA6dOU>
(34) Melhor não arriscar sua vida e nunca dizer que sua mulher é “ancuda”
Em: http://mineirasuai.blogspot.com/2007/03/pequeno-dicionrio-da-feminilidadepara_14.html
Essa visão negativa já estava presente no latim: o adjetivo astuto representa
"aquele que tem astúcia", a qual não era vista como uma qualidade boa, conforme
mostra D' Oca (2010: 4):
Diferentemente do prudente, o astuto, que é vicioso, apreende
um universal que não vale senão privadamente, pois não reflete
o padrão de correção da comunidade política. Com efeito,
enquanto a apreensão dos particulares e dos universais feita
pelo prudente é sempre virtuosa, a feita pelo astuto é viciosa,
uma vez que ele perdeu de vista o que é bom, por ter sido
pervertido pelos prazeres e dores.
Evidentemente, o contexto também toma parte no processo de criação e
aquisição de significados — a mesma palavra que é usada para expressar
menosprezo pode, em uma situação diferente, ser utilizada de forma carinhosa, sem
perder, no entanto, seu tom de chiste, como em (35).
(35)
Fotos de 27/07/2007 na consulta do meu nenenhudú-baleiúdo...
Todo adulto, deixou a medica examinar ele e ficou quetinho (essa meu
filhooo...acho que adora uma loira...auHauha), manteve o peso que saiu do
hospital (nasceu com 3.595), sinal que pode ter perdido mais peso mais já
recuperou (tem que manter o apelido), e no final meio revoltado com a vovó e
o papai colocando a roupinha dele...queria que a medica examinasse mais um
pouquinho!
75
Em: http://www.fotolog.com.br/gar0too/
Dentro do conceito de contexto encontram-se tempo, espaço, relação entre
falante e ouvinte e relação do texto com outros textos. Em (33) pode-se perceber,
pelos constituintes da frase, que há uma situação de discordância sobre algo que está
sendo discutido entre o produtor do texto e a pessoa à qual ele se dirige, enquanto
em (35) nota-se que é uma mãe falando sobre a primeira ida de seu filho à pediatra.
Nessa situação, o peso do bebê significa que ele é grande e forte — baleiudo — e,
consequentemente, saudável dentro da visão do senso comum.
O contexto não é, contudo, o único meio de se depreender o significado de
uma palavra. No caso das palavras morfologicamente complexas, a análise de seus
componentes pode desvelar o significado das que possuem uma estrutura
transparente. Desse modo, qualquer falante da língua, mesmo que nunca tenha visto
a palavra barrigudo, pode isolar seus componentes e chegar à conclusão de seu
significado.
A pesquisa informal mencionada em 4.6 comprova essa informação: 67,74%
dos entrevistados, mesmo sem nunca terem ouvido a palavra tropeçudo, conseguiram
identificar seu significado prototípico através da análise de seus componentes e
12,9% identificaram um significado metafórico: pode-se tropeçar nas palavras e nos
atos. Quando se trata de perceber a agentividade que o vocábulo traz, o percentual é
de 83,87%. Finalmente, quanto aos outros resultados, pode-se dizer que se afastam
do sentido prototípico da palavra 64, mas três dos quatro são ligados à ideia
metaforizada de tropeço: “alguém que é rude”, "alguém que não entende muito bem
64É
interessante notar que, dentre os quatro informantes que se afastaram mais do significado
prototípico, dois tinham curso superior completo.
76
as coisas" e "os altos e baixos da vida" — os dois primeiros são tropeços nas boas
maneiras e no entendimento e o terceiro, ligado à metáfora de que a vida é uma
jornada, a causa de muitos machucados na alma, assim como os tropeços os causam
no corpo.
4.7.2
Do conhecimento enciclopédico
Existe ainda um terceiro fator basilar para a compreensão do significado — o
conhecimento enciclopédico, ligado intimamente ao contexto.
Essa proposição
significa que "a semântica cognitiva rejeita a ideia de um léxico mental que contenha
o conhecimento semântico de forma separada de outros tipos de saber" (FERRARI,
2011: 18). Nesse aspecto, "os itens lexicais (...) atuam como pontos de acesso para
sistemas de conhecimento" 65 (Idem, ibidem: p. 20).
Disse acima que a análise dos componentes de uma palavra, quando esses são
transparentes, pode elucidar seu significado. Porém, o que fazer em casos em que a
base é metafórica como em abelhudo?
Adotando a análise componencial
considerando o valor mais usado de -UDO visto até o momento — o de explicitador
de um excesso da "coisa" representada pela base —, o resultado seria "que tem
muitas abelhas". Baseando-me em Abreu (1997), solicitei a 39 adolescentes de 12 a 15
anos, alunos de um colégio da rede federal de ensino
no Rio de Janeiro, que
respondessem à seguinte questão: "O que é uma pessoa: (se houver mais de um
significado, escreva-o)" e listei as palavras: abelhuda, cabeçuda, orelhuda, bocuda, todas
65
Destaque no original.
77
portadoras de um significado metafórico, porém abelhuda é a única nesse grupo a ter
exclusivamente esse tipo de significado.
O resultado obtido foi o seguinte: nove adolescentes responderam que não
sabiam o significado ou deixaram em branco; quatorze atribuíram o sentido
prototípico (intromissão, curiosidade, fofoca); oito atribuíram um comportamento
desagradável ("que machuca as pessoas com seu 'ferrão'"; "que fica tentando te
controlar"; "uma pessoa que fica encarando"; "uma pessoa que mexe em tudo"); um,
semelhança inespecífica com a base ("parece uma abelha"); um, gostar da base e seis
imputaram um significado de semelhança física com a base (quatro com relação ao
tamanho das nádegas e dois com o dos olhos). O que interessa para a presente Tese
são exatamente as respostas que saíram do protótipo: as que dão à palavra o sentido
de semelhança como partes do corpo e as que aferiram a ela outros valores de
comportamento negativo.
A questão que se coloca aqui é a da criação e aquisição de significados
metafóricos.
É impossível afirmar, sem que se pergunte aos informantes que
responderam com o sentido prototípico da palavra, se eles deduziram o significado
ou se já o conheciam. O que será feito agora, então, é uma tentativa de reconstruir as
metáforas presentes em abelhudo. Para isso, serão comparadas as acepções desse
vocábulo em dicionários dos séculos XVI ao atual.
Esse adjetivo foi registrado pela primeira vez num dicionário em 1562, no
Dicionarium ex lusitanicum in latinum sermonem, de Jerônimo Cardoso. Por ser um
dicionário bilíngue, não traz a acepção do verbete, apenas a sua tradução para o
78
latim: "Praeproperus (a. um)". Século e meio mais tarde, Rafael Bluteau publica o
Vocabulário português e latino e dá esta definição:
(36)
"abelhùdo. Diz-se vulgarmente, de quem se apressa, & accelera, nas suas
acçoens tomada a metaphora da pressa das Abelhas, quando andão no seo
lavor. Praeproperus, a, um. Cicer. Praefestinatus, a, um. Ovid. Andaste muy
abelhudo. Praepropere, ou praefestinè egisti."
Morais e Silva, no tomo I do Diccionario da lingua portuguesa (1789), define
abelhudo da seguinte forma:
(37) "apreſſado: § Que ſe ingere, e intromette no que lhe não pertence, ſem o
rogarem."
Essa definição se repete no dicionário de Luiz Maria da Silva Pinto (1832): 66
(38)
Apressado. Que em tudo se quer metter.
A palavra ganha um novo sentido além do de "alguém apressado" o de
alguém "que se intromete". O mecanismo que explica o novo significado é o mesmo
que explica a definição de semelhança física dada pelos adolescentes que
participaram da pesquisa que fiz, qual seja: o contexto em que vivem os falantes. As
metáforas são baseadas em características salientes comuns a dois seres de domínios
diferentes, que são transportadas de um ser a outro. Tomemos a palavra em questão.
Existe o comportamento humano pressa, útil em algumas situações, mas que em
excesso não é um comportamento "adequado" 67. Pensemos agora no Portugal de
mais de cinco séculos atrás, país rural no qual certamente era mais fácil de se
encontrarem abelhas voando ligeiras. Ora, não é difícil fazer uma analogia entre a
66
67
No site Brasiliana USP.
O dito popular "A pressa é inimiga da perfeição" corrobora essa visão.
79
imagem de uma pessoa se movimentando apressadamente com a de uma abelha
voando veloz.
Mas e o segundo significado que lhe foi dado e se tornou prototípico em
nossos dias?
Novamente, tenhamos em mente a imagem da abelha (não nos
esqueçamos de que o mundo nos chega através de nossos sentidos) voando buliçosa.
Imaginemos agora esse inseto indo de flor em flor em busca de néctar para alimentar
a todos da colmeia.
Agora, mentalizemos uma daquelas pessoas extremamente
curiosas, que querem saber e participar de tudo, indo de pessoa em pessoa, de casa
em casa, saber das novidades. Lembremos agora de uma grande arma que o homem
usa para criticar desde a Antiguidade — o riso. Está montado o quadro para a
criação de abelhudo.
Falta, porém, explicar a perda do significado de "quem se apressa, & accelera"
(BLUTEAU) e a interpretação dos adolescentes do século XXI. Simples: ele não se
perdeu, continua a existir praticamente confinado aos dicionários (ver anexo 1).
Quanto ao novo significado, como dito acima, temos o mesmo mecanismo de
novas metáforas: o contexto junto com as características salientes. Considerando o
meio urbano em que vivem os sujeitos da pesquisa, não é comum ver abelhas
voando livremente na natureza. Elas costumam aparecer apenas em locais onde são
vendidos doces, com um voo curto, o que colabora para o deslocamento da
centralidade deste para partes do corpo daqueles insetos na percepção das pessoas.
Tantoas características físicas como as comportamentais apontadas pelos
jovens em suas definições são realmente salientes: abelhas voam em torno das
80
pessoas, espetam-nas com seus ferrões e acabam fazendo com que percamos a
paciência. Isso significa que os sujeitos da pesquisa perceberam um dos significados
possíveis do produto resultante da junção do sufixo à base, o de "que tem
propriedades da base", "que é semelhante à base".
A explicação acima demonstra a importância do conhecimento enciclopédico
na compreensão de significados.
Dessa maneira, acredito ter deixado claro o processo mental de formação e
interpretação de significados em geral e em especial dos tratados aqui. Deve-se
ressaltar ainda que um percentual tão pequeno dos sujeitos conhecendo uma palavra
que não é parte de um vocabulário erudito ou formal pode apontar para o fato de
essa palavra estar caindo em desuso.
A aquisição de novos significados e empregos não se dá apenas com as
palavras: o próprio sufixo pode ganhar significações e empregos que não tinha antes.
Por meio de um processo de lexicalização, -UDO passou a ser usado também como
hiperônimo (Norde 2009) dos significados que agrega, como se pode ver em (39):
(39)
vc eh toda uda.. cabeçuda, zoiuda, nariguda, bochechuda, caruda, tetuda,
pançuda, e ainda axa que eh linda... vish suashsuahshahsusu, tem cara que
gosta de gorda mesmo...
Eu não gosto, quem gosta são os gatos ;p HUAEHUEAHUEUHEUEHAAEUH
sóquenão.
Em: http://ask.fm/LauraFraga/answer/17780741317
O adjetivo caruda, constante do exemplo acima, apresenta um outro
significado, desta vez metafórico, em (40), significando não uma pessoa que tem a
81
cara grande, mas uma pessoa desinibida, ou, em outro termo metafórico,
"cara-de-pau":
(40)
sou um pouco recatada, já me disseram para ser mais caruda... como 'e?
ocê tem q se aceitar do jeito q é, num vai na idéia dos outros ñ, imagina se
todo mundo fosse p frente??
Se vc se acha calada de mais, tente ser mais comunicativa, mas essa história de
ser mais "caruda" me parece q estão querendo q vc seja mais p frente, atirada e
sem vergonha.
Linda, seja vc mesmo, nunca ouvi falar q recato prejudicou alguém, já a falta
dele...
Espero q tenha ajudado e pense nisso, BJOKS!!!
Em:http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20090311101659AAV0
dO3
Em (41), encontramos uma locução adverbial formada com o adetivo caruda,
significando cinicamente, descaradamente 68:
(41)
Sei exatamente o que está falando, e olha que por aqui ainda tenho o Vivo
Fixo de até 2Mbits/s (Speedy 2 Mega). Aqui tem cabo da NET, mas ela na
caruda já afirmou várias vezes que não há demanda que justifique o
investimento.
Em:
http://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2013/07/cabo-ousatelite-entenda-diferenca-dos-sistemas-usados-em-tvs-e-na-web.html
Vistos os processos de criação e aquisição dos significados, na próxima seção
farei um levantamento dos significados representados por -UDO sincronicamente.
4.8
ANÁLISE DE SIGNIFICADOS DO CORPUS SINCRÔNICO
Após a formação do corpus e do levantamento na internet, em gramáticas
históricas, gramáticas normativas e artigos com informações sobre o sufixo adjetival
Note-se o contraste entre descaradamente, formado pelo prefixo DES-, que significa "separação" neste
contexto (Cf. Houaiss), e a expressão na caruda.
68
82
-UDO, procedi à análise dos diversos significados que ele expressa. Apresento, nesta
seção e respectivas subseções, o resultado dessa análise.
4.8.1 Dos significados gerais de –UDO
Já vimos que, no latim, esse sufixo era atrelado a bases substantivas para
representar a ideia de propriedade em excesso do nome contido na base, com valor
negativo, como em manūtus, nāsūtus e astūtus.
Em cānūtus e cornūtus, porém,
indicam apenas posse do nome da base.
Nos exemplos (12) a (16) apresentados em 4.6, pode-se observar que persistem
os significados de "posse em excesso" e "posse". Deve-se prestar atenção, porém, ao
que é representado pelas bases em que o sufixo -UDO/ -UTUS se adjunge para
significar simples "posse", como cānūtus, cornudo e bojudo. Esse tipo de base
apresenta, por si só, características que se projetam do contêiner em que estão. Nos
casos em pauta, os cabelos brancos representam a velhice, um dos extremos da vida; os
chifres se destacam verticalmente no animal e não são parte do corpo animal
prototípico; finalmente, o bojo é uma "saliência arredondada" 69, uma "proeminência
convexa" 70. Quanto a abelhudo, palavra na qual o sufixo significa “semelhante à
base”, a propriedade possuída destaca-se por ser negativa, do mesmo modo que em
astūtus.
Até este ponto, foram identificados três valores representados por -UDO: (i)
posse em excesso; (ii) simples posse e (iii) semelhante à base, que podem ser
69
70
Definição do Aurélio.
Definição do Houaiss.
83
parafraseados por estruturas contendo o verbo ter — (i) que tem base em excesso; (ii)
que tem base; (iii) que tem propriedades da base. No entanto, restam alguns valores
a serem vistos.
Tomemos como exemplo façanhudo, cuja definição é a de "quem faz façanha", e
rombudo, definido como "muito rombo". Não se encontra nessas palavras a relação de
posse, mas sim a de ação, que se pode parafrasear como "que pratica a ação da base",
e a de nomina essendi, parafraseada por "que é base". Mesmo dentro desses novos
valores semânticos, existe a proeminência do que está contido na base: façanhas são
algo notável, e ser rombo não é algo positivo, pois significa que alguém ou algo não
está funcionando como deveria.
