1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Marina Lima Mansur O SUFIXO -UDO NUMA VISÃO MULTISSITÊMICA Rio de Janeiro 2013 2 Marina Lima Mansur O SUFIXO -UDO NUMA VISÃO MULTISSISTÊMICA Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas – Língua Portuguesa, da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em Língua Portuguesa. a a Orientadora: Prof Dr Maria Lúcia Leitão de Almeida Co-orientador: Prof. Dr. Carlos Alexandre Victório Gonçalves Rio de Janeiro 2013 3 Universidade Federal do Rio de Janeiro Título da Tese: O sufixo -UDO numa visão multissistêmica Autor: Marina Lima Mansur Defesa em: agosto de 2013 BANCA EXAMINADORA: __________________________________________________________________ a a Prof Dr Maria Lúcia Leitão de Almeida – orientadora Universidade Federal do Rio de Janeiro __________________________________________________________________ Prof. Dr. Carlos Alexandre Victório Gonçalves – co-orientador Universidade Federal do Rio de Janeiro __________________________________________________________________ Profª Drª Sandra Pereira Bernardo Universidade do Estado do Rio de Janeiro __________________________________________________________________ Profª Drª Mônica de Toledo Piza Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro __________________________________________________________________ Prof. Dr. André Faria Universidade Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia __________________________________________________________________ Profª Draª Beatriz Protti Christino Universidade Federal do Rio de Janeiro 4 A Maria Júlia, Luísa e Pedro, meus netos, vida que se renova a cada dia. A José Ricardo e Mariana, amores de todas as minhas vidas. Ao Carlos Alexandre, exemplo do ser humano. 5 AGRADECIMENTOS A Deus, Pai de Amor e a Jesus, Mestre. Ao Pedrinho, por todos os “Vovó, vem descansar, para de estudar!” e “Vovó, vou ficar quietinho aqui do seu lado pra você poder estudar.” À Luiza, pelos sorrisos que iluminam meu mundo. À minha mãe. Às minhas sobrinhas Gisele e Alessandra, por todas as vezes em que me chamaram à realidade, lembrando que eu tinha de fazer minha tese. À minha mãe, minha irmã e à minha sobrinha Daniele pela torcida. À Cristina Meirelles, por tantos anos de amizade e torcida. À Magaly, pelo apoio incondicional sempre e por ser um dos meus "Anjos Peixinhos". A Mauro e Darlene, irmãos, amigos, companheiros de jornada. À Laura Aparecida, amiga sempre presente de palavra firme e equilibrada. À Profª Drª Lílian Ferrari, modelo de profissionalismo que me muito me ensinou. Aos queridíssimos e sempre competentes, simpáticos e prestativos funcionários da Secretaria da Pós-Graduação Wilma Garrido, José Vianna e Laelson da Rocha Luiz. Ao sr. Andrei Purcarea, do Consulado Geral da Romênia no Rio de Janeiro, pela tradução do romeno para o inglês Ao querido amigo Prof. Magner Gomes da Silva Junior pela tradução do espanhol. Às queridas amigas Profª Drª Isabel Maria Abreu e Profª Mírian da Costa Loureiro pelo apoio e estímulo constantes e pela tradução do Resumo para o espanhol e para o inglês. À Profª Isabel Cristina Veja Martinez, minha coordenadora no Colégio Pedro II, que me dispensou das reuniões de equipe para que eu pudesse usar o tempo escrevendo esta tese. A Danilo Oliveira Nascimento Julião, aluno monitor de Latim da Faculdade de Letras da U.F.R.J., pela tradução do texto de Plauto. 6 De Deus, Anjos e Peixes Dizem que existem Anjos. Sou dessas que acreditam neles. Por que, se Anjos não existem, como explicar a presença desses Peixinhos amados em minha vida? Coincidência ou não, Deus colocou em meu caminho verdadeiros Anjos (assim mesmo, com maiúscula o tempo todo) que me ensinam lições de amor, mas, acima de tudo, me guardam. É isso, são verdadeiros Anjos da Guarda esses Peixinhos que vieram ao mundo todos no mês de março. O primeiro deles, de olhos verdes, foi minha aluna num curso de inglês, língua que ela confessadamente detesta. Veio para este mundo num 5 de março. Desde sempre amiga essa Anja, me arrumando aulas particulares para que eu pudesse ganhar mais do que o minguado salário de professora de cursinho de idiomas. Anja forte, que sempre soube o que queria da vida e chegava ao ponto que estabelecia para si. Sabia muito de computadores, tinha trabalhado, feito carreira, casado, virado mãezona em horário integral. Anos depois de termos ambas saído do curso em que nos conhecêramos, ela me liga contando que estava fazendo Letras. De Bacharel a Doutora, seu percurso foi tão rápido como só o das pessoas que sabem o que querem pode ser. O segundo também é uma Anja. A primeira vez que vi essa Anja de 4 de março, ela estava disfarçada de conferencista, falando de uma teoria totalmente nova. (Ah, Anja novidadeira!) Era uma Anja sui generis, intelectual, novidadeira, estilo carioca zona sul com modelito da moda e fumando muito. E existe disfarce melhor para uma Anja do que esse? Um ou dois anos depois, reencontrei essa Anja como 7 minha professora no Mestrado. Minha Anja professora me ensinou muito de Linguística Cognitiva. Acima de tudo, me ensinou também muito de SER. O terceiro é um Anjo. O único do grupo. O bendito-é-o-fruto. Deus o mandou para cá no dia mais lindo da minha vida, 10 de março. Anjo sardento. Bonito. Brilhante, até autor de livros ele é. Bom. Sensível. Simples. Generoso. Anjo que me mostrou a beleza da Morfologia. Anjo que falou duro comigo quando precisei. Anjo que compartilha da crença de que fora da caridade não há salvação e não deixa que a mão direita saiba o que a esquerda faz. O quarto é uma Anjinha. Presente maior da minha vida desde 10 de março de 2012. Anjinha que me trouxe um mundo novo, de paz, felicidade e, acima de tudo, muito, muito amor. Anjinha que me chama de vovó e pensa que a protejo, quando é ela que protege (até de mim mesma). Anjinha pela qual tento ser uma pessoa melhor. Anjinha para a qual as palavras são mera formalidade, porque tudo está dito em seu olhar. Katia Emmerick Andrade, Maria Lucia Leitão de Almeida, Carlos Alexandre Vitorio Gonçalves e Maria Júlia Lima Ribeiro, só posso dizer uma coisa: obrigada, muito obrigada mesmo por partilharem a jornada comigo. Sou muito grata a Deus por ter me dado vocês e saibam que estou sempre ao lado de vocês para o que der e vier. 8 RESUMO MANSUR, Marina Lima. O sufixo -UDO numa visão multissistêmica. Tese de Doutorado em Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2013. Esta tese tem como objetivo analisar os sufixos homônimos -UDO participial e -UDO adjetival. Para isso, parte dos pressupostos da Teoria Multissistêmica Funcional-Cognitiva (CASTILHO, 2010), combinando-a com os conceitos de gramaticalização do funcionalismo (NORDE, 2006) e de categorização (LAKOFF, 1987), corporificação funcional (JOHNSON, 1987) e polissemia da Linguística Cognitiva. Para análise do corpus sincrônico, referente ao sufixo adjetival, foram usadas não só palavras dicionarizadas como também formações recolhidas da internet e de conversas informais. Da análise do corpus formado por essas palavras, surgiram as seguntes conclusões: (i) há um continuum dos significados desse sufixo, em que o mais prototípico é "X tem base grande" e o que mais se afasta do centro é "X usa a base"; (ii) a meronímia é a principal relação estabelecida nos adjetivos formados por -UDO; e (iii) há, nos derivados desse sufixo, uma focalização do holônimo quando, por um processo de derivação imprópria, os adjetivos se transformam em substantivos. Quanto ao sufixo participial, a principal descoberta é a de que, por pressões do uso e da ação do dispositivo sociocogntivo, ele sofreu um processo de reanálise responsável por sua substituição pelo sufixo -IDO. Palavras-chave: Derivação, Pancronia, Corporificação, Meronímia, Holonímia, Continuum, Rede Polissêmcia. 9 ABSTRACT MANSUR, Marina Lima. O sufixo -UDO numa visão multissistêmica. Tese de Doutorado em Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2013. The aim of this thesis is to analyze the homonymous suffixes in the Portuguese language: the participial suffix –UDO and the adjectival suffix -UDO. In order to do so the study draws on the Multisystemic Functional-Cognitive Theory (or Approach) (CASTILHO, 2010) as well as the concepts of grammaticalization of functionalism (NORD, 2006), categorization (LAKOFF, 1987), functional embodiment (JOHNSON, 1987) and polysemy in Cognitive Semantics. In order to analyze the synchronic corpus related to the adjectival suffix we referred to words collected from dictionaries and from the internet as well as words used during informal conversations. Some conclusions arose after the analysis of this corpus: (i) there is a continuum of meanings associated to this suffix ranging from the most prototypical “X has a large base” to the most distant from the center “X uses the base”; (ii) meronymy is the main relationship that arises from the adjectives formed by –UDO; (iii) there is also a focus on the holonym when the adjectives become a noun via conversion. Concerning the participial suffix, the main finding is that by pressure of use and the action of the sociocogntive device it underwent a reanalysis process that made -UDO being replaced by –IDO. Key-words:Derivation, Panchrony, Continuum, Polissemic Network. Embodiment, Meronymy, Holonymy, 10 RESUMEN MANSUR, Marina Lima. O sufixo -UDO numa visão multissistêmica. Tese de Doutorado em Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2013. Esta tesis tiene como objetivo analizar los sufijos homónimos -UDO participial y -UDO adjetival. Para ello, parte de los presupuestos de la Teoría Multisistémica Funcional-Cognitiva (CASTILHO, 2010), combinándola con los conceptos de gramaticalización del funcionalismo (NORDE, 2006) y de categorización (LAKOFF, 1987), corporeización funcional (JOHNSON, 1987) y polisemia de la Lingüística Cognitiva. Para análisis del corpus sincrónico, referente al sufijo adjetival, se usaron no sólo palabras diccionarizadas sino también formaciones recogidas de internet y de conversaciones informales. Del análisis del corpus formado por esas palabras, surgieron las siguientes conclusiones: (i) hay un continuum de los significados de ese sufijo, en el cual el más prototípico es "X tiene base grande" y el que más se aleja del centro es "X usa la base"; (ii) la meronimia es la principal relación establecida en los adjetivos formados por -UDO; y (iii) hay, en los derivados de ese sufijo, una focalización del holónimo cuando, por un proceso de derivación impropia, los adjetivos se transforman en sustantivos. Cuanto al sufijo participial, el principal descubrimiento es el de que, por presiones del uso y de la acción del dispositivo socio-cognitivo, él sufrió un proceso de re-análisis responsable por su sustitución por el sufijo -IDO. Palabras-clave: Derivación, Pancronía, Corporeización, Meronimia, Holonimia, Continuum, Red Polisémica. 11 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Marina Lima Mansur SUFIXO -UDO EM UMA VISÃO MULTISSISTÊMICA Rio de Janeiro 2013 12 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................15 1.1. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA...............................................................................16 1.1.1 -udo sufixo de particípio.................................................................................................16 1.1.2 -UDO sufixo formador de adjetivos..............................................................................17 1.2 HIPÓTESES...........................................................................................................................17 1.3 METODOLOGIA..................................................................................................................18 1.2 APRESENTAÇÃO DO TRABALHO.................................................................................21 2 A GRAMÁTICA MULTISSISTÊMICA..............................................................................22 3 VISÕES SOBRE OS SUFIXOS -UDO...............................................................................28 3.1 AS FORMAÇÕES X-UDO EM GRAMÁTICAS DOS SÉCULOS XIX A XXI..............28 3.2 ABORDAGENS LINGUÍSTICAS RECENTES SOBRE OS SUFIXOS -UDO...............33 4 -UDO PARTICIPIAL E -UDO ADJETIVAL....................................................................38 4.1 ALGUMAS MUDANÇAS MORFOLÓGICAS DO LATIM........................................38 4.2 –UDO PARTICIPIAL .......................................................................................................40 4.3 O SUFIXO ADJETIVAL –UDO........................................................................................47 4.4 O DESTINO DO –UDO PARTICIPIAL..........................................................................52 4.5 –UDO ADJETIVAL............................................................................................................59 4.6 AS BASES............................................................................................................................60 4.7 DOS SIGNIFICADOS........................................................................................................69 13 4.7.1 Da criação e aquisição dos significados de –UDO..................................................70 4.7.2 Do conhecimento enciclopédico.................................................................................76 4.8 ANÁLISE DE SIGNIFICADO DO CORPUS SINCRÔNICO......................................81 4.8.1 Dos significados gerais de –UDO.................................................................................82 4.8.2 De alguns significados.................................................................................................88 4.9 –UDO E O CORPO HUMANO.......................................................................................96 4.10 –UDO E A MERONÍMIA.............................................................................................100 5. PALAVRAS FINAIS..........................................................................................................106 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................107 ANEXO...................................................................................................................................123 14 LISTA DE FIGURAS Figura 1 O DSC e os sistemas linguísticos.........................................................................23 Figura 2 Quadro das terminações do particípio passado no latim.................................42 Figura 3 Quadro das terminações do particípio passado nas línguas neorromânicas.......46 Figura 3 Gráfico da produtividade do sufixo –UDO........................................................50 Figura 4 Gráfico das palavras relacionadas ao corpo.......................................................52 Figura 5 Percurso da analogia do sufixo adjetival –UDO................................................64 Figura 6 Representação da saliência de –UDO..................................................................73 Figura 7 Rede polissêmica do –UDO..................................................................................88 15 1 INTRODUÇÃO Esta tese trata de dois sufixos. O sufixo participial -UDO e o sufixo adjetival-UDO, este de sabor coloquial, brincalhão, irônico e, algumas vezes, desbocado e desaforado —tão desbocado que frequenta, muitas das vezes, apenas as alcovas e os sites de anúncios de favores sexuais em vez de, comportadamente, ir para os dicionários. Mas, para dizer isso, não é necessário escrever uma tese, porque todos já o sabemos: está em nosso conhecimento como falantes e também escrito em gramáticas normativas e descritivas e em alguns artigos que se debruçaram sobre esse assunto. Além disso, se fosse este o objetivo desta obra — repetir o que já se escreveu sobre -UDO, tanto o sufixo de particípio quanto o adjetival —, ela não poderia ser uma Tese, pois um das exigências desse tipo de texto é o ineditismo de seu tema. O que se traz de inédito aqui é o tratamento do tema, analisado dentro da Teoria Multissistêmica Funcionalista-Cognitivista, contando com o auxílio da Linguística Cognitiva e da Gramaticalização do ponto de vista do Funcionalismo, além da postulação de que as palavras derivadas de -UDO são merônimos 1. Na próxima seção, caracterizo os problemas relacionados à análise dos dois sufixos. Em seguida, a seção 1.2 apresenta as hipóteses deste trabalho. A seção 1.3 descreve a metodologia adotada para a pesquisa e, por fim, a seção 1.4 apresenta a estrutura geral do trabalho. 1 Esse conceito será esclarecido no capítulo 4. 16 1.1 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA Como nesta Tese são examinados dois sufixos, abordo as questões relativas a cada um deles separadamente. 1.1.1 -UDO sufixo de particípio Não há consenso quanto ao destino do sufixo participial -UDO, que era usado para formar o particípio passado dos verbos de segunda conjugação até o século XVI e foi substituído pelo sufixo -IDO 2, em uso até os dias atuais. Embora as soluções apontadas para essa questão pelos autores que abordaram o assunto sejam múltiplas e, às vezes, contraditórias, todas têm em comum o fato de não levarem em consideração o uso da língua pelos falantes e de ignorarem que esse é um fenômeno complexo e multifacetado, associado aos diversos sistemas da língua. Por isso, optei por analisar essa questão levando em conta o uso da língua pelos falantes e os pressupostos da teoria Multissistêmica, que considera as línguas formadas por sistemas independentes. A rigor, o sufixo de particípio é –do, sendo o /i/ precedente à vogal temática resultante da neutralização entre a segunda e a terceira conjugações. Embora a sequência em questão seja bimorfêmica, irei fazer referência a ela como um sufixo, a fim de estabelecer melhor o paralelo com o sufixo –UDO formador de adjetivos. 2 17 1.1.2 -UDO sufixo formador de adjetivos O sufixo formador de adjetivo mereceu alguns trabalhos dentro do Funcionalismo, da Lexicologia e do Estruturalismo. Entretanto, ainda não havia sido analisado à luz Teoria Multissistêmica ou da Linguística Cognitiva. A maioria dos artigos e teses sobre ele não apresentava dados fornecidos por informantes, com corpora formados exclusivamente pelos verbetes dos dicionários, o que favorecia uma visão estanque do estágio atual do sufixo. 1.2 HIPÓTESES Com o instrumental teórico apresentado acima, pretendo apresentar uma solução para a questão do “desaparecimento” de -UDO formador de particípio, do qual ainda temos algumas formas cristalizadas em nossa língua (conteúdo, agudo, manteúdo), trabalhando com os conceitos de pancronia, uso da língua e movimento lateral 3, entre outros referenciados pelas correntes teóricas já citadas. Justifica-se essa preocupação por, ainda hoje, haver divergências sobre seu destino, como pode ser visto no capítulo 3. Formulo a hipótese (1) de que esse sufixo participial sofreu um processo de reanálise e foi substituído pelo sufixo -IDO. Ainda no âmbito das perspectivas teóricas elencadas na abertura deste capítulo, pretendo traçar uma rede dos significados do sufixo adjetival -UDO e analisar os processos metafóricos e metonímicos presentes em seu uso, com a 3Esses e outros conceitos serão devidamente explicitados no correr da tese. 18 finalidade de comprovar a hipótese (2) aqui postulada de que a principal relação que ele estabelece com a base a que se adjunge é uma relação meronímica. 1.3 METODOLOGIA Para alcançar esse objetivo, fiz, inicialmente, um levantamento das formas em -UDO em dois dicionários eletrônicos, o Dicionário Houaiss da língua portuguesa e o Dicionário Aurélio 4, e pedi a pessoas de várias faixas etárias, porém de nível cultural semelhante (ensino médio completo e superior completo ou incompleto), que me dissessem algumas palavras terminadas com esse sufixo A seguir, selecionei as palavras que realmente o continham, excluindo da análise alguns empréstimos, os quais já se encontram cristalizados em português, como agalhudo e veludo, e alguns vocábulos 5 de etimologia obscura, como trancudo. Também retirei algumas palavras, embora contendo o sufixo, de uso muito restrito, por serem típicas ou de apenas um estado ou uma região do Brasil ou das modalidades europeia ou africanas do português, como bicuda, que atende ao primeiro caso, e telhudo e sasudo, que correspondem ao segundo. A exclusão de palavras de outras modalidades que não a brasileira se justifica por um dos objetivos deste estudo ser a análise do sufixo adjetival -UDO no Português Brasileiro (PB). Por ser de uso bastante conhecido, passo a referir-me a eles, a partir de agora, como Houaiss e Aurélio. Castilho (2010: 687 e 696), pelo qual palavraé "unidade do vocabulário caracterizada (1) fonologicamente por dispor de esquema acentual e rítmico; (2) morfologicamente por ser organizada por uma margem esquerda (preenchida por morfemas prefixais), um núcleo (...) e por uma margem direita (preenchida por morfemas sufixais); (3) sintaticamente por organizar ou não um sintagma; (4) semanticamente por veicular uma ideia (...) e (5) graficamente por vir separada por um espaço em branco" e sinônimo de vocábulo. 4 5Sigo 19 O passo seguinte foi formar dois grupos: um composto por formas do antigo particípio e outro por adjetivos formados por derivação sufixal. Procedi, então, a uma pesquisa na internet para levantamento de palavras não dicionarizadas para completar o corpus sincrônico dos adjetivos, usando a ferramenta de busca Google. A opção pela internet se deve ao fato de nela se acharem textos de diversos tipos e gêneros, produzidos por falantes de diferentes graus de escolaridade, faixas etárias, níveis sociais e sexo. Bastante conveniente, portanto, para encontrar exemplos do sufixo aqui estudado. Além disso, um número elevado desses textos se aproxima muito da língua falada, a qual, segundo Castilho (2010), "é mais reveladora dos processos de criatividade e mudança linguística que a língua escrita". Com esses procedimentos, obtive um corpus com 270 palavras. A recolha dos exemplos na internet se revelou profícua especialmente por três motivos: (i) permitiu encontrar palavras que, apesar de bastante usadas, não estão nos dicionários; (ii) possibilitou duas constatações: algumas formas dicionarizadas ou têm pouquíssimas ocorrências no estágio atual da língua ou simplesmente não têm nenhuma ocorrência, e outras apresentam significado em nada relacionado com os fornecidos pelos dicionários e (iii) tornou possível traçar um panorama da situação real de uso do sufixo. Para solucionar algumas dúvidas que surgiram no decorrer da análise sobre o julgamento dos falantes em relação a questões de significado do sufixo adjetival, lancei mão de três pesquisas com informantes, cujos resultados são apresentados no capítulo 4. 20 Finalmente, com uso dos dicionários Dicionario lusitânico-latino, de Jerônimo Cardoso; Tesouro da lingua portuguesa, de Bento Pereira; Vocabulario português e latino, de Dom Rafael Bluteau 6; e Diccionario da lingua portugueza, de Antonio Moraes e Silva 7, pude checar os significados com que alguns dos adjetivos foram introduzidos na língua portuguesa para traçar o percurso que seguiram até o momento atual, o que se revelou de grande auxílio tanto para dirimir algumas dúvidas de etimologia como para revelar metáforas e metonímias impensáveis sincronicamente, como se pode ver no capítulo 4. Esse constante apelo à sincronia e à diacronia constitui a visão pancrônica da língua, preconizada pela Teoria Multissistêmica e que consiste em apregoar que, como os usos da língua “se entroncam em práticas sociais, antropológicas, eles arrastam o passado para o presente” (CASTILHO, 2010: 77-78). Em resumo, a pancronia é a presença conjunta da sincronia e da diacronia. Devo dizer que a pesquisa do sufixo adjetival neste trabalho é feita focalizando basicamente a semântica, e não a morfologia, por já existirem várias pesquisas desse sufixo no âmbito da Morfologia e, contrariamente, nem uma sequer sob o escopo da Semântica. Obviamente, isso não significa que os aspectos morfológicos são ignorados: ao contrário, a utilização da Morfologia se dá em todo o percurso desta Tese. 6 7 Disponíveis no Corpus Lexicográfico do Português. Disponível em <http://archive.org/details/diccionariodalin00mora> 21 1.4 APRESENTAÇÃO DO TRABALHO O próximo capítulo destina-se à fundamentação teórica do trabalho. A seguir, o capítulo 3 apresenta as diferentes visões a respeito de ambos os sufixos, fazendo um mapeamento por gramáticas normativas e históricas, manuais de filologia e trabalhos de cunho linguístico. O capítulo 4 constitui o âmago do trabalho, apresentando a análise dos dois sufixos e as conclusões a que cheguei. Finalmente, no capítulo 5, apresento as principais conclusões deste estudo. 22 2 A GRAMÁTICA MULTISSISTÊMICA Este capítulo apresenta a Teoria Multissistêmica, fazendo uma brevíssima exposição de suas bases. A Teoria Multissistêmica Funcionalista-Cognitivista, conforme seu nome já diz, agrega elementos do Funcionalismo, como os estudos de gramaticalização, e da Linguística Cognitiva, como a teoria dos protótipos, esquemas imagéticos, metáforas e metonímias conceptuais. Essa teoria apresenta a língua como um fenômeno complexo e dinâmico, composta por sistemas independentes que podem apresentar interfaces, "mas não regras de dependência” (CASTILHO, 2010: 69). O dispositivo sociocognitivo (doravante DSC) é um dispositivo pré-verbal que governa a execução linguística; por conseguinte, atua em todos os sistemas da língua, sendo responsável pelas intefaces que esses sistemas podem apresentar. A figura 1 (Idem, ibidem) abaixo representa os sistemas que fazem uma língua e sua relação com o DSC. 23 DISCURSO SEMÂNTICA DSC LÉXICO GRAMÁTICA Figura 1: O dispositivo sociocognitivo (DSC) e os sistemas linguísticos A Gramática Multissistêmica apresenta seis postulados que são elencados a seguir. 1. A língua se fundamenta num aparato cognitivo Este postulado está ligado ao conhecimento de mundo do falante, presente em suas conceptualizações. As categorias cognitivas (pessoa, espaço, quantidade, movimento, entre outras) são representadas nas língua naturais, e essas representações vão sofrendo alterações ao longo da trajetória de cada língua e também de língua para língua, ou seja, o significado altera-se com o correr do tempo. Iss é causado justamente pelo fato de as conceptualizações que fazemos serem ligadas ao meio em que vivemos, às experiências por que passamos, uma vez que o mundo nos chega através dos sentidos. As categorias cognitivas são eternas, pois que fazem parte dos "atributos da raça humana" (CASTILHO, 2010: 69); o que muda, nunca é demais repetir, são as formas de representá-las. E os motivos dessas mudanças não estão nas línguas em si, mas nos seus falantes, que buscam se expressar mais eficientemente (Cf. SILVA, 2006). 24 Assim, a Teoria Multissistêmica ermerge da Linguística Cognitiva e postula um "continuum categorial", na medida em que entende que é a similitude, e não a identidade, que deve ser buscada no processo de postulação de categorias. Seus traços definidores não devem ser estabelecidos a partir de propriedades necessárias e suficientes, ou a partir de seu valor de verdade, e sim a partir de certas semelhanças que os falantes percebem intuitivamente” (CASTILHO, 2010:70-71) 2. A língua é uma competência comunicativa A competência comunicativa é "a habilidade de veicular conteúdos informativos, exteriorizar sentimentos pessoais e expressar instruções que devem ser seguidas" (CASTILHO, 2010: 71). Nas palavras de Silva (2006: 311), Pensamento e linguagem existem em mentes individuais, mas constroem-se na interação social. A conceptualização é, pois, necessariamente interactiva: os nossos conceitos, as nossas 'realidades' são produto de mentes individuais em interacção entre si e com os nossos contextos físicos, sócio-culturais, políticos, morais, etc. A linguagem desempenha uma função não só semiológica, permitindo que as conceptualizações sejam simbolizadas por meio de sons e gestos, como também interactiva, envolvendo comunicação, manipulação, expressividade, comunhão social. Afinal, o conhecimento da linguagem emerge do uso da linguagem e, portanto, da interação social ou discurso! Esse postulado destaca a importância das noções de tema e rema 8, por um lado, e dos atos de fala, de outro, uma vez que a adequação da linguagem à situação é fundamental para uma comunicação eficiente. 8Tema é associado à informação velha, com pouca informatividade, e rema com a informação nova, que apresenta alta informatividade. 25 A relação entre língua e sociedade se faz presente neste postulado, uma vez que o falante analisa as condições sociais em que se encontra a fim de produzir um discurso relevante para aquela situação de fala. 3. As estruturas linguísticas não são objetos autônomos Este postulado choca-se diretamente com o formalismo, que vê a língua como um objeto autônomo, totalmente estável. Entretanto, as estruturas linguísticas sofrem as pressões de uso e, por isso, sofrem mudanças, posto que são dinâmicas. Os processos de reenquadre atuam nessas modificações. 4. As estruturas linguísticas são multissistêmicas A língua é “um sistema dinâmico e complexo, configurado no quadro das ciências dos domínios complexos” (CASTILHO, 2010: 76). São duas as premissas que norteiam este postulado (CASTILHO: 2010: 77) (1) Do ângulo dos processos, as línguas serão definíveis como um conjunto de atividades mentais, pré-verbais organizáveis num multissistema operacional. As línguas são dinâmicas e os processos que nelas operam o fazem de maneira simultânea, dinâmica e multilinear. (2) Do ângulo dos produtos, as línguas serão apresentadas como um conjunto de categorias igualmente organizadas num multissistema. Os sistemas que compõem a língua são autômomos, mas, como já dito acima, relacionam-se entre si. Sendo assim, "(q)ualquer expressão lingüística exibe ao 26 mesmo tempo características lexicais, discursivas, semânticas e gramaticais" (CASTILHO, 2010: 77). 5. A língua é pancrônica Uma das dicotomias de Sausseare é a entre sincronia e a diacronia. Segundo esse linguista, apenas os aspectos sincrônicos interessariam à linguística. Porém, muitas vezes, estruturas fossilizadas são encontradas com estruturas do presente, como a palavra conteúdo, cuja origem no particípio passado latino não é percebida. A convivência dessas formas é uma comprovação da pancronia da língua e da conjugação das duas formas de análise linguística. 