44 — o movimento corporal na educação infantil

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ISSN 2238-300X
O MOVIMENTO CORPORAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL
THE BODY MOVEMENT IN EARLY CHILDHOOD EDUCATION
Marcus Vinícius Palmeira Silva1
Resumo: O presente artigo tem como objetivo desenvolver uma
análise sobre a situação atual dos conhecimentos produzido na
área da Educação Física relacionados ao Movimento na Educação
Infantil. Diante dessas reflexões, somos conduzidos a repensar
uma concepção de Educação Infantil que leve em consideração o
papel do movimento corporal da criança no contexto educativo,
como uma necessidade físico-motora do desenvolvimento infantil,
capaz de propiciar uma diversidade de experiências motoras
através de situações nas quais elas possam criar e re-criar o gestual
motor. Nesse processo a criança descobre novas possibilidades
de movimentos com significado e intencionalidades presentes no
processo educacional, em especial na fase da Educação Infantil.
Palavras-chaves: Educação Infantil; movimento corporal;
Educação Física; Repertório motor; Intencionalidade.
Abstrat: This article aims to develop an analysis of the current
state of knowledge produced in the area of movement, and the
role of Physical Education in Early Childhood Education. Given
these considerations, we are led to rethink a concept of early
childhood education that takes into account the role of the body
movement of the child in an educational context, such as a need
physical-motor development of the infant, capable of a variety of
motor experiences through situations which they can create and
re-create the gestural motor. In this process the child discovers
new possibilities for movements with meaning and intentions
present in the educational process, especially at the stage of
early childhood education.
Keywords: kindergarten, body movement, physical education,
motor repertoire, intentionality.
Mestre em Educação Física – USJT, Especialista em Educação Física Escolar – UNICAMP, Especialista em
Treinamento Desportivo – UFBA, Graduado em Educação Física pela UFBA
Graduado em Pedagogia pela UNINOVE.
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INTRODUÇÃO
Com o objetivo de proporcionar ao aluno uma formação integral
para o exercício pleno da cidadania no Brasil, a legislação nacional
estabelece que a Educação Básica brasileira seja constituída por
três níveis de ensino: a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o
Ensino Médio. A Educação Infantil, nosso foco de estudo no presente
artigo, deve ser ofertada por instituições específicas de atendimento
às crianças de 0 a 6 anos de idade, e são comumente denominadas
de creches para as crianças de 0 até 3 anos, e de pré-escolas para
crianças de 4 a 5 anos de idade, como citado na lei federal nº
9394/96, que é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
também conhecida como LDB. Essa primeira etapa, apesar de não
ser obrigatória, configura-se como sendo um direito da criança e um
dever da família e do Estado, como consta no art. 2º da lei a cima
citada, fazendo parte do processo educacional, se constituindo como
a primeira etapa da educação básica, possuindo como finalidade o
desenvolvimento da criança até cinco anos de idade, em seus aspectos
físico, psicológico, intelectual e social (BRASIL, 1996, p. 11).
O foco deste estudo, resultado da seleção e organização de
referências na área da educação, bem como da psicologia, é a
educação infantil pré-escolar, abordando o movimento do corpo no
desenvolvimento do processo educacional de crianças com idade
entre 3 e 6 anos, abordando alguns indicadores teóricos que podem
alicerçar as práticas pedagógicas dos educadores sobre o relevante
papel da motricidade infantil nessa importante fase do processo de
ensino e aprendizagem.
Está estabelecido que a educação é um processo contínuo e
evolutivo, que se encontra centrada na criança, tornando-se necessário
evidenciar este processo nos anos iniciais, em especial na educação
infantil, primeira etapa da educação básica, caracterizada por ser uma
fase que possui um papel social bastante relevante no desenvolvimento
humano e social do aluno. Pois, deve-se conceber a criança como
um ser sócio-histórico, sendo que a aprendizagem se dá nessa esfera
conceptiva pelas interações entre a criança e seu entorno social.
Observa-se, nas Orientações Didáticas, presentes nos PCN´s
para Educação Infantil, que os jogos e brincadeiras possuem um
papel de destaque junto ao conjunto de orientações presentes no
corpo do documento que aconselham a realização de atividades
que envolvam o reconhecimento do próprio corpo, do corpo do
outro e a imitação gestual. Sendo que essas atividades podem
se transformar em atividades da rotina escolar, porque propõem
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a percepção e identificação de partes do corpo e a imitação de
movimentos. Outra orientação de atividade presente no documento,
com relação direta ao movimento corporal infantil, tem a ver com
o reconhecimento dos sinais vitais e de suas alterações, como a
respiração, os batimentos cardíacos, como também de sensações de
prazer ou desprazer que qualquer atividade física pode proporcionar
aos seus praticantes (BRASIL, 1998).