Pode-se, então, distribuir os valores atribuídos pelo sufixo -UDO em três
grandes grupos:
1 - Posse
Parafraseado por construções com o verbo ter:
a) "X tem base grande"
(42)
Wayne Rooney barrigudo, de barba farta, comendo feijão num trailer parado
num bairro pobre na Inglaterra. É assim que o craque do English Team vai
aparecer num anúncio de TV
Em:
http://globoesporte.globo.com/futebol/copa-domundo/noticia/2010/05/depressivo-wayne-rooney-fica-gordo-e-barbudoem-anuncio-de-tv.html
b) "X tem muito base"
(43)
Todo mundo “dinheirudo”, 13º. no bolso, a felicidade, ainda que momentânea,
contagia até os mais resistentes ao Natal, que sucumbem aos apelos do
marketing
Em: meujeitodeser.wordpress.com/page/2/
84
c)“X tem base larga”
(44)
Aílton Silva, forte e “espadaúdo”zagueiro do Peixe e do Portuguesa Santista
nos anos 70 e 80
Em:
http://terceirotempo.ig.com.br/quefimlevou_interna.php?id=3098&sessao=f
d) "X tem base longa"
(45)
Eu não sou o Trançudo Justiceiro, e como eu amo a minha enorme trança.
Droga!
Em:
http://www.xyzyaoi.org/fics/nacional/ophiuchusnoshaina/versosenfamor/
versos-02.htm
e) "X tem base forte"
(46)
filminho nervudo mesmo... esse da aranhinha é fichinha...
Em: http://forum.hardmob.com.br/showthread.php?p=4438240
f) "X tem base ruim ou defeituosa"
(47)
Rodilhudo.
Pertence a este grupo a palavra botinudo, metáfora aplicada a jogadores de
futebol que jogam mal. O processo que leva a esse resultado se inicia como uma
metonímia entre chuteira e botina, este um calçado pesado e, portanto, inadequado
para jogar futebol. Quando do acréscimo do sufixo, passa a metáfora.
(48)
Se arriscou na vida profissional no Guarani, mas em 1992, vendo que a
carreira de "zagueiro botinudo" não daria certo, Mano aceitou comandar o
time sub-15 do Internacional de Porto Alegre.
Em:
http://esporte.ig.com.br/futebol/2010/07/24/de+zagueiro+botinudo+a+tec
nico+da+selecao+brasileira++9546232.html
g) "X tem base"
(49)
PINCEL PARA BASE?? RETO OU PONTUDO?
85
Em:http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20100913141942AAA
1mG4
h) “X é feito com muito base”
(50)
Aramudo.
i)"X tem característica(s) da base"
(51)
"BBB 10": Dicesar chama Angélica de "machuda"
"Você é mais leve", disse Angélica se referindo ao corpo de Dicesar. Ele então
respondeu: "É porque você é pesada... é mais 'machuda'", disse.
Angélica achou graça da brincadeira de Dicesar que completou: "Você não é
feminina que nem eu e Serginho."
Em: http://natelinha.uol.com.br/2010/01/14/not_28185.php
2 - Nomina essendi
Parafraseado por construções com o verbo ser:
l) "X é base"
(54)
Este pernambucano, Bruno Maranhão, é o protótipo mais perfeito e acabado
do tabacudo zisquerdista nacional.
Em: http://www.luizberto.com/?p=24273
3 - Ação
Parafraseado por construções com os verbos praticar e usar:
j) “X pratica a ação da base"
(52)
Roberto Albergaria, explicudo professor da UFBa & abusado esculhambador
tanto da Metelópole-de-Língua (a Rádia Mamãe) quanto da (...)
Em: www.revistametropole.com.br/pdf/revistametropole_01.pdf
k) “X usa a base”
86
(53)
viajo no onibus 350 passeio iraja todos os dias, e percebir que em toda
estenção da leopoldo bulhões os cracudos entra de graça. enfrente ao prezunic
de benfica e na rodoviaria novo rio. Pontos mas frequente.
gostaria de receber tambem o cartão cracudo. ja que não posso sentar no
onibus, e ainda tenho que conviver com mau cheiro.
obrigado
Em:
http://www.reclameaqui.com.br/1796369/transporte-americaltda/como-adquirir-o-cartao-cracudo/
Os resultados acima partem do significado mais prototípico ao que mais se
afasta do centro. O que me levou a traçar esse percurso foi a assunção de que o
significado indicando posse "X tem base grande", além de ser o mais antigo, é o que
mais produtivo se mostra. A seguir, os significados de nomina essendi, pelo fato de o
verbo ser, usado em sua paráfrase ser, assim como o verbo ter o é nos casos aqui
estudados, estativo.
Finalmente, os significados parafraseados por ação, os mais
afastados do protótipo.
A partir desses resultados, pode-se traçar a rede polissêmica do sufixo -UDO.
Porém, antes é necessário definir o que é polissemia. Com base em Batoréo
(2009) e Silva (2006), pode-se afirmar que a polissemia não ocorre apenas com itens
lexicais: da mesma forma, pode-se aplicá-la a itens gramaticais,“rompendo com a
dicotomia artificial entre léxico e gramática”(BATORÉO, 2009: 115). Ela é uma “rede
de sentidos flexíveis, adaptáveis ao contexto e abertos à mudança, de impossível
diferenciação precisa” (SILVA, 2006: 59). Ademais, sua categorização não é clássica,
mas prototípica, baseando-se nas semelhanças de família de que trata Wittgenstein
(1975). O fato de haver uma rede polissêmica do -UDO comprova a dinamicidade e a
flexibilidade do significado linguístico.
87
Na construção dessa rede, busquei seguir o que advoga Silva (2010: 35):
“procurar o significado esquemático (...), sem todavia o considerar como o
significado essencial ou a condição necessária e suficiente, e ao mesmo tempo
analisar os usos contextuais particulares, sem todavia exagerar as diferenças de
sentido".
Assim, embora reconheça um significado original que também é
prototípico e que está situado no centro da rede, reconheço, da mesma forma, que
não há algo em comum a todos os significados que o sufixo adjetival -UDO adquiriu
com o passar dos séculos. A figura 3, a seguir, esquematiza os significados de -UDO:
no centro, tem-se o significado prototípico; os demais significados são ligados a ele
por linhas de tamanhos diferentes — quanto menores as linhas, mais próximo do
significado prototípico.
88
X usa
muito a
base
X
pratica
muito a
ação da
base
X tem
muito
base
X tem
base
larga
X tem base
longa
Xé
base
X tem base
grande
X tem
base
forte
X é feito
com
muito
base
X tem
propried
ades da
base
X tem
X tem
base ruim
ou
defeituos
a
base
FIGURA 3 Rede polissêmica do sufixo -UDO
4.8.2 De alguns significados
Esta subseção tem como objetivo discutir algumas palavras formadas pelo
sufixo -UDO, mas cujo significado encontrado na internet não coincide com as
acepções do dicionário.
89
Através da categorização, o ser humano organiza suas experiências em
conceitos. É um processo mental que origina as categorias cognitivas ou conceitos,
agrupados pelas semelhanças que apresentam entre si. Esse processo é responsável
por, entre outras coisas, os significados que damos às palavras e como as ordenamos
e explica a falta de coincidência entre o uso efetivo feito pelos falantes e a definição
dicionarística.
A primeira palavra a ser analisada aqui é bagajudo. De acordo com os
dicionários utilizados nesta pesquisa, significa “referente a, ou cascalho grosso.”
Entretanto, o significado encontrado nas frases recolhidas foi o de “que tem nádegas
grandes” e “aquele que tem uma bagagem cultural grande”, ou seja, "X tem base
grande", o significado prototípico do sufixo, como se pode ver nos exemplos abaixo:
(55)
18:24 Marcello bagajudo uahuahuah... pára.. kkk
:): poxa dai quem nao se anima com uma poupança dessa???
18:34 Marcello larga minha bundao bagajuda em paaaz... kkkkkkk
18:34 Mαryαηηe . ǝηηαʎɹαɯ [KJM] a gente desculpa...mas a bunda dele e d+
muito SEXYYY
Em:http://chatlogs.meebo.com/room/megacubobatepapoaa9ad101/logs/20
10/02/27/page13/
(56)
"o Junior é o cara, sem dúvida a bateria é uma extensão do corpo dele, ele é
BAGAJUDO em tudo que faz. agradeço a deus por conhecer ele e chamalo de
meu IRMÃO.
Em: http://www.youtube.com/user/nilsonandresoaresf
Para birrudo, os dicionários apresentam estas definições: “que tem pênis
grande”, “cujo pênis é grande”, correspondentes a "X tem base grande", que
coincidem com o encontrado na internet.
Porém, também foi encontrado o uso
significando “aquele faz birra” ("X faz base"):
(57)
Fui idiota, fui criança, fui birrudo, cabeça dura e impulssivo nas decisões que
tomei depois de terminarmos o namoro…
90
Em: http://www.donoctavio.com.br/?page_id=597
Nos dois casos vistos acima, os novos significados foram possíveis graças a
uma análise do significado das respectivas bases sem correspondência com o
significado dicionarizado.
Em bagajudo, cuja etimologia é obscura, houve o
entendimento — possível — de que o adjetivo provém de bagagem, e em (57), o de
que birrudo se origina de birra.
A palavra braçudo, dicionarizada como “que tem braços robustos, compridos,
grossos ou musculosos”, tem uma ocorrência em que significa “aquele que tem
muitos braços” ("X tem muito base"), fazendo referência a um polvo:
(58)
Isso o site “Pregunta al Pulpo Paul” (”Pergunte ao Polvo Paul) traz nosso
amigo braçudo em versão virtual
Em:
http://efacil.jor.br/blog/noticias/internet/o-polvo-resolve-pravoce.html
Em bolachudo, palavra que significa "que tem faces gordas ou rechonchudas",
tem-se uma metáfora de origem no domínio da culinária:
(59)
Esse rosto BOLACHUDO, vai sumir rapidinho!
Em:http://mairameuemagrecimento.blogspot.com.br/2010_07_01_archive.ht
ml
Cabeçudo é uma palavra que vem sofrendo gradações: de seu significado literal
correspondente a “que tem cabeça grande”, metaforicamente agregou o de “teimoso”
e, mais recentemente, o de “pessoa muito inteligente”, ou seja, abstratizou-se,
conforme mostra (60):
(60)
Cabeçudo que é cabeçudo merece ser reconhecido! Parabéns a minha irmã
Rapha, que acabou d passar de primeira na prova da OAB! Seu porte de arma
foi liberado hermana!!!!!
Em: <http://www.facebook.com/gabrielakastalski>
91
Caneludo também ganhou, através de um processo metonímico, um novo
significado que não consta dos dicionários, o de "mau jogador de futebol":
(61)
Os craques (e caneludos) da primeira fase
Em:
http://veja.abril.com.br/blog/copa-2010/jogadores/os-craques-ecaneludos-da-primeira-fase/
Em caroçudo, o que vem à baila é a questão de se o significado — “que tem
caroços, encaroçado” — é percebido pelos falantes pela quantidade de caroços ou
pelo tamanho destes. A pesquisa descrita em 4.7.2 também foi utilizada para testar
qual seria a percepção dos falantes a respeito dessa questão. Para cumprir esse
objetivo, foi solicitado aos informantes que dessem três exemplos de frutas
caroçudas, justificando suas escolhas. Das respostas válidas, ou seja, daquelas que
não só apontaram as frutas, mas justificaram suas respostas relacionando-as quer à
quantidade, quer ao tamanho dos caroços, trinta apontavam como caroçudas frutas
que têm caroço grande, e vinte relacionavam o adjetivo com muitos caroços, o que
demonstra que o significado de “o que tem a base grande” realmente prepondera
sobre os outros.
Classudo não se relaciona ao corpo, mas ao comportamento da pessoa, à
maneira como se veste, como anda, como fala.
(62)
"Não tenho uma marca registrada, as pessoas me colocaram como a rainha
mais classuda. Penso que me chamam assim porque minhas fantasias são bem
desenhadas e bem trabalhadas, tenho esse cuidado"
Em: http://www.caras.com.br/secoes/noticias/noticias/11718/
Outro significado que chama a atenção é cornudo, por ser difícil estabelecer
qualquer relação entre os animais portadores de chifres e maridos traídos 71, pois,
71
Embora os vocábulos aspudo e chifrudo mostrem que essa analogia vem sendo feita.
92
como aponta o dicionário Houaiss “os animais de chifre (veados, corças, búfalos,
gazelas etc.) vivem acasalados ou as fêmeas ao redor de um macho único, ciumento e
brigão (touros, bodes, carneiros etc.).”
O dicionário de Bluteau explica, na página 552, que, de acordo com Abrahão
Abimafra, estudioso da cultura hebraica,o hábito de chamar os maridos traídos de
cornudos começou entre aquele povo: “ſe apregoava ao ſom de muyta Bozina 72 (...)
que os maridos das adulteras foraõ chamados cornudos, porque ſaõ divulgados pelas
ruas como ſe foſſen apregoados com Bozina.” Caso essa explicação esteja correta,
houve uma desativação da metonímia e da metáfora primitivas por ser a origem
destas algo muito específico de um dado momento de um grupo cultural.
A
transposição feita pelos falantes, do domínio da cultura para o domínio do reino
animal, tem um alcance universal, uma vez que os animais com chifres são
encontrados em todas as civilizações.
Os adjetivos louruda e morenuda atrelam a si condições para seu emprego que
ultrapassam a da simples soma das partes que os compõem, pois, para ser uma
louruda ou uma morenuda (ou os respectivos masculinos) é necessário, além de ter
os cabelos louros ou a pele morena, ser portadora de muita exuberância (63), às vezes
sem importar a idade (64):
(63)
Final de partida e a morenuda entrevista Givanildo Oliveira.
Em: http://www.papodebola.com.br/papodemidia/coluna/200605-02.htm
(64)
Niver da Hebe: a louruda com a anfitriã Lucília Diniz, e a imperatriz da
elegância Lili Marinho.
Em: http://marciog.blogspot.com.br/2009/03/niver-da-hebe-louruda-comanfitria.html
A buzina de que trata o texto é o chofar, artefato feito de chifre tocado em cerimônias rituais judaicas,
daí a metonímia que evoluiu para a metáfora a partir da adjunção do sufixo.
72
93
O adjetivo machuda é aplicado a seres do gênero oposto ao indicado pela base.
Refere-se a mulheres cujo corpo é muito masculinizado ou que são lésbicas (65) e
(66). Mulherudo é usado para qualificar um homem que gosta de conquistar muitas
mulheres e apresenta uma forma feminina que significa “mulher que tem o corpo
muito exuberante”, como se vê nos exemplos (67) e (68):
(65)
"BBB 10": Dicesar chama Angélica de "machuda"
"Você é mais leve", disse Angélica se referindo ao corpo de Dicesar. Ele então
respondeu: "É porque você é pesada... é mais 'machuda'", disse.
Angélica achou graça da brincadeira de Dicesar que completou: "Você não é
feminina que nem eu e Serginho."