6. Um dispositivo sociocognitivo ordena os sistemas linguísticos O DSC tem por base as categorias cognitivas como pessoa, espaço, tempo, objeto, movimento e evento, ou seja, parte da conceptualização cognitiva dessas categorias. Além disso, também é de natureza social, na medida em que se baseia na análise das situações conversacionais.Por esse motivo, Castilho afirma que os dispositivos socicognitivos Gerenciam os sistemas linguísticos, garantindo sua integração para os propósitos dos usos linguísticos, para a eficácia dos atos de fala. De acordo com esse dispositivo, o falante ativa, reativa e desativa propriedades lexicais, semânticas, discursivas e gramaticais no momento da criação de seus enunciados, constituindo as expressões que pretende ‘pôr no ar’ (CASTILHO, 2010: 79) 27 Esses dispositivos são o cerne da teoria e, nesta Tese, pretendo mostrar como eles atuam nos diferentes sistemas linguísticos e apresentar os princípios de ativação, reativação e desativação. 28 3 VISÕES SOBRE OS SUFIXOS -UDO O objetivo deste capítulo é apresentar uma seleção dos diferentes pontos de vista sobre -UDO formador do particípio passado e -UDO formador de adjetivos. Será visto, em primeiro lugar, o -UDO sufixo verbal e, a seguir, o sufixo adjetival. 3.1 AS FORMAÇOES X-UDO EM GRAMÁTICAS DOS SÉCULOS XIX A XXI Em 1881, Júlio Ribeiro lança a inovadora Grammatica Portugueza, que promove um “corte epistemológico com a tradição gramatical brasileira, notadamente a Gramática Filosófica” (VIDAL NETO, 2010: 48) e liga-se à Gramática HistóricoComparada. Dividida em duas partes, apresenta na primeira os “elementos materiaes das palavras” (p. 2) e os “elementos morphicos das palavras” (p.56) e, na segunda, a sintaxe. Na seção dedicada à ”Kampenomia ou Ptoseonomia” (p.75), aborda os aumentativos irregulares dos adjetivos e inclui nesse item os “adjectivos terminados em udo, que indicam por si abundancia, desenvolvimento na idéa significada pelo seu thema” (p. 104). Adiante, na seção de Etimologia, ao tratar dos sufixos, o autor ensina que “Os suffixos portuguezes são numerosos, uns derivados das fórmas latinas, outros das fórmas augmentativas, diminutivas e pejorativas da propria lingua” (p. 172) e avisa que “Destes ultimos tudo já ficou dito na Kampenomia” (Idem, ibidem). É interessante a visão de Ribeiro, que considera -UDO um sufixo de aumentativo irregular por causa da ideia de muita quantidade que transmite à base a 29 que se adjunge. Entretanto, essa noção não é inteiramente precisa, posto que, embora dê realmente a ideia de que algo é grande, -UDO não funciona como aumentativo da palavra que serve de base para o adjetivo, mas refere-se, mesmo nos exemplos dados por esse autor, àquele que tem grande o que se especifica na base, conforme se pode ver em (1): (1) barrigudo beiçudo linguarudo narigudo olhudo orelhudo testudo. 9 A Gramática secundária da língua portuguesa, de Said Ali, teve sua primeira edição em 1923. No capítulo Formação das palavras, na listagem dos sufixos que formam adjetivos de substantivos, -UDO recebe a seguinte explicação: Significa “provido de” em sisudo, e “provido de” ou “ter a forma de” em pontudo, bicudo. Em outros vocábulos denota grande massa ou também qualidade, tamanho ou feitio desmesurado: peludo, cabeludo, narigudo, espadaúdo, repolhudo, bochechudo, carnudo, polpudo. Por metáfora diz-se cabeçudo para significar “muito teimoso”. (SAID ALI, op. cit, p. 113) Said Ali, como se pode perceber, não só apresenta vários significados denotativos do sufixo, como traz à tona o uso conotativo de cabeçudo. Contudo, não fica claro se ele considera apenas o uso conotativo dessa palavra. Exemplos de Ribeiro (1881: 104). Não estão sendo levados em conta os significados metafóricos de alguns desses vocábulos. 9 30 Também de 1923 é a primeira edição das Lições de português, de Sousa da Silveira. 10 No capítulo intitulado Etimologia dos prefixos e dos sufixos, o autor adverte que muitos dos sufixos que lá estão listados não são mais produtivos em português, “nem sequer sugerem ao comum das pessoas nenhuma idéia modificadora da significação do radical” (op. cit, p. 90), constando da relação apresentada apenas para “dotar o estudante da possibilidade de melhor compreender e sentir uma boa parte do vocabulário da nossa língua” (Idem, ibidem). A seguir, mostra os prefixos e, depois, “os principais sufixos” nominais (p. 93), indicando-lhes a origem. Entre esses últimos, assim se posiciona em relação ao -UDO formador de adjetivos: “qualidade, simples posse ou posse de muitos objetos ou de um objeto de grandes dimensões: campanudo, repolhudo, batatudo, pontudo, peitudo, cabeludo, folhudo, ramudo.” (p. 98). Note-se, porém, que, dos adjetivos por ele enumerados, alguns têm, além do significado denotativo, um conotativo que não foi por ele explicitado. Napoleão Mendes de Almeida aponta, em sua Gramática metódica da língua portuguesa, que os “sufixos podem ser nominais, quando formadores de substantivos e de adjetivos, verbais, quando formadores de verbos (...), havendo ainda o adverbial” (op. cit., p. 391). Numa lista “em ordem alfabética para maior aproveitamento de estudo e para maior facilidade de consulta” (Idem, ibidem), o leitor aprende que o sufixo -UDO, “acrescido a substantivo, indica ‘cheio de’, ‘com excesso de’” e tem acesso a alguns exemplos (Idem, p. 398). 10Em Instituto Camões <http://cvc.instituto-camoes.pt/hlp/biografias/ssilveira.html> e Google Books <http://books.google.com.br/books/about/Li%C3%A7%C3%B5es_de_Portugu%C3%AAs.html?id= esJQAAAAMAAJ&redir_esc=y> 31 No capítulo 15 da Gramática normativa da língua portuguesa, publicada pela primeira vez em 1937, Rocha Lima discorre sobre a estrutura das palavras. Ao introduzir o tópico derivação sufixal, ensina que “(a)o contrário dos prefixos, que, como vimos, guardam certo sentido, com o qual modificam, de maneira mais ou menos clara, o sentido da palavra primitiva, os sufixos, vazios de significação, têm por finalidade formar séries da mesma classe gramatical.” (p. 208). Quanto ao -UDO, limita-se a afirmar que “forma adjetivos de substantivos”. Manoel P. Ribeiro, em seu livro Gramática aplicada da língua portuguesa, cuja primeira edição é de 1976, inicia a seção dedicada a prefixos e sufixos fazendo uma ressalva: embora sincronicamente não haja necessidade de distinguir os sufixos latinos dos gregos, faz tal divisão em sua gramática porque “o ensino escolar exige ainda questões envolvendo tal oposição” (p. 58). Mais adiante, ao abordar especificamente os sufixos, ensina que são “(m)orfemas derivativos que trazem ao radical uma idéia acessória de aumento, diminuição, lugar, ação, qualidade, coleção, doutrina, etc. Ao contrário dos prefixos, os sufixos provocam, muitas vezes, a mudança da classe dos vocábulos” (p. 60) e que o -UDO é um sufixo formador de adjetivos. Cunha e Cintra, autores da Nova gramática do português contemporâneo, cuja primeira edição é de 1985, informam ao leitor que a derivação sufixal formou e ainda forma novos substantivos, adjetivos, verbos e advérbios e que os sufixos nominais de aumentativo e diminutivo possuem valor afetivo. Possivelmente por esse motivo, esses dois tipos de sufixo são amplamente explicados, inclusive os poucos produtivos no estágio atual da língua portuguesa, como -ANZIL, -UÇA e -ASTRO. 32 Quanto aos “outros sufixos nominais” (op. cit., p. 98), são tão lacônicos quanto ao assunto como Ribeiro, dizendo apenas que o -UDO significa “provido ou cheio de”(Idem, p. 99). Atitude semelhante à dos dois últimos gramáticos citados é a de Bechara na Moderna gramática portuguesa, lançada em 1961: após uma introdução sobre sufixos em geral, na qual aborda questões sobre o seu funcionamento e chama a atenção para o fato de que a “noção de aumento corre muitas vezes paralela à de coisa grotesca e se aplica às idéias pejorativas” (op. cit., p. 357), afirmação que repete ao listar os “Principais sufixos de nomes aumentativos e diminutivos, muitas vezes tomados pejorativa ou afetivamente” (Idem, p. 361), no trecho referente aos “Principais sufixos para formar adjetivos”, tudo o que faz é dar uma lista sem nenhum comentário. Cumpre sublinhar o fato de que, na lista citada, não se encontra o sufixo -UDO, embora dela constem os sufixos -AZ, -ESCO E -TIMO, entre vários outros de produtividade 11nula — ou quase — sincronicamente. Se tal posicionamento fosse na primeira edição (1961) ou em uma das primeiras edições dessa obra, nenhuma surpresa haveria; contudo, o volume pesquisado é o da trigésima sétima edição, de 2000, “que alia a preocupação de uma científica descrição sincrônica a uma visão sadia da gramática normativa”, de acordo com seu prefácio. Azeredo, na Gramática Houaiss da língua portuguesa, lançada em 2010, explica que há que se distinguir entre os sufixos produtivos e improdutivos. Acrescenta também que Sigo aqui Andrade (2013), baseada em Bauer: “o termo produtividade tanto para nos referir a um processo responsável pela formação de um grande número de palavras, como também, àquele dotado da capacidade de atualizar/renovar constantemente o inventário lexical” . 11 33 A possibilidade de conferir uma nova classe à palavra derivada faz da sufixação um processo de extraordinária versatilidade na língua. Enquanto a prefixação contribui ordinariamente para a ampliação do léxico, a sufixação, além dessa função, tem um papel importante na construção sintática dos sintagmas, das orações e até mesmo do texto. (Opus cit., p. 454) Quanto ao objeto deste estudo, Azeredo o coloca no grupo dos “formadores de adjetivos que significam ‘provido de, abundante em’", classificando-o como “de alta produtividade, especialmente nas variedades coloquiais”, exatamente como o faz nos Fundamentos de gramática do português, de 2000. 3.2 ABORDAGENS LINGUÍSTICAS RECENTES SOBRE O SUFIXO -UDO As construções X-udo têm sido objeto de estudo da linguística nos últimos anos, havendo artigos dedicados a compará-lo a outros sufixos e a discutir a relação entre -UDO participial e -UDO adjetival. Assumindo uma postura sincrônica, Pezatti (1989) faz uma “análise da polissemia, afinidades semânticas, distribuição e produtividade” (p. 103) dos sufixos -OSO, -ENTO e -UDO com um corpus formado a partir de dicionários, sem consulta a informantes para verificação do uso concreto das palavras formadas por esses sufixos. Quanto a -UDO, Pezatti (op. cit., p. 109 - 110) constatou, entre outras coisas , que (i) “(s)ua adição ao lexema primitivo obedece à regra de sufixação geral do português: ao tema nominal adiciona-se o sufixo, havendo supressão do índice temático”; (ii) “na estruturação dos vocábulos está sempre ligado ao lexema, não admitindo outro tipo de derivação”; (iii) “embora possua produtividade reduzida na modalidade escrita, é (como se sabe) muito empregado na língua oral” e (iv) “-udo não é aplicável a lexema erudito” 34 Além disso, detectou que a produtividade de -UDO é bem menor do que a dos outros dois sufixos —em seu corpus houve 629 ocorrências de -OSO (67,5%), 164 de -ENTO (17,6%) e 138 de -UDO (14,8%). Outro fato verificado foi a existência de uma gradação entre esses afixos, tema não abordado pelas gramáticas tradicionais. Segundo Pezatti, apesar de os três sufixos significarem abundância, -OSO é o mais neutro, ao passo que, em ordem crescente, -ENTO e -UDO seriam portadores de valor depreciativo. Abreu (1997), em pesquisa de viés socioconstrutivista e atrelada à sincronia, verificou a aquisição dos mesmos sufixos trabalhados por Pezatti e sua produtividade, tendo como sujeitos da pesquisa crianças de ambos os sexos, divididas em três grupos de acordo com a idade e a escolaridade: a) as de 5 anos, frequentando a pré-escola; b) as de 7 anos, sendo alfabetizadas; c) as de 9 anos, já alfabetizadas. Foram criados instrumentos que levassem os sujeitos a escolher entre os sufixos -UDO, -OSO e -ENTO na formação de adjetivos, objetivando comprovar a não aleatoriedade na escolha do uso entre essas formas e a produtividade de cada uma. Seus resultados mostram que -UDO teve a preferência dos meninos de todas as faixas e das crianças de ambos os sexos na faixa de 7 a 9 anos, sendo preterido entre as de 5 anos por -OSO. No que diz respeito à pejoração, seus resultados foram idênticos aos de Pezatti (1989). 35 Em Rio-Torto (1995), “a análise levada a cabo incorpora e caldeia aspectos de quadros teóricos diversos, em vista a uma coerente, operatória e multifacetada análise da realidade morfológica” (p. 7). De acordo com essa autora, “as paráfrases de posse [‘que tem/ possui Nb’] associadas a muitos adjectivos em (...) -ud- (cabeçudo; orelhudo; peludo; sortudo) não correspondem a uma relação semântica sistêmica” (p. 100). O sufixo -UDO fica situado, então, na regra de formação de palavras a que ela chama RFP REL, “que forma adjectivos relacionais genericamente parafraseáveis por ‘em relação com Nb’, ‘relativo a Nb’”, por não apresentar de maneira sistemática a significação de posse, uma vez que também pode ter, entre outros, o significado de semelhança, do mesmo modo que “outros sufixos presentes em adjectivos denominais” (p. 100). Uma das variantes das paráfrases mencionadas acima é a de posse “(‘que tem/ possui Nb’)”, na qual se insere -UDO. A seguir, tratando da influência da diacronia e da sincronia no processo de formação de palavras, Rio-Torto aponta que o sufixo -UDO participial passou por um processo de desgramaticalização 12 e se tornou o sufixo -UDO adjetival. Essa conclusão de Rio-Torto é revista em Rio-Torto (2005), num estudo de cunho estruturalista que objetiva provar a impossibilidade dessa transformação. Contudo, apesar da promessa de trabalho com sincronia e diacronia, o que é apresentado é um tratamento ora exclusivamente diacrônico, ora exclusivamente sincrônico tanto em Castilho (1997) exemplifica a desgramaticalização com o sufixo -ISMO, que pode, em alguns contextos, ser usado como um substantivo (“gerativismo, estruturalismo, funcionalismo e outro ismos”); e o caso da nominalização do sufixo latino -BUS (de omnibus = para todos), o qual, em inglês, é usado em referência ao veículo de transporte coletivo. Ele compartilha do ponto de vista de Lehmann (1982), para quem o processo de gramaticalização é unidirecional. Em trabalhos mais recentes, Castilho reconsidera esse seu ponto de vista com relação à unidirecionalidade, propondo que esses casos sejam tratados como fenômenos de discursivização (CASTILHO, 2010). 12 36 Rio-Torto (1998) quanto em Rio-Torto (2005) no que se refere ao sufixo objeto desta Tese. Basílio (2004) aponta o -UDO como formador de “adjetivos a partir de substantivos para qualificar seres a partir da denotação do substantivo, também acrescentando o caráter pejorativo” (p. 30). Por fim, Santos (2006), em um estudo sobre a origem do sufixo -UDO, segue Rio-Torto (1998), imputando a -UDO participial desgramaticalização que a autora portuguesa. o mesmo processo de Nesse contexto, assume que “as palavras que apontam para a ideia de ação, teriam surgido a partir dos verbos no particípio (...) os quais preservam ainda hoje o valor de ação.” Os exemplos que dá para ilustrar esse caso são letrudo, datado como do século XVII; façanhudo, do século XVIII; tropeçudo, originado no século XIX; e, sem datação, explicudo e farsudo 13. Ora, como se pode ver em 4.2 deste trabalho, o século XIV deu início ao desaparecimento gradual das formas participiais em -UDO, que tiveram uma de suas últimas aparições nos autos vicentinos. Entretanto, sabe-se que a linguagem em Gil Vicente é “coloquial com expressões e termos populares, recorrendo a ruralismos e arcaísmos para caracterizar determinadas personagens” 14 (grifo meu) como parte do arsenal satírico do autor. Assim, é muito pouco provável que as palavras dadas como exemplo por Santos tenham realmente se originado de verbos no particípio. Além disso, embora o particípio tivesse, em alguns casos valor ativo já no latim e no romanço peninsular, dando origem a adjetivos como entendido (que ou aquele que A fonte de datação, tanto nesta tese quanto no trabalho de Santos é o dicionário Houaiss. NUNES, Nunes Naidea. A linguagem e a mulher na sátira medieval. In: Actas do colóquio internacional O riso na cultura medieval. Disponível em <https://repositorioaberto.uab.pt/bitstream/10400.2/1558/1/nunes.pdf> Acesso em 20/8/2013. 13 14 37 tem conhecimento, perito), sabido (que ou aquele que é versado, sabedor, erudito; que ou aquele que é prudente, astuto) e vivido (que viveu muito; com intensa experiência de vida) 15, os corpora 16 de língua portuguesa, quando apresentam essas palavras com a acepção aqui mencionado, trazem-nas grafadas com a forma -IDO. Finalmente, a questão de letrudo: de acordo com os dicionários Houaiss e Aurélio, os significados desse adjetivo são, respectivamente, “que ou aquele que julga saber muito; sabichão” e “sabichão, letrado, erudito. Embora sua definição pelo Houaiss apresente dois verbos, eles não participam da etimologia da palavra, que é formada pelo substantivo letra adjungido do sufixo -UDO. Dessa maneira, é impossível que essa palavra tenha surgido a partir de um verbo. Acepções do dicionário Houaiss. lexicográfico do português (Universidade de Aveiro e Centro de Linguística da Universidade de Lisboa), O corpus do português (Mark Davies, Universidade de Brigham Young e Michael J. Ferreira, Universidade Georgetown), Corpus informatizado do português medieval (Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa) e Brasiliana (USP). 15 16Corpus 38 4 –UDO PARTICIPIAL E -UDO ADJETIVAL Este capítulo apresenta a análise de dados. Como visto no capítulo 2, a língua é pancrônica, e “a pancronia está ligada diretamente aos usos que fazemos das línguas” (CASTILHO, 2010: 77). Esse fato, por si só, justifica a importância de se estudar um elemento morfológico em suas diversas sincronias. No caso específico deste trabalho, que tem como um de seus objetivos responder o que aconteceu ao sufixo participial -UDO, essa linha de estudo torna-se fundamental. Assim, este capítulo apresenta a evolução do sufixo -UDO, tanto o participial quanto o formador de adjetivos denominais, do latim ao português e demonstra o que aconteceu ao sufixo formador do particípio. Com esse fim, está dividido em quatro seções: a primeira trata de algumas modificações morfológicas sofridas pelo nome e pelos verbos; a segunda apresenta o sufixo participial -UDO; a terceira, o -UDO formador de adjetivos denominais; e a quarta traz as conclusões sobre o atual estatuto dos dois sufixos. 4.1 ALGUMAS MUDANÇAS MORFOLÓGICAS DO LATIM Existem grandes diferenças entre o sistema morfológico do latim clássico e o do latim vulgar. 17 Os nomes, dos três gêneros iniciais, passaram a dois — masculino 17O latim possuía duas variedades: o sermo nobilis, variante culta, usado nas escolas, nas leis, na retórica e cuja versão literária é o latim clássico, e o sermo vulgaris, o latim vulgar, variante coloquial falada, empregado não apenas pela plebe, como pode sugerir seu nome, mas também por todas as outras classes sociais (Cf. Carvalho. Disponível em http://filologia.org.br//abf/volume2/numero2/05.htm). Quintiliano refere-se a essa modalidade 39 e feminino — com a queda do neutro. Das cinco declinações, restaram três, a partir da fusão da segunda com a quarta e da terceira com a quinta (cf. RIO-TORTO, 2005); dos seis casos, inicialmente sobraram dois posteriormente, esses casos se neutralizam. 18 (nominativo e acusativo) e, Ocorreu, ainda, um aumento do número de afixos para atender à necessidade de criação de novas palavras. Os verbos do latim clássico eram distribuídos por quatro conjugações, de acordo com a terminação de seu tema: os verbos de tema em -Ā pertenciam à 1ª conjugação; os de tema em -Ē, à 2ª; tema em -Ĕ, 3ª conjugação e os com tema em -Ī formavam a 4ª conjugação (cf. MATOS E SILVA, 2001). Havia, ainda, nada menos que vinte tempos (cf. CARVALHO, 1982). Porém, no latim vulgar da Hispânia, aconteceu a redução do número de conjugações pela fusão da 3ª em -ĔRE com a 2ª em -ĒRE, o que, deve-se notar, já acontecia no latim clássico (NUNES, 1951). Dessa maneira, verbos como fervēre, fulgēre e subsidĕre 19 passam a fazer parte de uma única conjugação. como “falar cotidiano, por meio do qual falamos com os amigos, cônjuges, filhos, escravos.”(Idem, ibidem). Como toda língua falada cotidianamente, o idioma latino estava sujeito às pressões do uso. Na Península Ibérica, as crises econômicas e sociais que levaram à decadência do Império Romano e as invasões dos povos bárbaros de origem germânica perpetradas, sucessivamente, por vândalos, suevos Disponível em e alanos(Cf. MOLINARI. <http://www.filologia.org.br/anais/anais%20iii%20cnlf2057.html>) e, mais tarde, a dos árabes, aceleraram-lhe a deriva. Embora não haja um momento específico em que surgiu o galego-português “No período que vai do século IX (surgimento dos primeiros documentos latino-portugueses) ao XI, considerado uma época de transição, alguns termos portugueses aparecem nos textos em latim, mas o português (ou mais precisamente o seu antecessor, o galego-português) é essencialmente apenas falado na Lusitânia.” (MEDEIROS, Adelardo A Dantas de et al.. Disponível em <http://www.linguaportuguesa.ufrn.br/pt_22.php>) 18Adaptado 19Ferver, de Carvalho <http://www.filologia.org.br/abf/volume2/numero2/05.htm> brilhar, baixar e abaixar-se, respectivamente. 40 4.2 -UDO PARTICIPIAL O particípio é uma das formas nominais do verbo: em lugar das flexões de tempo, modo e pessoa, apresenta concordância em gênero e número, funcionando, portanto, como um adjetivo 20. Havia, no latim clássico, três particípios: o presente, o passado (ou perfeito) e o futuro. Sua estrutura era formada por um radical verbal, um sufixo e as desinências nominais utilizadas na 1ª e 2ª declinações, ou seja, o particípio funcionava como um adjetivo de 1ª classe, “com flexão de gênero, número e caso” (CÂMARA JR., 1985: 159). De acordo com Carvalho (1982: 57), o particípio presente era “eminentemente ativo”, enquanto o particípio passado tinha “normalmente um valor passivo” (grifos meus). Essa possibilidade de significação ativa provém, possivelmente, do fato de “o particípio perfeito passivo derivar do adjetivo verbal em -TO. Uma forma como TACĬTUS 21 significava a princípio ‘aquele que tem as características de quem se cala’.” (PIEL, 1944: 22) Embora apenas o particípio passado tenha ficado no paradigma conjugacional do português, os outros dois particípios deixaram marcas na formação de adjetivos, como nas formações X-nte, herdadas do particípio presente e bastante produtivas ainda hoje (atraente, boiolante, fumante — MARINHO, 2009), e X-uro, do particípio futuro, em palavras como nascituro, morituro e vindouro, mas improdutivas atualmente. Uma vez que este trabalho tem como foco as formações X-udo, será 20Obviamente, não estão sendo tratadas aqui as construções com tempos compostos, do tipo “As crianças têm aproveitado muito as férias”, em que não há concordância de gênero e número. 21Particípio passado do verbo tacēre: 1. calar; 2. fazer silêncio; 3. estar silencioso. 41 analisado nesta seção apenas o particípio passado regular da 2ª conjugação. 22 No Quadro (1), a seguir, adaptado de Williams (1962: 185), apresentam-se as terminações do particípio passado regular no latim clássico, no latim vulgar, no português arcaico e no português moderno 23: foi apenas aos verbos de 2ª conjugação que se adjungiu o -UDO. Vir, por exemplo, “embora pertencente aos verbos de tema em –i, fez primitivamente o part. em –udo, isto é vẽudo ou vĩudo, depois veudo” (Nunes, 1951, p. 314). 22Não 23Não há unanimidade sobre a divisão em períodos da língua portuguesa e sobre qual o primeiro texto realmente escrito nesse idioma. Costa (s/d) afirma que do século IX ao XII tem-se a fase protohistórica do português, com documentos escritos usando “algumas palavras portuguesas ou aportuguesadas por entre o latim bárbaro dos documentos”, e apresenta aquele que, em sua opinião é o mais significativo desse período, um “diploma original de 25 de Agosto de 1008, proveniente do cartório da Sé de Coimbra”. Por outro lado, conforme Matos e Silva (2007), “o estado da questão permite afirmar que a par da Notícia de torto outros documentos privados a ela assemelhados, compõem a primeira fase da primitiva produção documental em português e que a data para esse tipo de texto recua para as últimas décadas do século XII.” Ainda segundo essa autora, é apenas no reinado de Afonso III, quinto rei de Portugal, que governou a nação de 1248-1279, que a língua portuguesa começou a ser usada nos diplomas oficiais junto com o latim. E mais tardia é a oficialização do português como língua do reino: a última década do século XIII, ao passo que o castelhano foi declarado língua oficial da Espanha no reinado de Afonso X de Leão e Castela, cujo reinado iniciou-se em 1252. Teyssier (2001, p. 6-7), por seu turno, afirma que, ainda no século XIII, a língua falada era o galegoportuguês, posto que os primeiros textos escritos nessa língua datariam desse século. Martins (2005) afirma que os primeiros textos em português são a Notícia de fiadores de Paio Soares Romeu (1175), a Anotação de despesas de Pedro Parada, e o Pacto entre Gomes Pais e Ramiro Pais, que, embora não datados, devem ser próximos de 1175. Nesse artigo, a autora reconhece, todavia, que “Esta cronologia para a emergência do português escrito não é consensual, é a que eu própria tenho por boa. O pomo de discórdia está na atribuição, ou não, da qualidade de escritos em português a certos textos. António Emiliano (...) rejeita a classificação como portugueses dos textos da segunda metade do século XII (...), considerando a Notícia de Torto, de cerca de 1214, o texto mais antigo escrito em português. Ramón Lorenzo,por sua vez, considera a Notícia de Torto “un documento híbrido latino-portugués, con dominio de la lengua romance en un estado incipiente” (...). Por fim, José António Souto Cabo retém como marco cronológico para a emergência do português escrito a segunda metade do século XII, mas retira do conjunto de três textos que apontei a Notícia de Fiadores (...) e a anotação de despesas de Pedro Parada (...). Feitas as contas, apenas Ivo Castro parece não divergir do que anteriormente defendi e aqui mantenho, considerando textos afins a Notícia de Torto, a Notícia de Fiadores, o Pacto entre Ramiro Pais e Gomes Pais, e outros, que conjuntamente tenho por textos escritos em português. 42 Lat. cl. Lat. vulgar 1a conj. -ātus 2a conj. -ētus 3a conj. -ĭtus 4a conj. -ītus Port.arc. Port. mod. -ātus -ado -ado -ūtus -udo -ido -ītus -ido -ido Quadro 1: Terminações do particípio passado regular no latim Como parte do sermo vulgaris, a terminação -ŪTUS 24 foi uma criação dos falantes da România 25 e era acrescentada tanto ao tema dos verbos vocálicos quanto ao dos consonantais. Por causa da fusão da 2ª conjugação, de tema em -Ē (verbos como monĕō, monēre) com os da 3ª conjugação (consonantais, como legō, legĕre, ou vocálicos, como capĭo, capĕre) 26, um número reduzido de verbos — aqueles com o perfectum em -UI —adota a formação fraca, adicionando, em vez de -ETU, a terminação -ŪTU. 27 Pouco mais tarde, praticamente todos os verbos daquelas conjugações adotam o -ŪTU (cf. WILLIAMS, 1962). Segundo Michaëlis [s/d] e Meyer-Lübke (1914), isso é devido a uma analogia com formas verbais como tribūtus, consūtus, minūtus, acūtus, em que o -U-pertencia ao radical tribuĕre, consuĕre, minuĕre, acuĕre. 28 Malkiel (1992: 14-15), em estudo sobre o fim do particípio em -UDO no espanhol, alega que 24A terminação de particípio passado da 2ª conjugação do latim clássico era -TU, como em “moni-tu-s, -a, -um” (CARVALHO, 1982: 153). 25De acordo com Marinho (2009), România equivale ao Império Romano: Roma e todas as regiões conquistadas. Há também a România Atual, que abrange todos os lugares onde são faladas as línguas neolatinas. 26Monēre: fazer pensar, lembrar. Legĕre: juntar, colher. Capĕre: apanhar, tomar nas mãos, agarrar. 27Quando a sílaba tônica de um verbo está no radical, diz-se que sua forma é forte; quando, no entanto, ela se encontra na terminação, a forma é chamada fraca. Em outras palavras, são as formas rizotônicas e arrizotônicas. 28Formas participiais, respectivamente: dividido (entre as tribos); cosido junto; tornado pequeno, minúsculo; feito agudo. Formas infinitivas: dividir entre as tribos, distribuir; coser junto; diminuir, tornar pequeno; aguçar. 43 (…) no pretérito perfeito do latim clássico, na primeira pessoa do singular, havia relação entre as desinências –ã(u)ā(u)ī, -ē(u)ī, e ´-ŭī, como, por exemplo, mandā(u)ī, dēlē(u)ī, fīnī(u)īehábuī. A verdade é que o tipo dēlē(u), raramente representado na literatura do Século de Ouro Augusto, apagou-se totalmente na forma coloquial do latim tardio; porém, por respeito a -ā(u)ī>-ai e -ī(u)ī>-ii, as formas com –ui mudaram seu úi tão familiar para os romanistas. A partir desse fato foi declarada a guerra aos ditongos. Assim, no imperfeito, deixou-se de aceitar a desinência “mista” --iēbam: diante da sensibilidade estrutural de-ābam apenas resistiram-ēbam e -ībam. A referente escassez hereditária de exemplos de -ētus aconselhava aos habitantes a 29 cada vez mais colocar-ūtus ao lado de -ātus e -ītus. Essa terminação não é, porém, algo tardio no latim: já era usada na época de Plauto (244 a.C. – 184 a. C.), como se pode ver pelos trechos em (02) e (03). (02) (03) Sósia:Elocutus est 30. Sósia:Tibilocutus esse? (Plauto. Anfitrião, ato I. In: COSTA, 2010: 163 e 170.) Conforme visto no Quadro 1, -ŪTUS entrou no português arcaico sob a forma -UDO, com sonorização do /t/ no contexto intervocálico e abaixamento do /u/ final breve em /o/ 31. Há consenso em afirmar que, até o século XIV, era usado apenas o particípio em -UDO com os verbos da 2ª conjugação (cf. BARACAT, 2010). 