Ao analisar a situação atual do conhecimento produzido na área
do movimento humano e da Educação Física Escolar, em especial
na Educação Infantil, percebe-se a relevância emergente de uma
investigação mais criteriosa, principalmente no que se refere à
legitimação da presença desta área do conhecimento, no quotidiano
escolar das crianças de 3 a 6 anos de idade.
GESTUAL MOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL: DE 3 A 6 ANOS
É fato que as crianças, desde o seu nascimento, movimentam-se
sendo que a qualidade e a complexidade deste gestual motor vão
se aprimorando a cada dia por intermédio das diversas experiências
a quais as crianças tem acesso quando correm, saltam, brincam,
manuseiam objetos, etc., todo esse processo possui, em seu âmago, a
relação com o movimento corporal. O ato de movimentar constitui uma
importante dimensão do desenvolvimento e da cultura humana. Através
da atividade motriz, é permitido às crianças expressarem sentimentos,
emoções e pensamentos, ampliando as formas e possibilidades do uso
significativo de gestos motores e posturas corporais. O movimento
humano, portanto, configura-se em ir além do simples deslocamento
do corpo no espaço, constituindo-se em uma linguagem que permite
às crianças agirem sobre o meio físico e atuarem sobre o ambiente
humano, expressando seu fazer motriz e mobilizando as pessoas por
meio de seu componente expressivo (KUNZ, 2001).
A partir de uma análise do Referencial Curricular Nacional para
Educação Infantil observa-se que neste documento o movimento é
citado como sendo uma importante dimensão do desenvolvimento
e da cultura humana, visto que, “as crianças se movimentam desde
que nascem adquirindo cada vez maior controle sobre seu próprio
corpo e se apropriando cada vez mais das possibilidades de interação
com o mundo” (BRASIL, 1998, p.15). No mesmo documento aparece
o trecho que enfatiza o potencial da motricidade na infância
trazendo em seu bojo que:
“... o movimento para a criança pequena significa muito mais do
que mexer partes do corpo ou deslocar-se no espaço. A criança se
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expressa e se comunica por meio dos gestos e das mímicas faciais
e interage utilizando fortemente o apoio do corpo. A dimensão
corporal integra-se ao conjunto da atividade da criança. Pode-se
dizer que no início do desenvolvimento predomina a dimensão
subjetiva da motricidade, que encontra sua eficácia e sentido
principalmente na interação com o meio social, junto às pessoas
com quem a criança interage diretamente. A externalização de
sentimentos, emoções e estados íntimos poderão encontrar na
expressividade do corpo um recurso privilegiado”. (Referencial
curricular nacional para a educação infantil, 1998, p.18)
Na infância, principalmente na fase compreendida entre os 3 e os
6 anos de idade, o movimento corporal representa a matriz básica,
na qual se expressam e desenvolvem as mais relevantes significações
do aprender. Isso se deve ao fato da criança transformar em símbolo
tudo aquilo que pode experimentar corporalmente. Constrói assim,
o seu pensamento a partir dessa experiência, primeiramente, sob
a forma de ação. Durante essa fase, a criança necessita evidenciar
o agir para poder favorecer a sua compreensão, e expressar
significados presentes no contexto histórico-cultural no qual está
inserida. Na pequena infância, o ato mental se desenvolve no ato
motor, quando a criança alia a ação ao pensamento, ou seja, pensa
quando está realizando a ação e isso faz com que o movimento
corporal adquira um papel de efetivo destaque nas fases iniciais do
desenvolvimento infantil (Wallon apud Galvão, 1995).
Outro característica importante na faixa etária entre 3 e 6 anos,
é que a criança começa a desenvolver o domínio de algumas praticas
que podemos classificar aqui de culturais, ou gestos instrumentais,
que segundo Galvão (1995) é um processo estreitamente vinculado
ao ambiente cultural, como alimentar-se sozinha, amarrar os
sapatos, escovar os dentes, etc., que tendem a contribuir para o
aperfeiçoamento da expressividade infantil e, conseqüentemente, o
desenvolvimento de uma autonomia na movimentação do próprio corpo.