Em: http://natelinha.uol.com.br/2010/01/14/not_28185.php
(66)
A Madonna é machuda ou não?
vi que um clip dela erótico ela ta beijando uma mulher,e um show dela em
paris ela beijou uma fã dela,
Em:
http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20100914230754AAYI2AI
(67)
encontrei uma mina das passadas e firmamo uma parceria, pra acompanhar
encontro Paulin, vulgo mulherudo afim daquela disputa básica,
Em: http://efontesjr.blogspot.com/
(68)
E cá entre nós, a Gardner dá de pau na Kelly. A Gardner é muito avassaladora,
mulheruda…
Em: http://dadagaio.wordpress.com/2012/08/04/mogambo-eua-1953/
Magreludo merece atenção pelo fato de a base a que se atrela ser um adjetivo
formado por derivação sufixal — magrelo. Seu uso, todavia, ao contrário do da
palavra que lhe dá origem, não é depreciativo, como mostra (69)
(69)
Anônimo - 05/11/2010
O seu Magreludo te ama muiro gatinha..
Em:
http://www.orkut.com/Main#CommMsgs?tid=5535775947618993148&cmm
=107962091&hl=pt-BR
94
Em melecudo tem-se a substituição de -ENTO, sufixo canônico de melequento,
em cujo lugar é colocado -UDO:
(70)
Perseguição ao melecudo
Aninha, Bebeta e Bia perseguem o tirador de melecas mais nojento do trânsito
de Aracaju
Em: http://www.youtube.com/watch?v=bYxQ0Ml-LW8
Pezatti (1989: 111), aponta que "(n)o caso de -ento, há um certo valor
depreciativo ou negativo, que se intensifica no uso de -udo.” Para confirmar esse
resultado, fiz uma pesquisa informal perguntando a dez falantes nativos de
português se melecudo e melequento eram a mesma coisa e qual dos dois adjetivos era
pior para se chamar alguém.
As respostas variaram quanto ao significado das
palavras: alguns acharam que era a mesma coisa; outros, que melequento significava
alguém que tivesse sempre melecas, ao passo que o melecudo as teria
esporadicamente; houve ainda quem dissesse que melequento seria ligado à
quantidade e melecudo ao tamanho do nome representado pela base. Quanto a um ser
pior do que o outro, não houve ninguém que conseguisse fazer uma distinção.
Olhudo é apresentado nos dicionários consultados como tendo apenas um
significado, o de "que tem olhos grandes". Todavia, essa palavra apresenta um outro
significado muito comum, obtido por um processo metonímico: "guloso, que quer
comer tudo o que os outros estão comendo", mostrado em (71):
(71)
Minha filha tem sete meses e é super olhuda. Tudo que vê a gente comendo
quer também.
Em: http://www.e-familynet.com/phpbb/o-bebe-de-vcs-e-olhudo-vt346757.html
Acesso: 12/9/2010
95
Ombrudo não é dicionarizado ainda, embora tenham sido encontrados vários
exemplos de seu uso, que tanto pode se aplicar a pessoas quanto a peças de vestiário,
como se pode ver em (72) e (73):
(72)
Um comentário:
jeff kusanagi disse...
kkkk legal mano ou mais vc é mais ombrudo, mais parrudinho né? ficou
massa XD
14 de setembro de 2010 17:32
Em: http://leocarpes.blogspot.com.br/2010/09/eesse-aee.html
(73)
Ao contrário de seus colegas das outras tradicionais maisons francesas, sua
moda é rapidamente assimilável: calça justa, regata básica, blazer “ombrudo”,
vestido curto, justo, tomara que caia… tudo usado com sandália de salto cheia
de tachas.
Em: http://msn.lilianpacce.com.br/moda/dercanin-o-novo-nome-da-modainternacional/
Topetudo tem sua primeira datação em 1789, com o significado de "que traz ou
usa topete". Entretanto, ele adquiriu outro significado, também dicionarizado, de
"indivíduo destemido, atrevido".
O Houaiss não traz a datação desse segundo
significado, mas é possível que tenha surgido por metonímia, na década de 1950,
época em que a "juventude transviada," cujo comportamento era extremamente
atrevido, usava topete.
Trançudo, que significa "que tem trança(s) longa(s)" (X tem base longa) (74):
(74)
Trançuda
Recordista, americana tem trancinhas no cabelo com quase 6m de
comprimento
Em: http://espirreinafarofa.blogspot.com/2009/11/trancuda.html
A palavra varudo não foi encontrada com a mesma acepção do dicionário, mas
sim em um uso metafórico, em que o domínio fonte foi o reino vegetal:
96
(75)
Mas a Chris já viu algumas vezes a sua vara e sempre fala que vc é muito
varudo pra ela.
Em:http://04029c3968c0991306.comunidade.uolk.uol.com.br/2007_09/topic2
007_09-10_19_18_20-11692145.html
De acordo com os diconários consultados, o adjetivo veiudo refere-se a cães
cujo comportamento é inconstante, estando mansos num dia e ferozes noutro.
Todavia, numa interpretaçaão feita de acordo com a base, o substantivo veia, o
significado que lhe é logicamente atribuído pelos falantes é o de "que tem muitas
veias", como mostra o exemplo (76):
(76)
BICEPS "VEIUDO" - ALGUEM TEM DICAS??
Em:http://www.fisiculturismo.com.br/forum2/viewtopic.php?p=422600&si
d=11d26d30828eb18125a2ab3964468cef
Finda essa análise, será vista na próxima seção a relação do sufixo -UDO com
partes do corpo humano.
4.9
-UDO E O CORPO HUMANO
O sufixo –UDO entrou na língua, como já visto, agregado a substantivos
denominadores de partes do corpo humano, para designar um excesso dessa parte.
Essa porta de entrada não surpreende se for levado em conta com Johnson (1987) que
o mundo chega à nossa mente através do corpo, ou seja: temos noções táteis, visuais,
olfativas, auditivas e gustativas e, através delas, construímos nosso raciocínio. É o
que também mostra Damásio (2000: 117)
Se o corpo e o cérebro interagem intensamente entre si, o
organismo que eles formam interage de forma não menos
97
intensa com o ambiente que o rodeia. Suas relações são
mediadas pelo movimento do organismo e pelos aparelhos
sensoriais.
O ambiente deixa sua marca no organismo de diversas
maneiras. Uma delas é por meio da estimulação da atividade
neural dos olhos (dentro dos quais está a retina), dos ouvidos
(dentro dos quais está a cóclea, um órgão sensível ao som, e o
vestíbulo, um órgão sensível ao equilíbrio) e das miríades de
terminações nervosas localizadas na pele, nas papilas
gustativas e na mucosa nasal. As terminações nervosas enviam
sinais para pontos de entrada circunscritos no cérebro, os
chamados córtices sensoriais iniciais da visão, da audição, das
sensações somáticas, do paladar e do olfato.
Por meio do raciocínio, o ser humano conceptualiza o mundo ao seu redor.
Dentre os conceitos que cria, encontram-se os de bom e ruim, bonito e feio, muito e
pouco. Obviamente, a divisão entre eles não é feita de maneira cartesiana: todos os
conceitos são sujeitos a revisões ditadas pelo tempo e pelo espaço. Dito em outras
palavras, ditadas pelo contexto.
Para expressar esses conceitos, existem rótulos linguísticos a eles associados
(Cf. Castilho, 2010), e o sufixo adjetival -UDO é um deles. Ele tem características dos
adjetivos predicativos, definidos por Castilho (2010: 513) como, entre outras coisas,
aqueles que "predicam o substantivo ou toda uma sentença". Mutatis mutandis, o
sufixo -UDO, por sua natureza avaliativa, predica o nome que está na base dos
adjetivos formados por ele. Assim, inicialmente ligado à feiúra e à desproporção,
esse sufixo, desde sempre, aludiu “a um excesso, um exagero que parece cômico,
pelo desproporcional da característica em questão, despertando o riso”, o que levaria
seus derivados a assumir “o papel de umas caricaturas em miniatura às vezes
98
bastante cruéis.” 73Essas afirmações de Malkiel (1992: 17), referentes ao espanhol,
podem ser aplicadas também ao português.
Um exemplo do valor negativo pode ser visto na metáfora derivada de uma
metonímia a seguir
(77)
Por isso deixe de ser uma pessoa bicuda, trate as pessoas próximas como seus
amigos, não exponha seus amigos às suas radiações de não sou feliz.
Em: http://somostodosum.ig.com.br/clube/artigos.asp?id=09647
O adjetivo bicuda refere-se a uma expressão facial que reflete um estado de
espírito: uma pessoa bicuda é aquela que está ou é mal-humorada. Tem-se, nesse
caso, a metáfora "o rosto é o espelho da alma."
O valor negativo foi aos poucos dividindo as possibilidades de significação do
sufixo com um valor positivo, do qual temos vários exemplos:
(78)
Clipe/Comercial Bacanudo do dia: Sexy People
10 de maio de 2013
Interessante a ideia de uma marca pagar por um clipe e ter seu carro
chaveirinho aparecendo e compondo bem o cenário. Certamente acertaram a
mão, já que o clipe tá com quase 5 milhões de views.
Em: http://www.chongas.com.br/2013/05/clipecomercial-bacanudo-do-diasexy-people/
(79)
aaaah eu fico toda boba, meeu menino lindo, morenudo fofoo de minha vida,
Em: http://www.fotolog.com.br/reeltoon/43164501
(80)
Pô, olha aquela morena pedaçuda!
Ouvido em conversa informal.
(81)
PRÍNCIPE WILLIAM AINDA MAIS LINDO
E eu preciso dizer que achei ele liiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiindo barbudo!!
Ele tá lindo!!
Em: http://wp.clicrbs.com.br/n9ve/2008/12/26/principe-william-aindamais-lindo/?topo=52,1,1,,170,e170
73“
Lo característico es que los adjetivos en cuestón aludan a un exceso, uma exageración que parece
cómica, por lo desproporcionado del rasgo en cuestión, despertando la risa. Así, esos derivados
asumen el papel de unas caricaturas en miniatura a veces bastante crueles.”(MALKIEL, 1992:17)
99
Um dos fatores responsáveis pela instauração desse valor positivo é a
mudança na visão do corpo que tem acontecido nas últimas décadas: o belo agora é
um corpo saudável, moldado por longas horas de exercícios físicos nas academias,
conforme se pode ver em (82) abaixo, retirado dos comentários a respeito de uma
jogadora de vôlei que estava se recuperando de uma lesão
(82)
Cavalheiros, não acredito que estejam babando uma mulher dessas: gostosa,
coxuda, deliciosa, linda, que deva morar la em casa a qualquer hora ? Por
favor, né ? Esqueçam isso ! Deixe que eu me resolvo com ela, por favor !
Obrigado ! Amigo é pra essas coisas !
19/08/12 14:45 Atualizado em 19/08/12 15:18
Em: http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2013/08/em-tratamentode-lesao-tandara-so-deve-voltar-quadras-em-setembro.html
Obviamente, o valor positivo relativo a partes do corpo passa pelo filtro do
gosto de cada indivíduo, mas certamente há uma área em que ser udo ou uda é
altamente positivo, conforme mostram os anúncios a seguir:
(83)
Garanhão enrabando a bocetuda
Em:
http://www.deusasporno.com.br/sexo/garanhao-enrabando-abocetuda/
(84)
quero um pistoludo comendo minha mulher em bh –
Em:www.mundoanuncio.com/.../quero_um_pistoludo_comendo_minha_mu
lher_em_bh_vale_s_eofranciscano_da_bahia_117306...
Esse valor positivo é expresso pela metáfora “A APAREÊNCIA FÍSICAÉ UMA
FORÇA FÍSICA” 74, apresentada em Johnson (1987: 7), e que se reflete culturalmente em
expressões como beleza devastadora, estar deslumbrante e ser atraente, entre outras.
A
metáfora
idealizada
por
Johnson
(1987:
8)
apresenta
alguns
desdobramentos, dos quais cinco serão explorados aqui 75: (i) uma pessoa é
74
PHYSICAL APPEARANCEISA PHYSICAL FORCE.
100
responsável pela força que ela exerce em outra; (ii) emoções seuxuais são a resposta
natural ao se ter uma força sexual agindo sobre si (iii) qualquer um usando uma
força é responsável pelos efeitos daquela força; (iv) uma pessoa com uma aparência
sexy é responsável por despertar as emoções sexuais de outra; (v) as emoções sexuais
resultam naturalmente em atividade sexual 76.
A visão da aparência física como força explica o porquê de os adjetivos em
-UDO
estarem
constantemente
presentes
nos
sites
de
anúncios
sexuais,
principalmente se for feita a ligação com a crença popular de que TAMANHO É
DOCUMENTO: ao apregoarem o quanto são udos, os que se anunciam valorizam-se
mostrando sua potência e, consequentemente, o seu desempenho sexual, conforme
em (85)
(85)
Ela é toda uda, tetuda,bunduda, coxuda, bucetuda, toda boazuda
REGINA RIZZI RAINHA DO ANAL
Em:
http://brasileirinhasplaysexy.blogspot.com.br/2013/01/ela-e-todaudatetudabunduda-coxuda.html?zx=686a526743df669c
Na contramão dos exemplos de (78) a (85), há os vocábulos cabaçuda e
cabaçudo. As duas palavras têm entradas diferentes pelo fato de a forma masculina
apresentar um significado além do que expressa virgindade, que é o de “puro,
ingênuo e inexperiente, como uma mulher virgem” e “homem simples e ingênuo,
que lembra a mulher virgem inexperiente”. O que é digno de discussão é o fato de a
A metáfora e seus desdobramentos referem-se, em Johnson (1987), à análise de entrevistas de
homens ligados a mulheres estupradas (médicos, advogados, promotores, maridos e namorados e um
estuprador). Por isso, procedi a algumas adaptações, substituindo a palavra mulher por pessoa, uma
vez que o presente estudo tem escopo diferente do realizado por Johnson.
76 (i) A WOMAN IS RESPONSIBLE FOR THE FORCE SHE EXERTS ON MAN; (ii) SEXUAL
EMOTIONS ARE THE NATURAL RESPONSE TO BEING ACTED I´PM BU A SEXUAL FORCE; (iii)
ANYONE USING A FORCE IS RESPONSIBLE FOR THE EFFECTS OF THAT FORCE; (iv) A
WOMAN WITH A SEXY APPEARANCE IS RESPONSIBLE FOR AROUSING A MAN'S SEXUAL
EMOTIONS; (v) SEXUAL EMOTION NATURALLY RESULTS IN SEXUAL ACTIVITY.
75
101
palavra que serve de base ser uma parte única e não mensurável da anatomia e,
apesar disso, a construção aqui tratada se inclui no grupo 1, no subgrupo "X tem
muito base". Para entender essa acepção, há que se apelar para o conhecimento
enciclopédico.
Embora haja uma hipervalorização da virgindade em grupos
conservadores, em outros grupos tal fato não existe, e o que os adjetivos cabaçuda e
cabaçudo transmitem é que considera-se excesso a existência da referida parte do
corpo porque ela não era mais para estar no corpo, o que explica sua colocação como
tendo a base em excesso e não em "X tem base". E, como não é exercida a força
aludida anteriormente, as duas palavras são pejorativas.
Na próxima seção, será apresentada mais um tipo de relação estabelecida pelo
sufixo -UDO com o corpo humano: a relação meronímica.
4.10
-UDO E A MERONÍMIA
As relações parte-todo, do ponto de vista da linguística cognitiva, são vistas
como relacionadas à familiaridade que temos com o nosso corpo e suas partes e são
fundamentais para a meronímia (Cf. UNGERER e SCHMID, 2006). O corpo humano
não é um superordenado per se, mas uma categoria de nível básico que pode ser
ativada como superordenada (Idem, ibidem).
Por outro lado, as relações entre hipônimos e hiperônimos são consideradas
relações “tipo de”.
