complicações decorrentes da diabetes: relato de

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COMPLICAÇÕES DECORRENTES DA DIABETES: RELATO DE CASO
Adelita Iatskiu (UNICENTRO), Amanda Constantini (UNICENTRO), Carolina
G. de Sá (UNICENTRO), Caroline M. Roth ((UNICENTRO), Cíntia C. S.
Martignago (UNICENTRO), Daniele Karine Ruthes (UNICENTRO), Cíntia
Raquel Bim (Orientadora), e-mail: [email protected].
Universidade Estadual do Centro-Oeste/Setor de Ciências da Saúde
Departamento de Fisioterapia
Palavras-chave: diabetes, fisioterapia, complicações, prevenção.
Resumo:
A diabetes é uma doença que vem aumentando sua incidência,
particularmente na população obesa e sedentária, e traz muitas
complicações com o passar dos anos. O trabalho de acompanhamento e
prevenção de complicações é essencial. A fisioterapia contribui nessa
prevenção, particularmente na monitorização sensitiva e motora dos pés,
visando evitar as amputações de membros inferiores.
Introdução
A prevalência do diabetes mellitus tipo 2 está aumentando de forma
exponencial, adquirindo características epidêmicas em vários países,
particularmente os em desenvolvimento. Muitos pacientes são portadores da
doença e não sabem.
A diabetes, por ser uma doença crônico-degenerativa, traz inúmeras
complicações, como retinopatia, nefropatia, neuropatia, e doenças
cardiovasculares. A neuropatia, em particular, compromete a sensibilidade
dos pés, pode levar às úlceras, que se não tratadas, podem resultar em
amputações.
O objetivo deste relato de caso foi salientar a importância do
diagnóstico precoce e do monitoramento das condições clínicas do diabético,
para prevenção de complicações.
Materiais e Métodos
A presente pesquisa caracteriza-se por um estudo de caso, de corte
transversal, de caráter descritivo.
O estudo foi realizado com diabético que procurou a Clínica-escola de
Fisioterapia (CEFISIO) da Universidade Estadual do Centro-oeste –
UNICENTRO, Guarapuava-Paraná, em junho de 2009.
Foi aplicado um questionário estruturado com questões sobre
identificação do paciente e características da diabetes. Em seguida
procederam-se as seguintes avaliações: (1) índice glicêmico, através do
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medidor de glicose da marca Optimum; (2) sensiblilidade tátil, térmica e
dolorosa com pincel (tátil), água quente e fria (térmica) e agulha (dolorosa);
(3) inervação, através do kit estesiômetro, cotendo filamentos "SemmesWeinstein" com diâmetros entre 0,05g e 300g, da marca Sorri; f(4) Função
muscular, por meio de testes de função muscular, descritos por Palmer e
Epler (2000), utilizando como escala para análise dos dados o número de
repetições realizadas pelo sujeito em cada teste, metodologia esta utilizada
por SACCO et al (2007); (5) amplitude de movimento, utilizando a
goniometria, método de avaliação que consiste no uso do goniômetro para
medir ângulos articulares do corpo, com goniômetro da marca Carci, modelo
de 20 centímetros.
Os dados foram analisados de maneira descritiva. A presente
pesquisa foi aprovada pelo Comitê de ética em Pesquisa do CCSUNICENTRO, sob parecer no115/2008.
Resultados e Discussão
O paciente diabético deste relato de caso tinha 55 anos, sexo masculino,
trabalhava com serviços gerais, não completou o ensino fundamental, e
possuía renda de 1 a 3 salários mínimos.
Em relação às características clínicas, estava obeso, com peso de
88Kg, altura 1,65cm, tendo índice de massa corporal (IMC) de 32. A
obesidade está fortemente relacionada a condições patológicas como a
diabetes, a hipertensão arterial e as dislipidemias, que contribuem com a
ocorrência de problemas cardiovasculares, que são identificados como
principal causa de morte no país. Estudos comprovam que a redução do
peso traz benefícios ao paciente hipertenso tanto com relação à diminuição
dos níveis pressóricos, como na melhora e reversibilidade das diversas
complicações associadas à obesidade (Souza, 2003).
O paciente informou que não apresentava hipertensão arterial, e que
descobriu ser diabético do tipo 2 há apenas cinco meses. Essas declarações
nos fazem supor que este paciente possui diabetes há mais tempo que o
relatado, e é portador de hipertensão arterial, uma vez que também declarou
já ter tido um acidente vascular encefálico. A diabetes e a hipertensão
arterial são fatores predisponentes para complicações vasculares, como o
derrame cerebral (Souza, 2003).