Paralelo ao desenvolvimento dessas praticas culturais, a criança
inicia um processo de capacitação para distinguir os objetos, de
identificar as cores predominantes e as suas formas, as dimensões
e as suas próprias qualidades táteis, a criança passa a desenvolver,
a necessidade em experimentar modelos de padrões de movimentos
que estão presentes em seu contexto sócio-cultural. Portanto,
os movimentos corporais, tão relevantes no desenvolvimento
físico-motor infantil, passam a constituir uma linguagem que se
desenvolve no processo histórico-cultural do meio no qual a criança
se encontra inserida, onde os progressos adquiridos a partir da
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linguagem oral, bem como da representação verbal e não verbal, e
o aperfeiçoamento dos movimentos corporais constituem condições
favoráveis para o processo de elaboração da expressividade infantil,
a partir de uma linguagem corporal (GALVÃO, 1995).
Durante esta fase se faz necessário a oferta de um ambiente,
extra-familiar que favoreça a criança o desenvolvimento de todo seu
potencial motriz, respaldado por um aparato estrutural e humano
capacitado para o desenvolvimento da função de gerir, e possibilitar,
experiências significativas, e intencionais, para o desenvolvimento
de sua motricidade através da oferta de diversas situações que
ampliem seu repertório motor, sendo que o local legalmente
instituído para esse fim é a escola infantil, que surge como um local
capacitado a favorecer as descobertas e a ampliação das experiências
individuais, culturais, sociais e educativas da criança, através da
sua inserção em ambientes distintos dos da família. Deve favorecer
um ambiente que trata de forma integrada o desenvolvimento
da criança, sua subjetividade, e os contextos sociais e culturais
que a envolvem através das diversas experiências que esta deve
possuir a oportunidade, bem como o estimulo de vivenciar todas as
possibilidades nesse importante espaço de sua formação.
O ESPAÇO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
A importância da atividade motora para o desenvolvimento normal
do ser humano, já era preconizada na Antigüidade. Quer por meio
das práticas educativas nas civilizações pré - históricas e históricas,
quer por meio dos documentos deixados pelos pensadores como
legado da humanidade (BARRETO, 2009, p. 01). Estudos recentes
ressaltam o papel significativo para educação motora, na fase da
educação infantil. Esse componente educativo é indispensável para o
desenvolvimento das capacidades das crianças como a comunicação,
a afetividade, a sociabilidade e a inteligência. Através do acesso as
atividades motoras a criança passa a interagir com seus pares tendo
a possibilidade de posicionar-se em diversas situações sociais, o que
gera um ambiente propício ao desenvolvimento infantil integral.
O desenvolvimento motor está relacionado às áreas cognitiva e
afetiva do comportamento humano, sendo influenciado por muitos
fatores, onde destacam-se os aspectos ambientais, biológicos,
familiar, entre outros. Esse desenvolvimento é a contínua alteração
da motricidade, ao longo do ciclo da vida, proporcionada pela
interação entre as necessidades da tarefa, a biologia do indivíduo
e as condições do ambiente. (GALLAHUE, 2005, p. 03).
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Às crianças passem a compreender e descobrir os próprios limites,
enfrentando desafios, conhecendo e valorizando o próprio corpo, e
passem a se relacionar com outras pessoas fora do convívio familiar.
É necessário, portanto, propor situações didáticas que possibilitem
à criança a perceber a origem do movimento, a expressar seus
sentimentos utilizando a linguagem corporal, e localizar-se no
espaço, entre outras ações relacionadas ao desenvolvimento de
suas capacidades intelectuais e afetivas. Diante disso, a Educação
Física, poderá contribuir de maneira eficiente no processo de
fomento de um programa de Educação Infantil, comprometido com
o desenvolvimento integral da criança.
Partindo da perspectiva de assimilar a função da Educação
Física na Educação Infantil, compreendemos que o ensino “não
pode ser concebido como uma mera aplicação de normas, técnicas
e receitas pré-estabelecidas, mas como um espaço de vivências
compartilhadas, de busca de significados, de produção de
conhecimento e de experimentação na ação” (SACRISTÁN; GÓMES,
2002, p.86). Deve-se conceber a Educação Física na Educação Infantil
como sendo momentos que proporcionem às crianças situações que
favoreçam o desenvolvimento de sua consciência corporal, isto é,
possibilitar as crianças reconhecer-se por meio de interações, como
processo fundamental para a construção da identidade infantil.