102
Assim, em palavras derivadas como os aumentativos em -ÃO 77, tem-se uma
relação conceptual "tipo-de" ou, em outras palavras, um hipônimo lato sensu, uma
vez que ele pode ser considerado um tipo do hiperônimo que é representado pela
base.Veja-se, por exemplo, narigão, que pode ser considerado um tipo de nariz: há
narizes arrebitados, pequenos, médios, grandes, aduncos.
Os vocábulos formados pelo sufixo -UDO, por sua vez, embora transmitam
prototipicamente a noção de algo muito acima das dimensões consideradas
aceitáveis pelo senso comum, não são, como já visto, aumentativos: antes, significam
"posse em grandes dimensões do nome indicado pela base" 78.
Esse significado
estabelece uma relação meronímica entre uma entidade X, que é subfocalizada,
expressa pelo verbo ter e é o holômimo desse merônimo. Em (86) e (87), temos
exemplos que comprovam essa relação:
(86)
braços longos e finos, saboneteiras profundas, rosto fino e seco, pescoçuda, os
dedos longos e finos pareciam pernas.
Em: http://mulheresneura.blogspot.com/2009_01_01_archive.html
(87)
Polícia procura por bandido narigudo na Áustria
Em:http://noticias.terra.com.br/popular/interna/0,,OI616828-EI1140,00.html
A meronímia ou partonímia é uma relação semântica, estabelecida entre
significados contextualmente construídos, o que a diferencia da relação parte-todo,
que é entre duas entidades individuais.
Opto por considerar o aumentativo em -ÃO um caso de derivação. Para discussão sobre o assunto,
ver Andrade (2013).
78 Nesta seção trabalho apenas com o significado prototípico de -UDO, por ser o que se adequa ao
aspecto aqui analisado.
77
103
Os exemplos (86) e (87) são merônimos porque significam a “posse de um
atributo saliente que é parte de uma pessoa” 79, e as categorias expressas pela base são
parte de um todo, mas é para elas que converge a atenção dos falantes.
Existe, porém, um grupo dessas palavras que, além de representar a posse em
grau elevado, passa a nomear o ser por sua parte, num processo meronímico,
semelhante ao da metonímia, em que um paciente é chamado pelo nome da doença
que apresenta, como em (88)
(88)
O apendicite já está na sala de recuperação.
Os exemplos (89) a (92) a seguir servem para expor mais claramente o
processo mencionado no parágrafo anterior:
(89)
Professora, meu irmão é muito cabeçudo! Ele só tira notão em tudo!
Conversa com aluna.
(90)
Cabeçudo que é cabeçudo merece ser reconhecido! Parabéns a minha
irmã Rapha, que acabou d passar de primeira na prova da OAB! Seu porte de
arma foi liberado hermana!!!!!
Em: <http://www.facebook.com/gabrielakastalski>
(91)
Ciclista coxudo tatua anéis olímpicos na panturrilha e ganha massagem nas
coxas gigantes
Em:
http://extra.globo.com/esporte/londres-2012/ciclista-coxudo-tatuaaneis-olimpicos-na-panturrilha-ganha-massagem-nas-coxas-gigantes5834539.html
(92)
Hoje fiquei aqui cá comigo com meus botões pensei...será que a coxuda gosta
deHeidegger?
Aquelas coxas monumentais, de onde provavelmente saiu o big-bang, onde
estãodepositadas as forças ingentes de todo o universo...
Em: http://br.groups.yahoo.com/group/acropolis/message/94177
Em (89) e (91), podem-se ver exemplos de merônimos: no primeiro, tem-se
uma metáfora conceptual representando a inteligência do irmão da falante (mais
79
Para esta seção, interessam apenas as palavras referentes ao corpo humano.
104
uma vez, a corporificação da mente); no segundo, uma parte do corpo do ciclista que
é focalizada.
O exemplo (90) apresenta a mesma metáfora de (89), porém, desta feita, a
focalização se dá em relação à pessoa. Pode-se perceber que no exemplo (92) a
conceptualização também se dá em relação à pessoa. Isso quer dizer que, nesse tipo
de formação, o holônimo não é a parte à qual o merônimo está imediatamente ligado,
mas sim o ser que o possui 80.
Ao contrário dos merônimos, que são caracterizados orientados em relação a
um determinado holônimo, os holônimos são mais independentes, posto que não
são conceptualizados obrigatoriamente em direção a merônimos específicos.
Morfologicamente, para que o adjetivo se torne um holônimo, tem-se um
processo de derivação imprópria, uma vez que o adjetivo original passa a ter
características de substantivo 81, sem, todavia, apresentar marcas morfológicas
correspondentes (Cf. BASÍLIO, 2004).
Dessa maneira, em (80) e (82), há um
merônimo, ao contrário do que acontece em (81) e (83), que são holônimos.
Um caso interessante mostrado por Croft e Cruse (2005) diz respeito ao que
eles chamam de “supermerônimo” e “hipo-holônimo” de um lado, e de
“hipomerônimo” e “super-holônimo” de outro. Para o primeiro caso, eles dão o
exemplo de “unhas”, que tanto são encontradas nos dedos das mãos quanto nos dos
pés.
Embora em (80) a característica se espalhe pelo todo —não se é inteligente apenas no cérebro, a
inteligência se espraia por todo o ser — há diferenças entre os dois empregos de cabeçudo. Para
aprofundar o assunto, ver Basílio (2006).
81 De acordo com Basílio (2006), devem-se utilizar não só critérios semânticos (como fazem as
gramáticas tradicionais), mas também morfológicos e sintáticos. Desse modo, o substantivo designa
seres ou entidades, apresenta e determina flexão de gênero e número e serve de núcleos para o sujeito,
os objetos e o agente da passiva. E o adjetivo caracteriza e qualifica os seres e as entidades, concorda
cm eles em gênero e número e funciona geralmente como adjunto adnominal e predicativo do sujeito.
80
105
O segundo caso é ilustrado por corpo em relação aos órgãos sexuais masculino
e feminino. Embora eles tenham o mesmo holônimo lato sensu, definitivamente há
duas subclasses de corpo em questão, uma vez que, prototipicamente, não se
encontram os órgãos sexuais masculinos no mesmo corpo em que se encontram os
femininos. Mesmo assim, corpo tem apenas um sentido, não importando se é o
masculino ou o feminino.
Não é, então, uma diferença no nível da relação
parte-todo. Por conseguinte, em casos como (93) e (94), temos os holônimos a seguir
referindo-se não ao hiperônimo pessoa, mas especificamente a mulher e homem, na
ordem:
(93)
Garanhão enrabando a bocetuda
Em:
http://www.deusasporno.com.br/sexo/garanhao-enrabando-abocetuda/
(94)
Chupando forte o pirocudo, gata morena bem gostosa ficou peladinha
exibindo suas deliciosas tetas empinadinhas
Em: http://www.acervoamador.com/porno/chupando-forte-o-pirocudo/
Deve-se notar que o que nos leva a perceber essa diferença entre a forma do
corpo masculino e a do feminino é o fato de termos representada em nosso sistema
conceptual a informação de que o corpo humano é formado por
logicamente, quais são essas partes.
partes e,
106
5
PALAVRAS FINAIS
Neste trabalho, busquei, utilizando o constructo da Teoria Multissistêmica
Funcionalista-Cognitivista, analisar o sufixo -UDO.
Essa teoria, por incorporar
elementos de duas outras linhas de pesquisa, aborda os fenômenos linguísticos com
um instrumental bastante amplo que permite a descrição daqueles sob várias
perspectivas.
Pretendi mostrar que o sufixo participial -UDO sofreu um processo de
reanálise que ocasionou sua substituição pelo sufixo -IDO, o qual foi, por cerca de
dois séculos, sua forma concorrente. Essa reanálise se deu por influência da atuação
do DSC nos vários sistemas que compõem uma língua e resultou na dessemantização
desse sufixo, o que é provado por, no estado atual da língua portuguesa, ele não ser
percebido como um sufixo verbal, conforme provam as formas conteúdo, agudo, teúdo,
manteúdo.
No que diz respeito ao sufixo formador de adjetivos, pretendi, além de fazer o
levantamento de seus signifcados, traçar o continuum da evolução desses significados
e traçar sua rede polissêmica, mostrar sua relação com a meronímia. Para tal, utilizei
conceitos como categorização, corporificação funcional e polissemia.
Dessa análise resultou a conclusão de que o significado de -UDO segue o
seguinte percurso, partindo do mais prototípico para o menos: "X tem base grande";
"X tem muito base" ; “X tem base larga”; "X tem base longa"; "X tem base forte"; "X
107
tem base ruim ou defeituosa"; "X tem base"; “X é feito com muito base”; "X tem
característica(s) da base" ; "X é base"; “X pratica a ação da base"; “X usa a base”.
Graças ao uso da diacronia ao lado da sincronia, foi possível perceber que as
formações em -UDO tiveram seu significado expandido de domínios físicos para
domínios mais abstratos, o que lhe facultou formar palavras como abelhudo e
amorudo, por exemplo.
Finalmente, comprovou-se que a meronímia é a principal relação estabelecida
pelos sufixo -UDO com a base a que se adjunge, uma vez que focaliza a "posse de um
atributo saliente que é parte de uma pessoa".
Entretanto, a análise da relação meronímica com a base proporcionou uma
constatação que não fazia parte das hipóteses iniciais desta tese.
Através dos
exemplos aqui elencados, percebeu-se que há também um tipo de conceptualização
que se dá em relação não à parte, mas em relação à pessoa, ao todo, ou seja, ao
holônimo. Isso se dá nos casos de derivação imprópria, em que o adjetivo se torna
um substantivo.
108
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article%2Fdownload%2F4030%2F3694&ei=9ReDUcvFLsrH0AGd1YC4DA&usg=AF
QjCNGRFTA1967gGCQsMBtJjgKwg1mW5Q&sig2=HpSKcPjG8IEb7V_5Lfyjmg&bv
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123
ANEXO
LISTA NÃO EXAUSTIVA DE PALAVRAS TERMINADAS PELO SUFIXO
ADJETIVAL -UDO
1 - abelhudo
[De abelha + -udo.] Adjetivo. 1. Curioso, indiscreto. 2. Metediço, intrometido. 3.
Astuto, manhoso. 4. Desembaraçado, ativo.
adj.s.m. (sXV cf. IVPM) 1 que ou aquele que é ativo, desembaraçado 2 que ou o que é
curioso, indiscreto 2.1pej. que ou aquele que é bisbilhoteiro, metediço 3p.ext. que ou
aquele que é astuto, ardiloso ETIM abelha + -udo
PARA O POLICIAL ABELHUDO DA CORREGEDORIA AUXILIAR
Mais precisamente ao policial que meteu as mãos na minha pequena câmara
digital…
Vossa Senhoria
extrapolando os termos do mandado de busca e apreensão,
cumprido no dia 28 de janeiro do corrente, exigiu MEXERICAR até o conteúdo de
câmara fotográfica, praticamente sem uso,
Em: http://flitparalisante.wordpress.com/2010/04/25/para-o-policial-abelhudo-dacorregedoria-auxiliar-do-deinter-6-a-policia-e-como-a-minha-mitsuca-dc8388br/
Acesso: 12/9/2010
2 - ancudo
[De anca + -udo.] Adjetivo. 1. Que tem grandes ancas
adj. que tem grandes ancas ETIManca + -udo
Olhem q mulher ancuda...
Em: http://fotolog.terra.com.br/freakastic:275
124
Acesso: 12/9/2010
Melhor não arriscar sua vida e nunca dizer que sua mulher é “ancuda”
Em: http://mineirasuai.blogspot.com/2007/03/pequeno-dicionrio-da-feminilidadepara_14.html
Acesso: 12/9/2010
3 - bacanudo [De bacana + -udo.]
Não consta dos dicionários consultados.
Que (m) é muito bacana.
NIKE BACANUDO
eu estava tão "precisada" de um tênis pra incluir na minha mala de viagem que
comprei o primeiro modelo bacanudo que apareceu.
Em: https://www.enjoei.com.br/produto/nike-bacanudo
Acesso: 19/8/2013
Clipe/Comercial Bacanudo do dia: Sexy People
10 de maio de 2013
Interessante a idéia de uma marca pagar por um clipe e ter seu carro chaveirinho
aparecendo e compondo bem o cenário. Certamente acertaram a mão, já que o clipe
tá com quase 5 milhões de views.
Em:
http://www.chongas.com.br/2013/05/clipecomercial-bacanudo-do-dia-sexy-
people/
Acesso: 19/8/2013
4 - bagajudo
Adjetivo.Substantivo masculino. 1. Bras. BA Diz-se de, ou cascalho grosso.
adj.s.m.BA diz-se de ou cascalho grosso ETIM orig.obsc., exceto se ligado a bago
18:24 Marcello bagajudo uahuahuah... pára.. kkk
125
:): poxa dai quem nao se anima com uma poupança dessa???
18:34 Marcello larga minha bundao bagajuda em paaaz... kkkkkkk
18:34 Mαryαηηe . ǝηηαʎɹαɯ [KJM] a gente desculpa...mas a bunda dele e d+ muito
SEXYYY
Em:
http://chatlogs.meebo.com/room/megacubobatepapoaa9ad101/logs/2010/02/27/
page13/
Acesso: 30/8/2010
MULHER MELANCIA VÇ E O CONJUNTO DA OBRA BBBG, BOA, BONITA,
BAGAJUDA E GOSTOSA SAIBA SE VÇ ESTIVER SEM NAMORADO EU ME
CANDIDATO QUEM SABE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Em: http://mulhermelancianet.com.br/Mural/mensagens.asp?offset=1680
Acesso: 30/8/2010
"o Junior é o cara, sem dúvida a bateria é uma extensão do corpo dele, ele é
BAGAJUDO em tudo que faz. agradeço a deus por conhecer ele e chamalo de meu
IRMÃO.
Em: http://www.youtube.com/user/nilsonandresoaresf
Acesso: 30/8/2010
1 fev. 2007... curso de selva..è isso quanto mais curso vc tiver mais bagajudo vc será .
( bagajudo = superior a todos ) e ganhara muito mais !!
Em: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20070201131246AA20n89
Acesso: 30/8/2010
5 - baleiudo [De baleia + -udo]
Não consta dos dicionários pesquisados.
Subst. Adj. Que(m) é muito gordo.
Fotos de 27/07/2007 na consulta do meu nenenhudú-baleiúdo...
126
Todo adulto, deixou a medica examinar ele e ficou quetinho (essa meu filhooo...acho
que adora uma loira...auHauha), manteve o peso que saiu do hospital (nasceu com
3.595), sinal que pode ter perdido mais peso mais já recuperou (tem que manter o
apelido), e no final meio revoltado com a vovó e o papai colocando a roupinha
dele...queria que a medica examinasse mais um pouquinho!
Em: http://www.fotolog.com.br/gar0too/
Acesso: 02/9/2012
Vimos os porquinhos (eu torci para ter filhotinhos, mas já eram todos adultos ou
adolescentes), que são muito mais limpinhos e rosas do que eu imaginava!
(esse deitadinho não está muito fofo e baleiudo?)
Em: <http://osdetalhes.wordpress.com/2012/07/18/pinhal-dia-3-tarde-e-cafe/>
Acesso: 18/3/2013
Ahhh, mais eu gosto dessa ‘tali’ de jacuzzi, viu?! Botaria a mulher pra me carregar,
mas eu ia fazer um escalda pé nesse trem...
aquática (baleiudo
Como eu já contei, tô numa fase meio
) e não perderia por naaaada!