29 (...) em el pretérito perfecto del latín clássico, em la primera persona del singular, convivían-ā(u)ī, -ē(u)ī, y ´-ŭī, por ejemplo, mandā(u)ī, dēlē(u)ī, fīnī(u)ī y hábuī. Verdad es que el tipo dēlē(u)ī, muy escassamente representado ya em la literatura del Siglo de Oro augusteo, terminó por borrarse por entero em la forma coloquial del latín tardio; pero, por respeto a -ā(u)ī>-ai e -ī(u)ī>-ii, las formas con -ui mudaron a lucir su úi tan familiar a los romanistas. Dentre de este marco se declaró la guerra a los diptongos. Así, en el imperfecto, cesó de tolerarse la desinencia “mixta” -iēbam: frente a la sencillez estrucutural de -ābam solo resultaron aguantables -ēbam e -ībam. La aludida escasez hereditaria de ejemplos de -ētus aconsejava a los hablantes a colocar -ūtus cada vez más al lado de -ātus e -ītus. 30Sósia: (Ele/Ela) Disse. Sósia: Foi dito a ti? 31Vogais breves foram caracterizadas pelo abaixamento: altas passam a médias; médias altas a médias baixas e essas a baixas. 44 Assim, podem-se ver nas Ordenações de D. Afonso II, do século XII, e nas Cantigas de Santa Maria, do século XIII, construções como as colocadas em negrito em (04) e (05) a seguir: (04) “(...) e depoys for uẽçudo (...)” (Códice, Leis e Posturas antigas, Fols. 2 R. In: NUNES, 1953) (05) E pois est’ ouve dito, foi-ss’ o angeo logo a Joachin, que era metudo no meogo dũas grandes montannas, e disse-l[l]’: que tornes a ta casa logo sem alongada.” (Cant. 411, v. 60-63. In: BARACAT, 2010) 32 A partir do século XIV, começou uma nova simplificação do paradigma verbal, como já acontecera com o latim: as formas verbais da 2ª conjugação passam a dar lugar a -IDO em substituição a -UDO (cf. TEYSSIER, 2001). Dessa maneira, no século XV, aparece uma alternância entre -UDO e -IDO, como mostram os dois excertos da Crônica de D. João I a seguir, em (06) e (07). (06) E foyacor- | dado por a Rainha, & por todo- | los, que hieraõ, que o Reyno ſe | defendeſſe, querẽdo elRey de Ca-| ſtella vir a elle, & não lhe obede | ceſſem em outra couſa, ſaluo na- | quellas, que nos trautos era con- | teudo, (Fernão Lopes. ChronicaDelRey D Ioham I. Edição diplomática. Disponível em <http://www.tycho.iel.unicamp.br/~tycho/corpus/texts/xml/l_002> (07) que | ante deſto auiãorecebido dos | que contradiſſeram o caſamen- | toDelRey (Idem, ibidem.) Said Ali (1964: 147) enumera os seguintes casos de variação entre as duas terminações na Crônica de d. João I: (08) 32[E sabudo e sabido metudo e metido conheçudo e conhecido depois que disse isto, o anjo se aproximou logo de Joaquim, que se escondera no meio de umas grandes montanhas, e disse-lhe: “Eu te rogo que voltes a tua casa, logo e sem demora.] Trad. de Baracat (2010). 45 atrevudo e atrevido avudo e ávido rreçebudo e rreçebido proveudo e provido vemdudo e vemdido devudo e devido movido e movudo. Uma das últimas ocorrências de –UDO participial é encontrada na farsa vicentina O juiz da Beira, do século XVI, num diálogo entre o personagem que dá nome à peça e Ana, reproduzido em (09). (09) Juiz: E que ia ela lá catar? 180 Ana: Foram ambos a mondar e o trigo era creçudo e foi-s’ela. (Gil Vicente. Juiz da Beira.) <http://ww3.fl.ul.pt/centros_invst/teatro/pagina/Publicacoes/Pecas/Textos_GV/juiz_da _beira.pdf> Os dois séculos que se passaram para que fosse efetivada a mudança de -UDO para -IDO e a coexistência das duas formas em textos como a Crônica de d. João I, reproduzida acima, comprovam que a mudança linguística se dá gradualmente, envolvendo “variação, com as formas novas e as mais antigas coexistindo lado a lado” (NORDE, 2009). No português atual, o -UDO participial se mantém em palavras cuja origem verbal é, sincronicamente, opaca em sua maioria 33, a exemplo da interjeição caluda, do substantivo conteúdo e do adjetivo agudo; outras, como os adjetivos teúdo e manteúdo, já quase em desuso, são utilizadas apenas juntas, em expressões como as exemplificadas em (10) a seguir. Existem também algumas palavras de origem igualmente opaca que apresentam a forma do particípio latino, como estatuto e tributo. Elas não são, entretanto, exatamente o mesmo caso das palavras em -UDO por pertencerem a uma outra sincronia. 33 46 (10) Deonísio da Silva: ‘Lula fez Rose teúda e manteúda com o meu, o seu, o nosso dinheiro. Esta é a questão’ <http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/direto-ao-ponto/deonizio-dasilva-lula-fez-rose-teuda-e-manteuda-com-o-meu-o-seu-o-nosso-dinheiro-esta-e-aquestao/> À exceção do português e do espanhol, nas demais línguas neolatinas o -U- do particípio se manteve, como se pode ver no quadro 2. FRANCÊS ITALIANO ESPANHOL PORTUGUÊS ROMENO -é -ato -at -u -uto -i -ito -ado -ido -ado -ido -ut, -s -it, -ât Quadro 2: Terminações do particípio passado nas línguas neorromânicas 34 Rio-Torto (2005) chama a atenção para os constituintes do operador do particípio passado. Ela mostra que, na verdade, ele é formado por dois segmentos distintos, dos quais apenas um é realmente um sufixo: a vogal temática da segunda conjugação, -U-, e o sufixo participial “monossegmental ou unissegmental” (p. 225) -D-, herdado da forma latina -T-. Apesar do rigor da análise de Rio-Torto, nesta tese continuará a ser usada a forma -UDO para ambos os sufixos, por considerar, junto com Bybee (2006: 730) que “uma conceptualização da gramática como pura estrutura falha em nos proporcionar explicações para a natureza da gramática” 35, o que está em total desacordo com a linha teórica aqui adotada. Além disso, os elementos característicos tanto do verbo quanto do nome são percebidos como parte do sufixo: 34Adaptado de <http://www.galanet.eu/ressource/fichiers/R1897/RO%20Verbo%202.1.2.htm> “A conceptualization of grammar as pure structure fails to provide us with explanations for the nature of grammar.” 35 47 veja-se, por exemplo, o sufixo formador de verbos -IZAR, que traz em si a vogal temática e a desinência verbal (Cf. CUNHA E CINTRA, 2001). Na próxima seção, são discutidas as origens do -UDO adjetival. 4.3 O SUFIXO ADJETIVAL –UDO No latim clássico, o processo de derivação não era tão produtivo quanto o foi no latim vulgar. Assim, não são muitos os registros de nomes derivados por sufixação em latim. A fusão das declinações, citada em 4.1, proporcionou as condições necessárias para que “a restrição de ocorrência de -ut- com nomes da quarta declinação se tornasse opaca, abrindo a possibilidade de este sufixo se combinar com bases de outras declinações” (RIO-TORTO, 2005: 231). Inicialmente, a base a que -ŪTUS se acoplava era, via de regra, um substantivo referente a uma parte do corpo humano ou animal, formando adjetivos e, desde o latim e em todas as línguas em que se manteve, “sua função dominante 36 [...] é a de exprimir em um grau intenso posse do primitivo” 37 (DIEZ, 1874: 330), ou, nas palavras de Rio-Torto, “posse, em modalidade intensa, de uma propriedade ou das propriedades intensionadas [sic]pelo nome de base” (RIO-TORTO, 2005: 231). Além desse significado prototípico, há outros que são oportunamente vistos nas seções seguintes deste capítulo. Grifo meu. (1874: 330): “leur (do sufixo -udo) fonction dominante [...] est d’exprimer à undegree intense lapossessionduprimitive”. 36 37Diez 48 Podem-se citar os seguintes adjetivos formados pela adjunção do sufixo -ŪTU a uma base substantiva: astūtus, cānūtus, cornūtus, manūtus e nāsūtus 38 (Cf MEYER-LÜBKE, 1895), derivados de astus, cānus, cornū, manus enāsu 39, respectivamente. A palavra astūtus pode ser encontrada já nas Verrinas de Cícero (cf. FARIA, 1994); nāsūtus aparece nas Sátiras de Horácio (Idem, ibidem) e, alguns séculos depois, também em Marcial 40, fazendo um jogo com dois de seus significados — “o que tem nariz grande e o que tem sentido crítico” (COSTA GRAÇA, 2011: 190) —: (11) Nasutus (sic) nimium cupis uideri. / Nasutum (sic) uolo, nolo polyposum 41 Por outro lado, nos romanços, não só esse processo floresceu, por ter sido através dele que as novas línguas compensaram a perda de várias raízes quando comparadas com o latim (cf. NUNES 1951), mas também o sufixo -UDO demonstrou grande vitalidade, sendo encontrado, além de no português, no italiano, sob a forma -UTO (baffuto, panciuto, orecchiuto etc.); no espanhol, -UDO (barbudo, cabezudo, panzudo etc.); no francês, -U (barbu, , chevelu, têtu etc.) 42, como visto no Quadro 2 acima. Em romeno, exceto por cornut e càrunt, já existentes no latim, e limbut 43, esse sufixo não se manteve (cf. MEYER-LÜBKE, 1890). ordem: astucioso, velhaco, astuto; o que tem cabelos brancos; o que tem chifres; o que tem mãos grandes; literalmente: o que tem nariz grande; figuradamente, esperto, sagaz, entendido, zombeteiro, mordaz. 38Em ordem em que se apresentam: habilidade, astúcia; branco; chifre, corno; mão; nariz. Verrinas foram escritas em 70 a. C., o que demonstra a antiguidade desse sufixo (ALMEIDA, Jorge. Em: http://www.azpmedia.com/espacohistoria/); as Sátiras são de 35 a.C. e 30 a.C (MOTA, Arlete José. Em: http://www.gelne.ufc.br/revista_ano4_no2_36.pdf) e os Epigramas datam do oitavo decênio de nossa era. 41Queres parecer um tipo de um bom nariz/ Eu quero um tipo de bom nariz, não um pencudo. (Trad. Isabel Alexandra Vilares Costa Graça). 42 Italiano: bigodudo, barrigudo, orelhudo; espanhol: barbudo, cabeçudo, barrigudo; francês: barbudo, cabeludo e teimoso. Note-se que têtu é derivado de tête, cabeça, significando literalmente cabeçudo. 43Respectivamente: cornudo (no sentido de o que tem chifres); grisalho e falador. 39Na 40As 49 Uma vez que a datação serve de instrumento para a verificação da produtividade 44 de uma forma e também para traçar os significados que esta passou a veicular, adoto esse procedimento com as formas X-UDO na língua portuguesa. São utilizadas fontes escritas a partir do século X, que é o primeiro a apresentar, no Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa, uma palavra do tipo X-udo no romanço da Península: barbudo. O Gráfico 1, a seguir, mostra a produtividade do sufixo -UDO em português de acordo com as datações do Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa. A mais antiga é, conforme dito no parágrafo anterior, da palavra barbudo, do ano 960, ainda grafada baruudo; as mais recentes, cracudo e transudo, do século XXI, não constam do dicionário e são as únicas nessa situação usadas no Gráfico 1 abaixo, em que os números à esquerda correspondem aos types X-udo, ou seja, ao número de palavras novas terminadas em -UDO em cada século. O Gráfico foi montado com base nas palavras X-udo rastreadas do Dicionário eletrônico Houaiss por meio de duas ferramentas disponibilizadas na obra:(i) de pesquisa pela terminação e (ii) de pesquisa de datação. Das 187 formas recolhidas, 107 foram efetivamente datadas e é com base nessas formas que o gráfico foi confeccionado. 44Assume-se aqui, junto com Caetano (2003: 171) que para um sufixo ser considerado produtivo, ele deve estar “disponível no sistema para participar na formação de novas palavras, mas é igualmente importante que a relação entre o input e o output possa ser estabelecida de forma evidente, ou seja, que a coerência semântica entre a base e o sufixo seja estável e que a analisabilidade dos elementos constituintes do produto dessa operação não seja posta em causa. A partir do momento em que isso não acontece, o primeiro indício de uma possível mudança é-nos transmitido pela perda de rentabilidade, a qual se traduz na diminuição da frequência de output e numa transparência menor, a qual aumentará a dificuldade de se estabelecerem relações paradigmáticas regulares.” 50 Gráfico 1: Produtividade do sufixo -UDO Algumas observações devem ser feitas em relação aos dados apresentados no Gráfico 1. A primeira delas é quanto à inclusão do século X: conforme visto na nota número 23, em 4.2, não há unanimidade na divisão dos períodos históricos do português. De qualquer forma, o galego-português é um intervalo da evolução do idioma, o que justifica sua inclusão no Gráfico 1. A segunda é que os números que representam a quantidade de palavras não se referem às criadas nos respectivos séculos, mas sim àquelas registradas em cada século. De qualquer maneira, pode-se perceber, no Gráfico 1, que nos séculos XVI, XVIII e XIX houve um grande crescimento do número de formações X-udo registradas no português, o que pode ser atribuído ao fato de tais períodos terem sido de grande efervescência cultural. O século XVI corresponde à Renascença e, embora esse movimento não tenha alcançado nos países da Península Ibérica a 51 mesma intensidade que teve em outros países europeus, foi nele que surgiu o primeiro dicionário da língua portuguesa, o Dictionarium ex Lusitanico in Latinum Sermonem, de Hieronymi Cardosi (Jerônimo Cardoso), publicado em 1562. Também foram escritos livros sobre as terras recém-descobertas que, junto com o dicionário de Jerônimo Cardoso, foram utilizados como fontes do dicionário Houaiss para coleta das palavras formadoras do corpus do século XV. Fato similar acontece com o século XVIII, época do Iluminismo, e com o século XIX, que compreendeu o Romantismo e o Naturalismo, períodos em que os escritores começaram a usar em suas obras uma linguagem mais coloquial, da qual as formas X-udo fazem parte. Um detalhe importante é que, do século XIV ao XVI, a quantidade de formações X-udo mais do que dobrou, enquanto desaparecia a terminação -UDO do particípio passado, o que será discutido em 4.4. Quanto à aparente queda da produtividade do sufixo no século XXI, não é um retrato fiel da realidade, uma vez que este está apenas em seu décimo terceiro ano e o dicionário utilizado para a datação é do ano de 2002. 45 São do século XIII as primeiras acepções não ligadas a uma parte do corpo, mas a um comportamento: sanhudoe sisudo, levando dois séculos para que surgissem as próximas acepções desse gênero, abelhudo e coraçudo.Apesar de já existir em latim, como visto acima, astūtus, essas palavras, deve-se ressaltar, são criações do romanço. 187 palavras listadas como formadas por -UDO no Dicionário Houaiss, 43% delas não possuem datação. 45Das 52 Ainda concernente à produtividade, pode-se ver, no Gráfico 2 a seguir, das palavras surgidas em cada século, quantas são relacionadas a partes do corpo humano. Gráfico 2 Palavras relacionadas a partes do corpo Confrontando-se os gráficos 1 e 2, nos três primeiros séculos datados, das dez palavras introduzidas na língua, seis são o uso prototípico do -UDO, ou seja, referem-se a partes do corpo humano. 4.4 O DESTINO DO -UDO PARTICIPIAL Visto o percurso dos dois sufixos -UDO nas duas seções anteriores, esta seção se dedica a compará-los e contrastá-los, assim como a opinião de vários autores, para demonstrar o que aconteceu ao sufixo formador de particípios. Como visto anteriormente, a terminação participial-UTU já era usada desde o século III a. C, o que demonstra sua antiguidade. Viu-se também que essa terminação, de acordo com Piel (1944), adveio dos adjetivos terminados em -TO, o 53 que pode explicar o particípio apresentar a concordância em gênero e número característica do nome, em vez da concordância número-pessoal típica do verbo. Quanto ao sufixo formador de adjetivos denominais -UTU, suas primeiras aparições na língua escrita são de cerca de 70 a. C., ou seja, surgiu dois séculos depois do sufixo participial. Foi visto ainda que, ao passo que crescia o uso do sufixo denominal, diminuía, até o seu virtual desaparecimento, o operador participial, que se manteve em umas poucas formas cristalizadas cuja origem verbal tornou-se opaca. A questão que se coloca, então, é a do destino do -UDO participial: quais as origens da queda de seu uso e o que teria acontecido a ele — ter-se-ia tornado o sufixo denominal ou deixado de existir, substituído por -IDO? E, no caso de se confirmar essa segunda hipótese, como se deu essa mudança? Não há unanimidade nas opiniões dos autores que se debruçaram sobre esse assunto. Para Michaëlis (s/d: 246), o sufixo participial -UDO não desaparece: passa “a exercer a função que tivera em nasutus, cornutus”. Em outras palavras, torna-se sufixo denominal. Na visão de Piel (1944), a perda do -UDO participial deveu-se ao fato de a maioria dos verbos que utilizavam essa desinência “terem um pretérito em -i-, vogal que penetrou analogicamente no particípio” (p.21), opinião compartilhada por Castilho (2010), que destaca a “forte ligação entre as terminações do pretérito do perfeito e as do particípio passado no latim culto” (p. 154) e, mais adiante, afirma que “(c)om o desaparecimento do morfema {-ui} perde-se essa relação, generalizando-se 54 a terminação ido: havido, temido, tido”, o que encontra eco em Teyssier (2001), no que diz respeito a atribuir a queda desse sufixo à analogia. Mattoso Câmara Jr. (1985: 159) cita duas razões prováveis para a perda do -UDO: “1) a falta de apoio estrutural no resto do verbo para a vogal –u- no particípio; 2) a homonímia com o sufixo nominal –udo, para derivar adjetivos de substantivos.” Malkiel (1992), assim como Mattoso em (1), acredita que é devido à homonímia entre os dois tipos de -UDO que o sufixo participial caiu em desuso, tendo como argumento o fato de a queda do uso do operador de particípio se dar simultaneamente ao aumento dos casos com o sufixo adjetival. De acordo com o primeiro, Um método de análise pouco empregado até agora ao material em questão é o investigador perguntar-se se o jogo das flexões verbais e os sufixos de derivação, como consequência de sua homonímia ou mera semelhança, pode exercer um determinado influxo fomentando ou bloqueando uns aos outros.(p. 12) 46 parece (...) que o gradual crescimento de -udo2 no léxico coloquial e jocoso (...) coincidiu com a lenta queda de -udo1. E possível que, na sua fase inicial, os dois processos estivessem efetivamente independentes um do outro; porém, em presença de tais circunstâncias, sua autonomia pode ceder lugar a um estado secundário de concatenação. (p.23) 47 Opinião semelhante à de Michaëlis vista mais acima é a de Rio-Torto (1998), consoante a qual o operador participial -U-D foi convertido em sufixo, o que configura um processo de desgramaticalização. 46Un método de análisis rara vez aplicado hasta ahora al material en disputa es preguntarse el investigador si el juego de las flexiones verbales y los sufijos de derivación, a consequencia de su homonimia o mera semejanza, puede ejercer determinado influjo fomentando o bloqueando los unos a los otros. 47parece (...) que el palatino (sic) incremento de –udo [o sufixo] en el léxico coloquial y jocoso (...) coincidió 2 con el lento decaimiento de –udo1 [a flexão]. Es concebible que, en su fase inicial, los dos procesos, de hecho estaban independientes uno del otro; pero aun en presencia de tales circunstancias, su autonomía pudo llegar a ceder a un estado secundario de concadenación (sic). 55 Finalmente, Rio-Torto (2005) afirma que a mudança de -UDO para -IDO é devida a razões “de natureza (...) morfológica, e essencialmente conjugacional” (p. 228) e que, por ser formado por dois segmentos distintos — a vogal temática da segunda conjugação, -U-, e o sufixo participial “monossegmental ou unissegmental” (p. 225) -D-, herdado da forma latina -T- — é impossível o operador participial ter-se tornado o sufixo -UD, “bissegmental” (p. 224), indo assim parcialmente na direção de Mattoso Câmara Jr. (1) ao atribuir a queda do sufixo participial a questões estruturais e reformulando Rio-Torto (1998). No que diz respeito à cronologia dessa mudança, Rio-Torto (2005) atribui “ao peso e à relevância gramatical e funcional do verbo” a ordem em que os verbos sofreram a substituição de um formativo pelo outro. Dessa maneira, os verbos plenos teriam sido os primeiros a efetuarem a troca, que demorou mais nos verbos auxiliares e nos modais, por terem as alterações de conjugação “mais repercussões estruturais nos verbos funcionais que nos verbos plenos, sendo por isso menos mediatas naqueles do que nestes” (p. 231). Em que pese seu rigor, a análise de Rio-Torto (2005) apresenta falha ao atribuir a mudança de -UDO para -IDO apenas a razões formais. Seu modelo de análise comete o engano para o qual Joseph (2005: 5) adverte: “confundir o que é interessante ou desejável que um linguista esteja apto a fazer com o que realmente acontece nas línguas e o que os falantes fazem com suas línguas através dos tempos.” 48 Em outras palavras, o que ela descreve para justificar seu ponto de vista não seria nunca o que levaria a mudança ou permanência de um item linguístico: é uma explicação ad hoc 48“Thus I would argue that we must not confuse what is interesting or desirable for a linguist to be able to do with what actually happens to language and what speakers do with their languages through time.” 56 que não coaduna os processos que acontecem na mente do falante, que é o verdadeiro responsável pelas mudanças linguísticas. As pesquisas atuais sobre o uso da língua (BYBEE, 2006; CROFT & CRUSE, [2004] 2006; MARTELOTTA, 2011; TOMASELLO, 2003), assim como a Teoria Multissistêmica, mostram a importância do discurso para as mudanças que ocorrem nas línguas. A língua, entendida como “um sistema dinâmico e complexo” (CASTILHO, 2010: 76), é uma faculdade sociocognitiva e cultural, por ser controlada por processamento neural e ser adquirida num contexto social e cultural (LANGACKER, 2008). Seu funcionamento apoia-se nas capacidades cognitivas do cérebro, categorizando e classificando os eventos por relações de analogia ou de assimetria (Cf. BYBEE, 2006 e MARTELOTTA, 2011). Desse processo, surge a gramática, categoria abstrata que reflete “a criatividade humana” (MARTELOTTA, 2011: 61). Feitas essas observações, vejamos o que aconteceu. Não se pode pensar em concorrência de sufixos entre -UDO participial e -UDO adjetival para explicar o que sucedeu, uma vez que, para serem concorrentes, é necessário que tenham a mesma função morfológica e semântica e possam “atuar sobre uma mesma base primária, promovendo uma certa irregularidade no processo” (AREÁN-GARCÍA, 2010: 173), o que não se dava em relação às duas formas em questão, apesar da proximidade existente entre o particípio e o processo de derivação, conforme já demonstrado por Gonçalves (2005, 2011) e da homonímia entre elas. 57 Entretanto, pode-se pensar em concorrência entre -UDO e -IDO, pois ambos preenchem os requisitos para tal. Esse tipo de mudança, em que um afixo é substituído por outro de igual valor, tomando como base uma terminação já existente no paradigma do qual faz parte, foi estudada por Joseph (2005), que lhe deu o nome de “movimento lateral”. Trata-se de uma mudança na forma de um afixo gramatical que não é apenas uma simples troca de som (e então é uma mudança gramatical de “nível alto”), mas não altera a natureza gramatical do elemento ou seu status em termos de onde ele se situa no continuum do status gramatical (de palavra para afixo). Então, após a mudança, o elemento em questão não é nem mais nem menos gramatical que antes, então é um “movimento” na medida em que ocorreu uma mudança, mas que vai 49 “lateralmente” no continuum, nem para cima nem para baixo. (JOSEPH, 2005: 2) Embora veja os elementos da língua numa estrutura unilinear, a explicação de Joseph descreve, do ponto de vista morfológico, a mudança ocorrida com o sufixo -UDO participial. Maria José Carvalho (apud MATOS E SILVA) 50 , traz à luz uma cronologia bastante detalhada da queda da forma -UDO de particípio. Ela divide os verbos da segunda conjugação em três grupos, de acordo com características fonéticas de cada um. Tem-se, então, o seguinte quadro: Grupo 1 – Verbos cuja terminação participial está precedida de fonema alveolar (/s/, /z/, /r/), dental (/d/ e /t/) ou palatal (/s, /z/, /l/): conoscer, cozer, constranger, entender, encher, meter, mexer, requerer, tolher, vender, etc. No século XV as terminações das formas deste tipo são já, de um modo geral, em -ido, sendo que, quando precedidas de fricativa palatal sonora( /z/) ou das oclusivas dentais (/t/ e /d/), perduram ainda até meados desse século, apesar de já terem um nítido sabor arcaico. Importa referir que, em meios cultos, as formas arcaicas dos verbos deste tipo eram, muito provavelmente, já em meados deste século, 49 a change in the form of a grammatical affix that is not just a simple sound change (and so is a “higher level”, grammatical, change) but does not alter the element’s grammatical nature or status in terms of where it falls on the “cline” of grammatical status (from word to affix). Thus, after the change, the element in question is neither more nor less grammatical than before, so it is a “movement”, in that change has occurred, but one that goes “laterally” on the cline, not up or down it. 50 Disponível em < http://www.museulinguaportuguesa.org.br/files/mlp/texto_10.pdf> 58 sentidas como formas de marcar pejorativamente os falantes que as actualizavam. (...). Mas só decorrido cerca de meio século Gil Vicente conseguiria mostrar pelo riso as assimetrias sociais provocadas pelo franco progresso económico-cultural da era de Quinhentos. Para esse riso do público muito contribuiriam as formas arcaicas utilizadas por camponeses: a forma creçudo provém, precisamente, da boca da mulher, que tenta justificar o absurdo o comportamento (pouco digno) da sua filha. Grupo 2 – Verbos cuja terminação participial está precedida de fonema fricativo labiodental (/f/ e /v/) ou bilabial, quer se trate de fonema contínuo, quer de fonema oclusivo (/m/, /p/ e /b/): apremer, aver, dever, receber, romper, saber, sofrer, temer, etc. Quanto a este grupo participial, as formas em –ido levam de vencida as antigas, na prosa literária do 2º quartel do século XV, com excepção dos particípios dos verbos aver e saber, que só começam a ceder (com mais celeridade o 2º) no 3º quartel do século XV, coabitando, em formulários diplomáticos, até ao fim do século com as antigas variantes. Um dos melhores representantes dessa coabitação é o texto do Tratado de Tordesilhas, que apresenta em variação “auidos e por auer” e “auudos e por auer”. É muito provável que caíssem em desuso nos finais desse século (...). Grupo 3 – Verbos com duas vogais em hiato, normalmente resultantes da síncope de consoante intervocálica: creer, leer, teer, veer, e seus compostos: conteer, descreer, manteer, perleer, proveer, etc. No século XVI apenas persiste nos textos o particípio antigo do verbo ter (e seus compostos), tudo levando a crer que , no segundo quartel, foi apenas com o sentido de “moralmente obrigado”, que permaneceu até ao século XIX na linguagem jurídica. Os outros particípios começaram a implementar as suas novas variantes, também a partir de meados do século, apesar de começarem por exibir as formas intermédias, sem assimilação, creida/-o, leida/o e proveido. Face ao que foi exposto, parece importante concluir que, no que concerne à evolução de –udo para –ido e a sua propagação no tempo, estamos perante fenómenos de natureza diversa: os particípios de tipo 1 não deixaram vestígios na língua de hoje, pois fixaram-se rapidamente na língua arcaica; os particípios de tipo 2 e 3 deixaram marcas visíveis no português contemporâneo (cf. Temudo, conteúdo, teúdo, etc.), configurando, assim, um fenómeno de acentuada projecção diacrónica (1999/2000:407-408). Levando-se em consideração os sistemas da língua, pode-se concluir que o que aconteceu a -UDO participial foi uma reanálise, na qual houve a atuação da interface entre os sistemas discursivo, uma vez que é por meio desse sistema que se dá a interação entre os indivíduos; semântico, por ter havido uma dessemantização (ou desbotamento de sentido) através da qual silenciou-se o significado de -UDO como sufixo; e gramatical, uma vez que reduziu o sistema do particípio passado de três para dois paradigmas. Prova da dessemantização de -UDO participial no português 59 atual é que ele não é percebido como um afixo: o substantivo conteúdo e o adjetivo agudo, por exemplo, são, sincronicamente, simples. 4.5 -UDO ADJETIVAL Se fosse escolher uma epígrafe para esta e as próximas seções, certamente seriam estes versos tirados dos dois tercetos d’O quarto em desordem, soneto de Carlos Drummond de Andrade: “(n)esse objeto mais vago do que nuvem/ e mais defeso, corpo! corpo, corpo,/ verdade tão final, sede tão vária,/ e esse cavalo solto pela cama,/ a passear o peito de quem ama.” E, se tivesse de justificar a minha escolha, diria que, nos quartos em desordem, o sufixo -UDO, tão ligado ao corpo, encontra seu habitat. Porém, se não fosse suficiente, e me fosse pedida uma resposta acadêmica, citaria Mark Johnson, o qual diz, em The body in the mind (1987: XIX), que “(s)omos ‘animais racionais`, mas somos também ‘animais racionais`, o que significa que nossa racionalidade é corporificada“ 51, e, por isso, as experiências corpóreas são fulcrais para o modo como percebemos o mundo. Nas próximas seções, faço a análise do corpus sincrônico, com a finalidade de comprovar as hipóteses apresentadas no capítulo 1. Novamente uso da pancronia e divido este capítulo em outras cinco seções, estruturadas da seguinte forma, para servirem de fios condutores do raciocínio nelas apresentado: a primeira examina as bases a que se adjunge o sufixo através dos tempos; a segunda trata da questão dos We are “rational animals”, but we are also “rational animals”, which means that our rationality is embodied. 51 60 significados de -UDO e apresenta uma proposta de continuum em busca do significado mais prototípico do sufixo em questão e da sua rede polissêmica; a terceira apresenta a análise de alguns significados; a quarta, a relação entre -UDO e o corpo humano e, finalmente, a quinta abordando a meronímia. 4.6 AS BASES Viu-se em 4.3 que, entre os primeiros adjetivos latinos registrados formados com a junção de -UTUS, têm-se cānūtus, manūtus, nāsūtus, astūtuse cornūtus; deles, os três primeiros se referem a partes do corpo humano; o quarto, a um comportamento humano; e o quinto, a uma parte do corpo de certos animais. Em todos os casos, o sufixo foi anexado a uma base substantiva acrescentando a ideia de posse — geralmente em grau intenso — do nome formador da base. Apesar de esses substantivos não serem do mesmo tipo — astūtĭa é um substantivo abstrato e os outros são concretos, há um ponto de convergência entre os que se referem a partes do corpo, tanto o animal quanto o humano: essas partes são externas. Mais tarde, no português arcaico, a forma latina do sufixo sofreu algumas mudanças fonológicas, passando a –UDO; o tipo de base a que se juntava, quer no período arcaico, quer no início do período clássico da língua 52, passou a incluir, além de substantivos referentes a partes externas do corpo animal ou humano ou a um comportamento do homem, substantivos ligados ao reino vegetal e a coisas 53. Dos A delimitação exata dos períodos da língua portuguesa é matéria controversa, mas não importa para este trabalho. De qualquer maneira, sigo a nomenclatura de MATOS E SILVA (2006). 