Outros dados deste paciente nos mostram que os cuidados em
relação à sua saúde não são adequados. O paciente não pratica nenhuma
atividade física, nunca procurou um nutricionista e informou controlar a dieta
sozinho esporadicamente. A falta de cuidados com a saúde podem estar
relacionadas com a baixa escolaridade, baixa renda e a dependência do
Sistema Único de Saúde (SUS). A renda é um fator capacitante que, quando
presente na explicação do padrão de utilização de serviços de saúde da
população, indica que a utilização varia segundo os recursos financeiros das
pessoas (Travassos, Oliveira e Viacava, 2003).
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Após a descoberta da diabetes, o paciente passou a tomar
medicamentos para controlar a glicemia. No dia da avaliação ele apresentou
glicemia de 107 mg/dl após refeição, o que é considerado normal. O
diagnóstico da diabetes, há apenas cinco meses, pode ter despertado o
paciente para cuidados com sua saúde, pois a glicemia parecia estar sendo
controlada adequadamente.
A sensibilidade tátil, térmica e dolorosa estavam diminuídas em
ambos os pés. A inervação também se mostrou comprometida, conforme
Figura 1.
Figura 1 – Limiar de sensibilidade
O resultado apresentado na avaliação da inervação indica que este
paciente está propenso a desenvolver ulcerações nos pés, devido à perda
da sensibilidade à pressão profunda, normalmente não podendo sentir dor,
representada pela maioria dos pontos analisados (exceto 11).
A perda ou diminuição da sensibilidade torna a população diabética
mais vulnerável aos traumas triviais, permitindo desta forma a entrada das
bactérias, e conseqüentes infecções graves e silenciosas (Brasileiro et al,
2005), e leva desde uma simples diminuição das sensibilidades tátil, térmica,
dolorosa e vibratória, a até mesmo uma anulação completa dos reflexos
profundos, que compromete essencialmente os pés, porém em casos mais
críticos e de evolução prolongada pode afetar também as mãos (Moreira,
2005).
A função dos músculos dos pés e tornozelo estava preservada,
oscilando a graduação de força entre 4 e 5. Já a amplitude de movimento
apresentou-se reduzida, particularmente no pé direito, podendo ser uma
seqüela do acidente vascular encefálico. O movimento de inversão de
ambos os pés foi o mais comprometido, apresentando angulação de 8º no
tornozelo direito e 12º no esquerdo, quando o normal seria de até 30º. A
diminuição da função muscular, amplitude de movimento e sensibilidade
predispõe pacientes diabéticos a amputações. As amputações encurtam a
vida útil e reduzem consideravelmente a qualidade de vida das pessoas a
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elas submetidas, estabelece alto ônus aos familiares e ao sistema de saúde.
A identificação dos fatores de risco torna-se de grande importância para a
elaboração de medidas preventivas adequadas, e a constatação da perda
de sensibilidade protetora faz-se necessária para identificar pacientes
diabéticos que apresentam neuropatia periférica, e com isso interferir e
reduzir o risco de desenvolvimento de feridas e conseqüentes amputações
nos membros inferiores (Carvalho, 2009).
Conclusões
Através deste relato de caso, concluímos que o paciente analisado era
diabético e não sabia, e só descobriu a doença após o surgimento da
primeira complicação, um acidente vascular encefálico. Com pouco tempo
de diagnóstico, ele apresenta outras complicações, como a neuropatia
diabética, diagnosticada neste estudo. Com o comprometimento da
sensibilidade dos pés, ele está propenso a ulcerações, portanto precisa de
atendimento fisioterapêutico para prevenir lesões nos pés, e tentar evitar
uma amputação.
Referências
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Molkenthin, S; Santos, M. A. Pé diabético: aspectos clínicos. J Vasc Br 2005,
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Moreira RO, Leite NM, Cavalcanti F, Oliveira FJD.Diabetes Mellitus:
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Elaboração Final: 1 de fevereiro de 2005.
1. Palmer, L.; Epler, M.E. Fundamentos das técnicas de avaliação
musculoesquelética. 2ª ed. Guanabara Koogan, 2000.
2. Sacco, I.C.N.; Sartor, C.D; Gomes, A.A.; João, S.M.A.; Cronfli, R.
Avaliação das perdas sensório-motoras do pé e tornozelo decorrentes da
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Souza L. J.; Neto C. G.; Chalita F. E.B.; Reis A. F.F.; Bastos D. A.; Filho J. T.
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