Em: <Ahhh, mais eu gosto dessa ‘tali’ de jacuzzi, viu?! Botaria a mulher pra me
carregar, mas eu ia fazer um escalda pé nesse trem... Como eu já contei, tô numa fase
meio aquática (baleiudo ) e não perderia por naaaada!>
Acesso: 18/3/2013
Cala aboca, escolhe argumentos melhores seu baleiudo gordo da porra..
Em: <http://www.youtube.com/all_comments?v=ZBL3gkA6dOU>
Acesso: 18/3/2013
6 - baranguda [De baranga + fem. –udo]
Não consta dos dicionários consultados.
Que (m) é muito baranga
127
Abaixo, posando de "sexy"! Gorda tem que ser baranguda? Somos muito calientes,
oras!
Em: http://www.giprado.com/festas.htm
Acesso: 17/9/2012
Oi Meninas Lindas!
Estava me analisando e ainda estou longe do que pode se dizer apresentável kkkkk
então estou baranguda como dizem por aí rsrsrs,
Em: http://dietadalu.blogspot.com.br/2012/03/baranguda.html
Acesso: 17/9/2012
A novela traz um elenco de primeira, com Antonio Fagundes, Glória Pires, Natália
do Vale, Camila Pitanga, Lázaro Ramos, Eriberto Leão, Paola Oliveira, o cãoarrependido Gabriel Braga Nunes, Deborah Secco e afins. Recentemente a
participação relâmpago de Cristiana Oliveira que, para viver a presidiária Araci,
engorou 15 kg e virou uma baranguda!
Em:
http://umpoucodetudozepa.blogspot.com.br/2011/04/insensata-novela.html
Acesso: 17/9/2012
7 - barbaçudo
Adjetivo. 1. Que tem barba cerrada
adj. (1570
GCruz fº 16)
aquele que possui barba cerrada ETIM barbaça + -udo
8 - barbudo
[De barba + -udo.] Adjetivo. 1. Que tem muita barba.
Substantivo masculino. 2. Indivíduo que tem muita barba.
adj.s.m. (960 cf. JM3) 1 que ou aquele que usa barba 2 que ou aquele que tem a barba
crescida, por não tê-la feito ETIM barba + -udo; ver barb(i)-; f.hist. 960 baruudo,
1132 barbuto, sXIII barvudo, sXV barbudo
Depressivo, Wayne Rooney fica gordo e barbudo. Em anúncio de TV
128
Em:http://globoesporte.globo.com/futebol/copa-domundo/noticia/2010/05/depressivo-wayne-rooney-fica-gordo-e-barbudo-emanuncio-de-tv.html
Acesso: 31/8/2010
PRÍNCIPE WILLIAM AINDA MAIS LINDO
E eu preciso dizer que achei ele liiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiindo barbudo!!
Ele tá lindo!!
Em:
http://wp.clicrbs.com.br/n9ve/2008/12/26/principe-william-ainda-mais-
lindo/?topo=52,1,1,,170,e170
Acesso: 19/9/2010
9 - barriguda
[F. de barrigudo.] Substantivo feminino. 1. Mulher grávida, prenhe.
s.f.1 mulher de barriga volumosa 2 mulher prenhe; grávida.
ETIM
fem. substv. de
barrigudo
"Sua filha está barrigudinha? Que bacana!"
Ouvida em conversa informal.
10 - barrigudo
[De barriga + -udo.] Adjetivo. 1. Que tem barriga volumosa; ventrudo, pançudo.
2. Que está prenhe (diz-se de mulher).Substantivo masculino. 3. Indivíduo
barrigudo.
adj.s.m. (1548
FOlP 113)
1 que ou aquele que tem barriga grande; pançudo
adj.p.ana.2 que tem proeminência semelhante a uma barriga <coluna b.><tronco
b.>ETIMbarriga + -udo
Qual é o nome daquele velhinho barrigudão que usa roupa vermelha e faz assim
.Ho! Ho! Ho!....?
Em:
<http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20091218043630AAoUPfL>
129
Acesso: 23/3/2013
Anônimo disse...
hahahahahaha esse aí tá muito mais magrinho do que o barrigudão do Ronaldo!!!
Lucas Marenagas - Teresina -PI
Em: <http://felippeneri.blogspot.com.br/2010/09/ronaldo-fazendo-escola.html>
Acesso: 23/3/2013
Ninguém acredita nele, nem mesmo o técnico do time (Philip Seymour Hoffman,
barrigudíssimo). O único ao seu lado é um assistente gordinho (Jonah Hill em raro
papel sério).
Em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/serafina/sr2509201115.htm
Acesso: 14/8/2013
E também constatei que o Axl, apesar de barrigudíssimo e estrábico, ainda enche o
palco sozinho, com seu carisma.
Em: http://pausadotempo.blogspot.com.br/2011/10/eu-nao-fui-ao-rock-in-rio.html
Acesso: 14/8/2013
O BARRIGUDO – DICRÓ
Esse aqui é um aviso aos barrigudos desamparados!
Em:http://letrasdesambarock.blogspot.com.br/2013/06/o-barrigudo-dicro.html
Acesso: 20/11/2013
11 – bedelhudo [De bedelho + -udo]
Não consta dos dicionários pesquisados.
Que se intromete no que não é da sua conta.
Entrei e gostei logo da cara do projeto. Daí, bedelhudo que sou, quis logo meter meu
dedo lá também. E serei colaborador - colunista, se preferirem - do site. Legal, não?
Em: http://3vozes.blogspot.com.br/2005/10/marketing.html
130
Infelizmente estou aqui falando do Oscar de bedelhudo mesmo, porque não assisti a
nenhum filme que concorreu ao prêmio. Faço isso em breve.
Em: http://entretantos.com.br/the-oscar-goes-to/
12 - beiçudo
[De beiço + -udo.] Adjetivo. 1. Que tem beiços grossos:
Substantivo masculino. 2. Aquele que tem beiços grossos; beiçola.
3. Bras. Pop. V. diabo (2).
adj.s.m. (sXIII
cf. IVPM)
s.m.2Binfrm. m.q.
1 que ou o que tem beiços grossos e/ou proeminentes
diabo ETIM beiço + -udo; f.hist. sXIII beyçudo
Mêlo do Beiçudo
Nelsinho Corrêa
Cuidado se você é carrancudo
Pois quando você passar
Transbordando mau humor o
Povão vai dizer : Lá vai o
“BEIÇUDO”
Em: http://letras.terra.com.br/nelsinho-correa/434467/
Acesso: 31/8/2010
Como ficar beiçuda sem silicone
Por Admin em Curiosidades em 12-02-2008
Em: http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=2160
Acesso: 31/8/2010
13 - bicudo
[De bico1 + -udo.] Adjetivo.
1. Que tem bico; bical. 2. Pontiagudo, aguçado. 3. Difícil, complicado, árduo.
131
4. Difícil, duro, apertado. 5. Bras. Fam. Zangado, amuado, trombudo. 6. Bras. MG
Fam. V. embriagado (1).
adj. (1562 cf. JC) 1 provido de bico; bical 2 que possui bico grande, comprido ou grosso
3p.ana. (da acp. 1) que possui a boca projetada para a frente, lembrando um bico
(diz-se de pessoa ou animal) 4 que forma ponta; aguçado, pontiagudo <chapéu
b.>5infrm. que apresenta dificuldade; árduo, complicado, difícil <problema b.>6infrm.
que não é favorável; apertado, duro, desfavorável <vida b.><tempos b.>7Binfrm. que
demonstra irritação; amuado, mal-humorado, ETIM bico + -udo
Eu sou uma pessoa bicuda! hahahaha... bicuda mesmo! Eu faço biquinhos!
Em:
http://quefofurice.blogspot.com/2010/07/bicos-biquinhos-e-bicoes-para-
confeitar.html
Acesso: 12/9/2010
Por isso deixe de ser uma pessoa bicuda, trate as pessoas próximas como seus
amigos, não exponha seus amigos às suas radiações de não sou feliz.
Em: http://somostodosum.ig.com.br/clube/artigos.asp?id=09647Acesso: 12/9/2010
Habitação: acesso ao financiamento continua um problema bicudo
Em:
http://opais.sapo.mz/index.php/sociedade/45-sociedade/6750-habitacao-
acesso-ao-financiamento-continua-um-problema-bicudo.html
Acesso: 12/9/2010
14 - birrudo
[De birro2+ -udo.] Adjetivo. 1. Bras. Chulo Que tem pênis grande.
adj.MAtab. cujo pênis é grande ETIM3birro + -udo
Fui idiota, fui criança, fui birrudo, cabeça dura e impulssivo nas decisões que tomei
depois de terminarmos o namoro…
Em: http://www.donoctavio.com.br/?page_id=597
Acesso: 31/8/2010
132
27/10/06
********************NASCEU NASCEU NASCEU******************
MEU SUBRINHO TEM UM PAU
HAUHAUAHUAHUAHAUHAU
O MEU BIRRUDO NASCEU
Em: : http://www.fotolog.com.br/maryr3us/24783599
Acesso: 31/8/2010
15 - boazuda
Adjetivo (f.). Substantivo feminino. 1. Bras. Gír. Boa2 (2 e 4).
s.f.Binfrm. mulher de formas voluptuosas, sexualmente atraente GRAM aum.irreg.
de boaGRAM/USO tb. empr. adjet. ETIM boa + -z- + -uda
A atriz Susana Vieira completou 71 anos nesta sexta-feira, 23, e está se sentindo
muito bem com a sua nova idade. Ela destaca a sua boa forma tanto física quanto
profissional, já que está brilhando na novela Amor à Vida, da Globo, como Pilar.
“Estou fazendo 71 anos e continuo boazuda”, afirmou ela ao site do programa Mais
Você.
Em:
http://caras.uol.com.br/especial/tv/post/susana-vieira-completa-71-anos-
afirma-continuo-boazuda-sandro-pedroso#image1
Acesso: 08/9/2013
16 - bocetuda [De boceta + o fem. –udo]
Não consta de nenhum dos dicionários pesquisados.
Diz-se de mulher que tem o órgão sexual grande.
Coroa bocetuda treinando o meninão
Em: http://www.acervodesexo.com/coroas/coroa-bocetuda-treinando-o-meninao/
Acesso: 1/9/2010
Garanhão enrabando a bocetuda
133
Em: http://www.deusasporno.com.br/sexo/garanhao-enrabando-a-bocetuda/
Acesso: 1/9/2010
17 - bochechudo
[De bochecha + -udo.] Adjetivo. Substantivo masculino. 1. Que, ou aquele que tem
bochechas [v. bochecha (1)] grandes.
adj.s.m. (c1560 FOlN 203) 1 que ou aquele que tem bochechas pronunciadas ou faces
gordas 2p.ext. que ou aquele que é gordo ETIM bochecha + -udo; a datação é para
o adj.
Pai brinca com o rostinho bochechudo de seu bebê
Em:
http://www.iplay.com.br/Imagens/Divertidas/?Pai_brinca_com_o_rostinho_boche
chudo_de_seu_bebe+9492&Grupo=10
Acesso: 1/9/2010
18 - bocuda
[De boca1 (ô) + -uda.] Substantivo feminino. 1. Bras. Baluda.
s.f. (1920
cf. MS10)
1B mulher que tem boca grande ou esquisita 2ARMB m.q. baluda
ETIM fem.substv. de bocudo
O ator Colin Farrell declarou para a imprensa que gostaria muito de ter um affair
com a atriz-bocuda-peituda-bunduda-etcéteruda Angelina Jolie. ...
Em: http://www.novaimprensa.inf.br/passadas/471/humor.html
Acesso: 1/9/2010
19 - bocudo (Houaiss)
adj.s.m. (1922 cf. CF3) 1B que ou aquele que tem boca grande ou esquisita adj.G-BS2
falador, boquirroto ETIM boca + -udo
Como pode, um homem de Deus, zombar de Baal, dizendo que o deus falso está com
diarréia? Como pode Deus usar gente bocuda assim? Pois é.
Em: http://umadguar.blogspot.com/2010/02/elias-o-profeta-bocudo.html
134
Acesso: 1/9/2010
20 - bojudo
[De bojo + -udo.] Adjetivo. 1. Que tem bojo (1); arredondado.
adj. (1548
FOlP 159)
1 que tem 1bojo; arredondado, gordo 2 que possui diâmetro ou
largura maior em uma de suas partes <pêra b.><bilha b.>3p.ext. cujo ventre é
volumoso; barrigudo 4fig. capaz de bem exercer suas atividades, em virtude de seus
conhecimentos ou de sua prática; competente ETIM1bojo + -udo
Pequeno Vaso Bojudo Dourado
Em:
http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-149834672-pequeno-vaso-bojudo-
dourado-_JM
Acesso: 04/9/2010
O sutiã bojudo, a anágua, meias de seda com costura atrás, vestido cintado e justo no
quadril
(QUEIROZ, Marisa. A rosa amarela.)
Em: http://recantodasletras.uol.com.br/cronicas/984196
Acesso: 04/9/2010
21 - bolachudo
[De bolacha (1) + -udo.] Adjetivo. 1. Fam. Que tem faces gordas ou rechonchudas;
bolacheiro.
adj. (1899
cf. CF1 supl.)
infrm. que tem faces rechonchudas; bolacheiro, bochechudo
ETIM bolacha + -udo
eu e o meu bolachudo....
Em: http://www.fotolog.com.br/a_dona/69382804
Acesso: 04/9/2010
Esse rosto BOLACHUDO, vai sumir rapidinho!
Em: http://mairameuemagrecimento.blogspot.com.br/2010_07_01_archive.html
135
Acesso: 07/9/2010
22 - botinudo (Aurélio)
[De botina + -udo.] Substantivo masculino. 1. V. perna de pau (2).
Se arriscou na vida profissional no Guarani, mas em 1992, vendo que a carreira de
"zagueiro botinudo" não daria certo, Mano aceitou comandar o time sub-15 do
Internacional de Porto Alegre.
Em:
http://esporte.ig.com.br/futebol/2010/07/24/de+zagueiro+botinudo+a+tecnico+d
a+selecao+brasileira++9546232.html
Acesso: 07/9/2010
O ex-jogador "botinudo" e a farsa olímpica
Em: http://www.papodebola.com.br/papoespecial/20080408.htm
Acesso: 07/9/2010
23 - braçudo
[De braço + -udo.] Adjetivo. 1. Que tem braços robustos.
adj.s.m. (1562 cf. JC) infrm. que tem braços compridos, grossos ou musculosos ETIM
braço + -udo
Isso o site “Pregunta al Pulpo Paul” (”Pergunte ao Polvo Paul) traz nosso amigo
braçudo em versão virtual
Em: http://efacil.jor.br/blog/noticias/internet/o-polvo-resolve-pra-voce.html
Acesso: 07/9/2010
24 – bundudo
[De bunda1 + -udo.] Adjetivo. 1. Que tem bundona; ancudo, quartudo.
adj.infrm.1 cuja bunda é volumosa e/ou proeminente; alcatreiro 2 cujas ancas são
volumosas; ancudo, quartudo ETIM1bunda + -udo
136
Olá, estou ficando com um gatooooo, mas ele é muuuito bundudo, eu adoro, mas são
114 cm!!! Eu medi.
Em: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20081104105347AANWyP5
Acesso: 07/9/2010
Fotos de uma bela morena bundudae muito gostosa.