53 Opto pela palavra coisa devido à abrangência do que é representado pelos substantivos a que -UDO se adjungiu. 52 61 trinta e sete adjetivos 54 denominais terminados em -UDO que entraram na língua do século X ao XVI, dezessete são relativos ao corpo humano; seis refletem comportamentos humanos; sete são concernentes ao corpo de animais; dois fazem referência a vegetais; e, finalmente, quatro referem-se a coisas, mas sempre indicando alguma forma de excesso. São eles: (12) Corpo humano: barbudo, beiçudo, cabeçudo, cabeludo, espadaúdo, membrudo, corpudo, orelhudo, dentudo, pestanudo, guedelhudo, barrigudo, bochechudo, braçudo, carnudo, barbaçudo e carrancudo. (13) Comportamento humano: sanhudo, sisudo, cornudo, abelhudo, capeludo ecoraçudo. (14) Corpo animal:cornudo, penudo, quartaludo, focinhudo, bicudo, lanudo e sedeúdo. (15) Vegetais: verçudo e versudo 55. (16) Coisas: felpudo, bojudo, dinheirudo e mioludo. É somente no século XIX que –UDO vai se unir a uma base não substantiva para formar um adjetivo: primeiro, tropeçudo, em 1813 e pernaltudo, em 1899, derivado de pernalto (o qual, por sua vez, é produto de uma composição). A derivação do verbo e a do nome são formadas da mesma maneira, "ou seja, toma-se o tema verbal e se adiciona o sufixo; como ele se inicia por vogal, há a supressão do índice temático. Tal supressão só não ocorre quando o sufixo começa por consoante" (PEZZATI, 1989: 105). No que concerne à derivação do verbo, duas questões emergem: (1) se não seria uma derivação do substantivo abstrato que nomeia a ação representada pelo verbo e (2) caso a derivação se faça mesmo do verbo, se o antigo particípio passado Não levo em conta as palavras como agudo, que tem sua primeira datação no século XI, por terem, como já visto, origem no antigo particípio. 55Ver significado no Apêndice. 54 62 da segunda conjugação seria a origem da forma tropeçudo e das outras deverbais que surgiram depois. Foram quatro as construções deverbais que encontrei: explicudo, fincudo, transudo e tropeçudo. Fincudo não é classificada como adjetivo, e sim como substantivo e é sinônimo de mosquito; transudo ainda não está dicionarizada e significa "pessoa que transa muito", como se pode ver em (17) e (18) a seguir, ou "algo ou alguém que é muito bom, muito interessante", como visto em (19), : (17) pqmih transuda ? -kkkk Anônimo - porque eu transo pra caralho , tá bom a resposta ? .. pessoa fofoqueira (o) .. minha amg me chama assim , por motivos que não te interessa ! ;p Em: <http://mepergunte.com/duduzete/56697997> (18) isso depende cara expliquem-se, depende do que? da menina né, já vi virgem sem frescura, e transuda com frescura Em: <http://forum.jogos.uol.com.br/como-saber-se-uma-mina-e-virgem-ounao_t_1663009?page=2> (19) Triste crer que uma música transuda dessas esta na trilha sonora do filme do Bruno Mazzeo: http://bit.ly/r2kRNc Em: <https://twitter.com/lpfortes> Não foram encontrados exemplos de fincudo e tropeçudo na internet, e da palavra explicudo só foi encontrado um: (20) Roberto Albergaria, explicudo professor da UFBa& abusado esculhambador tanto da Metelópole-de-Língua (a Rádia Mamãe) quanto da (...) Em: www.revistametropole.com.br/pdf/revistametropole_01.pdf Quanto à etimologia, os dois dicionários usados fornecem os verbos explicar e fincar, respectivamente, como base para explicudo e fincudo e o substantivo tropeço para tropeçudo. Apesar disso, no que diz respeito à etimologia de tropeçudo, sigo Pezatti (1989), que dá como sua base o verbo tropeçar. Minha escolha é devida a uma pesquisa informal que realizei com trinta e um informantes adultos, de idades e 63 níveis culturais diferentes 56, perguntando-lhes o que era alguém tropeçudo. Desse total, vinte e um responderam que era “alguém que tropeça muito”; cinco lhe deram um significado metafórico, reconhecendo, entretanto, a agentividade contida na forma de “alguém que comete muitos erros na vida”, "alguém que fala enrolado", "alguém desastrado", "alguém que não entende muito bem as coisas", "alguém que fala bobagem"; os restantes se dividiram entre significados tão díspares quanto “alguém que é rude” (dois falantes), “alguém que tem sorte” e "os altos e baixos da vida" (este não reconhecendo qualquer traço humano na base). Pode-se perceber pelas respostas que a maioria usou o verbo tropeçar em sua definição e dois usaram verbos estativos, não sendo o substantivo tropeço usado por nenhum dos informantes. Ora, trazendo à tona novamente a questão do uso da língua, percebe-se que os falantes que reconheceram o significado mais prototípico da palavra atribuíram-lhe o verbo como formador. Além disso, não me parece haver impedimento para essa postulação, uma vez que explicudo e fincudo são, como visto acima, derivados de verbos. Da mesma maneira, pode-se atribuir ao adjetivo transudo ser um deverbal. No que concerne a uma analogia com as formas participiais em -UDO, não há sequer plausibilidade, levando-se em conta que essa terminação deixou de ser usada no século XVI, o que significa o óbvio: os falantes prototípicos do século XIX não tiveram contato com ela. De mais a mais, o verbo tropeçar, assim como os demais concernentes aos casos aqui apresentados, pertence à primeira conjugação, e o sufixo participial -UDO era usado com verbos da segunda conjugação. O nível de escolaridade dos informantes variava do ensino fundamental completo ao ensino superior completo. 56 64 Os adjetivos deadjetivais formados por -UDO são apenas cinco, e dois deles não são dicionarizados: bacanudo (de bacana) e baranguda (de baranga). Dos três restantes, não foi encontrado nenhum exemplo de conchudo, derivado do adjetivo concho, nem de pernaltudo; o outro, boazuda (de boa), apresentou ocorrências na internet. Os exemplos tirados da internet são mostrados de (21) a (23): (21) NIKE BACANUDO eu estava tão "precisada" de um tênis pra incluir na minha mala de viagem que comprei o primeiro modelo bacanudo que apareceu. Em: https://www.enjoei.com.br/produto/nike-bacanudo Acesso: 19/8/2013 (22) Abaixo, posando de "sexy"! Gorda tem que ser baranguda? Somos muito calientes, oras! Em: http://www.giprado.com/festas.htm Acesso: 17/9/2012 (23) A atriz Susana Vieira completou 71 anos nesta sexta-feira, 23, e está se sentindo muito bem com a sua nova idade. Ela destaca a sua boa forma tanto física quanto profissional, já que está brilhando na novela Amor à Vida, da Globo, como Pilar. “Estou fazendo 71 anos e continuo boazuda”, afirmou ela ao site do programa Mais Você. Em: http://caras.uol.com.br/especial/tv/post/susana-vieira-completa-71anos-afirma-continuo-boazuda-sandro-pedroso#image1 Acesso: 08/9/2013 O uso de novas classes como base para o sufixo -UDO é mais um indicador de que a língua é um sistema dinâmico, sujeito a mudanças, como se pode ver no Quadro 3 a seguir. 65 Bs + -UDO excesso do nome representado pela base Bv + -UDO excesso da ação representada pela base Badj + -UDO excesso da qualidade (+) ou (-) representada pela base Quadro 3: percurso da analogia do sufixo adjetival -UDO Conforme pode-se ver no quadro, os falantes aumentaram o escopo de atuação do sufixo a outros tipos de base: da primitiva substantiva, ele passou a ser acoplado a bases verbais e, posteriormente, a bases adjetivas. Tem-se se aqui, mais uma vez, um processo de analogia e reanálise: o DSC atua nos sistemas discursivo e gramatical causando um espraiamento do sufixo para outras bases, o que tem efeito no sistema lexical, posto que é aumentado o número de elementos que fazem parte desse último sistema. No que diz respeito à estrutura dos adjetivos formados por -UDO, resumo as conclusões de Pezatti (1989: 109-110), cujos resultados citados a seguir são os mesmos a que cheguei. Sua adição [do sufixo –UDO] ao lexema primitivo obedece à regra de sufixação geral do português: ao tema nominal adiciona-se o sufixo, havendo supressão do índice temático. Pode ser adicionado a nomes de tema em -a, -e, -o e atemáticos. (...)Os atemáticos terminados em ditongo nasal [ãw] e [ẽj] perdem todo o final ao se acrescentar o sufixo. 66 Michaëlis (s/d: 71-73) chama a atenção para os adjetivos "que são reforçados interiormente (...) pela sílaba ar", como linguarudo em vez de linguudo, no qual "o infixo r (...) entrou para evitar dois uu sucessivos"; ou "pelo infixo z ", a exemplo de mãozudo, e para aqueles "como espadaúdo (...) e sedeúdo (cerdoso), como (sic) vogal de ligação entre o tema e o sufixo. Seguramente por se querer evitar a reduplicação final — dudo." Além disso, poder-se-ia achar que espadudo seria derivado de espada. Pezatti (1989: 109-110) considera-os casos de consoante de ligação ( -z- ) ou de partícula intensiva ( -ar-, -alh- ou –anch- ) entre o lexema da palavra primitiva e o sufixo, considerados por ela como alomorfia do sufixo 57. Rio-Torto (1988: 15) não considera o -ar- de linguarudo intensificador, mas um interfixo, dando sumarento como exemplo e apresenta a variante sumento, atestada em “certos ambientes sociolinguísticos”. Embora tenha encontrado lingudo no corpus retirado da internet, essa palavra não é uma variante, posto que apresenta o significado de "o que tem língua grande", ao passo que linguarudo significa "alguém que fala demais", o que impossibilita que o -ar- seja um interfixo nesse caso, conforme pode ser visto em (24) e (25) abaixo: (24) uuuuuuuuulingudo!!!!!! kkkkkkkkkkkkkkkkkk eu tirei essa fotu agora so pra atualiza mesmo!!!! eu botanulingua pra fora!!!!kkkk tobotanulingua pros boi atoa!!!! Boi rodopiante(rodrigo) Em: http://www.flogao.com.br/caioccc/5997050 (25) Não vou contar pra ele, porque ele é o maior linguarudo. Ouvido em conversa informal. 57Gonçalves e Almeida (2008: 31), embora admitam a possibilidade de o –z- ser analisado alternativamente como parte do sufixo e, portanto, como um caso de alomorfia deste, preferem analisá-lo como “morfe-ponte”, cuja presença tem como finalidade “impedir adjacência vocálica e, consequentemente, inibir a existência de sílabas sem ataque.” 67 No que tange às partículas apontadas por Pezzati (1989) chama a atenção a partícula -alh-, a qual aparece em mamalhudo: independentemente da base a que se junge, essa partícula sempre terá um aspecto negativo 58, fato que comprova a conclusão de Pezatti (1989) de que essa partícula é intensificadora. Deve-se considerar ainda, embora não conste dos resultados de Pezatti (1989), a associação de -UDO a algumas bases que indicam aumentativo, como se pode ver em barbaçudo e testaçudo, por exemplo, o que igualmente torna mais intensa a ideia de grande quantidade ou tamanho. Outro item em que o uso não ratifica conclusões de Pezatti (1989) é quanto a -UDO estar "sempre ligado ao lexema, não admitindo outro tipo de derivação, apenas as flexões de gênero e número” (p. 110). Essa afirmação, porém, não é ratificada pelo uso, como se pode ver nos exemplos abaixo, em que foram acrescentados sufixos de diminutivo, aumentativo e grau 59 (26 a 29) e em que -UDO foi utilizado após outro sufixo (30). (26) Acoooorda menininho feliz e cabeludinho!!!! Em: <http://odiariodeumbabyabordo.blogspot.com.br/2012/05/acoooorda-menininhofeliz-e-cabeludinho.html> Acesso: 23/3/2013 (27) Anônimo disse... hahahahahaha esse aí tá muito mais magrinho do que o barrigudão do Ronaldo!!! Lucas Marenagas - Teresina -PI Em: <http://felippeneri.blogspot.com.br/2010/09/ronaldo-fazendo-escola.html> Acesso: 23/3/2013 (28) Embora eu seja uma hinduísta yogini e uma faquir loura em levitação permanente que executa os mais difíceis ásanas do Yoga clássico e devota de Ganesha (um elefantão pançudérrimo que guarda em seu ventre todos os problemas do mundo. Em:< http://br.groups.yahoo.com/group/chandon/message/104423> Conferir com gentalha, miuçalha, entre outras. de a Nomenclatura Gramatical Brasileira apontar o grau como flexão, sigo Mattoso Camara ([1970] 2006), que argumenta não ser o grau uma flexão, por não haver obrigatoriedade em seu uso nem “sistematização coerente” (p. 81). 58 59Apesar 68 Acesso: 14/8/2013 (29) Cirano é assim chamado por causa do avô narigudo, que já havia interpretado a peça de Edmond Rostand, Cyrano De Bergerac. O menino é narigudíssimo e sofre por isso. Em: <http://books.google.com.br/books/about/Menino_Narigudo_O.html?hl=ptBR&id=Y4BtPgAACAAJ> Acesso: 14/8/2013 (30) O seu Magreludo te ama muiro gatinha.. Em: http://www.orkut.com/Main#CommMsgs?tid=5535775947618993148&cmm=107962 091&hl=pt-BR Pezatti (1989: 109-110) aponta ainda um caso de alomorfia do lexema, em narigudo, causada pela derivação feita ter como ponto de partida o radical latino naric-. Finalmente, cabe registrar dois casos de hapax legomenon 60: plaquetuda e etceteruda, cujos exemplos são mostrados em (31) e (32) abaixo. (31) Doar plaquetas é outro capítulo. Além das veias fartas, é preciso ter um fluxo grande de circulação sanguínea para encher a máquina, uma geringonça impressionante que retira o sangue, separa as plaquetas e depois devolve o plasma e as hemácias para você. Foi lá que recebi outro cumprimento esdrúxulo: – Hummmmm... Plaquetuda! Não soa tão bem quanto calibrosa, parece mais xingamento, mas não me incomodei. Estou naquela fase que a Marília citou, qualquer elogio à matéria é bem-vindo. Podem espalhar por aí que sou uma dona plaquetuda calibrosa. Vai ser o meu mais novo cartão de visita. TORRES, Fernanda. Plaquetuda calibrosa. In: Veja Rio – Ano 18 – nº 11 – 18 de Março de 2009 (32) O ator Colin Farrell declarou para a imprensa que gostaria muito de ter um affair com a atriz-bocuda-peituda-bunduda-etcéteruda (sic) Angelina Jolie. ... Em: http://www.novaimprensa.inf.br/passadas/471/humor.html 60Hapax legomenon é uma expressão grega que significa "o que é dito uma única vez". É uma "palavra ou expressão de que só existe uma única abonação nos registros da língua" (Houaiss). 69 O primeiro exemplo refere-se às plaquetas sanguíneas. Utilizada numa crônica, 61 essa construção explora de maneira criativa uma das possibilidades do sufixo -UDO previstas na língua: a de unir-se preferencialmente a palavras designativas de partes do corpo humano. O que há de criativo no uso feito por Fernanda Torres, a autora da crônica, é exatamente a escolha da parte do corpo, porque as bases a que esse afixo se adjunge, como já foi visto, são as que nomeiam as partes externas do corpo, o que está longe de ser o caso focalizado. No segundo exemplo, o sufixo se une a etc, abreviação da locução conjuntiva latina et cetera, único exemplo de -UDO com uma base dessa classe. O uso de exemplos de hapax legomenon é justificado por Bauer (apud GONÇALVES, 2012: 172), de acordo com o qual o hapax legomenon "de um dado processo de formação de palavras pode ser visto como indicador de produtividade." 4.7 DOS SIGNIFICADOS Esta seção objetiva mostrar como surgem e se apreendem os significados dos derivados em –UDO. Para tal, lanço mão dos princípios gerais da Linguística Cognitiva (doravante LC) e, mais especificamente, daqueles utilizados por Castilho, algumas vezes reinterpretados. Do quadro teórico geral da LC, elejo os seguintes conceitos como básicos para a análise: (i) categorização; (ii) corporificação funcional e (iii) polissemia. 61GONÇALVES (2012: 172) diz que a linguagem literária é "(e)xcelente fonte para o estudo dos hapaxlegomena" por nela serem usadas, "por questões estilísticas, inúmeras construções morfologicamente complexas empregadas uma única vez." 70 Cabe ressaltar que tais conceitos pressupõem a noção da capacidade de conceptualização, tal como entendida sobretudo por Lakoff ( 1987: 290), que afirma que essa capacidade consiste na habilidade para criar formas simbólicas relacionadas a estruturas preconceituais baseadas nas experiências cotidianas do ser humano. Além disso, a habilidade de conceptualização permite a projeção figurativa (metafórica, metonímica, meronímica) de estruturas de domínios físicos para domínios mais abstratos, como ocorre com as formações com -UDO. Considerando que o sentido básico de -UDO é o de expressar quantidade excessiva de características corporais, há de se entender que formações subsequentes agrupam-se na mesma categoria por alguma similaridade percebida pela comunidade de fala. O processo de categorização é ligado (ou viabilizado) pela polissemia. A análise a seguir mostrará como tais extensões polissêmicas, motivadas cognitivamente, permitem tal categorização. Dada a extensão da categoria, é lícito entendê-la como uma categoria complexa. O estudo do -UDO sob essa ótica permite integrá-lo nos estudos de categorias complexas que seguem a seguinte lei geral: “Se algum substantivo tem a característica X (na base da qual sua classificação é esperada), mas é, por meio de crenças ou mitos, conectada com a característica Y, então geralmente ela pertencerá à classe correspondente a Y e não a X.” ( Lakoff, 1987: 94) 62 " If some noun has characteristic X (on the basis of which its class membership is expressed to be decided) but it is, through belief or myth, connected with characteristic Y, then generally it will belong to the class corresponding to Y and not that corresponding to X." 62 71 Tal é verificado quando se consegue fazer a ponte, na rede polissêmica, entre uma entidade como narigudo e um agentivo como cracudo . O esperado, nesse caso, é que a formação que iria emergir seria craqueiro (X), por analogia a maconheiro, mas a percepção cultural da anomalia dos usuários do crack levou a comunidade a produzir cracudo (Y). Passo agora à análise dos sentidos, recontextualizando as posições de Castilho na perspectiva abrangente da LC. 4.7.1 Da criação e aquisição dos significados de -UDO Ao explicar o primeiro postulado da Teoria Multissistêmica, Castilho (2010) diz que as línguas naturais representam em suas estruturas as categorias cognitivas de PESSOA, COISA, ESPAÇO, TEMPO, MOVIMENTO, VISÃO, QUALIDADE, QUANTIDADE, entre outras. A representação linguística dessas categorias muda de língua para língua, ou no interior de uma mesma língua, ao longo de seu percurso histórico. Mas as categorias cognitivas permanecem, pois integram os atributos da raça humana. (CASTILHO, 2010: 69) Essas categorias cognitivas são percebidas através e por causa da interação de nossos corpos com o mundo. Dessa maneira, ao vermos determinado objeto, ele é encaixado em uma categoria, e o processo de criação de imagens visuais 63 desempenha um papel bastante importante nessa atividade, posto que Damásio (2000) explica que as imagens não são apenas visuais, podendo pertencer a diferentes modalidades sensoriais: acústicas, olfativas, táteis, entre outras. Obviamente, pelo tema aqui abordado, o foco são as imagens visiuais. 63 72 Escondidos atrás dessas imagens, raramente ou nunca chegando ao nosso conhecimento, existem de fato numerosos mecanismos que orientam a geração e o desenvolvimento de imagens no espaço e no tempo. Esses mecanismos utilizam regras e estratégias incorporadas em representações dispositivas. Eles são essenciais para o nosso pensar, mas não constituem o conteúdo dos pensamentos. (DAMÁSIO, 2000: 136) Uma das formas de representar a categoria cognitiva de quantidade na língua portuguesa é através do sufixo adjetival –UDO, embora também estejam implícitas nele as categorias de espaço, posse, movimento e qualidade. Como visto no capítulo 2, esse sufixo significa, de acordo com as gramáticas, "ser provido de algo em grande quantidade" (significado que pode apresentar uma conotação pejorativa e que por si só já traz as categorias de posse e qualidade); "ser provido de, abundante em" ou "ter a forma de." Dizendo de outro modo, o sufixo -UDO é usado para representar linguisticamente uma quantidade tão acima da média em um contêiner que ela se torna saliente, como se pode ver na figura 2. 73 x X-UDO FIGURA 2 Representação da saliência de -UDO A categoria cognitiva de quantidade é estreitamente ligada à de espaço: a primeira só é excessiva se ultrapassar os limites do contêiner no qual se encontra, uma vez que as propriedades físicas de tamanho, comprimento, largura e altura, que indicam grandeza, não possuem uma divisão clara do que seja uma altura ou largura grandes porque os conceitos de muito, pouco, grande e pequeno, além de dependerem do contexto, apresentam-se num continuum, ou seja, os limites do contêiner funcionam como o contexto que vai permitir conceituar algo em relação ao seu tamanho. Essa ultrapassagem caracteriza um movimento fictício (TALMY, 2000), uma vez que o excesso "pula" do contêiner, invadindo o campo de observação do observador e indo em direção a este. Como estamos acostumados a um padrão em que tudo deve se encaixar em seus devidos lugares, a não observância dessa regra 74 cria um incômodo que contamina o significado de -UDO, transformando-o não só um rótulo linguístico de excesso: ele se torna, dessa maneira, uma marca de zombaria e de desdém, como se pode ver em (33), ou de algo que não é desejável, caso de (34) a seguir. (33) Cala aboca, escolhe argumentos melhores seu baleiudo gordo da porra.. Em: <http://www.youtube.com/all_comments?v=ZBL3gkA6dOU> (34) Melhor não arriscar sua vida e nunca dizer que sua mulher é “ancuda” Em: http://mineirasuai.blogspot.com/2007/03/pequeno-dicionrio-da-feminilidadepara_14.html Essa visão negativa já estava presente no latim: o adjetivo astuto representa "aquele que tem astúcia", a qual não era vista como uma qualidade boa, conforme mostra D' Oca (2010: 4): Diferentemente do prudente, o astuto, que é vicioso, apreende um universal que não vale senão privadamente, pois não reflete o padrão de correção da comunidade política. Com efeito, enquanto a apreensão dos particulares e dos universais feita pelo prudente é sempre virtuosa, a feita pelo astuto é viciosa, uma vez que ele perdeu de vista o que é bom, por ter sido pervertido pelos prazeres e dores. Evidentemente, o contexto também toma parte no processo de criação e aquisição de significados — a mesma palavra que é usada para expressar menosprezo pode, em uma situação diferente, ser utilizada de forma carinhosa, sem perder, no entanto, seu tom de chiste, como em (35). (35) Fotos de 27/07/2007 na consulta do meu nenenhudú-baleiúdo... Todo adulto, deixou a medica examinar ele e ficou quetinho (essa meu filhooo...acho que adora uma loira...auHauha), manteve o peso que saiu do hospital (nasceu com 3.595), sinal que pode ter perdido mais peso mais já recuperou (tem que manter o apelido), e no final meio revoltado com a vovó e o papai colocando a roupinha dele...queria que a medica examinasse mais um pouquinho! 75 Em: http://www.fotolog.com.br/gar0too/ Dentro do conceito de contexto encontram-se tempo, espaço, relação entre falante e ouvinte e relação do texto com outros textos. Em (33) pode-se perceber, pelos constituintes da frase, que há uma situação de discordância sobre algo que está sendo discutido entre o produtor do texto e a pessoa à qual ele se dirige, enquanto em (35) nota-se que é uma mãe falando sobre a primeira ida de seu filho à pediatra. Nessa situação, o peso do bebê significa que ele é grande e forte — baleiudo — e, consequentemente, saudável dentro da visão do senso comum. O contexto não é, contudo, o único meio de se depreender o significado de uma palavra. No caso das palavras morfologicamente complexas, a análise de seus componentes pode desvelar o significado das que possuem uma estrutura transparente. Desse modo, qualquer falante da língua, mesmo que nunca tenha visto a palavra barrigudo, pode isolar seus componentes e chegar à conclusão de seu significado. A pesquisa informal mencionada em 4.6 comprova essa informação: 67,74% dos entrevistados, mesmo sem nunca terem ouvido a palavra tropeçudo, conseguiram identificar seu significado prototípico através da análise de seus componentes e 12,9% identificaram um significado metafórico: pode-se tropeçar nas palavras e nos atos. Quando se trata de perceber a agentividade que o vocábulo traz, o percentual é de 83,87%. Finalmente, quanto aos outros resultados, pode-se dizer que se afastam do sentido prototípico da palavra 64, mas três dos quatro são ligados à ideia metaforizada de tropeço: “alguém que é rude”, "alguém que não entende muito bem 64É interessante notar que, dentre os quatro informantes que se afastaram mais do significado prototípico, dois tinham curso superior completo. 76 as coisas" e "os altos e baixos da vida" — os dois primeiros são tropeços nas boas maneiras e no entendimento e o terceiro, ligado à metáfora de que a vida é uma jornada, a causa de muitos machucados na alma, assim como os tropeços os causam no corpo. 4.7.2 Do conhecimento enciclopédico Existe ainda um terceiro fator basilar para a compreensão do significado — o conhecimento enciclopédico, ligado intimamente ao contexto. Essa proposição significa que "a semântica cognitiva rejeita a ideia de um léxico mental que contenha o conhecimento semântico de forma separada de outros tipos de saber" (FERRARI, 2011: 18). Nesse aspecto, "os itens lexicais (...) atuam como pontos de acesso para sistemas de conhecimento" 65 (Idem, ibidem: p. 20). Disse acima que a análise dos componentes de uma palavra, quando esses são transparentes, pode elucidar seu significado. Porém, o que fazer em casos em que a base é metafórica como em abelhudo? Adotando a análise componencial considerando o valor mais usado de -UDO visto até o momento — o de explicitador de um excesso da "coisa" representada pela base —, o resultado seria "que tem muitas abelhas". Baseando-me em Abreu (1997), solicitei a 39 adolescentes de 12 a 15 anos, alunos de um colégio da rede federal de ensino no Rio de Janeiro, que respondessem à seguinte questão: "O que é uma pessoa: (se houver mais de um significado, escreva-o)" e listei as palavras: abelhuda, cabeçuda, orelhuda, bocuda, todas 65 Destaque no original. 77 portadoras de um significado metafórico, porém abelhuda é a única nesse grupo a ter exclusivamente esse tipo de significado. O resultado obtido foi o seguinte: nove adolescentes responderam que não sabiam o significado ou deixaram em branco; quatorze atribuíram o sentido prototípico (intromissão, curiosidade, fofoca); oito atribuíram um comportamento desagradável ("que machuca as pessoas com seu 'ferrão'"; "que fica tentando te controlar"; "uma pessoa que fica encarando"; "uma pessoa que mexe em tudo"); um, semelhança inespecífica com a base ("parece uma abelha"); um, gostar da base e seis imputaram um significado de semelhança física com a base (quatro com relação ao tamanho das nádegas e dois com o dos olhos). O que interessa para a presente Tese são exatamente as respostas que saíram do protótipo: as que dão à palavra o sentido de semelhança como partes do corpo e as que aferiram a ela outros valores de comportamento negativo. A questão que se coloca aqui é a da criação e aquisição de significados metafóricos. É impossível afirmar, sem que se pergunte aos informantes que responderam com o sentido prototípico da palavra, se eles deduziram o significado ou se já o conheciam. O que será feito agora, então, é uma tentativa de reconstruir as metáforas presentes em abelhudo. Para isso, serão comparadas as acepções desse vocábulo em dicionários dos séculos XVI ao atual. Esse adjetivo foi registrado pela primeira vez num dicionário em 1562, no Dicionarium ex lusitanicum in latinum sermonem, de Jerônimo Cardoso. Por ser um dicionário bilíngue, não traz a acepção do verbete, apenas a sua tradução para o 78 latim: "Praeproperus (a. um)". Século e meio mais tarde, Rafael Bluteau publica o Vocabulário português e latino e dá esta definição: (36) "abelhùdo. Diz-se vulgarmente, de quem se apressa, & accelera, nas suas acçoens tomada a metaphora da pressa das Abelhas, quando andão no seo lavor. Praeproperus, a, um. Cicer. Praefestinatus, a, um. Ovid. Andaste muy abelhudo. Praepropere, ou praefestinè egisti." Morais e Silva, no tomo I do Diccionario da lingua portuguesa (1789), define abelhudo da seguinte forma: (37) "apreſſado: § Que ſe ingere, e intromette no que lhe não pertence, ſem o rogarem." Essa definição se repete no dicionário de Luiz Maria da Silva Pinto (1832): 66 (38) Apressado. Que em tudo se quer metter. A palavra ganha um novo sentido além do de "alguém apressado" o de alguém "que se intromete". O mecanismo que explica o novo significado é o mesmo que explica a definição de semelhança física dada pelos adolescentes que participaram da pesquisa que fiz, qual seja: o contexto em que vivem os falantes. As metáforas são baseadas em características salientes comuns a dois seres de domínios diferentes, que são transportadas de um ser a outro. Tomemos a palavra em questão. Existe o comportamento humano pressa, útil em algumas situações, mas que em excesso não é um comportamento "adequado" 67. Pensemos agora no Portugal de mais de cinco séculos atrás, país rural no qual certamente era mais fácil de se encontrarem abelhas voando ligeiras. Ora, não é difícil fazer uma analogia entre a 66 67 No site Brasiliana USP. O dito popular "A pressa é inimiga da perfeição" corrobora essa visão. 