A partir de novas experiências corporais vislumbra-se a
possibilidade de fomentar a curiosidade e a busca pelo novo por
parte das crianças, o que favorece no campo cognitivo a possibilidade
de se concretizar diversas relações com novos conhecimentos. As
vivências motrizes neste contexto são importantes, considerando
o caráter lúdico como um fator determinante na aprendizagem da
criança, contribuindo também com a formação da moral ajudando
a desenvolver a personalidade integral da criança. Sendo que para
atingir esse fim, as atividades de Educação Física devem possuir uma
concepção de experiência corporal valorizando a bagagem motriz
trazida pelos alunos, além de possibilitar-lhes o contato com novas
possibilidades de movimento, respaldando-se no componente lúdico,
ofertando diversas possibilidades de expansão do repertório motor
através de brincadeiras e jogos que priorizem o agir a través da relação
movimento-pensamento-ação. (Baecker, 2001, apud BASSEI, 2008).
Para alcançar esses fins na Educação Infantil, as atividades devem
ser pedagogicamente estruturadas para proporcionar experiências
corporais realmente significativas para as crianças, contendo em
seu bojo uma intencionalidade pedagógica que legitime o fazer
pedagógico nas aulas de Educação Física. Funke-Wieneke (1983,
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apud BASSEI, 2008) estrutura o trabalho pedagógico composto pela
seguinte estrutura: Experiência do Corpo; Experiência com o Corpo;
Experiência do Corpo no espelho do outro; e Apresentação do corpo
e a Interpretação da linguagem corporal do outro.
Ao explicar a experiência do corpo, afirma que esta está voltada
ao interior do indivíduo que através do movimento conhece, sente,
relaciona as suas condições que antes eram naturais, como respirar,
contrair, relaxar, andar, saltar, etc. tornando-as conscientes. Já
a experiência com o corpo, entende que o indivíduo passa a se
relacionar com o mundo através de seu corpo reelaborando conceitos
que este formulará a partir de sua experiência individual e particular.
E as experiência do corpo no espelho do outro ocorre no quando se
entra em diálogo com o outro, também corpo, nas interações sociais,
momento em que são provocadas as comparações, as avaliações, as
interpretações e as reflexões sobre o seu próprio corpo e o corpo
dos outros. A apresentação do corpo, bem como a interpretação
da linguagem corporal do outro, significam a comunicação entre
os corpos que se relacionam e o mundo. Este momento propicia o
diálogo em que interpretações e respostas são expressas através
do se-movimentar destes corpos, constituindo novos significados
mantendo-se vivas e dinâmicas as relações entre os sujeitos e o
mundo (Funke-Wieneke, 1983, apud BASSEI, 2008, p.8).
Porém se faz necessário uma reflexão sobre as possibilidades
de manifestações corporais inseridas nas práticas pedagógicas da
Educação Física, sendo que essas foram influenciadas por uma visão
dualista e racional, que se buscaram se sustentar na concepção
positivista, e acabaram servindo de fundamentação para todo
o pensamento moderno, principalmente, a instituição escolar.
Este pensamento, que como cita Bassei (2008) assumiu a forma
do dualismo cartesiano no momento contemporâneo, separou o
sujeito do seu corpo, privilegiando as experiências cognitivas,
desconsiderando o valor do corpo como elemento fundamental no
processo da produção de conhecimento. Dessa forma, as diversas
manifestações ligadas ao corpo e a sua expressão através do
movimento tornaram-se indevidas e inconvenientes, passando a
serem descriminadas, pois “todo movimento é considerado como
distração e desvio das funções da mente” (Santin, 2001, p. 18).
Descordando dessa visão, concebemos que o corpo em
movimento adquire um papel fundamental na infância, pois este
é um mecanismo de expressão que possibilita um vinculo efetivo
da criança com o contexto social. Portanto, o corpo humano não
pode ser concebido como sendo uma experiência desvinculada da
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inteligência ou ser considerado apenas como uma possibilidade
mecânica de movimento, de forma inanimada e incapaz de produzir
novos saberes. Como nos afirma Santin (1987, p. 34), “o movimento
humano pode ser compreendido como uma linguagem, ou seja,
como capacidade expressiva”, o que extrapola esta concepção que
restringe o movimento a penas como habilidade mecânica.