Em: sexoemcasa.com.br/fotos-morena-bunduda-gostosa/
Acesso: 07/9/2010
Esse nêgo é phoda mesmo. Ainda vai dar o que falar. Mas o Victrolla vai gostar disso
quando o Venter criar do zero uma mulé coxudíssima. E eu vou aprovar quando sair
uma bundudíssima.
Em: http://br.groups.yahoo.com/group/Acropolis_/message/160613
Acesso: 14/3/2013
25 - cabaçuda
Substantivo feminino. 1. Bras. Chulo Mulher que é virgem, que tem cabaço2 (1).
s.f. (1913
cf. CF2)
Btab. aquela que tem cabaço ('hímen'); virgem ETIM cabaço + -
uda,fem. no sentido próprio, masc., p. ext.,ver cog. cabaçudo
E se ela for cabaçuda mesmo, não sou que tirarei seu selinho. Não mesmo.
Em: http://www.netvasco.com.br/forum/viewthread.php?tid=26451&page=3
Acesso: 07/9/2010
26 - cabaçudo
[De cabaço1 + -udo.] Adjetivo. Bras. Chulo 1. Que é virgem, que tem cabaço (diz-se de
mulher). 2. Diz-se de homem simples e ingênuo, que lembra a mulher virgem
inexperiente.Substantivo masculino. 3. Homem cabaçudo (2).
adj.s.m. (1913 cf. CF2) Btab. que ou aquele que é puro, ingênuo e inexperiente, como
uma mulher virgem ETIM divg. fig. de cabaçuda
137
pooh, o cara n tem papo... mas o melhor jeito de ajudar eh como elas fazem, pq
criticando como tem alguns chamando de cabaçudo (suahusahusa ') o cara sempre
vai ser um merda, isso nem eh culpa dele...
Em: http://www.youtube.com/watch?v=GM-WMYG-wW4
Acesso: 07/9/2010
27 - cabeçudo
[De cabeça + -udo.] Adjetivo. 1. Que tem cabeça grande. 2. Fig. Teimoso, obstinado;
pertinaz. Substantivo masculino. 3. Aquele que tem cabeça grande. 4. Fig. Indivíduo
obstinado, caturra; cabeça-dura.
adj.s.m. (1220
cf. Inq)
1 que ou o que tem cabeça grande 2p.ana. que ou o que tem
extremidade grande ou dilatada; obtuso, rombudo <prego c.>3fig. diz-se de ou
indivíduo teimoso, persistente, obstinado ETIM cabeça + -udo; ver capit-; f.hist.
1220 cabezudos, 1562 cabeçudo
Cabeçudo que é cabeçudo merece ser reconhecido! Parabéns a minha irmã Rapha,
que acabou d passar de primeira na prova da OAB! Seu porte de arma foi liberado
hermana!!!!!
Em: <http://www.facebook.com/gabrielakastalski>
Acesso: 21/3/2013
Professora, meu irmão é muito cabeçudo! Ele só tira notão em tudo!
Conversa com aluna.
28 - cabeludo
[De cabelo + -udo.] Adjetivo.
1. Que tem muito cabelo. 2. Bras. Intricado, complicado, difícil.3. Obsceno, imoral,
indecente. Substantivo masculino. 4. Indivíduo que tem muito cabelo ou que os tem
longos.
adj.s.m. (sXIII
cf. IVPM)
1 que ou o que tem cabelos longos e/ou abundantes
adj.fig.2infrm. difícil de lidar com ou de resolver; complicado, intricado <problema de
matemática c.>3fig.infrm. sem sutileza ou finura; forte, exagerado, grosseiro <mentira
138
c.>4infrm. que fere o senso de decência ou o pudor; obsceno, imoral <chamou-o de
vários
nomes
c.><piada
c.>ETIM
cabelo
+
-udo;
f.hist.
sXIV
cabelludo
Suvaco Cabeludo
Num dá pra notar muito n , mas as minhas axilas estavam um pouco cheias no dia
dessa foto
Em: http://www.vibeflog.com/rillyalencar/p/1142794
Acesso: 07/9/2010
Problema cabeludo! Gol G3 não liga com o motor frio
Em:
http://doutorcarro.forums-free.com/problema-cabeludo-gol-g3-nao-liga-com-
motor-frio-t30.html#p89
Acesso: 07/9/2010
PIADA CABELUDA
Ih, agora vai uma cabeluda. Às vezes é bom. Lembra do Costinha. Não recomendável
para azedinhos, patrulhadores, fracos de estômago e chatos em geral.
Em: http://estilingada.blogspot.com/2010/01/piada-cabeluda.html
Acesso: 07/9/2010
29 - cachaçudo
[De cachaço + -udo.] Adjetivo. Substantivo masculino. 1. Que, ou aquele que tem
cachaço grande e grosso. 2. Orgulhoso, soberbo, arrogante, cachaceiro.
adj.s.m. (1913
cf. CF2)
1 que ou o que tem cachaço ('parte do pescoço') ou pescoço
grande 2fig. diz-se de ou indivíduo presunçoso, arrogante, orgulhoso; cachaceiro 3P
(reg.) diz-se de ou indivíduo rico ou poderoso ETIM cachaço + -udo
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
"ei vc ai, seu cachaçudo!" (no sentido de cachaceiro)
por que mesmo que o silvio acabou com essas pegadinhas???
Em: http://www.youtube.com/watch?v=ICoyW8Lr5JY
Acesso: 09/9/2010
139
30 - caneludo
[De canela2 (1) + -udo.] Adjetivo. 1. Bras. Que tem as canelas longas e/ou grossas. 2.
Pop. Ciumento.
adj.s.m.B1 que ou o que tem canelas ('parte da perna') longas e grossas 2infrm. que
ou o que tem ciúme(s); ciumento 3Bpej. apelido atribuído aos mascates no
movimento revolucionário de 1710, em Pernambuco ETIMcanela + -udo
Os craques (e caneludos) da primeira fase
Em:
http://veja.abril.com.br/blog/copa-2010/jogadores/os-craques-e-caneludos-
da-primeira-fase/
Acesso:09/9/2010
31 - caralhudo
[De caralho + -udo] (Não consta nos dicionários consultados)
Adj. 1. Diz-se do homem que tem o pênis muito grande.
Você se acha caralhudo?!?
Vocês acham importante ter um pênis muito grande para agradar as mulheres?
Em: http://forum.hardmob.com.br/showthread.php?t=106390
Acesso: 26/9/2010
32 - caruda [De cara + -uda]
Não consta dos dicionários consultados.
Desinibido; cara-de-pau.
Sei exatamente o que está falando, e olha que por aqui ainda tenho o Vivo Fixo de até
2Mbits/s (Speedy 2 Mega). Aqui tem cabo da NET, mas ela na caruda já afirmou
várias vezes que não há demanda que justifique o investimento.
Em:
http://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2013/07/cabo-ou-satelite-
entenda-diferenca-dos-sistemas-usados-em-tvs-e-na-web.html
Acesso: 08/9/2013
140
sou um pouco recatada, já me disseram para ser mais caruda... como 'e?
ocê tem q se aceitar do jeito q é, num vai na idéia dos outros ñ, imagina se todo
mundo fosse p frente??
Se vc se acha calada de mais, tente ser mais comunicativa, mas essa história de ser
mais "caruda" me parece q estão querendo q vc seja mais p frente, atirada e sem
vergonha.
Linda, seja vc mesmo, nunca ouvi falar q recato prejudicou alguém, já a falta dele...
Espero q tenha ajudado e pense nisso, BJOKS!!!
Em: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20090311101659AAV0dO3
Acesso:
33 - chifrudo
[De chifre + -udo.] Adjetivo. 1. Bras. Que tem chifres. 2. Bras. Chulo V.
corno(11).Substantivo masculino. 3. Bras. Chulo V. corno (9).
adj.s.m. (sXX cf. AGC) 1 que ou o que tem chifre(s) [diz-se de animal] 2Binfrm. corno
('cônjuge enganado') s.m.infrm.3 o diabo ETIM chifre + -udo
Barraco: Dudu Nobre é chamado de chifrudo e de babaca em show
Em:
http://www.fofocandoblog.pop.com.br/post/5473/barraco-dudu-nobre-e-
chamado-de-chifrudo-e-de-babaca-em-show
Acesso: 10/9/2010
Alguém sabe o nome da espécie daqueles animais chifrudos que batem cabeça?
Em: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20080924160601AAA6XWA
Acesso: 10/9/2010
34 - classudo
[De classe + -udo.] Adjetivo. 1. Bras. Fam. Pop. Que tem alta classe (6).
adj.Binfrm. que tem muita classe ('educação') <todos diziam que ele era homem c.,
de grande distinção>ETIMclasse + -udo
141
"Não tenho uma marca registrada, as pessoas me colocaram como a rainha mais
classuda. Penso que me chamam assim porque minhas fantasias são bem desenhadas
e bem trabalhadas, tenho esse cuidado"
Em: http://www.caras.com.br/secoes/noticias/noticias/11718/
Acesso: 10/9/2010
Menos sexy e mais classudo, o preto também é base para produções
Em:
http://www.hojeemdia.com.br/cmlink/hoje-em-dia/colunas-artigos-e-
blogs/semanais/necessaire-1.12178/menos-sexy-mais-classuda-1.91188
Acesso: 10/9/2010
35 – colhãozudo
[De colhão + z + -udo]
Adj. Que tem testículos grandes.
Subst. masc. Corajoso, valente.
3 jun. 2010 ... Estou torcendo, não pela seleção, mas sim pelo Dunga, que foi bastante
culhãozudo pra peitar a porcaria da Rede Globo. ...
Em:
http://tragediando.blogspot.com/search?updated-max=2010-09-
03T18%3A21%3A00-03%3A00&max-results=100
Acesso: 30/8/2010
O PF nasceu no dia 18 de dezembro.Grandão, com quase 4 kg. Culhãozudo e
chorão... Hoje, 25, completa uma semana de vida.
Em: http://oblogdogondim.blogspot.com/2008_12_01_archive.html
Acesso: 30/8/2010
36 -cornudo
[Do lat. cornutu.] Adjetivo. 1. V. cornífero.Substantivo masculino. 2. Chulo V. corno (9).
142
adj.s.m. (sXIII cf. IVPM) 1ANAT.ZOO que ou o que tem cornos; chifrudo, cornuto, lunado 2
(sXIV) fig.pej. diz-se de ou homem traído pela mulher, amante ou namorada; corno
adj.fig.infrm.4 que apresenta complicações, contradições; bicudo, complicado,
cornuto <dilema c.><argumento c.>ETIM lat. cornútus,a,um 'que tem cornos'; a acp.
'marido traído' (1618) é antiga e difícil de explicar; na Grécia já ocorre (Autemidoro,
Efeso, sII d.C.) kérata poiein 'fazer corno a, enganar um marido'; note-se que os
animais de chifre (veados, corças, búfalos, gazelas etc.) vivem acasalados ou as
fêmeas ao redor de um macho único, ciumento e brigão (touros, bodes, carneiros
etc.); no fr. predomina cocu, cocue (1694) para 'marido traído' (do fr. coucou, port.
cuco), do lat. cucùlus 'a ave', que tinha a acp. fig. 'imbecil, tolo'; tb. no port. essa acp.
de cuco foi (é) us., mas prevalece a imagem de 'chifre', como em corno e cornudo;
no fr. mari cornu 'marido cornudo' foi us. para mari trompé 'marido enganado'; o
Diccionárioda Real Academia Española abona o esp. cornudo na acp. de 'marido
traído'; a acp. 'cônjuge traído' ocorre c1470 para o it. cornuto
Fiquei encucada com a razao daquele procedimento, pois, com toda certeza, nao
podia saber que era um cornudo
Em: http://www.casadoscontos.com.br/texto/200903313
Acesso: 07/9/2010
37 - corpudo
[De corpo + -udo.] Adjetivo. 1. Bras. S. Pop. V. corpulento (1).
adj. (sXV cf. IVPM) B S.infrm. corpulento, encorpado (diz-se de indivíduo) ETIMcorpo +
-udo
Moreno bronzeado, corpudo, pernão, bundão, Atv, safado, cheiroso. Para homens,
mulheres e Casais. Valores a Combinar
Em: www.adoosbrasil.com › ... › Relacionamentos Casuais
Acesso: 10/9/2010
38- coxudo [De coxa + udo]
Não consta dos dicionários consultados.
143
Que tem coxa grande.
Cavalheiros, não acredito que estejam babando uma mulher dessas: gostosa, coxuda,
deliciosa, linda, que deva morar la em casa a qualquer hora ? Por favor, né ?
Esqueçam isso ! Deixe que eu me resolvo com ela, por favor ! Obrigado ! Amigo é pra
essas coisas !
19/08/12 14:45 Atualizado em 19/08/12 15:18
Em: http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2013/08/em-tratamento-delesao-tandara-so-deve-voltar-quadras-em-setembro.html
Acesso: 26/8/2013
Ciclista coxudo tatua anéis olímpicos na panturrilha e ganha massagem nas coxas
gigantes
Em:
http://extra.globo.com/esporte/londres-2012/ciclista-coxudo-tatua-aneis-
olimpicos-na-panturrilha-ganha-massagem-nas-coxas-gigantes-5834539.html
Acesso: 26/8/2013
Hoje fiquei aqui cá comigo com meus botões pensei...será que a coxuda gosta de
Heidegger?
Aquelas coxas monumentais, de onde provavelmente saiu o big-bang, onde estão
depositadas as forças ingentes de todo o universo...
Em: http://br.groups.yahoo.com/group/acropolis/message/94177
Acesso: 26/8/2013
39 - cracudo [De crack + -udo.]
Não consta dos dicionários consultados.
Que(m) usa crack.
viajo no onibus 350 passeio iraja todos os dias, e percebir que em toda estenção da
leopoldo bulhões os cracudos entra de graça. enfrente ao prezunic de benfica e na
rodoviaria novo rio. Pontos mas frequente.
144
gostaria de receber tambem o cartão cracudo. ja que não posso sentar no onibus, e
ainda tenho que conviver com mau cheiro.
obrigado
Em: http://www.reclameaqui.com.br/1796369/transporte-america-ltda/comoadquirir-o-cartao-cracudo/
Acesso: 26/8/2013
40- cuzudo[De cu + z + -udo]
Não consta dos dicionários consultados.
Adj. 1. Que tem a região glútea grande.2. Pessoa idiota.
Comédia, cuzudo, seu pela saco, Você é um otário!
(MV Bill. Estilo vagabundo.)
Em: http://letras.terra.com.br/mv-bill/686771/
Acesso: 14/9/2010
Morena cuzuda
Em: http://www.robertinha.com.br/videos-de-sexo/videos-de-sexo-anal/morenacuzuda-fodendo-o-rabo/
Acesso: 14/9/2010
41 - explicudo
[Formação jocosa de explic(ar) + -udo.] Adjetivo. 1. Bras. N.E. Gír. Que se exprime
com muita ênfase, empolamento ou pose; pernóstico, enfático.
adj.B N.E.infrm. que se expressa com ênfase exagerada; enfático, empolado ETIM
explicar + -udo
Roberto Albergaria, explicudo professor da UFBa & abusado esculhambador tanto
da Metelópole-de-Língua (a Rádia Mamãe) quanto da (...)