79 imagem de uma pessoa se movimentando apressadamente com a de uma abelha voando veloz. Mas e o segundo significado que lhe foi dado e se tornou prototípico em nossos dias? Novamente, tenhamos em mente a imagem da abelha (não nos esqueçamos de que o mundo nos chega através de nossos sentidos) voando buliçosa. Imaginemos agora esse inseto indo de flor em flor em busca de néctar para alimentar a todos da colmeia. Agora, mentalizemos uma daquelas pessoas extremamente curiosas, que querem saber e participar de tudo, indo de pessoa em pessoa, de casa em casa, saber das novidades. Lembremos agora de uma grande arma que o homem usa para criticar desde a Antiguidade — o riso. Está montado o quadro para a criação de abelhudo. Falta, porém, explicar a perda do significado de "quem se apressa, & accelera" (BLUTEAU) e a interpretação dos adolescentes do século XXI. Simples: ele não se perdeu, continua a existir praticamente confinado aos dicionários (ver anexo 1). Quanto ao novo significado, como dito acima, temos o mesmo mecanismo de novas metáforas: o contexto junto com as características salientes. Considerando o meio urbano em que vivem os sujeitos da pesquisa, não é comum ver abelhas voando livremente na natureza. Elas costumam aparecer apenas em locais onde são vendidos doces, com um voo curto, o que colabora para o deslocamento da centralidade deste para partes do corpo daqueles insetos na percepção das pessoas. Tantoas características físicas como as comportamentais apontadas pelos jovens em suas definições são realmente salientes: abelhas voam em torno das 80 pessoas, espetam-nas com seus ferrões e acabam fazendo com que percamos a paciência. Isso significa que os sujeitos da pesquisa perceberam um dos significados possíveis do produto resultante da junção do sufixo à base, o de "que tem propriedades da base", "que é semelhante à base". A explicação acima demonstra a importância do conhecimento enciclopédico na compreensão de significados. Dessa maneira, acredito ter deixado claro o processo mental de formação e interpretação de significados em geral e em especial dos tratados aqui. Deve-se ressaltar ainda que um percentual tão pequeno dos sujeitos conhecendo uma palavra que não é parte de um vocabulário erudito ou formal pode apontar para o fato de essa palavra estar caindo em desuso. A aquisição de novos significados e empregos não se dá apenas com as palavras: o próprio sufixo pode ganhar significações e empregos que não tinha antes. Por meio de um processo de lexicalização, -UDO passou a ser usado também como hiperônimo (Norde 2009) dos significados que agrega, como se pode ver em (39): (39) vc eh toda uda.. cabeçuda, zoiuda, nariguda, bochechuda, caruda, tetuda, pançuda, e ainda axa que eh linda... vish suashsuahshahsusu, tem cara que gosta de gorda mesmo... Eu não gosto, quem gosta são os gatos ;p HUAEHUEAHUEUHEUEHAAEUH sóquenão. Em: http://ask.fm/LauraFraga/answer/17780741317 O adjetivo caruda, constante do exemplo acima, apresenta um outro significado, desta vez metafórico, em (40), significando não uma pessoa que tem a 81 cara grande, mas uma pessoa desinibida, ou, em outro termo metafórico, "cara-de-pau": (40) sou um pouco recatada, já me disseram para ser mais caruda... como 'e? ocê tem q se aceitar do jeito q é, num vai na idéia dos outros ñ, imagina se todo mundo fosse p frente?? Se vc se acha calada de mais, tente ser mais comunicativa, mas essa história de ser mais "caruda" me parece q estão querendo q vc seja mais p frente, atirada e sem vergonha. Linda, seja vc mesmo, nunca ouvi falar q recato prejudicou alguém, já a falta dele... Espero q tenha ajudado e pense nisso, BJOKS!!! Em:http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20090311101659AAV0 dO3 Em (41), encontramos uma locução adverbial formada com o adetivo caruda, significando cinicamente, descaradamente 68: (41) Sei exatamente o que está falando, e olha que por aqui ainda tenho o Vivo Fixo de até 2Mbits/s (Speedy 2 Mega). Aqui tem cabo da NET, mas ela na caruda já afirmou várias vezes que não há demanda que justifique o investimento. Em: http://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2013/07/cabo-ousatelite-entenda-diferenca-dos-sistemas-usados-em-tvs-e-na-web.html Vistos os processos de criação e aquisição dos significados, na próxima seção farei um levantamento dos significados representados por -UDO sincronicamente. 4.8 ANÁLISE DE SIGNIFICADOS DO CORPUS SINCRÔNICO Após a formação do corpus e do levantamento na internet, em gramáticas históricas, gramáticas normativas e artigos com informações sobre o sufixo adjetival Note-se o contraste entre descaradamente, formado pelo prefixo DES-, que significa "separação" neste contexto (Cf. Houaiss), e a expressão na caruda. 68 82 -UDO, procedi à análise dos diversos significados que ele expressa. Apresento, nesta seção e respectivas subseções, o resultado dessa análise. 4.8.1 Dos significados gerais de –UDO Já vimos que, no latim, esse sufixo era atrelado a bases substantivas para representar a ideia de propriedade em excesso do nome contido na base, com valor negativo, como em manūtus, nāsūtus e astūtus. Em cānūtus e cornūtus, porém, indicam apenas posse do nome da base. Nos exemplos (12) a (16) apresentados em 4.6, pode-se observar que persistem os significados de "posse em excesso" e "posse". Deve-se prestar atenção, porém, ao que é representado pelas bases em que o sufixo -UDO/ -UTUS se adjunge para significar simples "posse", como cānūtus, cornudo e bojudo. Esse tipo de base apresenta, por si só, características que se projetam do contêiner em que estão. Nos casos em pauta, os cabelos brancos representam a velhice, um dos extremos da vida; os chifres se destacam verticalmente no animal e não são parte do corpo animal prototípico; finalmente, o bojo é uma "saliência arredondada" 69, uma "proeminência convexa" 70. Quanto a abelhudo, palavra na qual o sufixo significa “semelhante à base”, a propriedade possuída destaca-se por ser negativa, do mesmo modo que em astūtus. Até este ponto, foram identificados três valores representados por -UDO: (i) posse em excesso; (ii) simples posse e (iii) semelhante à base, que podem ser 69 70 Definição do Aurélio. Definição do Houaiss. 83 parafraseados por estruturas contendo o verbo ter — (i) que tem base em excesso; (ii) que tem base; (iii) que tem propriedades da base. No entanto, restam alguns valores a serem vistos. Tomemos como exemplo façanhudo, cuja definição é a de "quem faz façanha", e rombudo, definido como "muito rombo". Não se encontra nessas palavras a relação de posse, mas sim a de ação, que se pode parafrasear como "que pratica a ação da base", e a de nomina essendi, parafraseada por "que é base". Mesmo dentro desses novos valores semânticos, existe a proeminência do que está contido na base: façanhas são algo notável, e ser rombo não é algo positivo, pois significa que alguém ou algo não está funcionando como deveria. Pode-se, então, distribuir os valores atribuídos pelo sufixo -UDO em três grandes grupos: 1 - Posse Parafraseado por construções com o verbo ter: a) "X tem base grande" (42) Wayne Rooney barrigudo, de barba farta, comendo feijão num trailer parado num bairro pobre na Inglaterra. É assim que o craque do English Team vai aparecer num anúncio de TV Em: http://globoesporte.globo.com/futebol/copa-domundo/noticia/2010/05/depressivo-wayne-rooney-fica-gordo-e-barbudoem-anuncio-de-tv.html b) "X tem muito base" (43) Todo mundo “dinheirudo”, 13º. no bolso, a felicidade, ainda que momentânea, contagia até os mais resistentes ao Natal, que sucumbem aos apelos do marketing Em: meujeitodeser.wordpress.com/page/2/ 84 c)“X tem base larga” (44) Aílton Silva, forte e “espadaúdo”zagueiro do Peixe e do Portuguesa Santista nos anos 70 e 80 Em: http://terceirotempo.ig.com.br/quefimlevou_interna.php?id=3098&sessao=f d) "X tem base longa" (45) Eu não sou o Trançudo Justiceiro, e como eu amo a minha enorme trança. Droga! Em: http://www.xyzyaoi.org/fics/nacional/ophiuchusnoshaina/versosenfamor/ versos-02.htm e) "X tem base forte" (46) filminho nervudo mesmo... esse da aranhinha é fichinha... Em: http://forum.hardmob.com.br/showthread.php?p=4438240 f) "X tem base ruim ou defeituosa" (47) Rodilhudo. Pertence a este grupo a palavra botinudo, metáfora aplicada a jogadores de futebol que jogam mal. O processo que leva a esse resultado se inicia como uma metonímia entre chuteira e botina, este um calçado pesado e, portanto, inadequado para jogar futebol. Quando do acréscimo do sufixo, passa a metáfora. (48) Se arriscou na vida profissional no Guarani, mas em 1992, vendo que a carreira de "zagueiro botinudo" não daria certo, Mano aceitou comandar o time sub-15 do Internacional de Porto Alegre. Em: http://esporte.ig.com.br/futebol/2010/07/24/de+zagueiro+botinudo+a+tec nico+da+selecao+brasileira++9546232.html g) "X tem base" (49) PINCEL PARA BASE?? RETO OU PONTUDO? 85 Em:http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20100913141942AAA 1mG4 h) “X é feito com muito base” (50) Aramudo. i)"X tem característica(s) da base" (51) "BBB 10": Dicesar chama Angélica de "machuda" "Você é mais leve", disse Angélica se referindo ao corpo de Dicesar. Ele então respondeu: "É porque você é pesada... é mais 'machuda'", disse. Angélica achou graça da brincadeira de Dicesar que completou: "Você não é feminina que nem eu e Serginho." Em: http://natelinha.uol.com.br/2010/01/14/not_28185.php 2 - Nomina essendi Parafraseado por construções com o verbo ser: l) "X é base" (54) Este pernambucano, Bruno Maranhão, é o protótipo mais perfeito e acabado do tabacudo zisquerdista nacional. Em: http://www.luizberto.com/?p=24273 3 - Ação Parafraseado por construções com os verbos praticar e usar: j) “X pratica a ação da base" (52) Roberto Albergaria, explicudo professor da UFBa & abusado esculhambador tanto da Metelópole-de-Língua (a Rádia Mamãe) quanto da (...) Em: www.revistametropole.com.br/pdf/revistametropole_01.pdf k) “X usa a base” 86 (53) viajo no onibus 350 passeio iraja todos os dias, e percebir que em toda estenção da leopoldo bulhões os cracudos entra de graça. enfrente ao prezunic de benfica e na rodoviaria novo rio. Pontos mas frequente. gostaria de receber tambem o cartão cracudo. ja que não posso sentar no onibus, e ainda tenho que conviver com mau cheiro. obrigado Em: http://www.reclameaqui.com.br/1796369/transporte-americaltda/como-adquirir-o-cartao-cracudo/ Os resultados acima partem do significado mais prototípico ao que mais se afasta do centro. O que me levou a traçar esse percurso foi a assunção de que o significado indicando posse "X tem base grande", além de ser o mais antigo, é o que mais produtivo se mostra. A seguir, os significados de nomina essendi, pelo fato de o verbo ser, usado em sua paráfrase ser, assim como o verbo ter o é nos casos aqui estudados, estativo. Finalmente, os significados parafraseados por ação, os mais afastados do protótipo. A partir desses resultados, pode-se traçar a rede polissêmica do sufixo -UDO. Porém, antes é necessário definir o que é polissemia. Com base em Batoréo (2009) e Silva (2006), pode-se afirmar que a polissemia não ocorre apenas com itens lexicais: da mesma forma, pode-se aplicá-la a itens gramaticais,“rompendo com a dicotomia artificial entre léxico e gramática”(BATORÉO, 2009: 115). Ela é uma “rede de sentidos flexíveis, adaptáveis ao contexto e abertos à mudança, de impossível diferenciação precisa” (SILVA, 2006: 59). Ademais, sua categorização não é clássica, mas prototípica, baseando-se nas semelhanças de família de que trata Wittgenstein (1975). O fato de haver uma rede polissêmica do -UDO comprova a dinamicidade e a flexibilidade do significado linguístico. 87 Na construção dessa rede, busquei seguir o que advoga Silva (2010: 35): “procurar o significado esquemático (...), sem todavia o considerar como o significado essencial ou a condição necessária e suficiente, e ao mesmo tempo analisar os usos contextuais particulares, sem todavia exagerar as diferenças de sentido". Assim, embora reconheça um significado original que também é prototípico e que está situado no centro da rede, reconheço, da mesma forma, que não há algo em comum a todos os significados que o sufixo adjetival -UDO adquiriu com o passar dos séculos. A figura 3, a seguir, esquematiza os significados de -UDO: no centro, tem-se o significado prototípico; os demais significados são ligados a ele por linhas de tamanhos diferentes — quanto menores as linhas, mais próximo do significado prototípico. 88 X usa muito a base X pratica muito a ação da base X tem muito base X tem base larga X tem base longa Xé base X tem base grande X tem base forte X é feito com muito base X tem propried ades da base X tem X tem base ruim ou defeituos a base FIGURA 3 Rede polissêmica do sufixo -UDO 4.8.2 De alguns significados Esta subseção tem como objetivo discutir algumas palavras formadas pelo sufixo -UDO, mas cujo significado encontrado na internet não coincide com as acepções do dicionário. 89 Através da categorização, o ser humano organiza suas experiências em conceitos. É um processo mental que origina as categorias cognitivas ou conceitos, agrupados pelas semelhanças que apresentam entre si. Esse processo é responsável por, entre outras coisas, os significados que damos às palavras e como as ordenamos e explica a falta de coincidência entre o uso efetivo feito pelos falantes e a definição dicionarística. A primeira palavra a ser analisada aqui é bagajudo. De acordo com os dicionários utilizados nesta pesquisa, significa “referente a, ou cascalho grosso.” Entretanto, o significado encontrado nas frases recolhidas foi o de “que tem nádegas grandes” e “aquele que tem uma bagagem cultural grande”, ou seja, "X tem base grande", o significado prototípico do sufixo, como se pode ver nos exemplos abaixo: (55) 18:24 Marcello bagajudo uahuahuah... pára.. kkk :): poxa dai quem nao se anima com uma poupança dessa??? 18:34 Marcello larga minha bundao bagajuda em paaaz... kkkkkkk 18:34 Mαryαηηe . ǝηηαʎɹαɯ [KJM] a gente desculpa...mas a bunda dele e d+ muito SEXYYY Em:http://chatlogs.meebo.com/room/megacubobatepapoaa9ad101/logs/20 10/02/27/page13/ (56) "o Junior é o cara, sem dúvida a bateria é uma extensão do corpo dele, ele é BAGAJUDO em tudo que faz. agradeço a deus por conhecer ele e chamalo de meu IRMÃO. Em: http://www.youtube.com/user/nilsonandresoaresf Para birrudo, os dicionários apresentam estas definições: “que tem pênis grande”, “cujo pênis é grande”, correspondentes a "X tem base grande", que coincidem com o encontrado na internet. Porém, também foi encontrado o uso significando “aquele faz birra” ("X faz base"): (57) Fui idiota, fui criança, fui birrudo, cabeça dura e impulssivo nas decisões que tomei depois de terminarmos o namoro… 90 Em: http://www.donoctavio.com.br/?page_id=597 Nos dois casos vistos acima, os novos significados foram possíveis graças a uma análise do significado das respectivas bases sem correspondência com o significado dicionarizado. Em bagajudo, cuja etimologia é obscura, houve o entendimento — possível — de que o adjetivo provém de bagagem, e em (57), o de que birrudo se origina de birra. A palavra braçudo, dicionarizada como “que tem braços robustos, compridos, grossos ou musculosos”, tem uma ocorrência em que significa “aquele que tem muitos braços” ("X tem muito base"), fazendo referência a um polvo: (58) Isso o site “Pregunta al Pulpo Paul” (”Pergunte ao Polvo Paul) traz nosso amigo braçudo em versão virtual Em: http://efacil.jor.br/blog/noticias/internet/o-polvo-resolve-pravoce.html Em bolachudo, palavra que significa "que tem faces gordas ou rechonchudas", tem-se uma metáfora de origem no domínio da culinária: (59) Esse rosto BOLACHUDO, vai sumir rapidinho! Em:http://mairameuemagrecimento.blogspot.com.br/2010_07_01_archive.ht ml Cabeçudo é uma palavra que vem sofrendo gradações: de seu significado literal correspondente a “que tem cabeça grande”, metaforicamente agregou o de “teimoso” e, mais recentemente, o de “pessoa muito inteligente”, ou seja, abstratizou-se, conforme mostra (60): (60) Cabeçudo que é cabeçudo merece ser reconhecido! Parabéns a minha irmã Rapha, que acabou d passar de primeira na prova da OAB! Seu porte de arma foi liberado hermana!!!!! Em: <http://www.facebook.com/gabrielakastalski> 91 Caneludo também ganhou, através de um processo metonímico, um novo significado que não consta dos dicionários, o de "mau jogador de futebol": (61) Os craques (e caneludos) da primeira fase Em: http://veja.abril.com.br/blog/copa-2010/jogadores/os-craques-ecaneludos-da-primeira-fase/ Em caroçudo, o que vem à baila é a questão de se o significado — “que tem caroços, encaroçado” — é percebido pelos falantes pela quantidade de caroços ou pelo tamanho destes. A pesquisa descrita em 4.7.2 também foi utilizada para testar qual seria a percepção dos falantes a respeito dessa questão. Para cumprir esse objetivo, foi solicitado aos informantes que dessem três exemplos de frutas caroçudas, justificando suas escolhas. Das respostas válidas, ou seja, daquelas que não só apontaram as frutas, mas justificaram suas respostas relacionando-as quer à quantidade, quer ao tamanho dos caroços, trinta apontavam como caroçudas frutas que têm caroço grande, e vinte relacionavam o adjetivo com muitos caroços, o que demonstra que o significado de “o que tem a base grande” realmente prepondera sobre os outros. Classudo não se relaciona ao corpo, mas ao comportamento da pessoa, à maneira como se veste, como anda, como fala. (62) "Não tenho uma marca registrada, as pessoas me colocaram como a rainha mais classuda. Penso que me chamam assim porque minhas fantasias são bem desenhadas e bem trabalhadas, tenho esse cuidado" Em: http://www.caras.com.br/secoes/noticias/noticias/11718/ Outro significado que chama a atenção é cornudo, por ser difícil estabelecer qualquer relação entre os animais portadores de chifres e maridos traídos 71, pois, 71 Embora os vocábulos aspudo e chifrudo mostrem que essa analogia vem sendo feita. 92 como aponta o dicionário Houaiss “os animais de chifre (veados, corças, búfalos, gazelas etc.) vivem acasalados ou as fêmeas ao redor de um macho único, ciumento e brigão (touros, bodes, carneiros etc.).” O dicionário de Bluteau explica, na página 552, que, de acordo com Abrahão Abimafra, estudioso da cultura hebraica,o hábito de chamar os maridos traídos de cornudos começou entre aquele povo: “ſe apregoava ao ſom de muyta Bozina 72 (...) que os maridos das adulteras foraõ chamados cornudos, porque ſaõ divulgados pelas ruas como ſe foſſen apregoados com Bozina.” Caso essa explicação esteja correta, houve uma desativação da metonímia e da metáfora primitivas por ser a origem destas algo muito específico de um dado momento de um grupo cultural. A transposição feita pelos falantes, do domínio da cultura para o domínio do reino animal, tem um alcance universal, uma vez que os animais com chifres são encontrados em todas as civilizações. Os adjetivos louruda e morenuda atrelam a si condições para seu emprego que ultrapassam a da simples soma das partes que os compõem, pois, para ser uma louruda ou uma morenuda (ou os respectivos masculinos) é necessário, além de ter os cabelos louros ou a pele morena, ser portadora de muita exuberância (63), às vezes sem importar a idade (64): (63) Final de partida e a morenuda entrevista Givanildo Oliveira. Em: http://www.papodebola.com.br/papodemidia/coluna/200605-02.htm (64) Niver da Hebe: a louruda com a anfitriã Lucília Diniz, e a imperatriz da elegância Lili Marinho. Em: http://marciog.blogspot.com.br/2009/03/niver-da-hebe-louruda-comanfitria.html A buzina de que trata o texto é o chofar, artefato feito de chifre tocado em cerimônias rituais judaicas, daí a metonímia que evoluiu para a metáfora a partir da adjunção do sufixo. 72 93 O adjetivo machuda é aplicado a seres do gênero oposto ao indicado pela base. Refere-se a mulheres cujo corpo é muito masculinizado ou que são lésbicas (65) e (66). Mulherudo é usado para qualificar um homem que gosta de conquistar muitas mulheres e apresenta uma forma feminina que significa “mulher que tem o corpo muito exuberante”, como se vê nos exemplos (67) e (68): (65) "BBB 10": Dicesar chama Angélica de "machuda" "Você é mais leve", disse Angélica se referindo ao corpo de Dicesar. Ele então respondeu: "É porque você é pesada... é mais 'machuda'", disse. Angélica achou graça da brincadeira de Dicesar que completou: "Você não é feminina que nem eu e Serginho." Em: http://natelinha.uol.com.br/2010/01/14/not_28185.php (66) A Madonna é machuda ou não? vi que um clip dela erótico ela ta beijando uma mulher,e um show dela em paris ela beijou uma fã dela, Em: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20100914230754AAYI2AI (67) encontrei uma mina das passadas e firmamo uma parceria, pra acompanhar encontro Paulin, vulgo mulherudo afim daquela disputa básica, Em: http://efontesjr.blogspot.com/ (68) E cá entre nós, a Gardner dá de pau na Kelly. A Gardner é muito avassaladora, mulheruda… Em: http://dadagaio.wordpress.com/2012/08/04/mogambo-eua-1953/ Magreludo merece atenção pelo fato de a base a que se atrela ser um adjetivo formado por derivação sufixal — magrelo. Seu uso, todavia, ao contrário do da palavra que lhe dá origem, não é depreciativo, como mostra (69) (69) Anônimo - 05/11/2010 O seu Magreludo te ama muiro gatinha.. Em: http://www.orkut.com/Main#CommMsgs?tid=5535775947618993148&cmm =107962091&hl=pt-BR 94 Em melecudo tem-se a substituição de -ENTO, sufixo canônico de melequento, em cujo lugar é colocado -UDO: (70) Perseguição ao melecudo Aninha, Bebeta e Bia perseguem o tirador de melecas mais nojento do trânsito de Aracaju Em: http://www.youtube.com/watch?v=bYxQ0Ml-LW8 Pezatti (1989: 111), aponta que "(n)o caso de -ento, há um certo valor depreciativo ou negativo, que se intensifica no uso de -udo.” Para confirmar esse resultado, fiz uma pesquisa informal perguntando a dez falantes nativos de português se melecudo e melequento eram a mesma coisa e qual dos dois adjetivos era pior para se chamar alguém. As respostas variaram quanto ao significado das palavras: alguns acharam que era a mesma coisa; outros, que melequento significava alguém que tivesse sempre melecas, ao passo que o melecudo as teria esporadicamente; houve ainda quem dissesse que melequento seria ligado à quantidade e melecudo ao tamanho do nome representado pela base. Quanto a um ser pior do que o outro, não houve ninguém que conseguisse fazer uma distinção. Olhudo é apresentado nos dicionários consultados como tendo apenas um significado, o de "que tem olhos grandes". Todavia, essa palavra apresenta um outro significado muito comum, obtido por um processo metonímico: "guloso, que quer comer tudo o que os outros estão comendo", mostrado em (71): (71) Minha filha tem sete meses e é super olhuda. Tudo que vê a gente comendo quer também. Em: http://www.e-familynet.com/phpbb/o-bebe-de-vcs-e-olhudo-vt346757.html Acesso: 12/9/2010 95 Ombrudo não é dicionarizado ainda, embora tenham sido encontrados vários exemplos de seu uso, que tanto pode se aplicar a pessoas quanto a peças de vestiário, como se pode ver em (72) e (73): (72) Um comentário: jeff kusanagi disse... kkkk legal mano ou mais vc é mais ombrudo, mais parrudinho né? ficou massa XD 14 de setembro de 2010 17:32 Em: http://leocarpes.blogspot.com.br/2010/09/eesse-aee.html (73) Ao contrário de seus colegas das outras tradicionais maisons francesas, sua moda é rapidamente assimilável: calça justa, regata básica, blazer “ombrudo”, vestido curto, justo, tomara que caia… tudo usado com sandália de salto cheia de tachas. Em: http://msn.lilianpacce.com.br/moda/dercanin-o-novo-nome-da-modainternacional/ Topetudo tem sua primeira datação em 1789, com o significado de "que traz ou usa topete". Entretanto, ele adquiriu outro significado, também dicionarizado, de "indivíduo destemido, atrevido". O Houaiss não traz a datação desse segundo significado, mas é possível que tenha surgido por metonímia, na década de 1950, época em que a "juventude transviada," cujo comportamento era extremamente atrevido, usava topete. Trançudo, que significa "que tem trança(s) longa(s)" (X tem base longa) (74): (74) Trançuda Recordista, americana tem trancinhas no cabelo com quase 6m de comprimento Em: http://espirreinafarofa.blogspot.com/2009/11/trancuda.html A palavra varudo não foi encontrada com a mesma acepção do dicionário, mas sim em um uso metafórico, em que o domínio fonte foi o reino vegetal: 96 (75) Mas a Chris já viu algumas vezes a sua vara e sempre fala que vc é muito varudo pra ela. Em:http://04029c3968c0991306.comunidade.uolk.uol.com.br/2007_09/topic2 007_09-10_19_18_20-11692145.html De acordo com os diconários consultados, o adjetivo veiudo refere-se a cães cujo comportamento é inconstante, estando mansos num dia e ferozes noutro. Todavia, numa interpretaçaão feita de acordo com a base, o substantivo veia, o significado que lhe é logicamente atribuído pelos falantes é o de "que tem muitas veias", como mostra o exemplo (76): (76) BICEPS "VEIUDO" - ALGUEM TEM DICAS?? Em:http://www.fisiculturismo.com.br/forum2/viewtopic.php?p=422600&si d=11d26d30828eb18125a2ab3964468cef Finda essa análise, será vista na próxima seção a relação do sufixo -UDO com partes do corpo humano. 4.9 -UDO E O CORPO HUMANO O sufixo –UDO entrou na língua, como já visto, agregado a substantivos denominadores de partes do corpo humano, para designar um excesso dessa parte. Essa porta de entrada não surpreende se for levado em conta com Johnson (1987) que o mundo chega à nossa mente através do corpo, ou seja: temos noções táteis, visuais, olfativas, auditivas e gustativas e, através delas, construímos nosso raciocínio. É o que também mostra Damásio (2000: 117) Se o corpo e o cérebro interagem intensamente entre si, o organismo que eles formam interage de forma não menos 97 intensa com o ambiente que o rodeia. Suas relações são mediadas pelo movimento do organismo e pelos aparelhos sensoriais. O ambiente deixa sua marca no organismo de diversas maneiras. Uma delas é por meio da estimulação da atividade neural dos olhos (dentro dos quais está a retina), dos ouvidos (dentro dos quais está a cóclea, um órgão sensível ao som, e o vestíbulo, um órgão sensível ao equilíbrio) e das miríades de terminações nervosas localizadas na pele, nas papilas gustativas e na mucosa nasal. As terminações nervosas enviam sinais para pontos de entrada circunscritos no cérebro, os chamados córtices sensoriais iniciais da visão, da audição, das sensações somáticas, do paladar e do olfato. Por meio do raciocínio, o ser humano conceptualiza o mundo ao seu redor. Dentre os conceitos que cria, encontram-se os de bom e ruim, bonito e feio, muito e pouco. Obviamente, a divisão entre eles não é feita de maneira cartesiana: todos os conceitos são sujeitos a revisões ditadas pelo tempo e pelo espaço. Dito em outras palavras, ditadas pelo contexto. Para expressar esses conceitos, existem rótulos linguísticos a eles associados (Cf. Castilho, 2010), e o sufixo adjetival -UDO é um deles. Ele tem características dos adjetivos predicativos, definidos por Castilho (2010: 513) como, entre outras coisas, aqueles que "predicam o substantivo ou toda uma sentença". Mutatis mutandis, o sufixo -UDO, por sua natureza avaliativa, predica o nome que está na base dos adjetivos formados por ele. Assim, inicialmente ligado à feiúra e à desproporção, esse sufixo, desde sempre, aludiu “a um excesso, um exagero que parece cômico, pelo desproporcional da característica em questão, despertando o riso”, o que levaria seus derivados a assumir “o papel de umas caricaturas em miniatura às vezes 98 bastante cruéis.” 73Essas afirmações de Malkiel (1992: 17), referentes ao espanhol, podem ser aplicadas também ao português. Um exemplo do valor negativo pode ser visto na metáfora derivada de uma metonímia a seguir (77) Por isso deixe de ser uma pessoa bicuda, trate as pessoas próximas como seus amigos, não exponha seus amigos às suas radiações de não sou feliz. Em: http://somostodosum.ig.com.br/clube/artigos.asp?id=09647 O adjetivo bicuda refere-se a uma expressão facial que reflete um estado de espírito: uma pessoa bicuda é aquela que está ou é mal-humorada. Tem-se, nesse caso, a metáfora "o rosto é o espelho da alma." O valor negativo foi aos poucos dividindo as possibilidades de significação do sufixo com um valor positivo, do qual temos vários exemplos: (78) Clipe/Comercial Bacanudo do dia: Sexy People 10 de maio de 2013 Interessante a ideia de uma marca pagar por um clipe e ter seu carro chaveirinho aparecendo e compondo bem o cenário. Certamente acertaram a mão, já que o clipe tá com quase 5 milhões de views. Em: http://www.chongas.com.br/2013/05/clipecomercial-bacanudo-do-diasexy-people/ (79) aaaah eu fico toda boba, meeu menino lindo, morenudo fofoo de minha vida, Em: http://www.fotolog.com.br/reeltoon/43164501 (80) Pô, olha aquela morena pedaçuda! Ouvido em conversa informal. (81) PRÍNCIPE WILLIAM AINDA MAIS LINDO E eu preciso dizer que achei ele liiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiindo barbudo!! Ele tá lindo!! Em: http://wp.clicrbs.com.br/n9ve/2008/12/26/principe-william-aindamais-lindo/?topo=52,1,1,,170,e170 73“ Lo característico es que los adjetivos en cuestón aludan a un exceso, uma exageración que parece cómica, por lo desproporcionado del rasgo en cuestión, despertando la risa. Así, esos derivados asumen el papel de unas caricaturas en miniatura a veces bastante crueles.”(MALKIEL, 1992:17) 99 Um dos fatores responsáveis pela instauração desse valor positivo é a mudança na visão do corpo que tem acontecido nas últimas décadas: o belo agora é um corpo saudável, moldado por longas horas de exercícios físicos nas academias, conforme se pode ver em (82) abaixo, retirado dos comentários a respeito de uma jogadora de vôlei que estava se recuperando de uma lesão (82) Cavalheiros, não acredito que estejam babando uma mulher dessas: gostosa, coxuda, deliciosa, linda, que deva morar la em casa a qualquer hora ? Por favor, né ? Esqueçam isso ! Deixe que eu me resolvo com ela, por favor ! Obrigado ! Amigo é pra essas coisas ! 19/08/12 14:45 Atualizado em 19/08/12 15:18 Em: http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2013/08/em-tratamentode-lesao-tandara-so-deve-voltar-quadras-em-setembro.html Obviamente, o valor positivo relativo a partes do corpo passa pelo filtro do gosto de cada indivíduo, mas certamente há uma área em que ser udo ou uda é altamente positivo, conforme mostram os anúncios a seguir: (83) Garanhão enrabando a bocetuda Em: http://www.deusasporno.com.br/sexo/garanhao-enrabando-abocetuda/ (84) quero um pistoludo comendo minha mulher em bh – Em:www.mundoanuncio.com/.../quero_um_pistoludo_comendo_minha_mu lher_em_bh_vale_s_eofranciscano_da_bahia_117306... Esse valor positivo é expresso pela metáfora “A APAREÊNCIA FÍSICAÉ UMA FORÇA FÍSICA” 74, apresentada em Johnson (1987: 7), e que se reflete culturalmente em expressões como beleza devastadora, estar deslumbrante e ser atraente, entre outras. A metáfora idealizada por Johnson (1987: 8) apresenta alguns desdobramentos, dos quais cinco serão explorados aqui 75: (i) uma pessoa é 74 PHYSICAL APPEARANCEISA PHYSICAL FORCE. 