Partindo desses pressupostos, compreende-se a necessidade
emergente de que as práticas pedagógicas integrantes da educação
infantil ofereçam situações didático-pedagógicas que proporcionem
às crianças um efetivo espaço de criação, de expressão e de
construção do próprio conhecimento através das suas experiências
e vivências de movimento.
É nesse contexto que acreditamos que as aulas de Educação
Física na educação infantil devem ser fundamentadas, partindo
das experiências de movimento das crianças em três esferas de
concepção, inicialmente partindo da experiência corporal, onde
através do esforço no movimento existe um confronto direto com o
próprio corpo em movimento; da experiência material, onde através
do explorar e configurar por meio do movimento torna-se possível a
experimentação do meio; e, a experiência de interação social, onde
se busca o entender-se e comparar-se no sentido de saber relacionarse com os outros em situações de movimento, necessitando para
isso, estar pautada em um agir comunicativo, racional e crítico, que
se oriente pelo desenvolvimento de uma capacidade questionadora
e argumentativa consciente sobre a realidade (BAECKER, 2001 apud
BASSEI, 2008, p. 07).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao refletirmos sobre algumas possíveis contribuições sobre
a Educação Física na Educação Infantil, fundamentadas pela
importância do movimento corporal e pelas contribuições que as
experiências com a cultura corporal de movimento podem trazer
nesse período de vida da criança e em todo o seu processo de
formação, concluímos que realmente existe uma grande relevância
dessa disciplina no âmbito da Educação Infantil. Fica claro que esse
é um campo de discussões, e debates, que sofre de uma imensa
carência de estudos científicos que possam respaldar de maneira
eficaz o fazer pedagógico do docente de Educação Física, bem como
legitimar, através de pressupostos teóricos, as aulas de Educação
Física neste nível da educação básica. É de suma importância que a
estrutura curricular, na Educação Infantil, seja realmente eficiente
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quanto a inclusão das atividades físicas nesse nível de ensino,
fundamentado pela sua real importância no processo de formação
da criança em seus aspectos motor, psicológico, social e cognitivo,
respaldado pelo Referencial Curricular Nacional Para a Educação
Infantil. É importante, para legitimar a presença da Educação Física
nessa fase do ensino, que a mesma esteja inserida no contexto
escolar pautada, e instituída, através de uma abordagem de ensino e
aprendizagem consistentes, respaldada por uma perspectiva crítica
e emancipatória de ensino.
A estrutura escolar brasileira não pode, e não deve, compactuar
com uma realidade aonde geralmente vem sendo desvalorizado
quase todo o potencial de aprendizagem que pode ser desenvolvido
com as criança com idade entre 3 e 6 anos. Deve-se criar um
ambiente educacional que possibilite às crianças vivências de
situações motoras que possam expandir de maneira pluralizada o
seu repertório motor favorecendo a compreensão da sua cultura
corporal de movimento, não minimizando as ações de movimento
corporal a um fazer puramente mecânico, destituído de sentidos,
significados e intencionalidades.
Diante dessas reflexões, somos conduzidos a repensar uma
concepção de Educação Infantil que leve em consideração o papel que
o movimento corporal da criança possui no contexto educativo, não
somente como uma necessidade físico-motora do desenvolvimento
infantil, mas também como uma capacidade expressiva e intencional
presente no processo educacional, em especial na fase da educação
infantil. Chegamos então, a uma concepção de que a Educação Física
tem um papel relevante na Educação Infantil, como mecanismo
capaz de propiciar às crianças uma diversidade de experiências
motoras através de situações nas quais elas possam criar e re-criar
seu gestual motor descobrindo novas possibilidades de movimentos
com significados e intencionalidade.
Portanto, acreditamos que os pressupostos discutidos merecem
uma reflexão mais aprofundada, extrapolando o espaço proporcionado
por um artigo cientifico de revisão. A proposta aqui enunciada é a de
estimular o debate sobre esse enfoque, tão relevante; limitamosnos, nesse momento, em discutir de maneira breve, expondo nossas
idéias em relação à Educação Física na Educação Infantil, que
deve ser estimulada, para que as crianças possam ter condições de
expandir seus horizontes motrizes dando significado a suas ações
durante o movimentar-se com aspectos relacionados ao potencial
lúdico que essa fase da educação básica oferece, favorecendo o
desenvolvimento de uma identidade crítica e emancipada.
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