Em: www.revistametropole.com.br/pdf/revistametropole_01.pdf
Acesso: 10/9/2010
145
42 - façanhudo
[De façanha + -udo.] Adjetivo. 1. Façanhoso (1). Substantivo masculino. 2. Indivíduo
façanhudo.
adj. (sXVIII
cf. MS6)
1 que pratica façanha(s); façanhoso 2p.ext.iron. que promove
desordem; brigão 3fig.iron. mal-encarado; antipático <cara f.>ETIM façanha + -udo
Luxemburgo não venceu mais nada depois daquela jornada bielorrusa, claro, e assim
é a rotina de um país fraco, mas o façanhudo Fons seguia lá. Herói nacional,
merecedor de feriados em seu nome, ficou representando a superação, a raça e toda
essa espécie de coisas, dentro e fora dos gramados.
Em: http://futebesteirol.blogspot.com/2008/09/o-faanhudo-fons.html
Acesso: 10/9/2010
43 - fincudo
[De fincar + -udo.] Substantivo masculino. 1. Bras. V. mosquito (1).
s.m.ENTB m.q. 1mosquito ('designação comum') ETIM finca + -udo
44 - galinhudo [De galinha + -udo]
Não consta de nenhum dos dicionários consultados.
1. Adj. Que fica com vários homens ou várias mulheres simultaneamente.
Galinhudo do jeito que ele é, devia no mínimo estar desesperado, porque naquele dia
nenhuma das comidinhas que ele tem estava disponível.
Em:
http://mulheresquebebem.blogspot.com/2010/06/vingancinha-ou-flor-que-
nao-foi-regada_13.html
Acesso: 11/9/2010
Amiga saudadonas de você galinhuda, vamos marcar lá em Ipanema de novo! Foi
demais.
Em: http://www.formspring.me/lenarocha/q/574278390
146
Acesso: 11/9/2010
45 - galudo
[De galo + -udo] Não consta de nenhum dos dicionários consultados.
Adj. Homem sexualmente excitado.
Para os índios andinos, a raiz orgânica da maca é um produto energético que
aumenta a potência sexual.
Esse é bom, ja tomei e fiquei galudo 12 horas
Em:
http://www.diariodaerva.com/2011/01/maca-peruana-o-viagra-dos-
incas.html
alias, falando nisso no outro dia tava voltando da lapa mt bebado de onibus na
madruga e uma mina que tava fzendo uma encenação com os peitos de fora pegou o
mesmo onibus que eu com os peitos de fora ainda...
fiquei galudo a viagem inteira.
Em: http://forum.lolesporte.com/viewtopic.php?f=8&t=7506
Ser um galudão veiudo é ser um cara que não teme nada, que independente da
situação a barraca arma.
Ser galudão é ser gentil, esperar o momento certo e galar com ódio.
Em:
http://galudaoveiudo.blogspot.com.br/2009/11/o-que-e-ser-um-galudao-
veiudo.html
46 - gostosudo [De gostoso + -udo]
Não consta de nenhum dos dicionários pesquisados.
Adj/ S. 1. Pessoa cujo corpo é muito atraente.
Gostosuda muda o visual
Em: http://one.meiahora.com/noticias/gostosuda-muda-o-visual_107.html
147
Acesso: 10/9/2010
47 - greluda [ De grelo + o fem. -udo]
Não consta dos dicionários pesquisados
Adj. 1. Que tem o clitóris grande.
19/11/2009 at 8:33 pm
peixeira de aço disse:
realmente greluda. isso é um pseudopenis
Em: http://www.mafiadaputaria.info/fotos-amadoras/greluda-fotos-amadoras/
Acesso: 16/9/2010
48 - letrudo
[De letra + -udo.] Substantivo masculino. 1. Pop. Pej. Sabichão, letrado, erudito.
adj.s.m. (1665
cf. AcSing)
infrm. pej. que ou aquele que julga saber muito; sabichão
ETIM letra + -udo; ver liter-; f.hist. 1665 lettrudo
49 - linguarudo
[De língua + -r- + -udo.] Adjetivo. 1. V. linguareiro (1).Substantivo masculino. 2. V.
linguareiro (2).
adj.s.m. (1769
cf. MSouP)
1 diz-se de ou indivíduo que fala demais; falador, tagarela,
indiscreto, maldizente ETIM língua + -r- + -udo
Não vou contar pra ele, porque ele é o maior linguarudo.
Ouvido em conversa informal com a minha filha.
Thiago Angelis, o "repórter linguarudo" do programa "TV Fama", da RedeTV,
morreu na manhã desta terça-feira (16), aos 29 anos.
Em:
http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2012/10/thiago-angelis-o-reporter-
linguarudo-morre-aos-29-anos.html
Acesso: 24/10/2013
Vavá (38) desabafou com Penélope Nova (38) sobre as pessoas que insistem palpitar
em sua briga com Gretchen (53).
148
“Como tem linguarudo aqui. Linguarudo e fofoqueiro”, disse Vavá.
“Não entra nessa pilha, Vavá. Não leva para o lado pessoal”, aconselhou Penélope.
Em:
http://caras.uol.com.br/data/a-fazenda-5/post/como-tem-linguarudo-aqui-
diz-vava-para-penelope-nova-sobre-felipe-folgosi
Acesso: 24/10/2013
50 - lingudo
[De língua + -udo]
Não consta dos diconários consultados
Adj. Que tem língua grande
SOU LINGUDO
TENHO ORGULHO DE SER !!!!!
Em: http://www.orkut.com/Main#Community?cmm=36927712
Acesso: 05/9/2013
eu i cachorro rsrs fedido ahauhau o brian lingudo!!rsrs
bom essa fotinha ai foi hj no almoco foi muit muito show ai e eu ,felipe di costa e a
namolada dele a i eu segurando o cachorro dela nojento :@
Em: http://www.flogao.com.br/pink4eva/30545098/
Acesso: 24/12/2013
51 – loirudo/lourudo
[De louro + -udo]
Não consta dos dicionários utilizados.
Adj. 1. Diz-se da pessoa que é muito loura e bonita ou exuberante.
Mas não ia dispensar mesmo uma novidade dele ainda loirudo do jeito que amo de
paixão
Em: http://www.fotolog.com.br/hottt_jared/21201786
Acesso: 18/9/2010
149
Niver da Hebe: a louruda com a anfitriã Lucília Diniz, e a imperatriz da elegância
Lili Marinho.
52 - machuda
[De macho + fem. –udo]
Adj. 1. Diz-se da mulher que tem corpo ou modos muito masculinos.
"BBB 10": Dicesar chama Angélica de "machuda"
"Você é mais leve", disse Angélica se referindo ao corpo de Dicesar. Ele então
respondeu: "É porque você é pesada... é mais 'machuda'", disse.
Angélica achou graça da brincadeira de Dicesar que completou: "Você não é feminina
que nem eu e Serginho."
Em: http://natelinha.uol.com.br/2010/01/14/not_28185.php
Acesso: 26/9/2010
A bicha pintosa não anda com a bicha machuda, que não pode andar com a barbie.
Em: http://forum.hardmob.com.br/showthread.php?t=279974
Acesso: 26/9/2010
A Madonna é machuda ou não?
vi que um clip dela erótico ela ta beijando uma mulher,e um show dela em paris ela
beijou uma fã dela,
Em: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20100914230754AAYI2AI
Acesso: 26/9/2010
53 - magreludo
[De magrela + -udo]
Subst. e Adj. Que(m) é muito magro.
eu gosto dessa :))
150
nháá, vi o magreludo do Dani oontem *----*
ê abraço boom, tava morrendo de saudade de tii leeso ♥
Teadoro *O*
sem mais :*
ligado 25 March 2009
Em: http://www.fotolog.com.br/piiikena_oo/55287614/
Acesso: 05/3/2013
Anônimo - 05/11/2010
O seu Magreludo te ama muiro gatinha..
Em:
http://www.orkut.com/Main#CommMsgs?tid=5535775947618993148&cmm=10796
2091&hl=pt-BR
Acesso: 05/3/2013
Pescador parrudo...quer dizer magreludo
Em: http://www.vibeflog.com/friendsboys/p/4032026
Acesso: 05/3/2013
54 - mamalhudo
[De mama + -alh(o)- + -udo.] Adjetivo. 1. Pop. Mamudo.
adj. (1858 cf. MS6) infrm. m.q. mamudo ETIM mama + -alhudo (<alho + -udo)
55 - melecudo
[De meleca + -udo]
Não consta dos dicionários consultados.
Subst. e Adj. Quem tem muita meleca.
Perseguição ao melecudo
Aninha, Bebeta e Bia perseguem o tirador de melecas mais nojento do trânsito de
Aracaju
151
Em: http://www.youtube.com/watch?v=bYxQ0Ml-LW8
Acesso: 18/8/2012
essa comu foi feita pro maior eletricista melecudo do rubens vaz e conhecido e como
tarzam por varios moradores da rubens vaz
quem nunca fez gato na sua rede eletrica
com o tarzam todos da r.v ele decidiu de sair da sua profissao de eletricista para
bater o recorde da maior meleca do mundo como vcs ve ai nessa foto o seu maior
recorde que conhece e ja ouviu falar nesse recordista eletricista pode participa vlw
Em: http://www.orkut.com/Main#Community?cmm=31114999&hl=pt-BR
Acesso: 18/8/2012
56 - membrudo
[De membro + -udo.] Adjetivo. 1. Que tem membros grandes e vigorosos.2. Fig.
Vigoroso, forte, robusto.
adj. (sXIV
cf. FichIVPM)
1 de membros (braços e pernas) fortes e vigorosos 2p.ext. fig.
que tem robustez; que é muito forte; robusto, parrudo ETIM membro + -udo; f.hist.
sXIV nenbrudo, 1554 membrudo
Morena muito gata com uma grande bunda gostosa encara um negro membrudo
Em: www.bucetas.us/.../gata-da-bunda-gostosa-encarando-um-membrudo.html
Acesso: 10/9/2010
57 - morenudo
[De moreno + - udo]
Adj. e Subst. Pessoa morena e bonita.
aaaah eu fico toda boba, meeu menino lindo, morenudo fofoo de minha vida,
Em: http://www.fotolog.com.br/reeltoon/43164501
Acesso: 18/9/2010
152
Final de partida e a morenuda entrevista Givanildo Oliveira.
Em: http://www.papodebola.com.br/papodemidia/coluna/200605-02.htm
Acesso: 18/9/2010
58 - mulherudo
[De mulher + -udo]
Não consta dos dicionários pesquisados.
Adj. 1. Homem que gosta de conquistar várias mulheres.
2. Diz-se do corpo feminino muito exuberante.
Bom, eu gosto das minhas pullips com corpitcho menos mulherudo
Em: http://www.flickr.com/groups/dolls-tutoriais/discuss/72157618169329416/
Acesso: 11/9/2010
encontrei uma mina das passadas e firmamo uma parceria, pra acompanhar encontro
Paulin, vulgo mulherudo afim daquela disputa básica,
Em: http://efontesjr.blogspot.com/
Acesso: 11/9/2010
E cá entre nós, a Gardner dá de pau na Kelly. A Gardner é muito avassaladora,
mulheruda…
Em: http://dadagaio.wordpress.com/2012/08/04/mogambo-eua-1953/
Acesso: 19/11/2012
59 - narigudo
[Do lat. vulg. *naricutu< lat. vulg. naricae, 'ventas'.] Adjetivo. 1. Que tem nariz grande;
narigão, pencudo.Substantivo masculino. 2. Aquele que tem nariz grande; narigão.
adj.s.m. (1716
cf. RB)
s.m.ENT2 m.q.
1 que ou aquele que tem nariz grande; nariganga, narigão
nasuto ('membro') ETIM lat.vulg. *naricútus,i 'id.'
Polícia procura por bandido narigudo na Áustria
153
Em: http://noticias.terra.com.br/popular/interna/0,,OI616828-EI1140,00.html
Acesso: 11/9/2010
Cirano é assim chamado por causa do avô narigudo, que já havia interpretado a peça
de Edmond Rostand, Cyrano De Bergerac. O menino é narigudíssimo e sofre por
isso.
Em:
http://books.google.com.br/books/about/Menino_Narigudo_O.html?hl=pt-
BR&id=Y4BtPgAACAAJ
Acesso: 14/8/2013
O narigudíssimo mancebo me apareceu com essa anomalia da química e mais o
refrigerante Mantiqueira Uva (que será postado posteriormente), advertindo: “olha,
eu não tomei nenhuma das duas, eu quis trazer os piores pra você.”
Em: http://refrigerando.com/2012/03/04/cibal-cola/
Acesso: 14/8/2013
O narigudo dorminhoco se ajeita melhor na árvore e pega no sono de novo.
Enquanto o macho dorme, as fêmeas do bando e os filhotes estão à procura de
comida.
Em: http://g1.globo.com/globoreporter/0,,MUL1564177-16619,00MATAS+DE+BRUNEI+ESCONDEM+O+CURIOSO+MACACONARIGUDO.html
Acesso: 14/8/2013
60 - nervudo
[De nervo + -udo.] Adjetivo. 1. Que tem nervos fortes. 2. Fig. Musculoso, forte,
robusto.
adj. (1789 cf. MS1) 1 com nervos vigorosos 2 com força física; forte, musculoso, robusto
<braços n.>ETIM nervo + -udo
ta nervudo vai pesca
Em: http://www.youtube.com/watch?v=ZHfHyulSSeY
154
Acesso: 11/9/2010
filminho nervudo mesmo... esse da aranhinha é fichinha...
Em: http://forum.hardmob.com.br/showthread.php?p=4438240
Acesso: 11/9/2010
61 - olhudo
[De olho + -udo.] Adjetivo. 1. Que tem olhos grandes.
adj. (1720 cf. RB) 1 de olhos grandes ETIM olho + -udo; ver olh-; f.hist. 1720 olhûdo,
1789 olhudo
Minha filha tem sete meses e é super olhuda. Tudo que vê a gente comendo quer
também.
Em: http://www.e-familynet.com/phpbb/o-bebe-de-vcs-e-olhudo--vt346757.html
Acesso: 12/9/2010
62 - Ombrudo[De ombro + udo]
Não consta dos dicionários pesquisados.
Adj. Que tem ombros grandes.
eu e u rafa!!
carnaval de 2006...
mt bom...
ele eh narigudo, e ombrudo e tem a forma du bob!!!hhe
te amo feiosooo!!!
Em: http://www.fotolog.com.br/lara_hprestes/19608499/
Acesso: 18/11/2012
A moda que havia caminhado para uma democratização de estilos parece retroceder:
desde jovens talentos como Alexander Wang, Katy Rodrigues e Preen às marcas mais
badaladas do mundo, como Balenciaga, Dolce & Gabbana e Versace – todos investem
155
nos mesmos vestidos tubo curtos e justos, ou em leggings e calças muito justas, ou
inclusive o inverso, com calça baggy e blazer ombrudo.
Em:
http://msn.lilianpacce.com.br/moda/fashionteca/a-caricatura-dos-anos-80-e-
very-anos-2010/
Acesso: 18/11/2012
Ao contrário de seus colegas das outras tradicionais maisons francesas, sua moda é
rapidamente assimilável: calça justa, regata básica, blazer “ombrudo”, vestido curto,
justo, tomara que caia… tudo usado com sandália de salto cheia de tachas.