100 responsável pela força que ela exerce em outra; (ii) emoções seuxuais são a resposta natural ao se ter uma força sexual agindo sobre si (iii) qualquer um usando uma força é responsável pelos efeitos daquela força; (iv) uma pessoa com uma aparência sexy é responsável por despertar as emoções sexuais de outra; (v) as emoções sexuais resultam naturalmente em atividade sexual 76. A visão da aparência física como força explica o porquê de os adjetivos em -UDO estarem constantemente presentes nos sites de anúncios sexuais, principalmente se for feita a ligação com a crença popular de que TAMANHO É DOCUMENTO: ao apregoarem o quanto são udos, os que se anunciam valorizam-se mostrando sua potência e, consequentemente, o seu desempenho sexual, conforme em (85) (85) Ela é toda uda, tetuda,bunduda, coxuda, bucetuda, toda boazuda REGINA RIZZI RAINHA DO ANAL Em: http://brasileirinhasplaysexy.blogspot.com.br/2013/01/ela-e-todaudatetudabunduda-coxuda.html?zx=686a526743df669c Na contramão dos exemplos de (78) a (85), há os vocábulos cabaçuda e cabaçudo. As duas palavras têm entradas diferentes pelo fato de a forma masculina apresentar um significado além do que expressa virgindade, que é o de “puro, ingênuo e inexperiente, como uma mulher virgem” e “homem simples e ingênuo, que lembra a mulher virgem inexperiente”. O que é digno de discussão é o fato de a A metáfora e seus desdobramentos referem-se, em Johnson (1987), à análise de entrevistas de homens ligados a mulheres estupradas (médicos, advogados, promotores, maridos e namorados e um estuprador). Por isso, procedi a algumas adaptações, substituindo a palavra mulher por pessoa, uma vez que o presente estudo tem escopo diferente do realizado por Johnson. 76 (i) A WOMAN IS RESPONSIBLE FOR THE FORCE SHE EXERTS ON MAN; (ii) SEXUAL EMOTIONS ARE THE NATURAL RESPONSE TO BEING ACTED I´PM BU A SEXUAL FORCE; (iii) ANYONE USING A FORCE IS RESPONSIBLE FOR THE EFFECTS OF THAT FORCE; (iv) A WOMAN WITH A SEXY APPEARANCE IS RESPONSIBLE FOR AROUSING A MAN'S SEXUAL EMOTIONS; (v) SEXUAL EMOTION NATURALLY RESULTS IN SEXUAL ACTIVITY. 75 101 palavra que serve de base ser uma parte única e não mensurável da anatomia e, apesar disso, a construção aqui tratada se inclui no grupo 1, no subgrupo "X tem muito base". Para entender essa acepção, há que se apelar para o conhecimento enciclopédico. Embora haja uma hipervalorização da virgindade em grupos conservadores, em outros grupos tal fato não existe, e o que os adjetivos cabaçuda e cabaçudo transmitem é que considera-se excesso a existência da referida parte do corpo porque ela não era mais para estar no corpo, o que explica sua colocação como tendo a base em excesso e não em "X tem base". E, como não é exercida a força aludida anteriormente, as duas palavras são pejorativas. Na próxima seção, será apresentada mais um tipo de relação estabelecida pelo sufixo -UDO com o corpo humano: a relação meronímica. 4.10 -UDO E A MERONÍMIA As relações parte-todo, do ponto de vista da linguística cognitiva, são vistas como relacionadas à familiaridade que temos com o nosso corpo e suas partes e são fundamentais para a meronímia (Cf. UNGERER e SCHMID, 2006). O corpo humano não é um superordenado per se, mas uma categoria de nível básico que pode ser ativada como superordenada (Idem, ibidem). Por outro lado, as relações entre hipônimos e hiperônimos são consideradas relações “tipo de”. 102 Assim, em palavras derivadas como os aumentativos em -ÃO 77, tem-se uma relação conceptual "tipo-de" ou, em outras palavras, um hipônimo lato sensu, uma vez que ele pode ser considerado um tipo do hiperônimo que é representado pela base.Veja-se, por exemplo, narigão, que pode ser considerado um tipo de nariz: há narizes arrebitados, pequenos, médios, grandes, aduncos. Os vocábulos formados pelo sufixo -UDO, por sua vez, embora transmitam prototipicamente a noção de algo muito acima das dimensões consideradas aceitáveis pelo senso comum, não são, como já visto, aumentativos: antes, significam "posse em grandes dimensões do nome indicado pela base" 78. Esse significado estabelece uma relação meronímica entre uma entidade X, que é subfocalizada, expressa pelo verbo ter e é o holômimo desse merônimo. Em (86) e (87), temos exemplos que comprovam essa relação: (86) braços longos e finos, saboneteiras profundas, rosto fino e seco, pescoçuda, os dedos longos e finos pareciam pernas. Em: http://mulheresneura.blogspot.com/2009_01_01_archive.html (87) Polícia procura por bandido narigudo na Áustria Em:http://noticias.terra.com.br/popular/interna/0,,OI616828-EI1140,00.html A meronímia ou partonímia é uma relação semântica, estabelecida entre significados contextualmente construídos, o que a diferencia da relação parte-todo, que é entre duas entidades individuais. Opto por considerar o aumentativo em -ÃO um caso de derivação. Para discussão sobre o assunto, ver Andrade (2013). 78 Nesta seção trabalho apenas com o significado prototípico de -UDO, por ser o que se adequa ao aspecto aqui analisado. 77 103 Os exemplos (86) e (87) são merônimos porque significam a “posse de um atributo saliente que é parte de uma pessoa” 79, e as categorias expressas pela base são parte de um todo, mas é para elas que converge a atenção dos falantes. Existe, porém, um grupo dessas palavras que, além de representar a posse em grau elevado, passa a nomear o ser por sua parte, num processo meronímico, semelhante ao da metonímia, em que um paciente é chamado pelo nome da doença que apresenta, como em (88) (88) O apendicite já está na sala de recuperação. Os exemplos (89) a (92) a seguir servem para expor mais claramente o processo mencionado no parágrafo anterior: (89) Professora, meu irmão é muito cabeçudo! Ele só tira notão em tudo! Conversa com aluna. (90) Cabeçudo que é cabeçudo merece ser reconhecido! Parabéns a minha irmã Rapha, que acabou d passar de primeira na prova da OAB! Seu porte de arma foi liberado hermana!!!!! Em: <http://www.facebook.com/gabrielakastalski> (91) Ciclista coxudo tatua anéis olímpicos na panturrilha e ganha massagem nas coxas gigantes Em: http://extra.globo.com/esporte/londres-2012/ciclista-coxudo-tatuaaneis-olimpicos-na-panturrilha-ganha-massagem-nas-coxas-gigantes5834539.html (92) Hoje fiquei aqui cá comigo com meus botões pensei...será que a coxuda gosta deHeidegger? Aquelas coxas monumentais, de onde provavelmente saiu o big-bang, onde estãodepositadas as forças ingentes de todo o universo... Em: http://br.groups.yahoo.com/group/acropolis/message/94177 Em (89) e (91), podem-se ver exemplos de merônimos: no primeiro, tem-se uma metáfora conceptual representando a inteligência do irmão da falante (mais 79 Para esta seção, interessam apenas as palavras referentes ao corpo humano. 104 uma vez, a corporificação da mente); no segundo, uma parte do corpo do ciclista que é focalizada. O exemplo (90) apresenta a mesma metáfora de (89), porém, desta feita, a focalização se dá em relação à pessoa. Pode-se perceber que no exemplo (92) a conceptualização também se dá em relação à pessoa. Isso quer dizer que, nesse tipo de formação, o holônimo não é a parte à qual o merônimo está imediatamente ligado, mas sim o ser que o possui 80. Ao contrário dos merônimos, que são caracterizados orientados em relação a um determinado holônimo, os holônimos são mais independentes, posto que não são conceptualizados obrigatoriamente em direção a merônimos específicos. Morfologicamente, para que o adjetivo se torne um holônimo, tem-se um processo de derivação imprópria, uma vez que o adjetivo original passa a ter características de substantivo 81, sem, todavia, apresentar marcas morfológicas correspondentes (Cf. BASÍLIO, 2004). Dessa maneira, em (80) e (82), há um merônimo, ao contrário do que acontece em (81) e (83), que são holônimos. Um caso interessante mostrado por Croft e Cruse (2005) diz respeito ao que eles chamam de “supermerônimo” e “hipo-holônimo” de um lado, e de “hipomerônimo” e “super-holônimo” de outro. Para o primeiro caso, eles dão o exemplo de “unhas”, que tanto são encontradas nos dedos das mãos quanto nos dos pés. Embora em (80) a característica se espalhe pelo todo —não se é inteligente apenas no cérebro, a inteligência se espraia por todo o ser — há diferenças entre os dois empregos de cabeçudo. Para aprofundar o assunto, ver Basílio (2006). 81 De acordo com Basílio (2006), devem-se utilizar não só critérios semânticos (como fazem as gramáticas tradicionais), mas também morfológicos e sintáticos. Desse modo, o substantivo designa seres ou entidades, apresenta e determina flexão de gênero e número e serve de núcleos para o sujeito, os objetos e o agente da passiva. E o adjetivo caracteriza e qualifica os seres e as entidades, concorda cm eles em gênero e número e funciona geralmente como adjunto adnominal e predicativo do sujeito. 80 105 O segundo caso é ilustrado por corpo em relação aos órgãos sexuais masculino e feminino. Embora eles tenham o mesmo holônimo lato sensu, definitivamente há duas subclasses de corpo em questão, uma vez que, prototipicamente, não se encontram os órgãos sexuais masculinos no mesmo corpo em que se encontram os femininos. Mesmo assim, corpo tem apenas um sentido, não importando se é o masculino ou o feminino. Não é, então, uma diferença no nível da relação parte-todo. Por conseguinte, em casos como (93) e (94), temos os holônimos a seguir referindo-se não ao hiperônimo pessoa, mas especificamente a mulher e homem, na ordem: (93) Garanhão enrabando a bocetuda Em: http://www.deusasporno.com.br/sexo/garanhao-enrabando-abocetuda/ (94) Chupando forte o pirocudo, gata morena bem gostosa ficou peladinha exibindo suas deliciosas tetas empinadinhas Em: http://www.acervoamador.com/porno/chupando-forte-o-pirocudo/ Deve-se notar que o que nos leva a perceber essa diferença entre a forma do corpo masculino e a do feminino é o fato de termos representada em nosso sistema conceptual a informação de que o corpo humano é formado por logicamente, quais são essas partes. partes e, 106 5 PALAVRAS FINAIS Neste trabalho, busquei, utilizando o constructo da Teoria Multissistêmica Funcionalista-Cognitivista, analisar o sufixo -UDO. Essa teoria, por incorporar elementos de duas outras linhas de pesquisa, aborda os fenômenos linguísticos com um instrumental bastante amplo que permite a descrição daqueles sob várias perspectivas. Pretendi mostrar que o sufixo participial -UDO sofreu um processo de reanálise que ocasionou sua substituição pelo sufixo -IDO, o qual foi, por cerca de dois séculos, sua forma concorrente. Essa reanálise se deu por influência da atuação do DSC nos vários sistemas que compõem uma língua e resultou na dessemantização desse sufixo, o que é provado por, no estado atual da língua portuguesa, ele não ser percebido como um sufixo verbal, conforme provam as formas conteúdo, agudo, teúdo, manteúdo. No que diz respeito ao sufixo formador de adjetivos, pretendi, além de fazer o levantamento de seus signifcados, traçar o continuum da evolução desses significados e traçar sua rede polissêmica, mostrar sua relação com a meronímia. Para tal, utilizei conceitos como categorização, corporificação funcional e polissemia. Dessa análise resultou a conclusão de que o significado de -UDO segue o seguinte percurso, partindo do mais prototípico para o menos: "X tem base grande"; "X tem muito base" ; “X tem base larga”; "X tem base longa"; "X tem base forte"; "X 107 tem base ruim ou defeituosa"; "X tem base"; “X é feito com muito base”; "X tem característica(s) da base" ; "X é base"; “X pratica a ação da base"; “X usa a base”. Graças ao uso da diacronia ao lado da sincronia, foi possível perceber que as formações em -UDO tiveram seu significado expandido de domínios físicos para domínios mais abstratos, o que lhe facultou formar palavras como abelhudo e amorudo, por exemplo. Finalmente, comprovou-se que a meronímia é a principal relação estabelecida pelos sufixo -UDO com a base a que se adjunge, uma vez que focaliza a "posse de um atributo saliente que é parte de uma pessoa". Entretanto, a análise da relação meronímica com a base proporcionou uma constatação que não fazia parte das hipóteses iniciais desta tese. Através dos exemplos aqui elencados, percebeu-se que há também um tipo de conceptualização que se dá em relação não à parte, mas em relação à pessoa, ao todo, ou seja, ao holônimo. Isso se dá nos casos de derivação imprópria, em que o adjetivo se torna um substantivo. 108 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, Sabrina. Relações lexicais: um estudo de termos designativos de estado afetivo suscitado pela consciência do perigo. In: 8o. Encontro do Celsul, 2008, Porto alegre. Anais do Celsul 2008. Pelotas: EDUCAT, 2008. v. 1. p. 1-14. ____. Relações lexicais: um estudo de termos designativos de estado afetivo suscitado pela consciência do perigo. In: Anais do CELSUL 2008. Em: http://celsul.org.br/Encontros/08/consciencia_do_perigo.pdf Acesso: 28/8/2013. ABREU, Sabrina Pereira de. Cabel-udo, cabel-oso, cabel-ento? : um estudo sobre a aquisição de sufixos produtivos no Português Brasileiro. In: V Congress International Society of Apllied Psycholinguistics, 1999, Porto - Portugal. Actas do V Congresso Internacional da Sociedade Internacional de Psicolingüística Aplicada. Porto, 1997. v. 01. p. 247-252. Em: < http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/8432.pdf> Acesso: 28/8/2010 ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática metódica da língua portuguesa. 28 ed., ver. São Paulo: Saraiva, 1979. ANDRADE, Katia Emmerick. Proposta de um continuum composição derivação para o português do Brasil. Tese de Doutorado. Rio de Janeiro: UFRJ, 2013. AREÁN-GARCÍA, N. Concorrência entre sufixos, uma visão diacrônica. In: ALVES, I. M. et al. (Org.). Estudos lexicais em diferentes perspectivas. Vol. II. São Paulo : FFLCH/USP, 2010, pp. 173 - 191. Em: <http://www.fflch.usp.br/dlcv/neo/livros/EstLexDifPerspvolII.pdf> AZEREDO, José Carlos de. Fundamentos da gramática do português. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000. _____. Gramática Houaiss da língua portuguesa. 3 ed. São Paulo: Publifolha, 2010. BARACAT, Maria Cristina Botelho Marinho. O particípio passado com verbos auxiliares nas Cantigas de Santa Maria (galego-português do século XIII). Tese de Doutorado. Minas Gerais: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, 2010. BARREIRO, Anabela Marques. Propriedades sintáctico-semânticas dos particípios passados em português europeu. Tese de Mestrado. Lisboa: Universidade Nova de Lisboa, 1998. Em: < http://www.linguateca.pt/Repositorio/Barreiro98.pdf > Acesso: 29/11/2012 109 BARRETO, Mário. Novos estudos da língua portuguesa. 3 ed. (fac-similar). Rio de Janeiro: Presença: Fundação Casa de Rui Barbosa; Brasília: INL, 1980. Col. Linguagem, vol. 13. _____. Fatos da língua portuguesa. 3 ed. (fac-similar, reproduzida da 1ª ed., de 1916). Rio de Janeiro: Presença: Fundação Casa de Rui Barbosa; Brasília: INL, 1982. Col. Linguagem, vol. 19. _____. De gramática e de linguagem: correio de consulentes. 3 ed. (fac-similar, reproduzida da 2ª ed., de 1955). Rio de Janeiro: Presença: Fundação Casa de Rui Barbosa; Brasília: INL, 1982. Col. Linguagem, vol. 20. BARROS-OLIVEIRA, José H. Coragem: Um novo tópico da psicologia positiva. In: Revista portuguesa de pedagogia. Coimbra, Ano 44-2, 2010, 5-20. Em: http://iduc.uc.pt/index.php/rppedagogia/article/view/1281/729 Acesso: 28/8/2013. BASÍLIO, Margarida. Formação e classes de palavras no português do Brasil. São Paulo: Contexto, 2004. BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37 ed. (revista e ampliada). Rio de Janeiro: Lucerna, 2000. BECKNER, Clay, BYBEE, Joan. A Usage-Based Account of Constituency and Reanalys. In: Language Learning 59: 27-46. 2009. BENTO PEREIRA. Thesouro da lingoa portuguesa: Tem todos vocabulos portugueses. Lisboa: P. Graesbeeck, 1647. Em:<http://books.google.com.br/books?id=n_gxSQAACAAJ&dq=bento+pereira&h l=pt-BR&sa=X&ei=ZEyAUeKPJcjn0gH0uIHYDg&ved=0CDEQ6AEwAA> Acesso: 30/4/2013. BOWERS, Jack T. A Cognitive Based Analysis of Polysemy and Blending in MixtepecMixtec Body Part Terms. Em: http://www.academia.edu/3578147/A_Cognitive_LinguisticsBased_Analysis_of_Polysemy_and_Blending_of_Mixtpec-Mixtec_Body_Part_Terms Acesso: 09/08/2013 Brasiliana USP URL: http://www.brasiliana.usp.br/ BRITO, Ana Maria et alii. Gramática comparativa Houaiss: quatro línguas românicas: português, espanhol, italiano e francês. São Paulo: Publifolha/ Rio de Janeiro: Instituto Houaiss, 2010. 110 BUENO, Francisco da Silveira. Gramática normativa da língua portuguesa (curso superior). 7 ed. revista. São Paulo: Saraiva, 1968. BYBEE, Joan. On the nature of grammatical categories: a diachronic perspective. In: Proceedings of the second Eastern States Conference on Linguistics. Buffalo, New York: The State University of New York at Buffalo, 3 - 5 outubro, 1985. Em: <http://www.unm.edu/~jbybee/downloads/Bybee1986GramCategories.pdf> Acesso: 24/5/2013 ____. Regular Morphology and the lexicon. In: Language and Cognitive Processes 10. pp. 425-455. 1995. Em: <http://www.unm.edu/~jbybee/downloads/Bybee1995RegMorph.pdf> Acesso: 24/5/2013 ____. Semantic aspects of morphological typology. In: BYBEE, J., HAIMAN, J. e THOMPSON, S.A. (orgs.) Essays on language function and language type: dedicated to T. Givón. Amsterdan/ Philadelphia: John Benjamins, 1997. Em: <http://www.unm.edu/~jbybee/downloads/Bybee1997SemAsp.pdf> Acesso: 24/3/2013 ____. From usage to grammar: the mind’s response to repetition. In: Language. 82(4). pp. 711-733. 2006. Em: <http://www.unm.edu/~jbybee/downloads/Bybee1995RegMorph.pdf> Acesso: 24/5/2013 ____. Cognitive processes in grammaticalization. In: TOMASELLO, M. (org.). The new psychology of language: cognitive an functional approaches to language structure. v. 2. Mahwah, New Jersey/ London: Lawrence Erlbaum Associates, 2003. Em: <http://www.unm.edu/~jbybee/downloads/Bybee2003CognitiveProcesses.pdf> Acesso: 24/5/2013 ____. Markedness: iconicity, economy, and frequency. In: SONG. J. Jung (org.) Handbook of linguistic typology. Oxford: Oxford University Press, 2010. Em: <http://www.unm.edu/~jbybee/downloads/Bybee2010Markedness.pdf> Acesso: 24/5/2013 CAETANO, Maria do Céu. A formação de palavras em gramáticas históricas do português. Análise de algumas correlações sufixais. Tese de Doutoramento. Universidade Nova de Lisboa. Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Lisboa: 2003. Em: <http://www.clunl.edu.pt/resources/docs/grupos/gramatica/equipa/ceucaetano /caetanotesedout.pdf> Acesso em: 28/11/2012 111 _____. Rivalidade sufixal e polissemia. In: CORREIA, Clara Nunes (org.) – Cadernos WGT. Lisboa: CLUNL, 23-35. Em: <http://www.clunl.edu.pt/resources/docs/grupos/gramatica/cadernos/cc_pol.pd f> Acesso em: 29/11/2012 CARVALHO, Castelar de. História interna da língua portuguesa. Em: http://www.filologia.org.br/abf/volume2/numero2/05.htm Acesso: 30/11/2011 CARVALHO, Luiz Carlos S. Marcellino. O latim através de exercícios. 2 ed. revista e aumentada. Rio de Janeiro: UFRJ/ Faculdade de Letras, 1982. CASTILHO, Ataliba T. de. Mudança linguística multissistêmica. Em: http://www.filologia.org.br/ileel/artigos/artigo_510.pdf Acesso: 15/8/2013 ____. de. Nova gramática do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2010. CÍCERO. Verrinae. Em:<http://www.bsb-muenchendigital.de/~web/web1020/bsb10205322/images/index.html?digID=bsb10205322&p image=00001&v=pdf&nav=0&l=de> Acesso: 21/1/2013 CLARE, Nícia de Andrade Verdini. As mudanças lingüísticas ontem/ hoje. Em: <http://www.filologia.org.br/viiicnlf/anais/caderno10-07.html> Acesso: 29/11/2012 CORREIA, Margarira. O léxico na economia da língua. In Ciência da Informação - Vol 24, número 3, 1995. Brasil: Ministério da Ciência e Tecnologia. IBICT/ SEER Em: http://revista.ibict.br/ciinf/index.php/ciinf/article/viewFile/522/473 Acesso: 05/6/2013 COSTA, Lilian Nunes da. Mesclas genéricas na “tragicomédia” Anfitrião de Plauto. Dissertação de Mestrado. Campinas, 2010. Em: <http://www.classicas.ufpr.br/recursos/anfitriao.pdf> Acesso: 01/01/2013 COSTA, Pe. Avelino de Jesus. Estudos de cronologia, diplomática, paleografia e históricolinguísticos. [s.d] Em: <http://cvc.instituto-camoes.pt/hlp/biblioteca/estudos_de_cronologia.pdf> COUTINHO, Ismael de Lima. Pontos de gramática histórica. 7 ed. revista. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1976. (Col. Linguística e Filologia). 112 CROFT, William e CRUSE, D. Alan. Cognitive linguistics. Cambridge e New York: Cambridge University Press, 2005. CUNHA, Celso e CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 3 ed. revista. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. D´OCA, Fernando Rodrigues Montes. O prudente e o astuto: um estudo sobre as capacidades intelectuais que acompanham a prudência. In: Archai: revista de estudos sobre as origens do pensamento ocidental. Brasília, Vol. 0, N. 4, jan. 2010. Em: <http://seer.bce.unb.br/index.php/archai/article/view/9113/6829>. Acesso em: 28/8/2013. DAMÁSIO, António R. O erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro humano. São Paulo: Companhia das Letras, (1996) 2000. DAVIES, Mark e FERREIRA, Michael J. O corpus do português. URL: http://www.corpusdoportugues.org/x.asp DIEZ, Fridriech. Grammaire des langues romanes. T. 2 / par Frédéric Diez ; traduit par Auguste Brachet et Gaston Paris [et Alfred Morel-Fatio]. Paris: F. Vieweg, 1874-1876. 3 vols. Em: <http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k1132365.r=grammaire+des+langues+roman es+t+2.langPT> Acesso: 21/1/2013 DILLER, Hans-Jürgen. Happy in changing contexts: the history of word-use and the metamorphoses of a concept. Helsink, 2008. Em: < http://hdl.handle.net/10138/25768> Acesso: 09/08/2013 DOGLIANI, Evelyne. Gramaticalização e desgramaticalização no percurso do pronome se. In: Letras e Letras: revista do Instituto de Em: <http://www.letraseletras.ileel.ufu.br/viewissue.php?id=21> Acesso: 26/5/2013 FARIA, Ernesto. Dicionário escolar latino português. Revisão: Ruth Junqueira de Faria. 7 ed. Brasília: MEC/ FAE, 1994. FERNÃO LOPES ed. diplomática Em: <http://www.tycho.iel.unicamp.br/~tycho/corpus/texts/xml/l_002> FERRARI, Lilian. Introdução à linguística cognitiva. São Paulo: Contexto, 2011. 113 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dionário Aurélio eletrônico. 5 ed. Curitiba: Positivo, 2010. FIGUEIREDO, Cândido de. Novo dicionário da língua portuguesa. Em: < http://www.gutenberg.org/files/31552/31552-pdf.pdf> GALVES, Charlotte, e Pablo Faria. 2010. Tycho Brahe Parsed Corpus of Historical Portuguese. URL: http://www.tycho.iel.unicamp.br/~tycho/corpus/en/index.html. GIL VICENTE. O juiz da Beira. Em: <http://ww3.fl.ul.pt/centros_invst/teatro/pagina/Publicacoes/Pecas/Textos_GV/j uiz_da_beira.pdf> Acesso: 31/12/2012 GONÇALVES, Carlos Alexandre. Formações X-nte: da flexão em latim à derivação em português. In: Pereira, J. (Org.). Estudos filológicos e lingüísticos da língua portuguesa. 1 ed. São Gonçalo: Dialogarts, 2002, v. 6, p. 115-122. GONÇALVES, Carlos Alexandre. Iniciação aos estudos morfológicos: flexão e derivação em português. São Paulo: Contexto, 2011. ____. Atuais tendências em formações de palavras no português brasileiro. In: Signum: estudos da linguagem. Revista do programa em pós-graduação em Estudos da Linguagem. Centro de Letras e Ciências Humanas. Universidade Estadual de Londrina. v. 15, nº 3/ 2012. Ed. especial. Em: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/signum/article/view/10721/11171> Acesso: 27/5/2013 GONÇALVES, Carlos Alexandre e ALMEIDA, Maria Lúcia Leitão de. Das relações entre forma e conteúdo nas estruturas morfológicas do português. In Diadorim nº 4. Rio de Janeiro: UFRJ/ Fac. Letras, 2008. GONÇALVES, Maximiano Augusto. Questões de linguagem. 10 ed. (refundida e aumentada). Rio de Janeiro; São Paulo: Fundo de Cultura, [s/ d]. HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002. 1 CD-ROM. Instituto Camões URL: http://cvc.instituto-camoes.pt/ HRUSCHKA, Daniel J. et al. Building social cognitive models of language change. In: Trends in Cognitive Sciences Vol.13 No.11. 114 Em: < http://humanities.uchicago.edu/faculty/mufwene/publications/Building_Models_ of_Language_Change.pdf > Acesso: 9/6/2013. JANDA, Laura A. Metonymy in word-formation. Em: http://ansatte.uit.no/laura.janda/mypubs/metonymy%20in%20cogling.pdf Acesso: 09/08/2013 JOHNSON, Mark. The body in the mind. Chicago e Londres: The University of Chicago Press, 1987. JOSEPH, Brian D. How accomodating of change is grammaticalization? The case of ‘lateral shifts’. In: Logos and Language. vol. 6: 2. Tübingen, Alemanha: Gunter Narr Verlag, 2006. Em: http://www.academia.edu/425955/How_Accommodating_of_Change_is_Grammat icalization_The_Case_of_Lateral_Shifts Acesso: 31/7/2013 KOHAN, Mehrdad Naghzguy. Degrammaticalization in Persian: a case study of the development of derivational be and ne from their inflectional verbal couterparts. 7th European conference of Iranian studies,Cracow, 7-10 setembro 2011. Em: <http://www.academia.edu/1124912/Degrammaticalization_in_New_Persian_a_ca se_study_of_the_development_of_derivational_be-_and_ne_from_their_inflectional_verbal_counterpart> Acesso: 26/5/2013 KÖVECSES, Zoltán. Embodiment, experiential focus, and diachronic change in metaphor. In: Selected Proceedings of the 2005 Symposium on New Approaches in English Historical Lexis (HEL-LEX), R. W. McConchie, Olga Timofeeva, Heli Tissari, and Tanja Säily, (eds.). Cascadilla Proceedings Project, Somerville, MA, USA. Pp. 1-7. Em: http://das.elte.hu/content/faculty/kovecses/helsinki%20paper%20final.pdf Acesso: 09/08/2013 _____. The concept of anger: universal or culture-specific? (2000) Psychopathology, Vol. 33, No. 4, 159-170. Em: http://das.elte.hu/content/faculty/kovecses/publications.html Acesso: 09/08/2013 _____. The Conceptual Structure of Happiness. In: Collegium: Studies across Disciplines in the Humanities and Social Sciences 3. Helsinque: 2008. Em: http://www.helsinki.fi/collegium/journal/volumes/volume_3/index.htm Acesso: 09/08/2013 115 LAKOFF, George. Women, fire, and dangerous things. Chicago e Londres: The University of Chicago Press, 1987. LANGACKER, Ronald W. Grammar and conceptualization. Berlim e Nova Iorque: Mouton de Gruyter, 2000. ____. Cognitive Grammar: a basic introduction. Oxford: Oxford University Press, 2008. LAPA, M. Rodrigues. Estilística da língua portuguesa. 6 ed, corrigida e acrescentada pelo autor. Rio de Janeiro: Acadêmica, 1970. LEHMANN, Christian. Thoughts on grammaticalization. 2 ed. rev. In: ASSIDUE Arbeitspapiere des Seminars für Sprachwissenschaft der Universität Erfurt nº 9. Erfurt, julho de 2002. ____. Grammaticalization: Synchronic variation and diachronic change. In: Lingua e stile 20. Pavia, Itália: Seminario 'Grammaticalizzazione', Istituto di Glottologia, Università degli Studi 1985. Em: < http://www.christianlehmann.eu/publ/syn_dia.pdf> Acesso: 04/8/2013 LIMA, Alcides Fernandes de. Desgramaticalização de -inho. In: Signum: estudos da linguagem. Revista do programa em pós-graduação em Estudos da Linguagem. Centro de Letras e Ciências Humanas. Universidade Estadual de Londrina. v. 12, nº2/ 2009. Em: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/signum/article/view/4925/4466> Acesso: 26/5/2013 LOPES, Graça Videira; Ferreira, Manuel Pedro et al. (2011-). Cantigas Medievais Galego Portuguesas [base de dados online]. Lisboa: Instituto de Estudos Medievais, FCSH/NOVA. [Consulta em (19/12/2012)] Em: <http://cantigas.fcsh.unl.pt>. LÜBKE-MEYER. Grammaire des langues romanes; (1890) Em:< http://archive.org/details/grammairedeslang02meyeuoft> _____. Romanisches etymologisches Wörterbuch (1911) Em: <http://archive.org/details/romanischesetymo00meyeuoft> Acesso: 19/1/2013 LUFT, Celso Pedro. Gramática resumida: explicação da Nomenclatura Gramatical Brasileira. 8 ed. Porto Alegre: Globo, 1978. _____. Moderna gramática brasileira. 6 ed. Porto Alegre; Rio de Janeiro: Globo, 1985. 116 MACEDO, Walmírio. Gramática popular da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Biblioteca Universal Popular, 1966. MAGNE, Augusto. Boosco deleitoso. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Saúde. Instituto Nacional do Livro, 1950. Em: < http://books.google.com.br/books?id=yxM2AAAAIAAJ&hl=ptBR&source=gbs_book_other_versions > MALKIEL, Yakov. La pérdida del particípio em –udo. In: Nueva revísta de filologia hispânica. vol. 40, nº 1, 1992, p. [11]-28. Em: <http://codex.colmex.mx:8991/exlibris/aleph/a18_1/apache_media/1UN63A66PA 98XGVJCXPCTCF8CE73RQ.pdf> MARTELOTTA. Mário Eduardo. Mudança linguística: uma abordagem baseada no uso. São Paulo: Cortez, 2011. Col. Leituras introdutórias em linguagem. MARTINS, Ana Maria. O primeiro século do português escrito. Lisboa: Universidade de Lisboa, 2005. Em: < http://www.clul.ul.pt/files/ana_maria_martins/MartinsPrimeiroSeculo.pdf> Em: 19/12/2012 MATOS E SILVA, Rosa Virgínia. Novas contribuições para a história da língua portuguesa: ainda os limites do português arcaico. In: Diadorim. vol. 2, 2006. Rio de Janeiro: UFRJ. MATTOSO CAMARA JR, J. História e estrutura da língua portuguesa. 4 ed. Rio de Janeiro: Padrão, 1985. ____. Estrutura da língua portuguesa. 38 ed. Petrópolis: Vozes, 2006. MICHAËLIS DE VASCONCELOS, Carolina. Lições de filologia portuguesa. [s/ed, s/l]. Martins Fontes. [s/d]. MOLINARI, Edson Lourenço. O mundo romano e as invasões germânicas. Em: <http://www.filologia.org.br/anais/anais%20iii%20cnlf%2057.html> Acesso: MORAES E SILVA, Antonio. Diccionario da lingua portugueza - volume 2 Em: <http://archive.org/details/diccionariodalin00mora> Acesso: 15/4/2013 MUFWENE, Salikoko S. Language as techonology: some questions that evolutionary linguists should address. In LOHNDAL, Terje. In search of universal grammar: from old Norse to Zoque. Amsterdam: John Benjamins, 2013. 117 Em: <http://humanities.uchicago.edu/faculty/mufwene/publications/LANGUAGE%2 0AS%20TECHNOLOGY%202013.pdf> Acesso: 9/6/2013 ____. Language ecology, language evolution, and the actuation question. To appear in Language contact and change: Grammatical structure encounters the fluidity of language, ed. by Tor Åfarli & Brit Maelhum. John Benjamins. Em: < http://humanities.uchicago.edu/faculty/mufwene/publications/Language%20Ecol ogy,%20Language%20Evolution,%20and%20the%20Actuation%20Question.pdf> Acesso: 9/6/2013 ____. Grammaticization is part of the development of creoles. In COUTO, Hildo Honório do (org.) PAPIA Revista Brasileira de Estudos Crioulos e Similares nº 16. Brasília: Thesaurus / Universidade de Brasília, 2006. Em: < http://humanities.uchicago.edu/faculty/mufwene/publications/GRAMMATICIZ ATION_IN_THE_DEVELOPMENT_OF_CREOLES.pdf> Acesso: 9/6/2013 ____. ´Protolanguage´ and the evolution of linguistic diversity. In: SHEN, Zhongwei et al. Festschrift for William Wang. Xangai: Jiaoyu Chubanshe [s/d]. pp. 283 - 310. Em: < http://humanities.uchicago.edu/faculty/mufwene/publications/Protolanguage_an d_the_Evolution_of_Linguistic_Diversity.pdf > Acesso: 9/6/2013 ____. The origins and the evolution of language. Em: < http://humanities.uchicago.edu/faculty/mufwene/publications/The%20Origins%2 0and%20the%20Evolution%20of%20Language.pdf > Acesso: 9/6/2013 NAVARRO, Tomas. Documentos lingüísticos del Alto Aragón. Syracuse University. Em: <http://babel.hathitrust.org/cgi/pt?id=mdp.39015010756065;seq=7;view=1up;num =iii> Acesso em: 19/12/2012 NEVES. Maria Helena de Moura. Gramática de usos do português. São Paulo: UNESP, 2000. p. 173 – 219 NORDE, Muriel. Degrammaticalization. New York: Oxford University Press, 2006. 