Em:
http://msn.lilianpacce.com.br/moda/dercanin-o-novo-nome-da-moda-
internacional/
Acesso: 18/11/2012
Um comentário:
jeff kusanagi disse...
kkkk legal mano ou mais vc é mais ombrudo, mais parrudinho né? ficou massa XD
14 de setembro de 2010 17:32
Em: http://leocarpes.blogspot.com.br/2010/09/eesse-aee.html
Acesso: 18/11/2012
63 - orelhudo
[De orelha + -udo.] Adjetivo. 1. Que tem orelhas grandes. 2. Fig. Estúpido, burro.3.
Teimoso, obstinado. 4. Bras. S. V. orelhano.Substantivo masculino. 5. Pop. Indivíduo
burro, estúpido.
adj. (sXV
cf. FichIVPM)
1 dotado de grandes orelhas 2p.metf.pej. que teima; que é
teimosamente obstinado; teimoso ETIM orelha + -udo
O Dunga é orelhudo mesmo. A mediocridade não tem tamanho.
Em: http://fknolla.wordpress.com/2010/05/11/bye-bye-brasil/
Acesso: 12/9/2010
156
64 - pedaçuda [De pedaço + -udo]
Não consta dos dicionários consultados.
Adj. 1. Mulher bonita e atraente, com seios, nádegas e coxas grandes.
... aquela morena pedaçuda
Dito por meu filho ao ver uma morena bem fornida.
65 - pernaltudo
[De pernalto + -udo.] Adjetivo. 1. V. pernalto.
adj. (1899 cf. CF1 supl.) m.q. pernalto ETIM pernalto + -udo
66 - pescoçudo
[De pescoço + -udo.] Adjetivo. 1. Que tem o pescoço grosso e/ou comprido.
adj. (1616 cf. Altanaria) que tem o pescoço comprido ou largo ETIM pescoço + -udo
braços longos e finos, saboneteiras profundas, rosto fino e seco, pescoçuda, os dedos
longos e finos pareciam pernas.
Em: http://mulheresneura.blogspot.com/2009_01_01_archive.html
Acesso: 10/9/2010
67 - pirocudo
[De piroca + -udo]
Não consta dos dicionários pesquisados.
Adj. 1. Que tem pênis grande.
SOU PIROCUDO E DAI?
04021c326ec0b90306.comunidade.uolk.uol.com.br/
Acesso: 15/9/2010
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
Viciados em leite de macho pirocudo
Em: : 07/9/2013
157
Chupando forte o pirocudo, gata morena bem gostosa ficou peladinha exibindo suas
deliciosas tetas empinadinhas
Em: http://www.acervoamador.com/porno/chupando-forte-o-pirocudo/
Acesso: 07/9/2013
68 - pistoludo
[De pistola + -udo.] Adjetivo. 1. Bras. MG RJ Chulo Que tem pistola (6) grande;
picudo.
adj.MG RJ que tem pistola ou pênis grande ETIM pistola + -udo
quero um pistoludo comendo minha mulher em bh –
Em:
www.mundoanuncio.com/.../quero_um_pistoludo_comendo_minha_mulher_em_b
h_vale_s_eofranciscano_da_bahia_117306...
Acesso: 15/ 9/ 2010
69 - plaquetudo
[De plaqueta + -udo.]
Não consta nos dicionários pesquisados.
Adj. 1. Que tem muitas plaquetas sanguíneas.
Foi lá que recebi outro cumprimento esdrúxulo:
– Hummmmm... Plaquetuda!
Não soa tão bem quanto calibrosa, parece mais xingamento, mas não me incomodei.
Estou naquela fase que a Marília citou, qualquer elogio à matéria é bem-vindo.
Podem espalhar por aí que sou uma dona plaquetuda calibrosa. Vai ser o meu mais
novo cartão de visita.
Em:
http://vejabrasil.abril.com.br/rio-de-janeiro/editorial/m1097/plaquetuda-
calibrosa/
Acesso: 02/10/2010
158
70 - popozudo
[De popô + z + -udo]
Não consta dos dicionários pesquisados.
Adj. 1. Que tem nádegas avantajadas.
Está cientificamente comprovado: mulher cadeiruda ou popuzuda, com mais
gordurinhas acumuladas na região das coxas, quadris e bumbum
Em:http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,MUL859455-5606,00MULHER+CADEIRUDA+PRODUZ+MAIS+LEITE+MATERNO+DIZ+ESPECIALIS
TA.html
Acesso: 09/9/2010
GAIOLA DAS POPOZUDAS
Faixa de festa de funk em Itaboraí, RJ.
Vista em setembro de 2010.
71 - sisudo
[Do lat. *sensutu, 'ajuizado', pelo arc. sesudo.] Adjetivo. 1. Que tem siso. 2. Sério,
grave, circunspeto. 3. Prudente, sensato, moderado.Substantivo masculino. 4.
Indivíduo sisudo. 5. Pop. Sério (13).
adj.s.m. (sXIII
cf. FichIVPM)
1 que ou aquele que tem siso (diz-se de ou indivíduo) 1.1
que ou o que é prudente, sensato, moderado 2 que ou aquele que se mostra sério,
grave, circunspecto 3 que ou quem se apresenta com semblante carregado,
demonstrando mau humor; carrancudo s.m.LUD4 m.q. sério ETIM orig.contrv.;
segundo AGC, de siso + -udo; segundo Nascentes, do lat. *sensutu 'ajuizado', pelo
arc. sesudo; segundo JM, está por sesudo, este do ant. seso (<lat. sénsus,us
'sentido'); f.hist. sXIV sesudo, sXIV ssisudo, sXIV sysudo, sXV sissudos, sXV
sosudos, 1597 sizudo
O sisudo Le Monde nas mãos do rei do sexo
Em:http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/27414_O+SISUDO+LE+MONDE+N
AS+MAOS+DO+REI+DO+SEXO
159
Acesso: 12/9/2010
Desvele Londres entre o sisudo e o hilário
Em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/turismo/noticias/ult338u734448.shtml
Acesso: 12/9/2010
72 - testaçudo
[De testaça + -udo.] Adjetivo. Substantivo masculino. 1. Testudo.
adj.s.m. (1606
cf. DNLeP)
m.q. 1testudo ETIM testaça + -udo;a datação é para a acp.
'teimoso'
Dizem as más línguas de plantão, que torcem pela tragédia, que depois das artes e
manhas do capítulo 100, aparecerá o tradicional, o imorredouro, o contumaz, o
encarniçado, o renitente, o testaçudo e o atemporal QUEM MATOU…?
Em: http://www.almacarioca.net/passione-o-batalho-de-secretrias-do-lar-e-outrascositas-mais-ludiasbh/
Acesso: 14/9/2010
ELE, nada mais que ELE, nosso testaçudo-plissado-mór, o sempiterno
Em:
http://hariprado.wordpress.com/2009/11/25/neocomunistas-chantageadas-
pelo-governo-empresas-aderem-ao-lulismo/
Acesso: 14/9/2010
73 - testudo
[De testa + -udo.] Adjetivo. 1. Que tem grande testa ou cabeça; testaçudo. 2. Fig.
Teimoso, obstinado, cabeçudo, testaçudo.Substantivo masculino. 3. Indivíduo
testudo; testaçudo.
adj.s.m. (1665 cf. FMMelOMet) 1 diz-se de ou indivíduo que tem testa ou cabeça grande;
cabeçudo,
testaçudo
2fig.
diz-se
1
de
ou
indivíduo
teimoso,
testaçudo ETIM testa + -udo; ver test-; a datação é para o adj.
cabeçudo,
160
cabelo grande ja foi modinha
agora os meninos tão passando maquina... passa tbm fica legal x)
Não em mim. Sou cabeçudo e testudo.
Em: http://forums.tibiabr.com/archive/index.php/t-265644.html
Acesso: 14/9/2010
Homens oq vcs axam da xereca testuda?
Em: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20120109100037AAjKT2x
Acesso: 19/11/2012
74 - topetudo
[De topete + -udo.] Adjetivo. 1. Que traz topete. 2. Bras. S. Diz-se do cavalo de
grandes crinas, que lhe caem pelas costas. 3. Bras. N.E. S. V. valentão (1). 4. Atrevido,
ousado.
adj. (1789 cf. MS1) 1 que traz ou usa topete 2B S. diz-se do cavalo de grandes crinas,
que lhe caem pela testa adj.s.m.B3 diz-se de ou indivíduo valentão, destemido,
arrogante, audacioso ETIM topete + -udo
Topetudo
Elvis não é só o Rei do Rock, mas também o rei do topete. Ele lançou a moda de usar
um volumoso topete esculpido à base de muita brilhantina, lá pelos anos 50.
Em: http://juliapetit.com.br/home/topetudo/
Acesso: 14/9/2010
SARGENTO “TOPETUDO” FALA UM MONTE DE ASNEIRA…MAIS UM SEMIANALFABETO
DIPLOMADO
EM
DIREITO
VOMITANDO
ARROGÂNCIA…TORTURANDO E FORJANDO FLAGRANTES
Em: http://flitparalisante.wordpress.com/2010/04/18/sargento-topetudo-fala-ummonte-de-asneira-mais-um-semi-analfabeto-diplomado-em-direito-vomitandoarrogancia-torturando-e-forjando-flagrantes/
Acesso: 14/9/2010
161
75 – trançudo
[De trança + -udo]
Não consta dos dicionários pesquisados.
Adj. 1. Que tem trança(s) grande(s).
Eu não sou o Trançudo Justiceiro, e como eu amo a minha enorme trança. Droga!
Em:
http://www.xyzyaoi.org/fics/nacional/ophiuchusnoshaina/versosenfamor/versos
-02.htm
Acesso: 14/9/2010
Recordista, americana tem trancinhas no cabelo com quase 6m de comprimento
Em: http://espirreinafarofa.blogspot.com/2009/11/trancuda.html
Acesso: 19/9/2010
76 - transuda
[De transar + udo]
Não consta dos diconários consultados
Que transa muito.
- eeu tte amo muito tta ? voc é só minha MIIH TRANSUDA ! rss s2s2 por viiihdiiias
- também amo você .. já falei pra parar , haha :x
7 meses atrás.
Em: <http://mepergunte.com/duduzete/56830822>
Acesso: 1/4/2013
pq mih transuda ? -kkkk Anônimo
- porque eu transo pra caralho , tá bom a resposta ? .. pessoa fofoqueira (o) .. minha
amg me chama assim , por motivos que não te interessa ! ;p
8 meses atrás.
Em: <http://mepergunte.com/duduzete/56697997>
162
Acesso: 1/4/2013
Ao ser machucado, aprendemos a não ferir as pessoas, porque sabemos quanta dor
que causa.
Transuda ajuizada .. ♥
Em: <http://www.twitpic.com/6zjjyc>
Acesso: 1/4/2013
isso depende cara
expliquem-se, depende do que?
da menina né, já vi virgem sem frescura, e transuda com frescura
Em:
<http://forum.jogos.uol.com.br/como-saber-se-uma-mina-e-virgem-ou-
nao_t_1663009?page=2>
Acesso: 1/4/2013
77 - tropeçudo
[De tropeço + -udo.] Adjetivo. 1. Que tropeça com frequência.
adj. (1813 cf. MS2) 1 que tropeça com facilidade adj.s.m.2 m.q. tropeção ETIM tropeço
+ -udo; f.hist. 1813 tropeçúdo, 1813 torpeçúdo, 1836 tropeçudo
78 - unhudo
[De unha + udo]
Não consta dos dicionários consultados.
Que (m) tem unhas grandes.
16 jul. 2006 – janctancious; Ahhh, nada como um laço bem dado! - janctancious;
Criatura! o nome das meias é vivarina! aquelas que até um gato unhudo ...
Em: https://www.google.com.br/#hl=pt
BR&sugexp=ernk_timediscountc&gs_nf=3&tok=eYIJxTxBq9EJ50oJJhSxZQ&pq=%22
unhudo%22&cp=6&gs_id=k&xhr=t&q=%22gato+unhudo%22&pf=p&biw=1422&bih
=951&sclient=psy-
163
ab&oq=%22gato+unhudo%22&gs_l=&pbx=1&bav=on.2,or.r_gc.r_pw.r_cp.r_qf.&fp=
1751f1c46a115e7f&bpcl=38625945
Acesso: 18/11/2012
O Unhudo
Seg, 29 de Novembro de 1999 21:00
Escrito por Vergonha - Lins, SP
Já foi visto por muitos aqui em Lins, principalmente pescadores em beira de rio. Na
maioria dos casos comentados, a vítima está pescando tranquilamente nas margens
do Rio Batalha, quando aparece a criatura: alta, magra, humanóide, toda peluda e
com dedos e unhas grandes. Ao se levantar, a vítima leva um "tapão", e é
arremassada vários metros, chegando a ficar desacordada. A criatura foi apelidada
de Unhudo. Já tem até bonequinhos na cidade com seu nome. Só não saiu ainda no
"Fantástico"! Dizem que é guardião dos rios.
Em: http://www.estronho.com.br/causos-e-lendas-urbanas/2745.html?task=view
Acesso: 18/11/2012
79 - varudo
[De vara1 + -udo.] Adjetivo. 1. Diz-se do tronco de árvore direito e comprido.
adj. (1836
cf. SC)
1 que é reto e comprido (diz-se de tronco ou de árvore com tal
tronco) 2 diz-se do boi ou vitelo de corpo comprido, direito e forte ETIM1vara + -udo
Mas a Chris já viu algumas vezes a sua vara e sempre fala que vc é muito varudo pra
ela.
Em:http://04029c3968c0991306.comunidade.uolk.uol.com.br/2007_09/topic2007_0910_19_18_20-11692145.html
Acesso: 14/9/2010
80 - veiudo
[ Da loc. de veia + udo] Adjetivo. 1. Bras. SP Diz-se do cão que em certos dias é
bom e em outros não.
164
adj.SP que em certos dias está manso, e noutros dias está agressivo (diz-se de cão)
ETIM veia + -udo
BICEPS "VEIUDO" - ALGUEM TEM DICAS??
Em:
http://www.fisiculturismo.com.br/forum2/viewtopic.php?p=422600&sid=11d26d3
0828eb18125a2ab3964468cef
Acesso: 14/9/2010
Para quem adora um cacete preto, grande e veiúdo.
Em: http://04029a3864e4991306.comunidade.uolk.uol.com.br/
Acesso: 14/9/2010
81 - verçudo
[Do port. ant. verça, 'couve' (< lat. vulg. *virdia < lat. viride, 'verde'), + -udo.]
Adjetivo. 1. Que tem muitas folhas. 2. Cabeludo, peludo. 3. Trombudo, carrancudo.
[Var.: berçudo. Cf. versudo.]
adj. (c1543 cf. JFVascE) 1 que tem muitas folhas <moita v.> 2 fig. que tem pêlos ou
cabelos longos ou em profusão; cabeludo, peludo <mendigo v.> <cão v.> 3 de
fisionomia carrancuda; mal-encarado, trombudo  ETIM verça + -udo; f.hist. c1543
verçudo, 1619 versudo
82 - versudo
[De versa + -udo.] Adjetivo.
1. Diz-se do pão das searas, muito acamado. [Cf.
verçudo.]
adj. (c1543 cf. JFVascE) muito acamado (diz-se de trigo nas searas)  ETIM 2versa + udo
83 - xerecuda
[De xereca + fem. –udo]
Não consta dos dicionários consultados.
165
Adj. 1. Mulher que tem a genitália grande.
Esposa tímida, xerecuda e fogosa na cama
Em: http://www.coroascaseiras.net/index.php/fotos/809-esposa-timida-xerecudae-fogosa-na-cama
Acesso: 14/9/2010
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