118 _____. Degrammaticalization: three common controversies. Groningen, Holanda: University of Groningen. [s/d] Em: <http://murielnorde.com/Norde_Degrammaticalization_Berlin.pdf> Acesso: 26/5/2013 NUNES, J. J. Compêndio de gramática histórica portuguesa (fonética e morfologia). 4 ed. Lisboa: Livraria Clássica, [s/ d]. _____. Crestomatia arcaica: excertos da literatura portuguesa desde o que mais antigo se conhece até ao século XVI. 4 ed. Lisboa: Livraria Clássica, [s/d]. PAULA, Fabiana Hallmann. Considerações acerca da construção do sentido de palavras formadas com udo, oso e ento: uma abordagem metalixicográfica. Dissertação de Mestrado. Porto Alegre: UFRGS, 2009. Em: < http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/25407/000749359.pdf?...1> Acesso: 12/9/2010 PIEL, Joseph-Maria. A flexão verbal do português (estudo de morfologia histórica). In: Estudos de lingüística histórica galego-portuguesa. 1944. sem indicação de lugar ou editora. Em: <http://cvc.institutocamoes.pt/hlp/biblioteca/flexao_verbal.pdf> Acesso: 31/12/2012 PKP Public knowledge project URL: http://pkp.sfu.ca/ RIBEIRO, Julio. Grammatica Portugueza. 7 ed. São Paulo: N. Falcone & Comp. [s/d]. RIO-TORTO, Graça Maria. Morfologia derivacional: teoria e aplicação ao português. Porto: Porto Editora, 1998. _____. Organização de redes estruturais em morfologia. In: Graça Rio-Torto, Olívia Figueiredo e Fátima Silva, orgs. (2005), Estudos em Homenagem ao Professor Doutor Mário Vilela (volumes I e II). Porto, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, vol. I, p. 219-235. Em: <http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/4561.pdf> Acesso: 28/8/2010 ROCHA LIMA, C. H. Gramática normativa da língua portuguesa. 39 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2000. SAID ALI, M. Gramática histórica da língua portuguesa. 5 ed. melhorada e aumentada de Lexicologia e Formação de Palavras e Sintaxe do Português Histórico. São Paulo: Melhoramentos, 1965. 119 _____. Gramática secundária da língua portuguesa. 8 ed., revista e comentada de acordo com a Nomenclatura Gramatical Brasileira pelo Prof. Evanildo Bechara. São Paulo: Melhoramentos, 1969. SANTOS, Alice Pereira. Genealogia do sufixo -udo. In: XVII Fórum Acadêmico de Letras - FALE, 2006, São Paulo. Cadernos de Pesquisa na Graduação em Letras. São Paulo : Editora Paulistana Ltda, 2006. v. 1. p. 61-68. Em: <http://www.usp.br/gmhp/publ/SanA1.pdf> Acesso: 28/8/2010 SILVA, Augusto Soares da. O mundo dos sentidos em português. Coimbra: Almedina, 2006. ____. Palavras, significados e conceitos: o significado lexical na mente, na cultura e na sociedade. In: Cadernos de Letras da UFF – Dossiê: Letras e cognição nº 41, p. 27-53, 2010. SILVA, Fátima. Contributo da hiponímia e da meronímia para a configuração das relações anafóricas. In Língua e literatura. XX, II Porto: Universidade do Porto/ Faculdade de Letras, 2003. pp. 657/ 652 Acesso: 09/08/2013 SILVA, Maria de Fátima Henriques da. O ponto de vista da meronímia sobre o papel do léxico no texto. In: Anais do VII Congresso Nacional de Linguística e Filologia. Rio de Janeiro, 2003. Em: http://www.filologia.org.br/viicnlf/anais/caderno06-13.html Acesso: 20/8/2013 SOUSA, Maria Clara Paixão de. Crônicas de Fernão Lopes. Filologia Portuguesa FFLCH - USP– MATERIAL DE APOIO [ 6 ] Em: < http://disciplinas.stoa.usp.br/pluginfile.php/34648/mod_page/content/12/6_fern aolopes.pdf > Acesso: 19/12/2012 SOUSA DA SILVEIRA, A. Ferdinando. Lições de português. 7 ed. melhorada. Rio de Janeiro: Livros de Portugal, 1964. SWEETSER, Eve. Grammaticalization and Semantic Bleaching. Proceedings of the Fourteenth Annual Meeting of the Berkeley Linguistics Society (1988), pp. 389-405 Em: http://elanguage.net/journals/index.php/bls/article/view/2552/ Acesso: 05/6/2013 TALMY, Leonard. Towards cognitive semantics. vol. I. Massachusetts e Londres: The MIT Press, 2003. 120 TEYSSIER, Paul. História da língua portuguesa. Trad.: Celso Cunha. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. TRAUGOTT. Elizabeth Closs. Legitimate counterexamples to unidirectionality. Conferência apresentada na Freiburg University em 17 de outubro de 2001. Em: <http://www.stanford.edu/~traugott/papers/Freiburg.Unidirect.pdf> Acesso: 26/5/2013. ____. The role of the development of discourse markers in a theory of grammaticalization. Conferência apresentada na ICHL XII, Manchester, 1995. Versão de 11/1997. Em: < http://www.stanford.edu/~traugott/papers/discourse.pdf> Acesso: 26/5/2013. ____. Pragmatics and language change. In ALLAN, Keith e JASZCZOLT, Kasia. The Cambridge Handbook of Pragmatics. pp. 549-565. Cambridge: Cambridge University Press. 2011. Em: < http://www.stanford.edu/~traugott/resources/TraugottAllanJaszczoltProofs.pdf> Acesso: 26/5/2013. ____ e TROUSDALE, Graeme. Gradience, gradualness and grammaticalization: How do they intersect? In TRAUGOTT, Elizabeth Closs e TROUSDALE, Graeme (orgs.) Gradience, Gradualness, and Grammaticalization. pp. 19-44. Amsterdam: Benjamins, 2010 a. Em: < http://www.stanford.edu/~traugott/resources/TraugottTrousdaleProofs.pdf > Acesso: 26/5/2013. ____. Revisiting subjectification and intersubjectification. In DAVIDSE, Kristin, VANDELANOTTE, Lieven e CUYCKENS, Hubert (orgs.) Subjectification, Intersubjectification and Grammaticalization. pp. 29-70. Berlin: De Gruyter Mouton, 2010 b. Em: < http://www.stanford.edu/~traugott/resources/TraugottDavidseIntersbfn.pdf > Acesso: 26/5/2013. ____. “Grammaticalization”. In LURAGHI, Silvia e BUBENIK, Vit (orgs.) Continuum Companion to Historical Linguistics. pp. 269-283. Londres: Continuum Press. 2010 c. ____. “Dialogic contexts as motivations for syntactic change”, in Robert A. Cloutier, Anne Marie Hamilton-Brehm, and William Kretzschmar, eds., Variation and Change in English Grammar and Lexicon. pp. 11-27. Berlin: De Gruyter Mouton. 2010 d. Em: < http://www.stanford.edu/~traugott/resources/TraugottDialogicity.pdf > Acesso: 26/5/2013. 121 ____. "Grammaticalization, constructions and the incremental development of language: Suggestions from the development of degree modifiers in English", in Regine Eckardt, Gerhard Jäger, and Tonjes Veenstra, eds. Variation, Selection, Development--Probing the Evolutionary Model of Language Change. Berlin/New York: Mouton de Gruyter, 219-250. 2008. Em: < http://www.stanford.edu/~traugott/resources/TraugottEckardtProofs.pdf > Acesso: 26/5/2013. TRINDADE, Mônica Mano. Um estudo léxico-conceptual da metonímia. Tese de Doutorado. Florianópolis: UFSC, 2006. Em: <https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/89185/227252.pdf?seque nce=1> Acesso: 20/8/2013 UNGERER, Friedrich. e SCHMID, Hamsjörg. An introduction to cognitive linguistics. 2 ed. Edinburgh: Pearson Education, 2006. VERDELHO, Telmo dos Santos (investigador responsável). Corpus lexicográfico do português. URL: http://clp.dlc.ua.pt/Equipa.aspx VIARO, Mário E. Sobre a inclusão do elemento diacrônico na teoria morfológica: uma abordagem epistemológica. In: Estudos de Lingüística Galega. Vol. 2, Santiago de Compostela, 2010. Em: <http://ilg.usc.es/elg/volume/2/pescuda/Pescuda_Viaro_ELG02_2010.pdf> Acesso: 20/5/2013 VIDAL NETO, Jose Bento Cardoso. A Grammatica portugueza, de Júlio Ribeiro: um corte epistemológico na gramaticografia brasileira e a questão da língua portuguesa no Brasil. 2010. Dissertação (Mestrado em Filologia e Língua Portuguesa) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. Em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-06102010-092107/>. Acesso: 2013-03-06. VOTRE, Sebastião. Um paradigma para a linguística funcional. In: Alia, São Paulo, 41(n.esp.), 25-40, 1997. Em: <https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd= 8&cad=rja&ved=0CGYQFjAH&url=http%3A%2F%2Fseer.fclar.unesp.br%2Falfa%2F article%2Fdownload%2F4030%2F3694&ei=9ReDUcvFLsrH0AGd1YC4DA&usg=AF QjCNGRFTA1967gGCQsMBtJjgKwg1mW5Q&sig2=HpSKcPjG8IEb7V_5Lfyjmg&bv m=bv.45960087,d.dmQ> Acesso: 2/5/2013 WILKINSON, Hugh E. The strong perfects in the Romance languages (part I). 122 Em: <http://www6.ocn.ne.jp/~wil/part1.pdf> Acesso: 30/12/2012 WILLIS, David. Syntactic lexicalization as a new type of degrammaticalization. Department of Linguistics, University of Cambridge. [s/d] Em:< http://people.ds.cam.ac.uk/dwew2/degramm.pdf> Acesso: 26/5/2013 123 ANEXO LISTA NÃO EXAUSTIVA DE PALAVRAS TERMINADAS PELO SUFIXO ADJETIVAL -UDO 1 - abelhudo [De abelha + -udo.] Adjetivo. 1. Curioso, indiscreto. 2. Metediço, intrometido. 3. Astuto, manhoso. 4. Desembaraçado, ativo. adj.s.m. (sXV cf. IVPM) 1 que ou aquele que é ativo, desembaraçado 2 que ou o que é curioso, indiscreto 2.1pej. que ou aquele que é bisbilhoteiro, metediço 3p.ext. que ou aquele que é astuto, ardiloso ETIM abelha + -udo PARA O POLICIAL ABELHUDO DA CORREGEDORIA AUXILIAR Mais precisamente ao policial que meteu as mãos na minha pequena câmara digital… Vossa Senhoria extrapolando os termos do mandado de busca e apreensão, cumprido no dia 28 de janeiro do corrente, exigiu MEXERICAR até o conteúdo de câmara fotográfica, praticamente sem uso, Em: http://flitparalisante.wordpress.com/2010/04/25/para-o-policial-abelhudo-dacorregedoria-auxiliar-do-deinter-6-a-policia-e-como-a-minha-mitsuca-dc8388br/ Acesso: 12/9/2010 2 - ancudo [De anca + -udo.] Adjetivo. 1. Que tem grandes ancas adj. que tem grandes ancas ETIManca + -udo Olhem q mulher ancuda... Em: http://fotolog.terra.com.br/freakastic:275 124 Acesso: 12/9/2010 Melhor não arriscar sua vida e nunca dizer que sua mulher é “ancuda” Em: http://mineirasuai.blogspot.com/2007/03/pequeno-dicionrio-da-feminilidadepara_14.html Acesso: 12/9/2010 3 - bacanudo [De bacana + -udo.] Não consta dos dicionários consultados. Que (m) é muito bacana. NIKE BACANUDO eu estava tão "precisada" de um tênis pra incluir na minha mala de viagem que comprei o primeiro modelo bacanudo que apareceu. Em: https://www.enjoei.com.br/produto/nike-bacanudo Acesso: 19/8/2013 Clipe/Comercial Bacanudo do dia: Sexy People 10 de maio de 2013 Interessante a idéia de uma marca pagar por um clipe e ter seu carro chaveirinho aparecendo e compondo bem o cenário. Certamente acertaram a mão, já que o clipe tá com quase 5 milhões de views. Em: http://www.chongas.com.br/2013/05/clipecomercial-bacanudo-do-dia-sexy- people/ Acesso: 19/8/2013 4 - bagajudo Adjetivo.Substantivo masculino. 1. Bras. BA Diz-se de, ou cascalho grosso. adj.s.m.BA diz-se de ou cascalho grosso ETIM orig.obsc., exceto se ligado a bago 18:24 Marcello bagajudo uahuahuah... pára.. kkk 125 :): poxa dai quem nao se anima com uma poupança dessa??? 18:34 Marcello larga minha bundao bagajuda em paaaz... kkkkkkk 18:34 Mαryαηηe . ǝηηαʎɹαɯ [KJM] a gente desculpa...mas a bunda dele e d+ muito SEXYYY Em: http://chatlogs.meebo.com/room/megacubobatepapoaa9ad101/logs/2010/02/27/ page13/ Acesso: 30/8/2010 MULHER MELANCIA VÇ E O CONJUNTO DA OBRA BBBG, BOA, BONITA, BAGAJUDA E GOSTOSA SAIBA SE VÇ ESTIVER SEM NAMORADO EU ME CANDIDATO QUEM SABE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Em: http://mulhermelancianet.com.br/Mural/mensagens.asp?offset=1680 Acesso: 30/8/2010 "o Junior é o cara, sem dúvida a bateria é uma extensão do corpo dele, ele é BAGAJUDO em tudo que faz. agradeço a deus por conhecer ele e chamalo de meu IRMÃO. Em: http://www.youtube.com/user/nilsonandresoaresf Acesso: 30/8/2010 1 fev. 2007... curso de selva..è isso quanto mais curso vc tiver mais bagajudo vc será . ( bagajudo = superior a todos ) e ganhara muito mais !! Em: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20070201131246AA20n89 Acesso: 30/8/2010 5 - baleiudo [De baleia + -udo] Não consta dos dicionários pesquisados. Subst. Adj. Que(m) é muito gordo. Fotos de 27/07/2007 na consulta do meu nenenhudú-baleiúdo... 126 Todo adulto, deixou a medica examinar ele e ficou quetinho (essa meu filhooo...acho que adora uma loira...auHauha), manteve o peso que saiu do hospital (nasceu com 3.595), sinal que pode ter perdido mais peso mais já recuperou (tem que manter o apelido), e no final meio revoltado com a vovó e o papai colocando a roupinha dele...queria que a medica examinasse mais um pouquinho! Em: http://www.fotolog.com.br/gar0too/ Acesso: 02/9/2012 Vimos os porquinhos (eu torci para ter filhotinhos, mas já eram todos adultos ou adolescentes), que são muito mais limpinhos e rosas do que eu imaginava! (esse deitadinho não está muito fofo e baleiudo?) Em: <http://osdetalhes.wordpress.com/2012/07/18/pinhal-dia-3-tarde-e-cafe/> Acesso: 18/3/2013 Ahhh, mais eu gosto dessa ‘tali’ de jacuzzi, viu?! Botaria a mulher pra me carregar, mas eu ia fazer um escalda pé nesse trem... aquática (baleiudo Como eu já contei, tô numa fase meio ) e não perderia por naaaada! Em: <Ahhh, mais eu gosto dessa ‘tali’ de jacuzzi, viu?! Botaria a mulher pra me carregar, mas eu ia fazer um escalda pé nesse trem... Como eu já contei, tô numa fase meio aquática (baleiudo ) e não perderia por naaaada!> Acesso: 18/3/2013 Cala aboca, escolhe argumentos melhores seu baleiudo gordo da porra.. Em: <http://www.youtube.com/all_comments?v=ZBL3gkA6dOU> Acesso: 18/3/2013 6 - baranguda [De baranga + fem. –udo] Não consta dos dicionários consultados. Que (m) é muito baranga 127 Abaixo, posando de "sexy"! Gorda tem que ser baranguda? Somos muito calientes, oras! Em: http://www.giprado.com/festas.htm Acesso: 17/9/2012 Oi Meninas Lindas! Estava me analisando e ainda estou longe do que pode se dizer apresentável kkkkk então estou baranguda como dizem por aí rsrsrs, Em: http://dietadalu.blogspot.com.br/2012/03/baranguda.html Acesso: 17/9/2012 A novela traz um elenco de primeira, com Antonio Fagundes, Glória Pires, Natália do Vale, Camila Pitanga, Lázaro Ramos, Eriberto Leão, Paola Oliveira, o cãoarrependido Gabriel Braga Nunes, Deborah Secco e afins. Recentemente a participação relâmpago de Cristiana Oliveira que, para viver a presidiária Araci, engorou 15 kg e virou uma baranguda! Em: http://umpoucodetudozepa.blogspot.com.br/2011/04/insensata-novela.html Acesso: 17/9/2012 7 - barbaçudo Adjetivo. 1. Que tem barba cerrada adj. (1570 GCruz fº 16) aquele que possui barba cerrada ETIM barbaça + -udo 8 - barbudo [De barba + -udo.] Adjetivo. 1. Que tem muita barba. Substantivo masculino. 2. Indivíduo que tem muita barba. adj.s.m. (960 cf. JM3) 1 que ou aquele que usa barba 2 que ou aquele que tem a barba crescida, por não tê-la feito ETIM barba + -udo; ver barb(i)-; f.hist. 960 baruudo, 1132 barbuto, sXIII barvudo, sXV barbudo Depressivo, Wayne Rooney fica gordo e barbudo. Em anúncio de TV 128 Em:http://globoesporte.globo.com/futebol/copa-domundo/noticia/2010/05/depressivo-wayne-rooney-fica-gordo-e-barbudo-emanuncio-de-tv.html Acesso: 31/8/2010 PRÍNCIPE WILLIAM AINDA MAIS LINDO E eu preciso dizer que achei ele liiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiindo barbudo!! Ele tá lindo!! Em: http://wp.clicrbs.com.br/n9ve/2008/12/26/principe-william-ainda-mais- lindo/?topo=52,1,1,,170,e170 Acesso: 19/9/2010 9 - barriguda [F. de barrigudo.] Substantivo feminino. 1. Mulher grávida, prenhe. s.f.1 mulher de barriga volumosa 2 mulher prenhe; grávida. ETIM fem. substv. de barrigudo "Sua filha está barrigudinha? Que bacana!" Ouvida em conversa informal. 10 - barrigudo [De barriga + -udo.] Adjetivo. 1. Que tem barriga volumosa; ventrudo, pançudo. 2. Que está prenhe (diz-se de mulher).Substantivo masculino. 3. Indivíduo barrigudo. adj.s.m. (1548 FOlP 113) 1 que ou aquele que tem barriga grande; pançudo adj.p.ana.2 que tem proeminência semelhante a uma barriga <coluna b.><tronco b.>ETIMbarriga + -udo Qual é o nome daquele velhinho barrigudão que usa roupa vermelha e faz assim .Ho! Ho! Ho!....? Em: <http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20091218043630AAoUPfL> 129 Acesso: 23/3/2013 Anônimo disse... hahahahahaha esse aí tá muito mais magrinho do que o barrigudão do Ronaldo!!! Lucas Marenagas - Teresina -PI Em: <http://felippeneri.blogspot.com.br/2010/09/ronaldo-fazendo-escola.html> Acesso: 23/3/2013 Ninguém acredita nele, nem mesmo o técnico do time (Philip Seymour Hoffman, barrigudíssimo). O único ao seu lado é um assistente gordinho (Jonah Hill em raro papel sério). Em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/serafina/sr2509201115.htm Acesso: 14/8/2013 E também constatei que o Axl, apesar de barrigudíssimo e estrábico, ainda enche o palco sozinho, com seu carisma. Em: http://pausadotempo.blogspot.com.br/2011/10/eu-nao-fui-ao-rock-in-rio.html Acesso: 14/8/2013 O BARRIGUDO – DICRÓ Esse aqui é um aviso aos barrigudos desamparados! Em:http://letrasdesambarock.blogspot.com.br/2013/06/o-barrigudo-dicro.html Acesso: 20/11/2013 11 – bedelhudo [De bedelho + -udo] Não consta dos dicionários pesquisados. Que se intromete no que não é da sua conta. Entrei e gostei logo da cara do projeto. Daí, bedelhudo que sou, quis logo meter meu dedo lá também. E serei colaborador - colunista, se preferirem - do site. Legal, não? Em: http://3vozes.blogspot.com.br/2005/10/marketing.html 130 Infelizmente estou aqui falando do Oscar de bedelhudo mesmo, porque não assisti a nenhum filme que concorreu ao prêmio. Faço isso em breve. Em: http://entretantos.com.br/the-oscar-goes-to/ 12 - beiçudo [De beiço + -udo.] Adjetivo. 1. Que tem beiços grossos: Substantivo masculino. 2. Aquele que tem beiços grossos; beiçola. 3. Bras. Pop. V. diabo (2). adj.s.m. (sXIII cf. IVPM) s.m.2Binfrm. m.q. 1 que ou o que tem beiços grossos e/ou proeminentes diabo ETIM beiço + -udo; f.hist. sXIII beyçudo Mêlo do Beiçudo Nelsinho Corrêa Cuidado se você é carrancudo Pois quando você passar Transbordando mau humor o Povão vai dizer : Lá vai o “BEIÇUDO” Em: http://letras.terra.com.br/nelsinho-correa/434467/ Acesso: 31/8/2010 Como ficar beiçuda sem silicone Por Admin em Curiosidades em 12-02-2008 Em: http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=2160 Acesso: 31/8/2010 13 - bicudo [De bico1 + -udo.] Adjetivo. 1. Que tem bico; bical. 2. Pontiagudo, aguçado. 3. Difícil, complicado, árduo. 131 4. Difícil, duro, apertado. 5. Bras. Fam. Zangado, amuado, trombudo. 6. Bras. MG Fam. V. embriagado (1). adj. (1562 cf. JC) 1 provido de bico; bical 2 que possui bico grande, comprido ou grosso 3p.ana. (da acp. 1) que possui a boca projetada para a frente, lembrando um bico (diz-se de pessoa ou animal) 4 que forma ponta; aguçado, pontiagudo <chapéu b.>5infrm. que apresenta dificuldade; árduo, complicado, difícil <problema b.>6infrm. que não é favorável; apertado, duro, desfavorável <vida b.><tempos b.>7Binfrm. que demonstra irritação; amuado, mal-humorado, ETIM bico + -udo Eu sou uma pessoa bicuda! hahahaha... bicuda mesmo! Eu faço biquinhos! Em: http://quefofurice.blogspot.com/2010/07/bicos-biquinhos-e-bicoes-para- confeitar.html Acesso: 12/9/2010 Por isso deixe de ser uma pessoa bicuda, trate as pessoas próximas como seus amigos, não exponha seus amigos às suas radiações de não sou feliz. Em: http://somostodosum.ig.com.br/clube/artigos.asp?id=09647Acesso: 12/9/2010 Habitação: acesso ao financiamento continua um problema bicudo Em: http://opais.sapo.mz/index.php/sociedade/45-sociedade/6750-habitacao- acesso-ao-financiamento-continua-um-problema-bicudo.html Acesso: 12/9/2010 14 - birrudo [De birro2+ -udo.] Adjetivo. 1. Bras. Chulo Que tem pênis grande. adj.MAtab. cujo pênis é grande ETIM3birro + -udo Fui idiota, fui criança, fui birrudo, cabeça dura e impulssivo nas decisões que tomei depois de terminarmos o namoro… Em: http://www.donoctavio.com.br/?page_id=597 Acesso: 31/8/2010 132 27/10/06 ********************NASCEU NASCEU NASCEU****************** MEU SUBRINHO TEM UM PAU HAUHAUAHUAHUAHAUHAU O MEU BIRRUDO NASCEU Em: : http://www.fotolog.com.br/maryr3us/24783599 Acesso: 31/8/2010 15 - boazuda Adjetivo (f.). Substantivo feminino. 1. Bras. Gír. Boa2 (2 e 4). s.f.Binfrm. mulher de formas voluptuosas, sexualmente atraente GRAM aum.irreg. de boaGRAM/USO tb. empr. adjet. ETIM boa + -z- + -uda A atriz Susana Vieira completou 71 anos nesta sexta-feira, 23, e está se sentindo muito bem com a sua nova idade. Ela destaca a sua boa forma tanto física quanto profissional, já que está brilhando na novela Amor à Vida, da Globo, como Pilar. “Estou fazendo 71 anos e continuo boazuda”, afirmou ela ao site do programa Mais Você. Em: http://caras.uol.com.br/especial/tv/post/susana-vieira-completa-71-anos- afirma-continuo-boazuda-sandro-pedroso#image1 Acesso: 08/9/2013 16 - bocetuda [De boceta + o fem. –udo] Não consta de nenhum dos dicionários pesquisados. Diz-se de mulher que tem o órgão sexual grande. Coroa bocetuda treinando o meninão Em: http://www.acervodesexo.com/coroas/coroa-bocetuda-treinando-o-meninao/ Acesso: 1/9/2010 Garanhão enrabando a bocetuda 133 Em: http://www.deusasporno.com.br/sexo/garanhao-enrabando-a-bocetuda/ Acesso: 1/9/2010 17 - bochechudo [De bochecha + -udo.] Adjetivo. Substantivo masculino. 1. Que, ou aquele que tem bochechas [v. bochecha (1)] grandes. adj.s.m. (c1560 FOlN 203) 1 que ou aquele que tem bochechas pronunciadas ou faces gordas 2p.ext. que ou aquele que é gordo ETIM bochecha + -udo; a datação é para o adj. Pai brinca com o rostinho bochechudo de seu bebê Em: http://www.iplay.com.br/Imagens/Divertidas/?Pai_brinca_com_o_rostinho_boche chudo_de_seu_bebe+9492&Grupo=10 Acesso: 1/9/2010 18 - bocuda [De boca1 (ô) + -uda.] Substantivo feminino. 1. Bras. Baluda. s.f. (1920 cf. MS10) 1B mulher que tem boca grande ou esquisita 2ARMB m.q. baluda ETIM fem.substv. de bocudo O ator Colin Farrell declarou para a imprensa que gostaria muito de ter um affair com a atriz-bocuda-peituda-bunduda-etcéteruda Angelina Jolie. ... Em: http://www.novaimprensa.inf.br/passadas/471/humor.html Acesso: 1/9/2010 19 - bocudo (Houaiss) adj.s.m. (1922 cf. CF3) 1B que ou aquele que tem boca grande ou esquisita adj.G-BS2 falador, boquirroto ETIM boca + -udo Como pode, um homem de Deus, zombar de Baal, dizendo que o deus falso está com diarréia? Como pode Deus usar gente bocuda assim? Pois é. Em: http://umadguar.blogspot.com/2010/02/elias-o-profeta-bocudo.html 134 Acesso: 1/9/2010 20 - bojudo [De bojo + -udo.] Adjetivo. 1. Que tem bojo (1); arredondado. adj. (1548 FOlP 159) 1 que tem 1bojo; arredondado, gordo 2 que possui diâmetro ou largura maior em uma de suas partes <pêra b.><bilha b.>3p.ext. cujo ventre é volumoso; barrigudo 4fig. capaz de bem exercer suas atividades, em virtude de seus conhecimentos ou de sua prática; competente ETIM1bojo + -udo Pequeno Vaso Bojudo Dourado Em: http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-149834672-pequeno-vaso-bojudo- dourado-_JM Acesso: 04/9/2010 O sutiã bojudo, a anágua, meias de seda com costura atrás, vestido cintado e justo no quadril (QUEIROZ, Marisa. A rosa amarela.) Em: http://recantodasletras.uol.com.br/cronicas/984196 Acesso: 04/9/2010 21 - bolachudo [De bolacha (1) + -udo.] Adjetivo. 1. Fam. Que tem faces gordas ou rechonchudas; bolacheiro. adj. (1899 cf. CF1 supl.) infrm. que tem faces rechonchudas; bolacheiro, bochechudo ETIM bolacha + -udo eu e o meu bolachudo.... Em: http://www.fotolog.com.br/a_dona/69382804 Acesso: 04/9/2010 Esse rosto BOLACHUDO, vai sumir rapidinho! Em: http://mairameuemagrecimento.blogspot.com.br/2010_07_01_archive.html 135 Acesso: 07/9/2010 22 - botinudo (Aurélio) [De botina + -udo.] Substantivo masculino. 1. V. perna de pau (2). Se arriscou na vida profissional no Guarani, mas em 1992, vendo que a carreira de "zagueiro botinudo" não daria certo, Mano aceitou comandar o time sub-15 do Internacional de Porto Alegre. Em: http://esporte.ig.com.br/futebol/2010/07/24/de+zagueiro+botinudo+a+tecnico+d a+selecao+brasileira++9546232.html Acesso: 07/9/2010 O ex-jogador "botinudo" e a farsa olímpica Em: http://www.papodebola.com.br/papoespecial/20080408.htm Acesso: 07/9/2010 23 - braçudo [De braço + -udo.] Adjetivo. 1. Que tem braços robustos. adj.s.m. (1562 cf. JC) infrm. que tem braços compridos, grossos ou musculosos ETIM braço + -udo Isso o site “Pregunta al Pulpo Paul” (”Pergunte ao Polvo Paul) traz nosso amigo braçudo em versão virtual Em: http://efacil.jor.br/blog/noticias/internet/o-polvo-resolve-pra-voce.html Acesso: 07/9/2010 24 – bundudo [De bunda1 + -udo.] Adjetivo. 1. Que tem bundona; ancudo, quartudo. adj.infrm.1 cuja bunda é volumosa e/ou proeminente; alcatreiro 2 cujas ancas são volumosas; ancudo, quartudo ETIM1bunda + -udo 136 Olá, estou ficando com um gatooooo, mas ele é muuuito bundudo, eu adoro, mas são 114 cm!!! Eu medi. Em: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20081104105347AANWyP5 Acesso: 07/9/2010 Fotos de uma bela morena bundudae muito gostosa. Em: sexoemcasa.com.br/fotos-morena-bunduda-gostosa/ Acesso: 07/9/2010 Esse nêgo é phoda mesmo. Ainda vai dar o que falar. Mas o Victrolla vai gostar disso quando o Venter criar do zero uma mulé coxudíssima. E eu vou aprovar quando sair uma bundudíssima. Em: http://br.groups.yahoo.com/group/Acropolis_/message/160613 Acesso: 14/3/2013 25 - cabaçuda Substantivo feminino. 1. Bras. Chulo Mulher que é virgem, que tem cabaço2 (1). s.f. (1913 cf. CF2) Btab. aquela que tem cabaço ('hímen'); virgem ETIM cabaço + - uda,fem. no sentido próprio, masc., p. ext.,ver cog. cabaçudo E se ela for cabaçuda mesmo, não sou que tirarei seu selinho. Não mesmo. Em: http://www.netvasco.com.br/forum/viewthread.php?tid=26451&page=3 Acesso: 07/9/2010 26 - cabaçudo [De cabaço1 + -udo.] Adjetivo. Bras. Chulo 1. Que é virgem, que tem cabaço (diz-se de mulher). 2. Diz-se de homem simples e ingênuo, que lembra a mulher virgem inexperiente.Substantivo masculino. 3. Homem cabaçudo (2). adj.s.m. (1913 cf. CF2) Btab. que ou aquele que é puro, ingênuo e inexperiente, como uma mulher virgem ETIM divg. fig. de cabaçuda 137 pooh, o cara n tem papo... mas o melhor jeito de ajudar eh como elas fazem, pq criticando como tem alguns chamando de cabaçudo (suahusahusa ') o cara sempre vai ser um merda, isso nem eh culpa dele... Em: http://www.youtube.com/watch?v=GM-WMYG-wW4 Acesso: 07/9/2010 27 - cabeçudo [De cabeça + -udo.] Adjetivo. 1. Que tem cabeça grande. 2. Fig. Teimoso, obstinado; pertinaz. Substantivo masculino. 3. Aquele que tem cabeça grande. 4. Fig. Indivíduo obstinado, caturra; cabeça-dura. adj.s.m. (1220 cf. Inq) 1 que ou o que tem cabeça grande 2p.ana. que ou o que tem extremidade grande ou dilatada; obtuso, rombudo <prego c.>3fig. diz-se de ou indivíduo teimoso, persistente, obstinado ETIM cabeça + -udo; ver capit-; f.hist. 1220 cabezudos, 1562 cabeçudo Cabeçudo que é cabeçudo merece ser reconhecido! Parabéns a minha irmã Rapha, que acabou d passar de primeira na prova da OAB! Seu porte de arma foi liberado hermana!!!!! Em: <http://www.facebook.com/gabrielakastalski> Acesso: 21/3/2013 Professora, meu irmão é muito cabeçudo! Ele só tira notão em tudo! Conversa com aluna. 28 - cabeludo [De cabelo + -udo.] Adjetivo. 1. Que tem muito cabelo. 2. Bras. Intricado, complicado, difícil.3. Obsceno, imoral, indecente. Substantivo masculino. 4. Indivíduo que tem muito cabelo ou que os tem longos. adj.s.m. (sXIII cf. IVPM) 1 que ou o que tem cabelos longos e/ou abundantes adj.fig.2infrm. difícil de lidar com ou de resolver; complicado, intricado <problema de matemática c.>3fig.infrm. sem sutileza ou finura; forte, exagerado, grosseiro <mentira 138 c.>4infrm. que fere o senso de decência ou o pudor; obsceno, imoral <chamou-o de vários nomes c.><piada c.>ETIM cabelo + -udo; f.hist. sXIV cabelludo Suvaco Cabeludo Num dá pra notar muito n , mas as minhas axilas estavam um pouco cheias no dia dessa foto Em: http://www.vibeflog.com/rillyalencar/p/1142794 Acesso: 07/9/2010 Problema cabeludo! Gol G3 não liga com o motor frio Em: http://doutorcarro.forums-free.com/problema-cabeludo-gol-g3-nao-liga-com- motor-frio-t30.html#p89 Acesso: 07/9/2010 PIADA CABELUDA Ih, agora vai uma cabeluda. Às vezes é bom. Lembra do Costinha. Não recomendável para azedinhos, patrulhadores, fracos de estômago e chatos em geral. Em: http://estilingada.blogspot.com/2010/01/piada-cabeluda.html Acesso: 07/9/2010 29 - cachaçudo [De cachaço + -udo.] Adjetivo. Substantivo masculino. 1. Que, ou aquele que tem cachaço grande e grosso. 2. Orgulhoso, soberbo, arrogante, cachaceiro. adj.s.m. (1913 cf. CF2) 1 que ou o que tem cachaço ('parte do pescoço') ou pescoço grande 2fig. diz-se de ou indivíduo presunçoso, arrogante, orgulhoso; cachaceiro 3P (reg.) diz-se de ou indivíduo rico ou poderoso ETIM cachaço + -udo kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk "ei vc ai, seu cachaçudo!" (no sentido de cachaceiro) por que mesmo que o silvio acabou com essas pegadinhas??? Em: http://www.youtube.com/watch?v=ICoyW8Lr5JY Acesso: 09/9/2010 139 30 - caneludo [De canela2 (1) + -udo.] Adjetivo. 1. Bras. Que tem as canelas longas e/ou grossas. 2. Pop. Ciumento. adj.s.m.B1 que ou o que tem canelas ('parte da perna') longas e grossas 2infrm. que ou o que tem ciúme(s); ciumento 3Bpej. apelido atribuído aos mascates no movimento revolucionário de 1710, em Pernambuco ETIMcanela + -udo Os craques (e caneludos) da primeira fase Em: http://veja.abril.com.br/blog/copa-2010/jogadores/os-craques-e-caneludos- da-primeira-fase/ Acesso:09/9/2010 31 - caralhudo [De caralho + -udo] (Não consta nos dicionários consultados) Adj. 1. Diz-se do homem que tem o pênis muito grande. Você se acha caralhudo?!? Vocês acham importante ter um pênis muito grande para agradar as mulheres? Em: http://forum.hardmob.com.br/showthread.php?t=106390 Acesso: 26/9/2010 32 - caruda [De cara + -uda] Não consta dos dicionários consultados. Desinibido; cara-de-pau. Sei exatamente o que está falando, e olha que por aqui ainda tenho o Vivo Fixo de até 2Mbits/s (Speedy 2 Mega). Aqui tem cabo da NET, mas ela na caruda já afirmou várias vezes que não há demanda que justifique o investimento. Em: http://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2013/07/cabo-ou-satelite- entenda-diferenca-dos-sistemas-usados-em-tvs-e-na-web.html Acesso: 08/9/2013 140 sou um pouco recatada, já me disseram para ser mais caruda... como 'e? ocê tem q se aceitar do jeito q é, num vai na idéia dos outros ñ, imagina se todo mundo fosse p frente?? Se vc se acha calada de mais, tente ser mais comunicativa, mas essa história de ser mais "caruda" me parece q estão querendo q vc seja mais p frente, atirada e sem vergonha. Linda, seja vc mesmo, nunca ouvi falar q recato prejudicou alguém, já a falta dele... Espero q tenha ajudado e pense nisso, BJOKS!!! Em: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20090311101659AAV0dO3 Acesso: 33 - chifrudo [De chifre + -udo.] Adjetivo. 1. Bras. Que tem chifres. 2. Bras. Chulo V. corno(11).Substantivo masculino. 3. Bras. Chulo V. corno (9). adj.s.m. (sXX cf. AGC) 1 que ou o que tem chifre(s) [diz-se de animal] 2Binfrm. corno ('cônjuge enganado') s.m.infrm.3 o diabo ETIM chifre + -udo Barraco: Dudu Nobre é chamado de chifrudo e de babaca em show Em: http://www.fofocandoblog.pop.com.br/post/5473/barraco-dudu-nobre-e- chamado-de-chifrudo-e-de-babaca-em-show Acesso: 10/9/2010 Alguém sabe o nome da espécie daqueles animais chifrudos que batem cabeça? Em: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20080924160601AAA6XWA Acesso: 10/9/2010 34 - classudo [De classe + -udo.] Adjetivo. 1. Bras. Fam. Pop. Que tem alta classe (6). adj.Binfrm. que tem muita classe ('educação') <todos diziam que ele era homem c., de grande distinção>ETIMclasse + -udo 141 "Não tenho uma marca registrada, as pessoas me colocaram como a rainha mais classuda. Penso que me chamam assim porque minhas fantasias são bem desenhadas e bem trabalhadas, tenho esse cuidado" Em: http://www.caras.com.br/secoes/noticias/noticias/11718/ Acesso: 10/9/2010 Menos sexy e mais classudo, o preto também é base para produções Em: http://www.hojeemdia.com.br/cmlink/hoje-em-dia/colunas-artigos-e- blogs/semanais/necessaire-1.12178/menos-sexy-mais-classuda-1.91188 Acesso: 10/9/2010 35 – colhãozudo [De colhão + z + -udo] Adj. Que tem testículos grandes. Subst. masc. Corajoso, valente. 3 jun. 2010 ... Estou torcendo, não pela seleção, mas sim pelo Dunga, que foi bastante culhãozudo pra peitar a porcaria da Rede Globo. ... Em: http://tragediando.blogspot.com/search?updated-max=2010-09- 03T18%3A21%3A00-03%3A00&max-results=100 Acesso: 30/8/2010 O PF nasceu no dia 18 de dezembro.Grandão, com quase 4 kg. Culhãozudo e chorão... Hoje, 25, completa uma semana de vida. Em: http://oblogdogondim.blogspot.com/2008_12_01_archive.html Acesso: 30/8/2010 36 -cornudo [Do lat. cornutu.] Adjetivo. 1. V. cornífero.Substantivo masculino. 2. Chulo V. corno (9). 142 adj.s.m. (sXIII cf. IVPM) 1ANAT.ZOO que ou o que tem cornos; chifrudo, cornuto, lunado 2 (sXIV) fig.pej. diz-se de ou homem traído pela mulher, amante ou namorada; corno adj.fig.infrm.4 que apresenta complicações, contradições; bicudo, complicado, cornuto <dilema c.><argumento c.>ETIM lat. cornútus,a,um 'que tem cornos'; a acp. 'marido traído' (1618) é antiga e difícil de explicar; na Grécia já ocorre (Autemidoro, Efeso, sII d.C.) kérata poiein 'fazer corno a, enganar um marido'; note-se que os animais de chifre (veados, corças, búfalos, gazelas etc.) vivem acasalados ou as fêmeas ao redor de um macho único, ciumento e brigão (touros, bodes, carneiros etc.); no fr. predomina cocu, cocue (1694) para 'marido traído' (do fr. coucou, port. cuco), do lat. cucùlus 'a ave', que tinha a acp. fig. 'imbecil, tolo'; tb. no port. essa acp. de cuco foi (é) us., mas prevalece a imagem de 'chifre', como em corno e cornudo; no fr. mari cornu 'marido cornudo' foi us. para mari trompé 'marido enganado'; o Diccionárioda Real Academia Española abona o esp. cornudo na acp. de 'marido traído'; a acp. 'cônjuge traído' ocorre c1470 para o it. cornuto Fiquei encucada com a razao daquele procedimento, pois, com toda certeza, nao podia saber que era um cornudo Em: http://www.casadoscontos.com.br/texto/200903313 Acesso: 07/9/2010 37 - corpudo [De corpo + -udo.] Adjetivo. 1. Bras. S. Pop. V. corpulento (1). adj. (sXV cf. IVPM) B S.infrm. corpulento, encorpado (diz-se de indivíduo) ETIMcorpo + -udo Moreno bronzeado, corpudo, pernão, bundão, Atv, safado, cheiroso. Para homens, mulheres e Casais. Valores a Combinar Em: www.adoosbrasil.com › ... › Relacionamentos Casuais Acesso: 10/9/2010 38- coxudo [De coxa + udo] Não consta dos dicionários consultados. 143 Que tem coxa grande. Cavalheiros, não acredito que estejam babando uma mulher dessas: gostosa, coxuda, deliciosa, linda, que deva morar la em casa a qualquer hora ? Por favor, né ? Esqueçam isso ! Deixe que eu me resolvo com ela, por favor ! Obrigado ! Amigo é pra essas coisas ! 19/08/12 14:45 Atualizado em 19/08/12 15:18 Em: http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2013/08/em-tratamento-delesao-tandara-so-deve-voltar-quadras-em-setembro.html Acesso: 26/8/2013 Ciclista coxudo tatua anéis olímpicos na panturrilha e ganha massagem nas coxas gigantes Em: http://extra.globo.com/esporte/londres-2012/ciclista-coxudo-tatua-aneis- olimpicos-na-panturrilha-ganha-massagem-nas-coxas-gigantes-5834539.html Acesso: 26/8/2013 Hoje fiquei aqui cá comigo com meus botões pensei...será que a coxuda gosta de Heidegger? Aquelas coxas monumentais, de onde provavelmente saiu o big-bang, onde estão depositadas as forças ingentes de todo o universo... Em: http://br.groups.yahoo.com/group/acropolis/message/94177 Acesso: 26/8/2013 39 - cracudo [De crack + -udo.] Não consta dos dicionários consultados. Que(m) usa crack. viajo no onibus 350 passeio iraja todos os dias, e percebir que em toda estenção da leopoldo bulhões os cracudos entra de graça. enfrente ao prezunic de benfica e na rodoviaria novo rio. Pontos mas frequente. 144 gostaria de receber tambem o cartão cracudo. ja que não posso sentar no onibus, e ainda tenho que conviver com mau cheiro. obrigado Em: http://www.reclameaqui.com.br/1796369/transporte-america-ltda/comoadquirir-o-cartao-cracudo/ Acesso: 26/8/2013 40- cuzudo[De cu + z + -udo] Não consta dos dicionários consultados. Adj. 1. Que tem a região glútea grande.2. Pessoa idiota. Comédia, cuzudo, seu pela saco, Você é um otário! (MV Bill. Estilo vagabundo.) Em: http://letras.terra.com.br/mv-bill/686771/ Acesso: 14/9/2010 Morena cuzuda Em: http://www.robertinha.com.br/videos-de-sexo/videos-de-sexo-anal/morenacuzuda-fodendo-o-rabo/ Acesso: 14/9/2010 41 - explicudo [Formação jocosa de explic(ar) + -udo.] Adjetivo. 1. Bras. N.E. Gír. Que se exprime com muita ênfase, empolamento ou pose; pernóstico, enfático. adj.B N.E.infrm. que se expressa com ênfase exagerada; enfático, empolado ETIM explicar + -udo Roberto Albergaria, explicudo professor da UFBa & abusado esculhambador tanto da Metelópole-de-Língua (a Rádia Mamãe) quanto da (...) Em: www.revistametropole.com.br/pdf/revistametropole_01.pdf Acesso: 10/9/2010 145 42 - façanhudo [De façanha + -udo.] Adjetivo. 1. Façanhoso (1). Substantivo masculino. 2. Indivíduo façanhudo. adj. (sXVIII cf. MS6) 1 que pratica façanha(s); façanhoso 2p.ext.iron. que promove desordem; brigão 3fig.iron. mal-encarado; antipático <cara f.>ETIM façanha + -udo Luxemburgo não venceu mais nada depois daquela jornada bielorrusa, claro, e assim é a rotina de um país fraco, mas o façanhudo Fons seguia lá. Herói nacional, merecedor de feriados em seu nome, ficou representando a superação, a raça e toda essa espécie de coisas, dentro e fora dos gramados. Em: http://futebesteirol.blogspot.com/2008/09/o-faanhudo-fons.html Acesso: 10/9/2010 43 - fincudo [De fincar + -udo.] Substantivo masculino. 1. Bras. V. mosquito (1). s.m.ENTB m.q. 1mosquito ('designação comum') ETIM finca + -udo 44 - galinhudo [De galinha + -udo] Não consta de nenhum dos dicionários consultados. 1. Adj. Que fica com vários homens ou várias mulheres simultaneamente. Galinhudo do jeito que ele é, devia no mínimo estar desesperado, porque naquele dia nenhuma das comidinhas que ele tem estava disponível. Em: http://mulheresquebebem.blogspot.com/2010/06/vingancinha-ou-flor-que- nao-foi-regada_13.html Acesso: 11/9/2010 Amiga saudadonas de você galinhuda, vamos marcar lá em Ipanema de novo! Foi demais. Em: http://www.formspring.me/lenarocha/q/574278390 146 Acesso: 11/9/2010 45 - galudo [De galo + -udo] Não consta de nenhum dos dicionários consultados. Adj. Homem sexualmente excitado. Para os índios andinos, a raiz orgânica da maca é um produto energético que aumenta a potência sexual. Esse é bom, ja tomei e fiquei galudo 12 horas Em: http://www.diariodaerva.com/2011/01/maca-peruana-o-viagra-dos- incas.html alias, falando nisso no outro dia tava voltando da lapa mt bebado de onibus na madruga e uma mina que tava fzendo uma encenação com os peitos de fora pegou o mesmo onibus que eu com os peitos de fora ainda... fiquei galudo a viagem inteira. Em: http://forum.lolesporte.com/viewtopic.php?f=8&t=7506 Ser um galudão veiudo é ser um cara que não teme nada, que independente da situação a barraca arma. Ser galudão é ser gentil, esperar o momento certo e galar com ódio. Em: http://galudaoveiudo.blogspot.com.br/2009/11/o-que-e-ser-um-galudao- veiudo.html 46 - gostosudo [De gostoso + -udo] Não consta de nenhum dos dicionários pesquisados. Adj/ S. 1. Pessoa cujo corpo é muito atraente. Gostosuda muda o visual Em: http://one.meiahora.com/noticias/gostosuda-muda-o-visual_107.html 147 Acesso: 10/9/2010 47 - greluda [ De grelo + o fem. -udo] Não consta dos dicionários pesquisados Adj. 1. Que tem o clitóris grande. 19/11/2009 at 8:33 pm peixeira de aço disse: realmente greluda. isso é um pseudopenis Em: http://www.mafiadaputaria.info/fotos-amadoras/greluda-fotos-amadoras/ Acesso: 16/9/2010 48 - letrudo [De letra + -udo.] Substantivo masculino. 1. Pop. Pej. Sabichão, letrado, erudito. adj.s.m. (1665 cf. AcSing) infrm. pej. que ou aquele que julga saber muito; sabichão ETIM letra + -udo; ver liter-; f.hist. 1665 lettrudo 49 - linguarudo [De língua + -r- + -udo.] Adjetivo. 1. V. linguareiro (1).Substantivo masculino. 2. V. linguareiro (2). adj.s.m. (1769 cf. MSouP) 1 diz-se de ou indivíduo que fala demais; falador, tagarela, indiscreto, maldizente ETIM língua + -r- + -udo Não vou contar pra ele, porque ele é o maior linguarudo. Ouvido em conversa informal com a minha filha. Thiago Angelis, o "repórter linguarudo" do programa "TV Fama", da RedeTV, morreu na manhã desta terça-feira (16), aos 29 anos. Em: http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2012/10/thiago-angelis-o-reporter- linguarudo-morre-aos-29-anos.html Acesso: 24/10/2013 Vavá (38) desabafou com Penélope Nova (38) sobre as pessoas que insistem palpitar em sua briga com Gretchen (53). 148 “Como tem linguarudo aqui. Linguarudo e fofoqueiro”, disse Vavá. “Não entra nessa pilha, Vavá. Não leva para o lado pessoal”, aconselhou Penélope. Em: http://caras.uol.com.br/data/a-fazenda-5/post/como-tem-linguarudo-aqui- diz-vava-para-penelope-nova-sobre-felipe-folgosi Acesso: 24/10/2013 50 - lingudo [De língua + -udo] Não consta dos diconários consultados Adj. Que tem língua grande SOU LINGUDO TENHO ORGULHO DE SER !!!!! Em: http://www.orkut.com/Main#Community?cmm=36927712 Acesso: 05/9/2013 eu i cachorro rsrs fedido ahauhau o brian lingudo!!rsrs bom essa fotinha ai foi hj no almoco foi muit muito show ai e eu ,felipe di costa e a namolada dele a i eu segurando o cachorro dela nojento :@ Em: http://www.flogao.com.br/pink4eva/30545098/ Acesso: 24/12/2013 51 – loirudo/lourudo [De louro + -udo] Não consta dos dicionários utilizados. Adj. 1. Diz-se da pessoa que é muito loura e bonita ou exuberante. Mas não ia dispensar mesmo uma novidade dele ainda loirudo do jeito que amo de paixão Em: http://www.fotolog.com.br/hottt_jared/21201786 Acesso: 18/9/2010 149 Niver da Hebe: a louruda com a anfitriã Lucília Diniz, e a imperatriz da elegância Lili Marinho. 52 - machuda [De macho + fem. –udo] Adj. 1. Diz-se da mulher que tem corpo ou modos muito masculinos. "BBB 10": Dicesar chama Angélica de "machuda" "Você é mais leve", disse Angélica se referindo ao corpo de Dicesar. Ele então respondeu: "É porque você é pesada... é mais 'machuda'", disse. Angélica achou graça da brincadeira de Dicesar que completou: "Você não é feminina que nem eu e Serginho." Em: http://natelinha.uol.com.br/2010/01/14/not_28185.php Acesso: 26/9/2010 A bicha pintosa não anda com a bicha machuda, que não pode andar com a barbie. Em: http://forum.hardmob.com.br/showthread.php?t=279974 Acesso: 26/9/2010 A Madonna é machuda ou não? vi que um clip dela erótico ela ta beijando uma mulher,e um show dela em paris ela beijou uma fã dela, Em: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20100914230754AAYI2AI Acesso: 26/9/2010 53 - magreludo [De magrela + -udo] Subst. e Adj. Que(m) é muito magro. eu gosto dessa :)) 150 nháá, vi o magreludo do Dani oontem *----* ê abraço boom, tava morrendo de saudade de tii leeso &hearts; Teadoro *O* sem mais :* ligado 25 March 2009 Em: http://www.fotolog.com.br/piiikena_oo/55287614/ Acesso: 05/3/2013 Anônimo - 05/11/2010 O seu Magreludo te ama muiro gatinha.. Em: http://www.orkut.com/Main#CommMsgs?tid=5535775947618993148&cmm=10796 2091&hl=pt-BR Acesso: 05/3/2013 Pescador parrudo...quer dizer magreludo Em: http://www.vibeflog.com/friendsboys/p/4032026 Acesso: 05/3/2013 54 - mamalhudo [De mama + -alh(o)- + -udo.] Adjetivo. 1. Pop. Mamudo. adj. (1858 cf. MS6) infrm. m.q. mamudo ETIM mama + -alhudo (<alho + -udo) 55 - melecudo [De meleca + -udo] Não consta dos dicionários consultados. Subst. e Adj. Quem tem muita meleca. Perseguição ao melecudo Aninha, Bebeta e Bia perseguem o tirador de melecas mais nojento do trânsito de Aracaju 151 Em: http://www.youtube.com/watch?v=bYxQ0Ml-LW8 Acesso: 18/8/2012 essa comu foi feita pro maior eletricista melecudo do rubens vaz e conhecido e como tarzam por varios moradores da rubens vaz quem nunca fez gato na sua rede eletrica com o tarzam todos da r.v ele decidiu de sair da sua profissao de eletricista para bater o recorde da maior meleca do mundo como vcs ve ai nessa foto o seu maior recorde que conhece e ja ouviu falar nesse recordista eletricista pode participa vlw Em: http://www.orkut.com/Main#Community?cmm=31114999&hl=pt-BR Acesso: 18/8/2012 56 - membrudo [De membro + -udo.] Adjetivo. 1. Que tem membros grandes e vigorosos.2. Fig. Vigoroso, forte, robusto. adj. (sXIV cf. FichIVPM) 1 de membros (braços e pernas) fortes e vigorosos 2p.ext. fig. que tem robustez; que é muito forte; robusto, parrudo ETIM membro + -udo; f.hist. sXIV nenbrudo, 1554 membrudo Morena muito gata com uma grande bunda gostosa encara um negro membrudo Em: www.bucetas.us/.../gata-da-bunda-gostosa-encarando-um-membrudo.html Acesso: 10/9/2010 57 - morenudo [De moreno + - udo] Adj. e Subst. Pessoa morena e bonita. aaaah eu fico toda boba, meeu menino lindo, morenudo fofoo de minha vida, Em: http://www.fotolog.com.br/reeltoon/43164501 Acesso: 18/9/2010 152 Final de partida e a morenuda entrevista Givanildo Oliveira. Em: http://www.papodebola.com.br/papodemidia/coluna/200605-02.htm Acesso: 18/9/2010 58 - mulherudo [De mulher + -udo] Não consta dos dicionários pesquisados. Adj. 1. Homem que gosta de conquistar várias mulheres. 2. Diz-se do corpo feminino muito exuberante. Bom, eu gosto das minhas pullips com corpitcho menos mulherudo Em: http://www.flickr.com/groups/dolls-tutoriais/discuss/72157618169329416/ Acesso: 11/9/2010 encontrei uma mina das passadas e firmamo uma parceria, pra acompanhar encontro Paulin, vulgo mulherudo afim daquela disputa básica, Em: http://efontesjr.blogspot.com/ Acesso: 11/9/2010 E cá entre nós, a Gardner dá de pau na Kelly. A Gardner é muito avassaladora, mulheruda… Em: http://dadagaio.wordpress.com/2012/08/04/mogambo-eua-1953/ Acesso: 19/11/2012 59 - narigudo [Do lat. vulg. *naricutu< lat. vulg. naricae, 'ventas'.] Adjetivo. 1. Que tem nariz grande; narigão, pencudo.Substantivo masculino. 2. Aquele que tem nariz grande; narigão. adj.s.m. (1716 cf. RB) s.m.ENT2 m.q. 1 que ou aquele que tem nariz grande; nariganga, narigão nasuto ('membro') ETIM lat.vulg. *naricútus,i 'id.' Polícia procura por bandido narigudo na Áustria 153 Em: http://noticias.terra.com.br/popular/interna/0,,OI616828-EI1140,00.html Acesso: 11/9/2010 Cirano é assim chamado por causa do avô narigudo, que já havia interpretado a peça de Edmond Rostand, Cyrano De Bergerac. O menino é narigudíssimo e sofre por isso. Em: http://books.google.com.br/books/about/Menino_Narigudo_O.html?hl=pt- BR&id=Y4BtPgAACAAJ Acesso: 14/8/2013 O narigudíssimo mancebo me apareceu com essa anomalia da química e mais o refrigerante Mantiqueira Uva (que será postado posteriormente), advertindo: “olha, eu não tomei nenhuma das duas, eu quis trazer os piores pra você.” Em: http://refrigerando.com/2012/03/04/cibal-cola/ Acesso: 14/8/2013 O narigudo dorminhoco se ajeita melhor na árvore e pega no sono de novo. Enquanto o macho dorme, as fêmeas do bando e os filhotes estão à procura de comida. Em: http://g1.globo.com/globoreporter/0,,MUL1564177-16619,00MATAS+DE+BRUNEI+ESCONDEM+O+CURIOSO+MACACONARIGUDO.html Acesso: 14/8/2013 60 - nervudo [De nervo + -udo.] Adjetivo. 1. Que tem nervos fortes. 2. Fig. Musculoso, forte, robusto. adj. (1789 cf. MS1) 1 com nervos vigorosos 2 com força física; forte, musculoso, robusto <braços n.>ETIM nervo + -udo ta nervudo vai pesca Em: http://www.youtube.com/watch?v=ZHfHyulSSeY 154 Acesso: 11/9/2010 filminho nervudo mesmo... esse da aranhinha é fichinha... Em: http://forum.hardmob.com.br/showthread.php?p=4438240 Acesso: 11/9/2010 61 - olhudo [De olho + -udo.] Adjetivo. 1. Que tem olhos grandes. adj. (1720 cf. RB) 1 de olhos grandes ETIM olho + -udo; ver olh-; f.hist. 1720 olhûdo, 1789 olhudo Minha filha tem sete meses e é super olhuda. Tudo que vê a gente comendo quer também. Em: http://www.e-familynet.com/phpbb/o-bebe-de-vcs-e-olhudo--vt346757.html Acesso: 12/9/2010 62 - Ombrudo[De ombro + udo] Não consta dos dicionários pesquisados. Adj. Que tem ombros grandes. eu e u rafa!! carnaval de 2006... mt bom... ele eh narigudo, e ombrudo e tem a forma du bob!!!hhe te amo feiosooo!!! Em: http://www.fotolog.com.br/lara_hprestes/19608499/ Acesso: 18/11/2012 A moda que havia caminhado para uma democratização de estilos parece retroceder: desde jovens talentos como Alexander Wang, Katy Rodrigues e Preen às marcas mais badaladas do mundo, como Balenciaga, Dolce & Gabbana e Versace – todos investem 155 nos mesmos vestidos tubo curtos e justos, ou em leggings e calças muito justas, ou inclusive o inverso, com calça baggy e blazer ombrudo. Em: http://msn.lilianpacce.com.br/moda/fashionteca/a-caricatura-dos-anos-80-e- very-anos-2010/ Acesso: 18/11/2012 Ao contrário de seus colegas das outras tradicionais maisons francesas, sua moda é rapidamente assimilável: calça justa, regata básica, blazer “ombrudo”, vestido curto, justo, tomara que caia… tudo usado com sandália de salto cheia de tachas. Em: http://msn.lilianpacce.com.br/moda/dercanin-o-novo-nome-da-moda- internacional/ Acesso: 18/11/2012 Um comentário: jeff kusanagi disse... kkkk legal mano ou mais vc é mais ombrudo, mais parrudinho né? ficou massa XD 14 de setembro de 2010 17:32 Em: http://leocarpes.blogspot.com.br/2010/09/eesse-aee.html Acesso: 18/11/2012 63 - orelhudo [De orelha + -udo.] Adjetivo. 1. Que tem orelhas grandes. 2. Fig. Estúpido, burro.3. Teimoso, obstinado. 4. Bras. S. V. orelhano.Substantivo masculino. 5. Pop. Indivíduo burro, estúpido. adj. (sXV cf. FichIVPM) 1 dotado de grandes orelhas 2p.metf.pej. que teima; que é teimosamente obstinado; teimoso ETIM orelha + -udo O Dunga é orelhudo mesmo. A mediocridade não tem tamanho. Em: http://fknolla.wordpress.com/2010/05/11/bye-bye-brasil/ Acesso: 12/9/2010 156 64 - pedaçuda [De pedaço + -udo] Não consta dos dicionários consultados. Adj. 1. Mulher bonita e atraente, com seios, nádegas e coxas grandes. ... aquela morena pedaçuda Dito por meu filho ao ver uma morena bem fornida. 65 - pernaltudo [De pernalto + -udo.] Adjetivo. 1. V. pernalto. adj. (1899 cf. CF1 supl.) m.q. pernalto ETIM pernalto + -udo 66 - pescoçudo [De pescoço + -udo.] Adjetivo. 1. Que tem o pescoço grosso e/ou comprido. adj. (1616 cf. Altanaria) que tem o pescoço comprido ou largo ETIM pescoço + -udo braços longos e finos, saboneteiras profundas, rosto fino e seco, pescoçuda, os dedos longos e finos pareciam pernas. Em: http://mulheresneura.blogspot.com/2009_01_01_archive.html Acesso: 10/9/2010 67 - pirocudo [De piroca + -udo] Não consta dos dicionários pesquisados. Adj. 1. Que tem pênis grande. SOU PIROCUDO E DAI? 04021c326ec0b90306.comunidade.uolk.uol.com.br/ Acesso: 15/9/2010 quinta-feira, 11 de agosto de 2011 Viciados em leite de macho pirocudo Em: : 07/9/2013 157 Chupando forte o pirocudo, gata morena bem gostosa ficou peladinha exibindo suas deliciosas tetas empinadinhas Em: http://www.acervoamador.com/porno/chupando-forte-o-pirocudo/ Acesso: 07/9/2013 68 - pistoludo [De pistola + -udo.] Adjetivo. 1. Bras. MG RJ Chulo Que tem pistola (6) grande; picudo. adj.MG RJ que tem pistola ou pênis grande ETIM pistola + -udo quero um pistoludo comendo minha mulher em bh – Em: www.mundoanuncio.com/.../quero_um_pistoludo_comendo_minha_mulher_em_b h_vale_s_eofranciscano_da_bahia_117306... Acesso: 15/ 9/ 2010 69 - plaquetudo [De plaqueta + -udo.] Não consta nos dicionários pesquisados. Adj. 1. Que tem muitas plaquetas sanguíneas. Foi lá que recebi outro cumprimento esdrúxulo: – Hummmmm... Plaquetuda! Não soa tão bem quanto calibrosa, parece mais xingamento, mas não me incomodei. Estou naquela fase que a Marília citou, qualquer elogio à matéria é bem-vindo. Podem espalhar por aí que sou uma dona plaquetuda calibrosa. Vai ser o meu mais novo cartão de visita. Em: http://vejabrasil.abril.com.br/rio-de-janeiro/editorial/m1097/plaquetuda- calibrosa/ Acesso: 02/10/2010 158 70 - popozudo [De popô + z + -udo] Não consta dos dicionários pesquisados. Adj. 1. Que tem nádegas avantajadas. Está cientificamente comprovado: mulher cadeiruda ou popuzuda, com mais gordurinhas acumuladas na região das coxas, quadris e bumbum Em:http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,MUL859455-5606,00MULHER+CADEIRUDA+PRODUZ+MAIS+LEITE+MATERNO+DIZ+ESPECIALIS TA.html Acesso: 09/9/2010 GAIOLA DAS POPOZUDAS Faixa de festa de funk em Itaboraí, RJ. Vista em setembro de 2010. 71 - sisudo [Do lat. *sensutu, 'ajuizado', pelo arc. sesudo.] Adjetivo. 1. Que tem siso. 2. Sério, grave, circunspeto. 3. Prudente, sensato, moderado.Substantivo masculino. 4. Indivíduo sisudo. 5. Pop. Sério (13). adj.s.m. (sXIII cf. FichIVPM) 1 que ou aquele que tem siso (diz-se de ou indivíduo) 1.1 que ou o que é prudente, sensato, moderado 2 que ou aquele que se mostra sério, grave, circunspecto 3 que ou quem se apresenta com semblante carregado, demonstrando mau humor; carrancudo s.m.LUD4 m.q. sério ETIM orig.contrv.; segundo AGC, de siso + -udo; segundo Nascentes, do lat. *sensutu 'ajuizado', pelo arc. sesudo; segundo JM, está por sesudo, este do ant. seso (<lat. sénsus,us 'sentido'); f.hist. sXIV sesudo, sXIV ssisudo, sXIV sysudo, sXV sissudos, sXV sosudos, 1597 sizudo O sisudo Le Monde nas mãos do rei do sexo Em:http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/27414_O+SISUDO+LE+MONDE+N AS+MAOS+DO+REI+DO+SEXO 159 Acesso: 12/9/2010 Desvele Londres entre o sisudo e o hilário Em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/turismo/noticias/ult338u734448.shtml Acesso: 12/9/2010 72 - testaçudo [De testaça + -udo.] Adjetivo. Substantivo masculino. 1. Testudo. adj.s.m. (1606 cf. DNLeP) m.q. 1testudo ETIM testaça + -udo;a datação é para a acp. 'teimoso' Dizem as más línguas de plantão, que torcem pela tragédia, que depois das artes e manhas do capítulo 100, aparecerá o tradicional, o imorredouro, o contumaz, o encarniçado, o renitente, o testaçudo e o atemporal QUEM MATOU…? Em: http://www.almacarioca.net/passione-o-batalho-de-secretrias-do-lar-e-outrascositas-mais-ludiasbh/ Acesso: 14/9/2010 ELE, nada mais que ELE, nosso testaçudo-plissado-mór, o sempiterno Em: http://hariprado.wordpress.com/2009/11/25/neocomunistas-chantageadas- pelo-governo-empresas-aderem-ao-lulismo/ Acesso: 14/9/2010 73 - testudo [De testa + -udo.] Adjetivo. 1. Que tem grande testa ou cabeça; testaçudo. 2. Fig. Teimoso, obstinado, cabeçudo, testaçudo.Substantivo masculino. 3. Indivíduo testudo; testaçudo. adj.s.m. (1665 cf. FMMelOMet) 1 diz-se de ou indivíduo que tem testa ou cabeça grande; cabeçudo, testaçudo 2fig. diz-se 1 de ou indivíduo teimoso, testaçudo ETIM testa + -udo; ver test-; a datação é para o adj. cabeçudo, 160 cabelo grande ja foi modinha agora os meninos tão passando maquina... passa tbm fica legal x) Não em mim. Sou cabeçudo e testudo. Em: http://forums.tibiabr.com/archive/index.php/t-265644.html Acesso: 14/9/2010 Homens oq vcs axam da xereca testuda? Em: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20120109100037AAjKT2x Acesso: 19/11/2012 74 - topetudo [De topete + -udo.] Adjetivo. 1. Que traz topete. 2. Bras. S. Diz-se do cavalo de grandes crinas, que lhe caem pelas costas. 3. Bras. N.E. S. V. valentão (1). 4. Atrevido, ousado. adj. (1789 cf. MS1) 1 que traz ou usa topete 2B S. diz-se do cavalo de grandes crinas, que lhe caem pela testa adj.s.m.B3 diz-se de ou indivíduo valentão, destemido, arrogante, audacioso ETIM topete + -udo Topetudo Elvis não é só o Rei do Rock, mas também o rei do topete. Ele lançou a moda de usar um volumoso topete esculpido à base de muita brilhantina, lá pelos anos 50. Em: http://juliapetit.com.br/home/topetudo/ Acesso: 14/9/2010 SARGENTO “TOPETUDO” FALA UM MONTE DE ASNEIRA…MAIS UM SEMIANALFABETO DIPLOMADO EM DIREITO VOMITANDO ARROGÂNCIA…TORTURANDO E FORJANDO FLAGRANTES Em: http://flitparalisante.wordpress.com/2010/04/18/sargento-topetudo-fala-ummonte-de-asneira-mais-um-semi-analfabeto-diplomado-em-direito-vomitandoarrogancia-torturando-e-forjando-flagrantes/ Acesso: 14/9/2010 161 75 – trançudo [De trança + -udo] Não consta dos dicionários pesquisados. Adj. 1. Que tem trança(s) grande(s). Eu não sou o Trançudo Justiceiro, e como eu amo a minha enorme trança. Droga! Em: http://www.xyzyaoi.org/fics/nacional/ophiuchusnoshaina/versosenfamor/versos -02.htm Acesso: 14/9/2010 Recordista, americana tem trancinhas no cabelo com quase 6m de comprimento Em: http://espirreinafarofa.blogspot.com/2009/11/trancuda.html Acesso: 19/9/2010 76 - transuda [De transar + udo] Não consta dos diconários consultados Que transa muito. - eeu tte amo muito tta ? voc é só minha MIIH TRANSUDA ! rss s2s2 por viiihdiiias - também amo você .. já falei pra parar , haha :x 7 meses atrás. Em: <http://mepergunte.com/duduzete/56830822> Acesso: 1/4/2013 pq mih transuda ? -kkkk Anônimo - porque eu transo pra caralho , tá bom a resposta ? .. pessoa fofoqueira (o) .. minha amg me chama assim , por motivos que não te interessa ! ;p 8 meses atrás. Em: <http://mepergunte.com/duduzete/56697997> 162 Acesso: 1/4/2013 Ao ser machucado, aprendemos a não ferir as pessoas, porque sabemos quanta dor que causa. Transuda ajuizada .. ♥ Em: <http://www.twitpic.com/6zjjyc> Acesso: 1/4/2013 isso depende cara expliquem-se, depende do que? da menina né, já vi virgem sem frescura, e transuda com frescura Em: <http://forum.jogos.uol.com.br/como-saber-se-uma-mina-e-virgem-ou- nao_t_1663009?page=2> Acesso: 1/4/2013 77 - tropeçudo [De tropeço + -udo.] Adjetivo. 1. Que tropeça com frequência. adj. (1813 cf. MS2) 1 que tropeça com facilidade adj.s.m.2 m.q. tropeção ETIM tropeço + -udo; f.hist. 1813 tropeçúdo, 1813 torpeçúdo, 1836 tropeçudo 78 - unhudo [De unha + udo] Não consta dos dicionários consultados. Que (m) tem unhas grandes. 16 jul. 2006 – janctancious; Ahhh, nada como um laço bem dado! - janctancious; Criatura! o nome das meias é vivarina! aquelas que até um gato unhudo ... Em: https://www.google.com.br/#hl=pt BR&sugexp=ernk_timediscountc&gs_nf=3&tok=eYIJxTxBq9EJ50oJJhSxZQ&pq=%22 unhudo%22&cp=6&gs_id=k&xhr=t&q=%22gato+unhudo%22&pf=p&biw=1422&bih =951&sclient=psy- 163 ab&oq=%22gato+unhudo%22&gs_l=&pbx=1&bav=on.2,or.r_gc.r_pw.r_cp.r_qf.&fp= 1751f1c46a115e7f&bpcl=38625945 Acesso: 18/11/2012 O Unhudo Seg, 29 de Novembro de 1999 21:00 Escrito por Vergonha - Lins, SP Já foi visto por muitos aqui em Lins, principalmente pescadores em beira de rio. Na maioria dos casos comentados, a vítima está pescando tranquilamente nas margens do Rio Batalha, quando aparece a criatura: alta, magra, humanóide, toda peluda e com dedos e unhas grandes. Ao se levantar, a vítima leva um "tapão", e é arremassada vários metros, chegando a ficar desacordada. A criatura foi apelidada de Unhudo. Já tem até bonequinhos na cidade com seu nome. Só não saiu ainda no "Fantástico"! Dizem que é guardião dos rios. Em: http://www.estronho.com.br/causos-e-lendas-urbanas/2745.html?task=view Acesso: 18/11/2012 79 - varudo [De vara1 + -udo.] Adjetivo. 1. Diz-se do tronco de árvore direito e comprido. adj. (1836 cf. SC) 1 que é reto e comprido (diz-se de tronco ou de árvore com tal tronco) 2 diz-se do boi ou vitelo de corpo comprido, direito e forte ETIM1vara + -udo Mas a Chris já viu algumas vezes a sua vara e sempre fala que vc é muito varudo pra ela. Em:http://04029c3968c0991306.comunidade.uolk.uol.com.br/2007_09/topic2007_0910_19_18_20-11692145.html Acesso: 14/9/2010 80 - veiudo [ Da loc. de veia + udo] Adjetivo. 1. Bras. SP Diz-se do cão que em certos dias é bom e em outros não. 164 adj.SP que em certos dias está manso, e noutros dias está agressivo (diz-se de cão) ETIM veia + -udo BICEPS "VEIUDO" - ALGUEM TEM DICAS?? Em: http://www.fisiculturismo.com.br/forum2/viewtopic.php?p=422600&sid=11d26d3 0828eb18125a2ab3964468cef Acesso: 14/9/2010 Para quem adora um cacete preto, grande e veiúdo. Em: http://04029a3864e4991306.comunidade.uolk.uol.com.br/ Acesso: 14/9/2010 81 - verçudo [Do port. ant. verça, 'couve' (< lat. vulg. *virdia < lat. viride, 'verde'), + -udo.] Adjetivo. 1. Que tem muitas folhas. 2. Cabeludo, peludo. 3. Trombudo, carrancudo. [Var.: berçudo. Cf. versudo.] adj. (c1543 cf. JFVascE) 1 que tem muitas folhas <moita v.> 2 fig. que tem pêlos ou cabelos longos ou em profusão; cabeludo, peludo <mendigo v.> <cão v.> 3 de fisionomia carrancuda; mal-encarado, trombudo ETIM verça + -udo; f.hist. c1543 verçudo, 1619 versudo 82 - versudo [De versa + -udo.] Adjetivo. 1. Diz-se do pão das searas, muito acamado. [Cf. verçudo.] adj. (c1543 cf. JFVascE) muito acamado (diz-se de trigo nas searas) ETIM 2versa + udo 83 - xerecuda [De xereca + fem. –udo] Não consta dos dicionários consultados. 165 Adj. 1. Mulher que tem a genitália grande. Esposa tímida, xerecuda e fogosa na cama Em: http://www.coroascaseiras.net/index.php/fotos/809-esposa-timida-xerecudae-fogosa-na-cama Acesso: 14/9/2010